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Título: "Eu sou uma pessoa e não uma doença": a gestão autônoma de medicação na estratégia saúde da família de um município do interior do Rio Grande do Norte
Autor(es): Costa, Antônio Henrique Braga da
Orientador: Amorim, Ana Karenina de Melo Arraes
Palavras-chave: Estratégia saúde da familia;Saúde mental;Medicalização;Psicotrópicos;Práticas grupais
Data do documento: 18-Out-2019
Referência: COSTA, Antônio Henrique Braga da. "Eu sou uma pessoa e não uma doença": a gestão autônoma de medicação na estratégia saúde da família de um município do interior do Rio Grande do Norte. 2019. 126f. Dissertação (Mestrado Profissional em Saúde da Família) - Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019.
Resumo: O movimento de reforma psiquiátrica brasileira propõe a produção de novas práticas e contextos de intervenções\cuidados em saúde mental fundamentada no cuidado em liberdade e que procuram se instituir na contramão da lógica medicalizantes hegemônica, que tem produzido uma epidemia de diagnósticos de transtornos mentais, fruto do fenômeno da medicalização da vida. Uma das expressões desse fenômeno são as altas taxas de prescrição de psicofármacos e o uso pouco crítico desses medicamentos em serviços de saúde. Por isso, se faz urgente no contexto de articulação da atenção psicossocial com a atenção primária à saúde nas Redes de Atenção Psicossocial, propor elementos alinhados a perspectivas não medicalizantes e que buscam um modelo de intervenção que privilegia a atenção integral e territorializada em saúde mental. Na Estratégia de Saúde da Família, temos o lócus privilegiado para produção de novas tecnologias de cuidado, que favoreçam a desmedicalização, o empoderamento e a produção de autonomia dos sujeitos em sofrimento psíquico e com transtornos mentais. Dentre essas tecnologias, podemos considerar que a Gestão Autônoma da Medicação (GAM) se constitui como estratégia grupal com potencial de cuidado emancipador, constituindo ferramenta concreta para enfrentar a problemática da medicalização da vida. Assim, objetivamos investigar os limites e potencialidades da GAM como estratégia de cuidado e enfrentamento a medicalização no contexto da Estratégia Saúde da Família em um município do interior do Rio Grande do Norte-RN. Trata-se de pesquisa com abordagem qualitativa, que se desenvolveu em torno de uma intervenção realizada no contexto da APS, tendo como suposto a capacidade de interferir na realidade estudada e de modificá-la, analisando seus efeitos para os participantes. Os instrumentos utilizados foram: A realização de um grupo intervenção GAM ao logo de oito messes, participação observante, e a construção de narrativas a partir da experiência com o grupo. Além disso, foram utilizados diários de campo e gravação em áudio para registro da experiência. O grupo GAM foi constituído por usuários da ESF e que fazem uso de psicofármacos, além de membros da equipe NASF-AB local. Para constituição do corpus de análise foram utilizados os registros de transcrição de áudio dos encontros, os diários de campo do pesquisador e narrativas coletivas validadas. Os resultados evidenciam que o processo de medicamentalização perpassa as práticas dos profissionais e se configura como principal oferta de cuidado, as demandas de sofrimento psíquico\ ético-político das usuárias mulheres na ESF, que utilizam psicofármacos como silenciadores de suas angústias associadas a condição feminina, e ao ser mulher em suas realidades concretas devida. A experiência com a GAM se mostrou como potencializadora de ações desmedicalizantes, apontando caminhos para a incorporação de novas relações e dinâmicas sociais no território. Mostrou-se como uma metodologia participativa e reflexiva com capacidade de disparar autoconhecimento, autonomia, e potência de ação para todos os sujeitos. Seu uso promoveu a ampliação do diálogo, a troca de experiências e vivencias com o uso de medicação, construindo experiências significativas nas diferentes dimensões de vida das pessoas: social, familiar e individual. A GAM mostrou-se ainda potente para instituir espaços de promoção da saúde na ESF, tendo em vista que o guia GAM se constituiu desta forma como uma ferramenta facilitadora de grupalidades nesse contexto. Concluímos que a GAM tem potencial estratégico para o enfrentamento da medicalização da vida na ESF, bem como uma ferramenta de atenção e cuidado para produção de saúde mental na APS.
Abstract: The Brazilian psychiatric reform movement proposes the production of new practices and contexts of interventions \ mental health care based on freedom care and that seek to establish themselves against the hegemonic medicalizing logic, which has produced an epidemic of diagnoses of mental disorders, fruit of the phenomenon of medicalization of life. One of the expressions of this phenomenon is the high prescription rates of psychotropic drugs and the low critical use of these drugs in health services. Therefore, it is urgent in the context of the articulation of psychosocial care with primary health care in Psychosocial Care Networks, to propose elements aligned with non-medicalizing perspectives and seeking an intervention model that favors integral and territorialized care in mental health. In the Family Health Strategy, we have the privileged locus for the production of new care technologies, which favor de-medicalization, empowerment and the production of autonomy of subjects in psychological distress and mental disorders. Among these technologies, we can consider that Autonomous Medication Management (GAM) is a group strategy with potential for emancipatory care, constituting a concrete tool to face the problem of medicalization of life. Thus, we aimed to investigate the limits and potentialities of GAM as a strategy of care and coping with medicalization in the context of the Family Health Strategy in a municipality in the interior of Rio Grande do Norte-RN. This is a research with a qualitative approach, which was developed around an intervention performed in the context of PHC, having as its ability to interfere in the reality studied and modify it, analyzing its effects for the participants. The instruments used were: the realization of a GAM intervention group over eight months, observant participation, and the construction of narratives from the experience with the group. In addition, field diaries and audio recording were used to record the experiment. The GAM group consisted of FHS users who make use of psychotropic drugs as well as members of the local NASF-AB team. For the constitution of the corpus of analysis the audio transcription records of the meetings, the researcher's field diaries and validated collective narratives were used. The results show that the process of medication permeates the practices of professionals and is configured as the main offer of care, the demands of psychic \ ethical-political suffering of women users in the FHS, who use psychiatric drugs as silencers of their anxieties associated with the female condition. and being a woman in her concrete realities due. The experience with GAM has shown to be a potentiator of demedicalizing actions, pointing out ways to incorporate new relationships and social dynamics in the territory. It was shown as a participative and reflective methodology with the ability to trigger self-knowledge, autonomy, and action power for all subjects. Its use promoted the expansion of dialogue, the exchange of experiences with the use of medication, building meaningful experiences in the different dimensions of people's lives: social, family and individual. The GAM also proved to be potent to establish health promotion spaces in the FHS, considering that the GAM guide was thus constituted as a group facilitator tool in this context. We conclude that GAM has strategic potential to face the medicalization of life in the FHS, as well as a care and attention tool for mental health production in PHC.
URI: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/28557
Aparece nas coleções:PPGSFN - Mestrado Profissional em Saúde da Família no Nordeste

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