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Title: Práticas institucionais/discursivas acerca dos cuidados com os bebês prematuros e/ou de baixo peso: o programa canguru
Authors: Véras, Renata Meira
Advisor: Traverso-yépez, Martha Azucena
Keywords: Programa Canguru;Etnografia Institucional;Maternidade;Kangaroo program;Institutional ethnography;Motherhood
Issue Date: 23-Feb-2010
Publisher: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Citation: VÉRAS, Renata Meira. Práticas institucionais/discursivas acerca dos cuidados com os bebês prematuros e/ou de baixo peso: o programa canguru. 2010. 230 f. Tese (Doutorado em Psicologia Social; Processos Psicossociais; Relações de Poder e Sociedade) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2010.
Portuguese Abstract: O Programa Canguru foi implantado no Brasil em 2000 através de uma política pública do Sistema Único de Saúde (SUS), sustentado sob a retórica da humanização dos serviços de saúde. Este programa adota a prática de colocar o bebê prematuro e/ou de baixo peso em contato pele a pele com sua mãe com o intuito de fortalecer o vínculo afetivo entre mãe e bebê, incentivar o aleitamento materno e promover maior segurança nos cuidados com seu filho. As mães usuárias do SUS são, dessa forma, solicitadas a residirem na maternidade, participando dos cuidados com o bebê, até sua alta. No entanto, constatou-se, em observações prévias, que a participação no Programa Canguru tem sido geralmente uma imposição para essas usuárias. Assim sendo, procurou-se interpretar os textos que permeiam o desenvolvimento da prática Canguru. Essa pesquisa foi realizada através de dois estudos: 1) exploração histórica do conceito de maternidade e análise de como a maternidade é apresentada no módulo do documento oficial que orienta o programa; 2) análise da dinâmica institucional que permeia o Programa Canguru, enfatizando o estudo acerca do processo de trabalho dos profissionais da saúde e a compreensão da percepção das usuárias sobre sua estadia na maternidade e sobre a dinâmica de atendimento. Destaca-se que a relação entre esses dois estudos permitiu a compreensão da forma que os discursos podem influenciar o comportamento dos profissionais de saúde e que implicações os discursos destes têm na prática cotidiana do atendimento em saúde. A pesquisa, fundamentada na metodologia da Etnografia Institucional, considera as práticas e experiências como socialmente organizadas, procurando entendê-las na sua dinâmica e interdependências. A perspectiva adotada para a análise documental, como também para o estudo dos dados qualitativos construídos na pesquisa empírica, foi a análise do discurso. A pesquisa mostrou que embora o Programa Canguru venha demonstrando resultados positivos, tanto em relação à economia de recursos quanto aos aspectos psicológicos e biológicos do bebê, por outro lado ele falha em considerar a complexidade social, econômica e cultural das mães e as limitações estruturais do sistema de saúde pública. O documento oficial deste programa apoia-se na racionalidade médica e econômica, cuja concepção centra-se no modelo biomédico hegemônico e nas condições de vida e estruturação de família de uma população que não é usuária do Sistema Único de Saúde. Essa dissonância dificulta o sucesso do programa, uma vez que suas ações são planejadas e criadas sem consideração às condições de vida e experiências das pessoas que fazem uso desse serviço. Com relação à dinâmica institucional, observou-se que, embora alguns profissionais se diferenciem no tratamento com as usuárias, a maioria deles desconsidera o papel ativo da mãe nesse método de intervenção. Por outro lado, a pesquisa mostrou que as mães veem o programa como uma obrigação e não uma opção que implique em momentos prazerosos no ambiente hospitalar. Ressalta-se, assim, que a implantação deste programa requer não só a presença e o treinamento para o bom atendimento da equipe de funcionários, como também deve ser levado em consideração a complexa rede de determinantes sociais da saúde que podem influenciar na participação das mães no programa. Discutir e problematizar o cotidiano de programas como esse se constitui, dessa forma, um exercício de reflexão sobre cidadania e governança, permitindo espaços para a melhoria dos programas de saúde pública
Abstract: The Kangaroo Program was implemented in Brazil in 2000 through the Unified Health System (Sistema Único de Saúde SUS) sustained with a humanized rethoric of health care assistance. This program adopts the skin-to-skin contact contributing to the mother-infant bond, breastfeeding and promoting security in mother s care. The users of SUS are encouraged to live in the maternity ward to follow the baby health improvement. However, it was verified in previous observations that mothers participation in the Kangaroo Program has been done through an imposed practice. Therefore, this study intended to understand the texts that permeate the kangaroo practice. This research was developed through two studies: 1) an historic exploration of motherhood concept and an analysis of how the motherhood is presented in the official document that orients the program; 2) an analysis of institutional dynamic of Kangaroo Program, emphasizing the study about the health workers everyday practice, the mothers view about their life in the maternity wards, and the attendance practice. It is highlighted that the relation between this two studies allowed the comprehension abouthow the official discourses can influence the health workers behaviors and how their viewpoint and position can shape the everyday work in a public health program. This research, supported by Institutional Ethnography, considers that people s practices and experiences are socially organized and shaped by broad social forces. The discourse method was used in the documental analysis and in the analysis of qualitative data from empiric research. The research showed that the kangaroo program has been an excellent way to save resources and to improve some baby s biologic and psychological aspects. However, this program has failed to consider the social, economic and cultural complexity of mothers and the structural limitation of the health care system. The official document uses the economic and medical approach, following the hegemonic biomedical model and the life style of the people that don t use the public health system. Consequently, the program has not been successful because it is planned without people participation. On the other hand, it was verified that although some professionals are committed with their work, the mainly does not consider mothers participation as an active process, using the institutional power as a social control to keep mothers uninformed about the possibility to leave the maternity wards. As a result, the research also showed that mothers perceive the program as mandatory and not as option that can improve pleasure moments. It is, therefore, necessary to consider the complex social determinants of health that can increase mothers participation in the Kangaroo Program. Bringing these issues into debate can be a reflective exercise on citizenship and governance, allowing spaces for the improvement of public health programs
URI: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/17584
Appears in Collections:PPGPS - Doutorado em Psicologia Social

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