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Título: Cuidados paliativos e ser-para-morte: reflexões sobre um atendimento psicológico
Autor(es): Mendonça, Anna Valeska Procópio de Moura
Orientador: Dutra, Elza Maria do Socorro
Palavras-chave: Ser-para-a-mort. Heidegger. Cuidados Paliativos. Clínica fenomenológica. Pesquisa Fenomenológica;Being-towards-death. Heidegger. Palliative care. Phenomenological clinic. Phenomenological research
Data do documento: 3-Dez-2012
Editor: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Referência: MENDONÇA, Anna Valeska Procópio de Moura. Cuidados paliativos e ser-para-morte: reflexões sobre um atendimento psicológico. 2012. 105 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia, Sociedade e Qualidade de Vida) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2012.
Resumo: A morte é um tema que fascina, mas que ao mesmo tempo assusta e inquieta o ser humano, embora a finitude esteja sempre presente no nosso dia-a-dia. Em cada tempo histórico, a morte foi representada de modo peculiar, desde a morte familiar, na Idade Média, à morte interditada, na contemporaneidade. Nesse percurso, são reconhecidas as diversas atitudes e estágios diante da morte e o processo de morrer como possibilidades de enfrentamento e compreensão destas ocorrências. Por outro lado, a proposta de cuidados paliativos surgiu como uma atenção humanizada diante da finitude humana, reconhecendo a morte como parte do ciclo vital. A realidade brasileira, nesse contexto, ainda vivencia muitos entraves políticos, econômicos e sociais que dificultam a consolidação dos cuidados paliativos perante o processo de morrer na política da Saúde Brasileira. Atualmente, segundo a Associação Brasileira de Cuidados Paliativos, o Brasil apresenta, em média, 40 serviços com essa proposta. Tais dados retratam a nossa condição inexpressiva, em relação a esses cuidados, se levarmos em consideração a extensão territorial e a população do nosso país. Diante desse cenário é pertinente refletir acerca da morte e o processo de morrer na contemporaneidade, num contexto de saúde em que os cuidados paliativos, ao tentarem humanizar o processo de morrer, trazem à tona a questão da finitude humana e o ser-para-morte, tal como pensado pelo filósofo Martin Heidegger. Segundo este, o ser humano, Dasein, se constitui como um serpara- morte, uma vez que a morte é o seu poder-ser mais próprio e a sua última possibilidade a ser vivida. Em face das ideias apresentadas, o estudo proposto configura-se como uma pesquisa qualitativa de inspiração fenomenológico-existencial e tem como objetivo compreender a vivência de ser-para-a-morte a partir do atendimento psicológico a uma pessoa fora de possibilidades de cura vivenciando os cuidados paliativos. O atendimento psicológico foi desenvolvido em domicílio a um paciente que se encontrava nessas condições, compreendendo o processo clínico de ser-com-o-outro a partir dos relatos escritos da psicóloga/pesquisadora, por meio das sessões de acompanhamento, configurando-se como relato de experiência. Estes focalizam a experiência vivida pelo paciente, tal como apreendida pela psicóloga na relação de intersubjetividades e a sua própria experiência como Dasein e, portanto, ser-para-a-morte. Os relatos foram interpretados hermeneuticamente, a partir dos sentidos que emergiram nesse processo, considerando a noção de ser-para-a-morte proposta por Heidegger. Além disso, foi importante dialogar com os outros autores que abordam a temática estudada. Pode-se perceber, através de breves e significativas reflexões acerca dos atendimentos clínicos iniciados, que a vivência da doença sem possibilidades de cura proporciona ao Dasein reverem sentimentos e vivências marcados na temporalidade e historicidade da existência. É um estágio da vida em que a dimensão cultural e do senso comum da finitude, muitas vezes, ganha espaço na condição humana, tomada no seu sentido vulgar, diferentemente da forma como tem sido pensada numa perspectiva ontológica e existencial da morte. Portanto, há percursos singulares e reveladores no cenário da assistência em cuidados paliativos como caminhos possíveis para a autenticidade de ser-para-a-morte
Abstract: Death is a theme that fascinates, though at the same time, frightens and uneasy the human being, despite the finitude being present at our daily lives. In each historical time, death has been represented in a peculiar way, from familiar death (at Middle Ages), to interdicted death (at contemporary times). Through this path it‟s possible to recognize several attitudes and stages front of death and the process of dying as possibilities of coping and the understanding of these occurrences. In other hand, the palliative care proposal came as a humanized attention, front of the human finitude, recognizing death as a part of the vital cycle. The Brazilian reality, in this context, still faces a lot of political, economic and social barriers that makes difficult the consolidation of palliative care at the death process in the Brazilian Health Care policies. Currently, according to the Brazilian Palliative Care Association, Brazil presents an average of 40 services with this proposal. Such data portray our inexpressive condition in relation to these cares when considering the territorial extension and population of our country. Considering this scenario is relevant think about death and the process of dying at contemporary times, at a health context in which palliative care, when trying to humanize the process of dying, bring to light the issue of human finitude and the beingtowards- death, as thought by the philosopher Martin Heidegger. According to him, the human being (Dasein) is constituted as a being-towards-death, once death is its most own potentiality-for-bein and its last possibility to be lived. In view of the ideas presented, the proposed study appears as a qualitative research of existential-phenomenological inspiration and aims to understand the experience of being-toward-death from the psychological care to a person out of possibilities of cure living on palliative cares. The psychological care happened at the patient‟s home, understanding the clinical process of being-with-the-other from the written reports of the psychology/researcher, by the accompanying sessions, configured as an experience report. These reports are focused on the experiences lived by the patient, as well as apprehended by the psychologist at the intersubjectivity relation and its own experience with Dasein and, therefore, being-toward-death. The reports were hermeneutically interpreted, from the senses that emerged in this process, considering the notion of being-toward-death proposed by Heidegger. Furthermore, it was important to dialogue with other authors that approached the studied theme. It is perceived, through brief and meaningful reflections about the clinical treatments started, that the experience of illness with no possibilities of cure makes the Dasein revises feelings and experiences that were marked at the temporality and historicity of existence. It is a stage of life in which the cultural dimension and the common sense of finitude, often gains ground in the human condition, taken in its ordinary sense, unlike the way it has been thought from an ontological and existential perspective of death. Thus, there are singulars and revealing paths in the palliative care scenery as possible ways for authenticity of being-toward-death
URI: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/17523
Aparece nas coleções:PPGPSI - Mestrado em Psicologia

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