Navegando por Autor "Araújo, Thaís Ferreira Pinto de"
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Dissertação Da ginga à sardinha: etnoictiologia e sistemática molecular de pequenos peixes de valor cultural da costa brasileira(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2020-04-23) Araújo, Thaís Ferreira Pinto de; Lima, Sérgio Maia Queiroz; Carvalho, Pedro Hollanda; ; ; ; Loeb, Marina Vianna; ; Jacobina, Uedson Pereira;A avaliação de estoques pesqueiros para o manejo sustentável e medidas conservacionistas são feitas através da estatística pesqueira, que demanda dados confiáveis e é, na maioria dos casos, baseada em nomes populares. Entretanto, dados básicos como taxonomia, nomes populares, distribuição geográfica e delimitação de estoques, por exemplo, muitas vezes não estão disponíveis comprometendo o manejo pesqueiro. Assim, esse trabalho une etnoictiologia e análises filogeográficas dos clupeídeos Opisthonema oglinum e Harengula spp. com o objetivo de identificar seus nomes populares e investigar seus padrões filogeográficos, no intuito de delimitar estoques pesqueiros na costa brasileira. No primeiro capítulo, descrevemos a percepção dos pescadores e dos consumidores locais acerca da ginga, que são pequenos peixes costeiros que compõem o prato típico “ginga com tapioca”, patrimônio imaterial do Estado do Rio Grande do Norte. Através de entrevistas e obtenção de espécimes em feiras ou mercados de peixe de seis localidades, em três estados do Nordeste brasileiro, detectamos que ginga consiste em indivíduos juvenis de algumas espécies de sardinhas e arenques, e que a única diferença entre ginga e sardinha é o tamanho, representando a ginga os peixes menores e a sardinha os maiores, às vezes da mesma espécie. O termo é basicamente restrito à região metropolitana de Natal. Além disso, a ginga pode ser considerada uma “espécie culturalmente importante” e, consequentemente, deve estar entre as espécies-alvo para conservação e manejo local. No segundo capítulo, comparamos os padrões filogeográficos dos dois grupos mais representativos da ginga, O. oglinum e Harengula spp., ao longo de suas supostas distribuições no Atlântico Oeste, dos EUA até o sul do Brasil, usando o marcador mitocondrial CO1. Além disso, investigamos quantas populações existem desses táxons na costa brasileira e no arquipélago oceânico de Fernando de Noronha. Nesse arquipélago, as sardinhas são usadas como isca para pesca artesanal, e tem gerado um conflito entre os pescadores e os órgãos ambientais. A carência de informações básicas, como por exemplo, a identidade taxonômica das espécies, é fundamental para o manejo sustentável. Nossos resultados apontam O. oglinum como sendo uma única linhagem em todo o Atlântico Oeste, mas que possui estruturação populacional entre Brasil, EUA+México e Bermudas, e Harengula como sendo duas espécies, Harengula clupeola e H. jaguana na América do Norte e Caribe e uma distinta linhagem no Brasil, que possivelmente possa se tratar de uma nova espécie. Ao avaliar esses táxons em um contexto temporal, revelam que a separação entre as espécies de Harengula do hemisfério norte e do Brasil coincide com o aumento do fluxo da descarga dos rios Amazonas e Orinoco. Com esses resultados é possível observar que, apesar da biologia similar, O. oglinum e Harengula spp. não apresentam o mesmo padrão filogeográfico e devem ser manejadas de maneiras distintas.