Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Biociências Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia Variações horárias na entrada e saída dos golfinhos-rotadores e sua relação com fatores ambientais, na Baía dos Golfinhos em Fernando de Noronha – PE. Thiago Emanoel Bezerra da Costa Natal 2011 Thiago Emanoel Bezerra da Costa Variações horárias na entrada e saída dos golfinhos-rotadores e sua relação com fatores ambientais, na Baía dos Golfinhos em Fernando de Noronha – PE. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de Mestre em Psicobiologia. Orientador: Prof. Dr. Flávio José de Lima Silva Natal 2011                                    Título: Autor: Data da defesa: Banca Examinadora: ___________________________________ Nome: Prof. Dr. Flávio José de Lima Silva ___________________________________ Nome: Dr. José Martins da Silva Jr. ___________________________________ Nome: Prof. Dr. Lídio França do Nascimento Dedicatória A todos aqueles que me ajudaram e que tornaram esse sonho possível. Porque um sonho que se sonha só, é apenas um sonho que se sonha só, mas um sonho que se sonha junto é realidade. Agradecimentos Em primeiro lugar agradeço a toda minha família, a meus pais ( Josemar e Marilene) e minhas irmãs em especial (Luana, Joana, Lílian e Lene). Por todas as palavras de incentivo e por toda a ajuda que eles puderam me dar. Aos meus avós e minhas tias, porque eu sei que eles se sentem muito orgulhosos de mim. Em segundo lugar, agradeço à minha segunda família (Seu Renato, Dona Lúcia, Vó Bia, Sávio, Renata e Larissa). Por ter me “adotado” no início dessa jornada, e por nunca ter me deixado sentir um estranho no ninho. A toda a equipe do Projeto Golfinho Rotador. Ótimas pessoas que conheci em Fernando de Noronha, que eu sei que posso contar sempre que precisar. Em especial a Priscila, Marina, Juliana, Aline e Ademir, por serem verdadeiros amigos que eu sei que posso contar na minha vida. A Petrobras, que por meio do Programa Petrobras Ambiental patrocina o Projeto Golfinho Rotador, viabilizando este estudo. A toda a equipe do Projeto Cetáceos da Costa Branca, que indiretamente também ajudaram na construção desse trabalho, afinal de contas foi, e é, “aqui” que nascem todos os dias mais vontade para continuar cada vez mais com esse trabalho. Em especial a Adna, Bernadete e Camilo. A equipe do Projeto Pequenos Cetáceos (Iraê, Lídio, Diogo, Pedro e Gustavo), por me inserir nas pesquisas com cetáceos também no litoral sul do RN. A todos os professores do departamento de Turismo da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, principalmente a professora Tatiana, por ter me incentivado muito, principalmente nessa última etapa da construção dessa dissertação. A Sandja por ter me ajudado na tradução do abstract e ter conseguido entrar aqui nestes agradecimentos aos 45’ do segundo tempo. A professora Simone e ao professor Mademerson, pela ajuda nas análises estatísticas aqui feitas. A Flávio José de Lima Siilva e a José Martins da Silva Júnior, por terem me ensinado muito, não apenas como pesquisador, mas como pessoa. E, é claro, aos golfinhos por terem sido alvo de todo este estudo, por serem estes animais intrigantes e que muito aguçam a curiosidade de todos, além de ser uma companhia necessária nos momentos solitários do Mirante dos Golfinhos e do Forte dos Remédios. Resumo Os golfinhos são encontrados em todos os ambientes marinhos do mundo, com exceção dos polos. No Brasil, a maior concentração destes animais é no Arquipélago de Fernando de Noronha, que possui clima tropical com duas estações pluviométricas bem definidas: estações seca e chuvosa. A Baía dos Golfinhos é sua região de maior concentração em Noronha. Este estudo possui o objetivo de caracterizar a ritmicidade circadiana comportamental do golfinho-rotador, Stenella longirostris, na ocupação da Baía dos Golfinhos, no Arquipélago de Fernando de Noronha, Nordeste do Brasil, em decorrência de flutuações do ambiente natural em que os mesmos estão inseridos. O estudo foi realizado diariamente entre janeiro de 1991 e dezembro de 2009, com observações de ponto-fixo a partir do Mirante dos Golfinhos, localizado na Baía dos Golfinhos. Os dados foram analisados com o programa PASW Statistics 18 com testes estatísticos não paramétricos, sendo analisados os horários de entrada e saída dos golfinhos-rotadores e suas relações com a fase lunar, a incidência de ventos e a estação pluviométrica local. Os ritmos diurnos do golfinho-rotador são influenciados pela lua, adiantando o seu horário de chegada à Baía dos Golfinhos em períodos de lua-cheia devido a alta luminosidade lunar noturna proporcionar uma maior eficiência alimentar destes animais. O horário de saída dos golfinhos-rotadores não mostrou diferença estatística entre as fases lunares, apesar de possuir o mesmo padrão do anterior. Em situações de maior incidência de ventos ao redor do arquipélago, os rotadores chegam mais cedo à Baía dos Golfinhos, já que a mesma está mais protegida dos ventos que atingem o arquipélago. Em períodos de alta pluviosidade em Fernando de Noronha, os golfinhos-rotadores tendem a chegar mais tarde e sair mais cedo da enseada devido a chuva causar condições adversas para o seu descanso. Abstract The dolphins are found in all world’s marine environments, except for poles. On Brazil, the major concentration of this animals is on Fernando de Noronha Islands, wich have a tropical climate with two well-defined rainfall seasons: dry and rainy season. The Baía dos Golfinhos, wich is the most crowded piece of dolphins on the archipelago. These research looks for to characterize the circadian rhythms of the spinner dolphin behavior, Stenella longirostris, on the Baía dos Golfinhos occupation, at the Fernando de Noronha islands, Brazil’s northeast, according to the fluctuations of environment that they all are inserted. The research was realized daily between 1991 January and 2009 December, with observations from a fixed point up to Mirante dos Golfinhos, located on Baía dos Golfinhos. The data was examined with the PASW Statistics 18 program, up to nonparametric tests, being analyzed on the incoming and out coming time of the spinner dolphins and the relationship with moon phases, the wind incidence, and the rainfall season, the dolphins were inserted. The spinner dolphins diurnal rhythms are influenced by moon phases, the spinner dolphins arrival at Baía dos Golfinhos earlier when it’s full moon because of the high luminosity at night cause a bigger food efficiency for these animals. The outgoing time of spinner dolphins didn’t show statistic difference between moon phases, despite follows the same pattern for the incoming time. When the spinner dolphins are submitted to bigger wind incidence conditions around the archipelago, the dolphins come early to the Baía dos Golfinhos, since that one is protected from wind that reaches Fernando de Noronha, the spinner dolphins tends to arrive later and leave earlier of the bay because the rain may cause adverse conditions for your rest. Índice de figuras Manuscrito 1 Pág. Figura 1: Imagem aérea do Arquipélago de Fernando de Noronha, com destaque para a Baía dos Golfinhos. Fonte: Google Earth. Adaptada pelo autor. 32 Figura 2: Horário médio (mediana) da chegada dos golfinhos rotadores em função da fase lunar. 36 Figura 3: Horário médio (mediana) de saída dos golfinhos rotadores em função da fase lunar 37 Manuscrito 2 Pág. Figura 1: Arquipélago de Fernando de Noronha, com destaque para a Baía dos Golfinhos, vista do Mirante dos Golfinhos. Fonte: Adaptada pelo Autor. 62 Figura 2: Gráfico de quantidade de chuva média entre os meses observados, ao longo dos 19 anos de estudo. Com linha de tendência revelando a mediana da pluviosidade em todo o período de estudo 65 Figura 3: Gráfico do horário de chegada médio entre os meses observados, com linha de tendência para o valor da mediana geral do horário de chegada dos golfinhos à Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha. 66 Figura 4: Gráfico do horário de saída médio entre os meses observados, com linha de tendência para o valor da mediana geral do horário de saída dos golfinhos da Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha. 68 Figura 5: Gráfico que mostra a mediana para os horários de chegada dos golfinhos rotadores classificados por cada categoria de velocidade do vento. 70 Figura 6: Gráfico que mostra a mediana para os horários de saída dos golfinhos rotadores classificados por cada categoria de velocidade do vento. 72 Índice de Tabelas Manuscrito 1 Pág Tabela 1: Horário de entrada dos rotadores da Baía dos Golfinhos entre os anos de 1991 e 2009. 33 Tabela 2: Horário de saída dos rotadores da Baía dos Golfinhos entre os anos de 1991 e 2009. 34 Tabela 3: Número de observações do horário de entrada dos rotadores da Baía dos Golfinhos entre os anos de 1991 e 2009, por fase lunar. 32 Tabela 4: Número de observações do horário de entrada dos rotadores da Baía dos Golfinhos entre os anos de 1991 e 2009, por fase lunar. 33 Manuscrito 2 Pág. Tabela 1: Número de observações do horário de entrada dos rotadores da Baía dos Golfinhos entre os anos de 1991 e 2009, por estação pluviométrica 67 Tabela 2: Número de observações do horário de saída dos rotadores da Baía dos Golfinhos entre os anos de 1991 e 2009, por estação pluviométrica 68 Tabela 3: Número de observações do horário de Chegada dos rotadores da Baía dos Golfinhos entre os anos de 1991 e 2002, por categoria do vento 69 Tabela 4: Número de observações do horário de Saída dos rotadores da Baía dos Golfinhos entre os anos de 1991 e 2002, por categoria do vento 71 Sumário Introdução geral .........................................................................................................14 Objetivos, hipóteses e predições ...............................................................................22 Objetivo geral ..................................................................................................22 Objetivos específicos ......................................................................................22 Hipóteses e Predições ....................................................................................22 Hipótese 1 ............................................................................................22 Predição 1 .................................................................................22 Predição 2 .................................................................................23 Hipótese 2 ............................................................................................23 Predição 1 .................................................................................23 Predição 2 .................................................................................23 Predição 3 .................................................................................23 Manuscrito 1 ..............................................................................................................24 Resumo ...........................................................................................................25 Introdução .......................................................................................................27 Materiais e Métodos ........................................................................................30 Área de estudo e coleta de dados .......................................................30 Análise estatística dos dados ...............................................................32 Resultados ......................................................................................................33 Horário de entrada ...............................................................................35 Horário de saída ...................................................................................36 Discussão .......................................................................................................37 Referências bibliográficas ...............................................................................43 Marine Mammal Science – Formatação .........................................................48 Manuscrito 2 ..............................................................................................................55 Resumo ...........................................................................................................56 Introdução .......................................................................................................58 Materiais e Métodos ........................................................................................61 Área de estudo .....................................................................................61 Métodos ................................................................................................62 Análise dos dados ................................................................................64 Resultados ......................................................................................................65 Pluviosidade x Horário de Chegada .....................................................65 Pluviosidade x Horário de Saída ..........................................................67 Velocidade do vento x Horário de Chegada ........................................69 Velocidade do vento x Horário de Saída ..............................................70 Discussão .......................................................................................................72 Referências bibliográficas ...............................................................................75 Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom – Formatação OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO79 Considerações finais .................................................................................................88 Referências bibliográficas .........................................................................................91 14 Introdução geral Menna-Barreto (2003) afirma que animais e plantas mudam conforme o clima, hora do dia e estações do ano, que espécies surgem e desaparecem, e que a vida aparece como movimento permanente. Afirma ainda que a forma mais evidente da organização temporal de um ser vivo é com relação aos estímulos ambientais, como fotoperíodo e disponibilidade de alimento. Animais em vida livre possuem flutuações temporais na expressão dos seus comportamentos, estando essas oscilações correlacionadas com as mudanças recorrentes que se apresentam no ecossistema em que eles estão inseridos. Até pouco tempo tinham sido infrutíferas as tentativas para relacionar estas oscilações regulares com fatores do clima, não obstante o fato da respectiva sincronia e proeminência nas latitudes setentrionais parecer sugerir algum acontecimento cíclico fora do ecossistema local. Caso se possa provar que os fatores do clima, casuais ou outros, não constituem a causa principal de oscilações violentas, então deverá olhar- se naturalmente para causas existentes no interior das próprias populações, isto é, para fatores intrínsecos (Odum 2001). Em ambientes marinhos, os principais fatores que afetam o comportamento diário dos animais são os ciclos claros e escuros, as marés e ciclos lunares (Saigusa 2001). Acontecimentos periódicos podem estar relacionados com os ciclos lunares (que controlam as marés, por exemplo) e com os ciclos estacionais. Há muito tempo é aceito que os padrões de comportamentos e atividades dos animais são influenciados por ritmos endógenos arrastados, associados com pistas ambientais (Hanson 2008). 15 A maioria das pesquisas sobre o impacto do ciclo lunar em vertebrados, a exemplo daquelas feitas com peixes, tem focado no entendimento de como o ciclo lunar e as mudanças de marés associadas afetam a sincronia reprodutiva, migração de marés, migração de estratos e dinâmica hormonal de espécies marinhas (Hanson 2008). Os mamíferos marinhos sempre despertam interesse e curiosidade, talvez por serem ainda pouco conhecidos quanto aos seus hábitos e comportamento, o que em grande parte se deve à dificuldade de observação no meio em que vivem (Pinedo et al. 2002). Apesar de a maioria dos animais mostrarem padrões diários e sazonais em seu comportamento, padrões comportamentais de cetáceos vivendo livremente raramente são descritos (Bräguer 1993). Marques (2006) descreve que ritmo biológico é a expressão utilizada para identificar oscilações regulares nos sistemas biológicos. Essa definição ampla abrange tanto ritmos gerados endogenamente (pelos chamados sistemas de temporização), como ritmos provocados diretamente por flutuações regulares do ambiente. E dessa forma, os ritmos circadianos são aqueles que apresentam períodos em torno de 24 horas, ou qualquer outra duração entre 20 e 28 horas. Ritmos ultradianos (mais rápidos) apresentam períodos menores do que 20 horas. Ritmos infradianos apresentam períodos maiores do que 28 horas (e.g.: sazonais). Os ritmos biológicos, circadianos ou não, trazem uma vantagem ecológica indiscutível, uma vez que enlaça os ritmos ambientais e fisiológicos, e torna os organismos capazes de antecipar as periodicidades diárias, estacionais e outras quanto à luz, temperatura, marés e assim por diante (Odum 2001). 16 O clima influencia uma variedade de processos ecológicos. Estes efeitos operam através de parâmetros meteorológicos locais tais como temperatura, ventos, chuvas, neves e correntes oceânicas, assim como as interações entre eles. Estas flutuações movimentam temporariamente e espacialmente mudanças de calor e vapor d’água que terminará determinando o crescimento, recrutamento e padrões de migração das espécies (Stenseth 2002). Outros grupos de mamíferos aquáticos também mostram ritmos circadianos em seu comportamento, como para algumas espécies de Otarídeos, onde a presença de ritmos circadianos tem sido estudada com base em mudanças na densidade populacional dos grupos (Sepúlveda et al. 2001). Sepúlveda et al. (2001) também relatam que uma espécie de Otarídeo, Otaria flavescens, demonstra um comportamento rítmico de ocupação da colônia de Cochoa, zona central do Chile, em que a densidade populacional sofre um grande decréscimo durante a noite, e aumenta durante o dia, relatando que isto pode estar relacionado ao hábito alimentar noturno dos Otarídeos sul-americanos. Diferente dos Otarídeos, que possuem alguma dependência com o ambiente terrestre, os cetáceos possuem vida totalmente inserida no meio aquático. Algumas informações sobre ritmos diurnos de cetáceos podem ser obtidas através de relatos de expedições baleeiras, de observações casuais relatadas em pequenos detalhes e de estudos com outros objetivos primários. Outro recurso potencial de informações em ritmos diurnos são os diários de bordo destas expedições e anotações de campo. Uma razão para esta aparente falta de interesse neste tipo de pesquisa pode ser a dificuldade em se estudar qualquer aspecto de vida destes animais (Klinowska 1986). 17 O conhecimento da distribuição espacial e associações entre espécies de cetáceos é importante para uma completa avaliação e manejo destas espécies (Polacheck 1987). Desta forma, já se tem conhecimento da distribuição e sazonalidade para algumas espécies de cetáceos, o que é de grande importância devido ao fato de os mesmos terem sofrido pressões de capturas intencionais, acidentais ou provenientes da degradação de meio em que vivem, em especial as espécies costeiras, e para várias, essas pressões têm-se refletido na redução de suas populações (Pinedo et al. 1992). Para Lagenorhynchus acutus e Delphinus delphis, golfinho-de-lateral-branca do atlântico e golfinho-comum, respectivamente, na plataforma continental nordeste dos Estados Unidos, Selzer (1988) descreve que as distribuições destes animais podem ser descritas geograficamente, correlacionadas com fatores ambientais, tais como temperatura da superfície do mar, salinidade e topografia do fundo, devido à abundância de presas. Forney (1998) conclui que a distribuição e abundância de muitos cetáceos da Califórnia, parecem variar com as mudanças oceanográficas tanto nas escalas de tempo sazonais quanto interanuais. Bearzi et al. (1999) descreveu o padrão comportamental de ocupação de área por Tursiops truncatus, golfinho-nariz-de- garrafa, para a baía de Kvarneric, nordeste do mar Adriático, relatando que variações anuais em tamanho de grupo mostram que os padrões de agrupamento estão fortemente relacionados aos padrões comportamentais dos golfinhos. Isto indica que a variação inter-anual no tamanho médio do grupo foi afetada por variações ambientais e ecológicas (e.g.: tipo de presa, disponibilidade e distribuição), 18 em vez de ser inteiramente determinada por mudanças nas atividades comportamentais. Os golfinhos pertencem à classe Mammalia, subclasse Theria, infraclasse Eutheria, ordem Cetartiodactyla, subordem Odontoceti, que compreende os cetáceos com dentes, e família Delphinidae. Os golfinhos possuem o corpo hidrodinâmico, alongado e fusiforme. Os membros anteriores são nadadeiras internamente sustentadas pela cintura peitoral e por todos os ossos correspondentes aos da pata de tetrápode. Não apresentam membros posteriores e a cintura pélvica está reduzida a um pequeno osso sem função. A nadadeira dorsal e caudal são aquisições secundárias, resultantes de adaptação à água, não apresentam estrutura óssea, só cartilagem, e têm função de equilíbrio e orientação (Pinedo et al. 1992). A nadadeira caudal tem posição horizontal, apresenta um pedúnculo caudal muito musculoso e é responsável pela propulsão do corpo (Silva-Jr. 2010). Os golfinhos são encontrados em todos os ambientes marinhos do mundo, com exceção dos polos. Existem muitas espécies de golfinhos que vivem em rios, na costa entrando em estuários, em alto mar e em alguns casos possuem ampla distribuição. No Brasil, os golfinhos mais facilmente encontrados são o boto-cor-de- rosa (Inia geoffrensis), boto-cinza (Sotalia guianensis), golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) e golfinho-rotador (Stenella longirostris) (Silva-Jr. 2010). O golfinho-rotador, Stenella longirostris, pode ser identificado externamente por seu rostro relativamente longo e fino, padrão de coloração, e nadadeira dorsal. O padrão de coloração na maioria das regiões consiste em três partes, uma capa cinza-escura, linha lateral cinza claro, e uma região ventral branca. Machos sexualmente maduros atingem tamanhos entre 129 e 235 cm, e pesam entre 23 e 19 80kg (Perrin 1998) O golfinho-rotador é pantropical, ocorrendo em todas as águas tropicais e subtropicais ao redor do mundo, entre aproximadamente 30-40°N e 20- 30°S. Ele é tipicamente conhecido como uma espécie de alto-mar, mas populações costeiras e raças ou subespécies existem no Pacífico Leste, Oceano Indico, Sudeste da Ásia e provavelmente em outros lugares (Perrin et. al. 2005). Esta espécie de golfinho tem a característica de ser bastante sociável, vivendo em grupos onde o tamanho varia amplamente, desde poucos golfinhos até milhares. Golfinhos-rotadores comumente se juntam com o golfinho-pintado, Stenella attenuata, e outros golfinhos e pequenas baleias dentadas (Perrin et al. 2002; Bastida et al. 2007; Reeves et al. 2002). Golfinhos-rotadores podem ser confundidos ainda, no Atlântico Tropical, com o Stenella clymene, que é similar em aparência com o Stenella longirostris e também é observado realizando rotações, apesar de não serem tão acrobáticas quanto o Golfinho-rotador (Perrin et al. 2008) A espécie S. longirostris (Figura 1) constitui quatro subespécies, sendo a Stenella longirostris longirostris uma subespécie oceânica localizada ao redor de ilhas oceânicas do Atlântico Tropical, Índico, e oceano Pacífico Ocidental e Central; no Pacífico, ela geralmente não se estende a leste dos 145°W. Nesta subespécie estão inclusas populações regionais, incluindo aqueles ao redor do Havaí (Hawaiian spinners). No pacífico, a leste de 145°W e entre aproximadamente 24°N da Baixa California e 10°S do Peru, o rotador oriental (S. l. orientalis) substitui o S. l. longirostris. Formas intermediárias ou híbridas entre estas duas espécies são encontradas em quase todo o mar do Pacífico oriental tropical; elas são algumas vezes conhecidas como “barriga-branca” (whitebelly) ou rotadores “ocidentais” (S. l. centroamericana). Finalmente, S. l. roseiventris, o rotador anão, ocorre em águas 20 costeiras superficiais do sudeste da Ásia à Malásia ou Norte da Austrália (Reeves 2002; Norris et al. 1994). Na América do Sul, apenas a S. l. orientalis, apenas no Oceano Pacífico, e S. l. longirostris, tanto no Oceano Pacífico quanto Atlântico, são representadas (Bastida et al. 2007). Figura 1: Golfinho-rotador, Stenella longirostris. Imagem: FAO; Species Identification Guide. As diferenças entre a ocupação de habitats e a distribuição dos rotadores no Oceano Atlântico Tropical Sul, comparando com os Oceanos Pacífico e Índico, se deve ao fato de que, enquanto nesses dois oceanos existem centenas de ilhas que podem ser usadas como área de descanso pelos rotadores, no Oceano Atlântico Tropical Sul somente um local apresenta tamanho e condições oceanográficas para este fim. No Brasil, a concentração de rotadores em Fernando de Noronha é conhecida há mais de 20 anos (Silva Jr. 2010). Portanto, um entendimento sobre os mecanismos ambientais que medeiam os horários de entrada e saída dos golfinhos da baía são importantes para um maior conhecimento da espécie, assim como uma maior compreensão das consequências que as variações climáticas podem ter na ocupação de um habitat para esta espécie de golfinho. 21 Objetivos, hipóteses e predições Objetivo geral Caracterizar a freqüência de ritmicidade circadiana comportamental do golfinho-rotador, Stenella longirostris, na ocupação da Baía dos Golfinhos, no Arquipélago de Fernando de Noronha, Nordeste do Brasil, em decorrência de flutuações do ambiente natural em que os mesmos estão inseridos. Objetivos específicos a. Detectar a associação entre as fases da lua e os horários de entrada e saída dos golfinhos na Baía dos Golfinhos (artigo1). b. Relacionar as variações nos horários de entrada e saída dos golfinhos- rotadores, em Fernando de Noronha, com a incidência de ventos e a pluviosidade do local (artigo 2). Hipóteses e Predições Hipótese 1: As alterações no ambiente marinho causadas pela fase lunar influenciam nos horários de ocupação dos golfinhos-rotadores da Baía dos Golfinhos. Predição 1: O horário de chegada dos golfinhos-rotadores na Baía dos Golfinhos sofre influência significativa da fase lunar a que os mesmos estão submetidos. Sendo adiantado nos períodos de lua-cheia. 22 Predição 2: O horário de saída dos golfinhos-rotadores da Baía dos Golfinhos não sofre influência significativa da fase lunar a que os mesmos estão submetidos. Hipótese 2: Alterações climáticas influenciam no tempo de ocupação da Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha. Predição 1: Os horários de chegada e de saída dos golfinhos-rotadores na Baía dos Golfinhos sofre influência significativa da velocidade dos ventos em Fernando de Noronha. Predição 2: Os horários de chegada dos golfinhos-rotadores da Baía dos Golfinhos sofre influência significativa da estação pluviométrica em Fernando de Noronha. Predição 3: Os horários de saída dos golfinhos-rotadores da Baía dos Golfinhos sofre influência significativa da estação pluviométrica em Fernando de Noronha. 23 Manuscrito 1 Título – Influência das fases lunares nos horários de entrada e saída dos golfinhos-rotadores e sua relação com a fase lunar na Baía dos Golfinhos, no Arquipélago de Fernando de Noronha/PE, Brasil. Autores: Thiago Emanoel Bezerra da Costa1; José Martins da Silva-Jr 2; Flávio José de Lima Silva1,3,4 1-Programa de Pós Graduação em Psicobiologia - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil. 2- Centro Mamíferos Aquáticos/Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio. 3-Departamento de Turismo – Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, Brasil. 4- Centro Golfinho Rotador. Periódico - Marine Mammals Science QUALIS A. Status – a ser submetido 24 Resumo Este estudo possui o objetivo de detectar a associação entre as fases da lua e os horários de entrada e saída dos golfinhos na Baía dos Golfinhos, no Arquipélago de Fernando de Noronha, Nordeste do Brasil. O estudo foi realizado diariamente entre janeiro de 1991 e dezembro de 2009, totalizando 3880 dias de observação, com observações de ponto-fixo a partir do Mirante dos Golfinhos, localizado na Baía. O número de observações entre as fases lunares não mostrou diferença significativa para os dias em que foi possível se registrar o horário de entrada (X2 = 0,830; p = 0,842) e para os dias em que foi possível registrar o horário de saída dos golfinhos rotadores da Baía dos Golfinhos (X2 = 0,927; p = 0,819). Quanto ao horário de entrada dos golfinhos-rotadores na Baía dos Golfinhos, e sua relação com a fase lunar, houve diferença estatística significativa entre as mesmas (Kruskal Wallis test, H=15,996; gl=3; p=0,001). Quando comparadas as fases lunares separadamente notou-se que horário de entrada dos golfinhos na lua cheia foi significativamente diferente da lua nova (Mann-Whitney test U, U=289732,500; z=-3,755; p=0,000) e da lua minguante (Mann-Whitney test U, U=286776,500; z=-2,897; p=0,004). Porém o horário de chegada dos golfinhos-rotadores não foi significativamente diferente entre o período de luas cheia e crescente (Mann-Whitney test U, U=307366,500; z=-1,868; p=0,062). Para o horário de saída dos golfinhos rotadores da Baía dos Golfinhos, notou-se que não há diferença significativa entre os períodos analisados (Kruskal Wallis test, H=0,027; gl=3; p=0,999). A maior luminosidade do oceano, durante o período de lua-cheia, proporciona uma maior eficiência alimentar por parte dos predadores, na lua-crescente o fotoperíodo é semelhante ao da lua-cheia, o que explica a não existência de diferença estatística entre estes períodos. 25 Introdução Apesar da maioria dos animais mostrarem padrões diários e sazonais em seu comportamento, padrões comportamentais de cetáceos vivendo livremente raramente são descritos (Bräguer 1993). Uma razão para esta aparente falta de interesse neste tipo de pesquisa pode ser a dificuldade em se estudar qualquer aspecto de vida destes animais. O estudo dos ritmos de mamíferos aquáticos também pode ser feito a partir de análises neurofisiológicas, como para o caso de pinípedes. Ridgway (1975) descreve o ritmo cardíaco de pinípedes em diferentes estágios do seu sono, sugerindo que os mesmos passam por um processo de bradicardia durante o processo de apneia e taquicardia durante o processo respiratório. Para otarídeos, Sepúlveda (2001) relata que a presença de ritmos circadianos tem sido estudada baseada nas mudanças das densidades das populações e colônias, que poderiam ser atribuídas a comportamentos alimentares ou reprodutivos. Um conhecimento da distribuição e associação entre espécies é importante para um entendimento da ecologia de qualquer comunidade. Sem tal conhecimento, não há como definir corretamente a estrutura de uma comunidade, muito menos levantar questões de quais fatores estão atualmente estruturando a comunidade e controlando sua dinâmica (Polacheck 1987). Algumas informações sobre ritmos diurnos de cetáceos podem ser obtidas através de relatos de expedições baleeiras, de observações casuais relatadas em pequenos detalhes e de estudos com outros objetivos primários. Outro recurso potencial de informações em ritmos diurnos são os diários de bordo destas expedições e anotações de campo (Klinowska 1986). Outra forma, quando as 26 condições permitem, são os estudos a partir de observações de ponto fixo, o que para golfinho-rotador é feito no Oceano Pacífico Leste, no Arquipélago do Havaí e no Atlântico Sul, em Fernando de Noronha (Silva 2001). O golfinho-rotador, Stenella longirostris, é pantropical, ocorrendo em todas as águas tropicais e subtropicais ao redor do mundo, entre aproximadamente 30-40°N e 20-30°S, é tipicamente conhecido como uma espécie de alto-mar, mas populações costeiras e raças ou subespécies existem no Pacífico Leste, Oceano Indico, Sudeste da Ásia e provavelmente em outros lugares (Perrin 2002). Porém as diferenças entre a ocupação de habitats e a distribuição dos rotadores no Oceano Atlântico Tropical Sul, comparando com os Oceanos Pacífico e Índico, deve-se ao fato de que, enquanto nesses dois oceanos existem centenas de ilhas que podem ser usadas como área de descanso pelos rotadores, no Oceano Atlântico Tropical Sul somente um local apresenta tamanho e condições oceanográficas para este fim (Silva-Jr. 2010). Norris (1991) também relata que o ciclo diário para o golfinho-rotador consiste em hábitos alimentares noturnos, em zonas de alimentação em mar aberto, e descanso diurno, onde os rotadores comumente buscam lugares rasos como baías protegidas, para refúgio de conveniência após uma noite de alimentação em alto- mar. Esta sincronização com o ciclo claro/escuro mostra um padrão evidente para estes animais, e o entendimento dos fatores que medeiam esta sincronização é importante para um maior conhecimento da espécie. A alimentação do golfinho-rotador se baseia principalmente em diversas espécies de pequenos peixes de hábitos mesopelágicos, de tamanhos menores que 20 cm; também consumem diversas espécies de lulas e camarões, que são 27 encontrados em profundidades de até 300 metros. Estas presas estão mais próximas da superfície durante a noite para alimentarem-se de organismos planctônicos, que iniciam ao entardecer sua migração vertical até a superfície. Por isto, a principal atividade trófica destes golfinhos se apresenta durante a noite, quando seu alimento se concentra a menor profundidade e assim consomem menos energia (Bastida et al. 2007). Estudos com o golfinho-rotador no Havaí – EUA mostram um padrão sazonal dos horários de entrada e saida, do tempo de mergulho e expressão das atividades aéreas na Baía de Kealake’akua (Würsig et al. 1994). O ritmo biológico pode ser afetado por fatores ambientais ou antrópicos, podendo estes ritmos estar relacionados com acontecimentos periódicos como fases lunares (que controlam as marés, por exemplo) e com os ciclos estacionais. É aceito que os padrões de comportamentos e atividades dos animais são influenciados por ritmos endógenos arrastados, associados com pistas ambientais. Em ambientes marinhos, os principais fatores que afetam o comportamento diário dos animais são os ciclos claro e escuro, as marés e ciclos lunares (Saigusa 2001). Segundo Silva & Silva-Jr. (2009) a determinação da existência de ritmos circadianos e sazonais é importante para o avanço no conhecimento dos aspectos biológicos das espécies, especialmente em regiões tropicais. Este estudo tem o caráter de ser pioneiro para este tipo de espécie, o que reflete na dificuldade de associação com outras pesquisas preexistentes, desta forma a associação com animais mais próximos filogeneticamente, ou ecologicamente, do golfinho-rotador torna-se necessária. 28 Este estudo teve como objetivo de detectar a associação entre as fases da lua e os horários de entrada e saída dos golfinhos na Baía dos Golfinhos, no Arquipélago de Fernando de Noronha, Nordeste do Brasil. Materiais e Métodos Área de estudo e coleta de dados O Arquipélago de Fernando de Noronha, Nordeste do Brasil, é constituído por uma ilha principal e 17 ilhas secundárias. A ilha principal, a Ilha de Fernando de Noronha, possui 17 km2 distribuídos longitudinalmente na direção sudoeste- nordeste, formando duas faces com 11 km de extensão. A face noroeste, denominada de Mar de Dentro, fica protegida dos ventos predominantes. No Mar de Fora, a face sudeste, o mar é mais agitado (Silva-Jr. 1996). O estudo foi realizado entre janeiro de 1991 e dezembro de 2009, totalizando 3880 dias de observação, com observações de ponto-fixo a partir do Mirante dos Golfinhos (Figura 1), localizado na Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha. As observações ocorreram entre as 6 horas e 15 horas, ou até 1 hora depois do último golfinho deixar a Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha. Segundo Silva-Jr. (2005) a Baía dos Golfinhos é a enseada de águas mais calmas, transparentes e profundas do Arquipélago de Fernando de Noronha, possuindo uma profundidade entre 0 e 25 metros, com 15 metros em torno do centro (Almeida, 1958). O horário de entrada dos golfinhos-rotadores na Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha, foi definido como sendo o horário em que o primeiro golfinho penetrava nas dependências da baía, passando através de uma linha imaginária de 29 formato côncavo que era tomada de um limite ao outro da enseada (Figura 2). Foram contabilizados somente aqueles dias em que pode ser observada a entrada dos golfinhos na baía, os dias em que os animais entravam antes da chegada dos pesquisadores não foram considerados estatisticamente, o horário de chegada foi desprezado. Porém quando os observadores chegavam antes do amanhecer e os golfinhos já se encontravam na Baía, o horário de chegada obtido foi correspondente ao horário de chegada do pesquisador. Para realizar as observações, os pesquisadores estavam munidos com o auxílio de binóculos com aumento 12x90 e Rongda XBZ 30x-260x-160 Zoom, contadores mecânicos e planilhas. Para a caracterização da ocupação de área pelos golfinhos-rotadores os dados acima foram coletados por meio do método de amostragem de grupo focal com registro contínuo (Altmann 1974). Figura 2: Imagem aérea do Arquipélago de Fernando de Noronha, com destaque para a Baía dos Golfinhos. Fonte: Google Earth. Adaptada pelo autor. 30 Os dados referentes às fases da lua foram coletados através do software Ars Magna Internet Services, no Site Cosmobrain Astronomia. Análise estatística dos dados Os dados foram analisados com o programa PASW Statistics 18 a partir de testes estatísticos não paramétricos, pois não apresentam distribuição normal (Field, 2009). O Teste de Qui-quadrado foi utilizado para se observar se existia diferença significativa entre o número de observações para cada fase da lua, admitindo-se um valor de 5% (α = 0,05) como nível de significância. O Teste Kruskal Wallis foi usado para verificar diferenças entre os horários de chegada e de saída dos golfinhos e a fase lunar. Foi realizado um Teste U Mann-Whitney para cada comparação de fase lunar par-a-par, adotando-se neste caso o nível de significância de 0,8% (α = 0,008). Resultados Entre Janeiro de 1991 e Dezembro de 2009 foram realizadas 3906 observações, das quais em 3193 vezes foi possível registrar o horário de entrada dos golfinhos à baía (Tabela 1). Em 807 dias de lua cheia foi possível registrar o horário de chegada dos golfinhos à Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha. Seguido por 805 dias em que a lua estava nova, o mesmo número para lua crescente e o período de lua minguante foi aquele que foi obtido o menor número de observações, com 776 dias registrados (Tabela 03). 31 Tabela 1: Horário de entrada dos rotadores da Baía dos Golfinhos entre os anos de 1991 e 2009. Em 2974 dias foi possível observar o horário de saída dos golfinhos da Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha (Tabela 2). No que diz respeito à fase da lua a que cada dia de observação esteve inserido, a distribuição se comportou em 754 observações na lua crescente, 750 observações na lua nova, 749 observações na lua cheia e 721 observações na lua minguante (Tabela 4). Ano Média Desvio Padrão Mínimo Máximo N 1991 6h16min 21min 5h30min 7h04min 46 1992 6h13min 19min 6h00min 6h50min 11 1994 6h16min 25min 5h30min 8h00min 74 1995 6h07min 18min 5h22min 6h50min 87 1996 6h09min 20min 5h13min 7h46min 111 1997 6h02min 21min 4h58min 6h47min 45 1998 6h11min 26min 5h30min 8h45min 174 1999 6h04min 24min 4h40min 8h35min 210 2000 6h10min 29min 5h15min 8h53min 197 2001 6h02min 28min 5h15min 9h30min 228 2002 6h08min 31min 5h15min 10h24min 216 2003 6h11min 47min 5h20min 14h00min 255 2004 6h27min 1h23min 5h42min 15h00min 240 2005 6h23min 38min 5h27min 9h56min 266 2006 6h26min 38min 5h29min 10h05min 266 2007 6h29min 1h04min 3h22min 14h58min 265 2008 6h43min 1h36min 4h50min 14h42min 246 2009 6h40min 1h16min 5h14min 14h05min 256 TOTAL 6h12min 29min 3h22min 15h00min 3193 32 Tabela 2: Horário de saída dos rotadores da Baía dos Golfinhos entre os anos de 1991 e 2009. O número de observações entre as fases lunares não mostrou diferença significativa tanto para os dias em que foi possível se registrar o horário de entrada (X2 = 0,830; p = 0,842), quanto para os dias em que foi possível registrar o horário de saída dos golfinhos rotadores da Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha (X2 = 0,927; p = 0,819). Portanto o número de observações foi significativamente homogêneo para todas as fases lunares, tanto no horário de entrada, quanto no horário de saída dos golfinhos rotadores da Baía dos Golfinhos. Ano Média Desvio Padrão Mínimo Máximo N 1991 12h47min 3h05min 8h30min 16h15min 13 1992 7h00min - 7h00min 7h00min 1 1994 13h44min 3h18min 6h09min 17h49min 66 1995 14h52min 1h55min 7h30min 18h30min 97 1996 13h43min 2h58min 6h27min 17h48min 106 1997 13h43min 3h53min 6h05min 17h40min 36 1998 14h46min 2h39min 5h55min 17h40min 157 1999 13h43min 3h19min 5h50min 18h07min 198 2000 13h32min 3h28min 6h02min 18h30min 183 2001 14h17min 2h46min 6h17min 18h40min 224 2002 14h02min 2h35min 6h30min 17h50min 182 2003 12h11min 2h50min 6h01min 17h08min 207 2004 12h33min 3h17min 6h11min 17h40min 231 2005 13h47min 2h31min 6h07min 18h15min 254 2006 13h34min 2h32min 6h16min 18h06min 255 2007 13h37min 2h35min 6h20min 17h45min 262 2008 11h49min 3h02min 5h56min 17h06min 246 2009 12h10min 2h45min 6h19min 17h48min 256 TOTAL 13h40min 2h48min 5h50min 18h40min 2974 33 Horário de entrada No que diz respeito ao horário em que os golfinhos rotadores entraram na Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha, e sua relação com a fase lunar, observou-se que havia diferença estatística significativa entre as mesmas (Kruskal Wallis test, H=15,996; gl=3; p=0,001) (Tabela 3). Tabela 3: Número de observações do horário de entrada dos rotadores da Baía dos Golfinhos entre os anos de 1991 e 2009, por fase lunar. Quando comparadas as fases lunares par-a-par notou-se que horário de entrada dos golfinhos na lua cheia foi significativamente diferente da lua nova (Mann-Whitney test U, U=289732,500; z=-3,755; p=0,000) e da lua minguante (Mann-Whitney test U, U=286776,500; z=-2,897; p=0,004). Porém o horário de chegada dos golfinhos-rotadores não mostrou-se significativamente diferente entre o período de lua cheia e lua crescente (Mann-Whitney test U, U=307366,500; z=- 1,868; p=0,062). Quando comparados entre si os períodos de lua nova, minguante e crescente não apresentaram diferença significativa no que diz respeito ao horário de chegada dos golfinhos rotadores (Figura 2). FASE DA LUA N MEDIANA DESVIO PADRÃO Hora de Entrada Cheia 807 6h07min 58min Minguante 776 6h11min 1h00min Nova 805 6h12min 52min Crescente 805 6h10min 44min Total 3193 - - 34 Figura 2: Horário (mediana) médio de chegada dos golfinhos rotadores em função da fase lunar. Horário de saída Ao analisar a correlação existente entre a fase lunar e o horário de saída dos golfinhos rotadores da Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha, notou-se que não há diferença significativa entre os períodos analisados (Kruskal Wallis test, H=0,027; gl=3; p=0,999). Tabela 4: Número de observações do horário de entrada dos rotadores da Baía dos Golfinhos entre os anos de 1991 e 2009, por fase lunar. FASE DA LUA N MEDIANA DESVIO PADRÃO Hora de Saída Cheia 749 14h16min 3h04min Minguante 721 14h17min 3h02min Nova 750 14h25min 2h56min Crescente 754 14h17min 2h57min Total 2974 - - 35 Figura 3: Horário médio (mediana) de saída dos golfinhos rotadores em função da fase lunar. Apesar de não haver diferença significativa entre os períodos lunares observados, nota-se um leve decréscimo no horário de saída dos golfinhos na fase da lua cheia, o que pode não ter mostrado-se significante estatisticamente devido aos mesmos apresentarem níveis altos de desvios padrões nas observações (Figura 3). A fase de lua nova mostrou os maiores valores tanto para horário de entrada quanto para o horário de saída (Figura 2 e Figura 3). Discussão O golfinho-rotador possui um ciclo diário de comportamento onde durante a noite busca áreas de alimentação em alto-mar, e durante o dia costuma se 36 aproximar de baías ou enseadas para descanso e realização de atividades sociais (Norris et al. 1994; Silva-Jr. 1996; Sazima et al. 2003 e Silva-Jr. et al. 2004, 2005). Em geral, golfinho-rotador tem como presas pequenos peixes mesopelágicos, lulas e camarões, que estão entre 200 e 300 metros de profundidade. Em águas hawaianas, onde o comportamento de forrageio do golfinho-rotador tem sido estudado em detalhes, eles caçam principalmente a noite, quando a dispersa e profunda camada de recursos se move à superfície (Reeves 2002). Segundo Gliwicz (1986), em ambientes marinhos o ciclo lunar está associado tanto com as diferenças nas condições lunares, quanto nas condições e flutuações de marés. Hanson et al. (2008) relata sobre a influência significativa da fase lunar na atividade e distribuição de acordo com a profundidade para o Osteichthyes Micropterus salmoides, mostrando que durante períodos onde a luminosidade lunar é maior, os predadores teriam mais facilidade em encontrar suas presas. Gliwicz (1986) aponta ainda que sardinhas capturam zooplâncton mais eficientemente nas noites de lua-cheia, quando o mesmo se aproxima da superfície e torna-se subitamente vulnerável. O estudo citado foi feito através de observações sobre as flutuações na captura de sardinhas com zooplâncton em seus estômagos. Estas flutuações, observadas durante o período mais claro do ciclo lunar do zooplâncton indicam que um maior número de sardinhas vem à superfície do mar somente durante o período próximo da lua cheia, quando elas poderiam também se alimentar eficientemente na abundância de zooplâncton à noite. Acredita-se que os ciclos lunares comumente afetam a captura de peixes através de mudanças no comportamento e movimento dos peixes. Ciclos lunares têm sido encontrados afetando forrageamento, comportamento de agrupamento, 37 distribuição vertical e capturabilidade de muitos peixes marinhos, peixes de águas doces e mariscos (Kuparinen et al. 2009). Chiou et al. (2003) apresenta resultados sobre os efeitos da fase lunar e profundidade de habitat nos padrões de migração vertical de camarões (Acetes intermedius) examinados em observações de campo nas águas costeiras do sudoeste do Taiwan, concluindo que a captura destes animais foi usualmente mais alta quando a lua aparecia durante a noite, e que os camarões foram mais abundantes nas águas superficiais do que em águas mais profundas durante o período de lua cheia. Os ciclos biológicos podem ainda apresentar sincronização ou arrastamento com outros ciclos geofísicos como marés, fases da lua e estações do ano, refletindo respectivamente o ritmo tidal, lunar e sazonal (Aschoff 1984). Esta condição de eficiência alimentar configura-se como arrastamento temporal no período de forrageamento do animal. O arrastamento é um ajuste temporal obtido entre os estados fisiológicos e comportamentais, como do repouso à atividade ou do sono à vigília, e consiste também na harmonização das fases dos ritmos da espécie em questão com aquelas dos ciclos ambientais (Marques & Menna-Barreto 2006). O golfinho-rotador possui uma natureza alimentar noturna, o que pode ser mais dinâmica se a abundância de alimentos for maior em condições específicas de noites com mais facilidade de ele se alimentar. Isto pode causar o arrastamento no seu comportamento de retornar ao descanso da Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha. Por ser um animal que está mais acima em toda essa cadeia alimentar que envolve zooplâncton, pequenos peixes como o carapau (Decapterus macarellus) e o peixe-voador, lulas e camarões vermelhos (Silva-Jr. 2010), o golfinho rotador se 38 beneficia desta maior disponibilidade de presas na superfície, ficando saciado mais cedo em fases claras da lua. Para o zooplâncton, Previattelli et al. (2005) relata que Durante o dia os indivíduos tendem a se concentrar nas regiões mais profundas, e durante a noite distribuem-se mais homogeneamente em toda a coluna d'água. Esse comportamento se assemelha com a descrição da migração conhecida como noturna ou normal, ou seja, esta classificação leva em conta o horário do dia em que há deslocamento dos indivíduos de uma profundidade para outra na coluna d' água: quando há o deslocamento para camadas mais superficiais e oxigenadas da água durante a noite. Em noites onde há uma maior luminosidade lunar, este zooplâncton que está migrando se torna mais susceptível a caça por predadores. Para golfinhos-rotadores havaianos Benoit-Bird & Au (2003) relatam que os mesmos quando estão forrageando deveriam ser afetados pela dinâmica espaço- temporal de suas presas tanto em escalas pequenas quanto largas. Concluindo que os golfinhos-rotadores também seguiram as migrações verticais de suas presas e exploraram as áreas verticais dentro da camada limite que tinha a mais alta densidade destas presas. Silva (2001) sugere que a nítida ritmicidade circadiana de comportamento dos golfinhos-rotadores possui controle endógeno, com forte relação com as variações de fotoperíodo verificadas na área, embora essas variações apresentem discretas diferenças entre estações seca e chuvosa. Na fase da lua-cheia a luminosidade da superfície do oceano é maior, o que proporciona uma maior facilidade na captura de alimentos por parte dos predadores, já que a visibilidade das presas fica maior (Longcore & Rich 2004). 39 Silva-Jr. (1996) descreve que o ciclo diário de atividade padrão dos golfinhos que vêm dois dias seguidos ao Arquipélago consistiu em movimento matinal em direção à Ilha de Fernando de Noronha, chegada à Baía dos Golfinhos após o nascer do sol, saída à tarde para as zonas tróficas e alimentação noturna. A presença, o número e a permanência de rotadores na Baía dos Golfinhos estão relacionados com as condições ambientais da enseada, as condições oceanográficas da região e a disponibilidade trófica nas imediações do Arquipélago. Segundo Silva-Jr. (1996) o horário de chegada à enseada está relacionado com o término do horário de alimentação dos rotadores, com a distância da área de alimentação e o tempo que eles demoram em se deslocar até a Baía dos Golfinhos. Portanto se o término do horário de alimentação é mais cedo, devido a uma maior eficiência alimentar causada pela facilidade de se encontrar alimento na lua cheia, consequentemente os golfinhos-rotadores tenderiam a adiantar seu retorno à sua área de descanso, em Fernando de Noronha. Segundo Silva (2001) o marcador ambiental com maior importância para os comportamentos analisados do golfinho-rotador foi o fotoperíodo, principalmente em sua variação sazonal. Tomando-se por base este marcador ambiental, a fase de lua crescente possui luminosidade semelhante à fase de lua cheia, o que explica o fato de que os dados aqui apresentados não terem detectado diferença significativa entre estes dois períodos lunares. A fase de lua nova apresentou o maior valor para o horário de entrada, o que pode ser resultado de esta fase lunar ser aquela mais distante da fase mais clara da lua (lua-cheia), resultando em um arrastamento inverso no horário de chegada dos animais para valores mais altos. 40 A fase de lua minguante é aquela posterior à lua-cheia, sendo assim apresentou valores semelhantes a esta, apesar de ainda manter diferença estatística significativa. Este fato pode evidenciar um fator remanescente dos efeitos causados pela alta luminosidade noturna causada pela lua-cheia. No que se refere ao horário de saída dos golfinhos-rotadores da Baía dos Golfinhos, a fase lunar não tem influência significativa nos seus valores, apesar dos altos valores apresentados neste estudo para a fase de lua nova, em comparação com as demais. Este fato leva a concluir que o comportamento diurno de descanso dos golfinhos rotadores não sofre influência direta da fase lunar. Porém é notório que em fases da lua que os golfinhos-rotadores entraram antes, eles também saíram antes, assim como naquelas fases em que eles entraram mais tarde, eles também saíram mais tarde, isto pode também ser uma evidência do arrastamento causado pela fase lunar até mesmo nos hábitos de descanso diurno dos golfinhos, apesar de os testes estatísticos não mostrarem que essas diferenças nos horários de saída serem significativas. O presente estudo caracteriza-se por ser pioneiro no âmbito de correlacionar os hábitos de ocupação dos golfinhos-rotadores na Baía dos Golfinhos, do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, com as fases lunares a que os mesmo estão submetidos quando estão em busca de alimentos a noite. Segundo Silva (2001) estudos em cronobiologia de cetáceos são praticamente inexistentes, existindo apenas trabalhos enfocando aspectos da divisão horária de comportamentos golfinhos concentrados em baías e enseadas. Portanto, este estudo se demonstra importante no que diz respeito a um melhor entendimento dos fatores que medeiam os comportamentos rítmicos dos golfinhos rotadores de Fernando de Noronha. 41 Referências bibliográficas Almeida, F.F.M. 1958. Geologia e Petrologia do Arquipélago de Fernando de Noronha. Rio de Janeiro: IBGE, 181 P. Altmann, J. 1974. Observational study of behavior: sampling methods. Behaviour, 49, 227–267. Aschoff, J. 1984. A survey on biological rhythms. In: Aschoff, J. (Ed.) Handbook of Behavioural Neurobiology – Biological Rhythms, vol. 4. 2nd edn. New York: Plenum Press. 563 p. p. 3-10. Bastida, R., Rodríguez, D., Secchi, E., da Silva, V. 2007. Mamíferos Acuaticos de Sudamerica y Antártida. 1ª Ed. Buenos Aires: Vázquez Mazzini Editores. Benoit-Bird, K. J., Au, W. W. L. 2003. Prey dynamics affect foraging by a pelagic predator (Stenella longirostris) over a range of spatial and temporal scales. Behav Ecol Sociobiol 53:364–373. Bräguer, S. 1993. 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M. da. 2010. Os golfinhos de Noronha. São Paulo: Bambu Editora e Artes Gráficas. 192 p. Silva Jr., J.M., Silva, F. J. L. & Sazima, I. 2005. Rest, nurture, sex, release, and play: Diurnal underwater behaviour of the spinner dolphin at Fernando de Noronha Archipelago, SW Atlantic. Journal of Ichthyology and Aquatic Biology 9:161–176. Silva, F. J. L. & Silva Jr, J. M. da. 2009. Circadian and seasonal rhythms in the behavior of spinner dolphins (Stenella longirostris). Marine Mammal Science, 25(1): 176–186. Silva, F. J. L. 2001. Descrição de Comportamento, Sazonalidade de Número de Indivíduos e Reprodução de Golfinho-rotador, Stenella longirostris, em Fernando de Noronha / Flávio José de Lima Silva. Natal: O Autor, 2001. 120p. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Psicobiologia. Área Comportamento Animal. 45 Würsig, B., Wells, R. S., Norris, K. S. & Würsig, M. 1994. A spinner dolphin’s day. In: Norris, K. S., Würsig, B., Wells, R. S. & Würsig, M. (eds) The Hawaiian Spinner Dolphin. Berkeley, University of California Press. 46 Marine Mammal Science – Formatação. MARINE MAMMAL SCIENCE publishes significant new findings on marine mammals resulting from original research on their form and function, evolution, systematics, physiology, biochemistry, behavior, population biology, life history, genetics, ecology and conservation. Range extensions, unusual observations of behavior, and preliminary studies of a few individuals are published only where there is sufficient new information to render the manuscript of general interest. Low priority will be given to confirmatory investigations of local or regional interest. The Journal endorses the principle that experiments using live animals should be undertaken only for the purpose of advancing knowledge. Consideration should be given to the appropriateness of experimental procedures, species of animals used, and number of animals required. All animal experimentation reported in MARINE MAMMAL SCIENCE must be conducted in conformity with the relevant animal care codes of the country of origin. The Editor will refuse manuscripts in which evidence of adherence to such codes is not apparent. MARINE MAMMAL SCIENCE publishes (1) Articles: important original research; (2) Review articles: critical appraisals which place recent research in a new conceptual framework; (3) Notes: short communications on current research, important preliminary findings or new techniques; (4) Opinions: invited contributions on selected topics; (5) Letters a forum for communications in response to papers previously published in MARINE MAMMAL SCIENCE, opinion, interpretation, and new information on all topics of interest to marine mammalogists. Articles, Review articles and Notes are subject to peer review. Any Letter challenging published results or interpretations is transmitted to the author of the published work with na invitation to respond. The letter and its response are published simultaneously. 47 Letters are judged by the Editor on appropriateness of the subject and interest to readers. MANUSCRIPT PREPARATION The manuscript should be concise, logical, and unequivocal. Publication is facilitated if authors double-check for typographical and other errors and ensure that manuscripts and figures meet the requirements outlined below. Manuscripts that do not conform will be returned for correction before consideration. If in doubt, consult the Editorial Office. Authorsare charged for excessive changes in proof. A full-length Article includes a title page, abstract, keywords, text, acknowledgments, literature citations, tables, figure captions, and figures. Notes and Letters do not have na abstract and are prepared in narrative form without headings, except for "Literature Cited." All parts of the manuscript, including footnotes, tables, and figure captions, should be typewritten, double-spaced with margins at least 2.5 cm wide. Number all pages of the manuscript beginning with the title page and include line numbers on each page. Underline only when the material is to be set in italics. Use capital letters only when the letters or words are to be capitalized. Do not end a line of text with a hyphen. TITLE PAGE The first page should contain only the title and the name, affiliation, and complete address (plus current address, if different) of the author(s). The title should be brief and contain words useful for indexing and information retrieval. ABSTRACT AND KEY WORDS The abstract, of not more than 200 words typed on a separate page, should precisely reflect the contents of the paper, and focus attention on the purpose of the study, principal results, conclusions and their significance. Below the abstract, 48 provide and identify as such three to en key words or short phrases that will assist in cross-indexing your article. TEXT As a general guide, The Chicago Manual of Style is recommended. Spelling should be standard U.S. (not British) to conform to Webster's Third New International Dictionary. Units should conform to the Système International d'Unités (SI). Non- standard abbreviations must be defined the first time they appear. Mathematical symbols, Greek letters, and unusual symbols should be identified clearly; superscripts and subscripts should be legible and carefully placed. STANDARD ABBREVIATIONS General: s, min, h (hour), d (day), wk, mo, yr, g (gram), mg, kg, Hz, kHz, MHz, km, m (meter), mm, cm, cc, mi (mile), ft, in. (note period), kn (knot), ha, gal, ml, l (liter, spell out when used alone). Statistics: P (probability), x (mean), SD, SE, CV, SEM, n (sample size), df, r (correlation coefficient), t, F, U, Z (statistical tests); letters in equations are italicized. Latin words and phrases (always italicized): i.e., (note comma); e.g., (note comma), ca.; cf; in vivo; in situ; vs.; etc.; per se; et al.; via; sensu; sensu faro; sensu stricto; a priori. ACKNOWLEDGMENTS List all acknowledgments briefly under a single heading at the end of the text on a separate page. If applicable, give the permit number under which the work was conducted. LITERATURE CITED References should be cited in the text in the following form: Smith (1982); Smith (1982a, b); Smith (1983, 1984); Smith and Jones (1984); (Smith 1986); (Smith 1986, Jones 1987); (Smith 1986; Jones 1986, 1987); more than two authors, Smith 49 et al. 1987. References should be double-spaced and listed alphabetically as "Literature Cited" in the following standard form, giving the journal titles in full: ARMSTRONG, W.A., and C.W. OLIVER. 1995. Recent use of fish aggregating device in the eastern tropical Pacific tuna purse-seine fishery: 1990-1994. National Marine Fisheries Service Center Administrative Report LJ-95-14 (unpublished). 47 pp. Available from SWFC, P.O. Box 271, La Jolla, CA 92038. GENTRY, R.L., and J.R. HOLT. 1982. Equipment and techniques for handling northern fur seals. U.S. Department of Commerce, NOAA Technical Report NMFS SSRF-758. 15 pp. HUBBS, C.L., W.F. PERRIN and K.C. BALCOMB. 1973. Stenella coeruleoalba in the eastern and central tropical Pacific. Journal of Mammalogy 54:549-552. LEATHERWOOD, S., and R.R. REEVES. 1983. The Sierra Club handbook of whales and dolphins. Sierra Club Books, San Francisco, CA. MURCHISON, A.E. 1980. Detection range and range resolution of echolocating bottlenoseporpoise (Tursiops truncatus). Pages 43-70 in R.-G. Busnel and J.F. Fish, eds. Animal sonar systems. Plenum Press, New York, NY. Multiple citations for an author and single co-author are arranged alphabetically according to co-author. If there is more than one co-author, citations are arranged chronologically. Issue numbers are not used unless page numbering begins at 1 with each issue. The number of pages is not given for books, but should be included for unpublished documents, theses, and "gray literature" (government reports, technical bulletins, etc.) Personal communications and unpublished data are not to be included under "Literature Cited" but may be cited as footnotes, which shall include the complete 50 name and address of the source and the month and year of the communication or notification of the unpublished data. A paper may be cited "in press" only if it has been accepted in final form by a journal. Papers "submitted" or "in preparation" may not be cited as such, but information in them may be cited as "personal communication." Any citation of a personal communication, unpublished data, manuscript submitted or in preparation, or unpublished report must be with the explicit permission of the lead author or person who provided the information. Reference to non-refereed documents (e.g., contract reports, environmental impact statements, meeting working papers) is discouraged. Citations of these documents must be accompanied by the address where they can be obtained. Meeting abstracts should not be cited. Any document bearing a "Do not cite without permission" statement may be cited only with the explicit permission of the lead author. A statement that all necessary permissions have been obtained must be included in the cover letter accompanying the submitted manuscript. The use of gray literature is discouraged and should only be cited when there is no primary literature to support important findings or the interpretation of those findings presented in the manuscript. Authors must double-check all literature cited; they are solely responsible for its accuracy. Taxonomic usage in MARINE MAMMAL SCIENCE in general follows D. W. Rice (1998) “Marine mammals of the world: Systematics and distribution,” Society for Marine Mammalogy Special Publication Number 4. Authors wishing to use a different nomenclature should explain the departure in a footnote. TABLES Excessive tabular data are discouraged. Tables should be typed separately and doublespaced. Tables should be numbered with Arabic numerals in the 51 sequence first referenced in the text and have a brief title. Column headings and descriptive footnotes should be brief. Do not use vertical rules. FIGURES Figures are costly and should be used with discretion. An illustration is justified only if it clarifies or reduces the text. Please note that if accepted, figures will be requested in TIFF or EPS format. Please save line artwork (vector graphics) as Encapsulated PostScript (EPS) and bitmap files (halftones or photographic images) as Tagged Image Format (TIFF), with a resolution of at least 300 dpi at final size. More detailed information on the submission of electronic artwork can be found at: http://www.blackwellpublishing.com/bauthor/illustration.asp. SUBMISSION OF MANUSCRIPTS All manuscripts should be submitted online at: http://mc.manuscriptcentral.com/mmsci. Useful guidelines can be found in ScholarOne’s “Quick-Start Guide for Authors” and “Tips for Uploading Files in Manuscript Central” located at: http://mcv3help.manuscriptcentral.com/tutorials/Author.pdf. Please contact the editorial office at mmscience@ucsc.edu if you have problems submitting your manuscript. A manuscript number will be assigned to each new submission and sent to the submitting author via return email. In all correspondence beyond the initial submission, please put your assigned manuscript number on the subject line of your email. Authors submitting a manuscript do so on the understanding that if it is accepted for publication, copyright of the article, including the right to reproduce the article in all forms and media, shall be assigned exclusively to The Society for Marine Mammalogy. The Society will not refuse any reasonable request by the author for permission to reproduce any of his or her contributions to MARINE MAMMAL 52 SCIENCE. Authors are responsible for page charges of $15.00 (U.S.) per printed page or part 67 thereof. If funds for publication are not supplied by an agency or grant, a waiver of Page charges may be applied for by email to the Editor at mmscience@ucsc.edu. Please write “waiver request” and the manuscript number on the subject line. THE F. G. WOOD STUDENT SCHOLARSHIP Forest G. Wood, a founder of the Society for Marine Mammalogy, was noted for his editorial skills. All students submitting manuscripts accepted for publication in Marine Mammal Science should indicate at the time of submission if they want to be considered for this award. The editor will select the winner from among the accepted manuscripts submitted during the interval between successive Biennial Conferences on the Biology of Marine Mammals. Further details about the award can be found on the Society's web Page at: http://www.marinemammalogy.org. 53 Manuscrito 2 Título – Influência da incidência de chuva e ventos nos horários de entrada e saída dos golfinhos-rotadores, em Fernando de Noronha/PE, Brasil. Autores: Thiago Emanoel Bezerra da Costa1; José Martins da Silva-Jr 2; Flávio José de Lima Silva1,3,4; 1-Programa de Pós Graduação em Psicobiologia - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil. 2- Centro Mamíferos Aquáticos/Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio. 3-Departamento de Turismo – Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, Brasil. 4- Centro Golfinho Rotador. Periódico - Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom QUALIS B Status – a ser submetido 54 Resumo O clima influencia uma variedade de processos ecológicos, tais como temperatura, ventos, chuvas, neves e correntes oceânicas, assim como as interações entre eles. O golfinho-rotador freqüenta a Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha, durante todo o ano e estudos com ritmos biológicos para golfinhos rotadores têm focado mais nas variáveis de número de indivíduos, atividades aéreas e reprodutivas. Este estudo possui o objetivo de relacionar as alterações nos horários de entrada e saída dos golfinhos-rotadores, em Fernando de Noronha, com a incidência de ventos e a pluviosidade do local. O estudo foi realizado diariamente entre janeiro de 1991 e dezembro de 2009, totalizando 3880 dias de observação, com observações de ponto-fixo a partir do Mirante dos Golfinhos, localizado na Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha. Foram coletados dados de velocidade do vento e pluviosidade do local, fornecidos pela Estação Meteorológica de Fernando de Noronha. Os golfinhos tendem a chegar à Baía dos Golfinhos mais tarde em períodos de chuva, quando comparados ao período de seca. Os golfinhos rotadores tendem a sair mais cedo da Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha, no período chuvoso. No que diz respeito à velocidade dos ventos, notou-se que os golfinhos tendiam a chegar mais tarde quando estavam submetidos a condições de vento de maior velocidade (acima de 18 nós). Também foi detectado que os golfinhos rotadores tendem a sair mais cedo da Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha, quando estão submetidos à condições de velocidade dos ventos mais fortes (acima de 18 nós), quando comparados com ventos mais fracos (abaixo de 18 nós). O principal comportamento observado pelos golfinhos-rotadores, em Fernando de Noronha, é o descanso, portanto em condições de maior incidência de chuvas e ventos, que agitam o interior da Baía, os golfinhos tendem a evitá-la. 55 Introdução O clima influencia uma variedade de processos ecológicos. Estes efeitos operam através de parâmetros meteorológicos locais tais como temperatura, ventos, chuvas, neves e correntes oceânicas, assim como as interações entre eles (Stenseth 2002). Todas as maiores correntes superficiais nos oceanos são criadas pelo arrasto dos ventos na superfície da água. Os ventos surgem porque o ar quente das regiões equatoriais sobe e é substituído pelo ar que flui em direção ao equador, tanto no hemisfério norte, quanto no hemisfério sul. O ar das correntes de vento vem do ar que se eleva acima do Equador e então flui para latitudes mais altas (Mann & Lazier 2006). Menna-Barreto (2003) afirma que animais e plantas mudam conforme o clima, hora do dia e estações do ano, que espécies surgem e desaparecem, e que a vida aparece como movimento permanente. Afirma ainda que a forma mais evidente da organização temporal de um ser vivo é com relação aos estímulos ambientais. Determinar como flutuações climáticas afetam os ecossistemas oceânicos exige uma compreensão de como os processos físicos e biológicos interagem através de uma ampla gama de escalas (Murphy 2007). Esses fatores do clima, fatores extrínsecos, podem constituir a causa principal de oscilações nos fatores biológicos das populações que estão em contato com essas alterações nos fatores ambientais (Odum 2001). Os mais diversos comportamentos podem apresentar padrões rítmicos e sazonais, como Au et al. (2000) demonstrou para baleias-jubarte (Megaptera novaeangliae) caracterizando suas canções durante intervalos regulares ao longo do dia, mostrando que as baleias apresentavam canções mais altas ao amanhecer e ao entardecer. 56 Stewart et al. (1996) demonstra que os movimentos e padrões de mergulho de focas, Phoca sibirica (Foca-do-Lago-Baikal), parecem ser primariamente associados com os movimentos sazonais de suas presas primárias e secundariamente relacionados com os padrões sazonais de formação de gelo e degelo. Greene (2004) demonstra a importância das condições ambientais serem favoráveis para um maior sucesso reprodutivo em baleias-franca-do-norte (Eubalaena glacialis). Relatando que a possibilidade de se conservar espécies ameaçadas mais eficientemente é maior quando se tem conhecimento adequado dos requerimentos ecológicos e ambientais necessários para um aumento da sua população. Daura-Jorge et al. (2005) concluem que a organização dos grupos e os padrões comportamentais de uma população de boto-cinza, Sotalia guianensis, na Baía Norte, em Santa Catarina, Sul do Brasil, estão provavelmente ligados aos ciclos sazonais e diários. Comportar-se de diferentes maneiras ao longo de linhas espaciais e temporais são formas que uma espécie encontra de melhor explorar e se adaptar às variações do ambiente. Guissamulo (2008) encontrou uma sazonalidade marcada para golfinhos-nariz- de-garrafa, Tursiops truncatus, na Baía de Maputo, sul de Moçambique, onde uma maior freqüência e tamanho de grupo dos golfinhos ocorriam durante o inverno, e o mesmo relacionou esta maior freqüência como um efeito secundário da maior disponibilidade de alimento nesta época. A maioria dos estudos que analisam o uso de habitat de uma dada espécie de mamífero marinho relacionam seus efeitos secundários a partir da disponibilidade de alimento naquela região, enfatizando a maior ou menor disponibilidade de presas 57 quando o período de chuva é intenso, ou quando as rajadas de vento são mais fortes. Algumas espécies de cetáceos também sofrem influência de fatores do clima em seu comportamento, como descreve Forney (1998), concluindo que a distribuição e abundância de muitos cetáceos da Califórnia parecem variar com as mudanças oceanográficas tanto em escalas de tempo sazonais quanto interanuais. O golfinho-rotador (Stenella longirostris) é pantropical, ocorrendo em todas as águas tropicais e subtropicais ao redor do mundo, entre aproximadamente 30-40°N e 20-30°S (Perrin et. al. 2002). Ele é tipicamente conhecido como uma espécie de alto-mar, mas populações costeiras e raças ou subespécies existem no Pacífico Leste, Oceano Indico, Sudeste da Ásia e provavelmente em outros lugares (Bastida et al. 2007). Outras populações também são comumente encontradas em ilhas e arquipélagos, como Havaí, Polinésia Francesa e Fernando de Noronha (Norris & Dohl 1980; Poole 1995; Silva-Jr. 1996). O golfinho-rotador freqüenta a Baía dos Golfinhos, do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, durante todo o ano, mas alterações comportamentais sazonais podem ser vistas em seu comportamento, como variações em seus ritmos diários. Porém a influência da pluviosidade e velocidade dos ventos em Fernando de Noronha nos horários de entrada e saída dos golfinhos rotadores ainda são desconhecidos em uma escala mais ampla de observações. Estudos com ritmos biológicos para golfinhos-rotadores em Fernando de Noronha têm focado mais nas variáveis de número de indivíduos, atividades aéreas e reprodutivas (Silva 2001; Silva & Silva-Jr. 2009) 58 Este estudo possui o objetivo de relacionar as alterações nos horários de entrada e saída dos golfinhos-rotadores, em Fernando de Noronha, com a incidência de ventos e a pluviosidade do local. Materiais e Métodos Área de estudo O Arquipélago Fernando de Noronha (3o50’ latitude Sul e 32o24’ longitude Oeste) pertence ao estado de Pernambuco e dista 545 km de Recife e 345 km do Cabo de São Roque no Rio Grande do Norte. As ilhas do arquipélago elevam-se de uma rasa plataforma com aproximadamente 4 ou 5 Km de largura (Almeida 1958). O arquipélago é formado pela ilha principal e mais 20 ilhotas, tendo a área total de 26km2. Apresenta uma única ilha habitada, cujo nome é o mesmo do Arquipélago. A Ilha Fernando de Noronha possui 17 km2 distribuídos longitudinalmente na direção sudoeste-nordeste, formando duas faces com 11 km de extensão. Fernando de Noronha possui um clima tropical com duas estações pluviométricas bem definidas: período seco, de agosto a janeiro, quando a pluviosidade não ultrapassa 8 mm3/dia; e período chuvoso, de fevereiro a julho, quando a pluviosidade pode atingir 193,3 mm3/dia. A temperatura do ar oscila entre 23,5° C' e 31,5 ° C' e apresenta amplitude térmica média de 4,1°C'. Predominam os ventos alísios de sudeste e leste. A umidade relativa apresenta uma média anual de 81,5%, sendo a taxa máxima no mês de abril (84,7%) e a mínima em outubro (78,0%). A insolação máxima anual é de 3 212,0 horas, ocorrendo a máxima nos meses de novembro e dezembro (316,0 horas) e a mínima em abril e maio (217,0 59 horas). O índice de evaporação é maior que o de precipitação (Funatura 1990; Linsker 2003). A região do arquipélago escolhida para realizar este estudo é aquela com a maior concentração de golfinhos-rotadores ao longo dos anos, a Baía dos Golfinhos (Figura 1) é a enseada de águas mais calmas, transparentes e profundas do Arquipélago, possuindo uma profundidade entre 0 e 25 metros, com 15 metros em torno do centro (Silva-Jr. 2005). Figura 1: Arquipélago de Fernando de Noronha, com destaque para a Baía dos Golfinhos, vista do Mirante dos Golfinhos. Fonte: Adaptada pelo Autor. Métodos O estudo foi realizado com observações de ponto-fixo a partir do Mirante dos Golfinhos (Figura 1), localizado na Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha. As observações ocorreram a partir das 5h30min e se estendiam até no mínimo as 15 60 horas, ou até 1 hora depois do último golfinho deixar a baía, no caso dos golfinhos- rotadores abandonarem a enseada após as 14 horas. Os observadores registravam o horário em que o primeiro golfinho chegava à Baía dos Golfinhos, e o horário em que o último golfinho deixava a baía. Foram contabilizados somente aqueles dias em que pode ser observada a entrada dos golfinhos na baía. Os parâmetros ambientais analisados (pluviosidade, e velocidade do vento) foram cedidos pela Estação Meteorológica do Ministério da Aeronáutica em Fernando de Noronha – EMMAFN, e pela Plataforma de Coleta de Dados Meteorológicos – PCD, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais de Fernando de Noronha. Para os dados meteorológicos foram utilizados variáveis pluviométricas e de velocidade do vento. A variável pluviométrica foi dividida em duas categorias, período seco e período chuvoso, classificados de acordo com Silva-Jr. (1996) e Funatura (1990). Para os dados das variáveis pluviométricas foram utilizados valores do período entre 1991 e 2009. Os dados pluviométricos foram fornecidos tanto pela Estação Meteorológica do Ministério da Aeronáutica em Fernando de Noronha – EMMAFN, quanto pela Plataforma de Coleta de Dados Meteorológicos – PCD, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais de Fernando de Noronha. Os dados de velocidade do vento foram coletados e fornecidos pela Estação Meteorológica de Fernando de Noronha, e classificados em três categorias, ventos fortes (aqueles superiores a 10 nós), ventos moderados (aqueles superiores a 5 e iguais ou inferiores a 10 nós) e ventos fracos (aqueles iguais ou inferiores a 5 nós), estes valores foram determinados após se detectar a maior velocidade do vento registrada em Fernando de Noronha neste período estudado e dividi-lo em 3 61 categorias igualitárias. Estes dados eram correspondentes àqueles determinados pela Estação Meteorológica de Fernando de Noronha – EMMAFN como sendo a velocidade do vento máxima para cada dia. Para dados de velocidade do vento foram utilizados apenas valores do período entre os anos de 1991 e 2002. Análise dos dados Os dados foram analisados com o programa PASW Statistics 18 a partir de testes estatísticos não paramétricos, pois não apresentam distribuição normal (Field, 2009). Para as análises do número de observações para cada categoria (período seco e período chuvoso, e velocidade do vento forte e velocidade do vento fraca), foi utilizado o teste qui-quadrado, adotando-se o nível de significância de 5% (α=0,05) O Teste Kruskal Wallis foi utilizado para as análises entre as variáveis observadas dos horários de chegada do primeiro golfinho e horário de saída do último golfinho a baía, em função das categorias analisadas de estação pluviométrica, assim como as categorias de velocidade do vento, adotando-se o nível de significância de 5% (α=0,05), com o post-hoc Games-Howell para detectar as diferenças entre as categorias de velocidade do vento. Por se tratar de dados não-paramétricos, os gráficos para os horários de chegada e de saída dos golfinhos em função das variáveis ambientais observadas foram criados a partir dos valores da mediana de cada variável. 62 Resultados Pluviosidade x Horário de Chegada No que diz respeito ao horário de chegada dos golfinhos-rotadores, à Baía dos Golfinhos, em função da variável pluviométrica, em 3423 dias pode-se registrar tanto o horário em que o primeiro golfinho chegou à Baía, quanto a quantidade de chuva daquele dia. Sendo que 2136 dias foram registrados em período de seca e 1287 dias foram registrados dentro da estação chuvosa de Fernando de Noronha (Tabela 1). Em Fernando de Noronha a estação chuvosa é aquela correspondente aos meses entre fevereiro e julho, e a estação seca é aquela correspondente ao período entre agosto a janeiro (Figura 2). Figura 2: Gráfico da quantidade de chuva média entre os meses observados, ao longo dos 19 anos de estudo. Com linha de tendência revelando a mediana da pluviosidade em todo o período de estudo. 63 No que diz respeito ao horário de chegada dos animais, os valores para mediana dentro dos meses parecem seguir a mesma tendência observada na pluviosidade (Figura 3). Figura 3: Gráfico do horário de chegada médio entre os meses observados, com linha de tendência para o valor da mediana geral do horário de chegada dos golfinhos à Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha. Mesmo considerado que o número de observações entre as estações pluviométricas teve diferença significativa (X2 = 210,576; p = 0,000), foi observado que os golfinhos tenderiam a chegar mais tarde em períodos de chuva, quando comparados ao período de seca (Mann-Whitney test U, U=698637,500; z=-24,136; p=0,000). 64 Tabela 1: Número de observações do horário de entrada dos rotadores da Baía dos Golfinhos entre os anos de 1991 e 2009, por estação pluviométrica Pluviosidade x Horário de Saída Ocasiões em que se registrava o horário de saída dos golfinhos da Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha, juntamente com a pluviosidade total daquele dia no arquipélago foram possíveis de ser registradas em 3326 dias. Sendo que 2043 dias foram durante o período de seca, e 1283 durante o período de chuva em Fernando de Noronha (Tabela 2). O horário de saída dos animais foi menor naqueles meses correspondentes à estação chuvosa, com os meses entre fevereiro e julho aqueles que registraram os menores valores para o horário de saída dos golfinhos-rotadores da Baía dos Golfinhos (Figura 4). ESTAÇÃO N MEDIANA DESVIO PADRÃO Horário de Chegada SECA 2136 6h04min 0h43min CHUVA 1287 6h22min 1h04min Total 3423 - - 65 Figura 4: Gráfico do horário de saída médio entre os meses observados, com linha de tendência para o valor da mediana geral do horário de saída dos golfinhos da Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha. O número de observações entre as estações pluviométricas mostrou diferença significativa entre si (X2 = 173,622; p = 0,000). Mesmo assim os testes estatísticos puderam detectar que os golfinhos-rotadores tendem a sair mais cedo da Baía dos Golfinhos, na estação de maior índices pluviométricos (Mann-Whitney test U, U=811456,000; z=-18,515; p=0,000). Tabela 2: Número de observações do horário de saída dos rotadores da Baía dos Golfinhos entre os anos de 1991 e 2009, por estação pluviométrica ESTAÇÃO N MEDIANA DESVIO PADRÃO Horário de Saída SECA 2043 14h50min 2h33min CHUVA 1283 12h53min 3h13min Total 3326 - - 66 Velocidade do vento x Horário de Chegada No que diz respeito ao horário de entrada dos golfinhos-rotadores na Baía dos Golfinhos, de Fernando de Noronha, levando-se em consideração a velocidade dos ventos a que os mesmo estavam submetidos, foi obtido um total de 1328 observações em que se pode registrar o horário de entrada dos golfinhos e a velocidade máxima do vento naquele dia. Sendo 294 observações para ventos considerados fracos, 1012 observações para ventos considerados moderados e 22 observações para ventos considerados fortes (Tabela 3). Foi observada diferença estatística entre o número de observações quando os animais estavam submetidos às diferentes categorias de ventos (X2 = 1181,934; p = 0,000). Tabela 3: Número de observações do horário de Chegada dos rotadores da Baía dos Golfinhos entre os anos de 1991 e 2002, por categoria do vento O horário de entrada dos golfinhos rotadores apresentou diferença significativa entre categorias de vento analisadas (Kruskal Wallis test, H=89,891; gl=2; p=0,000). O teste Post-hoc Games-Howell mostrou que existe diferença tanto quando se compara condições de ventos fracos e moderados (p=0,000), assim como entre ventos fracos e fortes (p=0,000), e da mesma forma quando se compara os horários de chegada em condições de ventos moderados e fortes (p=0,020), com CATEGORIA DO VENTO N MEDIANA DESVIO PADRÃO Horário de Chegada FRACO 294 6h15min 0h30min MODERADO 1012 6h05min 0h25min FORTE 22 5h54min 0h16min Total 1328 - - 67 os golfinhos chegando mais cedo, à Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha, a medida que os ventos vão ficando mais fortes (Figura 5). Figura 5: Gráfico que mostra a mediana para os horários de chegada dos golfinhos rotadores classificados por cada categoria de velocidade do vento. Velocidade do vento x Horário de saída Em 1288 dias foi possível se registrar tanto o horário de saída dos golfinhos rotadores da Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha, quanto a velocidade do vento máxima para aquele dia. Dentre estes dias, em 306 ocasiões a velocidade do vento foi classificada como fraca, em 966 ocasiões a velocidade do vento foi classificada com moderada e em 16 ocasiões a velocidade do vento foi classificada como forte (Tabela 4). 68 Tabela 4: Número de observações do horário de Chegada dos rotadores da Baía dos Golfinhos entre os anos de 1991 e 2002, por categoria do vento O número de observações mostrou diferença significativa, ao nível de 5%, entre as variáveis observadas (X2 = 36,455; p = 0,000). Mesmo mostrando diferença estatística entre o número de observações para as categorias do vento, os testes conseguiram detectar que os golfinhos tendem a atrasar ou adiantar sua saída dependendo das condições de vento a que os mesmos estão submetidos (Kruskal Wallis test, H=86,359; gl=2; p=0,000). Com o Post-hoc Games-Howell indicando que há diferença quando a categoria de vento fraco é comparada com ventos fortes (p=0,002) e moderados (p=0,000), porém estes dois últimos não mostraram diferença significativa quando comparados entre si (p=0,797) (Figura 6). CATEGORIA DO VENTO N MEDIANA DESVIO PADRÃO Horário de Saída FRACO 306 13h33min 3h31min MODERADO 966 15h20min 2h41min FORTE 16 15h25min 2h17min Total 1288 - - 69 Figura 6: Gráfico que mostra a mediana para os horários de saída dos golfinhos rotadores classificados por cada categoria de velocidade do vento. Discussão Os golfinhos-rotadores, em Fernando de Noronha, têm seus ritmos diurnos influenciados por variáveis ambientais. A incidência de chuva e ventos no arquipélago, de acordo com os dados aqui apresentados, pode atrasar ou adiantar tanto o horário de chegada, quanto o horário de saída dos golfinhos da baía, dependendo da sua intensidade. Silva-Jr. (1996) relata um maior período de ocupação dos golfinhos-rotadores, na Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha, na estação seca e relaciona com melhores condições oceanográficas que proporcionam um aumento na disponibilidade de alimento para os rotadores nas intermediações do arquipélago. Portanto qualquer estudo que possibilite entender a relação entre a incidência de 70 ventos nesta região com os efeitos nas populações dos organismos que ali vivem se torna importante. Os golfinhos-rotadores procuram a Baía dos Golfinhos, no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, principalmente para realizar suas atividades de descanso diurnas, e a mesma serve como refúgio por se tratar de um local de águas muito calmas, portanto as condições oceanográficas da baía são determinantes no tempo que os golfinhos gastariam descansando no local. Moulton et al. (1999) encontrou uma relação negativa entre a incidência de ventos e o tempo gasto no descanso da foca da Groelândia (Pagophilus groelandicus), concluindo que as altas velocidades do vento causavam uma redução no tempo que as mesmas gastavam para descansar. Em condições de maior incidência de ventos, o horário de chegada dos golfinhos rotadores pode será adiantado devido ao fato de os entornos da baía estarem agitados, o que faria com que os golfinhos buscassem mais as águas refugiadas da enseada. O horário de saída então pode ser adiado, já que o interior da Baía dos Golfinhos é protegido das fortes rajadas de vento que atingem Fernando de Noronha. A agitação do mar nas áreas de alimentação provocada por ventos com alta velocidade deve ser a razão pela qual, em dias que predominam estes ventos, os rotadores tenham atrasado sua saída e adiantado sua chegada à enseada (Silva- Jr. 2010). Apesar das águas que caem nas chuvas que atingem Fernando de Noronha não escoarem diretamente para dentro da Baía dos Golfinhos, uma maior agitação ocorre no local, aumenta a turbidez das águas que seriam utilizadas como descanso para os golfinhos-rotadores. 71 Silva-Jr. (2010) relata que outro fator que poderia proporcionar uma maior utilização da Baía dos Golfinhos pelos golfinhos-rotadores no período seco seria o fato de que as condições climáticas da estação seca estão associadas às condições oceanográficas que aumentam a disponibilidade de alimento para os rotadores nas imediações do Arquipélago, possibilitando a satisfação de suas necessidades alimentares e mantendo-se por mais tempo ao redor de Fernando de Noronha. Sekiguchi & Kohshima (2003) encontraram uma flexibilidade no comportamento de descanso para golfinhos-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) em cativeiro, de acordo com a situação a que os mesmos estariam submetidos, sugerindo que os golfinhos, mesmo em ambiente selvagem, mudariam o tipo e quantidade do descanso sob situações de estresse, quando não encontram situações de mar calmo. O aumento da turbidez das águas da baía, provocada pelas chuvas, pode, por exemplo, diminuir a facilidade de detecção dos golfinhos rotadores por possíveis predadores que possam estar presentes na Baía dos Golfinhos. Uma variação diária do comportamento ou o ciclo regular das atividades diárias pode ser influenciada pelo fotoperíodo e o regime de marés, assim como velocidades do vento, mas isto pode ser uma relação indireta, e os golfinhos poderiam estar respondendo ao movimento das presas (Daura-Jorge et al. 2005). Uma maior pluviosidade e a incidência de ventos podem afetar a disponibilidade de presas e o tempo que os golfinhos poderiam gastar em atividades de forrageio, porém os dados aqui apresentados levam em conta apenas a incidência de chuva e ventos no arquipélago de Fernando de Noronha, o que nos leva a relacioná-los apenas com os hábitos diurnos dos golfinhos rotadores, na Baía dos Golfinhos. 72 Referências bibliográficas Almeida, F.F.M. 1958. Geologia e Petrologia do Arquipélago de Fernando de Noronha. Rio de Janeiro: IBGE, 181 P. Au, W. W. L., Mobley, J., Burgess, W. C. & Lammers, M. O. 2000. Seasonal and diurnal trends of chorusing humpback whales wintering in waters off western Maui. Marine Mammal Science16(3):530-544. Bastida, R., Rodríguez, D., Secchi, E., da Silva, V. 2007. Mamíferos Acuaticos de Sudamerica y Antártida. 1ª Ed. Buenos Aires: Vázquez Mazzini Editores. 366p. Daura-Jorge, F. G., Wedekin, L. L., Piacentini, V. Q. & Simões-Lopes, P. C. 2005. 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Department of Zoology and Entomology. 73 Linsker R. 2003. Arquipélago de Fernando de Noronha: O Paraíso do Vulcão. São Paulo: Terra Virgem. Mann, K. H. & Lazier, J. R. N. 2006. Dynamics of Marine Ecossystems: biological- physical interactions in the oceans. 3ªed. Blackwell Publishing. p. 285 – 423. Menna-Barreto, L., Marques, N. 2003. Cronobiologia: Princípios e Aplicações. 3ª Ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. Moore, S. E. 2008. Climate Change. p. 238 – 241. in Perrin, W. F., Würsig, B., Thewissen, J. G. M. Encyclopedia of Marine Mammals. Academic Press. Moulton, V. D., Miller, E. H. & Acuña-Ochoa, H. 2000. Haulout behaviour of captive harp seals (Pagophilus groenlandicus): incidence, seasonality, and relationships to weather. Applied Animal Behaviour Science (65) 367–378 Murphy, E. J., Trathan, P. N., Watkins, J. L., Reid, K., Meredith, M. P., Forcada, J., Thorpe, S. E., Johnston, N. M. & Rothery, P. 2007. 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Recife: O Autor, 2005. 120p. Tese (doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG. Oceanografia. Área Oceanográfica Biológica. Silva, F. J. L. & Silva Jr, J. M. da. 2009. Circadian and seasonal rhythms in the behavior of spinner dolphins (Stenella longirostris). Marine Mammal Science, 25(1): 176–186. Silva, F. J. L. 2001. Descrição de Comportamento, Sazonalidade de Número de Indivíduos e Reprodução de Golfinho-rotador, Stenella longirostris, em Fernando de Noronha / Flávio José de Lima Silva. Natal: O Autor, 2001. 120p. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Psicobiologia. Área Comportamento Animal. Silva-Jr., J. M. 1996. Aspectos do Comportamento do Golfinho-rotador, Stenella longirostris (Gray, 1828), no Arquipélago de Fernando de Noronha. Recife: UFPE, 1996. 131 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Oceanografia, Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife. Silva Jr, J. M. da. 2010. Os golfinhos de Noronha. São Paulo: Bambu Editora e Artes Gráficas. 192 p. Stenseth, N. C., Mysterud, A., Ottersen, G., Hurrel, J. W., Chan, K-S. & Lima, M. 2002. Ecological Effects of Climate Fluctuations. Review: Ecology And Climatology 297, 1292 – 1296. 75 Stewart, B. S., Petrov, E. A., Baranov, E. A., Timonin, A. & Ivanov, M. 1996. Seasonal Movements and Dive Patterns of Juvenile Baikal Seals, Phoca sibirica . Marine Mammal Science 12(4):528-542. 76 Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom – Formatação. Last revised February 2011. Submission As of February 2011, all new manuscripts (original submissions) should be submitted online at http://mc.manuscriptcentral.com/jmba. Authors who do not yet have an account on the online submission site will need to register before submitting a manuscript. If you are unsure about your login details or whether you have an account or not, please use the password help field on the login page. Do not create a new account if you are unsure. Manuscript Preparation Experimental design. All studies must have been conducted in accordance with institutional, national and international guidelines concerning the use of animals in research and/or the sampling of endangered species. Preparation. The JMBA invites contributions as: 1. Research articles + figures + tables. 2. Reviews of current topics of interest. E-mail. Please provide an e-mail address for the corresponding author. This will appear on the title page of each article. 77 Title (bold font). Should be no more than 20 words with no authorities associated with the species. A running head of not more than 43 characters should be suggested. Authors addresses should follow the title. Use superscript numbers to indicate different addresses. Abstracts (italic font). A concise abstract should outline the scope, main results and conclusion(s) of the paper without discussion or authorities associated with species. Keywords. Please provide up to 10 key words. Headings. Follow the style and hierarchy for each section as shown below (but see later for taxonomy): INTRODUCTION (1st heading upper case left justified). RESULTS (1st heading upper case left justified) e.g.: The sampled population (2nd heading bold left justified) DENSITY AND BIOMASS (3rd heading upper case left justified) Reproduction and development (4th heading left justified, lower case italics). DISCUSSION (1st heading upper case left justified). Subheadings, if used, should follow the instructions under RESULTS ACKNOWLEDGEMENTS. You may acknowledge individuals or organizations that provided advice, support (non-financial). Formal financial support and funding should be listed in the following section. FINANCIAL SUPPORT. Please provide details of the sources of financial support for all authors, including grant numbers. For example, “This work was supported by the Medical research Council (grant number XXXXXXX)”. Multiple grant numbers should 78 be separated by a comma and space, and where research was funded by more than one agency the different agencies should be separated by a semi-colon, with ‘and’ before the final funder. Grants held by different authors should be identified as belonging to individual authors by the authors’ initials. For example, “This work was supported by the Wellcome Trust (A.B., grant numbers XXXX, yyyy), (C.D., grant number ZZZZ); the Natural Environment Research Council (E.F., grant number FFFF); and the National Institutes of Health (A.B., grant number GGGG), (E.F., grant number HHHH).” Where no specific funding has been provided for research, please provide the following statement “This research received no specific grant from any funding agency, commercial or not-for-profit sectors.” Taxonomy should be presented as follows: SYSTEMATICS (1st heading upper case centre justified) Order AMPHIPODA Latreille, 1816 Suborder GAMMARIDEA Latreille, 1803 Family UROTHOIDAE Bousfield, 1978 Genus Carangolia Barnard, 1961 Carangolia barnardi sp. nov. (Figures 1–6) Carangolia spp.: Elizalde et al., 1993; Sorbe & Weber, 1995; Dauvin & Sorbe, 1995. 79 TYPE MATERIAL (taxonomic sub-headings upper case). Holotype: adult female (oostegites developed) 2.69 mm, completely dissected and mounted on 12 slides. (OXYBENT VIII, TS05-R, N4; coordinates: 43°49.34'N 02°02.74'W; water depth: 550 m) [MNHN-Am5129]. Collected by J.-C. Sorbe, 19 April 1999. Paratype: adult male (penile papillae developed) 3.88 mm partially dissected, with both first antennae, maxillipeds, epimeral plates, pleopods, and second antenna and second gnathopod mounted on three slides; rest as five pieces preserved in 70% ethanol. (ECOMARGE 93, TS08-A, N1; 44°34.57'N 02°12.60'W; water depth: 740–746 m) [MNHNAm5130]. Collected by J.-C. Sorbe, 23 June 1993.Twenty-one additional specimens in J.-C. Sorbe collection. COMPARATIVE MATERIAL EXAMINED Carangolia cornuta Bellan-Santini & Ledoyer, 1986. Holotype female completely dissected on single slide [Museo Civico di Storia Naturale di Verona, slide no.3276]. RV ‘Marion Dufresne’ Cruise MD08 to Marion and Prince Edward Islands, Station 17BB97 (Marion Island; 46°52.5'S 37°53.5'E). Collected 25 March 1976 with Okean grab on muddy sand,110 m depth. DIAGNOSIS Carangolia with well developed pointed process on posterolateral corner of head. Coxal plate 1 with anterior and posterior margins subparallel, distal margin straight. Coxal plate 7 pointed. Basis of pereopod 6 slender, not oblong. Dactylus of pereiopod 5 elongate (more than 12 times longer than wide). Telson devoid of spines. KEY FOR THE GENERA OF THE ALVINOCARIDIDAE 1. Posterior telson margin armed only with spines, without plumose setOO.OOOOO2 — Posterior telson margin armed with plumose setae OOOOOOOOOOOOO 3 80 2. Rostrum long, depressed laterally; pterygostomal spine present; lash on first maxilliped rudimentary OOOOOOOOO OOOOOOOOOOOOOOOOO.OOO..Alvinocaris — Rostrum short, compressed dorsoventrally, without teeth; pterygostomal spine absent; lash on first maxilliped well developed OOOOOOOOOOOO OOOOOOO.OO.Iorania 3. Short rostrum present; exposed eyes separated from each other; distolateral spine present on scaphocerite OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO..O...Chorocaris Figures should be referred to in full in the body of the text (e.g. Figure 1). Figure legends should take the following style: Fig. 1. Shell utilization patterns of Pagurus middendorffii. Values at the top of each histogram indicate total numbers of individuals. Tables should not be excessive in size and headed by informative legends. Legend, headings and footnote are delimited by horizontal lines as shown in example below: table headers are centred and roman (normal) typeface. Column headings are bold. The table below gives an example of layout. Table 1. Tenacity of Elminius modestus and Balanus perforatus cypris larvae to biofilms developed at high (83 s-1) and low (15 s-1) shear rates. Forces of temporary adhesion are given as 104 Nm-1. 81 Genus and species names should be italicized and appear in full at each mention in a new section and if starting a sentence. In italicized text (Abstracts) species names should be normal typeface. Citation of literature. References in the text should refer to the authors name (no initials) and year of publication. Two authors should be cited using ‘&’ (Rainbow & Dellinger, 1993); for more than two authors, the name of the first author followed by ‘et al.’ (Lallier et al., 1987).When citing more than one publication use date order and a semi-colon as a separator, e.g., (Mykels & Skinner, 1985a,b; Skinner, 1996; Gorind et al., 1997). The manuscript should be carefully checked to ensure the details of authors and dates cited in the text exactly match those in the reference list. Cross checking of references in the text to the cited literature and vice versa is the responsibility of the author. All literature quoted in the text must be listed in alphabetical and chronological order of author names at the end of each manuscript.When more than one publication with the same first author(s) is cited the following order alphabetically applies: (a) single author, according to publication dates; (b) same author and one coauthor; (c) same author and more than one co- author. The style follows the full name according to the ‘World List of Scientific Periodicals’ latest edition, London. Titles of journals must be written in full and references to books should include the place of publication and the publisher. Dashes. Hyphen between letters, i.e. a-n; en-dash between numbers i.e. 3–10. 82 REFERENCES Journals: Marshall S.M., Nicholls A.G. and Orr A.P. (1939) On the growth and feeding of young herring in the Clyde. Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom 23, 427 – 455. Books: Cushing D.H. (1981) Fisheries biology, a study in population dynamics. 2nd edition. Madison: University of Wisconsin Press. Chapters from books: Weir B.S. (1990) Intraspecific differentiation. In Hillis D.M. and Moritz C. (eds) Molecular systematics. Sunderland, MA: Sinauer Associates, pp. 373 – 410. Symposium proceedings: Cinelli F., Fresi E., Mazzella L., Pansini M., Pronzato R. and Svoboda A. (1977) Distribution of benthi phyto-and zoocoenoses along a light gradient in a superficial marine cave. In Keegan B.F., Ceidigh P.O. and Boaden P.J.S. (eds.) Proceedings of the Eleventh European Symposium on Marine Biology, University College, Galway, 5–11 October 1976. Biology of benthic organisms. Oxford: Pergamon Press, pp. 173 – 183. Book series: El Haj A.J., Whiteley N.M. and Harrison P. (1992) Molecular regulation of muscle growth over the crustacean moult cycle. In El Haj A.J. (ed.) Molecular biology of muscle, Cambridge: Cambridge University Press, pp. 151 – 165. [SEB Seminar Series, no. 46.] Occasional publications: Moore P.G. (1984) The fauna of the Clyde Sea area. Crustacea: Amphipoda.University Marine Biological Station Millport, Occasional Publications, no. 2, 84 pp. 83 Reports: Gaard E. (1987) An investigation of the squid Loligo forbesi Steenstrup on Faroe Bank. International Council for the Exploration of the Sea (CM Papers and Reports), CM 1987/K:18, 9 pp. Baird F.T. Jr (1953) Observations on the early life history of the giant scallop (Pecten magellanicus). Research Bulletin. Department of Sea and Shore Fisheries, Maine, no. 14, 7 pp. Theses: Leighton D.L. (1968) A comparative study of food selection and nutrition in the abalone, Haliotis rufescens Swainson, and the purple sea urchin, Strongylocentrotus purpuratus Stimpson. PhD thesis. University of California, San Diego, USA. Processing Manuscripts will be assessed by an expert Associate Editor and their nominated referees. A decision will be made by the Associate Editor based on the referee’s reports and their opinions. Authors will be advised of the decision by e-mail. If papers are sent back to the authors, for revision and for checking editorial corrections, they must be returned within three weeks. The acceptance date will appear on the first page of the published manuscript. Revised manuscripts and figures must be uploaded to: http://mc.manuscriptcentral.com/jmba (for manuscripts originally submitted after 1 February 2011). Figures must be submitted at this stage as PC-compatible TIFF files. These should be 300 dpi resolution at single column (8.5 cm) or double column (17.5 cm) width. The bit depth should be set to 2-colour (1 bit) for black and white line drawings or greyscale (8 bit) for images incorporating shades of grey. Colour images may be of whichever depth is most suitable. Halftones should be grouped as composites or as 84 individual pictures and a scanned electronic version submitted with the revised text. All figures should be labelled with a medium weight sans serif font of an appropriate size to result in 8 point (3.33 mm) type when reduced to published size. If figures are in parts, please label with upper case letters (A, B, C etc) in the top left corner of each part. Colour photographs will be charged to the author(s) at a rate of £700 per page. We strongly recommend saving large image files (full resolution files; any image files larger than 1 MB per file) with LZW compression to ensure they can be uploaded correctly and swiftly. Proofs. The corresponding author will receive the proofs by e-mail as PDF files. Authors should send proof corrections by e-mail to the administrator. Offprints. The contributing author will be provided with a PDF file of their article on publication. Extra printed offprints must be ordered before publication using the form provided with the proof. 85 Considerações finais Os estudos com mamíferos aquáticos são difíceis de serem realizados devido ao fato de estes animais passarem a maior parte do seu tempo em atividades subaquáticas. O golfinho-rotador é conhecido por sua alta capacidade de realizar atividades aéreas e pelos vários estudos que são feitos com esta espécie no Havaí. Os dados aqui apresentados trazem o resultado de um processo de pesquisa de quase 20 anos realizado pelo Projeto Golfinho Rotador, no arquipélago de Fernando de Noronha, nordeste do Brasil. Este trabalho é desenvolvido por meio de observações diárias de ponto fixo localizado no local de maior incidência de golfinhos de todo o arquipélago. As condições de presenças diárias do golfinho-rotador a Fernando de Noronha proporcionam uma maior facilidade no estudo desta espécie, porém estudos de cronobiologia de qualquer espécie de mamífero aquático requerem uma gama de coleta de dados em larga escala, que possibilite uma maior verossimilhança da sazonalidade a que este comportamento possa estar inserido. A relação de ritmos biológicos, para qualquer espécie de mamífero aquático, com variáveis ambientais é algo ainda pouco conhecido, porém de grande importância devido ao fato de se conhecer os fatores que possam estar influindo no comportamento destas espécies, para futuras políticas de mitigações de impactos ambientais. A relação dos efeitos que as fases lunares possam estar gerando em qualquer espécie de ambiente aquático geralmente está relacionado às influências de marés, porém este estudo vem clarificar um outro efeito que a lua pode causar nestas populações. 86 O efeito da luminosidade lunar ainda é pouco conhecido, e seus estudos são geralmente relacionados com a disponibilidade de zooplâncton e suas relações com populações de consumidores primários na escala ecológica. Este estudo traz um maior entendimento deste efeito em animais que estão no topo da cadeia alimentar dos oceanos, os golfinhos-rotadores. Estudos que tratem dos efeitos de variáveis ambientais como pluviosidade e incidência de ventos em populações de mamíferos aquáticos são mais comuns, porém para o golfinho-rotador de Fernando de Noronha se fazia necessário uma pesquisa com dados em uma maior escala de tempo, e os dados aqui apresentados servem para corroborar os estudos anteriores com os golfinhos desta população. Assim conclui-se que: • Os ritmos diurnos do golfinho-rotador são influenciados pelas fases lunares; • Os golfinhos-rotadores adiantam o seu horário de chegada à Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha, em períodos de lua-cheia devido a alta luminosidade lunar noturna proporcionar uma maior eficiência alimentar destes animais; • O horário de saída dos golfinhos-rotadores segue o mesmo padrão para o horário de entrada, em relação à fase lunar, porém esta variável não mostrou diferença estatística entre as fases da lua; • A Baía dos Golfinhos, no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, proporciona um local de refúgio e descanso para os golfinhos-rotadores quando os mesmo estão submetidos à condições de maior incidência de ventos; 87 • Em períodos de alta pluviosidade em Fernando de Noronha, os golfinhos-rotadores tendem a chegar mais tarde e sair mais cedo da enseada devido a chuva causar condições adversas para o descanso destes animais. 88 Referências (Introdução Geral e Considerações Finais) Almeida, F.F.M. 1958. 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