Arqu itetura em bambu, projeto para o Oceanário da APA C osta dos C orais Tácio Fernandes dos santos lima Volume I UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO AMBIENTE MESTRADO PROFISSIONAL TÁCIO FERNANDES DOS SANTOS LIMA ARQUITETURA EM BAMBU, PROJETO PARA O OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS Volume I Natal, setembro de 2020. TÁCIO FERNANDES DOS SANTOS LIMA ARQUITETURA EM BAMBU, PROJETO PARA O OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS Volume I Trabalho de conclusão submetido ao Mestrado Profissional em Arquitetura, Projeto e Meio- ambiente do Programa de Pós-graduação em Arquitetura Projeto e Meio-ambiente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob a forma de Projeto Arquitetônico e respectivo Relatório Técnico, como parte dos requisitos para a obtenção do título de mestre profissional. Orientadora: Profa. Dra. Edna Moura Pinto Coorientador: Profa. Dra. Maísa Fernandes Dutra Veloso Natal, setembro de 2020. AGRADECIMENTOS Agradeço e dedico este trabalho às seguintes pessoas e seres: Aos meus pais, que tanto amo, e que sem eles essa obra e a grande jornada de me mudar para outro estado, recomeçar e reinventar minha vida para desenvolver esse trabalho, não seria possível. Agradeço à minha mãe, Ivoneide, e ao meu pai, Fernando, por todo carinho, apoio e sacrifício que fizeram para possibilitar essa realização. À minha irmã querida, Mayra, que sempre tinha uma palavra de sabedoria nos momentos difíceis e me apoiou de diversas formas. Aos meus tios que foram meus segundos pais, que sempre me apoiaram, acreditaram em mim e em minha capacidade, toda minha gratidão! Em especial: Tia Lena, Franklin, Zara, Fabio, Rosangela e socorro. À minha amiga e irmã, Sabrinny, que foi um verdadeiro presente que ganhei em minha vida, companheira de gargalhadas, trabalhos e noites sem dormir, me apoiando e motivando nos momentos mais decisivos e especiais. Ao meu grande orientador de “bastidor”, prof. Dr. Aldomar Pedrini, que sempre me auxiliou nos momentos mais relevantes, colocando literalmente a “mão na massa” nas atividades práticas necessárias para desenvolver este trabalho, e dando todo aporte técnico para que fossem realizadas com sucesso. À toda equipe da Eco vila Pau Brasil, Pedro, Carlos, Jayne, Anderson e a escola agrícola de Jundiaí que forneceram os bambus para as oficinais e experimentos. À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Projeto e Meio Ambiente, e ao corpo docente do Curso, pelo cuidado, atenção e sensibilidade para com todos. Ao Prof. Dr. Heitor de Andrade, pelo entusiasmo, assistência e sábios conselhos. À minha orientadora, Profa. Dra. Edna Moura, pelo paciente trabalho oferecido na forma de orientações, revisões, suportes e incentivos para a elaboração deste trabalho. À minha coorientadora Profa. Dra. Maísa Veloso, pelas orientações e revisões essenciais para o aperfeiçoamento deste trabalho. Ao Vale do Amanhecer, em especial ao Pai Sete Branca, ao Pai João, e demais mentores de luz, que direta ou indiretamente me guiaram e intuíram em todos os momentos precisos da minha vida. E a todos que de uma forma ou de outra ajudaram e acreditaram neste trabalho, o meu afetuoso muito obrigado! RESUMO Este trabalho de conclusão de mestrado profissional consiste na elaboração de um anteprojeto arquitetônico para um oceanário de uso sócio educativo destinado a promover a APA (Área de preservação ambiental) Costa dos Corais com ênfase na arquitetura em bambu e seu sistema estrutural. Este documento é composto por um relatório técnico e um projeto arquitetônico. Foi desenvolvido com o objetivo de entender e projetar uma edificação tropical em bambu (Guadua angustifolia), tendo em vista o negativo impacto ambiental que os materiais industrializados (também chamados de convencionais) causam no meio ambiente e diante da urgência cada vez maior de se buscar uma arquitetura mais sustentável e em harmonia com a natureza. Para desenvolver a proposta arquitetônica, foi inicialmente realizado uma revisão teórico-conceitual sobre o tema, por meio de pesquisa bibliográfica e estudos de referências projetuais precedentes e correlatos; em seguida, foi desenvolvida a programação arquitetônica, com definição de dilemas e metas do projeto. A partir dessa base, e com o auxílio das disciplinas do curso, o processo projetual foi desenvolvido e mapeado, por meio de registro em meios analógicos e digitais, desde as etapas iniciais de estudos de condicionantes, concepção e desenvolvimento do partido arquitetônico. O trabalho procurou estudar estratégias arquitetônicas para maximizar as propriedades mecânicas do bambu e o conforto térmico na edificação. Como resultado dos estudos e simulações realizados, chegou-se a uma proposta que se desenvolve em pórticos com arcos ogivais internos que sustentam uma grande coberta de fibra de piaçava, sob a qual se desenvolve o oceanário. O projeto tira partido das condicionantes climáticas da região a seu favor, traduzindo as características de uma arquitetura em bambu, que se implanta harmoniosamente ao ambiente tropical quente e húmido. Palavras-chave: Projeto arquitetônico, Oceanário; Bambu; Guadua angustifolia. ABSTRACT This professional master's degree project consists of the elaboration of an architectural project for an oceanarium for socio-educational use, aimed at promoting an ECA (Environmental Conservation Area) Costa dos Corais with an emphasis on bamboo architecture and its structural system. This document consists of a technical report and an architectural project. It was developed with the objective of understanding and designing a tropical building in bamboo (Guadua angustifolia), in view of the negative environmental impact that industrialized materials (also called conventional materials) cause in the environment and in view of the increasing urgency to seek a more sustainable architecture and in harmony with nature. In order to develop an architectural proposal, a theoretical-conceptual review on the theme was devised through bibliographic research and studies of previous and related design references; then, the architectural programming was developed with definition of dilemmas and goals of the project. From this base, and with the support of the course subjects, the design process was developed and mapped, via registration in analog and digital media from the initial stages of studies of constraints, design and development of the architectural party. The work aimed at studying the architectural environment to maximize the mechanical properties of bamboo and thermal comfort in the building. As a result of the studies and simulations carried out, a proposal was reached in entrance porches with internal pointed arches that support a large covering of piassava fiber, under which the oceanarium was conceived. The project takes advantage of the climatic conditions of the region using it in its favor, translating the characteristics of a bamboo architecture, which is harmoniously implanted in the hot and humid tropical environment. Keywords: Architectural project, Oceanarium; tropic architecture; Bamboo; Guadua angustifolia. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Cabana primitiva e sua evolução com diferentes tipologias. ................................. 17 Figura 2: Antiga casa chinesa em bambu a direita um antigo gazebo com telhas em bambu. ............................................................................................................................................ 18 Figura 3: Casas Toranjas na indonésia com telhado em bambu ......................................... 18 Figura 4: Cabanas tradicionais védicas................................................................................ 19 Figura 5: Ponte de pedestres de bambu Jenny Garzon. ...................................................... 20 Figura 6: Distribuição geográfica do bambu. ........................................................................ 21 Figura 7: Tipos de sistema radicular do bambu. ................................................................... 22 Figura 8: Foto montagem bambu Guadua plantado e colmos beneficiados prontos para uso. ............................................................................................................................................ 24 Figura 9: Tipos de entalhes mais utilizados. ........................................................................ 26 Figura 10: Método do corte do bambu em canas, mais finas. .............................................. 26 Figura 11: Possiblidades de conexões dos colmos do bambu na criação de pórticos e tesouras. .............................................................................................................................. 27 Figura 12: Painel de guincha, com tiras verticais e tiras horizontais. .................................... 28 Figura 13: Parede de bambu do arquiteto japonês Kengo Kuma. ........................................ 29 Figura 14: Processo de confecção do mockup da coberta de piaçava. ................................ 30 Figura 15: A- imagem térmica do mockup e telhas usadas para comparação B- Fofo padrão ............................................................................................................................................ 32 Figura 16: representação gráfica do processo de projeto. ................................................... 33 Figura 17: Foto aérea do oceanário de Aracaju ................................................................... 37 Figura 18 : Croqui de estudo do corte transversal do Oceanário de Aracaju ........................ 38 Figura 19: Croqui de estudo do sistema estrutural do oceanário de Aracaju ........................ 38 Figura 20: Croqui da implantação do oceanário de Aracaju ................................................. 39 Figura 21: imagem de satélite da implantação do oceanário de Aracaju .............................. 39 Figura 22: Maquete virtual do projeto de arquitetura do PRO TAMAR de Aracaju. .............. 40 Figura 23:compilação de fotos atuais do oceanário. ............................................................ 41 Figura 24: Croquis da implantação, fachada e arco estrutural do restaurante ...................... 42 Figura 25: Foto aérea do restaurante ................................................................................... 43 Figura 26: Montagem de fotos internas e externas do restaurante Sundy praia. .................. 43 Figura 27 : Foto da fachada leste do templo sem religião. ................................................... 44 Figura 28: Entrada principal, fachada oeste, do templo sem religião. .................................. 45 Figura 29: Foto interna do templo sem religião. ................................................................... 45 Figura 30: Croqui de estudo do templo feito por Simon Veles .............................................. 46 Figura 31: Áreas dos parques de Chacel em destaque a área da Gleba E do Parque Mello Barreto. ................................................................................................................................ 46 Figura:32 Vista aérea da Gleba E antes do início do processo de ecogênese. .................... 47 Figura 33: Corte da implantação do parque da Gleba E. ..................................................... 48 Figura 34: Planta baixa da implantação do parque da Gleba E. ........................................... 49 Figura 35: Foto montagem de imagens de da área de intervenção...................................... 52 Figura 36: Foto montagem de imagem de satélite do perímetro, do terreno da CEPENE e do terreno de implantação do oceanário em amarelo e em vermelho o parque do forte. .......... 53 Figura 37: Mapa de zoneamento de usos das edificações da região de implantação do oceanário. ............................................................................................................................ 53 Figura 38: Vetorização feita sobre imagens de satélite dos maciços vegetais da área de intervenção. ......................................................................................................................... 54 Figura 39: Análise da ventilação nos horários de 8h às 12h durante o ano para a cidade de Recife .................................................................................................................................. 56 Figura 40: Análise da ventilação nos horários de 12h às 18h durante o ano para a cidade de Recife .................................................................................................................................. 56 Figura 41: Carta psicrométrica de Recife-PE, das 8h da manhã até as 18hs da tarde, em todo ano. .............................................................................................................................. 57 Figura 42: Zoneamento Bioclimático brasileiro ..................................................................... 58 Figura 43: Mapa de zoneamento de Tamandaré, em violeta AEIPEC. ................................ 59 Figura 44: Organograma preliminar. .................................................................................... 62 Figura 45: Croquis de planta baixa e corte derivados do organograma................................ 63 Figura 46: Mural de imagens usadas para inspiração projetual sobre a fauna marinha. ...... 64 Figura 47: Estudo de comportamento estrutural de arco pleno e arco parabólico. ............. 65 Figura 48: Foto montagem de arranjo de conchas para estudo da forma da coberta ........... 66 Figura 49: Croquis inicias da coberta derivados dos estudos de arranjos da conchas ........ 67 Figura 50: Croquis iniciais da coberta para o oceanário. ...................................................... 67 Figura 51: Form Finding de estudo da coberta através do software Revit. ........................... 68 Figura 52: Primeira planta baixa elaborada em nível de estudo preliminar. ......................... 69 Figura 53: Fachada norte com corte dos espelhos d’água escalonado e acesso principal. . 70 Figura 54: Fotos da maquete de estudo e concepção. ......................................................... 71 Figura 55: Segunda proposta estrutural em arcos ogivais com dois tipos de lanternis ......... 72 Figura 56: Croqui da fachada Norte com uso de lanternim. ................................................. 72 Figura 57: Primeira modelagem em maquete virtual. ........................................................... 73 Figura 58: Corte esquemático da sala de projeção imersiva. ............................................... 73 Figura 59: Arco primário (em amarelo) e sua relação com o retângulo de ouro. .................. 74 Figura 60: Planta Baixa atual do oceanário da APA Costa dos Corais. ................................ 75 Figura 61: Corte transversal da proposta atual do oceanário da APA Costa dos Corais. ..... 76 Figura 62:Planta de locação e coberta atual do oceanário da APA Costa dos Corais. ......... 76 Figura 63: Fachada sul e perspectiva da segunda proposta projetual para o Oceanário da APA Costa dos Corais. ........................................................................................................ 77 Figura 64: Processo para construção de um pendural em bambu. ...................................... 78 Figura 65: Planta de locação e coberta e planta de coberta................................................. 80 Figura 66: Estudos em cortes para pórtico ogival. ............................................................... 81 Figura 67: A- Fachada norte e sul, B- Acesso principal com totem e placa informativa. ....... 82 Figura 68: Fachada Oeste e fachada leste .......................................................................... 83 Figura 69: Detalhe estrutural do pórtico, cumeeira. .............................................................. 84 Figura 70: Detalhe estrutural do pórtico, interface do pilar reto com viga inclinada. ............. 85 Figura 71: Detalhe estrutural do pórtico, interface do pilar inclinado com a viga. ................. 85 Figura 72: Detalhe estrutural do pórtico- interface entre pilares de bambu com fundação em concreto. .............................................................................................................................. 86 Figura 73: Detalhe estrutural do pórtico, interface entre viga e mansarda. ........................... 86 Figura 74: A- Planta Baixa, B- Fachada sul. ........................................................................ 87 Figura 75: Corte transversal do anexo técnico administrativo .............................................. 87 Figura 76 : A- Instalação de Telhado verde leve na sede da Ebiobambu. B- Esquema de telhado verde leve sob telha de fibrocimento. ...................................................................... 88 Figura 77: Planta de situação com zoneamento e delimitação da trilha da restinga conectando o forte com o oceanário. ................................................................................... 89 Figura 78: Simulação da pressão nas superfícies do edifício ............................................... 90 Figura 79 : Simulação da pressão nas superfícies do edifício com túnel de vento vertical. .. 91 Figura 80: Simulação da ventilação cruzando o edifício ....................................................... 91 Figura 81: Simulação da ventilação túnel de vento em plano horizontal mostrando a diferença de pressão entre as fachadas do edifício em amarelo e verde as áreas de maior pressão. ............................................................................................................................... 92 Figura 82: Estudo da insolação na varanda da fachada norte do edifício............................. 93 Figura 83: Estudo da insolação na varanda da fachada sul do edifício. ............................... 93 Figura 84: Estudo da insolação na fachada oeste do edifício. .............................................. 94 Figura 85: Estudo da insolação na fachada Oeste do edifício com aplicação de segunda água interna. ........................................................................................................................ 95 Figura 86: Estudo da insolação na fachada Leste do edifício. .............................................. 95 Figura 87: Estudo da insolação na fachada Leste do edifício. .............................................. 96 Figura 88: Estudo final da insolação na fachada Leste do edifício. ...................................... 97 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Relação entre a resistência à tração e o peso específico. .................................... 25 Tabela 2: Relação entre a energia de produção por unidade de tensão. ............................. 25 Tabela 3 : Compilação dos dados obtidos durante o estudo do desempenho térmico da piaçava ................................................................................................................................ 31 Tabela 7: Programa arquitetônico e suas respectivas áreas. .............................................. 61 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Quadro síntese elaborado durante o curso. ........................................................ 13 Quadro 2: Dilemas e metas projetuais ................................................................................. 34 Quadro 3: Relação dos projetos estudados para referência projetual .................................. 36 Quadro 4: Síntese das contribuições das referências projetuais .......................................... 50 LISTA DE SIGLAS APA - Área de Preservação Ambiental CEPENE - Centro de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade EMPETUR - Empresa de Turismo de Pernambuco PROTAMAR - Projeto Tartaruga Marinha SUMÁRIO Volume I 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10 1.1 Procedimentos Metodológicos ................................................................... 12 1.2 Estrutura do relatório .................................................................................. 14 2 REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL ................................................................... 15 2.1 Estratégias bioclimáticas para o clima tropical quente e úmido ............. 15 2.2 A arquitetura em bambu ............................................................................. 16 2.3 O bambu ....................................................................................................... 20 2.3.1 O Guadua angustifolia ................................................................................. 23 2.3.2 Tecnologia construtiva com bambu ............................................................ 24 2.3.3 Principais propriedades do material ........................................................... 25 2.4 Das vedações verticais com bambu .......................................................... 27 2.4.1 Taipa de mão ................................................................................................. 27 2.4.2 Paredes em colmos de bambu .................................................................... 28 2.5 Dos revestimentos da coberta na arquitetura em clima tropical quente e úmido 29 2.5.1 Piaçava Attalea funifera ............................................................................... 30 2.5.2 Estudo de desempenho térmico da piaçava ............................................... 30 2.6 Sobre processos de projeto ....................................................................... 33 3 ESTUDOS DE REFERÊNCIA ...................................................................................... 35 3.1 Oceanário de Aracaju /PROTAMAR (referência direta, regional temática e de programa) ........................................................................................................... 36 3.2 Restaurante do Sundy praia, São Tomé e Príncipe (referência indireta, internacional e de detalhe construtivo) ............................................................ 41 3.3 Templo sem religião, Cartagena, Colômbia (referência indireta internacional, de detalhes construtivos) ....................................................................................... 44 3.4 Parque da Gleba E, Rio de Janeiro (referência indireta, nacional temática) 46 3.5 Síntese dos estudos .................................................................................... 49 4 CONDICIONANTES PROJETUAIS .............................................................................. 51 4.1 A área e o terreno/local de intervenção ..................................................... 51 4.2 O CEPENE - Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste .......................................................................................... 51 4.3 Aspectos físicos e ambientais .................................................................... 54 4.4 Clima ............................................................................................................ 55 4.5 Aspectos legais ........................................................................................... 58 4.6 A definição do problema e o público alvo ................................................. 60 4.7 Programa arquitetônico e o seu dimensionamento .................................. 61 5 CONCEPÇÃO PROJETUAL ........................................................................................ 64 5.1 O desenvolvimento do conceito e a definição do partido ........................ 64 5.2 A coberta e seu deselvolvimento ............................................................... 66 5.3 A segunda proposta projetual .................................................................... 73 5.4 Experiência empírica de costrução com bambu ....................................... 77 6 PROJETO FINAL ......................................................................................................... 79 6.1 Planta baixa do oceanário .......................................................................... 79 6.2 Sistema estrutural e pórticos ..................................................................... 80 6.3 Detalhes construtivos ................................................................................. 83 6.4 Anexo técnico administrativo ..................................................................... 86 6.5 O paisaigismo e a conexão com o Forte de Tamadaré ............................. 88 6.6 Estudos volumétricos e simulações iniciais do edifício .......................... 89 6.7 Estudo de insolação .................................................................................... 92 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 98 8 REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 100 1 INTRODUÇÃO A Área de Preservação Ambiental (APA) Costa dos Corais é a maior área de preservação ambiental marinha do Brasil, possuindo mais de 400.000 ha e cerca de 120 km de praia e mangue (ICMBIO, 2013). A APA Costa dos Corais abrange também diversos municípios dos estados de Pernambuco e Alagoas, possuindo grande importância tanto socioambiental como econômica, pois protege áreas de praia mangue e mar. Seu propósito principal é garantir o uso sustentável da região (ICMBIO, 2013). Os dados da EMPETUR (2007) demonstram que há um imenso fluxo de turismo de sol e mar em toda a sua extensão, principalmente nos períodos de férias e verão, quando a população dos municípios costeiros chega a dobrar. Contudo, há um desconhecimento geral da população a respeito da APA e sua importância para a região. Verifica-se também a falta de estrutura, necessária para receber e abrigar os animais marinhos, que corriqueiramente precisam de amparo e tratamento, a exemplo das tartarugas, que quando resgatadas precisam ser levadas para centros distantes, como o Projeto TAMAR, localizado em Aracajú (SE). Este longo percurso se torna estressante para o animal, agravando seu quadro e podendo levar a morte. Devem se somadas também as deficiências e precariedades físicas, como ausência de equipamento público para promover a educação ambiental de seus visitantes ou expor suas riquezas naturais como estratégia didática de conscientização ecológica. O objeto de estudo é a aplicação do bambu (Guadua angustifolia), em uma construção litorânea. O objetivo geral do trabalho é a elaboração de um projeto arquitetônico de um edifício para abrigar o oceanário da APA Costa dos Corais, com referências na arquitetura tropical e explorando as possibilidades construtivas do bambu (Guadua angustifolia) em seu sistema estrutural. Desta forma, se classificam como objetivos específicos: • Aplicar o bambu no sistema estrutural da coberta, vedações verticais e revestimentos. • Projetar espaços adequados a exposição de animais marinhos relacionados à educação ambiental e visitação, dando suporte também para atividades voltadas a preservação desses animais 11 • Utilizar a fibra de piaçava como principal material da coberta, investigando também o seu desempenho térmico. • Projetar uma edificação que se aproprie das condicionantes climáticas, se beneficiando ao máximo das estratégias de ventilação passiva. O projeto para o oceanário pretende atender a necessidade do município de Tamandaré (PE) e municípios vizinhos de um equipamento público de qualidade, planejado com a infraestrutura necessária para promover a educação ambiental, sensibilizando também os visitantes da importância da preservação desse habitat, garantindo maior visibilidade e funcionando como uma vitrine de suas riquezas naturais. O projeto atenderia também a demanda da região de acolher os animais marinhos que necessitam de reabilitação ou algum tipo de tratamento, dando suporte ao projeto TAMAR num sistema de parceria. A área de intervenção está situada à beira mar no município de Tamandaré (PE), que de acordo com MANSO (2000), pela classificação climática de Köppen1, possui clima tipo Mas’ tropical litorâneo quente e úmido, com chuvas de moções durante quase todo o ano, com estação seca bem definida e relativamente curta que ocorre no outono. Assim, um projeto com tipologia praieira e tropical se apresenta como partido mais adequado para o projeto arquitetônico, pois se concilia às condições climáticas e paisagísticas do lugar. Considerando que o terreno margeia a APA Costa dos Corais, o projeto deve prezar pelo baixo impacto ambiental e dialogar harmonicamente com a paisagem. Nesse contexto, o bambu, por suas características ecológicas, se mostrou como material mais adequado, especialmente para o sistema estrutural da edificação. Além disso, este material possui muita versatilidade, que permite também sua utilização nas vedações verticais e revestimentos. O bambu pode ser facilmente cultivado em toda região do município de Tamandaré (PE) e seus arredores. O bambu possui grande resistência a tração e compressão (paralelas a fibra), sendo em muitos casos um excelente substituto do concreto e aço. Sua escolha como material predominante reduziria consideravelmente 1 Classificação climática de Köppen-Geiger, mais conhecida por classificação climática de Köppen, é o sistema de classificação global dos tipos climáticos mais utilizada em geografia, climatologia e ecologia. 12 o impacto negativo da construção no local. Ademais, como já mencionado, possui grande versatilidade, e sua plástica está comumente relacionada a arquitetura tropical praieira, sendo amplamente utilizado na construção civil dos países asiáticos, como na China e Taiwan com a espécie Dendrocalamus giganteus, e na Colômbia com a espécie Guadua bambu. Neste último, com destaque a produção de Simon Velez, que explora todo o potencial desse material. Contudo, no Brasil, e principalmente no Nordeste, seu uso ainda é muito limitado. Com isso, pretende-se que este relatório técnico possa ajudar a expor as qualidades e benefícios do uso do bambu, bem como incentivar o uso desse material em sistemas estruturais, servindo como referência para projetos similares na região. 1.1 Procedimentos Metodológicos Os procedimentos metodológicos consistiram numa busca de conhecimento dos temas/eixos considerados mais pertinentes à natureza da proposta, como: arquitetura tropical; tecnologia construtiva do bambu; oceanário; projetos de referência com afinidades funcionais, técnicas e/ou estéticas com os referidos temas. Desse modo foi feita uma pesquisa bibliográfica, abordando o bambu enquanto matéria prima, os sistemas estruturais e construções em bambu, juntamente com pesquisa sobre estratégias bioclimáticas para o clima tropical quente e húmido. Em paralelo as pesquisas literárias, registra-se o conhecimento empírico adquirido através do aprofundamento das práticas em construção em bambu por meio de curso eletivo; e estudo acerca do desempenho térmico da fibra da piaçava como material de coberta através da elaboração de um mockup e aferições de temperatura ao logo do dia. Em seguida foram identificados projetos para o referencial projetual no Brasil e no mundo. Para análise das referências projetuais, foi utilizando também o método baseado em Unwin (2014)2, feita através da elaboração de redesenhos em sketchbook, e maquetes eletrônicas com uso de software de modelagem e/ou maquete física. Foi elaborada uma pesquisa documental sobre a legislação específica da APA Costa dos Corais, como o Plano de manejo Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, aprovado pela portaria ICMBIO nº 144, de 1º de fevereiro de 2013. E para o 2 (UNWIN,2014) A obra A Análise da Arquitetura Simon Unwin explora elementos e conceitos de projeto. Mostrando como que as edificações são um resultado da interação entre as pessoas e o mundo que as cerca, e revela as abordagens de organização que estão por trás das aparências superficiais das edificações. 13 município de Tamandaré (PE), a Lei de Uso e Ocupação do Solo (Lei nº 188/2002), o Código de Obras (Lei nº 187/2002), e o Plano Diretor do munícipio (Lei n°184/2002), com o intuito de garantir a viabilidade e as condicionantes legais do projeto. Por fim, foram estreitados os laços de comunicação com o projeto TAMAR em Aracaju (SE), e com a prefeitura de Tamandaré (PE), para realização de visitas técnicas, conversas com os gestores e corpo técnico. Esses procedimentos foram sintetisados em um quadro elaborado durante o curso de Mestrado Profissional (Quadro1), sintetizando as principais atividades durante o curso, direcionando os processos metodológicos e ferramentas a serem utilizadas. Quadro 1: Quadro síntese elaborado durante o curso. Fonte: Elaborado pelo autor, 2018. 14 1.2 Estrutura do relatório No capítulo 1, a introdução apresenta uma síntese da problemática, que culminou na proposta projetual desse trabalho, e sua justificativa, que busca explicar sua implantação em Tamandaré (PE). Em seguida são mostrados os procedimentos metodológicos, que foram necessários para organização e desenvolvimento desta proposta projetual. No capítulo 2 é abordado o referencial teórico e conceitual da proposta, com explanação do tema, conceituação da arquitetura tropical e suas principais características. Destacando o bambu e as tecnologias construtivas características desse material e tecnologias afins, como cobertas de fibra natural, e paredes de taipa. Dando continuidade, abordou-se métodos de avaliação do desempenho da coberta de fibra de piaçava em seguida é feita uma abordagem sobre processos de projeto e sua aplicação na proposta projetual. O capítulo 3 apresenta as análises e síntese das referências projetuais estudadas para a elaboração da proposta arquitetônica deste trabalho. No capítulo 4 são abordados os condicionantes projetuais, expondo as características geográficas e climáticas da região de Tamandaré (PE) e seus aspectos legais. Além disso, apresenta a problemática, e define as particularidades que fundamentam a proposta projetual como: público-alvo, programa arquitetônico e dimensionamento. O capítulo 5 aborda o processo de concepção projetual, explicando como foi definido o partido e conceito. Relata também os aspectos específicos do processo de projeto onde são estudadas as soluções para a coberta e detalhes estruturais. Dando continuidade, são feitos estudos de paisagismo, com o objetivo de promover a conexão com o forte de Tamandaré (PE). Por fim, são expostas as simulações e estudos volumétricos iniciais do edifício com análise da ventilação e insolação nas faces do edifício. Finalizando, o capítulo 6 faz uma explanação sobre o processo do projeto arquitetônico desenvolvido para um oceanário, suas etapas até o produto final e considerações finais. O último capítulo apresenta as referências literárias, seguindo para o apêndice e representação gráfica do projeto arquitetônico. 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL E EMPÍRICO Este relatório técnico científico foi fundamentado na pesquisa de revisão bibliográfica acerca dos temas/eixos considerados mais pertinentes à natureza da proposta, como a arquitetura em bambu, tecnologia construtiva do bambu, oceanário e projetos de referência que tivessem afinidades funcionais, técnicas e/ou estéticas com os referidos temas. Bem como estudos de projetos arquitetônicos de referência no Brasil e no mundo e pesquisa documental acerca da legislação em vigor na área de intervenção. Além disso, abordou-se métodos de avaliação do desempenho da coberta de fibra de piaçava para posteriormente analisar os resultados através de simulações. É apresentada uma descrição sucinta dos softwares empregados nessas simulações. E por fim, realizada uma discussão sobre as contribuições desse referencial teórico- conceitual e empírico. 2.1 Estratégias bioclimáticas para o clima tropical quente e úmido As estratégias bioclimáticas adotadas para o projeto do oceanário foram baseadas no resultado do estudo e análise do clima e da área de intervenção do terreno situada à beira mar no município de Tamandaré (PE). De acordo com Rita (2014) estas características climáticas resultam nas estratégias arquitetônicas a seguir: proteção da insolação e das águas das chuvas através de uma coberta opaca e impermeável, com sombreamento das paredes exteriores através de: beirais salientes, varandas, brises, pérgolas, entre outros elementos filtrantes da luz solar; utilização de dispositivos simples de ventilação passiva como sheds, lanternins, mansardas e paredes vazadas; utilização da abundante flora tropical no perímetro da construção, que atua como reguladora da humidade e das altas temperaturas. A referência bibliográfica mais próxima para a região nordeste do Brasil acerca do tema está na obra O Roteiro para Construir no Nordeste, de Holanda (1974), onde o arquiteto, após 8 anos de trabalho na região, traz uma série de recomendações para projetar neste tipo de clima, sintetizadas a seguir: “Criar uma sombra, recuar as paredes, vazar os muros, proteger as janelas, abrir as portas, continuar os espaços, construir com pouco, conviver com a natureza e construir frondoso”. (HOLANDA, 1974.p.8). 16 No quesito ventilação, Lamberts (1997), fomenta que no ato de projetar, o edifício deve explorar sua forma e a orientação da edificação usando sua exposição e as brisas do verão, orientando de forma a tirar melhor partido das condicionantes climáticas da região. A ventilação corresponde a uma estratégia de resfriamento natural do ambiente construído através da substituição do ar interno (mais quente) pelo externo (mais frio). As soluções arquitetônicas comumente utilizadas são: ventilação cruzada, ventilação da cobertura e ventilação do piso sob a edificação, como também a ventilação vertical. O ar quente tende a se acumular na parte mais elevada da edificação, assim a retirada deste ar quente, por aberturas em diferentes níveis, pode criar um fluxo de ar favorecendo o conforto térmico. 2.2 A arquitetura em bambu Assim como madeira, pedra, adobe e outros materiais naturais, o bambu é utilizado pelo homem na construção desde os primórdios da humanidade. Segundo Pope (1989 apud Lopez, 2003, p. 395), há evidências que sugerem que o bambu foi utilizado pelo Homo erectus no Sudeste da Ásia, um milhão de anos atrás, sendo o primeiro hominídeo a usar o bambu para construção. O sistema construtivo em bambu se desenvolveu principalmente nas regiões temperadas e tropicais húmidas onde se encontram a maior diversidade de espécies, assim como os bambus de maior porte. Sua evolução iniciou a partir da construção das cabanas primitivas (Figura 1), que possuíam forma cônica com varas de bambu dispostas em sentido radial apoiadas em um pórtico de madeira interno sustentando a coberta, que eram revestidas por fibra natural e/ou adobe de acordo com a disponibilidade. Esse sistema foi a base para a evolução da técnica construtiva em bambu na Ásia. Com o passar do tempo a base circular foi se achatando até se tornar retangular e o piso foi se elevando do chão e a cabana ganhou pilotis. 17 Figura 1: Cabana primitiva e sua evolução com diferentes tipologias. Fonte: LOPEZ (2003) adaptado pelo autor. De acordo com Lopez (2003), devido à baixa durabilidade da maioria das espécies gigantes de bambu do Sudeste da Ásia, a maioria dos países desta área não utiliza o bambu para a construção da estrutura principal de suas casas. Desta forma, é bastante utilizado para a construção do telhado sendo transformado em tramas e esteiras usadas em paredes internas e externas. Na China, era utilizado na estrutura, incluindo o telhado e paredes, embora em muitos casos as paredes fossem feitas de adobe reforçado com pequenos colmos de bambu ou tijolo. No entanto, no passado, o material mais utilizado em toda a construção das casas era o bambu, inclusive as telhas (Figura 2). Hoje, a cumeeira e as telhas de bambu foram substituídas por cerâmica que simulam os colmos de bambu em forma de meia cana. 18 Figura 2: Antiga casa chinesa em bambu a direita um antigo gazebo com telhas em bambu. Fonte: Lopez (2003) adaptado pelo autor. Na maioria dos países e ilhas do Sudeste Asiático, a estrutura principal dos edifícios e casas são construídas com madeira, e o bambu é usado apenas na construção de telhados, paredes internas e externas, como é o caso das casas Toranjas, que são construídas com grandes frontões pendentes à frente e atrás, retratando simbolicamente a ligação do povo com o mar transcrito na forma da coberta como barcos de pesca. As empenas são frequentemente apoiadas em uma série de treliças de bambu, ligados por um membro diagonal em cada frontão também de bambu ou madeira (Figura 3). Figura 3: Casas Toranjas na indonésia com telhado em bambu Fonte: 1 e 2- Lopez (2003), adaptado pelo autor; 3- www.flickr.com/photos/30120194@N02/5954095426; 4 e 5- commons.wikimedia.org/wiki/File:Toraja_house.jpg. Na Índia, os primeiros registros de construções em bambu remontam da era 19 védica, um período de fusão de diferentes culturas e tradições. Segundo Lopez (2003), começou com a grande migração índio-ariana (no final do segundo milênio a.C). Os arianos, ao se estabelecerem nas planícies da Índia, se tornaram parcialmente pastorais e parcialmente agrícolas, tendo como habitações cabanas em arcos ogivais. Nessas cabanas, o bambu preenchia e estruturava as paredes, e sustentava a coberta em forma de vigas e caibros, sendo revestida de adobe e/ ou palha (Figura 4). A partir dessas casas de bambu rudimentares iniciou-se o desenvolvimento da tecnologia de construção com bambu, que formou as raízes da arquitetura indiana. Figura 4: Cabanas tradicionais védicas. Fonte: LOPEZ (2003) adaptado pelo autor. Os arcos foram se alongando, e por sua vez, gerando novos tipos de telhados e cúpulas, como a cúpula lotus, totalmente estrutura em bambu, inclusive nos travamentos internos, fortemente presente na arquitetura indiana, como no Taj Mahal, localizado em Agra, na Índia. Na atual Colômbia e parte da América do Sul, de acordo com Lopez (2003), os indígenas dominavam a tecnologia de construção em bambu principalmente para abrigos. Essa espécie é considerada uma das melhores para construção civil, e foi naturalmente incorporado a arquitetura colonial pelos espanhóis, na qual sua tecnologia construtiva foi aperfeiçoada, sendo utilizada na estruturação de diversas 20 casas do sítio histórico de Bogotá. O Bambu era utilizado tanto em casarões de alto padrão quanto em casas mais simples na periferia da cidade, contudo, com o tempo o bambu foi sendo substituído por alvenaria e perdeu prestígio, associado- se a pobreza. No bioma amazônico, o bambu Guadua angustifolia é abundante e de fácil obtenção. Contemporaneamente nas obras do arquiteto Simon Velez, o bambu vem retomando o prestígio na região, sendo usado como material de destaque em projetos de casas de alto padrão, edifícios institucionais e pontes, construídos na Colômbia e no exterior. O arquiteto desenvolveu diversas tecnologias de junções e soluções estruturais com o Guadua angustifolia (Figura 5). Figura 5: Ponte de pedestres de bambu Jenny Garzon. Fonte: http://www.simonvelez.net/ 2.3 O bambu A proposta de projeto para o oceanário prevê o uso de matérias primas naturais. Entre as ofertas de material, o bambu foi tomado como uma possibilidade viável de construção e menos agressiva ao meio ambiente natural. Para isto, foi necessário realizar uma pesquisa sobre as tecnologias pertinentes ao uso deste material. Além das tecnologias e normas, as referências projetuais foram importantes para verificar as variações de uso, como sistema construtivo (estrutural, coberta e vedação), mobiliário e artefatos em geral. Na pesquisa foi observado que as possibilidades utilitárias e plásticas do bambu são inúmeras. 21 De acordo com Lopez (2003), o bambu possui cerca de 50 gêneros e 1250 espécies que se distribuem naturalmente dos trópicos às regiões temperadas, tendo maior ocorrência nas zonas quentes e com chuvas abundantes das regiões tropicais e subtropicais da Ásia, África e América do Sul (Figura 6). Figura 6: Distribuição geográfica do bambu. Fonte: Lopez (2003), adaptado pelo autor. “O bambu é considerado uma gramínea gigante, classificado como Bambusae, e como a maioria dos vegetais é constituído por duas partes, uma aérea e outra subterrânea” (LOPEZ ,2003 p.32). A parte aérea do bambu é chamada de colmo, sendo normalmente oca. Já a parte subterrânea é formada por rizomas e raízes. Os colmos do bambu apresentam uma forma cilíndrica e são divididos internamente por nós transversais, que correspondem a nós externos, de onde brotam ramos, folhas e em algumas espécies, espinhos (Figura 7). Estes diafragmas internos conferem ao colmo maior rigidez, flexibilidade e resistência. (LOPEZ ,2003, p.6). 22 Figura 7: Tipos de sistema radicular do bambu. Fonte: Lopez (2003). Segundo Ghavami (2005), o colmo do bambu em qualquer espécie completa seu crescimento poucos meses após o surgimento do broto, alcançando sua altura máxima em torno de 30 dias, para as espécies pequenas, e no máximo de 180 dias para as espécies gigantes, e brotam anualmente na estação chuvosa. A partir de então, crescem cerca de 20 centímetros a 1 metro por dia, dependendo da espécie e das condições ambientais. Os colmos das espécies alastrantes crescem mais rapidamente que os colmos das espécies entouceirantes. De acordo com Ghavami (2017), os colmos de bambu são tubos troncocônicos com saliências onde se situam os nós. O diâmetro é maior na base que no topo. É justo que a natureza tenha assim criado os colmos: na parte basal, é que ocorrem as maiores solicitações devido à ação do vento, havendo necessidade de maior inércia. (..) A distância entre os nós chama-se internó, entrenó ou distância internodal. O vazio entre os diafragmas é a câmara internodal. Em Ghavami (2004), explica-se como esses colmos podem apresentar diferenças segundo cada espécie, em comprimento, espessura da parede, diâmetro, espaçamento dos nós e resistência. Em sua maioria são ocos, podendo-se encontrar algumas espécies com entrenós sólidos e outros com água no seu interior. O bambu é uma boa solução de sustentabilidade porque pode crescer em áreas que não são produtivas (por exemplo, de erosão e encostas); é uma planta de crescimento rápido (completando seu crescimento em poucos meses); e a sua estrutura de raiz permanece intacta após a colheita, gerando novos brotos. (VOGTLÄNDER, et al. 2010). 23 Em relação a madeira, o bambu possui um processo de renovação e crescimento bem mais rápido e uma grande capacidade de captura de gás carbônico (CO2) da atmosfera e de mantê-lo nos produtos manufaturados. Para Padovan (2010), o plantio do bambu possui ainda grandes potencialidades, com ciclo mais curto do que o da madeira; alta produtividade por hectare; rapidez de crescimento; baixo custo de plantio; facilidade de cultivo, com utilização de ferramentas simples para seu manuseio; e pode ainda auxiliar na revitalização de áreas degradadas e incrementar o sistema de reflorestamentos no Brasil, país que reúne grande quantidade de espécies nativas desta planta e clima propício para seu pleno desenvolvimento. Por possuir amido, o bambu geralmente está exposto ao ataque de micro- organismos e insetos, e sua durabilidade está diretamente ligada à forma de tratamento aplicada ao colmo e a destinação do seu uso. Há diversos métodos de tratamento do bambu que podem ser utilizados de acordo com as condições econômicas e estruturais do sistema de beneficiamento e produção tendo sempre como objetivo principal a redução da quantidade de seiva, amido interno e injeção de fungicidas e inseticida através de: • Cura ou maturação na mata. • Imersão em água, • Ação do fogo, • Ação de fumaça, • Métodos químicos com produtos oleosos, ou hidrossolúveis, • Tratamento sob pressão em autoclave ou Boucherie. 2.3.1 O Guadua angustifolia Segundo Ghavami (1990), o Guadua é um bambu gigante, entouceirante, porém com colmos distantes entre si por meio metro, em média. Caracteriza-se pela cor verde intensa e faixas brancas nos entrenós (Figura 8). Este é largamente utilizado para construções e acabamentos principalmente na Colômbia e países na faixa do equador. Ele apresenta espinhos, tem um diâmetro que varia entre 9 e 20 cm, e espessura média da parede do colmo de 1,8 cm. É encontrado geralmente em climas tropicais úmidos, onde seu crescimento diário pode ser de 12 cm e aos três meses de idade pode atingir 80% ou 90% da sua altura definitiva, que pode ser entre 18 a 24 m. 24 Figura 8: Foto montagem bambu Guadua plantado e colmos beneficiados prontos para uso. Fonte:www.bambusa.es/pt-pt/caracteristicas-do-bambu/bambu-guadua/, editado pelo autor. Como material estrutural, seu uso é estritamente diverso, principalmente quando se trata das conexões e interfaces entre si e com outros materiais. 2.3.2 Tecnologia construtiva com bambu De acordo com Freire (2003), se comparado ao concreto e ao aço, estudos mostram que a resistência à tração do bambu é elevada, podendo atingir até 370 Mpa, onde a razão entre a resistência à tração do bambu e sua massa específica é mais do que 2,34 vezes aquela obtida para o aço CA 50. Portanto, como elemento de tração, pode substituir o ferro em certas ocasiões, e a madeira, como estrutura de telhado ou em mobílias. Entre as diversas possibilidades de uso deste material, destacam-se: • Tiras: o bambu é aberto em várias tiras e pode ser usado como um tecido que cobre a construção. É fácil retirar essas tiras, pois as fibras do bambu ficam no sentido longitudinal. • Cordas: uma utilização singular do bambu, se comparado com a madeira, é seu uso como corda. Isto é possível de ser feito devido às fibras no sentido longitudinal dos colmos. • Colmos: substituto do aço onde é explorada a tensão e compressão do material. É importante, neste caso, ter uma boa triagem dos colmos já que os cálculos demandam precisão e é usada tecnologia mais avançada. • Estruturas engenhosas: usa-se parafuso e porca com argamassa para juntar os colmos. Com isso, é possível fazer estruturas tri dimensionais. • Bambu laminado: bambu laminado pode ser usado para substituir madeira em várias situações: pisos, painéis, moveis, forros, vigas, teto, entre outras possibilidades. 25 O bambu laminado é feito a partir de tiras de bambu prensadas e coladas. 2.3.3 Principais propriedades do material Foram estudadas as principais, propriedades mecânicas do bambu e comparadas a outros materiais, de uso mais constante (Tabela 1). Tabela 1: Relação entre a resistência à tração e o peso específico. MATERIAL RES.TRAÇÃO PESO ESPECÍFICO ƴ RESITÊNCIA R/RAÇO =1,00 σ t (N/mm²) (N/mm³.10-²) R= σ 2 t ɭ . ƴ 10 AÇO (CA50 A) 500 7,83 0,63 1,00 (ref,) BAMBU 140 0,8 1,75 2,77 ALUMINIO 304 2,7 1,13 1,79 FERRO FUNDIDO 281 7,20 0,39 0,62 Fonte: Freire (2003), adaptado pelo autor. A tabela 1, revela que embora a resistência à tração seja a menor entre os materiais comparados, sua leveza e a resistência alcançam uma vantagem significativa em sua aplicação. Já a tabela 2, demonstra a economia de energia possível deste material. Tal informação reforça o argumento de uso do bambu, uma vez que a recomendação de redução de demanda energética na construção é uma questão importante a ser atendida. Tabela 2: Relação entre a energia de produção por unidade de tensão. MATERIAL BAMBU MADEIRA CONCRETO AÇO MJ/m3/MPa 30 80 250 1.500 Fonte: Freire (2003), adaptado pelo autor. Devido à sua forma cilíndrica e oca não é possível empregar no bambu os mesmos sistemas de conexão que se utilizam para a madeira. A tendência que o bambu tem de rachar limita o uso de cravos ou pregos, nos encaixes. Por isso, as varas devem ser previamente perfuradas com uma broca de diâmetro ligeiramente menor que o parafuso a ser utilizado. O parafuso deve ser introduzido com leves 26 golpes de martelo. Assim diminuem-se as chances de produzir rachaduras nas varas. (LOPEZ, 1981, p.22). O bambu tem sido utilizado em construções ancestrais, a sua disponibilidade como matéria prima propiciou o desenvolvimento de técnicas de ligação, corte ou de encaixe apropriadas à sua natureza (Figura 9 e Figura 10). Figura 9: Tipos de entalhes mais utilizados. Fonte: Lopez, 2003. Figura 10: Método do corte do bambu em canas, mais finas. Fonte: Lopez, 2003. De acordo com Lopez (2003), as formas usuais de fixar as uniões são por meio de parafuso, arame galvanizado, cordões de náilon, ou outro tipo de fio durável, resistente, e até mesmo braçadeiras de metal. Em construções mais rústicas é comum o uso de cordões de fibra natural. Para proporcionar maior rigidez em elementos estruturais os colmos do bambu são conectados paralelamente em seções de dois ou mais colmos, o que aumenta as possibilidades de conexões e as resistências mecânicas dos elementos estruturais. A figura 11 mostra as possibilidades construtivas e de conexões do bambu na elaboração de um pórtico e de uma tesoura de um telhado, detalhando os conjuntos de colmos conectados e os entalhes das conexões nos nós estruturais. 27 Figura 11: Possiblidades de conexões dos colmos do bambu na criação de pórticos e tesouras. Fonte: Lopez (2003), adaptado pelo autor. 2.4 Das vedações verticais com bambu Os subitens a seguir tratam das vedações verticais que se utilizam do bambu. Há uma infinidade de técnicas e varrições que se apropriam desse material, entre muitas, podemos citar as seguintes: paredes de colmos inteiros, em tramas, em canas, em painéis; e paredes de taipa de bambu em guincha, laminado e hibridas. Destas, foram escolhidas para aprofundamento as técnicas construtivas mais tradicionais e de fácil execução, como a taipa de mão e as paredes de bambu em colmos. 2.4.1 Taipa de mão A taipa de mão, também conhecida como pau a pique, é uma tradicional técnica construtiva que consiste no entrelaçamento de madeiras verticais fixadas no solo, com vigas horizontais, geralmente de bambu, amarradas entre si por cipós, dando origem a um painel perfurado que, após preenchido com barro, transforma-se em uma parede. Esta técnica construtiva foi bastante utilizada no período colonial, e, dentre as técnicas em arquitetura que faz uso da terra é a mais utilizada, principalmente por dispensar materiais importados e industrializados. É também considerada ecologicamente sustentável, pois o barro não necessita de queima em sua confecção e pode ser executada com impacto mínimo no meio ambiente. Ao longo do tempo essa técnica foi sendo substituída pela alvenaria em tijolo cerâmico, principalmente por questões sanitárias, já que quando mal elaborada a parede se deteriora rapidamente apresentando grandes rachaduras, servindo de 28 abrigo para insetos da família dos triatomíneos, popularmente conhecidos como barbeiros, agentes transmissores do Trypanosoma cruzi, conhecida como doença de Chagas. Porém quando a técnica é bem elaborada, resulta em paredes resistentes, de bom acabamento e desempenho térmico. No município de Tamandaré (PE) ainda é possível encontrar exemplares de casas de taipa na zona rural. O painel de Guincha de bambu é uma técnica mais refinada utilizada na construção de paredes de taipa, ela cria uma base plana e mais uniforme, possibilitando melhor acomodação das camadas de barro, com melhor nivelamento e resistência. Nessa técnica o painel é preenchido por barro em camadas mais finas e seu acabamento é feito com uma mistura de cal e areia ou tinta. A moldura do painel em madeira ou bambu fica a mostra (Figura 12). Figura 12: Painel de guincha, com tiras verticais e tiras horizontais. Fonte: Lopez (2003), editada pelo autor. 2.4.2 Paredes em colmos de bambu O bambu também pode ser aplicado nas vedações verticais, em seu formato natural em colmos, formando painéis verticais ou horizontais. O espaçamento entre os colmos e o seu diâmetro podem variar de acordo com a finalidade e especificação do projeto, a versatilidade dessa técnica permite composições diversas de agradável resultado estético. Os colmos dispostos em sentido vertical paralelamente com espaçamento e alternados são utilizados principalmente para delimitar espaços internos e internos, permitindo permeabilidade visual (Figura 13). 29 Figura 13: Parede de bambu do arquiteto japonês Kengo Kuma. Fonte: noticias.bol.uol.com.br/entretenimento/2011/12/27/colecao-folha-apresenta-obra-do-arquiteto- japones-kengo-kuma.jhtm 2.5 Dos revestimentos da coberta na arquitetura em clima tropical quente e úmido Cobertas confeccionadas de matéria prima vegetal estão diretamente relacionadas a arquitetura tropical e são tradicionalmente utilizadas no Brasil, a exemplos dos telhados das ocas indígenas. Em construções contemporâneas, são encontradas em edificações litorâneas e quiosques por todo o país. Dentre as matérias primas mais utilizadas para a confecção dessas cobertas estão: • As fibras vegetais: Capim-sapê, piaçava, Palha de coqueiro e de palmeiras diversas. • Madeira: Pinus, eucalipto e Guajará. • Bambu: Colmos, cortados em forma de canaletas. Pela durabilidade, foi eleita como material para a coberta da proposta arquitetônica do oceanário a fibra de piaçava. Não foram encontrados dados acerca das suas características e desempenho quanto material para coberturas, e por isso, foi necessário a elaboração de um estudo através da construção de um mockup, que será relatado no sub item 2.5.2. 30 2.5.1 Piaçava Attalea funifera Segundo Lorenzi (1996), esta espécie de piaçava é uma palmeira nativa da Bahia, do bioma da mata atlântica, e pode chegar até 15 metros de altura, possui folhas eretas, verde-escuras, devido a sua exploração comercial pode ser encontrada em quase todo o litoral do nordeste, possui grande importância econômica pela extração das suas fibras para fabricação de vassouras, enchimento nos assentos de carros, cordoaria e escovões. O resíduo obtido de sua limpeza, o qual é conhecido como bagaço, fita ou borra, serve para cobertura de casas nos meios rural e urbano. 2.5.2 Estudo de desempenho térmico da piaçava Durante as pesquisas sobre piaçava, não foram encontrados dados acerca do seu desempenho térmico como material para cobertura, sendo assim foi elaborado um estudo desse material através da confecção de mockup, estruturado em madeira de pinus com cinco peças, que simularam as ripas, e duas peças, que simularam os caibros de uma coberta (Figura 14). A figura a seguir mostra as etapas para a confecção do mockup: 1- processo de hidratação e escovação das fibras; 2- mockup com apenas um pente fixado; e 3- mockup instalado para aferição de temperaturas, ao lado telha cerâmica e telha preta reciclada para comparações de forma simplificada. Figura 14: Processo de confecção do mockup da coberta de piaçava. Fonte: Acervo do autor. 31 A piaçava foi obtida em uma empresa do ramo em forma de pente com dois metros de comprimento. O pente consistia em uma ripa de madeira com tiras da fibra amarradas em fio de nylon, onde as tiras foram removidas e recolocadas no mockup de acordo com as especificações da empresa, que determinava para cobertas um ângulo mínimo de caimento de 30°, aconselhando também um espaçamento entre as ripas de 8 a 10 centímetros para usos sem revestimento interno e de cunho residencial ou similar. Os pentes de piaçava recém montados foram molhados e penteados com uma vassoura de piaçava conforme as recomendações da empresa, e assim, o mockup estava pronto. O mockup foi instalado na área aberta do Laboratório de Estudos da Madeira da UFRN sobre uma estrutura pré-existente de madeira em gridshell, localizada em um ponto com aproximadamente 40° de inclinação na face da estrutura voltada para oeste. As aferições de temperatura da superfície interna e externa do mockup foram registradas durante a incidência direta de sol. Como ferramentas de aferição, foram utilizados um termômetro digital infravermelho e uma câmera termográfica. Para análise, foram colocados ao lado do mockup uma telha cerâmica tipo colonial, uma telha ecológica na cor preta e uma telha termo acústica padrão na cor branca afim de comparativos de desempenho. Os resultados ao longo de toda tarde foram registrados e compilados (Tabela 3). Tabela 3 : Compilação dos dados obtidos durante o estudo do desempenho térmico da piaçava Dados climáticos DATA: 11/11/2019 Temperatura do ar: 30,2 C°, céu com poucas nuvens. Umidade relativa do ar: 59 %. Velocidade média dos ventos: 28 km/h HORÁRIO DA AFERIÇÃO Face externa Face interna DAS13:00 às 17:30 Min- máx: C° Min- máx: C° Piaçava 42 - 46 C° 30 - 33 C° Telha cerâmica 46 - 49 C° 33 - 29 C° Telha ecológica preta 48 - 49 C° 42 - 48 C° Telha termo acústica branca 31 - 33 C° 34 - 36 C° Fonte: Acervo do autor. 32 Após às 17:30hs não havia mais incidência direta do sol no local, então foi observado que em cerca de 3 minutos toda a fibra da piaçava já se encontrava em temperatura igual a temperatura do ar. Vale ressaltar que a telha termo acústica permaneceu emitindo calor por cerca de 20 minutos após o fim do experimento, por meio do isolante interno, através das imagens térmicas (Figura 15). Através da imagem a seguir é possível observar a diferença das temperaturas nas superfícies dos materiais expostos ao sol no experimento. Figura 15: A- imagem térmica do mockup e telhas usadas para comparação B- Fofo padrão Fonte: Acervo do autor. A piaçava apresentava variação de temperatura devido a sua natureza, composta de diversas fibras. Porém, suas partes mais quentes apresentaram temperaturas mais baixas que os outros materiais, exceto em relação a telha termo acústica branca, que apresentou baixas temperaturas na superfície externas por ser metálica branca e sofrer trocas rápidas de calor com o ar. Contudo, a temperatura da superfície interna apresenta temperaturas maiores que a do ar. Quanto a telha ecológica preta, esta apresentou as temperaturas mais altas, chegando a 49 C°. Isto se justificada pela sua cor, pois absorve muito calor. Já a telha cerâmica também apresentou altas temperaturas, mas sua forma circular permite a dissipação da incidência solar direta em sua superfície e assim temperaturas diferentes na superfície externa. Seu isolamento se apresentou baixo, permitindo a passagem quase total do calor para sua face interna. Diante dos dados obtidos é possível concluir que entre todos os materiais analisados, o que obteve melhor desempenho térmico foi a piaçava, sua natureza ser composta de várias fibras, permitiu uma maior permeabilidade e dispersão do calor 33 além de trocas térmicas com o ar na face externa. Já na face interna, o calor não conseguiu ultrapassar as camadas da fibra, onde as temperaturas da face interna permaneceram próximas a temperatura do ar com diferenças entre 1 e 2 C°. Com esse resultado é possível ter segurança na especificação da piaçava como material para cobertura da proposta arquitetônica do oceanário e garantir seu desempenho térmico com alto isolamento térmico. 2.6 Sobre processos de projeto Lawson (2011), na obra Como Arquitetos e Designers Pensam, apresenta uma série de abordagens sobre projetos e seus processos, dentre estas ele sugere que as fases do processo de projeto podem ser divididas em três partes: análise, avaliação e síntese (Figura 16). Figura 16: Representação gráfica simplificada do processo de projeto. Fonte: LAWSON (2011), adaptado pelo autor. Segundo LAWSON (2011), análise é a fase de identificação dos principais elementos que compõe o problema do projeto, nela são definidos os dilemas e principais metas e objetivos que o projeto deve alcançar e suas restrições e condicionantes. Já a síntese está relacionada à fase criativa dos estágios de tomada de decisão. Nessa fase são concebidas as ideias e possíveis soluções que atendam aos objetivos e satisfaçam as restrições e oportunidades observadas na etapa de análise. Ainda segundo o autor, a fase de avaliação visa garantir que uma solução proposta seja a mais aceitável. Portanto procura-se detectar deficiências no projeto. Nessa fase as soluções são comparadas com as metas, restrições e oportunidades, idades que o projeto deveria atender, detectadas na fase anterior de análise. 34 Conforme Andrade (2011, p.80). “Um processo de projeto arquitetônico é mal estruturado porque a maioria dos problemas do projeto é mal definida, ou seja, os fins e os meios são desconhecidos e externos ao problema[...]” Durante a disciplina de Ateliê Integrado ao Projeto II, cursada neste Mestrado Profissional, foi elaborado um quadro com os três principais dilemas projetuais e suas respectivas metas (quadro 2). Deste quadro, derivou-se das seguintes premissas: • Utilizar o bambu em toda a estrutura da coberta de forma bela e com economia de custos. • Criar barreiras separando o interior e o exterior do edifício de forma a proporcionar permeabilidade visual e de tráfego quando desejável. • Conectar o forte de Tamandaré com o oceanário sem impactar negativamente seu contexto histórico e paisagístico. Quadro 2: Dilemas e metas projetuais DILEMAS META Bambu x economia e custo Uso da flexibilidade e das características naturais do bambu em varas contínuas. Barreiras x permeabilidade Segurança, condução dos fluxos de visitantes e barreiras de acesso vazadas permeáveis visualmente. Conectar x impactar Forte e oceanário conectados tendo como condutor principal o paisagismo e o relevo. Fonte: Acervo do autor. Com os dilemas e metas esclarecidos foi possível iniciar a investigação de projetos correlatos e escolher os estudos de referências (relatados no capítulo 3), para contribuição e melhor desenvolvimento na proposta projetual. Nesta fase de análise também foi elaborado um levantamento das condicionantes legais e geográficas do projeto, descritas detalhadamente no capítulo 4. 35 3 ESTUDOS DE REFERÊNCIA De acordo com a metodologia aplicada em sala de aula na disciplina de Ateliê Integrado ao Projeto II elaborada por ELALI e VELOSO (2018)3, os estudos de referência podem ser classificados em: • Diretos: Quando o projetista (ou grupo) tem contato direto com o edifício ou o projeto em estudo. • Indiretos: Quando o contato do projetista (ou grupo) com o edifício/projeto em estudo ocorre através de informações de terceiros, divulgadas por mídias diversas. Os estudos também são divididos nas seguintes modalidades: • Temáticos: O objeto estudado tem o mesmo tema que o objeto a ser projetado. • Funcionais: Foco recai sobre questões de funcionalidades/fluxos. • De partido: O partido adotado deve adotar linhas semelhantes. • Programáticos: Foco no programa do edifício ou em parte dele. • Formais/estéticos: Estudo escolhido em função das características estéticas do objeto. • De materiais e Sistemas Construtivos: Pretende-se que materiais e sistemas sejam empregados de modo semelhante. • De detalhes: valorização de algum detalhe/elemento de arquitetura a ser reutilizado. Seis projetos foram estudados como referência, relacionados direta e indiretamente à temática deste trabalho como mostra (Quadro 5). Dentre estes, quatro foram escolhidos pela sua importância e contribuição a proposta projetual atual, seguindo a classificação de análise da disciplina de Ateliê II: o Oceanário de Aracaju; o Sundy Praia; o Templo sem religião; e o Parque da Gleba. Estes projetos serão abordados mais detalhadamente no capítulo a seguir. 3 ELALI e VELOSO (2018). produção disponibilizado em sala de aula. 36 Quadro 3: Relação dos projetos estudados para referência projetual PROJETO/ANO /AUTOR LOCALIZAÇÃO RELAÇÃO Oceanário de Aracaju/ Aracaju, Brasil direto, regional e temático. 2008 / Wilson Reis Green School / 2012 / Sibang Kaja,Bali Indireto, internacional de sistema escritório PT Bambu construtivo e material. Bamboo Sports Hall/ Namprae, Indireto, internacional de sistema 2017/ escritório Tailândia construtivo e material. Chiangmai Life Architect Restaurante Sundy praia/ São Tomé Indireto, internacional de sistema 2018 / escritório DL2.A construtivo e material. Templo sem religião/ Cartagena, Indireto, internacional de sistema 2009 /Simom Velez colômbia construtivo e material. Parque da Gleba E / Barra da Tijuca, Indireto, nacional, funcional e 1985/ Fernando Chacel Brasil estético. Fonte: Elaborado pelo autor 3.1 Oceanário de Aracaju /PROTAMAR (referência direta, regional temática e de programa) O oceanário de Aracaju foi projetado por Wilson Reis em um terreno de 6.506 m², dentro de um parque de 90.662 m². Esta obra, possui área construída de 1.700 m², na forma de uma tartaruga gigante com a cobertura em eucalipto e piaçava. No local, funciona atualmente o oceanário e a sede administrativa do PROTAMAR que ficam localizados em anexos laterais. Foi constatado durante a visita técnica, realizada no local no ano de 2018, que a estrutura oferecida atende bem as necessidades do projeto no sentido de programa e demanda do público. O projeto sofreu algumas alterações, que culminou na construção de anexos, acrescentados nos últimos anos, bem como reformas com ampliações nas piscinas visitáveis Durante a visita, foi identificado um problema de conforto térmico por conta de vários fatores, entre eles, a falta de ventilação natural e exaustão do ar quente, em consequência do fechamento das aberturas laterais. Em alguns trechos existem aberturas, porém, são subdimensionadas. Além disso, a coberta possui uma alta 37 condutibilidade térmica, perdendo massa com os anos e visivelmente necessitando de manutenção. Foi identificada também a existência de uma claraboia, instalada no meio da coberta, permitindo grande passagem de radiação solar. Desta forma, estes fatores contribuíram para o desconforto térmico, sendo este maior em dias ensolarados, e sensação de calor nas primeiras horas da manhã. Os aquários internos e tanques são estruturados em concreto armado, e as janelas de observação em vidro reforçado. O mimetismo com o formato de tartaruga embora pareça exagerado no projeto visto de cima ou em planta (Figura 17), ao nível do observador, tanto de fora como internamente, é imperceptível, passando quase sempre despercebido, exceto quando mencionando durante o passeio guiado. Figura 17: Foto aérea do oceanário de Aracaju Fonte: www.tamar.org.br/centros_visitantes.php?cod=10 Na figura acima, é possível identificar os anexos que servem para abrigar o setor administrativo nas laterais do oceanário, e a recente ampliação das piscinas visitáveis no canto inferior esquerdo. Para melhor compreensão da forma e do sistema construtivo empregado no edifício foram elaborados croquis de estudo do corte transversal (Figura18) e de um dos pilares principais (Figura19). 38 Figura 18 : Croqui de estudo do corte transversal do Oceanário de Aracaju Fonte: Acervo do autor. Os pilares internos são circulares e híbridos compostos de concreto armado até altura de 2 m, e partir deste ponto, de toras de eucalipto por toda extensão superior e da coberta. Os entalhes de conexão são quase sempre em formato de “boca de peixe”, exceto pelas vigas superiores que se apoiam no pilar de eucalipto com entalhe em 45 graus (Figura 19). Figura 19: Croqui de estudo do sistema estrutural do oceanário de Aracaju Fonte: Acervo do autor. 39 O croqui de implantação do edifício no terreno, auxiliou na melhor compressão da forma e de como o oceanário se integra com o local e a paisagem (Figura 20). Figura 20: Croqui da implantação do oceanário de Aracaju Fonte: Acervo do autor. A figura 21 mostra a implantação do oceanário em um contexto macro com as três grandes lagoas do parque na orla de Atalaia, o estacionamento coletivo, e parte do tecido urbano. Figura 21: imagem de satélite da implantação do oceanário de Aracaju Fonte: Google Earth, modificada pelo autor, 2019. 40 Abaixo, a imagem (Figura 22) mostra uma maquete virtual do projeto com seu programa arquitetônico original, numeradas em ordem crescente referentes aos seguintes espaços: 1- entrada principal e vitrine da lojinha de lembranças; 2- aquários laterais com luminárias, fixadas nas paredes; 3- piscina dos tubarões; 4- ponte sobre a lagoa menor que dá acesso ao estacionamento; e 5- aquários menores centrais e tanque de água salgada abaixo,6- janela do aquário maior central. Figura 22: Maquete virtual do projeto de arquitetura do PRO TAMAR de Aracaju. Fonte: www.terramare.com.br/portfolio/oceanario-de-aracaju/, modificada pelo autor A Figura 23 mostra uma compilação de fotos do Oceanário de Aracaju, numeradas em ordem crescente referentes aos seguintes espaços: 1- entrada principal e vitrine da loja de lembranças; 2- aquários laterais com luminárias, fixadas nas paredes; 3- piscina dos tubarões; 4- ponte sobre a lagoa menor que dá acesso ao estacionamento; 5- aquários menores centrais e tanque de água salgada abaixo; e 6- janela do aquário maior central. 41 Figura 23:compilação de fotos atuais do oceanário. 1 2 3 4 5 6 Fonte: www.tamar.org.br/centros_visitantes.php?cod=10, modificada pelo autor. 3.2 Restaurante do Sundy praia, São Tomé e Príncipe (referência indireta, internacional e de detalhe construtivo) O restaurante do Sundy Praia faz parte do resort Sundy, localizado em São Tomé e Príncipe, foi projetado pelo escritório francês DL2.A em 2018, possui uma coberta inspirada no corpo de um peixe que se alonga e diminui em altura e largura a partir da entrada principal, formando a sua calda. O projeto é composto por dois setores, sendo o primeiro o salão onde são servidas as refeições, constituído basicamente por uma grande coberta de fibra natural com estrutura em bambu, e o segundo o setor técnico onde se localizam a cozinha e banheiros. O restaurante possui uma área de 450 m², atendendo exclusivamente ao resort. Esse projeto apresentou muita similaridade com as propostas e estudos iniciais, com soluções eficientes nos encaixes e interfaces do bambu, sendo estudado principalmente seus detalhes construtivos e sistema estrutural como referência. Foram feitos croquis da sua implantação, fachada e de detalhes estruturais para melhor compreensão da obra (Figura 24). 42 Figura 24: Croquis da implantação, fachada e arco estrutural do restaurante Fonte: Acervo do autor. A implantação se dá de forma bem integrada a natureza e a floresta tropical, os espaços de transições são explorados criando áreas de convivência e contemplação da natureza. As varandas laterais são utilizadas para locação de mesas, cadeiras e circulação externa (Figura 25). 43 Figura 25: Foto aérea do restaurante Fonte: www.dl2a.fr/fr/sundy-praia Sua estrutura é formada por arcos ogivais que diminuem de largura e altura a partir da entrada principal. A estrutura dos pórticos é formada por arcos de bambu composto por três colmos travados por uma tesoura superior e uma cruz que dá a sustentação a cumeeira e travamento do sistema. Na interface com a fundação foram utilizadas as bases de bambu de largura levemente maior que o resto do colmo, essa base se apoia numa espécie de “bolacha de concreto”, que por fim tem sua fundação não aparente abaixo do piso. Esse conjunto proporcionou um resultando estético interessante, conforme destacado em vermelho na imagem abaixo (Figura 26). Figura 26: Montagem de fotos internas e externas do restaurante Sundy praia. Fonte: www.dl2a.fr/fr/sundy-praia. 44 3.3 Templo sem religião, Cartagena, Colômbia (referência indireta internacional, de detalhes construtivos) Projetado por Simon Velez em 2009, com 640 m², é um estudo de referência internacional e indireto, também de detalhes construtivos, apresentando soluções interessantes quando ao uso dos arcos ogivais vencendo grande vãos. Diferente do restaurante Sundy Praia, o Templo de Velez se destaca fortemente da paisagem ao seu redor e tem como princípio a monumentalidade tradicional das catedrais góticas. O templo é na verdade um espaço multicultural, usado por diversas doutrinas e religiões para celebrações diversas, além de servir de palco para ensaios, aulas e apresentações de teatro, dança e circo (Figura 27). Figura 27 : Foto da fachada leste do templo sem religião. Fonte: www.arqa.com/arquitectura/catedral-sin-religion.html Na fachada leste (Figura 27) é possível observar os 3 grandes arcos que formam a estrutura principal, que se repetem adentro do edifício. Entre eles foram utilizadas para fechamento paredes de taipa de guincha com acabamento de cal e areia. Os arcos da fachada oeste são preenchidos com um muxarabi (trama confeccionada com tiras de bambu) que acompanha os raios dos arcos ogivais (Figura 28). 45 Figura 28: Entrada principal, fachada oeste, do templo sem religião. Fonte: https://arqa.com/arquitectura/catedral-sin-religion.html O templo possui vãos laterais com 4 m e vão central com 8 m a contar do eixo de onde partem os colmos do bambu (Figura 29 e Figura 30). Figura 29: Foto interna do templo sem religião. Fonte: https://arqa.com/arquitectura/catedral-sin-religion.html Os arcos que formam os vãos centrais e laterais são formados por pilares compostos de seis colmos de bambu (Figura 30). 46 Figura 30: Croqui de estudo do templo feito por Simon Veles Fonte: www.simonvelez.net/projects.htm 3.4 Parque da Gleba E, Rio de Janeiro (referência indireta, nacional temática) O Parque da Gleba E, fica localizado na Barra da Tijuca, foi projetado por Fernando Chacel em 1985, e possui área estimada em 82.000 m² entre áreas de mangue restinga e passeio público (Figura 31). A imagem a seguir mostra uma fotografia aérea de parte da região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro. Em destaque as áreas dos parques de Chacel. Planta de 1938, da antiga Fazenda da Restinga (atual Barra da Tijuca) e a área da Gleba E do Parque Mello Barreto. Figura 31: Áreas dos parques de Chacel em destaque a área da Gleba E do Parque Mello Barreto. Fonte: Atlas das Unidades de Conservação da Natureza do Estado do Rio de janeiro, 2001, p.15. / Carvalho Hosken, 1992. 47 Segundo CURADO (2008), o Parque da Gleba E foi o primeiro projeto de Chacel a incorporar o conceito de ecogênese, sendo a área da intervenção uma península lagunar que, no início da década de 1980, estava degradada e desertificada com poucos trechos de manguezal na qual a vegetação de restinga era inexistente (Figura 32). O ecossistema encontrava-se destruído, restando apenas poucos trechos isolados de manguezal às margens da Lagoa da Tijuca. Figura:32 Vista aérea da Gleba E antes do início do processo de ecogênese. Fonte: Chacel, 2001, p. 51. A base conceitual desse projeto foi a restauração ecológica, para a época uma proposta pioneira, visando a convivência harmoniosa entre o espaço construído e a natureza para a melhoria da qualidade de vida e valorização econômica da região. O projeto foi conceituado em três modelos de intervenção paisagística: mangue, restinga e parque. Na imagem a seguir (Figura 33), vemos as distintas áreas do projeto em corte: o manguezal na cota mais baixa, margeando a lagoa; a restinga, o parque de transição paisagística e a área urbanizada com jardins sobre lajes. Foram criadas áreas de proteção as margens da lagoa e dois parques de 40.000m² cada um. 48 Figura 33: Corte da implantação do parque da Gleba E. Fonte: DOURADO, 1997. O modelo mangue foi basicamente a recuperação do manguezal. Esta regeneração foi um processo que obteve sucesso rápido, pois foram utilizadas mudas do próprio local, e estas espécies têm um grande poder de regeneração. Assim, os manguezais foram restaurados e ampliados, ocupando toda a margem da lagoa onde havia a influência direta do fluxo e refluxo das águas. O modelo restinga foi recriado através do processo de ecogênese, pois que estava extinto no local; foram plantados elementos e associações vegetais de restinga estabelecendo-se as áreas de transição com o modelo mangue. Esta área foi concebida como um grande jardim natural com amostras de espécies deste ecossistema, como bromélias e cactáceas (CURADO, 2008, p.2) O modelo parque comporta a transição paisagística, a intenção de Chacel era criar um espaço aberto e colorido emoldurando as áreas de caminhar e estar, com rica arborização, frutíferas e sombreamento alternado com clareiras permitindo variações de paisagem com espaços sombreados e abertos. Na imagem abaixo (Figura 34) vemos a faixa de manguezal à margem da lagoa, a área de parque com a trilha ecológica e caminhos de acesso à área urbanizada. 49 Figura 34: Planta baixa da implantação do parque da Gleba E. Fonte: DOURADO, 1997. 3.5 Síntese dos estudos O oceanário de Aracaju está situado na região Nordeste do Brasil, possui um desempenho programático eficiente, dialogando de forma harmoniosa com o ambiente e com a paisagem. Os sistemas construtivos dos aquários mostram-se adequados e de baixo custo, para implantação e manutenção. O oceanário possui um porte similar ao projeto proposto para a APA costa dos corais, tornando-se a principal referência programática e de dimensionamento. O restaurante do resort Sundy praia, apresenta soluções estéticas e estruturais interessantes e desejáveis ao projeto proposto, ele se integra de forma harmoniosa com a paisagem ao redor. A tecnologia construtiva, embora complexa, não demanda grande desenvolvimento tecnológico, e assim, se torna a principal referência estrutural. O Templo Sem Religião de Velez, apresenta soluções de vedação vertical e estruturais de bambu e taipa bastante interessantes, sendo este a principal referência em detalhes e materiais de vedação. O parque da Gleba E, se desenvolveu no conceito de ecogênese, que tem por base a restauração ecológica, premissa adequada e necessária diante das características biofísicas do local de implantação do oceanário, que perdeu quase 50 toda a vegetação nativa de restinga e mata atlântica, o parque, mostrou-se um importante estudo de referência para toda intervenção paisagística. Os estudos de referência apresentaram soluções pertinentes, e juntas enriqueceram o desenvolvimento das propostas projetuais para o oceanário. Os estudos possuem características relevantes a proposta projetual deste trabalho, cada um com sua peculiaridade. As referências projetuais se integram com a paisagem natural, utilizam de materiais alternativos e vegetais, e suas implantações geram um impacto socioambiental positivo, com criação de parques, áreas verdes e/ou de lazer. A tabela abaixo (Tabela 6) mostra uma síntese de contribuição dos estudos de referência para o projeto do oceanário da APA Costa dos Corais. Quadro 4: Síntese das contribuições das referências projetuais PROJETO/ANO CONTRIBUIÇÃO PARA A RELAÇÃO /AUTOR PROPOSTA PROJETUAL Oceanário de Aracaju/ Programa arquitetônico e direto, regional e 2008 / Wilson Reis sistema construtivo dos temático aquários e tanques. Restaurante Sundy Sistema construtivo material Indireto, internacional praia/ 2018 / escritório da coberta e detalhes de sistema construtivo DL2.A estruturais. e material Templo sem religião/ Vedações verticais e sistema Indireto, internacional 2009 /Simom Velez construtivo da coberta. de sistema construtivo e material Parque da Gleba E / Conceito e diretrizes Indireto, nacional 1985/ Fernando Chacel projetuais paisagísticas funcional e estético Fonte: Acervo do autor. 51 4 CONDICIONANTES PROJETUAIS No processo de projeto, a identificação das condicionantes projetuais, segundo Lawson (2011), faz parte da fase de análise. Quanto mais condicionantes projetuais, mais o projeto é direcionado a tomar partido de estratégias projetuais e soluções assertivas e mais aceitáveis. No caso da proposta para o oceanário, essas condicionantes estão nas características dos materiais aplicados na morfologia do projeto em si, nas demandas do usuário, nas condicionantes geográficas e condicionantes legais da região de implantação do projeto, tratados mais detalhadamente nos itens a seguir. 4.1 A área e o terreno/local de intervenção A APA Costa dos Corais é a maior área de preservação ambiental marinha do Brasil, possui mais de 400.000 ha e cerca de 120 km de praia e mangue (ICMBIO,2018). Abrange diversos municípios dos Estados de Pernambuco e Alagoas, e possui grande importância tanto socioambiental como econômica, pois protege áreas de praia mangue e mar. Seu propósito principal é garantir o uso sustentável da região. Os dados da EMPETUR (2007) demonstram que há um imenso fluxo de turismo de sol e mar em toda a sua extensão, principalmente nos períodos de férias e verão, quando a população dos municípios costeiros chega a dobrar. Tamandaré é uma cidade do Estado do Pernambuco. Os habitantes se chamam tamandareenses. O município se estende por 214,3 km² e contava com 20 715 habitantes no último censo. A densidade demográfica é de 96,7 habitantes por km² no território do município. Vizinho dos municípios de Rio Formoso, Barreiros e Ipojuca, Tamandaré se situa a 11 km a Sul-Leste de Rio Formoso a maior cidade nos arredores. Tamandaré tem as seguintes coordenadas geográficas: Latitude: 8° 44' 54'' Sul, Longitude: 35° 6' 14'' Oeste (IBGE, 2019, on-line). 4.2 O CEPENE - Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste De acordo com o ICMBIO, (2019), o CEPENE constitui um dos Centros de Pesquisa do ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) dedicados à conservação marinha, ao qual compete, dentre outros, realizar pesquisa, formação e ações de manejo para a conservação, uso sustentável e recuperação das espécies e ecossistemas marinhos e estuarinos no Nordeste brasileiro. Também atua 52 no desenvolvimento de pesquisa relacionada à criação, implementação e gestão de unidades de conservação federais marinhas do Nordeste. Considerado o maior centro de pesquisa à beira mar do brasil com a estrutura disponível para as ações de pesquisa, monitoramento, gestão ambiental marinha e formação pessoal. A área onde está instalado o centro é um imóvel cedido ao ICMBIO pela Marinha do Brasil, por meio de um contrato de cessão de uso gratuito. Esse imóvel possui uma área de 33 hectares numa faixa litorânea de 1.200 metros, localizada de forma estratégica na baia de Tamandaré, litoral sul de Pernambuco. Conta com três grandes conjuntos de construções: os prédios da pesquisa, formação e administração, e 15 unidades residenciais, com área edificada de 13.000 m2.O CEPENE conta ainda com uma Base Avançada em Caravelas, na Bahia, focada em atividades de conservação de manguezais do nordeste brasileiro, e em Itamaracá, em Pernambuco, responsável pelas ações de conservação do peixe-boi marinho, onde a área é cedida ao ICMBIO pela Empresa de Turismo de Pernambuco (EMPETUR). (ICMBIO, 2018,on-line) O terreno fica localizado ao lado do perímetro da APA Costa dos Corais no município de Tamandaré (PE), como mostra a figura a seguir (Figura 35). Da esquerda para direita: Perímetro da APA costa dos corais, em vermelho; perímetro do terreno da CEPENE em amarelo; e perímetro do terreno de implantação do oceanário. Figura 35: Foto montagem de imagens de da área de intervenção Fonte: Google Earth, modificada pelo autor, 2019 O terreno escolhido para implantação fica dentro do terreno da CEPENE e ao lado do terreno do Forte de Tamandaré (Figura 36). 53 Figura 36: Foto montagem de imagem de satélite do perímetro, do terreno da CEPENE e do terreno de implantação do oceanário em amarelo e em vermelho o parque do forte. Fonte: Google Earth, modificado pelo autor, 2019. A região apresenta um uso predominantemente residencial, contudo possui concentração de importantes equipamentos públicos, como a sede do SAMU, hospital municipal, escola municipal e o próprio CEPENE, (Figura 37). Isso se justifica pela área ser estrategicamente central e de fácil acesso principalmente pela presença da Avenida Leopoldo Lins, que conecta toda a área urbana. Figura 37: Mapa de zoneamento de usos das edificações da região de implantação do oceanário. Fonte: Google Earth, modificada pelo autor, 2019. 54 4.3 Aspectos físicos e ambientais O terreno é superficialmente arenoso e plano, com cota média de 10 m acima do nível do mar, que decaem sutilmente em direção à praia, 1 m a cada 100 m em todo terreno da CEPENE. A maior parte da vegetação nativa foi substituída por um coqueiral usado a muitos anos para extração de cocos por antigos fazendeiros. Na área ainda é possível identificar alguns remanescentes com árvores e arbustos de restinga e exemplares exóticos diversos, composto principalmente pelas seguintes espécies de grande e médio porte: Coqueiro (Cocus nucifera), Mangueira (Mangifera indica), Jamelão (Syzygium cumini), Cajueiro (Anacardium occidentale), Castanhola (Terminalia catappa). De pequeno porte a arbustos e gramíneas: capim (Brachiaria decumben), Mamoeiras (Ricinus communis), e Gloria da manhã (Ipomoea purpuea). Para uma melhor compreensão dos cheios e vazio vegetais, foi elaborada uma vetorização baseada em imagens de satélites (Figura 38). Através da imagem, é possível perceber a predominância dos coqueiros principalmente na faixa mais próxima do mar. Dentro do terreno do forte de Tamandaré há uma concentração de espécies arbóreas, que através de visita técnica confirmou-se ser uma área alagadiça, com retenção de águas pluviais, conectando-se aos remanescentes do antigo foço do forte. Figura 38: Vetorização feita sobre imagens de satélite dos maciços vegetais da área de intervenção. Fonte: Google Earth, modificada pelo autor, 2019. 55 4.4 Clima De acordo com MANSO (2000), pela classificação climática de Köppen, Tamandaré (PE) possui clima do tipo Ams’ tropical litorâneo quente e úmido com chuvas de moções durante quase todo o ano e uma estação seca bem definida e relativamente curta que ocorre na primavera. A precipitação média anual é de 2.200 mm e a temperatura média anual é de 25 ºC. O mês de maior precipitação é junho, com uma média de 247 mm, e novembro, mês mais seco, com 31 mm. O mês de janeiro é mês mais quente do ano, com temperatura média de 25.6 °C. Em agosto, a temperatura média é de 22.9 °C, sendo a mais baixa de todo o ano. A ventilação foi inicialmente analisada através do software Climate Consultant 6.0. Pela ausência de dados climáticos do município de Tamandaré (PE), foi considerada para a análise a cidade de Recife (PE), por ser a mais próxima e de características semelhantes. O software demonstrou através da rosa dos ventos que durante o período de funcionamento do oceanário os ventos na região seriam vindos predominantemente da direção Sudeste. Por este motivo foi considerada a incidência Sudeste de ventos em dois períodos do dia, das 8h às 12h, e das 12h às 18h. De acordo com a rosa dos ventos apresentada pelo software (Figura 39), fica observado que no período de 8 às 12hs há uma predominância dos ventos vindos do Sudeste com velocidade que varia de 4 a 2 m/s, apresentando também incidências do leste. 56 Figura 39: Análise da ventilação nos horários de 8h às 12h durante o ano para a cidade de Recife Fonte: Software Climate Consultant 6.0, acervo do autor. No período das 12 às 18hs a predominância dos ventos se mantém vinda do Sudeste com incidências vindas do oeste e sul (Figura 40). Figura 40: Análise da ventilação nos horários de 12h às 18h durante o ano para a cidade de Recife Fonte: Software Climate Consultant 6.0, acervo do autor. 57 Através do software Climate Consultant 6.0 foi gerada a carta psicrométrica4 para analisar as condições de conforto térmico da região de implantação do oceanário. O software simula as condições climáticas e de conforto de acordo com o período do dia e meses do ano. Foi considerado o período de funcionamento do oceanário, que se inicia das 8h da manhã até as 18hs da tarde (Figura 41). Figura 41: Carta psicrométrica de Recife-PE, das 8h da manhã até as 18hs da tarde, em todo ano. Fonte: Software Climate Consultant 6.0, acervo do autor. As informações calculadas pelo software, mostraram que durante o período de funcionamento do oceanário, a sensação de desconforto térmico na região chega a ser de 56% no total de todos os meses do ano, pela relação da temperatura que varia de 22º a 33º graus e a humidade relativa do ar com média de 70%. Esses dados mostram que serão necessárias estratégias bioclimáticas apropriadas a região para amenizar a sensação de desconforto no edifício. Com base na caracterização climática do local e o estudo das diretrizes indicadas pela norma brasileira de conforto, NBR 15220-35, que define o zoneamento bioclimático, o Brasil pode ser dividido em oito zonas homogêneas quanto ao clima. A ABNT adotou o zoneamento apresentado em 1999 na composição da NBR 15220-3 de 2005, estabelecendo um conjunto de recomendações construtivas para cada zona. 4 Carta Psicrométrica: é um diagrama que simplifica o estudo das propriedades do ar. 5Desempenho térmico de edificações Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. DISPONIVÉL EM: http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/projetos/normalizacao/Termica_parte3_SET2004.pdf 58 Cabe salientar que o município de Tamandaré (PE) está inserido na Zona Bioclimática 8 (Z8), conforme imagem abaixo (Figura 42). Figura 42: Zoneamento Bioclimático brasileiro Fonte: NBR 15220/03, adaptado pelo autor, 2019. Para a Zona Bioclimática 8, as recomendações construtivas são: Aberturas grandes e totalmente sombreadas; uso de paredes e coberturas leves e refletoras; e o uso de ventilação cruzada permanente. A norma adverte que apenas o condicionamento passivo não será suficiente durante as horas mais quentes. 4.5 Aspectos legais Elaborou-se uma pesquisa documental sobre a legislação específica da APA Costa dos Corais: Plano de manejo área de proteção ambiental costa dos corais aprovado pela portaria ICMBIO nº 144, de 1º de fevereiro de 2013. E do município de Tamandaré-PE: Lei de Uso e Ocupação do Solo (lei nº 188/2002); código de obras (lei 59 nº 187/2002); e Plano Diretor (lei n°184/2002), a fim de garantir a viabilidade e as condicionantes legais do projeto. O Plano Diretor do município de Tamandaré (PE) exemplifica: Artigo 7.0 - O Plano Diretor de Tamandaré é o instrumento básico da política de desenvolvimento sustentável do Município, inclusive de Sua Politica Urbana. Artigo 8.0 - Sao obietivos gerais do Plano Diretor: l- a garantia do pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade; a do meio ambiente natural e cultural do Município; o desenvolvimento sustentável do Município. II- Elaborar e implantar o Plano Municipal de Desenvolvimento do Turismo que contemple o potencial de Tamandaré, inclusive para o turismo pedagógico-científico e para o turismo rural. III- Priorizar o desenv olvimento sustentável do turismo, a dotar uma política compatível com o perfil da demanda atual e futura, visando sua diversificação, o aumento dos impactos positivos sobre a municipal e a redução das externalidades negativas,sejam sociais, sejam ambientais. 12.0 - As demais Zonas e Áreas Especiais deverão conter áreas que possam abrigar a implantação de equipamentos urbanos, rurais e/ou de uso institucional necessários para o desenvolvimento do Município, tais como o Terminal Turístico de Tamandaré. (Tamandaré, 2002, p.2). O terreno do CEPENE e todo o parque do forte formam a área especial de interesse e preservação do patrimônio cultural, destacadas na cor lilás, conforme imagem a seguir (Figura 43). Figura 43: Mapa de zoneamento de Tamandaré, em violeta AEIPEC. Fonte: Lei nº 188/2002, ANEXOII, lei de uso e ocupação do solo de Tamandaré-PE A lei nº 188/2002, que dispõe sobre o Parcelamento, o Uso e a Ocupação do Solo Urbano e sobre as Zonas e Áreas Especiais localizadas na área rural do Município de Tamandaré, destaca que: 60 Seção VI – Das Áreas Especiais de Interesse de Preservação do Patrimônio Cultural – AEIPC Artigo 38.º - As Áreas Especiais de Interesse de Preservação do Patrimônio Cultural – AEIPC, correspondem às áreas que necessitam de proteção, preservação e/ou conservação, por envolverem elementos do Patrimônio Cultural do Município. Parágrafo Único: A legislação de uso e ocupação do solo das AEIPC deverá se compatibilizar com as legislações federal e estadual relativas à proteção ao Patrimônio Cultural. Artigo 39.º - Nas Áreas Especiais de Interesse de Preservação do Patrimônio Cultural – AEIPC, o Poder Público desenvolverá, em conjunto com a sociedade, planos, projetos e ações que visem a recuperação dos conjuntos arquitetônicos de valor histórico e cultural e a sua revitalização, inclusive com o desenvolvimento de ações que estimulem a articulação entre a cultura e a atividade turística. (Tamandaré, 2002, p.10). Diante da leitura das leis vigentes foi possível concluir que não há impedimentos legais para a implantação de um oceanário na área escolhida e sim, um estímulo e incentivo a implantação de aparelhos dessa natureza na região. 4.6 A definição do problema e o público-alvo Diante da problemática abordada no capítulo 1.1, e durante o desenvolvimento do projeto, o principal problema foi se destacando conforme a arquitetura ia tomando forma. Este problema, se mostrou de natureza puramente tectônica, pois os demais condicionantes projetuais se apresentaram favoráveis ou de baixa complexidade. Tal problema pode ser sintetizado na seguinte questão: como usar o bambu de forma econômica e eficiente afim de explorar sua característica de flexão em arcos? Conforme a questão acima foi sendo respondida, o problema foi solucionando- se mediante um contínuo processo projetual de criação e experimentação através de estudos de diversos arcos realizados em maquetes físicas e desenhos. Um segundo problema relevante se apresentou na fase de zoneamento projetual, que foi a integração do oceanário com o Forte de Santo Inácio de Loyola, que fica localizado a cerca de 100 metros a norte do terreno. Tal conexão deveria ser sutil e ao mesmo tempo atrativa aos visitantes, tendo também impacto ambiental positivo. Diante disso optou-se por propor uma intervenção paisagística de restauração ecológica em ecogênese, revitalizando o bioma de restinga nativo, onde a própria vegetação conduz o visitante entre as edificações, sendo esse caminho batizado de Trilha da Restinga, e agregando mais um atrativo turístico e educacional ao local. O público-alvo do oceanário são os visitantes da APA e da região de Tamandaré (PE) e litoral Sul de Pernambuco como um todo. Inclui-se também 61 moradores, turistas e estudantes do Brasil e exterior, englobando também todas as faixas etárias e classes sociais. 4.7 Programa arquitetônico e o seu dimensionamento O programa arquitetônico teve como sua principal referência o programa do oceanário de Aracaju (SE). Para melhor organização foi elaborado uma tabela com os devidos ambientes e área estimadas (Tabela 7). Tabela 4: Programa arquitetônico e suas respectivas áreas. AMBIENTE ÁREA estimada (m²) Hall de entrada e recepção. 80,00 Exposição1 8,00 Exposição2 8,00 Exposição3 5,00 2 Aquários 5,00 5 Aquários De 1,0 a 1,5 1 Aquário central circular 23,00 Tanque de toque 13,00 Sala de projeção imersiva 34,50 Tanque 1 116,50 Tanque 2 75,00 Área de observação dos tanques 146,00 Quiosque de café/área para mesas 5,60/ 26,00 Banheiros para visitantes Masc e Femi. com PNE e DML 46,00 Loja de lembranças 30,00 Total de área interna construída 1442,00 ANEXO TÉCNICO ADMINISTRATIVO Sala Veterinária 23,00 Depósito e DML 23,00 Dispensa e processamento de alimentos 23,00 Administração 23,00 Copa 11,00 Refeitório 20,00 Banheiros Fem. e Masc 45,00 Área de descanso e dormitório 40,00 Área externa para tanques de isolamento e observação 160,00 Total de área construída 567,00 Calçamento e espelhos d’água 330,00 Reservatório de água externo superior e inferior --- TOTAL DE ÁREA CONSTRUÍDA 2.340,00 Fonte: Elaborado pelo autor, 2019. 62 O programa também levou em consideração a capacidade de visitação do oceanário, em torno de 120 pessoas, que foi definido pela área livre de observação e circulação interna dos aquários estimada, em 180 m2, proporcionando mais de 1 m2 de área por pessoa. Esta proporção possibilita circulação mais livre e de forma relativamente confortável. Também se considerou a logística e a capacidade de condução de grupos por guias pelos espaços. Com os dados da tabela e o programa de necessidades foi elaborado um fluxograma preliminar (Figura 44) para estudo e desenvolvimento dos desenhos iniciais. Figura 44: Organograma preliminar. Fonte: Acervo do autor. 63 O organograma foi uma ferramenta fundamental no estudo dos fluxos e da relação entre os espaços. Através deste, foi possível elaborar os primeiros croquis em planta baixa e estudos de zoneamento (Figura 45). É possível identificar na imagem, destacado na cor azul, os aquários dispostos em uma forma orgânica, um grande aquário central e tanque de toque; em laranja, áreas técnicas; e em vermelho, a circulação, estacionamento, uma praça na frente do oceanário e áreas técnicas. O corte derivado do croqui da planta mostra as primeiras ideias de solução para a coberta em sheds, com ventilação passiva e iluminação natural. Figura 45: Croquis de planta baixa e corte derivados do organograma. . Fonte: Elaborado pelo autor. 64 5 CONCEPÇÃO PROJETUAL De acordo com (BROADBENT, 1970), “o processo de projeto não é linear, já que as ideias surgem em diferentes estágios de definição”. Dessa forma se deu o desenvolvimento do projeto para o oceanário, sempre questionando as decisões iniciais. Quanto mais se estudava sobre o bambu e suas possiblidades construtivas, mais os desenhos e ideias iam evoluindo. O processo seguiu as fases descritas no item 2.6 desse trabalho, onde foram utilizadas diversas ferramentas de estudos projetuais, como desenho técnico croquis, maquetes de estudo e concepção, simulações virtuais, etc. Na integra, esse processo se deu de forma muito complexa, porém, a fim de registrá-lo e para facilitar o entendimento, foi escolhida uma ordem linear que mais se aproximou do processo na integra, relatados nos itens a seguir. 5.1 O desenvolvimento do conceito e a definição do partido O conceito do projeto para o oceanário é baseado na bioforma inspirada na fauna marinha, uma arquitetura dirigida pela natureza, e que se apropria e se inspira nas razões de harmonia, beleza e estabilidade da proporção áurea e na sequência de Fibonacci. Foram pesquisados diversos animais marinhos e elaborado um mural com imagens para consulta e ispiração (Figura 46). Figura 46: Mural de imagens usadas para inspiração projetual sobre a fauna marinha. Fonte: Google, editada pelo autor. 65 A origem do partido arquitetonico são os arcos. Este, surgiu pelo desejo de se trabalhar uma arquitetura orgânica que explorasse as características naturais de flexão do bambu. Foram estudados quatro tipos de arcos: o arco pleno; o parabolico; o cartenário; e o ogival. A ênfase dos estudos se deu nos seus comportamentos estruturais, a fim de identificar o mais adequado e econômico a ser trabalhado com o bambu Guadua angustfolia. Inicialmente foi feita uma comparação entre o arco pleno e o arco parabolico, conhecendo assim seu comportamento estrutural, seus momentos fletores e proporção entre a flecha e o vão (Figura 47). Figura 47: Estudo de comportamento estrutural de arco pleno e arco parabólico. Fonte: www.youtube.com/watch?v=fU9PHoLGVGQ. O arco pleno demostrou um momento fletor maior que o parabólico, necessitando de mais material para sua estabilidade. O arco parabólico apresentou- se mais eficiente, vencendo o mesmo vão com menos material e com momento fletor reduzido. Contudo o arco parabólico e o caternário possuem natureza composta de arcos de raios diversos, sendo dificil sua execução com varas de bambu entre 120 e 150 mm de diamêtro. A forma desses arcos gera também uma série de encaixes internos nas peças, aumentando sua complexidade e custo. Entre todos os arcos estudados, o ogival se apresentou como melhor opção para ser utilizado no projeto, mantendo a maior parte das qualidades de um arco parabólico, como momento fletor 66 baixo e estabilidade. Este tipo de arco também não precisaria de encaixes internos nas varas por posuir um único raio e curvatura contínua em todo o colmo. 5.2 A coberta e seu desenvolvimento O processo projetual da coberta evoluiu conforme eram exploradas as possiblidades construtivas do bambu. Através de um desenho inicial da planta e um zoneamento prelimina, foram estudadas vários tipos de conchas a fim de determinar uma forma para coberta. Nessa fase, o conceito projetual era o elemento marinho. Entre muitos desenhos e estudos foi escolhida a concha Arca inbiricada, abundante no litoral de Tamadaré (PE), sua forma lembravam sheds de uma coberta, e assim elas foram arranjadas de diversas formas com dimensões diferentes (Figura 48) com o intuito de chegar em um forma visualmente bela e com uma finalidade prática de garantir a exaustação do ar quente. Figura 48: Foto montagem de arranjo de conchas para estudo da forma da coberta Fonte: Acervo do autor. Com o arranjo das conchas foi elaborado os primeiros croquis do projeto (Figura 49), que resultou numa coberta orgânica, sustentada por arcos de bambu e coberta de material vegetal, com grandes beirais. 67 Figura 49: Croquis inicias da coberta derivados dos estudos de arranjos da conchas Fonte: Acervo do autor. Os croquis iniciais foram evoluindo juntamente com aspectos e componentes da coberta que começaram a ser explorados, como: caibros, ripas, e outras tipologias em paralelo (Figura 50). Figura 50: Croquis iniciais da coberta para o oceanário. Fonte: Acervo do autor. Em paralelo, foi desenvolvido um processo de Form Finding (busca pela forma), que se iniciou em modelagem digital de arcos parabólicos através do software Revit, (Figura 51). Nessa fase foi estudada a possiblidade da coberta ser em gridshell6. No 6 Gridshell é um sistema estrutural, um tipo de composição reticulada formada por elementos de barras, onde o mesmo é baseado na utilização de ripas contínuas fixadas nas intersecções que a partir de uma esteira inicial plana é deformado a fim de obtenção de superfícies curvas. Disponível em: 68 entanto, os resultados não foram satisfatórios, pois, para alcançar a forma parabólica, os colmos sofreriam muitas seções e encaixes internos. Por isto, essa ideia foi abandonada. Figura 51: Form Finding de estudo da coberta através do software Revit. Fonte: Acervo do autor. Após as modelagens e estudos mais aprofundados da coberta, a primeira planta em nível de estudo preliminar foi elaborada (Figura 52). De ordem fenomenológica, a intenção da disposição dos ambientes era provocar sensações diversas de compressão e expansão no visitante, como se ele estivesse entrando em um grande animal, e onde as curvas e o arranjo da planta o conduz em um caminho dinâmico. https://www.passeidireto.com/arquivo/49167055/resenha-critica-uso-do-sistema-estrutural-gridshell-na-criacao- de-formas-complexas-em-estruturas-de-madeira 69 Figura 52: Primeira planta baixa elaborada em nível de estudo preliminar. Fonte: Acervo do autor. Nessa proposta o edifício se elevaria a 1,50 m do nível do solo, o acesso principal se daria por uma sutil rampa coberta por pergolados de bambu, rodeada por espelhos d’água. Em seguida o visitante seria direcionado a um hall de entrada e bilheteria, passando por áreas de exposição; área de aquários menores e aquário principal. Dando continuidade ao percurso, o visitante chegaria a um portal, que daria acesso ao tanque de toque e a sala de projeção. Por fim, o visitante chegaria nas orgânicas piscinas visitáveis e concluiria o percurso pela ampla varanda até chegar na lanchonete, banheiros, loja de lembrança e saída. Nessa fase o setor técnico ainda estava dentro do oceanário, o anexo ficaria apenas para zootecnia. Também nesta etapa, uma grande intervenção paisagística já era pensada a fim de reflorestar o terreno e equilibrar o ambiente. Após elaboração da planta baixa, uma maquete de estudo e concepção foi criada para definir o sistema estrutural, como também verificar o desempenho de proteção solar da coberta, resultante da modelagem, que foi posteriormente aplicada no Heliodon, (equipamento utilizado para simular o movimento aparente do sol). Enquanto a maquete foi sendo concebida, concomitantemente desenhos foram sendo 70 elaborados para auxiliar no processo, dentre este, destaca-se a projeção da fachada norte (Figura 53). Figura 53: Fachada norte com corte dos espelhos d’água escalonado e acesso principal. Fonte: Acervo do autor. Na maquete (Figura 54), o sistema estrutural da coberta era composto principalmente de seis varas de bambu de 150 mm amarradas paralelas entre si, com vãos que se alternavam entre 8 e 12 m. Outros dois conjuntos de varas se inclinam até o ponto médio do vão dos arcos principais a fim de vencer os vão entre eles. O conjunto conectado formava a cumeeira, onde cada arco inclinado se prolongava na direção oeste, formando assim os sheds. 71 Figura 54: Fotos da maquete de estudo e concepção. Fonte: Acervo do autor. Todo o conjunto apresentava boa estabilidade, porém, a modelagem se mostrou muito complexa, e, após uma avalição mais profunda das características estruturais do bambu, esse sistema apresentou grandes momentos fletores, gerando a necessidade de criar treliças para sustentar os arcos para garantir sua estabilidade estrutural. A complexidade também tornaria o projeto por demais oneroso e assim essa proposta foi usada como base para desenvolvimento de outra mais eficiente e racional. Na simulação do Heliodon foi observado uma grande incidência de luz solar do início ao fim da tarde nas laterais do edifício, onde os beirais não eram suficientes para proteger as paredes internas diante do alto pé direito que se propunha. A luz solar também atravessou em demasia os sheds, e diante dessa questão optou-se por substituir o sheds por lanternins (Figura 55). Os formatos dos arcos também foram substituídos para arcos ogivais, que por sua vez seriam travados por tesouras e arcos secundários laterais para sustentação das varandas. 72 Figura 55: Segunda proposta estrutural em arcos ogivais com dois tipos de lanternis Fonte: Acervo do autor. Com a mudança dos sheds para os lanternins, houve uma sutil mudança da forma da cobertura (Figura 56). Figura 56: Croqui da fachada Norte com uso de lanternim. Fonte: Acervo do autor. Nesta fase a planta ainda não havia sofrido modificações e assim elaborou-se uma modelagem no software Revit para melhor visualização das perspectivas internas e externas (Figura 57). Os resultados obtidos se mostraram interessantes, porém, ainda não estavam satisfatórios, pois o arco ogival necessário para vencer o vão precisaria ter flecha bem maior que a estipulada inicialmente. Embora a natureza orgânica da planta seja atraente visualmente, isto tornaria a execução dos aquários muito mais complexa que o desejável. Além disso, as formas orgânicas da planta dificultariam as alterações durante o projeto, e assim, essa tipologia foi deixada de lado para elaboração de uma planta mais racional seguindo a mesma essência espacial/fenomenológica. 73 Figura 57: Primeira modelagem em maquete virtual. Fonte: Acervo do autor. A sala de projeção, que inicialmente iria seguir os padrões convencionais com projeção vertical, se desenvolveu para uma sala imersiva com espreguiçadeiras de laminado de bambu, em disposição circular, com teto abobadado e com projetor telescópico central para projeção de vídeos de mergulho virtual educativo nos recifes de corais da APA (Figura 58). Figura 58: Corte esquemático da sala de projeção imersiva. Fonte: Acervo do autor. 5.3 A segunda proposta projetual Após os resultados anteriores, iniciou-se uma nova fase projetual com a maturação da ideia e racionalização das dimensões. Houve a definição de uma malha 74 de 2 m x 2 m em planta baixa considerando os vãos dos arcos estruturais múltiplos de dois: 4 m, 8 m e 12 m. Diferente da proposta anterior que tinha uma maior diversidade de arcos, na segunda proposta eles foram padronizados em 8 m e 12 m de largura com espaçamento entre si de 4 m. A proporção áurea foi utilizada juntamente com a sequência de Fibonacci para criar um arco ogival primário e estável com vão de 8 m e flecha de 12,94 m, chegando à razão áurea de 1,618 entre sua altura e largura. As alturas e os pontos de travamento interno também acompanharam as proporções do retângulo (Figura 59). Figura 59: Arco primário (em amarelo) e sua relação com o retângulo de ouro. Fonte: Acervo do autor. O arco primário era composto por 3 colmos de bambu, cada um com 150 mm de diâmetro e curvatura de raio fora da geometria, formando um grande arco ogival que apoia a cumeeira. A cumeeira por sua vez, é formada for 4 conjuntos de bambus amarrados, de menor seção, até formar o diâmetro de 150 mm, o que permite mais flexibilidade da peça. O travamento é feito por uma tesoura interna com dimensões que acompanham as proporções da sequência de Fibonacci e por uma cruz superior, que serviria de contraventamento entre a tesoura arco e a cumeeira, proporcionando estabilidade total ao sistema. A estrutura da coberta possuiria sete arcos primários com vãos de 8 m, representado na figura 61 (cor amarela), e sete arcos com vão de 12 m, representados 75 na cor cinza, de forma simplificada, sem as peças menores, para facilitar o entendimento. Conforme o edifício se desenvolvia os beirais iam se projetando em angulações que variavam de 5° a 45°(graus), dando movimento as fachadas. Os lanternins também variavam de tamanho de acordo com o comprimento do edifício. A altura da cumeeira obtida permitia que o ar quente se mantivesse sempre acima e distante do usuário promovendo a exaustão através do lanternim. Nesta fase de projeto não se tinha elaborado o estudo do desempenho térmico da piaçava, o que ocasionou um hiper dimensionamento da altura da cumeeira. As varandas e os lanternins funcionavam também como elementos filtrantes da luz solar que penetrariam no edifício de forma indireta, as paredes vazadas de bambu também exerceriam essa função. Nesta etapa projetual a planta baixa (Figura 60), se tornou mais racional, porém mantendo a essência da proposta anterior. Figura 60: Planta Baixa atual do oceanário da APA Costa dos Corais. Fonte: Acervo do autor. No corte transversal (Figura 61) é possível observar a integração da arquitetura com o paisagismo. O volume dos banheiros simplificado foi representado a direita. 76 Figura 61: Corte transversal da proposta atual do oceanário da APA Costa dos Corais. Fonte: Acervo do autor. A coberta possuía duas grandes águas e um lanternim superior. Na planta de locação e coberta (Figura 62), o lanternim não foi representado em planta. Figura 62:Planta de locação e coberta atual do oceanário da APA Costa dos Corais. Fonte: Acervo do autor. Nas fachadas leste e oeste, os arcos se inclinavam para suas respectivas frentes (Figura 63). 77 Figura 63: Fachada sul e perspectiva da segunda proposta projetual para o Oceanário da APA Costa dos Corais. Fonte: Acervo do autor. 5.4 Experiência empírica de construção com bambu A fim de pôr em prática os conhecimentos teóricos adquiridos sobre o bambu ao logo da pesquisa realizada durante o curso de mestrado, o autor participou de um curso intensivo de construção em bambu na escola Ebiobambu, localizada em visconde de Mauá-RJ. O curso foi ministrado pela arquiteta Celina Lherena, onde o autor teve a oportunidade de fazer ricas trocas de experiência e transmitir o conhecimento adquirido de anos de manejo e construção de bambu. O curso se desenvolveu ao logo de três dias, em que foram apresentadas as principais espécies de bambu, comumente usadas na construção e no paisagismo, manejo das touceiras, cortes e podas, tratamento dos colmos, tipos de cortes, encaixes, fundação, e por fim a construção de um pendural7 em bambu pelos participantes (Figura 64). A imagem a seguir apresenta este processo: 1-manejo de touceira de Dendrocalamus asper; 2- corte manual de peças de bambu para construção; e 3- perfurações com broca de peça de travamento do pendural em vermelho detalhes de conexões em boca de peixe. 7 Pendural: Estrutura que pode ser coberta ou não usada para empilhagem, apoio, armazenagem e secagem de varas de bambu. 78 Figura 64: Processo para construção de um pendural em bambu. Fonte: Acervo do autor. O projeto do pendural foi previamente elaborado no software de modelagem 3D Sketchup. A construção iniciou-se com o corte e marcação dos colmos com símbolos alfanuméricos e cores correspondentes ao projeto para facilitar a identificação e organização das peças. As partes dos colmos de bambu que entravam em contato com o solo foram impermeabilizadas com “envelopamento” / derretimento de garrafas PET. Em suas respectivas bases não houve concretagem. Os pilares principais foram fixados no solo por pedras encontradas no local, socadas e assentadas por socador de ferro de forma manual. Para fins didáticos foram utilizadas diversas espécies de bambu na construção, dentre elas o Guadua angustifolia, phyllostachys edulis, dendrocalamus asper, e o bambusa vulgaris. Cada aluno participava de todo processo da construção, que se prolongou por mais alguns dias e foi posteriormente finalizado pela equipe do instituto. Após esta vivência e os conhecimentos adquiridos durante o curso, o projeto passou por mudanças significativas para alinhamento estrutural, de forma a melhor se adequar as propriedades do Guadua angustifolia, racionalização da coberta, economia de materiais e otimização de sua exequibilidade. 79 6 PROJETO FINAL As práticas e conhecimentos adquiridos no curso exerceram grande influência no projeto, que passou por importantes modificações para ser mais compatível com a capacidade técnica de construção em bambu atual do Brasil, como também de adequação as propriedades físicas e plásticas da espécie Guadua angustifolia, que foi trabalhada durante o curso de construção em bambu. Buscou-se também uma maior racionalização da coberta, economia de materiais, beleza e harmonia estética. O sistema de conexão aprendido durante o curso da Ebiobambu, de barras roscadas e aparafusamento, muito utilizado pela arquiteta ministrante Celina Lherena, foi adotado nesse projeto nas interfaces entre os bambus nos pórticos e travamentos. 6.1 Planta baixa do oceanário Com os estudos dos cortes e da modelagem 3D a planta foi modificada de forma integral, com objetivo de otimizar a experiência do usuário e trazer mais proteção e conforto. Os aquários foram agrupados de maneira a dar mais continuidade aos espaços, e elevados cerca de 50 cm do nível do piso, onde fica embutido o sistema de suporte à vida, que é composto por filtros e bombas D’água. O aquário principal assumiu forma circular, sendo estruturado em acrílico curvo de alta resistência. Os colmos de bambu usados como paredes lineares passaram a ser agrupados de forma sinuosa inspirada nas ondas do mar (Figura 65). 80 Figura 65: Planta de locação e coberta e planta de coberta. Fonte: Acervo do autor. A coberta, agora com quatro grandes águas, recebe um conjunto de doze mansardas, utilizadas como elementos de ventilação passiva e de captação de luz solar indireta. O banheiro externo de visitantes possui um telhado verde sobre laje, tendo a conexão entre os dois estabelecida através de uma coberta translúcida, construída em vidro sobre uma estrutura de bambu. O agenciamento e paisagismo se mantiveram os mesmos, como também a rampa de acesso e os espelhos d’água. 6.2 Sistema estrutural e pórticos O sistema estrutural é composto por dezessete pórticos, sendo os nove primeiros com vão de 8 m, e mais oito pórticos com vão de 12 m que sustentam a coberta. A distância entre os eixos dos pórticos é constante, com dimensão de 4 m. Os pórticos são compostos por um arco ogival interno que estabiliza as duas tesouras que se encontram na cumeeira. Os pilares inclinados nas extremidades sustentam os beirais e criam áreas de estar e circulação ao redor do edifício. Estes beirais também abrigam o café e circulação até o trecho onde se localizam os banheiros externos na face sul (Figura 66). 81 Os pórticos possuem as mesmas configurações básicas entre si, alternando apenas o raio do arco ogival interno, e por consequência disso, modificando também a flecha do arco, que interfere na altura da cumeeira, largura do vão interno e comprimento dos beirais (Figura 66). A imagem a seguir apresenta os detalhes: A- corte transversal do pórtico de 12 m de vão; B- corte transversal pórtico de 8 m de vão; C- corte longitudinal; e D- fotos da maquete física do estudo do pórtico. Figura 66: Estudos em cortes para pórtico ogival. D Fonte: Acervo do autor. O sistema de travamento entre os pórticos se desenvolveu de forma linear, através de vigas retas e mãos francesas que distribuem as cargas para os pilares (Figura 66-D). Um muxarabi de tiras de bambu faz o fechamento do último pórtico da fachada leste (Figura 66-A), filtrando a luz do sol da manhã e minimizando os efeitos do vento e de arrasto da chuva. Esse painel foi estruturado em bambus em colmos inteiros, dispostos em forma radial e trazendo uma referência simbólica aos raios durante o nascer do sol. De acordo com o estudo solar e simulações (abordados a 82 seguir no subitem 6.7), esse elemento foi dimensionado para ser o mais eficiente possível em sua função protetiva. Na entrada foi projetado um totem em estrutura metálica revestido por ACM (alumínio composto), contendo o logotipo da APA Costa dos Corais, o nome do edifício e uma placa com informações sobre o oceanário e a unidade de conservação ver (Figura 67). Figura 67: A- Fachada norte e sul, B- Acesso principal com totem e placa informativa. A B Fonte: Acervo do autor. A caixa em concreto do reservatório superior é pintada em tom de marrom, similar ao da fibra de piaçava. A estrutura que o sustenta é composta por pilares circulares de concreto que simulam uma estrutura em bambu. Desta forma, o resultando estético obtido dialoga harmonicamente com o edifício, (Figura 67 e Figura 68). Um painel em muxarabi recuado na fachada oeste faz o fechamento do pórtico de entrada com uma porta giratória em arco ogival. A trama filtra a luz do sol poente, permitindo também transparência visual e entrada de ventilação. 83 Figura 68: Fachada Oeste e fachada leste Fonte: Acervo do autor. 6.3 Detalhes construtivos Durante o processo de detalhamento das conexões e interfaces que compõem o pórtico e o sistema estrutural, reforçou-se a importância e trouxe à tona a complexidade dessa fase projetual para a devida execução de estruturas de bambu. Ao projetar uma conexão com bambu é necessário observar diversos aspectos, sendo principal delas a irregularidade e complexidades dos colmos, que são cilíndricos e com entrenós ocos. É comum que estes apresentem diferenças de dimensões entre os nós (comprimento do internó) entre uma vara e outra, sendo necessário também atentar para a variação dos diâmetros das varas que mesmo quando de boa qualidade, devidamente tratadas e beneficiadas, apresentam variações de 0,5 a 2 cm. Para nível de projeto elegeu-se o Guadua angustifolia com diâmetro de 12cm, mas sabe-se que varas desse diâmetro da espécie são mais difíceis de se obter, sendo assim, também se torna possível executar o projeto com varas menores de 11cm ou até 10cm, a depender de sua função estrutural. Para as conexões entre as peças principais de bambu, foi escolhido o sistema de aparafusamento com barra roscada, principalmente por ser um sistema eficiente, durável, de baixa complexidade, facilmente aprendido e executado pela equipe de obra, se executado com as devidas orientações. A perfuração para passagem das barras roscadas, sempre que possível, devem ser próximos aos nós, que são as partes mais resistentes do colmo do bambu. Esta perfuração deve ser realizada a cerca de 5 cm de distância do eixo do nó, podendo variar de acordo com a função estrutural do colmo, esforços e cargas que vão atuar no mesmo. Os esforços de pressão, cisalhamento e flexão podem causar 84 fissurais nos colmos dos bambus, e, para evitar essa patologia, braçadeiras de aço deverão ser fixadas antes e depois dos furos para estabilizar e evitar futuras fissuram. O acabamento estético será feito por fibras de sisal que encobrirão as braçadeiras. Nos pontos de esforços de compressão perpendicular aos colmos do bambu, será injetado concreto nos internós, a fim de evitar o efeito de esmagamento. Os colmos que formam a cumeeira se conectam formando um ângulo interno de 125°. Enquanto isso, reforçando o travamento do sistema, quatro chapas de aço devem ser localizadas acima e abaixo do encontro das vigas e fixadas por parafusos (Figura 69). Figura 69: Detalhe estrutural do pórtico, cumeeira. Fonte: Acervo do autor. Os caibros perpendiculares são reforçados internamente com concreto no encontro das peças para evitar o efeito de esmagamento no bambu. Niveladores metálicos nivelam a barra roscada de acordo com a inclinação da peça, mantendo sempre uma interseção de perpendicular (tecnologia desenvolvida por Simom Velez). Na interface do pilar reto com a viga inclinada do pórtico, a conexão se efetua de forma similar as outras interfaces, repetindo o mesmo sistema de barras roscadas e aparafusamento com torção da barra interna em forma de gancho. Porém, pelo fato das varas não se encontrarem de forma perpendicular é necessária a utilização de niveladores metálicos (Figura70). 85 Figura 70: Detalhe estrutural do pórtico, interface do pilar reto com viga inclinada. Fonte: Acervo do autor. Na interface do pilar inclinado com a viga inclinada do pórtico, a conexão se efetua de forma similar as outras interfaces com as mesmas características, sistema de barras roscadas e aparafusamento com torção da barra interna em forma de gancho. Nessa conexão as varas se encontram perpendicularmente, dispensando o uso de niveladores (Figura 71). Figura 71: Detalhe estrutural do pórtico, interface do pilar inclinado com a viga. Fonte: Acervo do autor. Na interface do pilar com a fundação, a conexão se efetua por vergalhões torcidos nas pontas, que penetram dois colmos adentro das varas, devendo ser concretados e assim ancorando todo o pórtico (Figura 72). 86 Figura 72: Detalhe estrutural do pórtico- interface entre pilares de bambu com fundação em concreto. Fonte: Acervo do autor. Na interface da mansarda (abertura disposta sobre a coberta para iluminar e ventilar) , ocorre nas vigas que travam os pórticos perpendicularmente, a conexão acontece por meio de barras roscadas e entalhe das varas que se conectam em forma de boca de peixe (Figura 73). Figura 73: Detalhe estrutural do pórtico, interface entre viga e mansarda. Fonte: Acervo do autor. 6.4 Anexo técnico administrativo O anexo foi planejado para dar suporte as atividades técnico-administrativas do oceanário. A planta retangular se desenvolve no sentido Leste-Oeste, possuindo salas para o corpo administrativo e zootécnica do oceanário (Figura 74). Uma grande varanda com beirais generosos protege as paredes internas da insolação excessiva e o fechamento de varas de bambu permitem a passagem dos ventos, favorecendo a ventilação cruzada. Os quatro tanques que ficam sob uma coberta independente são 87 reservados para animais marinho em tratamento, e que não podem ficar expostos ao público. Figura 74: A- Planta Baixa, B- Fachada sul. Fonte: Acervo do autor. O sistema estrutural que sustenta ambas as cobertas é todo em bambu, feito através de pilares verticais e apoios tipo mão francesa em 45° (Figura 75). Figura 75: Corte transversal do anexo técnico administrativo Fonte: Acervo do autor. Durante o curso no Instituto Ebiobambu, foram abordados sistemas de telhados verdes leves, sendo um deles mais adequado a proposta projetual sugerida para o anexo. Este sistema consistia em telhas de fibrocimento onduladas. Acima das telhas, foi instalada uma lona plástica para proteção mecânica, uma manta geotêxtil e uma 88 fina camada de substrato com folhas secas, podendo ser colocado um sistema simples de irrigação para garantir umidade nos períodos mais secos (Figura 76). Para serem incluídas no processo, indica-se plantas pioneiras e rústicas, como capins, bromélias, suculentas, cactáceas, samambaias, trapoerabas e demais plantas que podem crescer espontaneamente. Espécies de maior porte ou com raízes mais agressivas, devem ser removidas para evitar danos ao telhado. Figura 76 : A- Instalação de Telhado verde leve na sede da Ebiobambu. B- Esquema de telhado verde leve sob telha de fibrocimento. Fonte: Acervo do autor. 6.5 O paisagismo e a conexão com o Forte de Tamandaré A intervenção paisagística servirá para conectar o forte com o oceanário sobre os princípios da ecogênese. Batizada de Trilha da Restinga, funcionará como mais um atrativo turístico e de educação ambiental (Figura 77). 89 Figura 77: Planta de situação com zoneamento e delimitação da trilha da restinga conectando o forte com o oceanário. Fonte: Acervo do autor. A ecogênese é a reconstituição de ecossistemas parcialmente ou totalmente degradados, valendo-se de uma reinterpretação do ecossistema através do replantio de espécies vegetais autóctones8, em um trabalho de equipe multidisciplinar, envolvendo profissionais de botânica, biologia, zoologia, geografia, entre outros, além do arquiteto paisagista. A ecogênese prima pela reconstrução de paisagens que já sofreram profundas modificações em sua estrutura, valendo-se de elementos vegetais autóctones, provenientes de todos os estratos, recompondo suas associações originais (CURADO,2008, p.2). 6.6 Estudos volumétricos e simulações iniciais do edifício Foi elaborada uma volumetria inicial do oceanário através do software sketchup, a fim de estudar o comportamento aerodinâmico da edificação, principalmente da coberta. A primeira simulação foi através do software Flow Design 2014, para identificar a ação da pressão nas superfícies da edificação em relação a velocidade e direção dos ventos, que na região sopram predominantemente do Sudeste (Figura 78). 8 Autóctones: Que é natural da região ou do território; nativo. 90 Figura 78: Simulação da pressão nas superfícies do edifício Fonte: Acervo do autor. Essa simulação mostrou quais pontos da coberta e da edificação receberiam a maior pressão dos ventos e das chuvas. Através dela é possível prever quais áreas da coberta e do edifício que seriam mais afetados por intempéries. Se tratando de coberta de fibras naturais, esses trechos são os primeiros a sofrer perda de massa e a necessitar de manutenção. Tal simulação também se torna importante pois auxilia a nortear a especificação da espessura da coberta, de possíveis reforços estruturais e de elementos para amortecer o efeito de arrasto das chuvas. A simulação mostra (na cor vermelha) os trechos que sofrem maior pressão dos ventos e consequentemente das chuvas. É possível observar que a parede posterior da sala multimídia, parte da coberta e banheiros necessitarão de maior atenção e de elementos para amortizar esse efeito. O painel de muxarabi de bambu minimiza boa parte da entrada excessiva de ventos, chuvas e luz solar. Este painel, como toda a estrutura em bambu que recebe luz solar direta, deverá ser protegida com verniz marítimo com proteção UV E UVB. De acordo com os aprendizados passados durante o curso de construção em bambu, um pequeno furo de 1 mm deverá ser feito a cerca de 5 cm após cada nó do colmo, como uma estratégia de exaustão e “respiro”, evitando o estufamento e rachaduras provenientes do aumento da temperatura do ar na parte interna do entrenó. 91 Na imagem a seguir (Figura 79) é possível observar a diferença de pressão e o efeito da ventilação em simulação de túnel vertical, condição necessária para proporcionar a ventilação cruzada no edifício, que nesse caso se mostrou satisfatória. Figura 79 : Simulação da pressão nas superfícies do edifício com túnel de vento vertical. Fonte: Acervo do autor. A segunda simulação foi elaborada utilizando o túnel de vento em plano horizontal a uma altura média de 1,70 m, para verificar o efeito dos ventos na altura do usuário e a efetividade da ventilação cruzada no edifício; apresentando-se de forma eficiente (Figura 80). Figura 80: Simulação da ventilação cruzando o edifício Fonte: Acervo do autor. 92 A terceira simulação foi elaborada utilizando o túnel de vento em plano horizontal a uma altura média de 1,70 m, com o intuito de verificar o efeito dos ventos na altura do usuário e a efetividade da ventilação cruzada no edifício em visualização de massas de pressão. É possível observar a diferença de pressão ao redor do oceanário, características necessárias para a eficiência da ventilação cruzada (Figura 81). Figura 81: Simulação da ventilação túnel de vento em plano horizontal mostrando a diferença de pressão entre as fachadas do edifício em amarelo e verde as áreas de maior pressão. Fonte: Acervo do autor. 6.7 Estudo de insolação O estudo foi elaborado inicialmente com maquete física através do Heliodon e posteriormente com maquete eletrônica no software Solar Tool 2011. Para esse estudo foram escolhidos trechos que mais solicitariam de proteção, como a fachada norte, onde foi simulada proteção solar de parte da varanda posterior. O software demonstrou que a cobertura planejada é eficiente no que diz respeito à proteção solar. Inclusive no período mais crítico, durante o solstício de inverno (Figura 82). A imagem a seguir apresenta a carta solar com máscara de sombra e simulação em 3D da varanda. A carta solar mostra que a porcentagem de céu visível pode ser maior para favorecer a entrada de luz natural, sendo assim, deverá ser estudada uma possível uma redução do seu beiral. 93 Figura 82: Estudo da insolação na varanda da fachada norte do edifício. Fonte: Acervo do autor. Na fachada sul foi escolhido para estudo de insolação o trecho da varanda que abriga a área de estar do café. O software demostrou que a cobertura protegeria bem a fachada da insolação direta, inclusive, no período mais crítico, durante o solstício de verão. A imagem abaixo apresenta a carta solar com máscara de sombra e simulação em 3D da varanda (Figura 83). Figura 83: Estudo da insolação na varanda da fachada sul do edifício. Fonte: Acervo do autor. Por conta da altura dos arcos nas fachadas leste e oeste, já era esperado que haveria entrada excessiva de luz solar dentro do edifício, e que seria necessária a 94 aplicação de algum elemento de proteção. Dessa forma, foi elaborado um estudo a fim de descobrir quais seriam as dimensões necessárias desse elemento de proteção solar. Na fachada oeste, o estudo de insolação foi aplicado em toda a fachada. Porém, pelas limitações do software, não foi possível reproduzir o arco ogival e sua inclinação. Dessa forma, foi reproduzido apenas suas dimensões gerais de altura, largura e profundidade. O estudo demostrou que em função da altura do arco, o interior do edifício começa a receber luz solar a partir das 14h. A imagem abaixo apresenta a carta solar com máscara de sombra e simulação em 3D para a fachada oeste (Figura 84). Figura 84: Estudo da insolação na fachada oeste do edifício. Fonte: Acervo do autor. Foi realizada uma segunda simulação a fim de descobrir a altura ideal para uma segunda água, que auxiliaria na proteção da insolação até o período das 16:30h. A simulação mostrou que a altura mínima desse elemento para proteção nesse horário é 3,00 m (Figura 85). Como estratégia para solucionar essa questão foi planejada uma parede vasada, que preenche todo o arco, e confeccionado em tiras de bambu para proteção solar. 95 Figura 85: Estudo da insolação na fachada Oeste do edifício com aplicação de segunda água interna. Fonte: Acervo do autor. Os estudos e resultados para a fachada leste foram bastante similares ao da fachada oeste, onde os arcos sem elementos de proteção solar permitem a entrada dos primeiros raios de sol da manhã (Figura 86). Figura 86: Estudo da insolação na fachada Leste do edifício. Fonte: Acervo do autor. Foi realizada uma segunda simulação a fim de descobrir a altura ideal para uma segunda água, que auxiliaria na proteção da insolação a partir das 7h da manhã. A simulação mostrou que a altura mínima desse elemento para proteção nesse horário 96 é 3,30 m (Figura 87). Como estratégia para solucionar essa questão foi planejada uma estrutura de proteção em bambu vertical, diminuindo a altura do portal, que passou a admitir a altura ideal necessária para proteção. Figura 87: Estudo da insolação na fachada Leste do edifício. Fonte: Acervo do autor. Com as modificações no projeto, a fachada leste sofreu alterações, como a altura do arco, que ficou menor, e os beirais, que aumentaram conforme apresentado na simulação anterior, onde a abertura foi reduzida para 3,30 m. Na simulação final foi aplicado uma barreira solar interna feita de bambu para proteção. A nova simulação mostrou ser eficiente para proteção da parte interna do edifício em relação a incidência solar. Porém, ainda permite a penetração dos raios solares nos tanques externos, que são parcialmente cobertos nas primeiras horas do dia, característica desejável para esta área (Figura 88). A imagem abaixo apresenta a simulação de uma carta solar com máscara de sombra e simulação em 3D da fachada leste. 97 Figura 88: Estudo final da insolação na fachada Leste do edifício. Fonte: Acervo do autor 98 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O bambu (Guadua angustifolia) possui um poderoso potencial construtivo, suas características físicas e mecânicas o tornam um importante material para exploração e implantação na construção civil no Nordeste. Considerado um material ecológico, seu uso diminui consideravelmente a emissão de gás carbônico (CO2) e o impacto negativo das construções, se comparado aos materiais industrializados (também chamados de convencionais). Além disso, possui grande resistência a tração e compressão (paralelas as fibras), podendo substituir em alguns casos o concreto e o aço. No projeto para o oceanário, sua versatilidade permitiu que este material fosse empregado desde o sistema estrutural até as vedações e revestimentos. Sua tecnologia construtiva mostra-se muitas vezes complexa, principalmente quando o bambu é utilizado em elementos composto de dois colmos ou mais, permitindo assim uma infinidade de conexões, interfaces entre eles e outros componentes. Tal complexidade tornou o trabalho com o bambu além de especial, desafiador, tornando- se uma experiência dinâmica e continuamente pedagógica. As possiblidades construtivas do bambu são inúmeras, descobertas e estudadas durante o processo de desenvolvimento da proposta projetual. Diversos sistemas estruturais foram estudados e concebidos com o auxílio de maquetes físicas, maquetes virtuais e desenhos, até chegar à proposta final de projeto para o oceanário. Em paralelo aos estudos sobre o bambu, o aprofundamento conceitual sobre estratégias bioclimáticas permitiu que a proposta projetual respondesse de forma mais assertiva as condicionantes climáticas da região. Através das simulações e estudos de insolação foi possível avaliar o desempenho do edifício quanto a eficiência da ventilação cruzada e proteção solar. Os resultados auxiliaram no processo para o aperfeiçoamento da proposta e desenvolvimento de soluções arquitetônicas mais precisas e adequadas. A temática oceanário se mostrou desafiante, principalmente pela escassez de bibliografia e normas para projetos dessa natureza. Em contrapartida, a ausência de limitações formais, permitiram maior liberdade projetual e desenvolvimento do projeto com enfoque no sistema estrutural, também desafiador e complexo. O estudo sobre o Oceanário de Aracaju (SE) foi de particular importância na concepção projetual. Através dele foi possível dimensionar os aquários e o seu 99 sistema construtivo, como também de um programa arquitetônico adequado que atendesse as necessidades de um projeto dessa esfera. Os estudos sobre processos de projeto e metodologia projetual permitiram melhor organização e cumprimento das devidas etapas projetuais, sendo possível assim selecionar e analisar os estudos de referência que melhor contribuíram para proposta final. A análise realizada sobre o desempenho da fibra de piaçava, como material para coberta, trouxe à luz dados técnicos sobre suas características e desempenho térmico, proporcionando mais familiaridade com o material e trazendo segurança para propor seu uso em projetos a serem desenvolvidos pelo autor. A experiência empírica proporcionada pelo curso de construção em bambu transformou o andamento do projeto, e assim como a piaçava, trouxe mais segurança para o desenvolvimento do trabalho fazendo uso deste material. Através disto, se tornou possível especificar sistemas de conexão mais práticos, eficientes e compatíveis com o nível de desenvolvimento da tecnologia construtiva em bambu no Brasil. Um destes sistemas foi o de conexão por barras roscadas e aparafusamento que, pela comprovada eficiência, foi adotado na maioria das conexões desta proposta projetual. A forma também se adequou ao material, se adaptando as suas limitações e características específicas. Para a plástica, optou-se por utilizar predominantemente os colmos retos, onde o processo de curvagem foi utilizado apenas para dar forma aos arcos ogivais internos. A intervenção paisagística conceituada em ecogênese mostrou-se adequada em intervenções em áreas de restinga e mata atlântica, principalmente em áreas costeiras que necessitam de restauro ecológico para uso socioambiental. 100 8 REFERÊNCIAS ABNT. NBR 9050 Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015. ABNT. NBR 15220/03 Desempenho térmico de edificações Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. Rio de Janeiro, 2004. ABNT. NBR 10152 Acústica – Níveis de pressão sonora em ambientes internos a edificações. Rio de Janeiro, 2017. ANDRADE, M. RUS,R. MOREIRA,D. O processo de projeto em arquitetura: da teoria à tecnologia. Oficina de Textos, 2011. Cap 4, p.80. BAMBUSA. Bambu Guadua, Disponível em:< https://bambusa.es/pt- pt/caracteristicas-do-bambu/bambu-guadua/> Acesso em: 10 de agosto.2018. BROADBENT, D. E."Stimulus set and response set: Two kinds of selective attention." 1970. CLIMATE. Dados climáticos de Tamandaré Disponível em:Acesso em: 10 de agosto.2018. CURADO, MIRIAN, M,C. Paisagismo contemporâneo no Brasil: Fernando Chacel e o conceito de ecogênese. p.2. sd. FARRELY, David. The book of Bamboo,1995. EMPETUR. Turismo no litoral sul de Pernambuco disponível em:< www.empetur.com.br>. 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Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 9, n. 1, p. 107-114, 2005. GLEICE A. Elali; VElOSO, Maisa. Notas de sala de aula, na disciplina de atelier integrado ao projeto II. PPAPMA-UFRN. HOLANDA, Armando de. Roteiro para construir no nordeste, arquitetura como lugar ameno nos trópicos ensolarados. 1974.p.8. IBGE, Panorama das cidades brasileiras, Tamandaré. Disponível em: . Acesso em: 23 de junho. 2018. ICMBIO. Portaria nº 144, de 1º de fevereiro de 2013, dispõe sobre o Plano de manejo área de proteção ambiental costa dos corais. Tamandaré,2013. ICMBIO. Plano de manejo da APA Costa dos Corais. Tamandaré, 2013. LAWSON, Bryan. Como arquitetos e designers pensam. Oficina de Textos, 2011. LAMBERTS, Roberto; DUTRA, Luciano; PEREIRA, F. Eficiência Energética em Edificações. São Paulo, 1997. LORENZI, Harri. Terrestres aquáticas, parasitas, toxicas e medicinais. Plantas daninhas do Brasil. 1982. LOPEZ, Oscar Hidalgo. Bamboo: The gift of the gods. O. Hidalgo-López, 2003. MANSO, V; Guerra,C; Soares, F. Erosão e progradação do litoral brasileiro- Pernambuco, MMA p.183, 2012. PADOVAN, R.B. O Bambu na arquitetura. Design de conexões estruturais. 2010. 183f. Dissertação (Mestrado em Designe) – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação - Universidade Estadual Paulista. Bauru, 2010 RITA,SANTA. Construção, Materiais e Conforto em Ambiente Tropical: A Arquitetura nos Trópicos. Revista Lusófona de Arquitectura e Educação.Lisboa, n 10,2014. TAMADARÉ. Câmara Municipal. Lei Complementar nº 187/2002. Dispõe sobre o código de obras de Tamandaré. Tamandaré,2002. TAMADARÉ. Câmara Municipal. Lei Complementar nº 188/2002. Dispõe sobre a Lei de uso e ocupação do solo de Tamandaré. Tamandaré,2002. TAMADARÉ. Câmara Municipal. Lei Complementar nº 184/2002. Dispõe sobre o plano diretor de Tamandaré. Tamandaré,2002. 102 TERRAMARE, projeto oceanário de Aracaju. Disponível em: Acesso em: 10 de agosto. 2018. TRUJILLO, D. LOPEZ. Diseño de uniones y elementos em estruturas de guadua, Intervenção de Investigação sobre Guadua, Pereir, 2002. VOGTLÄNDER, J. LUGT, P.V.D, BREZET, H. - The sustainability of bamboo products for local and Western European applications. LCAs and land-use. – Out, 2016, Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2010.04.015 103 Arqu itetura em bambu, projeto para o Oceanári o da APA Costa dos Corais Tácio Fernandes dos santos lima Volume II 104 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO AMBIENTE MESTRADO PROFISSIONAL TÁCIO FERNANDES DOS SANTOS LIMA ARQUITETURA EM BAMBU, PROJETO PARA O OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS Volume II Natal, setembro de 2020. 105 ÍNDICE DE PRANCHAS Prancha 01: Planta de Situação, Planta de locação e Planta de Coberta. Prancha 02: Fachadas Norte, Sul, Leste e Oeste. Prancha 03: Planta Baixa do conjunto edificado. Prancha 04: Corte AA, Corte BB, Corte CC. Prancha 05: Anexo Técnico Administrativo, Fachada norte, Fachada sul, Corte EE e Corte DD. Prancha 06: Detalhamento do pórtico do oceanário, Corte DD. Prancha 07: Detalhamento do pórtico do oceanário, Corte BB e Corte DD. Prancha 08: Perspectivas do conjunto edificado. A V . L E O P O L D O L I N S 0 , 1 0 0,5 A V . L E O P O L D O L I N S 0,5 P R A I A D O F O R T E P2 F F A A AQUÁRIO CENTRAL P2 F F A A AQUÁRIO CENTRAL E E D D R E S E R V A T Ó R I O S U P E R I O R R E S E R V A T Ó R I O I N F E R I O R C C B B A C E S S O P R I N C I P A L E E D D R E S E R V A T Ó R I O S U P E R I O R R E S E R V A T Ó R I O I N F E R I O R C C B B A C E S S O P R I N C I P A L INTERVENÇÃO PAISAGÍSTICA EM ECOGÊNESE INTERVENÇÃO PAISAGÍSTICA EM ECOGÊNESE INTERVENÇÃO PAISAGÍSTICA EM ECOGÊNESE FORTE DE TAMANDARÉ INTERVENÇÃO PAISAGÍSTICA EM ECOGÊNESE INTERVENÇÃO PAISAGISTICA EM ECOGÊNESE INTERVENÇÃO PAISAGÍSTICA EM ECOGÊNESE INTERVENÇÃO PAISAGÍSTICA EM ECOGÊNESE INTERVENÇÃO PAISAGÍSTICA EM ECOGÊNESE RUA CATORZE TRILHA DA RESTINGA E ACESSO AO FORTE ESPELHO D'ÁGUA LAGO i=50% i=50% ESPELHO D'ÁGUA TANQUE 1 i=4% ACESSO PRINCIPAL COBERTA DE PIAÇAVA COBERTA DE PIAÇAVA TELHADO VERDE LEVE, SOB TELHA DE FIBRO CIMENTO. i=50% i=50% HALL DOS TANQUES ESPELHO D'ÁGUA ESPELHO D'ÁGUA RAMPA DESCE DESCE ESPELHO D'ÁGUA ESPELHO D'ÁGUA ACESSO PROJEÇÃO DA COBERTA CARROS COBERTA DE VIDRO SOBRE ESTRUTURA DE BAMBU ESPELHO D'ÁGUA i=4% TANQUE 2 CALHA TELHADO VERDE LEVE, SOB TELHA DE FIBRO CIMENTO. TETO JARDIM SOB LAJE. RAMPA ACESSIVEL i = 8,33% ACESSO ESTACIONAMENTO Branco Amarelo N 0,10 10 0, 0,2 1,16 INTERVENÇÃO PAISAGÍSTICA EM ECOGÊNESE 2,5 L ESTACIONAMENTO ESTACIONAMENTO O S R U A C A T O R Z E RESTING A E TRILHA D A E CESSO A O FORT A RESIDENCIAS DO CEPENE TERRENO DO CEPENE ESPELHO D'ÁGUA LAGO i=50% i=50% ESPELHO D'ÁGUA PIER DO CEPENE TANQUE 1 i=4% ACESSO PRINCIPAL COBERTA DE PIAÇAVA COBERTA DE PIAÇAVA TELHADO VERDE LEVE, SOB TELHA DE FIBRO CIMENTO. i=50% i=50% HALL DOS TANQUES ESPELHO D'ÁGUA RAMPA ESPELHO D'ÁGUA DESCE DESCE ESPELHO D'ÁGUA ESPELHO D'ÁGUA ACESSO PROJEÇÃO DA COBERTA CARROS COBERTA DE VIDRO SOBRE ESTRUTURA DE BAMBU ESPELHO D'ÁGUA i=4% TANQUE 2 BAÍA DE TAMANDARÉ CALHA TELHADO VERDE LEVE, SOB TELHA DE FIBRO CIMENTO. TETO JARDIM SOB LAJE. RAMPA ACESSIVEL i = 8,33% ACESSO ESTACIONAMENTO N Branco Amarelo L N 0,10 O CEPENE 0,2 SEDE DO CEPENE S 0 20 100 1,16 ESCALA GRÁFICA 2,5 L ESTACIONAMENTO PLANTA DE SITUAÇÃO - SEM ESCALA ESTACIONAMENTO O S PLANTA DE LOCAÇÃO E COBERTA DO CONJUNTO EDIFICIADO - ESCALA 1/300 UFRN- PPAPMA-PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO-AMBIENTE ARQUITETURA TROPICAL EM BAMBU:PROJETO PARA O OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS MESTRANDO: TÁCIO FERNANDES DOS SANTOS LIMA ORIENTADORA: CORIENTADORA: EDNA MOURA PINTO MAISA FERNANDES VELOSO ASSUNTO: OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS CONTEÚDO: PRANCHA: PLANTA DE SITUAÇÃO, LOCAÇÃO E COBERTA DO CONJUNTO EDIFICADO ESCALA: FASE: 1/8 PROJETO BÁSICO INDICADA FACHADA LESTE DO CONJUNTO ESCALA 1/100 ANEXO TÉCNICO ADMINISTRATIVO. COM ÁREA EXTERNA DO ANEXO. ABRIGO DOS FACHADA OESTE DO CONJUNTO ESCALA 1/100 PAREDES EM TIJOLO DE SOLO CIMENTO E TANQUES DE OBSERVAÇÃO. ESTRUTURA DA COBERTA EM BAMBU. MANSARDAS PARA ILUMINAÇÃO INDIRETA E EXAUSTÃO DO AR QUENTE. FACHADA SUL DO OCEANÁRIO ESCALA 1/100 RAMPA ACESSÍVEL PARA ACESSO A ÁREA TANQUES EXTERNOS. DE OBSERVAÇÃO DAS ESCOTILHAS DOS TANQUES EXTERNOS. FACHADA NORTE DO OCEANÁRIO ESCALA 1/100 UFRN- PPAPMA-PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO PAREDE VASADA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO-AMBIENTE TANQUES EXTERNOS EM COLMOS DE BAMBU CONCRETO ARMADO COM ARQUITETURA TROPICAL EM BAMBU:PROJETO PARA O OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS ACABAMENTO NATURAL. MESTRANDO: PAREDES INTERNAS DE TÁCIO FERNANDES DOS SANTOS LIMA TAIPA DE MÃO COM ORIENTADORA: CORIENTADORA: ACABAMENTO NATRUAL EDNA MOURA PINTO MAISA FERNANDES EM ADOBE. ASSUNTO: OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS CONTEÚDO: PRANCHA: FACHADAS FASE: ESCALA: PROJETO BÁSICO INDICADA 2/8 3,50 1,45 1,00 1,45 SALA DE PROJEÇÃO TANQUE DE TOQUE AQUÁRIOS AQUÁRIOS LOJA DE LEMBRANÇAS HALL DE ENTRADA ACESSO DE PEDESTRES TANQUE 1 CORTE AA ESCALA 1/100 RESERVATÓRIO SUPERIOR PAINEL DE PROTEÇÃO SOLAR EM MUXARABI COMPOSTO POR RIPAS DE BAMBU, INVERNIZADAS. CIRCULAÇÃO CIRCULAÇÃO ÁQUARIO PRINCIPAL ÁQUARIO TANQUE DE TOQUE CIRCULAÇÃO JARDINS JARDINS AQUÁRIO PRINCIPAL TANQUE DE TOQUE EM ESTRUTURADO EM CONCRETO ARMADO. CORTE BB ESCALA 1/100 CONCRETO ARMADO E ACRILICO CIRCULAR DE ALTA RESISTÊNCIA. RESERVATÓRIO SUPERIOR COBERTA DE TRANSIÇÃO EM VIDRO ESTRTURADA EM BAMBU. TETO JARDIM SOBRE LAJE. BANHEIROS CIRCULAÇÃO ÁQUARIO HALL DOS AQUARIOS ÁQUARIO QUIOSQUE DO CAFÉ CIRCULAÇÃO JARDINS UFRN- PPAPMA-PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO-AMBIENTE JARDINS ARQUITETURA TROPICAL EM BAMBU:PROJETO PARA O OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS CORTE CC ESCALA 1/100 MESTRANDO: TÁCIO FERNANDES DOS SANTOS LIMA ORIENTADORA: CORIENTADORA: EDNA MOURA PINTO MAISA FERNANDES VELOSO ASSUNTO: OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS CONTEÚDO: PRANCHA: CORTE BB, AA, CC FASE: ESCALA: PROJETO BÁSICO INDICADA 4/8 3,62 4,99 2,20 1,55 0,65 1,20 1,10 1,03 1,90 0,44 1,96 0,61 2,57 0,60 1,17 0,0 7 90 1, ,783 Painel de proteção solar de ACM beje e vidro azul. Fundação em concreto com base que se eleva a 50cm sob pilar de bambu. FACHADA NORTE ESCALA 1/100 Sugestão para janelas em formas orgânicas inspiradas nas curvas sinuosos do manguesais. com abertura tipo maxin ar. Telhada verde leve sobre telha fibrocimento. FACHADA SUL ANEXO TÉCNICO ADMINISTRATIVO ESCALA 1/100 PAREDES INTERNAS E EXTERNAS DE TIJOLO SOLO CIMENTO. 1,22 CORTE EE ANEXO TÉCNICO ADMINISTRATIVO ESCALA 1/100 TELHADO VERDE LEVE TELHADO VERDE LEVE 0,80 1,99 9,30 1,91 1,0 4 55 45 CIRCULAÇÃO TANQUE TANQUE UFRN- PPAPMA-PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO PAREDES INTERNAS E EXTERNAS DE TIJOLO MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO-AMBIENTE SOLO CIMENTO. ARQUITETURA TROPICAL EM BAMBU:PROJETO PARA O OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS CORTE FF ANEXO TÉCNICO ADMINISTRATIVO ESCALA 1/100 MESTRANDO: TÁCIO FERNANDES DOS SANTOS LIMA ORIENTADORA: CORIENTADORA: EDNA MOURA PINTO MAISA FERNANDES ASSUNTO: OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS CONTEÚDO: PRANCHA: PLANTA BAIXA E CORTE FASE: ESCALA: PROJETO BÁSICO INDICADA 5/8 5,00 2,61 0,16 1,08 1,50 0,61 1,32 0,90 1,61 1,42 0,50 2 3,57,87 135 1,22 2,34 1,32 0,90 1,30 0,70 2,64 3,22 2,71 0,69 1,57 0,70 1,43 0,15 2,44 5 2, 6 135 1 2 5.16 E E 1 2 C I R C U L A Ç Ã O 12.00 2 1 12.00 D D C O R R E C C 0.15 0.15 4.45 B B 6.10 8.06 ACESSO PRINCIPAL 0 1 , 0 8.06 3.00 1 2 1.36 A V . L E O P O L D O L I N S ACESSO DE PEDESTRES C A L Ç A D A A C E S S O D E C A R R O S A V . L E O P O L D O L I N S N L O S G H A B C D E F G K L M N I J O 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 3.78 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 CIRCULAÇÃO 0.22 RAMPA DESCE 2.00 DESCE 4.02 ACESSO ESTACIONAMENTO Branco Amarelo 3.62 3.50 1.75 0.09 0.15 0.15 0,10 0,2 1,16 2,5 ESTACIONAMENTO UE 1 TANQ 0M² REA: 116,5 Á 0 , 5 P 6 DML RAMPA ACESSIVEL i = 8,33% WC.MASCULINO WC.FEMININO ÁREA : 13,20M² ÁREA: 11,5 M² WC.PNE ÁREA; 3,5M² P6 P4 P5 P4 NQU E 2 TA P2 ² 75,0 0M ÁRE A: ESPELHO DÁGUA ESPELHO D'ÁGUA PROJEÇÃO DA COBERTA ESTACIONAMENTO TÉCNICO CIRCULAÇÃO PROJEÇÃO DA COBERTA ESPELHO D'ÁGUA ESPELHO D'ÁGUA CAFÉ CIRCULAÇÃO ÁREA: 5,60M² ACESSO PRINCIPAL TANQUE DE TOQUE CIRCULAÇÃO ESPELHO D´ÁGUA P3 P3 HALL 1 BANCO AQUÁRIO 7 HALL DOS TANQUES BANCO DE CONCRETO ESPELHO D´ÁGUA AQUÁRIO 6 AQUÁRIO 5 ÁREA: 62 M² LOJA DE LEMBRANÇAS CIRCULAÇÃO PLACA INFORMATIVA EXPO.3 TOTEM COM LOGOTIPO DA APA ÁREA: 4.50M² i:8,33% CAIXA CIRCULAÇÃO A A TOTEM DE EXPOSIÇÃO DE PEÇAS PRATELEIRA PROJEÇÃO DA COBERTA PROJEÇÃO DA COBERTA SALA DE PROJEÇÃO ÁREA: 34,60M² AQUÁRIO 1 HALL DE ENTRADA P1 HALL 1 PRATELEIRA EXPO.2 ÁREA DE OBSERVAÇÃO AQUÁRIO CENTRAL ÁREA: 6.50M² E ALIMENTAÇÃO DOS TANQU ES CIRCULAÇÃO CIRCULAÇÃO P7 CIRCULAÇÃO CIRCULAÇÃO ESPELHO D´ÁGUA RECEPÇÃO AQUÁRIO 3 AQUÁRIO 2 AQUÁRIO 4 EXPO.1 NQU E 1 TA ÁREA: 4M² P8 P9 P8 P8 P8 P8 P8 00 M ² A: 11 6, ÁRE ESPELHO D´ÁGUA CIRCULAÇÃO PNE DESCANSO 5,4M² DISPENSA E PROCESSAMENTOS BWC.F DEPÓSITO E DML BWC.M SALA VETERINÁRIA 30m² DE ALIMENTOS ÁREA CIRCULAÇÃO ÁREA: 23M² REFEITÓRIO ÁREA ÁREA: 23M² COPA ÁREA: 23M² 17M² REDÁRIO ÁREA:20M² ÁREA AVARANDADA 17M² ÁREA: 11M² ADMINISTRAÇÃO ÁREA AVARANDADA ÁREA: 23M² ÁREA AVARANDADA PROJEÇÃO DA COBERTA P8 P8 P8 F F PROJEÇÃO DA COBERTA PROJEÇÃO DA COBERTA STINGA EA RE TRILHA D SSO AO F ORTE ACE TANQUE C TANQUE B ÁREA DE OBSERVAÇÃO TANQUE D TANQUE A PROJEÇÃO DA COBERTA PLANTA BAIXA DO CONJUNTO EDIFICADO - ESCALA 1/200 UFRN- PPAPMA-PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO-AMBIENTE ARQUITETURA EM BAMBU: PROJETO PARA O OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS MESTRANDO: TÁCIO FERNANDES DOS SANTOS LIMA ORIENTADORA: CORIENTADORA: EDNA MOURA PINTO MAISA FERNANDES VELOSO ASSUNTO: OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS CONTEÚDO: PRANCHA: PLANTA BAIXA DO CONJUNTO EDIFICADO ESCALA: FASE: 3/8 PROJETO BÁSICO INDICADA 3,50 1,45 1,00 1,45 SALA DE PROJEÇÃO TANQUE DE TOQUE AQUÁRIOS AQUÁRIOS LOJA DE LEMBRANÇAS HALL DE ENTRADA ACESSO DE PEDESTRES TANQUE 1 CORTE AA ESCALA 1/100 RESERVATÓRIO SUPERIOR PAINEL DE PROTEÇÃO SOLAR EM MUXARABI COMPOSTO POR RIPAS DE BAMBU, INVERNIZADAS. CIRCULAÇÃO CIRCULAÇÃO ÁQUARIO PRINCIPAL ÁQUARIO TANQUE DE TOQUE CIRCULAÇÃO JARDINS JARDINS AQUÁRIO PRINCIPAL TANQUE DE TOQUE EM ESTRUTURADO EM CONCRETO ARMADO. CORTE BB ESCALA 1/100 CONCRETO ARMADO E ACRILICO CIRCULAR DE ALTA RESISTÊNCIA. RESERVATÓRIO SUPERIOR COBERTA DE TRANSIÇÃO EM VIDRO ESTRTURADA EM BAMBU. TETO JARDIM SOBRE LAJE. BANHEIROS CIRCULAÇÃO ÁQUARIO HALL DOS AQUARIOS ÁQUARIO QUIOSQUE DO CAFÉ CIRCULAÇÃO JARDINS UFRN- PPAPMA-PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO-AMBIENTE JARDINS ARQUITETURA TROPICAL EM BAMBU:PROJETO PARA O OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS CORTE CC ESCALA 1/100 MESTRANDO: TÁCIO FERNANDES DOS SANTOS LIMA ORIENTADORA: CORIENTADORA: EDNA MOURA PINTO MAISA FERNANDES VELOSO ASSUNTO: OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS CONTEÚDO: PRANCHA: CORTE BB, AA, CC FASE: ESCALA: PROJETO BÁSICO INDICADA 4/8 3,62 4,99 2,20 1,55 0,65 1,20 1,10 1,03 1,90 0,44 1,96 0,61 2,57 0,60 1,17 0,0 7 90 1, ,783 Painel de proteção solar de ACM beje e vidro azul. Fundação em concreto com base que se eleva a 50cm sob pilar de bambu. FACHADA NORTE ESCALA 1/100 Sugestão para janelas em formas orgânicas inspiradas nas curvas sinuosos do manguesais. com abertura tipo maxin ar. Telhada verde leve sobre telha fibrocimento. FACHADA SUL ANEXO TÉCNICO ADMINISTRATIVO ESCALA 1/100 PAREDES INTERNAS E EXTERNAS DE TIJOLO SOLO CIMENTO. 1,22 CORTE EE ANEXO TÉCNICO ADMINISTRATIVO ESCALA 1/100 TELHADO VERDE LEVE TELHADO VERDE LEVE 0,80 1,99 9,30 1,91 1,0 4 55 45 CIRCULAÇÃO TANQUE TANQUE UFRN- PPAPMA-PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO PAREDES INTERNAS E EXTERNAS DE TIJOLO MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO-AMBIENTE SOLO CIMENTO. ARQUITETURA TROPICAL EM BAMBU:PROJETO PARA O OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS CORTE FF ANEXO TÉCNICO ADMINISTRATIVO ESCALA 1/100 MESTRANDO: TÁCIO FERNANDES DOS SANTOS LIMA ORIENTADORA: CORIENTADORA: EDNA MOURA PINTO MAISA FERNANDES ASSUNTO: OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS CONTEÚDO: PRANCHA: PLANTA BAIXA E CORTE FASE: ESCALA: PROJETO BÁSICO INDICADA 5/8 5,00 2,61 0,16 1,08 1,50 0,61 1,32 0,90 1,61 1,42 0,50 2 3,57,87 135 1,22 2,34 1,32 0,90 1,30 0,70 2,64 3,22 2,71 0,69 1,57 0,70 1,43 0,15 2,44 5 2, 6 135 CUMEEIRA chapa de aço instalada abaixo da cumeeira para reforço . Perspectiva da chapa. Estrutura da cupula formada por 12 colmos de bambu caibros perpendiculares reforçados com concreto no curvado e distribuidos encontro das peças para evitar efeito de INTERFACE MANSARDA E VIGA INCLINADA radialmente, Fixados no esmagamento. centro por parafusos em chapas de aço circular em sistema sanduiche. DETALHE DO SISTEMA DE CUMEEIRA TRAVAMENTO DA CUPULA conexão dos colmos que formam a cumeeira CORTE CENTRAL PLANTA BAIXA DA SALA DE PROJEÇÃO em junta seca formando ângulo de 125°. Chapa de aço de reforço fixada por barras Conchonetes sobre base de VISTA SUPERIOR roscadas parafusada. laminada de bambu. Base para projetor telescópico. Conexão interna por barra roscada e parafuso com INTERFACE VIGA INCLINADA COM entalhe em forma de boca caibros perpendiculares reforçados com concreto no encontro das peças para evitar efeito de PILAR de peixe. esmagamento. Nivelador metálico para barra roscada. INTERFACE PILAR INCLINADO E Entalhe tipo boca de peixe. VIGA INCLINADA Braçadeira metálica para prevenção de fissuras. Ripas de lamina de bambu com 4 cm de largura para amarração dos feixes de piaçava. distancia entre as ripas de 10 cm. Fixação interna entre barras por curvagem e parafusamento. Caibros perpendiculares reforçados com concreto no encontro das peças para evitar Cúpula estruturada efeito de esmagamento amaração feita em cruzamento por fio de nylon de 1,5 mm na cor em bambu com beje. acabamento em estuque Entalhe tipo boca de peixe. branco. Furo para concretagem dos colmos, Fixação interna entre barras por curvagem e deve se fechado com a propia tampa e parafusamento. selado com massa de madeira na cor beje. Braçadeira metálica para prevenção de fissuras. Coberta por barbante de sisal para INTERFACE BAMBU FUNDAÇÃO acabamento. Concretagem interna dos colmos para fixação entre vergalhões e a fundação. Sapata CORTE DD-ESCALA 1/50 Representação em planta baixa dos pilares do portal DETALHE ADASSSSSSSSSS SAASSSSSSSSSSSS SSSSSSSSSSSSSSSS SSSSSSSSSSSSSSSSSS SSSSSSSSSSSSSSSSSS SSSSSSSSSSSSS UFRN- PPAPMA-PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO-AMBIENTE ARQUITETURA EM BAMBU: PROJETO PARA O OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS MESTRANDO: Base de concreto para os pilares de bambu do portal. TÁCIO FERNANDES DOS SANTOS LIMA ORIENTADORA: CORIENTADORA: EDNA MOURA PINTO MAISA FERNANDES VELOSO ASSUNTO: OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS CONTEÚDO: PRANCHA: CORTE DD E DETALHAMENTO ESCALA: FASE: 6/8 PROJETO BÁSICO INDICADA CUMEEIRA conexão dos colmos que formam a cumeeira em junta seca formando ângulo de 125°. Chapa de aço de reforço fixada por barras roscadas parafusada. 0 . 5 8 7 . 9 4 2 . 1 9 2 . 0 4 2 . 2 5 5 . 4 8 2 . 2 1 0 . 5 6 3 . 1 3 1 . 9 4 1 . 1 8 5 4 . 6 R 8.00 CORTE BB, ESCALA 1/50 0 . 4 4 2 . 4 3 1 1 . 2 2 2 . 2 1 5 . 4 8 0 . 5 7 2 . 0 3 8 . 9 2 3 . 9 7 0.20 6.65 5 4 . 6 R UFRN- PPAPMA-PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO-AMBIENTE ARQUITETURA TROPICAL EM BAMBU:PROJETO PARA O OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS MESTRANDO: TÁCIO FERNANDES DOS SANTOS LIMA ORIENTADORA: CORIENTADORA: EDNA MOURA PINTO MAISA FERNANDES VELOSO ASSUNTO: CORTE DD, ESCALA 1/50 OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS CONTEÚDO: PRANCHA: CORTE AA,DD ESCALA: FASE: 7/8 PROJETO BÁSICO INDICADA 2.55 0.10 5.90 0 . 7 0 1 . 2 8 1 . 4 6 3 . 3 1 3 . 3 6 1 . 1 8 0.68 3.79 3.85 6 3 . 7 0.44 8 0 . 0 2.71 ACESSO PRINCIPAL AQUÁRIOS MENORES CIRICULAÇÃO LATERAL COM MESAS DO CAFÉ A DIREITA ESPELHOS DÁGUA E BLOCO DE BANHEIROS A ESQUERDA. ENTRADA PRINCIPAL DE PEDESTRES AQUÁRIO CENTRAL JARDINS INTERNOS E FACHADA OESTE ANEXOTÉCNICO ADMINISTRATIVO E TANQUES DE OBSERVAÇÃO EXTERNO. TANQUE DE TOQUE RECEPÇÃO E BILHETERIA ANEXOTÉCNICO ADMINISTRATIVO. UFRN- PPAPMA-PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO-AMBIENTE ARQUITETURA TROPICAL EM BAMBU:PROJETO PARA O OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS MESTRANDO: TÁCIO FERNANDES DOS SANTOS LIMA ORIENTADORA: CORIENTADORA: ÁREA DE EXPOSIÇÃO SALA DE PROJEÇÃO IMERSIVA EDNA MOURA PINTO MAISA FERNANDES VELOSO ASSUNTO: OCEANÁRIO DA APA COSTA DOS CORAIS CONTEÚDO: PRANCHA: PERSPECTIVAS FASE: ESCALA: PROJETO BÁSICO SEM ESCALA 8/8 PERSPECTIVAS COMPLEMENTARES Entrada principal. Jardins internos em ecogênese e fachada oeste. Visão do jardim sentido oceanário para a rua. Recepção e bilhetagem. Circulação lateral interna. Área de exposição interativa. Circulação e aquários ao fundo. Área dos aquários menores. Aquários menores e taque de toque ao lado. Aquário menor curvo, com aquário principal ao fundo. Aquário principal. Tanque de toque entre os aquários. Tanque de toque. Tanque de toque. Aquário principal , tanque de toque e sala de projeção imersiva ao fundo. Entrada da sala de projeção imersiva. Interior da sala de projeção imersiva. Área dos tanques externos de exposição. Rampa acessível lateral. Área de observação dos tanques através de escotilhas. Circulação Lateral externa com espelho d’água e área de mesas. Bloco de banheiros e café. Circulação lateral para loja de lembranças e saída. Entrada da loja de lembranças. Interior da loja de lembranças. Saída para estacionamento e saída de pedestres. Anexo técnico administrativo. Anexo técnico administrativo e área de tanques observação. Anexo técnico administrativo. Área do refeitório. Anexo técnico administrativo, acesso lateral. perspectiva aérea interna do oceanário. perspectiva aérea interna do oceanário. perspectiva aérea interna dos tanques externos do oceanário. Tanque externos. Tanques externos. Escotilhas de observação.