UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE SAÚDE CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM OBSTÉTRICA III – REDE CEGONHA ERICA DANIELLE SOUSA DE MACEDO IMPLEMENTAÇÃO DA MASSAGEM COM AROMATERAPIA DURANTE O TRABALHO DE PARTO NA MATERNIDADE LEIDE MORAIS Natal 2019 ERICA DANIELLE SOUSA DE MACEDO IMPLEMENTAÇÃO DA MASSAGEM COM AROMATERAPIA DURANTE O TRABALHO DE PARTO NA MATERNIDADE LEIDE MORAIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica – Rede Cegonha III, da Escola de Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção de título de especialista. Orientador: Prof. Dr. Flávio César Bezerra da Silva Natal 2019 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede Macedo, Erica Danielle Sousa de. Implementação da massagem com aromaterapia durante o trabalho de parto na Maternidade Leide Morais / Erica Danielle Sousa de Macedo. - 2019. 39 f.: il. Monografia (especialização) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Escola de Saúde, Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica III - Rede Cegonha, Natal, RN, 2019. Orientador: Prof. Dr. Flávio César Bezerra da Silva. Coorientadora: Profa. Dra. Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho. 1. Aromaterapia - Monografia. 2. Massagem - Monografia. 3. Trabalho de parto - Monografia. 4. Enfermagem obstétrica - Monografia. I. Silva, Flávio César Bezerra da. II. Carvalho, Jovanka Bittencourt Leite de. III. Título. RN/UF/BCZM CDU 618.414.4 Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262 ERICA DANIELLE SOUSA DE MACEDO IMPLEMENTAÇÃO DA MASSAGEM COM AROMATERAPIA DURANTE O TRABALHO DE PARTO NA MATERNIDADE LEIDE MORAIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica – Rede Cegonha III, da Escola de Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção de título de especialista. Aprovado em: ___28____/__maio____/2019 BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ Prof. Dr. Flávio César Bezerra da Silva Orientador _____________________________________________ Profa. Dra. Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho Membro da banca _____________________________________________ Profa. Dra. Edilene Rodrigues da Silva Membro da banca AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de realizar este curso oferecido pela Rede Cegonha em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, uma instituição de credibilidade e responsabilidade, onde terminei minha graduação em Enfermagem nas modalidades Licenciatura e Bacharelado. Agradeço também aos meus professores que com total dedicação e compromisso, dispuseram seu tempo para nos ensinar os conhecimentos científicos e dividir experiências conosco, agradeço aos colegas pela contribuição nos processos de aprendizagem e força nos momentos de dificuldade e especialmente à minha família pelo incentivo à busca do conhecimento e entendimento nos momentos de ausência. RESUMO O presente trabalho refere-se a uma intervenção que tem sido realizada a partir do Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica III – Rede Cegonha. Com vistas a definir uma problematização, levou-se em consideração o mapeamento de lacunas existentes no campo de atuação da enfermagem obstétrica na Maternidade Leide Morais. Assim, a escassez de medidas não farmacológicas para o alívio da dor no parto, se apresentou como ponto importante possível de ser abordado e modificado mediante uma intervenção no serviço. Os métodos não farmacológicos são considerados importantes para alívio das dores, medos e angústias de parturientes, diminuição de tensões causadas pelo processo parturitivo bem como proporcionam conforto e bem-estar às mulheres durante o trabalho de parto até a chegada do concepto. A medida não farmacológica escolhida para a intervenção apresentada foi a massagem com aromaterapia no trabalho de parto. As estratégias metodológicas se iniciaram em outubro de 2018 se estendendo a novembro de 2018 com a sensibilização dos gestores. Posteriormente aconteceu a sensibilização dos profissionais nos meses de novembro e dezembro de 2018, com o enfoque sendo dado à implantação da prática da massagem com aromaterapia no trabalho de parto e parto pela equipe de saúde, em especial a equipe de enfermagem. A capacitação dos profissionais se deu nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2019 por intermédio de um Curso de Extensão Ministrado na Maternidade Leide Morais, onde houve exposição teórica e prática do tema de massagem com aromaterapia e na sequência proporcionou-se prática na sala de estudo entre os participantes do Curso. A implementação da prática da massagem com aromaterapia se iniciou a partir do mês de janeiro de 2019 mediante as capacitações e ocorrerá de forma contínua, pois se trata de um processo lento, constante e, como algo novo, requer mais tempo e dedicação para inserir rotina para que toda a equipe de enfermagem se sinta segura e oferte o serviço para as parturientes de risco habitual. Como resultados decorrentes do projeto de intervenção já é possível destacar a atuação de alguns profissionais de enfermagem na suíte Pré- parto, Parto e Pós-parto, de acordo com as suas disponibilidades, na prática de massagem com aromaterapia. Percebe-se ainda que com essa sensibilização, houve maior interesse da equipe como um todo em conhecer, aprender, atuar e executar o método não farmacológico proposto na intervenção. Ademais, ressaltasse importante repercussão da intervenção ora apresentada entre os profissionais médicos, pois houve interesse de um profissional médico obstetra em desenvolver em futuro próximo pesquisa com abordagem quantitativa e qualitativa em parceria com a especializanda condutora deste trabalho de conclusão de curso. Descritores: Massagem. Aromaterapia. Trabalho de Parto. Enfermagem Obstétrica. ABSTRACT The present work refers to an intervention that has been carried out from the Specialization Course in Obstetric Nursing III – Rede Cegonha. In order to define a problematic, it took into account the mapping of gaps in the midwifery in the Maternity Leide Morais playing field of Specialization rapporteur presented the intervention. Thus, the scarcity of non- pharmacological measures for the relief of pain at childbirth was presented as an important possible point to be approached and modified through intervention in the service. Non- pharmacological methods are considered important for relieving parturient pain, fears and distress, reducing stress caused by the parturition process, as well as providing comfort and well-being to women during labor until the concept arrives. The non-pharmacological measure chosen for the intervention presented was aromatherapy massage in labor. The methodological strategies began in October 2018 extending to November 2018 with the sensitization of the managers. Subsequently, the professionals were sensitized in the months of November and December of 2018, focusing on the implementation of aromatherapy massage in labor and delivery by the health team, especially the nursing team. The qualification of the professionals took place in January and February 2019 through an Extension Course carried out at Leide Morais Maternity, where there was theoretical and practical exposition of the theme of massage with aromatherapy and in the sequence it was provided practice in the study room between the participants of the Course. The implementation of the practice of massage with aromatherapy started from January 2019 through the training and will occur continuously because it is a slow, constant process and, as something new, requires more time and dedication to insert routine so that the whole nursing team feels safe and offers the service to the usual risk-taking parturients. As a result of the intervention project it is already possible to highlight the performance of some nursing professionals in the PPP suite, according to their availability, in the practice of aromatherapy massage. It is also perceived that with this awareness, there was a greater interest of the team as a whole to know, to learn, to act and to execute the non-pharmacological method proposed in the intervention. In addition, it should be pointed out that the intervention presented by the medical professionals was an important repercussion, since it was in the interest of an obstetrician medical professional to develop a quantitative and qualitative approach in the near future in partnership with the special rapporteur of this report. Keywords: Massage. Aromatherapy. Labor, Obstetric. Obstetric Nursing. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CEEO Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica COFEN Conselho Federal de Enfermagem MNF Método Não Farmacológico MS Ministério da Saúde MT Ministério do Trabalho OE Óleos essenciais OMS Organização Mundial de Saúde PICS Práticas Integrativas e Complementares em Saúde PNPIC Práticas Integrativas e Complementares em Saúde POP Procedimento Operacional Padrão PPP Pré-parto, Parto e Pós-parto SIGAA Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas SUS Sistema Único de Saúde TCC Trabalho de Conclusão de Curso UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância URSAP Unidade Regional de Saúde Pública SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8 2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 13 2.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 13 2.2 Objetivos específicos ................................................................................................ 13 3 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 14 3.1 Rede Cegonha ........................................................................................................... 14 3.2 Assistência humanizada ao parto de risco habitual .............................................. 16 3.3 Métodos não farmacológicos para alívio da dor .................................................... 17 3.4 Óleos essenciais ......................................................................................................... 18 3.5 Massagem .................................................................................................................. 20 4 METODOLOGIA .................................................................................................... 22 4.1 Apresentação do serviço .......................................................................................... 22 4.2 Público-alvo ............................................................................................................... 23 4.3 Estratégias metodológicas ........................................................................................ 23 4.4 Acompanhamento avaliativo da intervenção ......................................................... 25 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 27 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 32 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 34 APÊNDICE A – FOTOS DA CAPACITAÇÃO E USO DA MASSAGEM COM AROMA .......................................................................................................... 37 APÊNDICE B – FOTO DO KIT MONTADO PELA ESPECIALIZANDA PARA USO DIÁRIO COM PARTURIENTE NA MATERNIDADE LEIDE MORAIS ................................................................................................................... 38 APÊNDICE C – FICHA AVALIATVA DA MATERNIDADE LEIDE MORAIS COMPLEMENTAR AO PARTOGRAMA UTILIZADO NA INSTITUIÇÃO SOBRE USO DE MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS ... 39 9 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho trata-se de um projeto de intervenção idealizado a partir do Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica – Rede Cegonha III (CEEO III) como iniciativa para mudança de uma realidade na maternidade Leide Morais, onde se faz necessário ajustes para aperfeiçoamento e humanização da assistência. Segundo Dias e Domingues (2005), o conceito de humanização da assistência ao parto inclui vários aspectos, alguns estão relacionados a uma mudança na cultura hospitalar, com a organização de uma assistência realmente voltada para as necessidades das mulheres e suas famílias. Os autores também mencionam que as modificações na estrutura física também são importantes, transformando o espaço hospitalar num ambiente mais acolhedor e favorável à implantação de práticas humanizadoras da assistência. Nesse contexto de humanização, podemos citar que a humanização da assistência ao parto implica também e, principalmente, que a atuação do profissional respeite os aspectos de sua fisiologia, não intervenha desnecessariamente, reconheça os aspectos sociais e culturais do parto e nascimento e ofereça o necessário suporte emocional à mulher e sua família, facilitando a formação dos laços afetivos familiares e o vínculo mãe-bebê. Outros aspectos se referem à autonomia da mulher durante todo o processo com elaboração de um plano de parto que seja respeitado pelos profissionais que a assistirem; de ter um acompanhante de sua escolha; de serem informadas sobre todos os procedimentos a que serão submetidas; e de ter os seus direitos de cidadania respeitados (DIAS; DOMINGUES, 2005). Seguindo a linha de raciocínio da humanização, e tendo como foco o processo parturitivo, o Ministério da Saúde (MS) ao longo dos ajustes de políticas, programas e estratégias culminou por designar assistência integral nas diferentes fases da vida da população brasileira. Especificamente na área da mulher, segundo MS, o sistema de saúde deve garantir direitos relacionados ao parto e nascimento dos filhos das mulheres respaldado pela portaria 1.459 de 24 de Junho de 2011 que institui a Rede Cegonha no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2011). Nessa perspectiva, cabe destacar que o nascimento tem sido institucionalizado historicamente. Assim, quando este processo ocorre no ambiente hospitalar, o cenário passa a se caracterizar pela adoção de várias tecnologias e procedimentos com o objetivo de tornar este momento mais seguro para a mulher e seu filho ou filha. Se por 10 um lado, o avanço da obstetrícia moderna contribuiu com a melhoria dos indicadores de morbidade e mortalidade materna e perinatais, por outro permitiu a concretização de um modelo que considera a gravidez, o parto e o nascimento como doenças e não como algo fisiológico, expondo as mulheres e recém-nascidos a altas taxas de intervenções, as quais deveriam ser utilizadas de forma parcimoniosa e apenas em situações de necessidade e não como rotina (BRASIL, 2016). Diante dessa trajetória hospitalocêntrica as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) surgem como forma de contribuir para a ampliação das ofertas de cuidados em saúde e a racionalização das ações de saúde. O termo complementares é utilizado quando a prática associa-se à medicina tradicional do Ocidente, de maneira a associar ao tratamento proposto de forma convencional. Com isso, as PICS passam a estimular alternativas inovadoras e socialmente contributivas ao desenvolvimento sustentável de comunidades; motiva as ações referentes à participação social, incentivando o envolvimento responsável e continuado dos usuários, gestores e trabalhadores nas diferentes instâncias de efetivação das políticas de saúde, além de proporcionar maior resolubilidade dos serviços de saúde (BRASIL, 2015). De acordo com o Manual de Implantação de Serviços de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (BRASIL, 2018), as PICS foram institucionalizadas no SUS por intermédio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC), aprovada por meio de Portaria GM/ MS nº 971, de 3 de maio de 2006 (BRASIL, 2006). Ressalta-se que a PNPIC contempla diretrizes e responsabilidades institucionais para oferta de serviços e produtos a exemplo de homeopatia e medicina tradicional chinesa/acupuntura. As PIC´s foram reconhecidas como profissão anteriormente pela enfermagem através da Resolução nº 197 de 1997 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Para o profissional enfermeiro executar esta prática de sua competência o mesmo deveria ter o Curso na área a qual se propõe a atuar, elaborado por instituição reconhecida e com carga horária de 360 hs. A Resolução nº 389 do COFEN assegura as Terapias Holísticas como Especialidade da Enfermagem, sendo permitido portanto o uso da pesquisa por profissionais na área e consequentemente, na aromaterapia. Em virtude desse respaldo da categoria pelo Conselho de classe, a aromaterapia é considerada um meio de estímulo á atuação da enfermagem no cuidado ao paciente por 11 promover conforto e bem-estar ao indivíduo que recebe a atenção e o cuidado integral. (GNATTA et al., 2016). Ao tecer comentários acerca da PNPIC e das PICS no Brasil, cabe resgatar a discussão da Organização Mundial de Saúde (OMS) no contexto da assistência ao parto mediante o estímulo do uso de Boas Práticas de Atenção ao Parto e Nascimento, desde o ano de 1996, com a publicação de categorias de práticas recomendadas e comprovadas úteis ou desaconselhadas por não serem cientificamente comprovados os benefícios. Assim, considerando as duas vertentes citadas, a OMS e a política de saúde PNPIC, foi possível se respaldar para dar andamento na elaboração de estratégias com vistas a desenvolver o projeto de intervenção no ano de 2018. Levando em conta a importância do conteúdo ministerial disposto anteriormente e considerando a atividade de diagnóstico situacional orientado pelo CEEO III, foi possível captar a realidade vivenciada no campo de lotação da especializanda condutora deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Este diagnóstico direcionou atenção a rotina de assistência de enfermagem ao pré-parto e parto na maternidade Leide Morais que frequentemente passa por avaliações e revisões com a finalidade de melhorar a qualidade da assistência prestada como um todo. No entanto, ainda existe certa resistência por parte de alguns profissionais do serviço. Dessa forma então, com vistas a qualificar a assistência ofertada às parturientes que procuram a Unidade, entendeu-se se fazer necessário ainda promover ajustes em prol de se proporcionar melhoria dessa assistência. Em virtude da rotatividade de profissionais na enfermagem, o aumento da demanda de trabalho para a enfermagem e demais categorias, aliado ao aumento da procura pelo serviço e falta de recursos materiais para expandir as boas práticas, algumas técnicas não farmacológicas para alívio da dor foram deixando de ser prioridade ou até mesmo esquecidas por alguns profissionais no atendimento à pacientes no pré-parto e parto. Ademais, O interesse em mudar o cenário atual de parto mecanicista, intervencionista e biomédico se estabeleceu dada a abordagem hospitalocêntrica ainda presente, o que proporciona à mulher um misto de sentimento de medo e conflitos. Assim, mediante os resultados decorrentes do diagnóstico, priorizou-se desenvolver uma intervenção que promovesse nova perspectiva de modelo de oferta de serviço para a maternidade Leide Morais, no intuito de tornar o serviço mais qualificado, de forma atender as necessidades e expectativas das usuárias durante o 12 atendimento. Tendo em vista a meta anteriormente citada e mediante a situação problematizada no cenário da intervenção, priorizou-se a técnica não farmacológica de massagem com aromaterapia enquanto recurso de intervenção onde os riscos à parturiente/puérpera e seu recém-nascido são mínimos. Soma-se a maior satisfação das mulheres que estão em processo de trabalho de parto e parto à harmonia ao cenário de parturição. Nesse contexto, com o intuito de se proporcionar às parturientes que procuram a maternidade Leide Morais, uma forma mais confortável, agradável e menos exaustiva de dar a luz a seus filhos, foi decidido pela execução da intervenção em curso apresentada, tomando como base o método não farmacológico (MNF) para alívio da dor do tipo massagem com aromaterapia. Este método pode proporcionar maior acolhimento da mulher e participação dos profissionais e acompanhantes neste processo durante o trabalho de parto e parto. Soma-se ainda que o MNF proposto pode contribuir com a coparticipação da parturiente durante o processo parturitivo. A motivação para desenvolver a intervenção se deu pela observação da necessidade de implementar novas formas e técnicas de alívio das tensões, dores e preocupações que acometem esta mulher em trabalho de parto. Como método não farmacológico a massagem com aromaterapia estava sendo utilizada na rotina da maternidade de maneira incipiente e não padronizada. Tal situação, ocorria em virtude da massagem ser usada como alívio de tensões e controle da ansiedade, diminuição das dores do trabalho de parto e cansaço físico e a aromaterapia, trazer conforto e bem-estar físico e psicológico à mulher no processo parturitivo. Foi escolhido o óleo de lavanda para uso na intervenção em virtude do mesmo ser o mais indicado para uso em gestantes e puérperas, não apresentarem efeitos colaterais significativos relatados na literatura e pela grande quantidade de benefícios que apresenta quando utilizado junto à gestante e puérpera. O aromaterapeuta Tisserand relata que não motivos para restrição do uso deste óleo em gestantes pois não oferece riscos ao trabalho de parto ou induzir um trabalho de parto prematuro. Salienta-se que a maternidade Leide Morais possui locais apropriados para realização desta prática, uma vez que possui suítes Pré-parto, Parto e Pós-parto (PPP´s) e os partos acontecerem quase em sua totalidade nas suítes. Tais espaços físicos oferecem oportunidades para se executar as boas práticas e assim obter maior satisfação pessoal neste momento tão importante na vida da mulher. Aliado a isto, observa-se ainda uma pequena oferta de técnicas de boas práticas oferecidas à parturiente internada 13 na maternidade, assim como um contingente grande de profissionais pouco capacitados para realizar a execução das práticas. Dada a necessidade de ter uma maior abrangência de oferta de medidas para alívio da dor, acredita-se que a inserção da massagem com aromaterapia contribuirá no incentivo à implementação das boas práticas de atenção ao parto de risco habitual nas maternidades de todo o país, e favorecer ações de humanização da assistência à parturiente, podendo também ser executadas por toda a equipe de saúde e seu acompanhante, bem como impulsionar o empoderamento dos profissionais de saúde, em especial os enfermeiros, na sua atuação diária. 14 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Implementar a prática da massagem com aromaterapia na parturiente, pela equipe de enfermagem, na Maternidade Leide Morais. 2.2 Objetivos específicos  Sensibilizar os gestores quanto à importância da massagem com aromaterapia para o processo parturitivo;  Sensibilizar os profissionais de enfermagem para a prática da massagem com aromaterapia no decorrer do trabalho de parto;  Capacitar a equipe para a prática da massagem de alívio com aromaterapia realizada pela equipe de enfermagem;  Monitorar e avaliar a prática da massagem de alívio com aromaterapía realizada pela equipe de enfermagem. 15 3 REVISÃO DE LITERATURA A sistemática de um projeto de intervenção baseia-se no planejamento de ações que visem a atuação sobre situações problema que estejam acontecendo em uma determinada esfera. Baseia-se no diagnóstico de uma situação problema, desse diagnóstico surge a necessidade de resolução desse problema associado a fatores que permeiam uma solução para este com o objetivo de transformar esta realidade de forma resolutiva (SCHNEIDER; FLACH, 2017). Diante da temática de projeto de intervenção, relacionando ao cenário de parto, devemos considerar aspectos relacionados a problemática da assistência ao parto no Brasil. Segundo Dias (2011), o modelo dominante atual mostra resultados maternos e perinatais preocupantes sobretudo se compararmos os dados relacionados a parto do brasil com países com mesmo desenvolvimento socioeconômicos ou de menor desenvolvimento. O autor ainda cita dados ministeriais cujos índices de partos cirúrgicos chegam a mais de 80% em hospitais privados, fato este não está em conformidade com o que preconiza a Organização Mundial de Saúde. Ainda consoante o autor anteriormente citado, o protagonismo da mulher no processo do parto e nascimento tem sido desencadeado mediante movimentos sociais, profissionais de diferentes áreas e organizadores de políticas públicas de saúde. Nesse fluxo de acontecimentos na perspectiva da melhoria da condução da assistência ao parto, foi promulgada em 2005 a lei Federal nº 11.108, a qual passa a permitir à mulher a presença de um acompanhante de sua escolha durante o trabalho de parto, no parto e puerpério (BRASIL, 2005). Na sequência temporal, a “Rede Cegonha” foi instituída como sendo um programa com a intensão de garantir acolhimento de grávidas desde o diagnóstico de gestação perpassando o período parturitivo e se estendendo ao período pós-parto em uma perspectiva de humanização da assistência. 3.1 Rede Cegonha A Rede Cegonha, instituída no âmbito do SUS pelo Ministério da Saúde em 24 de Junho de 2011 e através da portaria 1459, consiste numa rede de cuidados que visa assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e ao desenvolvimento saudáveis. Dentre objetivos propostos, salienta-se 16 fomentar a implementação de novo modelo de atenção à saúde da mulher e à saúde da criança com foco na atenção ao parto, ao nascimento, ao crescimento e ao desenvolvimento da criança de zero aos vinte e quatro meses; organizar a Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil para que esta garanta acesso, acolhimento e resolutividade, além da redução da mortalidade materna e infantil com ênfase no componente neonatal (BRASIL, 2011). Nessa linha de discussão, Menezes, Portella e Bispo (2012) ressaltam que a Rede Cegonha sistematiza e institucionaliza um modelo de atenção ao parto e ao nascimento o qual tem sido discutido e construído no Brasil deste a década de 1990, com base no pioneirismo e na experiência de médicos, enfermeiros, parteiras, doulas, acadêmicos, gestantes dentre outros atores. Ademais, a Secretaria Estadual de Saúde do Ministério do Trabalho (MT) (2011) traz contribuições na discussão da Rede Cegonha quando explicita que este programa se trata de um modelo que garante às mulheres e às crianças uma assistência humanizada e de qualidade, além de permitir a experiência da gravidez, parto e nascimento com segurança, dignidade e beleza. Enfatiza-se que dar à luz não é uma doença ou um processo patológico, mas uma função fisiológica e natural que constitui uma experiência única para a mulher e o(a) parceiro(a) envolvido(a). A partir dos pressupostos da Rede Cegonha, podemos destacar que ela é estruturada a partir de 4 componentes (Pré-Natal, Parto e Nascimento, Puerpério e atenção integral à saúde da criança e Sistema Logístico-Transporte Sanitário e Regulação), onde, para a temática do presente TCC, podemos destacar: Parto e Nascimento: Considerando-se o modelo hegemônico no Brasil, é evidente o aumento no percentual de cesarianas quando comparado aos dados de parto normal no Brasil e os índices de mortalidade materna acima do esperado para um país em desenvolvimento. O parto e nascimento são atos fisiológicos do processo parturitivo, assim como o desenvolvimento de toda a gravidez, no entanto, mesmo nesse contexto de naturalidade desse processo, a maioria das mulheres no Brasil parem seus filhos através de partos cirúrgicos. Ao se considerar a assistência ao parto normal, vê-se ainda práticas não recomendadas pelas evidências científicas que podem, ao invés de trazer benefícios ás parturientes, trazer danos e traumas à mulher e ao bebê nesta experiência de parto. O objeto das ações da rede cegonha é a mudança desse modelo de assistência intervencionista e fora do modelo preconizado pelas boas práticas de assistência ao parto e nascimento, é o incentivo a adoção de práticas baseadas em evidências 17 científicas e ações direcionadas ao bem-estar da mulher, criança, pai e família. (BRASIL, 2013). 3.2 Assistência humanizada ao parto de risco habitual A assistência humanizada ao parto de risco habitual constitui um tema de ampla discussão atualmente na esfera tanto nacional quanto internacional, pois visa a tentativa de mudança do modelo de atenção biomédico vigente. O estímulo e incentivo às boas práticas de atenção ao parto e nascimento tem sido assunto de discussão por se considerar uma forma de garantir a segurança e qualidade do parto e nascimento e garantir uma assistência livre de riscos e diminuição de danos ao binômio (FEIJÃO; BOECHMANN; MELO, 2017). De acordo com o MS, “Toda mulher tem direito a atendimento seguro, humanizado e de qualidade durante a gravidez, parto e pós-parto”. Nesse sentido, a Rede Cegonha surgiu como uma ação de saúde do SUS para fortalecer os direitos das mulheres e das crianças (BRASIL, 2018). Segundo Marque, Dias e Azevedo (2006), a humanização da assistência de enfermagem materno infantil contribui para a garantia de um pré-natal seguro e livre de riscos e uma assistência digna na gravidez e parto, fornece a oportunidade de escolha do local de parir, a escolha do seu acompanhante garantido por lei e seu corpo e crenças preservados e respeitados. Segundo o MS, os riscos potenciais associados ao tipo de parto são maiores no parto cesáreo; com risco maior para a prematuridade e alterações respiratórias no neonato, infecção puerperal e complicações mais frequentes, maior dor após o parto e uma recuperação mais demorada (MARQUE; DIAS; AZEVEDO, 2006). A dor que a gestante sente durante a evolução do Trabalho de Parto e parto é única para cada mulher, principalmente em função dos diferentes fatores que a influenciam. Dentre estes fatores, incluem-se a cultura, a história familiar, a ansiedade, o medo, a experiência anterior de parto, a preparação para o parto e o suporte oferecido durante este processo. Uma vez iniciado o TP e a regularidade das contrações, a dor pode ser aliviada mediante a execução de práticas não farmacológicas para o alívio da dor, estas quando executadas por profissionais capacitados e ligados diretamente ao parto, pode proporcionar à parturiente um momento de menor desconforto, ocasionado pela dor e maior relaxamento corporal (OSÓRIO; SILVA JÚNIOR; NICOLAU, 2014). 18 3.3 Métodos não farmacológicos para alívio da dor No trabalho de parto, é necessário que a parturiente esteja em equilíbrio com suas emoções e sentimentos e percorra esse momento com leveza. O estresse gerado nesta fase aciona o sistema nervoso simpático, o qual é responsável por elevar os níveis de adrenalina, com isso, ocorre alterações nos níveis plasmáticos do hormônio liberador de corticotrofinas, do hormônio adrenocorticotrófico e do cortisol, os quais correspondem ao mecanismo biológico e de defesa em situações de estresse (GAYESKI; BRUGGERMANN, 2010). Ainda de acordo com os autores citados anteriormente, baseado nesses aspectos de alívio de dor, é importante que sejam desenvolvidas formas para diminuição de sintomas desagradáveis de dor, medo e estresses que acometem as mulheres no trabalho de parto. O uso de analgésicos, não se obtém a terapêutica necessária para contornar a presença dos desconfortos presentes no trabalho de parto. Com isso, a introdução dos Métodos não farmacológicos para alívio da dor, estimulados para uso no trabalho de parto, é considerada uma forma de promover conforto tendo como base conhecimentos estruturados sem a necessidade de equipamentos sofisticados para sua utilização, podendo ser aplicados até mesmo, pelo acompanhante de escolha da mulher. Nessa linha de considerações, Medeiros et al. (2015) afirmam que os cuidados não farmacológicos de alívio da dor são constantemente defendidos pelo movimento de humanização do parto. Este movimento tem como objetivo tornar o parto o mais natural possível, diminuindo as intervenções, cesarianas e administração de fármacos. Assim, os cuidados não farmacológicos são alternativas que visam a desmedicalização. Levando em consideração o aspecto de fazer uso MNF, a instituição de saúde pode oferecer com maior segurança alguns métodos pela sua ampla divulgação e incentivo apresentado hoje pelos órgãos que coordenam a saúde do país, ou oferecer e orientar quanto ao seu uso, esclarecendo sua importância e levando maior conhecimento à parturiente dos benefícios de sua prática. Dentre os MNF podemos destacar a aromaterapia que, associado à massagem, vem trazer uma eficácia no alívio da dor e ansiedade na paciente em trabalho de parto e parto. Segundo Davis (1996), o recurso da aromaterapia é estratégia natural/complementar a qual faz uso do olfato e utiliza propriedades curativas inerentes às moléculas químicas dos Óleos Essenciais (OE), responsáveis por produzirem o perfume das plantas aromáticas. 19 3.4 Óleos essenciais Segundo o MS, a aromaterapia é uma prática terapêutica secular que utiliza as propriedades dos óleos essenciais, concentrados voláteis extraídos de vegetais, para recuperar o equilíbrio e a harmonia do organismo visando à promoção da saúde física e mental, ao bem-estar e à higiene. Com amplo uso individual e/ou coletivo, pode ser associada a outras práticas como terapia de florais, cromoterapia, entre outras e considerada uma possibilidade de intervenção que potencializa os resultados do tratamento adotado. A prática multiprofissional tem sido adotada por diversos profissionais de saúde como enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, médicos, veterinários, terapeutas holísticos, naturistas, dentre outros, e empregada nos diferentes setores da área para auxiliar de modo complementar a estabelecer o reequilíbrio físico e/ou emocional do indivíduo (BRASIL, 2018). Foi utilizado o termo “Aromaterapia” pela primeira vez em 1928 pelo perfumista francês René Maurice Gattefossé, este utilizava óleos essenciais em seus perfumes e foi descoberto as propriedades do óleo essencial de lavanda quando, acidentalmente, sofreu uma queimadura nas mãos e colocou a área afetada em contato com óleo essencial de lavanda. Pode perceber que passou a dor de imediato além de observar uma rapidez maior na cicatrização (GNATTA et al., 2016). Na história da enfermagem, a pioneira na utilização de óleos essenciais em feridos durante a guerra da Criméia foi Florence Nightingale. Ela utilizava o óleo essencial de lavanda (Lavandula augustifolia) na região frontal dos soldados feridos com o objetivo de acalmá-los, promover conforto e alívio, Florence foi a primeira enfermeira a fazer uso de óleos essenciais no cuidado de enfermagem. Outro destaque para a enfermagem associado á aromaterapia é a enfermeira aromaterapeuta Marguerite Maury, esta ficou conhecida posteriormente como um ícone da aromaterapia moderna. Nascida na Áustria em 1895 foi formada em enfermagem e assistente cirúrgica e firmou sua atuação na aromaterapia na França, e posteriormente começou a estudar as PIC´s junto com o Dr Maury, um médico interessado por terapêuticas naturais (GNATTA et al., 2016). A aromaterapeuta Marguerite Maury ministrava cursos por toda a Europa sobre a ação dos óleos essenciais, estudava a ação dos óleos essenciais sobre o sistema nervoso, especialmente o sistema límbico, foi reconhecida como referência na aromaterapia por conseguir integrar os princípios holísticos da enfermagem a 20 prescrições individuais de óleos essenciais para massagem em indivíduos como tratamento de alguma afecção específica. Marguerite Maury ficou conhecida mais como bioquímica do que como enfermeira por sua maior atenção aos estudos de óleos essenciais, abriu clínica aromaterápica em Londres, França e Suíça (GNATTA et al., 2016). Relativo aos óleos essenciais, estes sofrem o mesmo processo que se utiliza para processar os vinhos aromáticos, a destilação rudimentar. Na antiguidade, os egípcios eram uma civilização que valorizava a saúde, beleza e higiene, e eram profundos conhecedores dos efeitos das substâncias aromáticas (perfumes e unguentos) no organismo. O termo “óleo essencial” foi designado pelos alquimistas do séc. XVI que buscavam a “pedra filosofal” ou o “segredo da vida”. Durante alguns séculos, os óleos e as quintessências foram considerados o único meio de combater as doenças epidêmicas, pela sua capacidade de neutralizar os microorganismos, fato comprovado cientificamente pelos pesquisadores franceses Cadéac e Meunier (TISSERAND, 1996; HOARE, 2010). A forma de contato do óleo essencial ao corpo humano e sua absorção ocorrem pela inalação e o contato com a pele. A absorção através da inalação vai depender da terapêutica do óleo, levando a sensações calmantes e tranquilizadoras. A absorção pela pele, pode se dar através da massagem, espalhando e fazendo movimentos com as mãos, em determinados pontos onde se quer a eficácia da absorção do óleo (CASSAR, 2001). Ainda segundo o autor anteriormente citado, na prática de instituições que usam a massagem com aromaterapia, esta combinação representa uma importante ferramenta terapêutica em potencial nas mãos dos profissionais de saúde, podendo pluralizar suas práticas e qualificar o cuidado com o resgate do humano, do empoderamento e da autonomia do cliente em relação à sua saúde. Seguindo esse fluxo de condutas, Burns, Blamey e Lloyd (2000) realizaram pesquisa randomizada junto a 8.058 parturientes de risco habitual e de alto risco, parto normal ou cesarianas no Reino Unido e mencionaram a importância da aromaterapia com uma tendência ascendente nacional significativa no uso de terapias complementares. Ademais, segundo Lamadah e Nomani (2016), desenvolveram estudo com uso de aromaterapia e concluíram que a massagem com óleo de lavanda pode reduzir dor de parto e ansiedade durante o trabalho de parto. Como repercussão essa resposta, os autores afirmam a possibilidade de este recurso ser uma maneira de diminuir a duração 21 do trabalho de parto, pois a maioria das mulheres tiveram satisfação com esta intervenção. O óleo essencial de lavanda é considerado um dos óleos mais adequados para uso na gestação, parto e pós-parto, apresenta efeito ansiolítico já conhecido e que vem sendo descoberto cada vez mais benefícios através dos estudos científicos. Apresenta afinidade pelos canais de cálcio nos neurônios exercendo efeito no organismo similar ao medicamento utilizado para dor periférica, ansiedade e fibromialgia, a Pregabalina. Tem ação sobre o sistema nervoso parassimpático e ação de promover o relaxamento, contribui para um sono mais tranquilo, ajudando a gestante no repouso recomendado, especialmente no último trimestre da gravidez pela dificuldade da gestante com uma boa noite de sono em decorrência do crescimento da barriga. O uso do óleo essencial promove um imprinting psicológico no cérebro do recém-nascido que irá guardar este agradável aroma em sua primeira respiração. Utilizá-lo através da inalação, pode ser promovida pela adição de 5-8 gotas em difusores de ambientes (COSTA, 2014). Um estudo realizado no Irã pesquisou a eficácia o óleo de lavanda francesa (lavandula augustifolia) em pacientes submetidas à episiotomia. Foram pesquisadas 60 mulheres, foram divididas as 2 partes onde 30 foram submetidas ao tratamento convencional e 30 tratamentos com óleo de lavanda na concentração de 6gotas em 5litros de água. O mecanismo de tratamento escolhido foi banho de assento durante 30minutos 2x por dia onde seriam avaliados a dor, o desconforto, a vermelhidão, equimoses e edemas nas 4h, 12h e 5 dias após o parto. A análise de resultados indica que o grupo que utilizou o banho de assento com óleo essencial de lavanda demonstrou índices menores de dor comparado ao grupo do tratamento convencional, 70% das mulheres que utilizaram o banho de assento não utilizaram analgésicos durante 5 dias após a intervenção (COSTA, 2014). 3.5 Massagem A massagem utilizada no parto como terapêutica para alívio da dor vem sendo usada desde o século XVII, eram feitos movimentos de variadas formas, desde dedilhamento, leve toque, fricção leve a fricção moderada com os dedos. Os periódicos Arquives of Medicine de 1879 já citavam o uso da massagem de intensidade moderada associada á compressão (CASSAR, 2001). 22 A massagem contemporânea deve seu progresso não necessariamente aos pioneiros, mas a um grande número de profissionais que deram continuidade a esta prática e a utilizam em clínicas, domicílios, hospitais e cirurgias. Por sua eficácia, a massagem garantiu uma firme posição entre as terapias complementares. Considerada atualmente tanto uma arte quanto uma ciência, sua evolução continuará enquanto continuar sendo explorada e pesquisada por estudantes e profissionais (CASSAR, 2001). A autora anteriormente citada exemplifica a eficácia da massagem e sua posição entre as terapias complementares devido sua importância e eficiência, esta progrediu desde os primórdios e hoje é praticada em diversas clínicas, hospitais, residências e em cirurgias. Pode ser considerada também uma arte e é utilizada por profissionais e estudantes. O médico James Menell em 1920 enaltece o uso da massagem para tratamento de lesões em ferimentos de Guerra em seu livro, era o médico responsável pelo departamento de massagem do Special Military Surgery Hospital, em Londres. 23 4 METODOLOGIA 4.1 Apresentação do serviço O projeto de intervenção executado, tem sido desenvolvido na Maternidade Leide Morais, uma maternidade pública localizada na Zona Norte do Município de Natal/RN, situada no bairro de Nossa Senhora da Apresentação e que tem como finalidade atender as demandas de parto de risco habitual e suas intercorrências da população da Zona Norte de Natal. Esta maternidade é composta de 11 leitos de suítes PPP´s, 29 leitos de enfermaria, 1 Centro Cirúrgico e o Pronto Atendimento. Atende as demandas relacionadas à gravidez, parto de risco habitual e complicações no puerpério e também curetagem, corresponde à população da Zona Norte do município de Natal. A maternidade conta com equipe médica (Obstetras, Pediatras e Anestesistas), equipe de enfermagem, Nutrição, Fonoaudiologia, farmácia, laboratório, equipe administrativa, equipe da limpeza e da recepção. Ainda em relação aos serviços oferecidos, contamos com os testes de triagem neonatal oferecidos pelo Ministério da Saúde aos recém-nascidos, são os testes da Orelhinha, Olhinho, Coraçãozinho e dependendo do tempo de permanência da criança no hospital, é feito o teste do pezinho. A maternidade inaugurada a pouco mais de 10 anos, conta com uma média de mais ou menos 80 atendimentos diários de demanda espontânea, o que acaba sobrecarregando os profissionais médicos no atendimento às pacientes internadas e a assistência no pré-parto. A equipe de enfermagem é dividida por setor e função, o que facilita a assistência ao pré-parto e parto pois a equipe das suítes PPP´s é designada para a assistência às pacientes internadas para pré-parto, parto e pós-parto. A demanda de partos normais e cesarianas na instituição varia entre uma média de 220 a 280 partos mensais, comparando entre os meses de maior ou menor número de partos. No mês de Agosto/2018 tivemos um total de 127 partos normais e 93 cesarianas, um quantitativo alto de partos cesariana em virtude da Leide Morais ser uma maternidade de Baixo Risco. No mês de Setembro do mesmo ano, o total de partos normais foi de 134 e o número de cesarianas foi de 70. Um valor um pouco maior para os partos normais, o que mais se aproxima do objetivo do Ministério da Saúde que é um índice de partos normais sobrepondo a mais de um terço o número de partos cirúrgicos. Os recursos para custeio dos serviços oferecidos pela instituição são de ordem pública municipal, recursos do SUS. A quantidade de atendimentos varia um pouco de 24 acordo com o mês do ano, chegando a exceder a capacidade de oferta de serviço em alguns meses por demanda aumentada, mas para internamento, sempre de baixo risco. A referência estabelecida para encaminhamento, quando houver necessidade de atendimento para um nível de complexidade maior, é o Hospital José Pedro Bezerra, também conhecido como Hospital Santa Catarina, este atende as demandas de alto risco da zona norte de Natal e demais municípios do interior do estado pactuados. A maternidade Leide Morais é situada na região norte de Natal, vinculada ao Distrito Sanitário Norte II, e faz parte da VII Unidade Regional de Saúde Pública (URSAP) e conta com mais 1 maternidade do município para atender suas gestantes de baixo risco, a maternidade Dr Araken Irerê Pinto. Esta, por sua vez se localiza no bairro do Tirol vinculada ao Distrito Sanitário Sul. Salienta-se que todas as maternidades citadas desenvolvem assistência em nível de complexidade baixo e referenciando a maternidades de alto risco, quando necessário. O público atendido desta maternidade constitui-se de gestantes e parturientes usuárias do SUS de baixo risco de complexidade que residem na zona norte de Natal e possuam o cartão SUS do município de Natal. Ademais, a instituição também atende demais intercorrências relacionadas ao puerpério de partos de mulheres que deram a luz na Leide Morais e demandas espontâneas relacionados a gravidez destas mulheres. 4.2 Público-alvo O público alvo da intervenção apresentada tem se constituído em profissionais da enfermagem atuantes em sala de parto e pré-parto, que presenciam e participam do processo parturitivo, e/ou ajudam/auxiliam nesse momento ao longo do trabalho de parto até o nascimento do concepto. Foram divulgados calendários de datas do curso de extensão e a participação se deu quase que em sua totalidade por profissionais da enfermagem, direção hospitalar, administração hospitalar e setor de Recursos Humanos. 4.3 Estratégias metodológicas A proposta de desenvolvimento da intervenção realizada na maternidade Leide Morais para implementação da Massagem com Aromaterapia ocorreu a partir de uma prática já realizada empiricamente através da estimulação da região lombar com massagem e usando a força das mãos com ajuda de um hidratante ou óleo mineral. Esta 25 prática é muito utilizada pelos profissionais e acompanhantes com o objetivo de alívio da dor e tensões no processo de trabalho de parto. Esta iniciativa começou a ser implementada a partir da sensibilização dos gestores no mês de Outubro e Novembro e seguiu como revisão de literatura durante todo o processo. A proposta de mudança da realidade seria capacitação de profissionais da equipe de enfermagem com a prática da massagem com aromaterapia, que é o grupo de profissionais que passa mais tempo acompanhando a paciente no trabalho de parto e parto e foi idealizado a mudança a partir destes. Para fins de esclarecimento, as metas alcançadas, mediante a intervenção realizada, foram acontecendo de forma sequencial, desde a sensibilização dos gestores, com apresentação da proposta do projeto de intervenção através de reunião e consequentemente, busca de uma parceria para implementação da prática da massagem com aromaterapia no cotidiano da assistência ao trabalho de parto, até a implementação da prática pelos profissionais de enfermagem. Para tanto, articulou-se como forma de capacitação dos profissionais um Curso de Extensão onde a massagem com aromaterapia seria um dos temas e teria também a participação de 2 colegas também do curso nesse Curso de Extensão com a inserção do tema “Balanço Pélvico tipo cavalinho” de autoria de Marcela Cabral e “O uso do Partograma” da colega Francisca Marta Costa. O Curso de Extensão foi articulado em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte com inscrição através do Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA) e foi realizado na Maternidade Leide Morais da Prefeitura de Natal. Foram realizadas as inscrições na gerência de enfermagem e os participantes foram distribuídos através de 3 turmas com 30 vagas distribuídas em 3 datas diferentes. O primeiro Curso aconteceu em 31 de Janeiro, a 2ª data dia 13 de Fevereiro e a 3ª data em 28 de Fevereiro. A condução da temática da massagem com aromaterapia durante o Curso foi como forma de aula expositiva para o público alvo através de slides com textos explicativos e imagens, práticas de massagem com aromaterapia e distribuição de preparados de óleos essenciais com óleos vegetais na quantidade adequada para uso para todos os participantes. O momento do Curso onde ocorreu a prática se deu através de duplas onde se executou a prática concomitante à explicação do processo. A prática da massagem se deu com aplicação do preparado de óleo essencial associado ao óleo carreador na região lombar e ombros, foi mostrado pontos de acupressão (uma variação da acupuntura que envolve a pressão com um dos dedos de 26 forma leve ou de média intensidade) nessas áreas, explicando cada área onde se fizerem necessários aplicação da massagem com aromaterapia mediante a queixa apresentada pela parturiente. Essa dinâmica de aprendizado da localização e finalidade do uso da massagem se deu mediante uso de recurso do retroprojetor com imagens para facilitar a a compreensão dos participantes. Para a realização da oficina foi necessária uma articulação com a direção e administração hospitalar e coordenação de enfermagem, buscando a adesão dos enfermeiros e técnicos da equipe de enfermagem, foi consultado profissional especialista na área para atuar como colaborador da oficina. Durante o curso houve fornecimento de material educativo expositivo e exemplares aos profissionais de enfermagem para orientação sobre o método, além de incentivo a prática da massagem com aromaterapia nas parturientes pela equipe de enfermagem como método de conforto e alívio de tensões próprios do trabalho de parto. Como a intenção primordial se respalda na necessidade de um processo contínuo de educação em serviço e oferta subsequente da assistência à mulher em trabalho de parto com aromaterapia e massagem, vale ressaltar que durante a exposição das temáticas no curso de extensão houve sugestões por parte da gestão. Assim, as discussões dos gestores indicaram a necessidade de propor elaboração de um Procedimento Operacional Padrão (POP) para ser desenvolvida na maternidade, com vistas a nortear a condução da implementação da prática da massagem com aromaterapia na assistência ao pré-parto e parto. Diante da proposta apresentada, prevê-se que a intervenção em curso venha a desenvolver um POP junto às equipes que assistem a mulher no processo parturitivo em meados de agosto de 2019. 4.4 Acompanhamento avaliativo da intervenção O acompanhamento avaliativo da intervenção em curso começou a acontecer a partir dos primeiros processos de implantação do projeto de intervenção, desde as sensibilizações às primeiras capacitações e este acompanhamento vem ocorrendo continuamente e de forma sistemática e gradativa. As avaliações com os participantes do projeto de extensão foram feitas durante as aulas do curso de extensão e aconteceu como forma de roda de conversa e durante a prática de massagem com aromaterapia, 27 executada pelos alunos/profissionais. Estas avaliações são baseadas nas observações das práticas e na escuta qualificada de sugestões e considerações dos participantes. No sentido de manter olhar atento e criterioso, a avaliação e educação da intervenção em curso tem sido realizada periodicamente durante os plantões das equipes treinadas para o aprimoramento e consolidação da técnica apreendida. O instrumento ao alcance para avaliar o processo de inserção da técnica de massagem com aromaterapia diz respeito à ficha de acompanhamento dos métodos não farmacológicos que consta no prontuário das parturientes (ANEXO A). 28 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES Mediante a intervenção em curso para inserção das práticas de massagem com aromaterapia na assistência ao parto foi possível avaliar aos poucos uma melhora na assistência prestada. Tem sido observado relatos das usuárias/acompanhantes já assistidas por profissionais de enfermagem após o curso de extensão, onde elogios e bem-estar estão contidos. Ademais, o planejamento de elaboração de um POP voltado para rotinas de massagem com aromaterapia surgiu como demanda solicitada pela gestão e profissionais participantes do curso de extensão. Assim, o POP será produzido em conjunto com todos os envolvidos na assistência ao parto da Maternidade Leide Morais com vistas a também ser utilizado como produto decorrente da intervenção em curso iniciada em outubro de 2018. Sabe-se que a intervenção não se acaba, por isto será possível adequar o que precisar ser modificado e aperfeiçoar a técnica a cada dia de acordo com a aceitação individual de cada parturiente. Fica claro ainda que a intervenção em curso tem permitido aos poucos respeitar a individualidade da parturiente no seu local de parir, assim como sua aceitação à prática da massagem com aromaterapia como autorização para ser executada pela equipe. Como a quase totalidade das pacientes tem seus bebês nas suítes PPP´s, cada paciente pode ficar no seu espaço físico individual, e assim, não há interferência externa de outras pessoas. Ainda se considerando o espaço físico, tem- se, portanto, uma maior facilidade de execução da prática no serviço e ainda há o incentivo à participação do acompanhante no processo. O incentivo e estímulo à participação do acompanhante como colaborador no processo de trabalho de parto, no conforto e bem-estar da usuária do serviço vem sendo discutido e proposto de uma forma cada vez mais acentuada na Maternidade Leide Morais por se observar melhores resultados no processo de parturição e sobretudo por se respeitar a lei federal nº 11.108, de 07 e abril de 2005, a lei do acompanhante (BRASIL, 2005). Além disso, o diálogo com a direção da instituição passou a ser mais próximo, o que contribui muito para o êxito da continuidade da intervenção e a adesão dos demais profissionais. A direção geral e de enfermagem como coparticipes, podem formar uma parceria com os profissionais que participam da implementação, formando assim uma rede de apoio e incentivo ao desenvolvimento da prática. 29 Visto terem sido desenvolvidas algumas estratégias de intervenção, dentre elas a realização de um Curso de Extensão para capacitação da equipe de enfermagem acerca da prática da massagem com aromaterapia em mulheres em trabalho de parto, fez-se necessário elaborar um kit para uso dos óleos de aromaterapia (APÊNDICE B) pela especializanda que será deixado na gerência de enfermagem para uso rotineiro de profissionais e estímulo do uso pelos acompanhantes que contém os seguintes itens:  Frasco de vidro escuro contendo um preparado de: óleo essencial de lavanda + óleo vegetal carreador (semente de uva).  Difusor de ambientes.  Frasco de óleo essencial de lavanda.  Pares de luvas de procedimento. Ressalta-se ainda que há um planejamento de se desenvolver uma pesquisa comparativa do uso da aromaterapia em parturientes de risco habitual no tocante a efetiva resposta de alívio dos desconfortos em concomitância com aquelas que não fazem uso deste MNF. A ideia dessa pesquisa surgiu em parceria com profissional médico obstetra pelo mesmo ter observado a execução da técnica da massagem com aromaterapia e ter demonstrado interesse em conhecer mais acerca da técnica e estudos sobre esta prática. A curiosidade em conhecer e de certa forma descobrir mais acerca do uso da aromaterapia em processo de trabalho de parto e parto, fez surgir as propostas de pesquisa envolvendo diferentes grupos controle e tendo como processo avaliativo um questionário com perguntas abertas a serem respondidos pelas parturientes após o parto. Vale ressaltar que a intenção deste estudo se encontra ainda em processo de planejamento e amadurecimento, pretende-se ainda realizar um estudo mais detalhado da proposta para desenvolver uma melhor organização prático-pedagógica e posteriormente, em um momento futuro, possa ser amadurecida a ideia com vistas a ser dado início aos primeiros passos da pesquisa. Para tanto naturalmente esta pesquisa será redigida nos moldes científicos e será submetida em plataforma e enviada ao Comitê de ética conforme a normatização para desenvolver pesquisas em seres humanos. Com esta iniciativa de implementação da prática da massagem com aromaterapia já é possível observar maior envolvimento dos profissionais de saúde com as parturientes, a inserção gradativa e contemporânea das práticas integrativas e complementares no serviço da maternidade Leide Morais, o proporcionar de um maior conforto e bem-estar ás usuárias deste serviço, o estabelecimento de uma maior 30 autonomia e empoderamento do profissional da enfermagem no cenário do parto, bem como um transcorrer para uma melhor transformação do serviço. Diante do exposto, vale destacar que o desenvolvimento da investigação mediante o diagnóstico situacional proposto pelo CEEO III na fase de orientação metodológica em nível de atividade teórica evoluiu na prática e deu início ao movimento contínuo da construção da intervenção em curso. Com isso, e em associação com o empenho e direcionamentos dados para melhor conduzir os ajustes para a intervenção, observa-se claramente que a presente intervenção fez uso de estratégias pedagógico metodológicas (a exemplo do diagnóstico situacional enquanto foco 1) contidas nas recomendações de Santos Filho (2010) quanto aos focos da formação intervenção. A forma pedagógica utilizada pelos coordenadores do curso para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem para os especializandos do CEEO III para a transferência dos saberes se deu de diversas formas e foi conquistada através de: aulas expositivas pelo professor tutor, busca e consulta na literatura acadêmica, estímulo do desenvolvimento do raciocínio e senso crítico mediante o processo de coparticipação no processo de aprendizagem (leituras, apresentação de seminários, atividades ilustrativas para fixação do conteúdo de anatomia-fisiologia, atividades de preenchimento de fichas e cartões, filmes e discussões de entendimentos acerca dos temas, rodas de conversas para transferências de saberes e fixação do conhecimento), o que constitui o foco 1 do processo de formação- intervenção. No tocante ao foco 2, pode ser contemplado o interagir do aluno com a realidade a qual ele está sendo exposto, a dinâmica do curso possibilitou essa internalização do conhecimento através dos métodos propostos pelo curso e permanentemente utilizado que é a participação do aluno no desenvolvimento das aulas e consequentemente maior aprendizagem pelo modo de vivenciar o conhecimento. Durante o transcorrer do curso, os conteúdos foram colocados em paralelo com a realidade de nossa prática hospitalar, fazendo uma ponte com a assistência de enfermagem em obstetrícia e materno-infantil. Relativo ao foco 3, pudemos perceber um maior interesse dos profissionais envolvidos com a sensibilização e aplicar a aromaterapia por meio da massagem em parturientes, aprender mais sobre os temas e executar no serviço. A repercussão da implementação da massagem com aromaterapia pela enfermagem no cenário do parto é positiva pois, a partir dos cursos de extensão, pode-se perceber uma equipe mais empoderada para executar as práticas integrativas, um olhar de mais autonomia pelos 31 profissionais da equipe de enfermagem avaliado através de relatos das pacientes no momento da aplicação durante o trabalho de parto e após o parto, a sensação de bem estar relatados por profissionais ao se entrar na suíte (PPP) e pela comportamento das parturientes após o uso do óleo para aromaterapia Ademais, quando passou a existir o interesse e parceria entre as colegas especializandas para o desenvolvimento do curso de extensão, houve a busca por parte dos profissionais de saúde para se capacitarem e a presença de número representativo de solicitações de novos encontros, se instituiu o foco 2 do processo formação intervenção. Nesse momento o envolvimento das equipes e pessoas as quais participam da assistência ao parto e nascimento foi demonstrado pelo interesse em sistematizar as ações desenvolvidas na intervenção em curso. Como consequência dos processos citados anteriormente tem-se observado a mudança do cenário de assistência ao parto e nascimento na Maternidade Leide Morais, sobretudo porque já se observa mais segurança e entendimento dos motivos indicados para utilizar a massagem com aromaterapia nas parturientes do serviço. Desta maneira, mediante o interesse de todos e a autonomia da condutora deste trabalho tem se estabelecido, o ambiente assistencial tem sido melhorado no tocante à harmonia de decisão e conduta assistencial saindo do modelo cartesiano tão presente sem fugir da base científica e em prol do bem-estar do binômio mãe-filho no processo do nascimento. Conclui-se então mais uma vez a observação do foco 3 da formação intervenção onde a práxis tem como meta transformar a assistência prestada no cenário onde se aplica a intervenção, conforme consta na figura 1 a seguir: 32 Figura 1 - Representação gráfica do processo formação-intervenção-avaliação da Implementação da massagem com aromaterapia durante o trabalho de parto na Maternidade Leide Morais. Natal, 2019 Fonte: Elaborada pela autora (2019). 33 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O movimento idealizado e desenvolvido para a intervenção acontecer necessitou de envolvimento da especializanda responsável pelo relatório ora apresentado mediante aporte teórico-prático iniciado no Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica – Rede Cegonha III. Pois, mediante as orientações repassadas, a exemplo do diagnóstico situacional, passou a existir a parceria da Universidade enquanto formação para o preparo da especializanda no contexto acadêmico e da intervenção escolhida para acontecer. Nesse caminhar, houve comunicação com os gestores da instituição cenário da intervenção bem como com as equipes multiprofissionais do serviço e dos campos de estágio das disciplinas práticas do CEEO III. Com isso, na atual conjuntura, tem sido modificado aos poucos a realidade assistencial do local e atuação, cenário da intervenção da especializanda condutora deste TCC. A capacitação acerca da prática da massagem com aromaterapia aconteceu de forma dinâmica e interativa, a parceria entre os gestores, profissionais da instituição, coordenadores do Curso CEEO III - Rede Cegonha e instrutoras do Curso foram primordiais para que todo o processo acontecesse. As discussões na sala do auditório foram enriquecedoras e trouxeram contribuições diversas ao grupo com debates, relatos de experiência, dúvidas, indagações e confirmações sobre os temas abordados. Foram tratados os temas durante o Curso relacionando-se com a prática dos estágios em sinergia com a revisão de literatura, o que chamou a atenção dos participantes, esta interação especializanda-público alvo proporcionou um enriquecimento de valor ao momento e uma valorização ás profissionais condutoras do Curso. O Curso de CEEO III – Rede Cegonha trouxe uma grande contribuição ao Hospital Maternidade Leide Morais por seus novos Enfermeiros Obstetras formados e capacitados para atuar em sala de pré-parto, parto e pós-parto. Trouxe um maior empoderamento ao enfermeiro para atuação com mais segurança, conhecimento e autonomia no trabalho de parto; a oferta de uma assistência mais qualificada e sustentada no saber acadêmico e literário, esta com ênfase na humanização da assistência e guiada pelas boas práticas do parto e nascimento e demais normas que preconiza o Ministério da Saúde e OMS, maior satisfação da usuária em todo o processo parturitivo e contribuição à enfermagem Obstétrica do Rio Grande do Norte como força inovadora e propulsora de mudanças de uma realidade tão carente e necessitada de renovação que é o parir e nascer no Brasil. 34 Diante do processo formação-intervenção estipulado como meio de realização do curso CEEO III, cabe ressaltar que os focos 1, 2 e 3 estiveram presentes desde o planejamento das ações até a execução das mesmas: aprendizagem teórica, prática, capacitação da equipe e execução de intervenção na unidade de atuação. 35 REFERÊNCIAS BRASIL. Casa Civil. Lei nº 11.108, de 7 de abril de 2005. Altera a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para garantir às parturientes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 971, de 03 de maio de 2006. Aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual de Implantação de Serviços de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política nacional de práticas integrativas e complementares no SUS: atitude de ampliação de acesso. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2015 BRASIL. Ministério da Saúde. 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