UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS JOÃO VICTOR JOAQUIM DOS SANTOS EXCESSO DE CONFIANÇA E SENSO DE CONTROLE: um estudo com os discentes do curso de Ciências Contábeis da cidade de Natal-RN Orientador: Professora Msc. Amanda Borges Natal/RN Junho/2015 ii JOÃO VICTOR JOAQUIM DOS SANTOS EXCESSO DE CONFIANÇA E SENSO DE CONTROLE: Um estudo com os discentes do curso de Ciências Contábeis da Cidade de Natal-RN. Monografia apresentada à Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão do Curso de Ciências Contábeis, em cumprimento às exigências legais como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Professora Msc. Amanda Borges Natal/RN Junho/2015 iii FOLHA DE APROVAÇÃO JOÃO VICTOR JOAQUIM DOS SANTOS EXCESSO DE CONFIANÇA E SENSO DE CONTROLE: um estudo com os discentes do curso de Ciências Contábeis da cidade de Natal-RN Monografia apresentada à banca examinadora do Trabalho de Conclusão do Curso de Ciências Contábeis, em cumprimento às exigências legais como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Aprovada em BANCA EXAMINADORA _____________________________________ Profª. Amanda Borges De Albuquerque Assunção Orientador _____________________________________ Profª. Giovanna Tonetto Segantini Membro da banca _____________________________________ Prof. Diogo Henrique Silva De Lima Membro da banca iv AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à minha família. O esforço que eles tiveram durante toda a vida tornou este momento possível. Sem eles, eu não teria a educação e conhecimento adquirido em todos os anos vividos até aqui. Agradeço à minha esposa, pelo apoio em todos os momentos, pelo amor e carinho dado nos momentos mais difíceis. Por estar sempre ao meu lado, me apoiando em todas as minhas decisões e fazendo de mim um homem melhor. Agradeço aos meus amigos pelo apoio de sempre, amigos que conservo desde a infância e amigos que fiz durante minha vida, inclusive na minha vida acadêmica, que estão comigo sempre me apoiando. Agradeço, inclusive, por aqueles que passaram e marcaram minha vida, mas, por algum motivo não estão presentes como antes. Agradeço à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, de um modo geral, desde os professores, funcionários e sua estrutura, que foram capazes de suprir todas minhas necessidades. Principalmente a todos os professores que fizeram parte dessa jornada e me mostraram a importância dessa linda profissão que é ensinar. E com seus ensinamentos e exemplos, me tornaram um profissional melhor. Agradeço à minha orientadora Amanda Borges, pela presteza e paciência no decorrer deste trabalho. Agradeço a Deus por tudo e todas as pessoas colocadas por ele em minha vida. v RESUMO As novas normas internacionais de contabilidade vigentes evidenciam a necessidade de um maior julgamento e uma melhor qualidade na tomada de decisão dos profissionais. Nesse contexto, o comportamento racional desse profissional ao tomar decisões tornou-se ainda mais importante, e faz com que os indivíduos tenham que tratar as informações de forma objetiva e sem apresentem tendências, propensões ou aversões. Assim, o objetivo deste trabalho é investigar o comportamento dos estudantes do curso de Ciências contábeis da cidade de Natal acerca dos vieses senso de controle e excesso de confiança. A metodologia foi desenvolvida a partir da métrica utilizada por Mirowsky e Ross (1991) e Pompiam (2006), foi utilizada a técnica de independência medida pela estatística qui-quadrado de Pearson. O instrumento para a coleta de dados foi à utilização de questionários, aplicados no primeiro semestre de 2015, em 395 estudantes do curso de Ciências contábeis de quatro instituições de ensino superior da cidade de Natal-RN. Os resultados mostraram que para o viés do Excesso de confiança, os estudantes pesquisados se apresentam, de forma geral, vulneráveis a tomar decisões sendo excessivamente confiantes em suas informações disponíveis. Tendo em vista que em 75% das variáveis investigados, os estudantes apresentaram características de que tem um maior nível de excesso de confiança. Já para os resultados encontrados acerca do viés de senso de controle, dividem-se os resultados em dois grupos. Os primeiros resultados foram os encontrados através da métrica utilizada por Pompiam (2006), onde se observou que das quatro variáveis investigadas, em três delas, ou seja, 75% das respostas, os estudantes se apresentam vulneráveis ao viés de senso de controle. Não se observou relação significativa entre as variáveis, gênero, renda familiar, situação ocupacional e a cidade onde concluiu o ensino médio com o índice de senso de controle. Palavras-chave: Finanças comportamentais; Senso de controle; Excesso de confiança. vi ABSTRACT The new international accounting standards in force show the need for a better judgment and a better quality in decision-making professionals. In this context, the rational behavior of a professional to make decisions has become even more important, and makes people treat the information objectively and do not show tendencies, propensities or dislikes. Therefore, the objective of this work is to investigate the behavior of undergraduate students of accounting in Natal about the sense of control bias and overconfidence. The methodology was developed from the metric used by Mirowsky and Ross (1991) and Pompiam (2006),we used the technique of independence measures by Pearson's chi-square statistic. The instrument for data collecting was the application of questionnaires, applied in the first semester of 2015 with 395 students of the accounting course from four higher education institutions in the city of Natal- RN. The results showed that for the bias Overconfidence, the interviewed students are, in general, vulnerable to take decisions being overly confident in their information available. Considering that 75% of the investigated variables, the students presented characteristics that having an higher level of confidence excess. As for the results about the control sense of bias, the results are divided into two groups. The first results were found through the metric used by Pompiam (2006), which noted that between the four variables investigated, in three of them, so 75% of the answers, students are vulnerable to control sense of bias. There was no significant connexion between the variables, gender, family income, occupational status and the city where he completed high school with the control sense index. Keywords: Behavioral finance; Sense of control; Overconfidence. vii LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CAPM Modelo de Precificação de Ativos. EC Excesso de Confiança FC Finanças Comportamentais HME Hipótese dos Mercados Eficientes SC Senso de Controle TMP Teoria Moderna dos Portfólios viii Lista de Tabelas Tabela 1:Perfil dos respondentes – idade e gênero .................................................................. 26 Tabela 2: Instituição de ensino. ................................................................................................ 26 Tabela 3: Análise variáveis 1 e 2 .............................................................................................. 27 Tabela 4: Análise variável 3 ..................................................................................................... 27 Tabela 5: Análise das variáveis 4, 5 e 6 ................................................................................... 28 Tabela 6: Análise das variáveis 7 e 8 ....................................................................................... 28 Tabela 7: Análise das variáveis de Pompiam ........................................................................... 30 Tabela 8: Associação entre senso de controle e gênero............................................................ 31 Tabela 9: associação entre senso de controle e renda familiar ................................................. 32 Tabela 10: associação entre senso de controle e Situação ocupacional ................................... 33 Tabela 11: associação entre senso de controle e cidade onde Concluiu ensino médio ............ 33 ix Lista de Figuras Figura 1: Curva de Risco Utilidade .......................................................................................... 16 Figura 2: Total de variáveis com excesso de controle .............................................................. 29 Figura 3: Total de variáveis com senso de Controle (Pompiam) ............................................. 31 x SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 11 1.1 TEMA E PROBLEMA ................................................................................................ 11 1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................. 12 1.2.1 Geral ................................................................................................................................ 12 1.2.2 Específicos ....................................................................................................................... 12 1.3 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO .............................................................................. 12 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................................... 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 14 2.1 FINANÇAS TRADICIONAIS ........................................................................................... 14 2.2 FINANÇAS COMPORTAMENTAIS ............................................................................... 15 2.2.1 TEORIA DA PERSPECTIVA ............................................................................................. 16 2.3 EXCESSO DE CONFIANÇA ............................................................................................ 17 2.4 SENSO DE CONTROLE ................................................................................................... 20 3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 22 3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA .................................................................................... 22 3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA .................................................................................... 22 3.3 INSTRUMENTO E PROCESSO DE COLETA DE DADOS ............................ 23 4 RESULTADOS DA PESQUISA E ANÁLISES .................................................... 26 4.1 CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL DA AMOSTRA ................................................................ 26 4.2 ANÁLISES DO EXCESSO DE CONFIANÇA ......................................................................... 27 4.3 ANÁLISES DO SENSO DE CONTROLE................................................................................. 29 4.3.1 Métrica de Pompiam ............................................................................................................ 29 4.3.2 Métrica de Mirowsky e Ross ................................................................................................ 31 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 35 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 38 11 1. CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMÁTICA 1.1 TEMA E PROBLEMA As Teorias Tradicionais sobre finanças são embasadas na ideia central de racionalidade ilimitada dos agentes econômicos. Assim, segundo esse pressuposto, o ser humano quando toma suas decisões em condições de incerteza, é capaz de analisar todas as informações disponíveis e considerar todas as hipóteses existentes (BARBERIS, THALER, 2005). Dentre as principais teorias que compõem as Finanças Tradicionais, pode-se citar a Hipótese de Mercados Eficientes (HME), a Teoria Moderna dos Portfólios (TMP), e o Modelo de Precificação de ativos financeiros (CAPM). Todas essas teorias têm seu alicerce na Teoria Econômica Neoclássica onde o agente econômico toma decisões baseadas na racionalidade ilimitada, desconsiderando os aspectos psicológicos do comportamento humano (THALER; MULLAINATHAN, 2000). Porém, em contraste com as teorias das Finanças Tradicionais, surge as Finanças Comportamentais as quais têm como marco o artigo Prospect Theory: ananalysis of decision under risk, publicado em 1979. Novos trabalhos trouxeram descobertas empíricas de que existiam ilusões cognitivas e vieses de comportamento nas decisões financeiras, resultantes de processos heurísticos utilizados pelos humanos na tomada de decisões (TVERSKY E KAHNEMAN, 1974). Essas heurísticas identificadas no comportamento humano, ao tomarem decisão geram vieses cognitivos, interferem na tomada de decisão do indivíduo. Um desses vieses é o senso de controle, que de acordo com Mendes-da-Silva e Yu (2009) tem sido entendido como a percepção, por parte de um indivíduo, de poder pessoal sobre o controle, o estabelecimento e a direção para resultados e objetivos de vida. Outro importante viés do comportamento humano é o excesso de confiança, que de acordo com Pompiam (2006), na sua forma mais básica, o pode ser resumido como a fé injustificada em um raciocínio intuitivo em julgamentos ou habilidades cognitivas. De acordo com Neto (2011) o excesso de confiança está, geralmente, associado com a heurística de representatividade. Desse modo, a existência desses vieses em profissionais que tem na essência da sua profissão a tomada de decisão, como é o caso dos contadores, traz consequências em relação 12 aos resultados, que podem ser diferentes dos esperados. Então, levando em consideração essas consequências trazidas pelos vieses do senso de controle e excesso de confiança, escolheu-se esses como objeto desta pesquisa. Nesse contexto, esse trabalho está orientado pela seguinte questão problema: Como se comportam os estudantes de Ciências Contábeis da cidade de Natal em relação aos vieses excesso de confiança e senso de controle? 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Geral Investigar o comportamento dos estudantes do curso de Ciências contábeis da cidade de Natal acerca dos vieses senso de controle e excesso de confiança. 1.2.2 Específicos Os objetivos específicos da presente pesquisa são: a) Investigar a existência dos vieses senso de controle e excesso de confiança nos estudantes, bem como sua relação com o gênero dos respondentes; b) Averiguar a existência de relação entre os vieses senso de controle com o nível de renda dos respondentes; c) Averiguar a existência de relação entre os vieses senso de controle com a situação ocupacional; 1.3 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO As novas normas internacionais de contabilidade vigentes evidenciam a necessidade de um maior julgamento e uma melhor qualidade na tomada de decisão dos profissionais da contabilidade em questões que envolvem o reconhecimento e mensuração dos fatos contábeis. A partir das Leis 11.638/2007 e 11.941/09 e as normas internacionais de contabilidade emitidas pelo IASB e implementadas no Brasil pelo CPC e pelos órgãos reguladores como a CVM e o CFC tem como premissa o uso dos princípios do que de regras, facultando para o profissional contábil um maior julgamento e análise, e consequentemente maior qualidade e 13 utilidade das demonstrações contábeis (LEMES; CARVALHO, 2010; IUDÍCIBUS et al., 2010). Nesse contexto, o comportamento racional desse profissional ao tomar decisões tornou-se ainda mais importante, e faz com que os indivíduos tenham que tratar as informações de forma objetiva e não apresentem tendências, propensões ou aversões. Para Garcia et al. (2010, p.2) “quando o indivíduo está a frente de uma tomada de decisão o mesmo é afetado pela racionalidade limitada, pois são influenciados pelos vieses cognitivos”. Esses vieses podem interferir na tomada de decisão do contador, fazendo com que as informações fornecidas por estes profissionais sensíveis a distorções. Então, a relevância deste estudo se formaliza pela ampliação do entendimento do comportamento individual dos estudantes do curso de Ciências Contábeis frente à tomada de decisão, bem como em relação a suas decisões tomadas sobre condições de incertezas e sua vulnerabilidade aos vieses cognitivos. 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO Além dessa introdução, este trabalho é composto por mais cinco seções. Na segunda seção apresentam-se o referencial teórico do estudo, onde se abordam, essencialmente os seguintes elementos: Finanças Tradicionais; Finanças Comportamentais; Senso de Controle; Excesso de Confiança. A terceira seção apresenta a metodologia adotada no trabalho para a obtenção e tratamento de dados. Em seguida, na quarta seção, são apresentados e discutidos os resultados alcançados para cada viés estudado. Logo após, na quinta seção, comparecem as considerações finais do estudo. Por fim, na sexta seção apresentam-se todas as referencias bibliográficas utilizadas para a realização deste trabalho. 14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 FINANÇAS TRADICIONAIS As teorias tradicionais de finanças, na sua maioria, foram construídas sobre os pilares da microeconomia neoclássica cujo principal paradigma é a racionalidade dos agentes econômicos. Tiveram sua origem no início do século XX, com a contribuição de vários trabalhos, como por exemplo, do lançamento do livro intitulado “The Battle For Investment Survival”, em 1935. De acordo com Mallmann (2008, p. 10) A origem das Finanças Tradicionais está ligada ao desenvolvimento dos trabalhos de Gerald M. Loeb (1935), Graham (1934) e Dewing (1953). De acordo com a análise financeira tradicional o mercado (soma dos investidores que compram e vendem um determinado ativo) está, em certas situações, em desequilíbrio e por isso deve-se buscar a formação de carteiras com o objetivo de adquirir um retorno maior que a média do mercado. Durante vários anos, a maioria dos estudos sobre finanças discutiam basicamente sobre os instrumentos financeiros e suas respectivas utilizações pelos agentes econômicos, que tinham como objetivo controlar e minimizar os riscos financeiros. Entretanto, como nada no mercado financeiro é estático, as teorias financeiras foram sofrendo influência de fatores políticos, econômicos e sociais, tendo que se adaptar às condições da época (FERREIRA et. al., 2009; ROGERS, 2008). Sendo pioneira, a teoria das Finanças Tradicionais considera o mercado racional e julgava que ele nem sempre estava correto. Assim, os investidores fundamentavam-se em informações passadas para projetar o futuro (FERREIRA, 2009). Nesses modelos tradicionais, o preço de um ativo no mercado é equivalente ao seu valor “fundamental”, dado pela soma dos valores descontados dos seus fluxos de caixa esperados. A hipótese de que os preços atuais refletem os valores fundamentais é conhecida como a Hipótese de Mercados Eficientes (HME), apresentada por Fama (1970). A Teoria da Utilidade Esperada (TUE) defende que os indivíduos tomam decisões totalmente racionais, são avessos ao risco e visam maximizar a utilidade. Porém, diversas evidências empíricas produzidas nas últimas décadas revelam que estas teorias por si só não são capazes de explicar os diversos fenômenos observados nos mercados financeiros (YOSHINAGA, 2007). 15 De acordo com Yoshinaga (2007), as dificuldades da teoria tradicional, no que se refere à sua validade empírica, sugerem duas abordagens possíveis. A primeira é a reformulação das mesmas sem, no entanto, abandonar o pressuposto de racionalidade dos agentes. A segunda consiste na mudança de paradigma, a partir do reconhecimento de que as pessoas nem sempre se comportam racionalmente. Este último curso de ação orienta todo o campo das Finanças Comportamentais. 2.2 FINANÇAS COMPORTAMENTAIS Contrariando a ideia de que o homem interpreta todos os dados disponíveis e age de acordo com todas as informações disponíveis, operando com racionalidade ilimitada, ou seja, ignorando os aspectos psicológicos, como era pregado nas finanças modernas. Surgem as Finanças Comportamentais (FC), as quais nasceram fortemente influenciadas pelos estudos dos israelenses Kahneman e Tversky, na década de 1970. Esses autores buscaram elaborar um modelo descritivo da forma pela qual os humanos tomam suas decisões em condições de incerteza, apresentando levantamentos empíricos que os levaram a formular regras heurísticas e a Prospect Theory (TVERSKY, KAHNEMAN, 1979). Nesse contexto, Tavares el al (2013) afirmam que: FC baseiam-se na ideia de que a utilização de regras heurísticas e da ProspectTheory geram vieses nas decisões e, portanto, os investidores não são completamente racionais, agindo sob condições de racionalidade limitada. As FC estão estruturadas primordialmente em dois pilares: Limites à arbitragem e a Psicologia Cognitiva. Segundo Pereira (2012), um dos pilares das FC é a psicologia cognitiva, que se refere à forma como as pessoas pensam. Existem muitos trabalhos de psicologia informando que as pessoas cometem erros sistemáticos na forma como pensam. Erros como excesso de confiança, importância excessiva na experiência recente, distorções criadas pelas preferências do investidor, etc. As FC utilizam o conhecimento dos erros sistemáticos das pessoas, reconhecem que os praticantes do mercado financeiro usam pressupostos chamados heurísticos para processar as informações e tomar suas decisões. Assim, Segundo Tavares et al (2013), esses princípios heurísticos acabam gerando vieses, entre eles os mais identificados são insensibilidade ao tamanho da amostra, correlação ilusória, excesso de confiança, crenças perseverantes e mais recentemente em finanças, o senso de controle. Existem diversos vieses que interferem na tomada de decisões dos 16 investidores, entre eles, os mais conhecidos são: representatividade, disponibilidade e ancoragem. De acordo com Leone e Guimarães (2008), o objetivo principal dos estudos em Finanças Comportamentais é identificar e compreender as ilusões cognitivas, os chamados vieses de comportamento, responsáveis pelos erros sistemáticos de avaliação dos investidores, de forma a adaptar os modelos econômico-financeiros atuais e, assim, orientar e capacitar os agentes econômicos a tomar suas decisões de maneira mais apropriada. 2.2.1 PROSPECT THEORY Uma das teorias mais conhecidas das Finanças Comportamentais, a Teoria da Perspetiva, elaborada por Kahneman e Tversky (1979), afirma que o indivíduo é avesso ao risco para ganhos, porém propenso ao risco para perdas. Uma pessoa avessa ao risco é aquela que sente mais a dor ocasionada pela perda, do que os benefícios gerados por um ganho equivalente. Assim, o ser humano irracionalmente tende a vender um ativo rapidamente quando se observa ganhos, e não negociá-lo, quando se observa perdas. Esta teoria se tornou importante, pois contrariou a teoria da utilidade, segundo a qual se supõe que o investidor avalia o risco de um investimento de acordo com a mudança que ele proporciona na sua riqueza. Figura 1: Teoria da utilidade versus Teoria da perspectiva Teoria da Utilidade Teoria da Perspectiva Fonte: Ferreira (2012). O gráfico acima tem como característica a descontinuidade na origem, pois é côncava para ganhos e convexa para perdas, e o declínio da curva na origem, visto que é ligeiramente mais íngreme para perdas do que para ganhos. Apenas onde as pessoas agem unicamente com o objetivo de maximizar a sua utilidade esperada de riqueza e em que fazem o melhor uso das 17 informações disponíveis é que a irracionalidade humana não tem lugar. No entanto, existem investidores que agem de forma irracional devido à tensão emocional que conduz a uma percepção distorcida do envolvimento que o leva a agir de forma irracional. Nesse contexto, Santos e Barros (2011) em seu trabalho buscando identificar se é a razão ou a emoção que determina a tomada de decisão financeira, descrevem esses principais vieses, afirmando que a representatividade diz respeito aos estereótipos os quais permitem fazer avaliações por semelhanças. Enquanto a disponibilidade trata da facilidade de lembrança e acesso às informações para a tomada de decisão, a ancoragem trata da importância que é atribuída a um referencial inicial, como por exemplo, o preço inicial de uma negociação. Ferreira (2012) explica que o objetivo das FC não é o de rejeitar totalmente a abordagem neoclássica das finanças, mas sim mostrar como e porque os pressupostos e as explicações tradicionais não são suficientes para a compreensão de muitos acontecimentos dos mercados financeiros. Em síntese, as Finanças Comportamentais não visam substituir as teorias existentes, mas sim servir-lhes de complemento a partir da proposição de aspectos comportamentais para o entendimento do processo decisório dos agentes de mercado (PIMENTA, BORSATO & RIBEITO, 2012). 2.3 EXCESSO DE CONFIANÇA Existem fortes evidências que as pessoas apresentam excesso de confiança quando tomam suas decisões financeiras, ou seja, elas superestimam sua capacidade de prever os eventos futuros de mercado. Segundo Bogea e Barros (2008), vários trabalhos evidenciam que a maior parte das pessoas se considera acima da média em relação às suas habilidades pessoais, como dirigir, senso de humor, relacionamento interpessoal e capacidade de liderar outras pessoas. Tratando de investidores, a maioria considera que a sua habilidade de vencer o mercado é maior do que a média das outras pessoas. De acordo com De Bondt e Thaler (1995, p. 389): “Talvez a descoberta mais robusta da psicologia do julgamento seja que as pessoas são excessivamente confiantes”. O excesso de confiança (Overconfidence) é um dos vieses mais estudados na literatura das finanças. Segundo Ferreira e Yu (2003), o excesso de confiança tem sua origem principal em vários erros cognitivos cometidos pelas pessoas quando tomam suas decisões. Ao tomar uma decisão, ela deve combinar informações de diferentes fontes. 18 Diversos autores trazem o conceito de Excesso de confiança. Neto (2011) o caracteriza como uma crença em que a precisão de determinada informação é maior do que realmente é, porém, esse viés pode prejudicar no processo decisório das pessoas, proporcionando, muitas vezes, um resultado diferente do desejado. O excesso de confiança tem sido mais percebido em homens e em atividades consideradas como masculinas. Foi observado também, que este viés é mais presente quando o feedback é demorado ou inconclusivo (BARBER e ODEAN, 2001; BARBER e ODEAN, 1999). Levando em consideração que, nos mercados financeiros, a maior parte dos participantes é homem e o feedback é controverso, esses se apresentam como um cenário ideal para o excesso de confiança. Barber e Odean (2001) verificaram que, quando se trata de investimentos, existe um maior excesso de confiança nos homens, se comparado com as mulheres: Usando dados de uma conta com mais de 35.000 famílias de uma grande corretora de desconto, analisamos os investimentos em ações comuns de homens e mulheres a partir de fevereiro 1991 até janeiro de 1997. Nós documentamos que os homens negociam 45 por cento mais do que as mulheres. As negociações reduzem os retornos líquidos dos homens em 2,65 pontos percentuais por ano, ao contrário de 1,72 pontos percentuais para as mulheres. De acordo com Li, Chen e Yu (2006), possivelmente os povos de cultura ocidental apresentam maior excesso de confiança. Em seu trabalho foi comparado o excesso de confiança entre cidadãos chineses e cidadãos de Singapura, constatando-se que existia um maior grau de excesso de confiança no último grupo. Segundo os autores, mesmo com a proximidade cultural desses grupos, a educação em Singapura possui um padrão bem mais ocidentalizado, sendo essa diferença educacional, para os autores, responsável pelo maior excesso de confiança. Sarasvathy, Simon e Lave (1998) compararam os empresários com os banqueiros em uma variedade de problemas, incluindo o risco financeiro. Os resultados demonstraram fortes diferenças entre os dois grupos. De acordo com o trabalho, os empresários aceitam mais facilmente os riscos, enquanto que os banqueiros tentam reduzir e controlá-lo. Segundo Freitas (2006), existem duas principais causas para a existência do excesso de confiança: em primeiro lugar, o intervalo que as pessoas dão para suas estimativas quantitativas é geralmente muito estreito, por exemplo, o intervalo máximo e mínimo que cotação das ações da Petrobrás vai estar daqui a um mês. A segunda causa é que os investidores são mal calibrados quando estimam probabilidades. 19 Além disso, o excesso de confiança traz várias consequências na tomada de decisão dos agentes. Conforme Barber e Odean (1999), esse viés eleva o número das negociações no mercado, porque faz com que os investidores se tornem muito certos sobre suas próprias opiniões e não consideram suficientemente as opiniões dos outros, super avaliando as informações disponíveis. De acordo com Barber e Odean (2001): I. Os investidores excessivamente confiantes superestimam a sua capacidade de avaliar os investimentos. Não observando informações que podem indicar um alerta de que aquele investimento pode não ser rentável ou que deve ser vendido naquele momento para não dá prejuízo. II. Investidores com excesso de confiança podem negociar excessivamente seus papéis, achando que possuem informações especiais aos demais investidores. Isso pode gerar rendimentos não satisfatórios a longo prazo. III. Os investidores não sabem, não entendem, ou não prestam atenção nas estatísticas de desempenho histórico de investimento. Os investidores confiantes podem subestimar seus riscos descendentes. Como resultado, eles inesperadamente podem ter um mal desempenho de sua carteira. IV. Investidores excessivamente confiantes constituem carteiras não diversificadas, tendo assim mais riscos sem uma mudança mensurável em risco tolerância. Muitas vezes, os investidores confiantes nem sequer sabem que eles estão aceitando mais risco do que seria normalmente aceitável. Ferreira e Yu (2003) encontraram evidência do viés de excesso de confiança estudado profissionais de finanças brasileiros, mostrando que existem diferentes graus de excesso de confiança dentro da amostra estudada. Identificou-se que profissionais com maior tempo de atuação na área e aqueles com maior idade apresentaram um maior grau do viés. Porém, de 20 acordo com os autores, não é possível afirmar, na literatura, a relação entre experiência e excesso de confiança. Lambert, Bessière e N’goala (2012) observaram em seus estudos que não foram encontradas diferenças no grau de excesso de confiança, entre banqueiros e estudantes. No entanto, excesso de confiança parece determinar a tomada de decisões de uma forma diferente entre os dois grupos. De acordo com Carvalho Júnior (2009) geralmente os indivíduos apresentam excesso de confiança para questões onde eles declaram possuírem uma especialização, porém tal excesso de confiança é reduzido para questões onde os mesmos se enquadram como incompetentes. Em seu trabalho, o mesmo autor não conseguiu identificar relação entre o conhecimento formal da disciplina de controladoria com a minimização do viés de excesso de confiança. 2.4 SENSO DE CONTROLE As pessoas se preocupam muito com os resultados que suas decisões podem tomar. Essa preocupação gera um viés chamado senso de controle. De acordo com Mendes-da-Silva e Yu (2009) o senso de controle é a percepção, por parte de um indivíduo, de poder pessoal sobre o controle, o estabelecimento e a direção para resultados e objetivos de vida. Tavares et al (2013) complementa, afirmando que a ideia do senso de controle relaciona-se com a forma pela qual as pessoas se sentem responsáveis por suas ações e pelo direcionamento resultante de suas decisões. Para Pompian (2006), o viés de senso de controle descreve a tendência dos seres humanos a acreditar que eles podem controlar ou pelo menos influenciar resultados. Oliveira, Rabelo e Queroz (2012) comentam que nos anos 1970 o senso de controle foi uma variável amplamente estudada. Segundo esses autores, acreditava-se que essa variável mediava a satisfação sobre o bem-estar percebido. Já nos anos 1990, as importantes pesquisas realizadas por Mirowsky e Ross (1990; 1991) confrontaram as conhecidas teorias da autodefesa com a teoria do controle. A teoria da autodefesa afirma que as pessoas são menos deprimidas quando assumem a responsabilidade por bons resultados e negam a responsabilidade pelos maus, já a teoria do controle afirma que o conforto psíquico vem de soluções reais que são encontradas apenas se 21 forem procuradas e são procuradas apenas se as pessoas se sentem responsáveis por sucessos e fracassos. Nesse contexto, a ideia central do senso de controle é que assumir responsabilidades diminui a depressão, tanto para bons, como maus resultados. Assim, Mirowsky e Ross (1990; 1991) observaram em seus estudos, realizados com uma amostra de 809 respondentes e idades que variavam entre 18 e 85 anos, que a ausência de um senso de controle sobre bons e os maus resultados, ou sobre ambos, está associada diretamente com a depressão, indo de encontro com os conceitos da teoria da autodefesa. No Brasil o trabalho realizado por Mendes-da-Silva e Yu (2009) detectou que as pessoas de menos idade e de faixa etária mais avançada apresentam um menor nível de senso de controle, se comparado a indivíduos com idades mais próximas de um adulto jovem, porém, em média, as pessoas de faixas etárias mais avançadas e que possuem um bom nível de educação e saúde, tendem a apresentar maior nível de senso de controle. De forma geral, no mercado financeiro, o senso de controle pode causar conseqüências não esperadas pelo investidor ao tomarem suas decisões, obtendo assim, muitas vezes, resultados indesejados. Pompian (2006) descreve algumas consequências desse viés: I. O senso de controle pode levar os investidores a negociar mais do que é prudente. II. Senso de controle pode levar os investidores a manter carteiras não diversificadas. III. Senso de controle pode fazer com que os investidores utilizem ordens de limite e outras técnicas, a fim de experimentar uma falsa sensação de controle sobre seus investimentos. IV. O senso de controle contribui, de forma geral, para um investidor com excesso de confiança. 22 3 METODOLOGIA A pesquisa “é um conjunto de ações, propostas para encontrar a solução para um problema, que têm por base procedimentos racionais e sistemáticos. ” (SILVA e MENEZES, 2005, p. 20). Tendo em vista esse conceito, entende-se que os procedimentos racionais identificados pelo autor são os mesmos estabelecidos na metodologia, cuja função também é de interpretar e analisar os tipos e os métodos de pesquisa, ou seja, cabe à metodologia orientar o estudo desta pesquisa. Partindo disso, Andrade (2003, p. 129) define metodologia como um “conjunto de métodos ou caminhos que são percorridos na busca do conhecimento”. 3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA No que se refere aos objetivos, esta pesquisa é considerada como descritiva, pois de acordo com Andrade (2003, p. 124), “a pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e interpretá-los, e o pesquisador não interfere neles”. Quanto à abordagem de problema, a presente pesquisa é caracterizada como uma pesquisa quantitativa. Segundo Raupp e Beuren (2012, p. 93), esse tipo de pesquisa se caracteriza pelo emprego de instrumentos estatísticos, tanto na coleta de dados quanto no tratamento dos mesmos, se preocupando apenas com o comportamento geral dos acontecimentos. Quanto aos procedimentos, a presente pesquisa é classificada como um levantamento ou Survey. Segundo Gil (1999, p. 70), “a pesquisa de levantamento se caracterizam pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer”. 3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA A população ou universo de uma pesquisa é a totalidade de elementos distintos que possui certa paridade nas características definidas para determinado estudo (RAUPP e BEUREN,2012, p. 118). 23 Entendendo população como algo amplo, existe uma parte da mesma, menor, chamada de amostra. Raupp e Beuren et al (2012) complementam que a parte escolhida dentro de uma população ou do universo, baseada em regras estabelecidas, é chamada de amostra. A população deste trabalho é composta pelos estudantes do curso de Ciências Contábeis da cidade de Natal/RN, de instituições públicas e privadas, sendo a amostra do tipo não probabilística, por conveniência do pesquisador. Sendo assim, as conclusões obtidas neste estudo devem ser consideradas apenas para a amostra estudada. Existem vários estudos que utilizam amostras não probabilísticas, inclusive na área de finanças comportamentais como, por exemplo, os trabalhos de Mirowsky e Ross (1991) e Kahneman e Tversky (1979). Isso se dá pela impossibilidade de uma amostra estatisticamente constituída, dada a natureza da população. 3.3 INSTRUMENTO E PROCESSO DE COLETA DE DADOS Esta pesquisa teve como instrumento para a coleta de dados a aplicação de questionários, aplicados no primeiro semestre de 2015, estruturados em duas partes, sendo a primeira parte relacionada a características socioeconômicas do respondente, comportando como principais variáveis: gênero; idade; nome da instituição; cidade que concluiu o ensino médio; período do curso em que se encontra; estado civil; inserção no mercado de trabalho; renda familiar. A segunda parte é dividida em duas seções, sendo a primeira composta por questões adaptadas da proposta de Pompiam (2006), buscando identificar a existência do viés de Excesso de Confiança, por meio de nove questionamentos que avaliam o excesso de confiança dos entrevistados ao responderem, sendo oito deles uma tradução livre e uma questão elaborada pelo autor, conforme anexo. A questão 19 foi eliminada para critérios de análise, por não apresentar as respostas completas. A segunda e a última seção são divididas em duas partes. A primeira é uma tradução livre do trabalho de Pompiam (2006), formada por quatro questões que buscam identificar o senso de controle dos respondentes em determinadas situações específicas, como ao participar de jogos de azar que envolvam dados, questiona se os respondentes se sentem mais no controle dos resultados se eles mesmos jogam os dados, ou se são indiferentes a quem joga (1). A afirmativa (2) busca identificar se quando aumenta o retorno do portfólio dos respondentes, a quem eles atribuem o rumo dos acontecimentos, se ao acaso, ou o próprio 24 controle exercido. Semelhante a afirmativa (1), a (3) questiona se quando os estudantes estão jogando cartas, normalmente se é mais otimista em relação ao resultado quando eles mesmos distribuem as cartas, ou se são indiferentes a quem o fazem. Por fim, na afirmativa (4), se busca identificar na compra de um bilhete de loteria, se os estudantes se sentem mais encorajado, a respeito de suas chances de ganhar, se você mesmo escolher os números ou se usar um número gerado pelo computador. Essas questões apresentam uma métrica de 1 a 10, onde quanto mais próximo de 10, mostra que a o respondente é sensível ao senso de controle, enquanto o mais próximo de 1, que ele tende a acreditar no acaso. A segunda parte busca identificar a presença do viés de senso de controle, capturado por meio de afirmativas em que o respondente avalia a sua percepção sobre o autocontrole dos eventos que acontecem em sua vida. Essas perguntas partem da proposta de Mirowsky e Ross (1991), na qual sugerem uma forma de medição do senso de controle. Nessa forma de medição, denominada de controle balanceado 2x2, são apresentadas quantidades iguais de afirmativas sobre acontecimentos bons e ruins, para eliminar o viés defensivo, e de afirmativas sobre situações instrumentais e fatalistas, para eliminar o viés de acordo. Sendo composta por oito questões, a segunda seção é dividia nas afirmativas de 1 a 4 que estão relacionados a acontecimentos bons, sendo que as afirmativas 1 e 2 visam capturar se o respondente entende que esse resultado decorre de situações externas a ele (sorte, acaso, predestinação), e as afirmativas 3 e 4, à situações internas a ele (o que ocorre é resultado do que ele faz ou deixa de fazer). Já as afirmativas 5 a 8 estão relacionadas a acontecimentos ruins, sendo que nas afirmativas 5 e 6 o resultado decorre de fatores externos, e nas afirmativas 7 e 8, de fatores internos. Em relação à verificação a acerca do senso de controle, foi solicitado que o respondente classificasse a sua percepção em relação ao conteúdo da afirmativa entre concordo muito, concordo, discordo e discordo muito. As afirmativas para avaliação do senso de controle são uma tradução do proposto por Mirowsky e Ross (1991), tomando-se o cuidado de não descaracterizar o que se pretende capturar com as alternativas. Estas alternativas são: (1) Não faço nenhum planejamento, se as coisas tiverem que acontecer, elas acontecerão; (2) As coisas boas que acontecem comigo decorrem principalmente da minha sorte; (3) Eu sou o responsável pelo meu próprio sucesso; (4) Eu posso fazer qualquer coisa que venha em minha mente; (5) A maioria dos meus problemas é devido a situações ruins; (6) Eu tenho pouco controle sobre as coisas ruins que acontecem comigo; (7) Os acontecimentos ruins comigo são resultado de erros que eu cometi; (8) Eu sou responsável pelos meus erros. 25 As alternativas são distribuídas da seguinte maneira: as afirmativas 1 a 4 estão relacionados a acontecimentos bons, sendo que as afirmativas 1 a 2 busca capturar se o respondente entende que esse resultado decorre de situações externas a ele, como: sorte, acaso, predestinação, e as afirmativas 3 e 4, a situações internas a ele (o que ocorre é resultado do que ele faz ou deixa de fazer). Já as afirmativas 5 a 8 estão relacionadas a acontecimentos ruins, sendo que nas afirmativas 5 e 6 o resultado decorre de fatores externos, e nas afirmativas 7 e 8, de fatores internos. Seguindo a metodologia utilizada por Mirowsky e Ross (1991), para cada categoria de resposta foi atribuído um escore para o cálculo do que chamamos de índice de senso de controle (ISC): +2 (para concordo muito), +1 (para concordo), -1(para discordo) e – 2(para discordo muito). O ISC é formado pelo índice autocontrole que o respondente percebe nos eventos bons (rBom) e pelo índice de autocontrole dos eventos ruins (rRuim). O índice rBom é a diferença do escore dos eventos bons que decorrem de fatores internos (IB) e de fatores externos (EB), equação 1a, sendo que IB é a soma dos escores das afirmativas 3 e 4 (x3i + x4i); e EB é a soma dos escores das afirmativas 1 e 2 (x1i + x2i), equação 1b. Assim, quanto maior rBom, maior é o senso de controle do indivíduo i sobre os acontecimentos bons. Rbomi = Ibi - Ebi (1a) Rbomi = (x3i + x4i) - (x1i + x2i) (1b) 2 2 Fo nte: Tavares el al (2013) Já o índice rRuim é calculado pela diferença do escore dos eventos ruins que decorrem de fatores internos (IR) e o escore de fatores externos (ER), equação 2a, sendo que o IR é a soma dos escores das afirmativas 7 e 8 (x7i – x8i); e ER é a soma dos escores das afirmativas 5 e 6 (x5i + x6i), equação 2b. Assim, quanto maior rRuim, maior é o senso de controle do individuo i sobre os acontecimentos ruins. rRuimi = IRi-ERi (2a) rRuimi = (x7i – x8i) -(x5i + x6i) (2b) 2 2 Fo nte: Tavares el al (20 13) Então o ISC pode ser calculado pela formula: ISC = Rbomi + rRuimi (3a) 2 Fo nte: Tavares el al (2013) 26 Portanto, o ISC pode assumir valor positivo ou negativo. Quando positivo, denota um maior senso de controle do individuo, ou seja, o estudante percebe que os acontecimentos bons e ruins decorrem de fatores internos a ele. Se negativo, o senso de controle do individuo é menor, ou seja, os acontecimentos advêm de fatores externos. O processo de coleta de dados feito por questionários se deu por meio da aplicação em sala de aula, por meio de visita a quatro instituições domiciliadas na cidade de Natal, obtendo uma amostra final de questionários válidos de 395 estudantes de graduação em ciências ® contábeis. Os dados foram tabulados e analisados no Software SPSS versão 20 , e foi aplicado o teste de qui-quadrado, a fim de verificar a existência de correlação entre as variáveis, utilizando um nível de significância de 5%. 4 RESULTADOS DA PESQUISA E ANÁLISES 4.1 CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL DA AMOSTRA Os dados coletados apresentam que os respondentes da pesquisa são formados por estudantes com idades entre 17 e 57 anos, com maior concentração de indivíduos entre 17 e 29 anos (81%). Os dados mostram também que a maioria dos respondentes é do gênero feminino, 203 estudantes (51%), como mostra a tabela 1. Tabela 1: Perfil dos respondentes – idade e gênero Gênero Total Idade Feminino Masculino Frequência % 17 a 29 anos 171 84% 150 78% 321 81% 30 a 39 anos 28 14% 33 17% 61 15% 40 a 49 anos 2 1% 6 3% 8 2% 50 a 57 anos 2 1% 3 2% 5 1% Total 203 51% 192 49% 395 100% Fonte: dados da pesquisa Dos 395 respondentes, 209 estudam em instituições privadas, ou seja, 53% do total da amostra, os outros 186 (47%) são estudantes da única universidade pública pesquisada, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), como pode ser observado na tabela 2. Tabela 1: Instituição de ensino. Instituição Frequência Percentual UFRN 186 47% UNP 57 14% UNIP 34 9% 27 UNIFACEX 118 30% Total 395 100,0 Fonte: dados da pesquisa Em relação ao estado civil dos pesquisados, 318 (80%) responderam serem solteiros, enquanto 70 (18%) afirmaram serem casados, e 7 indivíduos disseram ser divorciados e viúvos. 4.2 ANÁLISES DO EXCESSO DE CONFIANÇA Após análise das questões que envolviam a presença ou não do viés do senso de controle, foi possível observar que os estudantes da cidade de Natal apresentam o viés na maioria das alternativas. Como mostra a tabela abaixo: Tabela 2: Análise variáveis 1 e 2 Peso da baleia Distância até a lua Maior EC 225 57% 365 92% Menor EC 170 43% 30 8% Fonte: Elaborado pelo autor. As variáveis 1 e 2, que buscavam uma estimativa acerca do respondente em indicar quanto pesava uma baleia e qual era a distância da terra até a lua, respectivamente, mostram que os respondentes são excessivamente confiantes em fazer estimativas, tendo em vista que na variável 1 os estudantes fizeram estimativas muito próximas umas das outras, em 57% dos casos, e na variável 2, em 92% dos casos, denotando, assim, que são suscetíveis ao viés. Tabela 3: Análise variável 3 Bolha das ações Maior EC 216 55% Menor EC 179 45% Fonte: Elaborado pelo autor. A variável 3 buscava identificar o quão fácil os respondentes achavam prever o colapso da bolha imobiliária ocorrida em 2008. Nesse quesito quem considerava mais fácil a previsão era mais propenso ao viés, assim, foi identificado que em 53% dos casos os estudantes consideravam fácil a previsão do colapso, mostrando, desse modo, que eles são vulneráveis a serem, excessivamente confiantes em suas previsões. 28 As variáveis 4, 5 e 6 buscam identificar dos respondentes como eles se consideram em relação aos outros indivíduos, em situações diversas. Tabela 4: Análise das variáveis 4, 5 e 6 Retorno acima da Controle sobre Relação com média investimentos outros motoristas Presença do viés 208 53% 206 52% 276 70% Ausência do viés 187 47% 189 48% 119 30% Fonte: Elaborado pelo autor. Ao serem questionados sobre qual retorno se esperava sobre seus investimentos em um determinado período, levando em consideração que a média no período foi de 10,4%, verificou-se que a maioria espera retornos acima da média do mercado, como mostra a tabela 5, sobre a variável 4. Os estudantes, em 53% dos casos, responderam que esperam receber retornos acima do que foi recebido pelos outros, denotando que são suscetíveis ao viés do senso de controle, conforme Pompiam (2006). Os resultados encontrados nas variáveis 5 e 6 mostram que a maioria dos respondentes dizem ter controle em escolher investimentos que superam a média do mercado, além de se considerarem melhores motoristas, em relação aos outros. De acordo com os resultados, pode- se observar que em 52% dos casos os estudantes se consideram capazes de escolher investimentos que trazem retornos maiores que os do mercado, além de responderem, em 70% dos casos, que se consideram melhores motoristas que os outros. Os dois resultados encontrados mostram que os estudantes apresentam características de pessoas excessivamente confiantes. As variáveis 7 e 8 dizem respeito a como os estudantes se consideram em relação ao nível de sofisticação em investimento e se eles consideram que há excesso de confiança em suas informações e conhecimentos a respeito dos investimentos. Tabela 5: Análise das variáveis 7 e 8 Sofisticação em Excesso de confiança investimentos nas informações Presença d o viés 142 36% 181 46% Ausência do viés 253 64% 214 54% Fonte: Elaborado pelo autor. 29 A tabela 6 mostra que a maioria dos respondentes considera que o seu nível de sofisticação em investimentos é baixo, e ainda que, na maioria dos casos, não há excesso de confiança nas informações e nos conhecimentos ao tomarem suas decisões de investimento. A pesquisa aponta que 64% dos estudantes se dizem ter um nível “não sofisticado” em investimentos, e ainda afirma, em 54% dos casos, que em suas decisões de investimento não existe um excesso de confiança nas suas informações e conhecimentos. Isso indica que há uma baixa probabilidade dos estudantes serem demasiadamente confiantes para essas determinadas situações. Os resultados encontrados indicam que os estudantes de Ciências Contábeis pesquisados, são propensos a apresentarem o viés de excesso de confiança, pois, de acordo com a métrica utilizada por Pompiam (2006), em apenas duas das oito variáveis os respondentes não apresentam indicação do viés, sendo vulneráveis ao excesso de confiança em seis variáveis estudadas, como pode ser observado no gráfico 2, logo abaixo. Figura 2: Total de variáveis com excesso de controle Fonte: Elaborado pelo autor. Observa-se no gráfico acima que em 75% das afirmativas investigadas, os estudantes dão indícios de que são vulneráveis a serem excessivamente confiantes em suas decisões. 4.3 ANÁLISES DO SENSO DE CONTROLE 4.3.1 Métrica de Pompiam Quanto aos resultados encontrados com as questões propostas por Pompiam (2006), a tabela a seguir apresenta os resultados. 30 Tabela 6: Análise das variáveis de Pompiam Controle sobre os Controle Bilhete de Controle ou acaso dados sobre cartas loteria Maior SC 226 57% 256 65% 148 37% 252 53% Menor SC 169 43% 139 35% 247 63% 153 47% Fonte: Elaborado pelo autor. Percebe-se que, na variável um, a qual busca identificar se os respondentes sentem que têm um maior controle quando eles mesmos jogam os dados, em situações onde participam de jogos de azar como, Gamão, Banco imobiliário e War, ou são indiferentes a quem joga os dados. Nessa afirmativa, os estudantes, em 57% dos casos, acham que têm o maior controle dos resultados quando eles próprios jogam os dados, o que é um indício de que esses estudantes são vulneráveis ao viés do senso de controle. Quando questionados a quem se atribui o rumo dos acontecimentos, quando se aumenta o retorno da sua carteira de investimentos, se ao acaso, ou se ao controle próprio exercido sobre o resultado, verificou-se que, em 65% dos casos, os estudantes acreditam exercer controle sobre os resultados de seu portfólio, também indicando senso de controle por parte dos respondentes para essa situação. De forma similar a variável um, a variável três busca identificar se o respondente é mais otimista, quando está jogando cartas, se ele mesmo distribuir as cartas, ou é indiferente a quem o faz. Nesse sentido, os dados apontaram que, para os estudantes pesquisados, indifere quem distribui as cartas, ou seja, 63% das respostas apontam um menor índice de senso de controle, o que denota um baixo índice de senso de controle, sendo a única variável das quatro que não aponta o viés pesquisado. Por fim, a variável quatro questiona se, ao comprar um bilhete de loteria, os respondentes se sentem mais encorajados, a respeito de suas chances de ganhar, caso eles mesmo escolham os números, ou utilizando o computador para gerar números aleatórios. Para esse caso, 53% das respostas foram de preferência por escolher os números a usar o computador. Isso é um indício da presença de senso de controle em suas decisões. Os resultados encontrados indicam que os estudantes de ciências contábeis pesquisados, são propensos a apresentarem o viés do senso de controle, pois de acordo com a métrica utilizada por Pompiam (2006), em apenas uma das quatro variáveis os respondentes não apresentam indicação do viés, sendo vulneráveis ao senso de controle em três variáveis estudadas, como pode ser observado no gráfico 3, logo abaixo. 31 Figura 3: Total de variáveis com senso de Controle (Pompiam) Fonte: Elaborado pelo autor. Constatou-se que na maioria dos casos os estudantes se apresentam suscetíveis ao senso de controle. Pode-se observar, de acordo com o gráfico três que das quatro variáveis propostas por Pompiam (2006), os respondentes mostraram em três casos um índice de maior senso de controle, ou seja, em 75% das afirmativas deram indícios de apresentarem o viés pesquisado. 4.3.2 Métrica de Mirowsky e Ross Após análises realizadas acerca das questões que envolviam o viés do senso de controle chegaram-se aos seguintes resultados. Tabela 7: Associação entre senso de controle e gênero Senso de controle Qui- Quadrado Menor SC Maior SC Total (x²) Feminino 14 39% 189 53% 203 51% Masculino 22 61% 170 47% 192 49% 0,115 Total 36 9% 359 91% 395 100% Fonte: Elaborado pelo autor. Por meio da tabela 8 pode-se observar que, de acordo com a métrica usada por Mirowsky e Ross (1991), 359 (91%) dos estudantes investigados apresentam um maior índice de senso de controle, contra apenas 36 (9%) que demostraram ter um menor senso de controle. Gênero 32 Do total das respostas que apresentaram um maior senso de controle, verificou-se que 53% foram do sexo feminino, enquanto os outros 47% estudantes do sexo masculino. Já nos respondentes que tiverem um índice de menor senso de controle, a maioria foi do sexo masculino, em 61% dos casos, contra 39% do sexo feminino. Ainda assim, o teste de associação, o qual resultou no valor de 0,0115, não identificou diferença significativa entre o gênero e senso de controle percebido pelos respondentes, tendo em vista que o p-valor da estatística qui-quadrado foi maior que 0,05. A tabela 9 apresenta a relação entre o nível de senso de controle, com a renda familiar dos respondentes, buscando identificar se há relação entre as duas variáveis. Tabela 8: associação entre senso de controle e renda familiar Senso de controle Qui- Menor Maior Quadrado SC SC Total (x²) Até3Salários 16 44% 175 49% 191 48% Entre 3 e 6 14 39% 100 28% 114 29% Salários Renda Entre 6 e 9 0,540 Familiar 3 8% 41 11% 44 11% Salários Acima de 9 3 8% 43 12% 46 12% Salários Total 36 9% 359 91% 395 100% Fonte: Elaborado pelo autor. De acordo com os dados apresentados na tabela 9, verificou-se que a maioria dos estudantes que participaram da pesquisa apresenta uma renda familiar de até três salários mínimos, 175 (49%) dos casos. Enquanto 100 estudantes (28%) têm renda familiar entre três seis salários mínimos. 41 dos respondentes afirmam ter renda familiar entre seis e nove salários mínimos, representando 11% do total. Por fim, 43 estudantes possuem renda familiar maior que nove salários, ou seja, 12% do total da amostra. Dentre os que apresentam maior senso de controle, a maioria está entre os que apresentam renda familiar menor que três salários, seguido pelos estudantes que possuem renda familiar entre três e seis salários. Observa-se que a maioria dos estudantes com maior índice de senso de controle, possui renda familiar de até seis salários mínimos. Apesar do teste qui-quadrado, o qual apresentou o valor de 0,540, não foi possível identificar relação significativa entre renda familiar e senso de controle percebido pelos respondentes, tendo em vista que o p-valor da estatística qui-quadrado foi maior que 5%. 33 A tabela 10 apresenta a relação entre o nível de senso de controle, com a situação ocupacional do estudante, buscando identificar se há relação entre as duas variáveis. Tabela 9: associação entre senso de controle e Situação ocupacional Senso de Controle Qui- Quadrado Menor SC Maior SC Total (x²) Empregado 21 58% 207 58% 228 58% Situação Autônomo 2 6% 18 5% 20 5% 0,993 ocupacional Empresário 1 3% 8 2% 9 2% Desempregado 12 33% 126 35% 138 35% Total 36 9% 359 91% 395 100% Fonte: Elaborado pelo autor. Os dados apresentados na tabela 10 demonstram que a maioria dos estudantes pesquisados se encontra empregados, em um total de 228 respondentes, representando 58% da amostra, enquanto 20 estudantes declararam ser autônomos, representando 5% do total, 9 (2%) estudantes são empresários, e 138 deles estão desempregados, representando 35% do total de estudantes pesquisados. Os resultados demonstram que a maioria dos que apresentaram maior índice de senso de controle, também se encontra empregado, em um percentual de 58%, seguidos dos estudantes desempregados que representaram 35%, e dos autônomos e empresários, com 5% e 2% respectivamente. Apesar da maioria dos estudantes com maior senso de controle serem empregados, não se pode observar relação significativa das variáveis, através do teste qui- quadrado, já que o p-valor foi maior que 5%. A tabela 11 apresenta a relação entre o nível de senso de controle, com a cidade onde o estudante concluiu o ensino médio, buscando identificar se há relação entre as duas variáveis. Verificou-se que a maioria dos estudantes concluiu ensino médio em capitais, 243 estudantes, ou seja, 62% dos respondentes, enquanto 152 (38%), responderam ter concluído ensino médio em cidades do interior. Tabela 10: associação entre senso de controle e cidade onde concluiu ensino médio Senso de Controle Qui- Quadrado Menor SC Maior SC Total (x²) Cidade onde Capital 22 61% 221 62% 243 62% concluiu o ensino 0,958 Interior 14 39% 138 38% 152 38% médio Total 36 9% 359 91% 395 100% Fonte: Elaborado pelo autor. 34 Pode-se observar que a maioria dos que apresentaram um maior índice de SC, vieram de capitais, representando 62% do total, enquanto 38% vieram de cidades do interior. As diferenças culturais podem ser um fator relevante para essas diferenças, de acordo com estudos já citados. 35 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo dessa pesquisa foi investigar o comportamento dos estudantes do curso de Ciências Contábeis da cidade de Natal acerca dos vieses senso de controle e excesso de confiança, através de questionários aplicados em quatro instituições de ensino da cidade de Natal, contribuindo assim para os estudos no campo das finanças comportamentais. Para isso foi realizada uma breve revisão da literatura buscando trabalhos na área de FC e Finanças tradicionais, buscando compreender melhor os conceitos usados nesses dois campos de estudos, observando-se que as FC não se apresentam com uma nova área das finanças que pretende substituir as finanças tradicionais, mas sim, servir como complemento para os estudos na área de finanças. Vale ressaltar que dos desafios das pesquisas em finanças comportamentais é encontrar e propor variáveis que possam representar os fenômenos cognitivos do objeto de estudo. Para isso, foram utilizadas métricas usadas por autores conhecidos na área de finanças comportamentais, como Pompiam (2006), e Mirowsky e Ross (1991). Os resultados mostraram que para o viés do Excesso de confiança, os estudantes pesquisados se apresentam, de forma geral, vulneráveis a tomar decisões sendo excessivamente confiantes em suas informações disponíveis. Tendo em vista que em 75% das variáveis investigados, os estudantes apresentaram características de que tem um maior nível de excesso de confiança. Tendo em vista as consequências citadas nesse trabalho de uma decisão tomada com a presença do viés de excesso de confiança. É importante observar que há uma tendência de que esses estudantes, possam se tornar profissionais que tomam decisões, com resultados diferentes do esperado, levando em consideração a confiança excessiva em suas informações disponíveis. Já para os resultados encontrados acerca do viés de senso de controle, dividem-se os resultados em dois grupos. Os primeiros resultados foram os encontrados através da métrica utilizada por Pompiam (2006), onde se observou que das quatro variáveis investigadas, em três delas, ou seja, 75% das respostas, os estudantes se apresentam vulneráveis ao viés de senso de controle. 36 Tentando explicar esse comportamento, foi feita, através da métrica utilizada por Mirowsky e Ross (1991), cruzamentos de dados, a fim de entender melhor os índices encontrados nesse estudo. Verificou-se que a maioria das respostas que resultaram em um maior índice de senso de controle foi de estudantes do sexo feminino, porém o teste para verificar a relação entre as variáveis não deu relação significativa. Também foi observado que a maioria dos estudantes que apresentam maior índice de senso de controle, possuíam renda familiar de até três salários mínimos, entretanto, não foi observado relação entre as variáveis, através do teste qui-quadrado. Por fim, verificou-se a relação entre cidade onde se terminou o ensino médio e o índice de senso de controle, identificando que a maioria dos estudantes que apresentaram maior índice de senso de controle foram os que terminaram o ensino médio em capitais. Também não se observou relação significativa entre as variáveis cruzadas, através do teste qui-quadrado. Ademais, os resultados deste estudo sugerem, de forma geral, que há indícios da existência dos vieses do senso de controle e excesso de confiança por parte dos estudantes do curso de ciência contábeis da cidade de Natal pesquisados nesse estudo. Observa-se então, que os objetivos propostos por esse trabalho, de forma geral, foram alcançados. Como limitações do estudo ressalta-se a escolha da amostra do tipo não-aleatória, não probabilística, assim os resultados encontrados se limitam apenas aos estudantes pesquisados, podendo não refletir um estrato adequado dos estudantes do curso de Ciências Contábeis das outras instituições não pesquisadas, por exemplo. Outra limitação encontrada nesse estudo foi a dificuldade de aplicação dos questionários com os estudantes, não tendo a cooperação por parte de todos, resultando em vários questionários perdidos pela falta de resposta suficiente para o andamento da pesquisa. Desse modo, para pesquisas futuras pode-se sugerir: i) a replicação desse estudo, considerando amostras diferentes, como estudantes de outras áreas, ou até profissionais; ii) A ampliação da amostra, aplicando a estudantes de outros estados e outras instituições de ensino, a fim de verificar resultados mais generalistas; iii) a verificação de associações entre os dois vieses pesquisados com outras variáveis demográfico e social dos indivíduos. 37 As questões acima colocadas juntam-se com outras relativas à literatura das finanças comportamentais e visam contribuir para que os profissionais da área contábil possam ter um maior interesse pelo tema pesquisado, pois é de suma importância no momento da tomada de decisão, tendo em vista que, a tomada de decisão está presente em todos os momentos da vida profissional e pessoal. 38 REFERÊNCIAS BARBER, Brad M. & ODEAN, Terrance. The courage of misguided convictions. Financial Analysts Journal,v. 55, n. 6, p. 41-55, 1999. 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I – Caracterização do Respondente 01. Gênero: ( ) Feminino ( ) Masculino 02. Idade: ________ 03. Nome da instituição de ensino onde estuda:________________________ 04. Em qual cidade você concluiu o ensino médio? ______________________ 05. Formação Acadêmica concluída: ( ) Graduação ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado 06. Período do curso em que se encontra: _________ 07. Já cumpriu a disciplina de controladoria? ( ) Não ( ) Sim 08. Já atuou no mercado financeiro? ( ) Não ( ) Sim, qual a função? _________________________ 09. Estado Civil: ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Divorciado(a) ( ) Viúvo(a) 10. Inserção no mercado de trabalho ( ) Empregado ( ) Autônomo ( ) Empresário ( ) Aposentado ( ) Desempregado 11. Renda familiar ( ) Até 3 salários mínimos ( ) Entre 3 e 6 salários mínimos ( ) Entre 6 e 9 salários mínimos ( ) Acima de 9 salários mínimos 12. Conhecimento sobre probabilidade (marque a alternativa que mais se assemelha ao seu conhecimento): ( ) Já fez um curso ( ) Já leu a respeito ( ) Já teve algumas aulas ( ) Não tem conhecimento II – Aspectos Estruturais 13. Dê uma estimativa alta e uma baixa para o peso médio de uma baleia cachalote masculina adulta (a maior das baleias com dentes) em toneladas. Escolha números longe o suficiente para ser de 90 por cento de certeza que a verdadeira resposta está em algum lugar no meio. De _______________ a _______________ toneladas 44 14. Dê uma estimativa alta e uma baixa para a distância até a lua em quilômetros. Escolha números longe o suficiente para ter 90 por cento de certeza que a verdadeira resposta está em algum lugar no meio. De _______________ a _______________ quilômetros 15. Quanto você acha que era fácil prever o colapso da bolha das ações imobiliárias em 2008? 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ↑ ↑ Absolutamente Absolutamente Fácil Difícil 16. De 1926 a 2004, no mercado americano, o retorno anual médio em ações foi 10,4 por cento. Em qualquer ano, quanto de retorno você espera retornos sobre seus investimentos (caso você tivesse realizado investimentos), em relação a esse percentual? 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ↑ ↑ Bem Bem Abaixo Acima 17. Qual o controle que você acha que tem em escolher investimentos que superarão o mercado? 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ↑ ↑ Nenhum Total Controle Controle 18. Em relação a outros motoristas na estrada, quão bom motorista você é? 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ↑ ↑ Abaixo Acima da Média da Média 19. Suponha que você está convidado a ler esta declaração: "Cidade do Cabo é a capital da África do Sul" Você concorda ou discorda? Agora, quanto você está confiante que você está correto, em percentual? __________% 20. Como você caracterizaria seu nível pessoal de sofisticação em investimentos? 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ↑ ↑ Não Sofisticado Muito Sofisticado 21. Considera que em suas decisões de investimento existe um excesso de confiança nas suas informações e conhecimentos? 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ↑ ↑ Nenhum Total Excesso de Confiança Excesso de Confiança 22. Quando você participa de jogos de azar que envolva dados, tais como Gamão, Banco Imobiliário ou War -você se sente mais no controle quando você mesmo joga os dados? 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ↑ ↑ Indiferente a quem Sente mais controle joga os dados quando joga os dados 23. Quando aumenta o retorno de seu portfólio, a que você atribui principalmente o rumo dos acontecimentos? 45 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ↑ ↑ Ao acaso Controle que você exercia sobre o resultado 24. Quando você está jogando cartas, você normalmente é mais otimista em relação ao resultado quando você mesmo distribuiu as cartas? 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ↑ ↑ Não faz diferença quem Tem melhores resultados distribui as cartas quando você mesmo distribui as cartas 25. Quando você compra um bilhete de loteria, você se sente mais encorajado, a respeito de suas chances de ganhar, se você mesmo escolher os números ou se usar um número gerado pelo computador? 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ↑ ↑ Número Gerado Você mesmo escolher por computador o resultado 26. Não há nenhum sentido em planejar demais – se algo bom vai acontecer, acontecerá. 1 2 3 4 ↑ ↑ Discordo Fortemente Concordo Fortemente 27. As coisas realmente boas que me acontecem são na maioria sorte. 1 2 3 4 ↑ ↑ Discordo Fortemente Concordo Fortemente 28. Eu sou responsável pelo meu próprio sucesso. 1 2 3 4 ↑ ↑ Discordo Fortemente Concordo Fortemente 29. Eu posso fazer praticamente qualquer coisa que eu realmente direcione minha mente a fazer. 1 2 3 4 ↑ ↑ Discordo Fortemente Concordo Fortemente 30. A maioria de meus problemas são devidos a momentos de má sorte. 1 2 3 4 ↑ ↑ Discordo Fortemente Concordo Fortemente 31. Eu tenho pouco controle sobre o coisas ruins que acontecem comigo. 1 2 3 4 ↑ ↑ Discordo Fortemente Concordo Fortemente 46 32. Minha falta de sorte é resultado dos erros que tenho cometido. 1 2 3 4 ↑ ↑ Discordo Fortemente Concordo Fortemente 33. Eu sou responsável por minhas falhas. 1 2 3 4 ↑ ↑ Discordo Fortemente Concordo Fortemente