UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE C ENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL MARCOS ANTÔNIO FÉLIX DA SILVA ESTUDO PATOLÓGICO DO SETOR DE AULAS IV DA UFRN NATAL-RN 2019 MARCOS ANTÔNIO FÉLIX DA SILVA Estudo patológico do Setor de Aulas IV da UFRN Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade Monografia, submetido ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Dr. Luiz Alessandro Pinheiro da Câmara de Queiroz Coorientador: Prof. Dr. Fernando Sánchez Rodríguez Natal-RN 2019 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede Silva, Marcos Antônio Felix da. Estudo patológico do Setor de Aulas IV da UFRN / Marcos Antônio Felix da Silva. - 2019. 64f.: il. Monografia (Graduação)-Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Graduação em Engenharia Civil, Natal, 2019. Orientador: Luiz Alessandro Pinheiro da Câmara de Queiroz. Coorientador: Dr. Fernando Sánchez Rodríguez. 1. Manifestações patológicas - Monografia. 2. Inspeção predial - Monografia. 3. Manutenção predial - Monografia. I. Queiroz, Luiz Alessandro Pinheiro da Câmara de. II. Rodríguez, Fernando Sánchez. III. Título. RN/UF/BCZM CDU 624 Elaborado por Raimundo Muniz de Oliveira - CRB-15/429 Marcos Antônio Félix da Silva Estudo patológico do Setor de Aulas IV da UFRN Trabalho de conclusão de curso na modalidade Monografia, submetido ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Aprovado em 19 de Junho de 2019: ___________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Alessandro Pinheiro da Câmara de Queiroz – Orientador ___________________________________________________ Prof. Dr. Fernando Sánchez Rodríguez – Coorientador ___________________________________________________ Prof. Dr. Paulo Waldemiro Soares Cunha – Examinador interno ___________________________________________________ Prof. MSc. Ewerton Campelo Assis de Oliveira – Examinador externo Natal-RN 2019 AGRADECIMENTOS Aos meus orientadores, Prof. Dr. Luiz Alessandro Pinheiro da Câmara de Queiroz e Prof. Dr. Fernando Sánchez Rodríguez, por terem me aceitado como orientando e por terem confiado em minha capacidade de desenvolver a pesquisa. Aos meus familiares e amigos, por todo apoio prestado durante essa caminhada. Aos meus professores, pelo conhecimento transmitido e pela dedicação, e à Universidade Federal do Rio Grande do Norte pela qualidade de ensino que oferta a seus alunos. RESUMO Estudo patológico do Setor de Aulas IV da UFRN Mesmo com todo progresso tecnológico e científico na área de construção civil, ainda é perceptível o crescimento do número de edificações que denotam problemas diversos devido à presença de manifestações patológicas. Erros na concepção de projeto, ausência de manutenção periódica, utilização inadequada por parte dos usuários, falhas durante o processo executivo e uso de materiais inadequados são algumas das causas para o surgimento das manifestações patológicas. O presente trabalho tem como objetivo realizar um estudo patológico no Setor de Aulas IV da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A partir da metodologia adotada, primeiramente, realizou-se a vistoria e o levantamento das manifestações patológicas, acompanhada de registros fotográficos nos locais de análise. Em seguida foi realizada uma descrição dos aspectos gerais observados nas manifestações, para que assim, fosse possível apresentar hipóteses do seu surgimento e análises mais consistentes, além de estabelecer uma ordem para a resolução dos problemas encontrados, por meio da aplicação do Método da Matriz de Gravidade, Urgência e Tendência (GUT). Os resultados permitiram concluir que a edificação analisada apresenta danos patológicos de diferentes naturezas e grau de complexidade, indo desde os mais complexos até os mais simples, que com manutenção periódica poderiam ser evitados. Conclui-se que grande parte dos danos acontece devido à presença de umidade na edificação, bem como pela ausência e/ou ineficiência das ações de manutenção. Portanto, de modo a evitar a reincidência destas manifestações e o agravo daquelas já instaladas, sugere-se a execução de ações corretivas e o estabelecimento de um sólido programa de manutenção periódica para a edificação. Palavras-chave: Manifestações patológicas. Inspeção predial. Manutenção predial. ABSTRACT Pathological study of the Classroom IV of UFRN Even with all technological and scientific progress in the area of civil construction, it is still noticeable the growth in the number of buildings that denote various problems due to the presence of pathological manifestations. Errors in project design, lack of periodic maintenance, inadequate use by users, flaws during the executive process and use of inappropriate materials are some of the causes for the appearance of pathological manifestations. The present work aims to conduct a pathological study in the Classroom IV of the Federal University of Rio Grande do Norte (UFRN). Based on the adopted methodology, the survey and the survey of the pathological manifestations were carried out, accompanied by photographic records at the places of analysis. Then, a description of the general aspects observed in the manifestations was made, so that it was possible to present hypotheses of its emergence and more consistent analyzes, besides establishing an order for the resolution of the problems encountered, through the application of the Matrix Method of Severity, Urgency and Trend (GUT). The results allowed to conclude that the analyzed structure presents pathological damages of different natures and degree of complexity, ranging from the most complex to the simplest ones, which with periodic maintenance could be avoided. It is concluded that a great part of the damages happens due to the presence of humidity in the building, as well as by the absence and / or inefficiency of the maintenance actions. Therefore, in order to avoid the recurrence of these manifestations and the aggravation of those already installed, it is suggested the execution of corrective actions and the establishment of a solid periodic maintenance program for the building. Keywords: Pathological manifestations. Property Inspection. Building maintenance. LISTA DE FIGURAS FIGURA PÁGINA 1 Origem dos problemas patológicos com relação às etapas de produção 19 e uso das obras civis 2 Frequência de ocorrência de manifestações patológicas, segundo o 19 Centre Scientifique et Technique de la Construction 3 Conceito de durabilidade 20 4 Fluxograma dos passos para interpretar e analisar problemas 22 patológicos nas edificações 5 Desempenho da edificação com e sem manutenção 24 6 Delimitação da área de estudo: Setor de Aulas IV da UFRN 30 7 Configuração do Setor de Aulas IV da UFRN 31 8 Porcentagem de ocorrência dos problemas patológicos na edificação 56 9 Retenção de folhas em calha da cobertura do Bloco de aulas D 58 LISTA DE QUADROS QUADRO PÁGINA 1 Principais etapas para a realização de inspeções prediais, segundo a 26 Norma de Inspeção Predial Nacional (IBAPE, 2012) 2 Parâmetros propostos pelo Método GUT 28 3 Critérios de pontuação 28 4 Simulação de aplicação do Método GUT 29 5 Matriz de diagnóstico e definição de conduta de manifestações 35 patológicas 6 Priorização para resolução das manifestações patológicas 53 LISTA DE TABELAS TABELA PÁGINA 1 Matriz de aplicação do Método GUT 33 SUMÁRIO CAPÍTULO PÁGINA 1 INTRODUÇÃO 13 1.1 Considerações iniciais 13 1.2 Justificativa 14 1.3 Objetivos 15 1.4 Estrutura do trabalho 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRIA 16 2.1 Patologias das edificações 16 2.1.1 Sintomas e mecanismo 17 2.1.2 Origens e causas 18 2.2 Desempenho, vida útil e durabilidade 20 2.3 Diagnóstico: entendimento e intervenção 21 2.4 Manutenção das edificações 23 2.5 Inspeção predial 25 2.6 O Método GUT 27 3 MATERIAIS E MÉTODOS 29 3.1 Área de estudo 30 3.2 Definição da metodologia para levantamento de dados 32 3.2.1 Ficha de Identificação de Danos (FID) 32 Aplicação do Método da Matriz de Gravidade, 3.2.2 33 Urgência e Tendência (GUT) Estudo comparativo de frequência de ocorrência de 3.2.3 33 danos 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 34 Diagnóstico e definição de conduta das manifestações 4.1 34 patológicas identificadas 4.2 Aplicação da Matriz GUT 53 4.3 Resumo conclusivo dos dados 56 5 CONCLUSÕES 58 REFERÊNCIAS 60 ANEXO A 62 13 1 INTRODUÇÃO 1.1 Considerações iniciais As edificações devem ser projetadas, construídas e mantidas com o propósito fundamental de cumprir requisitos básicos de desempenho e durabilidade ao longo de sua vida útil, atendendo assim, às necessidades de seus usuários. Nos últimos anos, a questão da qualidade das obras financiadas com o dinheiro público tem sido cada vez mais discutida, tendo em vista que, frequentemente, observa-se um elevado número de edificações relativamente novas apresentando diversos tipos de manifestações patológicas. Muitos cuidados são deixados de lado quando se projeta, constrói ou se utiliza uma edificação, prejudicando a vida útil e o desempenho da estrutura. A ausência ou ineficiência de um bom planejamento, o uso inadequado de materiais, má qualidade da execução, adaptações quanto ao uso e muitas vezes a carência de manutenção são fatores determinantes para o surgimento de manifestações patológicas diversas. A preparação técnica de arquitetos, engenheiros e demais profissionais envolvidos no processo de construção é o melhor caminho para minimizar os defeitos e falhas nas construções, pois, unida a um bom controle de qualidade em todas as fases da obra, reduz notavelmente o número de falhas que costumeiramente se apresentam nas construções, aumentando assim a sua vida útil e reduzindo, ao mesmo tempo, os gastos com manutenção, reparação e reforço. As manifestações patológicas estão presentes nos mais diversos sistemas da construção, podendo surgir na fundação, nas alvenarias, nos pilares, nas vigas, nas lajes, na cobertura, entre outros. Como resultado, tem-se um gasto elevado de recursos financeiros que, na maioria das vezes, poderia ser minimizado e até mesmo evitado. Neste sentido, o correto diagnóstico do problema e a escolha do método de tratamento e correção adequada, favorecem um resultado satisfatório e direto. Para permitir o diagnóstico do problema, a inspeção predial que é uma atividade técnica especializada que abrange a coleta de elementos de projeto e de construção, o exame minucioso da edificação, a elaboração de relatórios, a avaliação do estado da obra e as devidas recomendações, torna-se imprescindível. Visando a melhoria da qualidade das edificações da gestão pública, o presente trabalho tem como escopo o diagnóstico das manifestações patológicas do Setor de Aulas IV da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), detectadas durante as inspeções que 14 foram realizadas, obtendo-se os subsídios necessários e suficientes para a compreensão dos fenômenos, permitindo assim a definição de uma conduta que permita a adoção de medidas corretivas adequadas. Busca-se, com isso, minimizar os problemas originados nas diferentes etapas construtivas das obras de engenharia, especialmente as obras públicas e assim, alcançar a valorização destas construções. 1.2 Justificativa O tema deste trabalho está vinculado à expressiva ocorrência de manifestações patológicas nas edificações, especialmente aquelas construídas e mantidas com recursos públicos. Os problemas que serão tratados podem ter origem nas diferentes etapas construtivas de uma obra de engenharia, resultando em desempenho aquém das expectativas dos usuários. A escolha do tema justifica-se pela importância da identificação, diagnóstico e solução dos problemas patológicos nas edificações. O quanto antes estes forem tratados, menor será a perda de desempenho bem como os gastos financeiros com serviços de reparação e manutenção. De acordo com o Relatório de Gestão do exercício de 2017, divulgado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no ano de 2017 as despesas referentes a manutenções em bens imóveis sob a responsabilidade da Instituição totalizaram R$ 1.393.834,19. Já em 2018, os gastos com manutenção predial totalizaram R$ 2.388.305,62 (UFRN, 2019). Desta forma, este trabalho torna-se relevante do ponto de vista social uma vez que recursos públicos arrecadados são despendidos para a realização dos serviços de manutenção. Considerando que a edificação em estudo é um patrimônio institucional, a ação de reabilitá-la torna-se necessária. Além disso, as edificações na UFRN estão constantemente sujeitas à ambientes extremamente agressivos em virtude de sua localização, associada a presença de um clima quente e úmido, com ocorrências de chuvas associadas a elevadas temperaturas locais. Ademais, a UFRN e outras instituições de ensino superior poderão valer- se dos resultados obtidos, buscando as soluções sugeridas e evitando a reincidência dessas degradações. 15 1.3 Objetivos O presente trabalho tem como objetivo geral realizar um estudo patológico no Setor de Aulas IV da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Os objetivos específicos do referido trabalho são: 1) Realizar o levantamento das manifestações patológicas do Setor de Aulas IV da UFRN, a fim de identificar os tipos de lesões existentes, tipologia, magnitude e importância; 2) Proceder com o correto diagnóstico das manifestações patológicas detectadas, 3) E estabelecer uma ordem para a resolução dos problemas encontrados, por meio da aplicação do Método da Matriz de Gravidade, Urgência e Tendência (GUT). 1.4 Estrutura do trabalho O trabalho está dividido em cinco seções, sendo elas: introdução, revisão bibliográfica, metodologia, apresentação e discussão dos resultados e conclusão. A primeira seção, já apresentada, trata de forma objetiva sobre a importância e o papel das edificações, com enfoque na qualidade do produto final das obras públicas, e apresenta ainda os objetivos propostos pelo estudo e as devidas justificativas para a escolha do tema. Na seção 2 será abordada a fundamentação teórica sobre diversos temas inerentes à Patologia das Construções e ao método que será utilizado para análise dos dados. Primeiramente, serão expostos os principais aspectos das manifestações patológicas (sintomas e mecanismos, origens, causas), a questão do desempenho, durabilidade e vida útil das edificações, diagnóstico, importância da manutenção predial, e procedimentos de inspeção predial, seguido da definição do Método da Matriz GUT. Com base na revisão bibliográfica apresentada na seção anterior, a seção 3 apresentará a metodologia que foi utilizada para o desenvolvimento da pesquisa, o objeto de estudo, os procedimentos metodológicos e os materiais utilizados para obtenção e análise dos resultados. Na seção 4 deste trabalho serão analisados os dados coletados em campo, a fim de diagnosticar as manifestações patológicas verificadas na edificação, esclarecer os aspectos dos problemas encontrados, sua origem, causas e possível solução e aplicar o método de priorização na resolução dos problemas encontrados através da Matriz GUT. Por fim, a seção 5 apresenta as conclusões deste estudo e aborda sugestões para futuras pesquisas. 16 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA As edificações, diferente de outros produtos, são construídas para atender aos seus usuários por muitos anos, adequadamente e com segurança. Desta forma, devem ser projetadas, construídas e mantidas com o propósito fundamental de atingir requisitos básicos de desempenho e durabilidade ao longo de sua vida útil. Conforme a NBR 5674 (ABNT, 2012), estas são o “suporte físico para a realização direta ou indireta de todas as atividades produtivas e possuem, portanto, um valor social fundamental”. Assim, é inaceitável que as edificações apresentem em um curto prazo de tempo após sua conclusão, requisitos de desempenho inferiores àqueles para os quais se destinam, causando transtornos aos seus usuários. Mesmo com o avanço da tecnologia no setor da construção civil, é comum a ocorrência de manifestações patológicas em um elevado número de edificações. A ausência de planejamento, pouca qualificação da mão de obra, utilização de materiais inadequados e de má qualidade, ausência de cuidados na execução, carência de manutenções, entre outros fatores, tem onerado em demasia as edificações da gestão pública, acarretando no gasto de recursos financeiros cada vez mais limitados. As características construtivas modernas favorecem o aparecimento de manifestações patológicas. Procura-se hoje construir com o máximo de economia, reduzindo-se cada vez mais o excesso de segurança, em função do conhecimento mais aperfeiçoado e profundo dos materiais e técnicas. Por outro lado, o aparecimento cada vez mais frequente de defeitos também é uma questão previsível de estatística: quanto mais prédios são construídos, maiores as probabilidades de defeitos. Assim, é indispensável que as manifestações patológicas sejam identificadas e solucionadas tão logo ocorram. Para isso, devem ser empregados métodos de análise pautados em conhecimentos teóricos e práticos eficazes, a fim de que sejam utilizados no tratamento dos problemas apresentados através da coleta de informações e dados relevantes (BRITO, 2017). 2.1 Patologias das edificações De acordo com o dicionário Aurélio (FERREIRA, 2010), patologia pode ser entendida como a “parte da Medicina que estuda as doenças”. As edificações, assim como os pacientes 17 da medicina, podem apresentar problemas, ou seja, não conformidades tais como fissuras, manchas, corrosão das armaduras, entre outros que decorrem de diversos fatores. Segundo Helene (1992), “patologia pode ser entendida como a parte da Engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos, as causas e as origens dos defeitos das construções civis, ou seja, é o estudo das partes que compõem o diagnóstico do problema”. As manifestações patológicas, quando se apresentam, tendem a se agravar rapidamente, acarretando no surgimento de outros problemas, de maior ou menor intensidade. Daí a importância de se conhecer todas as partes do problema, para que o diagnóstico e a terapêutica sejam feitos de forma rápida e eficiente. Lapa (2008) salienta que na maioria dos casos, as anomalias são detectadas pelos próprios usuários da edificação, embora muitas vezes elas não sejam sintomas de enfermidades, mas quando o são, geralmente, as doenças já se encontram em adiantado estado de desenvolvimento. Portanto, é de grande importância a realização de inspeções periódicas através de profissional habilitado, para que sintomas de enfermidades possam ser detectados precocemente. O surgimento das manifestações patológicas em dada estrutura indica, em última instância e de maneira geral, a existência de uma ou mais falhas durante a execução de uma das etapas da construção, além de apontar para falhas também no sistema de controle de qualidade próprio a uma ou mais atividades (SOUZA; RIPPER, 1998). Desta forma, é imprescindível que cada etapa do processo construtivo seja realizada de maneira criteriosa para que os riscos de ocorrência de manifestações patológicas sejam minimizados. 2.1.1 Sintomas e mecanismo Os problemas patológicos apresentam manifestação externa característica, permitindo- se deduzir qual a natureza, a origem e os mecanismos dos fenômenos envolvidos, bem como estimar suas prováveis consequências (HELENE, 1992). Estes sintomas podem ser analisados e classificados a fim de orientar um primeiro diagnóstico, por meio de inspeções visuais minuciosas. Vale salientar que, na maioria das vezes, os sinais externos demoram a aparecer, bem como podem ser imperceptíveis à maioria das pessoas. A sintomatologia se preocupa em estudar estes sinais com o objetivo de diagnosticar aquela manifestação ou problema patológico (TUTIKIAN; PACHECO, 2013). 18 Segundo Helene (1992), os problemas patológicos ocorrem a partir de um processo, de um mecanismo. O correto diagnóstico do mecanismo atrelado a uma determinada manifestação patológica é imprescindível para que se adote a terapêutica adequada. 2.1.2 Origens e causas As anomalias e falhas constituem não conformidades que impactam na perda precoce de desempenho real ou futuro dos elementos e sistemas construtivos, bem como na redução de sua vida útil projetada. Podem comprometer, portanto: segurança; funcionalidade; operacionalidade; saúde dos usuários; conforto térmico, acústico e lumínico; acessibilidade; durabilidade; vida útil, dentre outros parâmetros de desempenho. A origem nada mais é do que o porquê da manifestação patológica. Explica o razão principal para o seu surgimento, estando diretamente ligada às etapas do processo de produção. As manifestações patológicas podem ter origem nas diferentes etapas construtivas de uma obra de engenharia. De acordo com Helene (1992), o processo de construção e uso de uma edificação pode ser dividido em cinco grandes etapas, sendo elas: o planejamento, projeto, fabricação de materiais, execução e uso. No geral, as primeiras quatro etapas citadas acima envolvem um período de tempo relativamente curto, enquanto que a etapa de uso – que diz respeito à operação e manutenção da edificação – compreende longos períodos de tempo. Vale salientar que no geral, determinado problema patológico é resultante de mais de uma causa. O diagnóstico das manifestações patológicas, quando bem realizado, deve indicar em que etapa construtiva o fenômeno teve origem. As não conformidades podem estar relacionadas a desvios técnicos e de qualidade da construção e/ou manutenção da edificação. Podem, ainda, não atender aos parâmetros de conformidade previstos para os sistemas construtivos e equipamentos instalados, tais como: dados e recomendações dos fabricantes, manuais técnicos em geral, projetos e memoriais descritivos, normas, etc. Conforme pode ser verificado na Figura 1, a seguir, grande parte das manifestações patológicas tem sua origem nas fases de planejamento e projeto. Estas geralmente são mais graves que àquelas decorrentes das falhas de qualidade dos materiais e má execução. Portanto, é mais adequado investir tempo nas primeiras etapas construtivas do que tomar decisões apressadas ou adaptadas durante a fase de execução. O tempo e o custo de um projeto mais 19 detalhado e estudado representa quase sempre enorme economia na vida útil de uma construção. Figura 1 – Origem dos problemas patológicos com relação às etapas de produção e uso das obras civis 10% 4% Planejamento Projeto 28% 40% Materiais Execução Uso 18% Fonte: Adaptado de Helene (1992). O Centre Scientifique et Technique de la Construction, citado por Thomaz (1989), verificou com base na análise de 1.800 problemas patológicos pesquisados, que as manifestações encontradas tinham as seguintes origens: Figura 2 – Frequência de ocorrência de manifestações patológicas, segundo o Centre Scientifique et Technique de la Construction 50% 46% 40% 30% 22% Manifestações 20% 15% patológicas 10% 0% Projeto Execução Materiais empregados Origem dos problemas patológicos Fonte: Adaptado de Thomaz (1989). Acompanhando o que foi apresentado na Figura 1, o gráfico da Figura 2 mostra que a maioria dos problemas patológicos tem sua origem devido a falhas de projeto e de execução. Porcentagem de ocorrência 20 Chama-se a atenção para o fato de que a ausência de registro e divulgação de dados sobre problemas patológicos retarda o desenvolvimento das técnicas de projetar e de construir, sendo desfavorável a possibilidade de se evitar que erros inúmeras vezes repetidos no passado voltem a ocorrer. Além de conhecer as origens das manifestações patológicas, é imprescindível também conhecer as suas causas. Esta pode ser entendida como a razão primária da manifestação patológica, configurando-se na justificativa mais evidente para o seu surgimento, pois descreve o fato. Os principais agentes causadores de manifestações patológicas são as cargas, a variação de umidade, as variações térmicas intrínsecas e extrínsecas, a ação de agentes biológicos, a incompatibilidade de materiais, os agentes atmosféricos, entre outros (HELENE, 1992). 2.2 Desempenho, vida útil e durabilidade Desempenho pode ser entendido como o comportamento em serviço de cada produto, ao longo de sua vida útil, estando relacionado diretamente ao trabalho desenvolvido nas etapas de projeto, construção e manutenção (SOUZA; RIPPER, 1998). Conforme ilustrado na Figura 3, abaixo, o edifício como um produto, quando submetido a diversas condições de uso, deve satisfazer as exigências de seus usuários, atendendo assim, aos requisitos de desempenho estabelecidos. Quando não se alcançam os requisitos de desempenho definidos, há a ocorrência de problemas diversos, resultando no surgimento de manifestações patológicas. Figura 3 – Conceito de durabilidade Fonte: Elaborado pelo Autor (2019). 21 O conceito de desempenho está intimamente relacionado com o conceito de vida útil de uma edificação, definido pela NBR 15575-1 (ABNT, 2013) como sendo o “período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às atividades para as quais foram projetados e construídos considerando a periodicidade e correta execução dos processos de manutenção”. A vida útil de uma edificação é diretamente afetada pela qualidade dos materiais empregados, bem como da forma como esta é executada e do uso e operação corretos. Espera-se ainda de uma edificação que a mesma tenha capacidade de desempenhar suas funções, ao longo do tempo, sob as condições de uso e manutenção especificadas. A esta capacidade denomina-se durabilidade, comumente utilizada como termo qualitativo para expressar a condição em que a edificação mantém seu desempenho requerido durante a vida útil (ABNT, 2013). É de fundamental importância que as edificações desempenhem as funções previstas, pois a durabilidade é uma exigência econômica do usuário, estando diretamente ligada ao custo global do bem imóvel. Esta se extingue quando a edificação deixa de cumprir as funções que lhe foram atribuídas, seja pela degradação que conduz a um estado insatisfatório de desempenho, ou pela perda de funcionalidade. 2.3 Diagnóstico: entendimento e intervenção O diagnóstico, tendo como objetivo final o entendimento de um quadro geral de fenômenos que acometem uma edificação, constitui a contínua redução da incerteza inicial, pelo progressivo levantamento dos dados. Este processo de entendimento da situação se inicia assim que o problema patológico começa a ser estudado. A estrutura do método genérico para diagnóstico dos problemas patológicos é formada basicamente por três partes distintas, conforme indica Lichtenstein (1986):  Levantamento de subsídios: diz respeito à organização das informações necessárias ao entendimento dos fenômenos, obtidas através de vistorias, levantamento da história do problema e resultados de análises e ensaios complementares;  Diagnóstico da situação: compreende o entendimento dos fenômenos em termos de identificação das múltiplas relações de causa e efeito que caracterizam um problema patológico, 22  Definição de conduta: tem como objetivo geral prescrever o trabalho a ser executado para resolver o problema, incluindo-se os materiais, mão-de-obra e equipamentos, além da previsão das consequências em termos de desempenho final. Na Figura 4, abaixo, tem-se uma visão expandida dos passos a serem realizados para interpretar e analisar a evidência de problemas patológicos nas edificações: Figura 4 – Fluxograma dos passos para interpretar e analisar problemas patológicos nas edificações Fonte: Adaptado de Tutikian e Pacheco (2013). Como mostrado acima, a inspeção visual é a etapa inicial para se efetuar um diagnóstico correto. Etapa na qual é feita a coleta de dados, identificando todos os sintomas observados, assim como sua localização e intensidade. Conforme indica Tutikian e Pacheco (2013), muitas vezes para um profissional experiente a inspeção visual pode ser suficiente para se estabelecer a causa da “doença” da edificação, embora seja necessária em alguns casos a realização de ensaios específicos e análise dos projetos para auxiliar no diagnóstico. Concluída a obtenção de todos os dados possíveis sobre os sintomas apresentados pela edificação, inicia-se a etapa de análise destes dados. Após a conclusão da análise dos dados obtidos em campo é possível estabelecer os mecanismos que originaram o aparecimento das manifestações patológicas na edificação, ou seja, diagnosticar o problema. No entanto, deve- se apresentar também um prognóstico, explicando as consequências que surgirão caso não sejam efetuadas as medidas corretivas para a eliminação do problema, assim como também se 23 faz necessário indicar quais são estas medidas corretivas, contemplando a etapa da terapia a ser executada. Vale ressaltar que a inspeção das edificações é uma etapa importante, mas apenas uma parte da manutenção das edificações. As inspeções, programadas ou não, auxiliam na identificação dos problemas, porém, após isto, deve-se intervir no elemento danificado, a fim de reparar os danos encontrados. 2.4 Manutenção das edificações Conforme preconiza a NBR 5674 (ABNT, 2012), manutenção em edificações é o conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas partes constituintes a fim de atender as necessidades e segurança de seus usuários. Esta também pode ser entendida como o conjunto de atividades técnicas, operacionais e administrativas que garantam o melhor desempenho da edificação para atender as necessidades dos seus usuários, com confiabilidade, disponibilidade e menor custo possível. A manutenção predial é considerada extremamente importante para garantir instalações confiáveis, capazes de oferecer nível satisfatório de conforto, funcionalidade e privacidade aos seus usuários (PINTO; GOUVÊA; OLIVEIRA, 2014). A aplicação de práticas de manutenção em instituições públicas no Brasil é afetada diretamente pela escassez de recursos financeiros e mão-de-obra, bem como problemas de disfunções burocráticas em processos de aquisição de materiais e contratação de serviços. Isso é somado a práticas comuns de processos licitatórios, que priorizam preço final e não qualidade dos trabalhos, o que reduz significativamente o nível de serviço recebido por instituições públicas (BARBOSA, 2016). Assim sendo, a ausência ou falha no processo de manutenção predial pode prejudicar o bom funcionamento ou até mesmo impedir a utilização da edificação, afetando diretamente os usuários, acarretando em graves prejuízos. Porém, a cultura da manutenção ainda é incipiente no Brasil, sendo raros os prédios que recebem os serviços adequados dessa atividade. O processo de manutenção se divide basicamente em dois tipos: corretivo e preventivo. A manutenção corretiva é aquela efetuada após a falha (não planejada) ou na ocorrência do desempenho inferior a uma condição mínima (planejada), enquanto a preventiva baseia-se em critérios pré-determinados para evitar a falha. 24 A manutenção preventiva pode ser preditiva quando se baseia na análise da evolução de um sintoma ou de uma degradação. Cita-se como exemplo, a substituição de lâmpadas pouco antes do final da vida útil. E, finalmente a preventiva detectiva, quando desenvolvida por meio de ensaios para apurar falhas ocultas (GOMIDE, 2009). Apesar da importância da manutenção predial, uma grande parcela das edificações brasileiras não possui qualquer plano de manutenção. Nas edificações da administração pública, correntemente, este fato é agravado. Muitos consideram como despesa qualquer atividade de manutenção, principalmente aquelas preventivas, desconhecendo que a ausência ou falha de manutenção resulta, invariavelmente, em desvalorização e redução da vida útil da edificação. Na Figura 5, abaixo, pode-se verificar como as ações de manutenção podem influenciar na garantia ou prolongamento da vida útil de projeto (VUP) da edificação, como já preconiza a NBR 15575-1 (ABNT, 2013), quando salienta a importância da realização integral das ações de manutenção pelo usuário. Pode-se observar que ao longo do tempo de vida o desempenho da edificação vai caindo. A cada manutenção, consegue-se recuperar parte do desempenho perdido, porém, não totalmente. Inevitavelmente em um determinado ponto chega-se à sobrevida (Tl2) da edificação, onde o risco de prejuízos à segurança é bastante elevado. Por isso, deve ser levada em consideração a possibilidade de uma intervenção mais profunda. Figura 5 – Desempenho da edificação com e sem manutenção Fonte: Adaptado de Possan e Demoliner (2013). 25 Na UFRN, as atividades de manutenção estão sob a responsabilidade da Diretoria de Manutenção (DIMAN) que é vinculada a Superintendência de Infraestrutura (INFRA), unidade de gestão intermediária responsável por propor e gerenciar as atividades de infraestrutura da instituição. A INFRA conta com módulos de gestão da manutenção integrados ao Sistema Integrado de Gestão de Patrimônio, Administração e Contratos (SIPAC), por meio da qual as diversas áreas da universidade se comunicam com a mesma para solicitações de serviços voltados à manutenção corretiva. DARWICH NETO (2019) constatou que, em muitos casos, as administrações locais de cada um dos prédios ou áreas administrativas da UFRN realizam ações de manutenção por conta própria, sem realizar solicitações de serviços para a INFRA. Isso ocorre por diversos motivos, tais como: dificuldade de utilização do sistema informatizado existente; demora no atendimento da solicitação; disfunções de encaminhamento da solicitação para a área correta da manutenção; desconhecimento do fluxo correto de solicitação de serviço de manutenção, entre outros. Destaca-se, portanto, a necessidade de implantação de um sistema de gestão da manutenção que possa integrar todas as áreas atuantes na organização. 2.5 Inspeção predial Por volta de 1999, com a realização do X Congresso Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia, ocorrido em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, o tema "Inspeção Predial" começou a ser discutido no meio técnico. Naquela ocasião alguns trabalhos foram apresentados em palestras e, a partir de então, iniciou-se uma evolução da disciplina e os profissionais da área começaram a dar maior relevância ao tema. A inspeção predial faz parte do ramo da Engenharia Diagnóstica e surgiu com a finalidade de auxiliar e orientar os usuários de uma edificação sobre a qualidade de seu uso e manutenção. Segundo Gomide, Gullo e Neto (2014), a inspeção predial é o check-up da edificação, onde se faz o diagnóstico de seus sistemas para que sejam tomadas providências de reparos e serviços de manutenção, e visa à boa qualidade predial e a saúde dos seus usuários. Nota-se, portanto, que a inspeção predial está vinculada ao conceito de manutenção da edificação, porém de maneira ampla, objetivando uma análise técnica visando orientar seu plano de uso e de manutenção, garantindo a sua vida útil e resguardando a segurança de seus usuários. 26 Excetuando-se algumas iniciativas isoladas, praticamente não existe nenhuma referência à realização periódica de inspeções em equipamentos públicos, tampouco sobre a existência de planos de uso e de manutenção para os mesmos. Assim, é notória a quase inexistência de quaisquer fiscalizações sobre os equipamentos públicos no Brasil. A Norma de Inspeção Predial Nacional (IBAPE, 2012), apresenta as diretrizes, conceitos, terminologias, notações, critérios e procedimentos relativos à inspeção predial. As principais etapas para a realização da inspeção predial, segundo a Norma de Inspeção Predial Nacional (IBAPE, 2012), são apresentadas no Quadro 1, abaixo: Quadro 1 - Principais etapas para a realização de inspeções prediais, segundo a Norma de Inspeção Predial Nacional (IBAPE, 2012) PRINCIPAIS ETAPAS PARA A REALIZAÇÃO DE INSPEÇÕES PREDIAIS Levantamento de dados e documentos da edificação: administrativos, técnicos, de 1ª Etapa manutenção e operação (plano, relatórios, históricos, etc.). Entrevista com o gestor ou síndico para averiguação de informações sobre o uso 2ª Etapa da edificação, histórico de reformas e manutenções, dentre outras intervenções ocorridas. Realização de vistorias na edificação, realizadas com equipe multidisciplinar ou não, dependendo do tipo de prédio e da complexidade dos sistemas construtivos 3ª Etapa existentes. O número de profissionais envolvidos na inspeção predial define o nível de inspeção predial a ser realizada (nível 1, 2 ou 3). Classificação das deficiências constatadas nas vistorias, por sistema construtivo, 4ª Etapa conforme a sua origem (anomalias construtivas, anomalias funcionais ou falhas de uso e manutenção). Classificação dos problemas (anomalias e falhas) de acordo com o seu grau de risco. Esta classificação consiste na análise do grau de risco, considerados: fatores 5ª Etapa de conservação, rotinas de manutenção previstas, agentes de deterioração precoce, depreciação, riscos à saúde, segurança, funcionalidade e comprometimento da vida Os graus de risco são definidos como crítico, regular e mínimo. Elaboração de lista de prioridades técnicas, conforme a classificação do grau de 6ª Etapa risco de cada problema constatado. Essa lista é ordenada do mais crítico ao menos crítico. 7ª Etapa Elaboração de recomendações ou orientações técnicas para a solução de problemas 27 PRINCIPAIS ETAPAS PARA A REALIZAÇÃO DE INSPEÇÕES PREDIAIS constatados. Essas orientações podem estar relacionadas à adequação do plano de manutenção ou aos reparos e reformas para solução de anomalias. Avaliação da qualidade da manutenção. Ela pode ser classificada em: atende, não 8ª Etapa atende ou atende parcialmente. Avaliação do uso da edificação. Pode ser classificada em regular ou irregular. 9ª Etapa Observam-se as condições originais da edificação e os seus sistemas construtivos, além de limites de utilização e suas formas. Fonte: Adaptado de IBAPE (2012). A respeito da definição de prioridades, a Norma de Inspeção Predial Nacional (IBAPE, 2012), recomenda que a ordem de prioridades seja disposta em ordem decrescente quanto ao grau de risco e intensidade das anomalias, sendo essas apuradas através de metodologias técnicas adequadas como o GUT (ferramenta de “gerenciamento de risco” através da metodologia da Gravidade, Urgência e Tendência), a FEMEA (Failure Mode and Effect Analisys: ferramenta de “gerenciamento de risco” através da metodologia de Análise do Tipo e Efeito de Falha) ou através da listagem de criticidade decorrente da Inspeção Predial. 2.6 O Método GUT O Método GUT, desenvolvido por Kepner e Tregoe na década de 1980, surgiu da necessidade de resolução de problemas complexos nas indústrias americanas e japonesas (KEPNER; TREGOE, 1981 apud FÁVERI; SILVA, 2016). É uma ferramenta utilizada para auxiliar na tomada de decisão, visto que, no geral, nem todos os problemas podem ser resolvidos ao mesmo tempo e leva em consideração a gravidade, urgência e a tendência de determinado evento, a partir do qual o gestor pode agir, com base em um escalonamento, identificando quais complicações devem ser resolvidas primeiro. A grande vantagem do método, segundo Periard (2011), é que ele auxilia o gestor a avaliar de forma quantitativa os problemas encontrados, tornando possível priorizar as ações corretivas e preventivas para o extermínio total ou parcial do problema. 28 O primeiro passo, para a aplicação do método, é listar os problemas identificados em determinado ambiente e, na sequência, avaliar os três aspectos com base nas seguintes definições, abordadas por Meireles (2001): Quadro 2 – Parâmetros propostos pelo Método GUT Variável Conceito Considera a intensidade e a profundidade dos danos que o problema pode Gravidade causar se não se atuar sobre ele. Considera o tempo para a eclosão dos danos ou resultados indesejáveis se não Urgência se atuar sobre o problema. Tendência Considera o desenvolvimento que o problema terá na ausência de ação. Fonte: Meireles (2001). Em um segundo momento, atribui-se valores, em uma escala crescente de 1 a 5, às características de cada problema encontrado. Periard (2011) recomenda que a atribuição de valores seja definida através dos critérios explicitados no Quadro 3, abaixo: Quadro 3 – Critérios de pontuação Nota Gravidade Urgência Tendência 5 Extremamente grave Precisa de ação imediata Irá piorar rapidamente 4 Muito grave É urgente Irá piorar em pouco tempo 3 Grave O mais rápido possível Irá piorar 2 Pouco grave Pouco urgente Irá piorar a longo prazo 1 Sem gravidade Pode esperar Não irá mudar Fonte: Periard (2011). Por fim, deve-se estabelecer um ranking a fim de determinar uma ordem de priorização e para que as decisões referentes à resolução dos problemas possam ser tomadas. O cálculo dos resultados é realizado através da multiplicação dos parâmetros do método, como pode ser observado no exemplo do Quadro 4, abaixo: 29 Quadro 4 – Simulação de aplicação do Método GUT Problema Gravidade Urgência Tendência G x U x T Prioridade A 2 4 5 40 2 B 3 2 3 18 4 C 5 3 3 45 1 D 1 5 4 20 3 Fonte: Elaborado pelo Autor (2019). De acordo com o quadro acima, o primeiro problema a ser resolvido seria o “problema C” por obter maior escore entre os demais, e o “problema B”, neste caso, seria o de menor importância. 3 MATERIAIS E MÉTODOS O presente trabalho foi realizado com base no levantamento das manifestações patológicas existentes no Setor de Aulas IV da UFRN. Os dados levantados foram fundamentais para as análises posteriores, a fim de identificar os ambientes com necessidades de intervenções, permitindo um diagnóstico geral e planejamento adequados. Buscou-se embasamento em bibliografias nacionais para o desenvolvimento, sustentação e abordagens dos temas. Em paralelo à revisão bibliográfica, foram realizadas vistorias na edificação, possibilitando o levantamento das manifestações patológicas com base na metodologia elaborada pelo autor, com vistas a estabelecer critérios quanto à situação da edificação e seu grau de criticidade. Para o processo de identificação das manifestações patológicas existentes, adotou-se uma metodologia de análise baseada em observações visuais (visitas técnicas exploratórias) para detectar os mecanismos de degradação (fissuras, perda de aderência, descolamento, eflorescência, umidade, mancha, corrosão em estrutura de concreto armado, entre outros). A partir de uma metodologia de análise pautada na padronização de etapas, apresenta- se as fases que são necessárias para identificação das manifestações patológicas:  Ficha de Identificação de Danos (FID): levantamento das características físicas e identificação de alterações existentes na edificação de interesse para o estudo;  Aplicação do Método da Matriz de Gravidade, Urgência e Tendência (GUT): auxílio na formação de estratégias, visando estabelecer uma ordem para a resolução dos problemas encontrados, 30  Estudo comparativo da frequência de ocorrência dos danos: estabelece os danos mais recorrentes dentro do universo estudado. 3.1 Área de estudo A área de estudo compreende o Setor de Aulas IV (Figura 6), pertencente ao Centro de Tecnologia (CT) da UFRN, que é reservado aos cursos da área tecnológica da instituição. O mesmo está localizado próximo à Avenida das Tulipas (via de contorno do campus), tendo como limites: ao norte e oeste, vias internas de acesso; ao sul, área de estacionamento e o prédio da Escola de Ciências e Tecnologia (ECT); e ao leste, área verde e as edificações que comportam os laboratórios do curso de arquitetura e o Setor Administrativo do Centro de Tecnologia. Figura 6 - Delimitação da área de estudo: Setor de Aulas IV da UFRN Fonte: Adaptado de Google Maps (2019). A edificação abrange uma área de aproximadamente 5.920 m² relativos a jardins e 7.181 m² de área construída dividida em nove blocos nos quais funcionam salas de aula, projetos de extensão, salas administrativas e auditórios. 31 A construção do Setor de Aulas IV acompanhou a criação do Campus Central da UFRN, através do Plano inicial elaborado por uma equipe dirigida pelo arquiteto e engenheiro civil paraense, Alcyr Meira, em 1971. Observa-se que várias das edificações construídas na época, dentre elas a edificação em estudo, tiveram padrões arquitetônicos adotados incompatíveis com o clima local, atrelado a um estilo brutalista de arquitetura, na qual predomina o uso de paredes de pedra, telhas de fibrocimento, janelas de vidro e abundância de concreto armado aparente, ou seja, materiais com alto índice de absorção da intensa radiação solar local e inadequados à região (CARVALHO, 2005). Cabe ressaltar, conforme Carvalho (2005), que o projeto original sofreu várias modificações. Um importante exemplo dessas mudanças foi a implantação dos Setores de Aulas II, III, IV e V, que tiveram suas locações rotacionadas em noventa graus com relação à implantação do Setor de Aulas I, prevista em projeto. Tal modificação foi proposta pelos arquitetos locais e visava à melhoria do conforto ambiental no interior das salas de aula, visto que a nova posição direcionava as aberturas ao predominante vento sudeste da região. A configuração atual é composta por nove blocos, sendo eles: A com dois pavimentos; B ao H com um pavimento (projeto original); e o I, a ampliação mais recente, com quatro pavimentos, conforme ilustra a Figura 7, abaixo: Figura 7 – Configuração do Setor de Aulas IV da UFRN Fonte: Elaborado pelo Autor (2019). A técnica construtiva do Setor de Aulas IV é constituída de estrutura convencional em concreto armado (com exceção do bloco I que emprega peças pré-moldadas de concreto), alvenaria de vedação de blocos cerâmicos e de pedra, cobertura em estrutura pontaletada de 32 madeira e telhas de fibrocimento. Nos ambientes internos foi empregado piso de concreto de alta resistência e nas paredes foi empregada tinta para interiores sobre massa corrida. 3.2 Definição da metodologia para levantamento de dados 3.2.1 Ficha de Identificação de Danos (FID) A NBR 5674 (ABNT, 2012), recomenda que as inspeções sejam realizadas por meio de modelos elaborados e organizados considerando um roteiro lógico que descreva a degradação de cada componente da edificação e avalie a perda do seu desempenho. Assim, este procedimento é a etapa inicial da avaliação do problema, buscando-se o maior número de informações para elucidar o dano. A fim de obter dados que quantifiquem a pesquisa, as vistorias foram realizadas com auxílio de registro fotográfico e produção, individual para cada ambiente, de FIDs, de modo a detectar quais manifestações patológicas estão presentes. A partir da padronização dos pontos a serem observados durante as visitas in loco, da observação visual e das imagens fotográficas, registrou-se os danos identificados em cada ambiente vistoriado. O modelo de FID elaborado e utilizado neste trabalho encontra-se no Anexo A. A partir dos dados destes documentos, foram produzidos gráficos para caracterizar o conjunto de ambientes estudados. Para avaliar a significância dos resultados obtidos, procurou-se classificar o estado de conservação da edificação de modo a compreender como se encontra a situação física da mesma. A maioria dos autores utiliza análise qualitativa para estipular níveis de classificação, indo desde a melhor condição possível até o nível mais elevado de degradação. Baseando-se nas observações in loco e nas FIDs, considerou-se a seguinte categorização para se referir ao estado físico da edificação:  Bom: prédios sem lesões graves apresentando apenas danos superficiais, mas sem risco à integridade;  Regular: prédios com princípio de alguma lesão mais grave, concentrando-se em uma situação intermediária perante os demais casos,  Ruim: prédios em péssimo estado de conservação, apresentando, além de danos pontuais, grandes extensões de sua envolvente, com manifestações patológicas afetando o material de forma definitiva, deteriorando esteticamente a edificação. 33 Considera-se, para o presente trabalho, como lesão grave, aquele defeito que impede a utilização do produto para o fim a que se destina, ou diminui sua vida útil afetando sua eficiência, e como dano superficial, aqueles defeitos menores que não atingem o desempenho do produto na sua função essencial. A Norma de Inspeção Predial Nacional (IBAPE, 2012), recomenda que a vistoria na inspeção predial seja sistêmica e que abranja, minimamente, os seguintes sistemas construtivos e seus elementos: estrutura, impermeabilização, instalações hidráulicas e elétricas, revestimentos externos em geral, esquadrias, revestimentos internos, elevadores, climatização, exaustão mecânica, ventilação, coberturas, telhados, combate a incêndio e SPDA. 3.2.2 Aplicação do Método da Matriz de Gravidade, Urgência e Tendência (GUT) As manifestações patológicas levantadas na etapa de inspeção predial e devidamente registradas nas FIDs foram analisadas através do Método GUT, considerando-se a gravidade, a urgência e a tendência de cada problema diagnosticado, de forma a definir a ordem de priorização de resolução entre eles. Para isso, foi elaborada uma matriz para a aplicação do método, de forma a classificar cada manifestação de acordo com as variáveis apresentadas na revisão bibliográfica deste trabalho, conforme demonstrado na Tabela 1, abaixo: Tabela 1 – Matriz de aplicação do Método GUT Problema patológico G U T G x U x T Ordem de prioridade Manifestação 1 - - - - - Manifestação 2 - - - - - Manifestação 3 - - - - - Manifestação 4 - - - - - ... - - - - - Fonte: Elaborado pelo Autor (2019). 3.2.3 Estudo comparativo de frequência de ocorrência de danos O presente trabalho contempla o estudo comparativo da frequência de ocorrência dos danos (resumo conclusivo dos dados obtidos) da edificação sintetizada nas FIDs, verificando 34 qual falha apresenta comportamento estatisticamente significativo em relação às demais. Como critério para quantificar os danos, cada tipo foi contabilizado como uma ocorrência. Deste modo, permite-se a obtenção de um panorama geral dos problemas patológicos mais recorrentes. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Para a obtenção dos resultados deste trabalho, foram realizadas vistorias na edificação objeto de estudo entre os meses de abril a maio de 2019, com o objetivo de catalogar as manifestações patológicas detectadas. As visitas à edificação resultaram na elaboração de uma tabela que acoplasse todos os passos desta parte da pesquisa, desde o registro fotográfico até a sugestão da terapêutica adequada. Além disso, os dados coletados nas vistorias e a análise realizada através da tabela elaborada forneceram informações fundamentais para a aplicação do Método GUT. 4.1 Diagnóstico e definição de conduta das manifestações patológicas identificadas Os diagnósticos preliminares determinados neste trabalho foram realizados através de uma inspeção visual dos problemas patológicos identificados nos diversos ambientes vistoriados do Setor de Aulas IV da UFRN, indicando as manifestações patológicas detectadas, suas possíveis causas e apresentando as terapêuticas adequadas, conforme Quadro 5, a seguir. Ressalta-se que as indicações de terapêuticas que serão apresentadas servem como orientação inicial, haja vista que não existe um único rumo avaliativo e de sugestão de reparos, cabendo à pesquisa apontar os caminhos básicos para a correção dos danos. Assim, a solução final para os problemas encontrados só será dada uma vez que se realize o projeto de intervenção na edificação. Para melhor apresentação dos dados, o mesmo tipo de manifestação patológica, muitas vezes presente em mais de um ambiente, foi agrupado e será representado por uma figura no Quadro 5, apresentado a seguir, sendo informado também a quantidade de ocorrências registradas. 35 Quadro 5 - Matriz de diagnóstico e definição de conduta de manifestações patológicas Manifestação Quantidade Problema patológico patológica de Possível causa Terapêutica recomendada detectada ocorrências 1) Inicialmente marcar o local e recortar a faixa de piso danificado, sempre respeitando uma faixa adicional de 5 cm para cada lado; 2) A seguir, o local deverá Fissura 1) Fissuras por retração ser preenchido com argamassa epóxi de longitudinal 24 plástica; 2) Fissuração de alta resistência e o corte, refeito no mesmo localizada no piso. origem térmica. alinhamento da junta; 3) O vão central deverá ser preenchido com material selante elastomérico à base de poliuretano ou epóxi. Fiação e cabos 1) Inexistência/deficiência 1) Avaliar a necessidade de aparentes, com 21 de manutenção preventiva substituição/retirada da fiação das emendas visíveis. e corretiva. instalações elétricas. 36 Manifestação Quantidade Problema patológico patológica de Possível causa Terapêutica recomendada detectada ocorrências 1) Utilização inadequada; Componente 2) Inexistência/deficiência 1) Substituição da folha da porta; 2) ou danificado em 19 de manutenção preventiva reinstalação do componente danificado. esquadria da porta. e corretiva. Lâmpadas 1) Inexistência/deficiência 1) Substituir lâmpadas queimadas e queimadas / 17 de manutenção preventiva instalar lâmpadas ausentes. ausentes. e corretiva. 1) Remover o revestimento descolado, até 1) Preparação deficiente sair todo o resquício da camada antiga de do substrato, com tinta; 2) Efetuar a regularização da aplicação da tinta sobre superfície exposta com aplicação de Destacamento da base contaminada por chapisco; 3) Aplicar revestimento final 15 pintura. partículas soltas; 2) nas zonas expostas, com elevada Repintura sem retirada da qualidade para garantir melhor adesão e anterior; 3) Ascensão da maior resistência à umidade; 4)Repintura. umidade por capilaridade. Deve-se conhecer as condições ambientais para evitar-se efetuar nova pintura em 37 Manifestação Quantidade Problema patológico patológica de Possível causa Terapêutica recomendada detectada ocorrências períodos em que a umidade impeça a secagem total da tinta. 1) Instalação inadequada dos tubos de cobre e drenos dos ares- Abertura na parede condicionados, sem 1) Proceder com o adequado fechamento perto do ar- 9 acabamento final da da abertura. condicionado. abertura; 2) Inexistência/deficiência de manutenção preventiva e corretiva. 1) Troca térmica em cima do forro deficiente, Corrosão de gerando uma diferença de 1) Eliminação de possíveis focos de componente do 8 umidade; 2) exposição a umidade advindos da cobertura; 2) forro. alta umidade relativa do Substituição do material empregado. ar; 3) Material empregado de má qualidade. 38 Manifestação Quantidade Problema patológico patológica de Possível causa Terapêutica recomendada detectada ocorrências 1) Infiltrações advindas da laje de cobertura, devido a problemas no sistema de 1) Eliminação do foco de umidade; 2) Presença de 8 impermeabilização; 2) Reparo da área afetada pela umidade; 3) umidade na laje. Inexistência/deficiência de Repintura. manutenção preventiva e corretiva. 1) Área de instalação dos suportes muito próxima ao 1) Intervenção no foco de umidade; 2) Corrosão dos solo; 2) Ascensão da Aplicação de produto destinado à suportes das umidade por capilaridade; impermeabilização, de modo a isolar a condensadoras dos 7 3) Ausência de pintura de umidade do meio; 3) Retirada dos ares- proteção; 4) produtos da corrosão; 4) Proteção da condicionados. Inexistência/deficiência de estrutura metálica, por meio da aplicação manutenção preventiva e de materiais adequados. corretiva. 1) Exposição da tinta à condições de umidade; 2) 1) Intervenção no foco de umidade; 2) Problemas com a tinta Aplicação de produto destinado à utilizada, com formulação impermeabilização, de modo a isolar a Presença de bolhas inadequada; 3) Hidratação 7 umidade do meio; 3) Limpeza da área na pintura. retardada do óxido de afetada. Água sob pressão e uso de escova magnésio da cal; 4) com produtos químicos auxiliam na Preparação deficiente do remoção das bolhas; 4) Repintura. substrato com ausência de chapisco, com aplicação 39 Manifestação Quantidade Problema patológico patológica de Possível causa Terapêutica recomendada detectada ocorrências da tinta sobre base contaminada por partículas soltas. 1) Intervenção no foco de umidade; 2) Reparo do sistema de impermeabilização da cobertura, de modo a eliminar os focos 1) Infiltrações advindas da de infiltração; 3) Limpeza da área afetada, laje de cobertura, devido a com a retirada dos materiais presentes que Presença de problemas no sistema de possam causar o entupimento dos ralos.. umidade e vida 7 impermeabilização; 2) Para a retirada da colonização biológica o vegetal na laje. Inexistência/deficiência de ideal é utilizar escova de cerda dura com manutenção preventiva e solução de fosfato trissódico ou solução corretiva. de hipoclorito de sódio diluído em água e, em seguida enxaguar com água limpa; 4) Repintura. 1) Infiltrações advindas da 2) Reparo do sistema de laje de cobertura, devido a Umidade e perda impermeabilização da cobertura, de modo problemas no sistema de da estanqueidade a eliminar os focos de infiltração; 2) 7 impermeabilização; 2) no ralo e tubo de Limpeza das calhas da cobertura, com a Inexistência/deficiência de dreno. retirada dos materiais presentes que manutenção preventiva e possam causar o entupimento dos ralos. corretiva. 40 Manifestação Quantidade Problema patológico patológica de Possível causa Terapêutica recomendada detectada ocorrências 1) Limpeza da superfície afetada. Água Manchas, sujidade 1) Utilização inadequada sob pressão e utilização de escova e 6 na pintura. das alvenarias. produtos químicos auxiliam na remoção de sujidade; 2) Repintura. 1) Presença de umidade e condições atmosféricas desfavoráveis; 2) Material Luminária em empregado de baixa 1) Proceder com a substituição da processo de 6 qualidade; luminária. corrosão. 3)Inexistência/deficiência de manutenção preventiva e corretiva. 1) Intervenção no foco de umidade incidente; 2) Aplicação de produto 1) Áreas da edificação destinado à impermeabilização, de modo a Umidade nas próximas ao solo; 2) 6 isolar a umidade do meio; 3) Limpeza da alvenarias. Ascensão da umidade por área afetada. Água sob pressão e uso de capilaridade. escova de produtos químicos auxiliam na remoção de sujidades; 4) Repintura. 41 Manifestação Quantidade Problema patológico patológica de Possível causa Terapêutica recomendada detectada ocorrências 1) Proteger as bordas do local de aplicação com uma fita isolante, para garantir um bom acabamento; 2) Aplicar uma camada 1)Má execução da de selante no peitoril (entre o caixilho e a Ausência de esquadria; 2) parede) da janela ou nos pontos que material selante na 5 Inexistência/deficiência de apresentam infiltração; 3) Utilizar espátula esquadria (janela). manutenção preventiva e para garantir o preenchimento dos espaços corretiva. vazios; 4) Finalizar e retirar a fita. A cura total do selante de silicone ocorre no prazo de sete dias. 1) Limpeza local, com retirada de impurezas/inscrustações na superfície do concreto, de ferrugem sobre armadura a serem reparados por meio de lixamento e qualquer sujidade que possa prejudicar a 1) Cobrimento penetração do material de reforço na inadequado/insuficiente; microestrutura porosa do concreto; 2) Por Desplacamento do 1) Infiltrações advindas da meio de trinchas de cerdas macias, aplicar cobrimento do 4 laje de cobertura, na armadura primer anticorrosivo, concreto. resultando na corrosão das material adesivo a base de polímero armaduras. ou zinco que funcione como ponte de aderência; 3) Aplicar argamassa cimentícia tixotrópica, modificada com polímeros e, preferencialmente, reforçada com fibras, que recebe depois o acabamento com desempenadeira. 42 Manifestação Quantidade Problema patológico patológica de Possível causa Terapêutica recomendada detectada ocorrências 1) Intervenção no foco de umidade; 2) Aplicação de produto destinado à impermeabilização, de modo a isolar a 1) Áreas da edificação umidade do meio; 3) Limpeza da área próximas ao solo; 2) afetada. Para a retirada da colonização Presença de vida Ascensão da umidade por biológica o ideal é utilizar escova de cerda vegetal em 4 capilaridade; 3) Instalação dura com solução de fosfato trissódico ou alvenarias externas. incorreta de sistemas de solução de hipoclorito de sódio diluído em ar-condicionado. água e, em seguida enxaguar com água limpa; 4) Direcionar a água proveniente dos sistemas de ar-condicionado para locais adequados. Umidade na alvenaria, 3) Vazamentos decorrentes 1) Reparo do dreno, a fim de corrigir os proveniente do 4 do dreno do ar- vazamentos; 2) Limpeza da área afetada; dreno do ar- condicionado. 3) Repintura. condicionado. 43 Manifestação Quantidade Problema patológico patológica de Possível causa Terapêutica recomendada detectada ocorrências 1) Intervenção no foco de umidade; 2) Aplicação de produto destinado à 1) Áreas da edificação impermeabilização, de modo a isolar a Umidade na base próximas ao solo; 2) umidade do meio; 3) Limpeza da área das paredes Ascensão da umidade por 4 afetada. Água sob pressão e uso de escova externas, próximo capilaridade; 3) Instalação de produtos químicos auxiliam na às condensadoras. incorreta de sistemas de remoção de sujidades; 4) Direcionar a ar-condicionado. água proveniente dos sistemas de ar- condicionado para locais adequados. Componente 1) Substituição do componente danificado em 4 1) Utilização inadequada. danificado. esquadria da janela. 1) Equipamento instalado em local com presença de umidade excessiva, 2) Corrosão de quadro Material empregado de 1) Substituição da caixa do quadro 3 elétrico. baixa qualidade; elétrico. Inexistência/deficiência de manutenção preventiva e corretiva. 44 Manifestação Quantidade Problema patológico patológica de Possível causa Terapêutica recomendada detectada ocorrências 1)Falha na execução da junta de dilatação Danos na junta de estrutural. 2) 1)Executar a junta de dilatação 3 dilatação estrutural. Inexistência/deficiência de corretamente. manutenção preventiva e corretiva. 1) Verificar a atividade da fissura, se ativa ou passiva; 2) No caso de fissura ativa, avaliar a possibilidade de demolir parte da alvenaria para proceder com a adequação 1) Execução inadequada Fissura em parede da contra verga no local, de tal forma que 3 de contra verga na parte externa. se possa cobrir toda a extensão do vão e inferior do vão da janela. passar 30 cm centímetros além da abertura; 3) No caso de a fissura já ter estabilizado, grampear (interna e/ou externamente) ou fazer uso de tela. 1) Recomposição da área de alvenaria Alvenaria 2 1) Utilização inadequada. danificada com aplicação de reboco e danificada. pintura. 45 Manifestação Quantidade Problema patológico patológica de Possível causa Terapêutica recomendada detectada ocorrências 1) Utilização inadequada; Ausência de 1) Substituição da folha da porta; 2) ou 2) Inexistência/deficiência fechadura / ferrolho 2 reinstalação da fechadura ou ferrolho de manutenção preventiva na esquadria. ausente. e corretiva. 1) Esquadria localizada em local com presença de 1) Retirada dos produtos de corrosão Corrosão de umidade excessiva; 2) presentes; 2) Proteção da estrutura, por esquadria (janela) 2 Inexistência/deficiência de meio da aplicação de materiais adequados; de alumínio. manutenção preventiva e 3) ou substituição da esquadria. corretiva. Corrosão de grelha 1) Má qualidade do 2 1) Substituição do ralo instalado. do ralo. material empregado. 46 Manifestação Quantidade Problema patológico patológica de Possível causa Terapêutica recomendada detectada ocorrências Elemento de 1) Elemento de vedação vedação (cobogó) 2 submetido à carga 1) Substituição do elemento de vedação. danificado excessiva. 1) Inexistência/deficiência Gotejamento do ar- de manutenção nos 1) Reparo da máquina de ar-condicionado, 2 condicionado. equipamentos de ar- a fim de cessar os vazamentos. condicionado. 1) Solicitação mecânica 1) Mapear a área a ser recuperada por Piso superior à resistência do meio de testes localizados; 2) Em seguida, quebrado/danificad 2 piso; 2) Falhas na todo o revestimento danificado deverá ser o. execução da junta de removido; 3) Refazer o piso danificado e a dilatação. junta de dilatação. 47 Manifestação Quantidade Problema patológico patológica de Possível causa Terapêutica recomendada detectada ocorrências 1) Inexistência/deficiência 1) Eliminar ponto inutilizado de água e Ponto hidráulico 2 de manutenção preventiva aplicar revestimento argamassado e inutilizado. e corretiva. pintura. 1) Aplicar produtos químicos específicos e de forte ação residual em pontos específicos no solo, funcionando como Presença de cupim 1) Inexistência/deficiência tratamento para inibir a manifestação na 2 de manutenção preventiva deste tipo de inseto; 2) Raspar das alvenaria/estrutura. e corretiva. alvenarias/estruturas o resto de galerias formadas pelos cupins e proceder com nova pintura. 1) Realizar a limpeza da área afetada. Para 1) Esquadria localizada em a retirada da colonização biológica o ideal local com presença de Presença de mofo é utilizar escova de cerda dura com 2 umidade excessiva; 2) na esquadria. solução de fosfato trissódico ou solução Inexistência/deficiência de de hipoclorito de sódio diluído em água e, serviços de limpeza. em seguida enxaguar com água limpa. 48 Manifestação Quantidade Problema patológico patológica de Possível causa Terapêutica recomendada detectada ocorrências 1) Utilização inadequada; 1) Recomposição da área de revestimento Revestimento 2) Inexistência/deficiência 2 danificado; 2) Utilizar revestimento e/ou danificado. de manutenção preventiva material para receber os impactos. e corretiva. 1) Infiltrações advindas da 1) Intervenção no foco de umidade; 2) laje de cobertura; 2) Reparo do sistema de impermeabilização Umidade no forro. 2 Inexistência/deficiência de da cobertura, de modo a eliminar os focos manutenção preventiva e de infiltração; 3) Limpeza da área afetada; corretiva. 4) Repintura. 1) Falhas no processo 1) Proceder com a correção do rejunte do Ausência de rejunte executivo; 2) 1 piso, com a retirada do anterior e no piso. Inexistência/deficiência de aplicação de novo rejunte. manutenção. 49 Manifestação Quantidade Problema patológico patológica de Possível causa Terapêutica recomendada detectada ocorrências Bacia sanitária 1) Proceder com a substituição da bacia quebrada/danificad 1 1) Utilização inadequada. sanitária. a. 1) Esquadria localizada em 1) Retirada dos produtos de corrosão local com presença de presentes por meio de raspagem; 2) Corrosão de 1 umidade excessiva, 2) Proteção da estrutura, por meio da esquadria (grade). Inexistência/deficiência de aplicação de fundo anti-corrosivo e manutenção. pintura com esmalte sintético. 1) Má execução do Desplacamento do assentamento do rodapé; 1) Proceder com o reassentamento do 1 rodapé. 2) Problema decorrente de rodapé. má utilização. 50 Manifestação Quantidade Problema patológico patológica de Possível causa Terapêutica recomendada detectada ocorrências 1) Eliminar o foco de umidade; 2) Proceder com a eliminação das manchas 1) Presença de sais por meio uso de escova de aço; 3) Aplicar Eflorescências e inorgânicos no ácido muriático na concentração 1:10 em lixiviação da 1 revestimento; 2) Local água. Deve-se ter cuidado no manuseio do argamassa da com presença de umidade ácido; umedecer as paredes antes da parede. excessiva. utilização, pois se permanecer na parede pode atacar seus constituintes. Enxaguar a superfície após a limpeza. 1) Erros durante a 1) Execução de juntas de dessolidarização, execução; 2) Tensões no posicionadas ao longo de todo o perímetro Fissura no forro de material, provocadas pela entre o forro e as paredes ou estruturas 1 gesso. dilatação ou retração com as quais se limita; 2) Tratamento das térmica; 3) Ausência de fissuras existentes com produtos juntas de dessolidarização. adequados. 1) Realizar abertura de sulco sobre a fissura; 2) Aplicar selante acrílico; 3) Fissura vertical na Aguardar a secagem da fissura selada; 4) interface da 1) Fissura de origem Aplicar impermeabilizante acrílico; 5) Por 1 alvenaria com a higrotérmica. fim, aplicar uma segunda demão de estrutura. impermeabilizante estruturado em tela de poliéster; 6) Aplicar camada de revestimento final. 51 Manifestação Quantidade Problema patológico patológica de Possível causa Terapêutica recomendada detectada ocorrências 1) Corte da área afetada e escarificação do concreto; 2) Após a limpeza dos resíduos resultantes da escarificação e do lixamento 1) Cobrimento das armaduras, realizar a saturação do inadequado/insuficiente; substrato com água potável e Fissuração e 1) Infiltrações advindas da pulverizador, ideal para o recebimento e corrosão da 1 laje de cobertura, adesão da argamassa de reparo; 3) Aplicar armadura da laje. resultando na corrosão das argamassa cimentícia tixotrópica, armaduras. modificada com polímeros e, preferencialmente, reforçada com fibras, que recebe depois o acabamento com desempenadeira; 4) Execução de pintura. 1) Realizar o apicoamento da superfície da estrutura; 2) Adicionar uma resina epóxi com o objetivo de gerar uma boa união 1)Sobrecarga não prevista; entre a camada antiga e a camada nova de Fissuração em viga 1 2) Insuficiência de concreto; 3) Aplicar argamassa cimentícia armadura. tixotrópica, modificada com polímeros e, preferencialmente, reforçada com fibras, que recebe depois o acabamento com desempenadeira; 4) Execução de pintura. 52 Manifestação Quantidade Problema patológico patológica de Possível causa Terapêutica recomendada detectada ocorrências 1) Utilização inadequada; 2) Inexistência/deficiência 1) Substituição da esquadria; 2) ou Portão danificado. 1 de manutenção preventiva reinstalação do componente danificado. e corretiva. Fonte: Elaborado pelo Autor (2019). 53 4.2 Aplicação da Matriz GUT Através dos dados mostrados no Quadro 5, as manifestações patológicas identificadas foram classificadas de acordo com os critérios do Método GUT. Os produtos obtidos através da aplicação do Método expressam a análise da problemática de cada manifestação. Os resultados obtidos na aplicação do método apontam para o fato de que algumas manifestações patológicas apresentam o mesmo grau de prioridade. De forma a elucidá-los, o Quadro 6, abaixo, ordena crescentemente o grau de priorização dos problemas encontrados: Quadro 6 - Priorização para resolução das manifestações patológicas Ordem de Problema patológico G U T G x U x T prioridade Presença de umidade na laje. 3 3 4 36 1 Presença de umidade e vida vegetal na laje. 3 3 4 36 1 Presença de vida vegetal em alvenarias 3 3 3 27 2 externas. Umidade e perda da estanqueidade no ralo e 3 3 3 27 2 tubo de dreno. Umidade na alvenaria, proveniente do dreno 3 3 3 27 2 do ar-condicionado. Umidade na base das paredes externas 3 3 3 27 2 próximo as condensadoras. Umidade nas alvenarias. 3 3 3 27 2 Umidade no forro. 3 3 3 27 2 Desplacamento do cobrimento do concreto. 3 3 3 27 2 Fissuração e corrosão da armadura da laje. 3 3 3 27 2 Eflorescências e lixiviação da argamassa da 3 3 2 18 3 parede. Ausência de material selante na esquadria 3 3 2 18 3 (janela). Fissuração em viga. 3 3 2 18 3 54 Ordem de Problema patológico G U T G x U x T prioridade Presença de mofo na esquadria. 2 3 2 12 4 Destacamento da pintura. 3 2 2 12 4 Danos na junta de dilatação estrutural. 3 2 2 12 4 Corrosão dos suportes das condensadoras dos 2 2 3 12 4 ares-condicionados. Fissura vertical na interface da alvenaria com a 3 2 2 12 4 estrutura. Gotejamento do ar-condicionado. 2 3 2 12 4 Fissura em parede externa. 3 2 2 12 4 Fissura longitudinal localizada no piso. 2 2 3 12 4 Piso quebrado/danificado. 2 2 3 12 4 Manchas, sujidade na pintura. 2 2 3 12 4 Corrosão de grelha do ralo. 2 2 3 12 4 Fiação e cabos aparentes, com emendas 3 3 1 9 5 visíveis Corrosão de componente do forro. 2 2 2 8 6 Componente danificado em esquadria da 2 2 2 8 6 janela. Componente danificado em esquadria da porta. 2 2 2 8 6 Corrosão de quadro elétrico. 2 2 2 8 6 Presença de bolhas na pintura. 2 2 2 8 6 Presença de cupim na alvenaria/estrutura. 2 2 2 8 6 Corrosão de esquadria (grade). 2 2 2 8 6 55 Ordem de Problema patológico G U T G x U x T prioridade Corrosão de esquadria (janela) de alumínio. 2 2 2 8 6 Fissura no forro de gesso. 2 2 2 8 6 Luminária em processo de corrosão. 2 2 2 8 6 Portão danificado. 2 2 2 8 6 Revestimento danificado. 2 2 2 8 6 Alvenaria danificada. 2 2 2 8 6 Ausência de rejunte no piso. 2 2 2 8 6 Abertura na parede perto do ar-condicionado. 2 2 2 8 6 Elemento de vedação (cobogó) danificado 2 2 2 8 6 Bacia sanitária quebrada/danificada. 2 3 1 6 7 Ausência de fechadura / ferrolho na esquadria. 2 3 1 6 7 Lâmpadas queimadas / ausentes. 2 3 1 6 7 Desplacamento do rodapé. 2 2 1 4 8 Ponto hidráulico inutilizado. 2 2 1 4 8 Fonte: Elaborado pelo Autor (2019). Analisando-se os Quadros 5 e 6, é possível verificar que, muitas vezes, manifestações patológicas com alto grau de incidência nem sempre apresentam ordem de prioridade superior aquelas com poucos registros de ocorrência, como por exemplo a presença de umidade na laje e fissuração e corrosão da armadura da laje, que pouco estão presentes na edificação, mas apresentam necessidade de intervenção prioritária, dado o seu grau de prioridade frente as demais. 56 Confirma-se, portanto, a importância de se avaliar individualmente cada um dos problemas patológicos detectados, a fim de estabelecer medidas mitigadoras adequadas, priorizando-se àquelas manifestações que apresentam necessidade de intervenção mais urgente. 4.3 Resumo conclusivo dos dados Neste estudo, foi contabilizada a ocorrência de 235 manifestações patológicas, distribuídas em 46 tipos diferentes. Os problemas evidenciados no gráfico da Figura 8, abaixo, correspondem a 71,06% do total de problemas encontrados. Figura 8 – Porcentagem de ocorrência dos problemas patológicos na edificação Fonte: Elaborado pelo Autor (2019). Dos 15 (quinze) tipos de manifestações patológicas mostradas na Figura 8, acima, 9 (nove) estão relacionadas ou tem como causa principal, a presença de umidade na edificação. Durante as vistorias verificou-se que a incidência de umidade acontece principalmente em áreas da edificação próximas ao solo. Assim, a área afetada, que está em contato direto com o 57 solo, encharca-se pela água de precipitação ou advinda das condensadoras dos ares- condicionados, sendo transmitida à parede e atacando o revestimento. Ressalta-se que procedimentos de instalação de sistemas de ar-condicionado feitos de forma inadequada descaracterizam a edificação. Em muitos pontos do caso em estudo, a água condensada esgota diretamente sobre partes da edificação, onde escorrem e ali permanecem por longos períodos, evidenciando a necessidade de se implantar um sistema de drenagem para coletar e afastar da edificação a água de condensação dos ares-condicionados. Além disso, a presença de árvores de grande de porte entre os blocos de aula também contribui para o aparecimento de umidade, já que prejudicam a edificação quando muito próximas a ela, por impedirem que a radiação solar chegue até o local, culminando em áreas úmidas com proliferação de fungos, algas e bactérias. Essa situação de umidade culmina no aparecimento de manchas esverdeadas (colonização biológica) que aderem na superfície das paredes, pois, a argamassa/concreto, por ser um material poroso, absorve água com facilidade, atingindo as camadas de revestimento. Estas manchas, por sua vez, propiciam o desenvolvimento de microflora e desplacamento da superfície pintada. Outra fonte da incidência de umidade na edificação advém da cobertura, gerando, neste caso, danos às lajes de cobertura e forro dos ambientes. Neste caso, os problemas decorrem da ausência e/ou insuficiência de ações de manutenção periódicas nas calhas da cobertura, bem como do partido arquitetônico adotado. Como pode ser evidenciado pela Figura 9, a seguir, o depósito de materiais, principalmente folhas de árvores no perímetro da edificação, contribuem para o entupimento dos drenos das calhas de drenagem de águas pluviais, que se acumulam e, por transbordamento, atingem a laje de cobertura. Além disso, verificou a ausência de caimento nas calhas, contribuindo para o empoçamento da água presente. 58 Figura 9 – Retenção de folhas em calha da cobertura do Bloco de aulas D Fonte: Elaborado pelo Autor (2019). Salienta-se também, a importância de sistemas de impermeabilização da cobertura bem executados a fim de evitar a infiltração de umidade e, em decorrência destas falhas, no surgimento de manifestações patológicas, tais como as que foram apresentadas no Quadro 5. Ademais, levando-se em conta todos os dados levantados, considerou-se classificar o estado físico da edificação como regular. Ou seja, há na edificação o princípio de alguma lesão mais grave, concentrando-se em uma situação intermediária. Esta classificação reforça a necessidade de se estabelecer ações imediatas a fim de corrigir os problemas encontrados, evitando-se assim, que tais problemas tornem-se mais graves, implicando em maiores custos de recuperação e reparo. 5 CONCLUSÕES Por meio das inspeções que foram realizadas e a partir de uma base teórica e do desenvolvimento da metodologia da pesquisa, almejava-se contribuir com o entendimento a respeito das manifestações patológicas e como estas influenciam na durabilidade das edificações. Baseando-se no levantamento visual, registro fotográfico e quantificação dos danos por meio de um método de registro de anomalias que comprometem a edificação (elaboração 59 de FIDs), geraram-se documentos que facilitam ações de manutenção e intervenção direta sobre a edificação. A presença das manifestações patológicas, discursadas ao longo da pesquisa e evidencias em tópicos anteriores, acarretou em consequências negativas para a edificação como um todo. Observou-se que vários danos acontecem simultaneamente dando origem a outros, com sua ocorrência relacionada a uma ou várias causas. Verificou-se que determinadas manifestações patológicas surgem como resultado do uso e ação humana, com procedimentos de concepção/instalação inadequados, bem como mão-de-obra desqualificada e falta de manutenção periódica que pudesse conservar a edificação. Com o levantamento dos dados, conseguiram-se subsídios para analisar as manifestações patológicas mais frequentes presentes no Setor de Aulas IV, apontando hipóteses de diagnóstico e propostas de intervenção. Percebeu-se que não existe um único rumo avaliativo e de sugestão de reparos, cabendo à pesquisa apontar os caminhos básicos para a correção dos danos. Percebeu-se que na edificação estudada ocorrem intervenções emergenciais sem planejamento prévio. A partir dos resultados, torna-se evidente que a incidência corriqueira destas patologias se deve, principalmente, à falta de um sólido programa de manutenção periódica, já que estão sujeitos a sofrer ação do uso e de agentes externos; ou a erros de processo executivo e/ou de projeto. Ainda assim, percebeu-se que é praticamente impossível evitar por completo a ocorrência de manifestações patológicas, já que não há como descartar a ausência total de falhas durante o processo executivo, nem ignorar que o uso e ações de fatores externos levem à degradação natural com efeitos negativos sob a edificação. Assim, entendeu-se que procedimentos executivos corretos não têm por finalidade impedir a ocorrência de danos, mas sim retardar/minimizar seu aparecimento. Considerando a necessidade de prosseguir/aprofundar estudos neste campo, apontam- se sugestões para trabalhos futuros: acompanhamento de desempenho e de trabalhos de manutenção na edificação, com produção de novos registros e acompanhamento da evolução da degradação com o tempo; desenvolvimento de medidas preventivas específicas para cada anomalia encontrada, executáveis periodicamente; e aplicação da metodologia desenvolvida em outras edificações pertencentes à Instituição de Ensino, a fim de apresentar soluções que possam minimizar os problemas patológicos e assim, alcançar a valorização destas construções. 60 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575-1: Edificações habitacionais – Desempenho. Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro, 2013. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5674: Manutenção de edificações: Requisitos para o sistema de gestão da manutenção. Rio de Janeiro, 2012. BARBOSA, Ana Maria da Silva. A gestão de facilities como suporte à manutenção de imóveis na Universidade Federal de Pernambuco: uma abordagem sob a perspectiva de adequação ao uso. 2016. 141 f. Dissertação (Mestrado em Administração), Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2016. BRITO, Thaís Farias de. Análise de manifestações patológicas na construção civil pelo método gut: estudo de caso em uma instituição pública de ensino superior. 2017. 77 f. Monografia (Curso de Graduação em Engenharia Civil), Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2017. CARVALHO, Sheila Oliveira de. Análise bioclimática como ferramenta para implementação do plano diretor do campus central da UFRN. 2005. 171 f. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2005. DARWICH NETO, Edmon. Sistema de Gestão da Manutenção de Ativos: Desenvolvimento de Método de Implantação em uma Universidade Pública. 2019. 141 f. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019. FÁVERI, R. de; SILVA, A. da. Método GUT aplicado à gestão de risco de desastres: uma ferramenta de auxílio para hierarquização de riscos. Revista ordem pública e defesa social, Santa Catarina, v. 9, n.1, jan./jun. 2016. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da língua portuguesa. 5. ed. Curitiba: Positivo, 2010. 2222 p. GOMIDE, Tito Lívio Ferreira; GULLO, Marco Antônio; NETO, Jerônimo Cabral P. Fagundes. Inspeção predial total: diretrizes e laudos no enfoque da qualidade total e da engenharia diagnóstica. 2. ed. São Paulo: Pini, 2014. GOMIDE, Tito Lívio Ferreira. Reflexos do Planejamento de Manutenção Predial, 2009. Disponível em: < http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/145/artigo286584-1.aspx>. Acesso em: abr. 2019. HELENE, Paulo R. L. Manual para reparo, reforço e proteção de estruturas de concreto. 2. ed. São Paulo: Pini, 1992. 213 p. INSTITUTO BRASILEIRO DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE ENGENHARIA. Norma de Inspeção Predial Nacional. São Paulo, 2012. 61 LAPA, José Silva. Patologia, recuperação e reparo das estruturas de concreto. 2008. 56 f. Monografia (Curso de Especialização em Construção Civil), Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008. LICHTENSTEIN, Norberto B. Patologia das construções: procedimento para diagnóstico e recuperação. São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 1986. Boletim técnico 06/86. MEIRELES, Manuel. Ferramentas administrativas para identificar, observar e analisar problemas: organizações com foco no cliente. 1. ed. São Paulo: Art & Ciência, 2001. 144 p. PERIARD, Gustavo. Matriz GUT: Guia Completo, 2011. Disponível em: . Acesso em: abr. 2019. PINTO, R. L.; GOUVÊA, M. A.; OLIVEIRA, B. Avaliação da qualidade de serviço terceirizado de manutenção em edifício comercial: o caso de uma organização pública. Gestão & Produção, v. 21, n. 2, p. 389–403, 2014. POSSAN, Edna; DEMOLINER, Carlos Alberto. Desempenho, durabilidade e vida útil das edificações: abordagem geral. Revista Técnico-Científica do CREA-PR, Paraná, 1. ed. out. 2013. SOUZA, Vicente Custódio Moreira de; RIPPER, Thomaz. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto. São Paulo: Pini, 1998. 257 p. THOMAZ, Ercio. Trincas em edifícios: causas, prevenção e recuperação. São Paulo: PINI, 1989. TUTIKIAN, Bernardo; PACHECO; Marcelo. Boletín Técnico - Inspección, diagnóstico y prognóstico en la construcción civil. Mérida: ALCONPAT, 2013. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Relatório de Gestão do exercício de 2017. Natal, 2018. 377 p. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Relatório de Gestão 2018. Natal, 2019. 203 p. 62 ANEXO A – FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DE DANOS FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DE DANOS - FID AVALIADOR: DATA: CÓDIGO: 1. ESTRUTURA ANOMALIAS/FALHAS S/N FOTO OBSERVAÇÕES N° Fissura/trinca Destacamento / desagregação / desplacamento Eflorescência / lixiviação Armadura exposta Infiltração / corrosão Deformação excessiva Outros: 2. FUNDAÇÃO ANOMALIAS/FALHAS S/N FOTO OBSERVAÇÕES N° Recalque diferencial Outros: 3. REVESTIMENTO 3.1 PAREDE INTERNA ( ) Argamassado ( ) Cerâmico ( ) Outro:_______________________ ANOMALIAS/FALHAS S/N FOTO OBSERVAÇÕES N° Fissura/trinca Infiltração Destacamento / desagregação / deslocamento Empolamento/ bolhas/ enrugamento Eflorescência / manchas de mofo / bolor Abertura imprópria para passagem de cabos Deficiência na pintura Outros: 3.2 PAREDE EXTERNA ( ) Argamassado ( ) Cerâmico ( ) Outro:_______________________ ANOMALIAS/FALHAS S/N FOTO OBSERVAÇÕES N° Fissura/trinca ‘Destacamento / desagregação / deslocamento Descascamento/ bolhas/ enrugamento Eflorescência / manchas de mofo / bolor Deficiência na pintura Outros: 3.3 PISO ( ) Argamassado ( ) Cerâmico ( ) Granilite ( ) Outro:__________________________ 63 ANOMALIAS/FALHAS S/N FOTO OBSERVAÇÕES N° Fissura Falta ou deficiência nas juntas e rejuntes Caimento inadequado em áreas molháveis Manchas de umidade ascendente do solo / eflorescência Destacamento /deslocamento Piso inadequado para fins de acessibilidade Outros: 3.4 FORRO ( ) Gesso ( ) PVC ( ) Outro:__________________________ ANOMALIAS/FALHAS S/N FOTO OBSERVAÇÕES N° Fissura Deformação excessiva Desencaixe Infiltração Estrutura do forro à mostra (estética desagradável / iluminação inadequada) Outros: 4. ESQUADRIAS ( ) Metal ( ) Madeira ( ) Vidro ( ) alumínio ( ) Outro:________________ ANOMALIAS/FALHAS S/N FOTO OBSERVAÇÕES N° Ataque de pragas Componentes danificados Deficiência na pintura / oxidação / corrosão Deficiência na abertura / fechamento Folga na fixação dos vidros ou similar Outros: 5. INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIAS ANOMALIAS/FALHAS S/N FOTO OBSERVAÇÕES N° Vazamento Vazão/pressão inadequada Tubulações obstruídas Deterioração/deformação das tubulações Entupimento/extravasamento/ ausência de ralos Outros: 6. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ANOMALIAS/FALHAS S/N FOTO OBSERVAÇÕES N° Lâmpadas queimadas / ausentes Modificações das instalações / improvisos / gambiarras Fiação e cabos aparentes / emendas visíveis Curto circuito / problemas com tomada Falha na tomada/interruptor 64 Barramento sem proteção Quadro obstruído / trancado Circuitos sem identificação Aterramento inadequado Outros: 7. INSTALAÇÕES DE COMBATE A INCÊNDIO ANOMALIAS/FALHAS S/N FOTO OBSERVAÇÕES N° Extintores descarregados/ prazo de validade vencido Extintores com lacres violados Extintores sem indicação de classe Quadro de instruções ilegível ou inexistente Extintores instalados acima de 1,6 m e abaixo de 0,2 m Inexistência de sinalização ou similar Mau estado de conservação das caixas de hidrantes Mangueira do hidrante acomodada inadequadamente Registro emperrado / vazamento Ausência de mangueira Ausência de sinalização das rotas de fuga e saídas de emergência / saídas com menos de 1,20 de largura Outros: 8. SISTEMA DE CLIMATIZAÇÃO ANOMALIAS/FALHAS S/N FOTO OBSERVAÇÕES N° Filtro de ar com excesso de sujeira Ruídos anormais durante funcionamento Aparelho subdimensionado Gotejamento Outros: Observações gerais: