Navegando por Autor "Coelho, Jéssica Fernanda Ramos"
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Tese Explorando os efeitos do ambiente sobre a diversidade genética e a conectividade de populações da sardinha-cascuda brasileira Harengula sp(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-03-14) Coelho, Jéssica Fernanda Ramos; Lima, Sérgio Maia Queiroz; Pereira, Ricardo José do Nascimento; https://orcid.org/0000-0001-9365-4879; http://lattes.cnpq.br/8316105480397252; https://orcid.org/0000-0002-3736-8912; http://lattes.cnpq.br/6864055999320853; Pinto, Miriam Plaza; Vasconcellos, Anderson Vilasboas de; Magalhães, Felipe de MedeirosReverter a perda da biodiversidade é um dos maiores desafios para a biologia da conservação e evolutiva na atualidade. O aquecimento global agrava esse cenário, pois inúmeras espécies já vivem próximas ao seu limiar térmico, principalmente as tropicais. Compreender as características ambientais que impulsionam dinâmicas populacionais é um passo importante para estabelecer o uso sustentável dos recursos naturais, uma vez que o ambiente influencia a distribuição, a diversidade e a evolução das espécies. Na presente tese, dividida em três capítulos, utilizei dados genômicos e ecológicos para entender como o ambiente impacta a evolução da sardinha-cascuda Harengula sp., possivelmente uma espécie ainda não descrita da costa brasileira. No primeiro capítulo, estimei como ciclos climáticos passados impactaram a história demográfica de Harengula sp. no Atlântico Sudoeste. Descobri que esta linhagem é estruturada por profundidade e salinidade em duas populações que refletem a expansão do habitat raso após o último máximo glacial, sendo: uma população grande, diversa e em expansão na costa brasileira (população costeira; Ne 3,6) e uma menor, que contraiu a um terço do tamanho de uma população ancestral no arquipélago de Fernando de Noronha (FNO, população insular; Ne 0,3). A situação da população de FNO é mais sensível, considerando que Harengula sp. tem fundamental importância comercial e ecológica por ser a única espécie de sardinha no arquipélago, onde persistem conflitos entre gestores ambientais e pescadores locais que reivindicam a pesca da sardinha no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Alta diferenciação (FST 0,17) apesar do fluxo gênico simétrico entre essas populações reforça a necessidade de diferentes estratégias de manejo para cada. No segundo capítulo, investiguei a dinâmica da ocupação geográfica de Harengula sp. no clima atual e estimei a mudança do habitat em três cenários futuros de aquecimento global. A modelagem de nicho indica deslocamento para o sul e contração de adequabilidade ambiental às sardinhas-cascudas, uma mudança que aumenta à medida que os cenários modelados para o futuro são agravados. Modelos de dispersão larval indicam que áreas marinhas protegidas (AMPs) em ilhas, como FNO, Abrolhos e Atol das Rocas, atuam como áreas-fonte de biodiversidade para o litoral continental, potencialmente minimizando os efeitos da sobrepesca na costa brasileira e aumentando a resiliência dessa população. No entanto, AMPs distantes (>1.000 km), como Trindade-Martim Vaz, não são fonte de ovos e larvas dessa sardinha-cascuda para a costa. A conexão larval entre FNO e costa brasileira reflete um pouco da mistura genética histórica entre as populações da costa e da ilha identificados no primeiro capítulo, demonstrando o potencial dispersivo dessa espécie nas fases iniciais de vida. No terceiro capítulo, testei o efeito da paisagem sobre a estruturação das populações da costa brasileira e FNO, testando a hipótese de que áreas de maior estabilidade climática ao longo do tempo abrangeriam maior diversidade genética. Não encontrei correlação significativa entre caracteres ambientais (adequabilidade ambiental presente e estabilidade climática) e os padrões genéticos testados (diversidade nucleotídica, endogamia e demografia). Aqui, o modelo que considera apenas distância geográfica é o que melhor explica os padrões de diversidade genômica de Harengula sp., reforçando o padrão de isolamento por distância indicado no primeiro capítulo. Nesta tese, a combinação de métodos permitiu descobrir diversidade genética, detectar dinâmicas populacionais, estimar a capacidade dispersiva, a mudança de habitat e seus impactos na trajetória evolutiva de uma espécie marinha ainda não descrita no Atlântico Sudoeste.Dissertação Nicho abiótico e efeitos do aquecimento global em Riorajini (Rajiformes, Arhynchobatidae), raias do Atlântico Sudoeste(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2020-02-20) Coelho, Jéssica Fernanda Ramos; Lima, Sérgio Maia Queiroz; ; ; Lima, Françoise Dantas de; ; Oddone, Maria Cristina;O nicho abiótico de espécies conta parte de sua história ecológica e evolutiva, bem como seu estudo pode ajudar a identificar grupos mais susceptíveis à extinção em um contexto de rápidas mudanças climáticas. Espécies marinhas de ambientes temperados estão entre as mais vulneráveis, pois o estresse térmico e demais impactos em cascata do aquecimento global podem resultar em perda de habitat e deslocamento de distribuição geográfica para maiores latitudes. A tribo Riorajini é composta por quatro espécies de raias marinhas – classificadas pela IUCN como vulneráveis ou em perigo de extinção – que coocorrem no sudoeste Neotropical do Atlântico: Atlantoraja castelnaui, A. cyclophora, A. platana e Rioraja agassizii. A presente dissertação, dividida em dois capítulos, usa esse agrupamento como modelo de estudos ecológico-evolutivos. No primeiro capítulo, questiona-se o conservatismo filogenético de nicho para um clado de espécies potencialmente competidoras em simpatria. Tratando-se de espécies filogeneticamente próximas, espera-se que uma baixa sobreposição de nicho reduza competição interespecífica. No segundo capítulo, estimaram-se os impactos das mudanças climáticas sobre a atual distribuição geográfica da tribo Riorajini. Primeiro, reconstruiu-se a filogenia desse grupo. Posteriormente, modelos de nicho ecológico para cada espécie do grupo foram desenvolvidos sob condições geofísicas e climáticas atuais e futuras (2100, sob cenário climático extremo) do ambiente marinho. Dados ambientais e de ocorrência das espécies foram compilados de bancos de dados públicos e literatura. Análises de sobreposição e deslocamento de nicho foram conduzidas a níveis inter- e intraespecíficos. Os resultados indicam conservatismo filogenético de nicho no qual águas rasas, proximidade da costa e baixa concentração de nitrato são as variáveis mais importantes para a ocorrência das espécies. Em um cenário climático futuro projetado, as áreas de maior adequabilidade ambiental à ocorrência de cada espécie analisada aumentam em até 20% em direção a áreas de maior profundidade, sugerindo que esse clado resistirá ao estresse térmico decorrente do aquecimento global. Apesar disso, estudos futuros devem considerar efeitos combinados do aumento da temperatura a aspectos biológicos desses animais, como o tempo de eclosão das cápsulas ovígeras e o desenvolvimento dos juvenis, bem como o impacto a outros fatores potencialmente determinantes à coexistência dessas espécies, como a disponibilidade de presas.