UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO FRANCISCO GEOVANI DOS SANTOS FORMAÇÃO ÉTICA DO ADMINISTRADOR: UMA ANÁLISE DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA UFRN (CAMPUS CENTRAL) NATAL 2014 1 FRANCISCO GEOVANI DOS SANTOS FORMAÇÃO ÉTICA DO ADMINISTRADOR: UMA ANÁLISE DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA UFRN (CAMPUS CENTRAL) Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do curso de graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientadora: Professora Ana Patrícia Rodrigues Leite, Dra. NATAL 2014 2 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA Santos, Francisco Geovani dos. Formação ética do administrador: uma análise do curso de administração da UFRN (Campus cen tral) / Francisco Geovani dos Santos. – Natal, RN, 2014. 121f. Orientadora: Profª. Drª. Ana Patrícia Rodrigues Leite. Monografia (Graduação em Admi nistração) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciências Administrativas. 1. Administração – Monografia. 2. Formação ética - Administrador – Monografia. 3. Ética – Monografia. I. Leite, Ana Patrícia Rodrigues. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/BS/CCSA CDU 658:174 3 FRANCISCO GEOVANI DOS SANTOS FORMAÇÃO ÉTICA DO ADMINISTRADOR: UMA ANÁLISE DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA UFRN (CAMPUS CENTRAL) Monografia apresentada e aprovada em / / .pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros: Ana Patrícia Rodrigues Leite Orientadora – UFRN Matilde Medeiros de Araújo Examinadora – UFRN Sônia Regina de Macêdo Ribeiro Examinadora – UFRN 4 Dedico este trabalho a todos e todas que se colocam a serviço da Vida, nas suas mais diversas formas e expressões. Em especial aos meus amados pais, João e Izabel, que me ensinaram a amar a vida e a trabalhar incansavelmente por ela. 5 AGRADECIMENTOS A Deus, por acreditar na humanidade. A toda a minha família: meus pais João e Izabel, meus irmãos João Paulo e Leandro, meus inúmeros tios e tias, primos e primas, e às minhas avós, por todo o carinho, amor e cuidado que recebi de todos/as ao longo da vida. E pelos valores que com vocês aprendi e que hoje constituem a base do meu caráter. Agradeço também à minha segunda família, meus verdadeiros amigos e amigas, com quem partilho a vida, tornando-a mais feliz e mais plena. Em especial aos meus queridos companheiros/as de Pastoral da Juventude, que me ensinaram a sonhar, acreditar e buscar o “outro mundo possível”. À minha orientadora, Professora Ana Patrícia Rodrigues Leite, pela sua atenção, disponibilidade, paciência e compreensão durante toda a orientação deste trabalho. Sem o seu olhar competente, ético e experiente, este trabalho não se tornaria realidade. Muito Obrigado pela parceria e pelo riquíssimo aprendizado! À minha colega, amiga e companheira inseparável de curso, Aline Cruz, que vivenciou comigo todas as etapas de construção deste trabalho, partilhando dificuldades e aprendizados, e me incentivando a prosseguir. Juntos, o impossível se tornou possível. Aos meus demais colegas de curso, que ao longo da graduação trabalharam comigo, contribuindo com o meu crescimento, pessoal, acadêmico e profissional. Em especial à Emília Casanova, Laísse Ferreira e Rayra Amorim, com quem os laços de amizade extrapolaram os limites da universidade e se estenderam à vida. Agradeço ainda a todos os professores e professoras que, ao longo do curso, assumiram uma postura diferenciada de compromisso com a formação dos alunos, servindo de exemplos para mim e para todos os meus colegas. Em especial à Professora Maria Arlete Duarte de Araújo, pela sua imensa e exemplar sabedoria; ao Professor João Paulo Damásio Sales, pela sua preocupação e valorização para com o aluno, priorizando a sua participação na construção do conhecimento; e, ao Professor Josué Vitor de Medeiros Junior, pelo modo especial com que se relaciona com os alunos, respeitando e reconhecendo-os em suas necessidades e potencialidades. 6 “A grandeza do homem começa na maneira como ele encara a si mesmo. A grandeza do homem mede-se pelas interrogações que ele se faz a si mesmo e pela honestidade com que vive procurando ser coerente com as respostas que vai encontrando”. (Hilário Dick) 7 RESUMO Desde as primeiras civilizações humanas, se estabelecem regras ou valores socioculturais mútuos, no intuito de sustentar as relações sociais no que viria a se chamar de moral social ou moral dos bons costumes. A ética surge então como ciência destinada ao estudo da moral e de sua aplicação ao comportamento social. É de se esperar que todos os cidadãos se comportem de maneira ética, respeitando e prezando por atitudes morais que visem o bem-estar social. No caso do profissional Administrador essa exigência é ainda maior, tendo em vista a complexidade e o impacto social desta atividade. Por isso, proliferam-se as discussões sobre a formação ética de administradores, como uma questão fundamentalmente importante. Neste sentido, esta pesquisa se propõe a investigar qual o impacto do curso de Graduação em Administração da UFRN na formação ética dos Administradores graduados na Instituição. Os objetivos específicos estão voltados para delinear a conduta proposta e esperada para um Administrador ético, a partir da análise do Código de Ética dos Profissionais de Administração (CEPA); compreender quais e como os elementos/instrumentos de formação ética são utilizados no decorrer do curso; conhecer a visão dos discentes concluintes do curso em relação à formação ética do administrador abordada no decorrer do curso; identificar o perfil dos pesquisados; e, diagnosticar as possíveis deficiências na formação ética do Administrador, a partir da análise do Curso de Administração da UFRN e da visão dos pesquisados. Metodologicamente, a pesquisa caracterizou-se, quanto aos fins, como exploratória e descritiva; e quanto aos meios, como bibliográfia e de campo, obtendo os dados através de publicações e por meio de questionário aplicado em campo. Os resultados mostram que a estrutura curricular do curso, bem como os instrumentos de estudo e a metodologia utilizada, são deficitários em trabalhar a formação ética dos alunos. Além disso, constatou-se também que o estímulo à ética, por parte dos professores, ainda ocorre pouco. Verifica-se que o curso de Administração da UFRN (campus central) tem exercido um impacto pequeno, muito aquém do devido e do esperado, na formação ética dos alunos graduados na referia instituição. Palavras-chave: Ética, Administração, Formação Ética de Administradores. 8 ABSTRACT Since the first human civilizations are established rules or mutual socio-cultural values in order to sustain social relationships in what would be called social or moral morale morality. Ethics arises then as science intended for study of morality and its application to social behavior. It is expected that all citizens behave in an ethical manner, respecting and valuing for moral attitudes aimed at social welfare. In the case of professional Administrator this requirement is even greater, given the complexity and the social impact of this activity. So proliferate up discussions on the ethical training of administrators, as a fundamentally important issue. In this sense, this research proposes to investigate what impact the Undergraduate course UFRN Directors on ethics training for senior administrators at the institution. The specific objectives are aimed to outline the proposal and expected conduct for ethical Administrator, from the analysis of the Code of Ethics of Professional Administration (CEPA); understand what and how elements/tools of ethics training are used throughout the course; meet the vision of the graduating students of the course in relation to ethics training administrator addressed throughout the course; identify the profile of the respondents; and diagnose the possible shortcomings in the ethical training of the Administrator, based on the analysis of the Course Directors UFRN and vision of those surveyed. Methodologically, the study is based on, as to the purposes, as exploratory and descriptive; and as to the means, such as bibliography and field, getting the data through publications and through a questionnaire applied in the field. The results show that the curriculum of the course as well as the survey instruments and methodology are deficient in work the ethical education of students. Moreover, it was also found that promoting ethics on the part of teachers still occurs shortly. However, it appears that the course of administration of UFRN (central campus) has had little impact, far short of the expected due and in ethical training of graduate students there. Key words: Ethics, Business, Ethics Training Administrators. 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Deveres gerais do administrador ético................................................................ 43 Figura 2 - Aspectos fundamentais do CEPA para a conduta ética do administrador........... 48 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Sexo da amostra................................................................................................ 54 Gráfico 2 – Faixa etária da amostra..................................................................................... 55 Gráfico 3 – Exercício de atividade remunerada pela amostra.............................................. 55 Gráfico 4 – Categoria de ocupação profissional da amostra................................................ 56 Gráfico 5 – Percentual de integralização do curso............................................................... 57 Gráfico 6 – Ocorrência de discussão sobre ética ao longo do curso (global) ..................... 58 Gráfico 7 – Discussão sobre ética nas disciplinas do curso (por área)................................ 59 Gráfico 8 – Ocorrência de estímulo à reflexão ética através dos conteúdos........................ 61 Gráfico 9 – Relevância da ética nas avaliações.................................................................... 63 Gráfico 10 – Ocorrência de estímulo ético por parte dos docentes...................................... 64 Gráfico 11 – Ocorrência de estímulos antiéticos por parte dos docentes............................. 65 Gráfico 12 – Conhecimento sobre o CEPA, pelos alunos................................................... 66 Gráfico 13 – Necessidade de estudar o CEPA no decorrer do curso................................... 67 Gráfico 14 – Ocorrência de estudo do CEPA durante o curso............................................. 68 Gráfico 15 – Importância da ética no exercício profissional do administrador................... 69 Gráfico 16 – Prioridades para o sucesso profissional do administrador.............................. 70 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Classificação da ética........................................................................................ 18 Quadro 2 – Síntese das principais teorias éticas.................................................................. 20 Quadro 3 – Princípios clássicos da ética social.................................................................... 24 Quadro 4 – Síntese dos níveis e estágios do processo de desenvolvimento moral.............. 33 Quadro 5 – Síntese das condutas antiéticas do administrador............................................. 46 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CCSA – Centro de Ciências Sociais Aplicadas CEPA – Código de Ética dos Profissionais de Administração CFA – Conselho Federal de Administração CFE – Conselho Federal de Educação CRA – Conselho Regional de Administração DEPAD – Departamento de Ciências Administrativas Ebap – Escola Brasileira de Administração Pública ESAN – Escola Superior de Administração de Negócios FGV – Fundação Getúlio Vargas MEC – Ministério da Educação e Cultura RN – Resolução Normativa SIGAA – Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas TREA – Tribunal Regional de Ética dos Administradores TSEA – Tribunal Superior de Ética dos Administradores UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte USP – Universidade de São Paulo 11 SUMÁRIO 1 – PARTE INTRODUTÓRIA......................................................................................... 13 1.1 – INTRODUÇÃO...................................................................................................... 13 1.2 – PROBLEMATIZAÇÃO DA PESQUISA.............................................................. 14 1.3 – OBJETIVOS DO ESTUDO................................................................................... 15 1.3.1 – Objetivo geral.................................................................................................. 15 1.3.2 – Objetivos específicos...................................................................................... 15 1.4 – JUSTIFICATIVA DO ESTUDO........................................................................... 15 2 – REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................... 17 2.1 – ÉTICA: UM CONCEITO A DES-VENDAR........................................................ 17 2.1.1 – Conceitos e teorias éticas................................................................................ 17 2.1.2 – Ética e moral................................................................................................... 21 2.1.3 – Ética pessoal.................................................................................................... 22 2.1.4 – Ética social...................................................................................................... 23 2.1.5 – Ética profissional............................................................................................. 25 2.2 – FORMAÇÃO ÉTICA EM ADMINISTRAÇÃO................................................... 26 2.2.1 – Formação de administradores......................................................................... 27 2.2.2 – Desenvolvimento ético e moral do administrador.......................................... 31 2.2.3 – Código de Ética do Administrador.................................................................. 34 3 – METODOLOGIA........................................................................................................ 38 3.1 – CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA................................................................. 38 3.2 – POPULAÇÃO E AMOSTRA................................................................................ 39 3.3 – DADOS E INSTRUMENTOS............................................................................... 39 3.4 – TRATAMENTO ESTATÍSTICO E FORMA DE ANÁLISE............................... 40 3.5 – ESTUDO PILOTO................................................................................................. 40 4 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..................................................... 42 4.1 – CONDUTA ÉTICA DO ADMINISTRADOR...................................................... 42 4.2 – A ÉTICA NO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA UFRN................................ 49 4.3 – VISÃO DOS DISCENTES SOBRE A FORMAÇÃO ÉTICA NO CURSO......... 53 4.3.1 – Descrições da amostra..................................................................................... 53 12 4.3.1.1 – Sexo da amostra.................................................................................... 53 4.3.1.2 – Faixa etária da amostra......................................................................... 54 4.3.1.3 – Experiência profissional da amostra..................................................... 55 4.3.1.4 – Carga horária integralizada do curso.................................................... 56 4.3.2 – Ética nas disciplinas gerais de administração................................................. 57 4.3.3 – Ética nos conteúdos abordados no Curso........................................................ 61 4.3.4 – Ética na avaliação do aluno............................................................................. 62 4.3.5 – Ética na postura do docente............................................................................. 64 4.3.6 – Estudo do Código de Ética dos Profissionais de Administração (CEPA)...... 66 4.3.7 – Importância da ética para o desempenho profissional.................................... 69 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 72 5.1 – CONCLUSÕES FINAIS........................................................................................ 72 5.2 – LIMITAÇÕES DA PESQUISA............................................................................. 76 5.3 – PERSPECTIVAS PARA PESQUISAS FUTURAS.............................................. 76 REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 78 APÊNDICES...................................................................................................................... 81 APÊNDICE A – Instrumento de Pesquisa.......................................................................... 82 ANEXOS............................................................................................................................ 86 ANEXO A – Código de Ética dos Profissionais de Administração.................................... 87 ANEXO B – Estrutura curricular do curso de Administração da UFRN............................ 111 13 1. PARTE INTRODUTÓRIA 1.1. INTRODUÇÃO A vida humana e suas complexas manifestações sempre foram objeto de estudo intenso das mais variadas ciências. Ao longo do tempo, com o desenvolvimento das sociedades e da Ciência, foi possível estabelecer características universais à todos os seres humanos, dentre as quais ressalta-se a preponderância da necessidade de viver e conviver socialmente. Ou seja, diz-se que o homem é um ser social. Desse modo, não por acaso se justifica a formação de aldeias e pequenas comunidades humanas desde pré-história, até as grandes metrópoles de hoje em dia. Nessa perspectiva, é possível identificar ainda que, desde as primeiras civilizações humanas, tendo em vista os conflitos de interesse e poder, sempre houve uma preocupação com o modo de estabelecer relações entre os indivíduos, e destes com a comunidade. É a partir daí que se estabelecem regras ou valores socioculturais mútuos, no intuito de sustentar as relações sociais no que viria a se chamar de moral social ou moral dos bons costumes. A ética surge então como ciência destinada ao estudo da moral e de sua aplicação ao comportamento social. Face ao exposto, é de se esperar que todos os cidadãos se comportem de maneira ética, respeitando e prezando por atitudes morais que visem o bem-estar social. No caso do profissional Administrador essa pressão é ainda maior, tendo em vista a complexidade e o impacto social desta atividade. Por isso, proliferam-se as discussões sobre a formação ética de administradores, como uma questão fundamentalmente importante. Este trabalho se propõe a estudar a relação existente entre formação ética do administrador e o curso de graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Campus central. Para tanto, serão abordadas as principais compreensões acerca do conceito de ética e sua relação com as organizações; os elementos que perpassam a formação ética de administradores e os desafios para alcançar a efetividade desta formação. Pretende-se, contudo contribuir para discussão e fomento de avanços no campo da formação ética em Administração. O presente trabalho está dividido em seis partes. Primeiramente, é apresentada a parte introdutória do trabalho, constando a introdução; a problematização da pesquisa; os objetivos e a justificativa do estudo. Em seguida, encontra-se o referencial teórico, onde se coloca a 14 revisão da literatura utilizada para embasar a pesquisa. A terceira parte expõe a metodologia utilizada na pesquisa, abordando a caracterização do estudo, o plano de coleta e o plano de análise dos dados. Após isso, apresenta-se a análise dos dados e as conclusões do estudo. Por fim, são relacionadas as referências utilizadas na elaboração do presente trabalho, bem como apêndice e anexos. 1.2. PROBLEMATIZAÇÃO DA PESQUISA Assim como a ética, a gestão surge de uma necessidade social, levando em conta a demanda por métodos e formas eficientes e eficazes de administrar recursos e processos. Desde empresas privadas até órgãos e serviços públicos básicos, a Administração nasce como uma ciência valorativa importante para se atingir os objetivos organizacionais. Ademais, é possível afirmar que, se a gestão é uma ciência que serve aos interesses das diversas organizações sociais, objetiva, por conseguinte, o estabelecimento e a manutenção do bem- estar social. Com base nisto poder-se-á então estabelecer uma relação íntima entre Administração e ética, uma vez que esta se torna um fundamento básico para o exercício fiel e efetivo daquela. No entanto, ao contrário do que pressupõe a relação exposta, atualmente se multiplicam exponencialmente os casos de atuação antiética por parte gestores públicos e privados. Observa-se que no cenário de mercado atual, onde se verificam revoluções tecnológicas e comunicacionais, superação de barreiras geográficas e espaciais, globalização sem fronteiras, e acentuada concorrência entre pessoas, organizações e mesmo nações, os administradores estão demasiadamente preocupados em fazer (produzir e lucrar) cada vez mais utilizando cada vez menos recursos. E esta é uma “receita” que, por sua vez, implica na utilização de métodos de gerenciamento mais agressivos e extremos para responder ao mercado, o que muitas vezes incorre em comportamentos não éticos por parte dos gestores. Ao se refletir sobre os desafios que se impõem para chegar à atuação ética dos administradores, vê-se que o desafio inicial está presente no momento da formação destes profissionais. Ou seja, antes de pensar a ética na atuação concreta em Administração, como já vem se tornando comum, é imperativo compreender o lugar da ética nos cursos de formação em Administração. É na etapa de formação que o futuro gestor deverá conhecer e apropriar-se dos conhecimentos necessários à aplicação e importância da ética dentro da Administração. 15 Tendo em vista o exposto, e buscando explorar assertivamente a relação de valor entre ética e formação em Administração na realidade local, a partir da perspectiva dos estudantes, este trabalho propõe-se a identificar: Qual a relação entre o curso de graduação em Administração da UFRN – Campus central e a formação ética dos administradores graduados na Instituição, na visão dos discentes (concluintes) do curso? 1.3. OBJETIVOS 1.3.1. Geral  Investigar qual o impacto do curso de Graduação em Administração da UFRN na formação ética dos Administradores graduados na Instituição. 1.3.2. Específicos  Delinear a conduta proposta e esperada para um Administrador ético, a partir da análise do Código de Ética dos Profissionais de Administração;  Compreender quais e como os elementos/instrumentos de formação ética são utilizados no decorrer do Curso de Administração da UFRN;  Conhecer a visão dos discentes concluintes do curso de Administração em relação à formação ética do administrador abordada no decorrer do curso;  Identificar o perfil dos pesquisados (discentes concluintes);  Diagnosticar as possíveis deficiências na formação ética do Administrador, a partir da análise do Curso de Administração da UFRN e da visão dos pesquisados. 1.4. JUSTIFICATIVA DA PESQUISA A opção pelo referido tema se dá, a princípio, em razão da inquietação do autor em relação à forma como a dimensão ética na atuação do Administrador é abordada no decorrer do curso de Administração da UFRN. Um olhar mais abrangente faz enxergar ainda que a sociedade atual vive uma época de transformações rápidas e profundas sem precedentes. É um tempo de mudanças constantes e 16 de desafios imensamente complexos que põem em risco a manutenção da vida como é conhecida. São desafios de ordem ambiental, social, econômica, produtiva, etc. Em meio a tudo isso, Governos, Empresas e Sociedade Civil Organizada buscam alternativas para responder positivamente a todas essas questões. Neste contexto, o papel do Administrador recebe vital destaque, pois é este o profissional que está (ou deve estar) a frente das decisões importantes que impactarão muito no mundo que se quer construir. Para atuar de fato como um gestor consciente criticamente, capaz de responder de modo coerente e efetivo às demandas das pessoas e da sociedade atual, o Administrador necessita mais do que nunca de uma formação ética sólida e coerente com a realidade. E para isso, é crucial estudar e compreender como o Curso de Administração está atuando (ou não) neste sentido. Além de tudo isso, verifica-se a existência de um número razoável de estudos sobre a temática em questão, os quais estão disponíveis em portais e revistas científicas. Tais estudos, compostos principalmente de dissertações de mestrado e teses de doutorado, irão compor, juntamente com outros materiais e publicações, o referencial teórico para este trabalho. Também é importante ressaltar que as informações a serem pesquisadas para a análise proposta aqui estão acessíveis ao pesquisador, tanto por meio eletrônico, no Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas – SIGAA, e ainda fisicamente (em documentos impressos) no Departamento de Ciências Administrativas (DEPAD) da UFRN. Contudo, o presente estudo espera contribuir para a reflexão e o debate acerca da formação ética do administrador, provocando e fomentando a evolução do ensino em Administração e, consequentemente, contribuindo para o desenvolvimento das Ciências Administrativas e do seu papel junto à sociedade. 17 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. ÉTICA: UM CONCEITO A DES-VENDAR Ao empreender um estudo a respeito de uma área tão peculiar e ao mesmo tempo tão comumente presente em tudo, é de suma importância adentrar profundamente naquilo que se pretende abordar. Por isso, neste primeiro momento apontam-se algumas reflexões teóricas no sentido de “Des-Vendar”, ou seja, retirar a venda, fazer ver, descobrir, elucidar a compreensão correta do conceito de Ética, nas suas principais e diversas nuances. 2.1.1. Conceitos e teorias éticas Antes de ater-se a qualquer reflexão que envolva a ética, é preciso antes compreender bem este conceito, seu desenvolvimento ao longo do tempo e ainda suas possíveis aplicações. O que predomina no senso comum das pessoas é a noção de que todos sabem o que é ética. Afinal, quem dirá de si mesmo que é antiético? Ou, dito de outro modo, quem não irá dizer-se ético na sociedade atual? Nalini (2009, p.15), referindo-se a ética e outros conceitos correlacionados, afirma que “A invocação exagerada a tais vocábulos, em contextos os mais diversos, conseguiu banalizar seu conteúdo”. Verifica-se, pois que, em meio à necessidade social de sobressair-se aos demais, o indivíduo, mesmo não entendendo, ou entendendo de modo fragmentado, coloca-se como proprietário de uma ética que não compreende de fato o que significa ou como implica em suas escolhas e ações individuais. O estudo deste campo é muito complexo e é importante considerar que “a ética constitui uma preocupação antiga do homem” (LEITE, 2012, p.28). Desse modo, urge a necessidade de conhecer a ética, antes de construir qualquer postulado a seu respeito. Historicamente, a ética originou-se na Grécia, no século V a.C., em decorrência do chamado “iluminismo ateniense”, há cerca de 2.500 anos (GOUVÊA, 2002). No entanto, é nos pensamentos do filósofo Aristóteles (384-322 a.C.) que se baseia praticamente toda a reflexão ética do ocidente, uma vez que o filósofo pressupôs que a virtude, vista como perfeição humana, é que fundamentaria qualquer reflexão racional sobre a ética (JÚNIOR; LLATAS, 2005). 18 Ao longo do tempo as teorias foram evoluindo e outros estudiosos dedicaram-se à ética, como Santo Agostinho e São Tomaz de Aquino, na Idade Média, e como as inúmeras correntes da Era Moderna, trazendo o surgimento das ideias psicanalíticas, por exemplo. A ética passou então a ser uma preocupação de toda a sociedade, tendo em vista o alcance do bem-estar social, um ideal que sempre esteve ligado com a dimensão ética do comportamento humano. Em termos de definição, vale destacar aquilo que é dito por Vázquez (2001, p.12): “a ética é a teoria da ciência do comportamento moral dos homens em sociedade”. Ou seja, a ética encarrega-se de estudar o comportamento moral do homem. Colaborando com esta definição, Marinoff (2001) estabelece que a ética é responsável pela definição do que é bem e, por conseguinte, do que é mal. Assim, é possível perceber que a ética emerge como uma das mais importantes ciências humanas, tendo em vista que, baseando-se nela (na ética) o homem e a sociedade irão constituir fundamentos, modelos e sistemas sociais que, por sua vez, irão legitimar e regulamentar os diversos tipos de relações sociais e como devem acontecer. A seguir desenvolver-se-ão alguns apontamentos teóricos para favorecer ainda mais esta compreensão. Nalini (2009) põe a ética como sendo a ciência responsável pelo estudo/compreensão do comportamento humano, mais especificamente, do comportamento moral do homem. Pode-se dizer então que a ciência ética estuda o modo como vivem as pessoas, tendo por base a qualidade (boa ou não) deste. Assim, o estudo da ética se justificaria com a finalidade de saber e poder agir bem, de forma ética e moral, por meio de onde se conseguiria chegar à felicidade que, segundo o filósofo grego Aristóteles, designaria o “bem supremo” (ALONSO; LÓPEZ e CASTRUCCI, 2012). Com intuito de facilitar o estudo sobre a Ética, Nalini (2009) sistematiza a sua classificação, no que poderia chamar-se de categorias ou classes de Ética, conforme o Quadro 1 a seguir: Quadro 1 – Classificação da ética Categorias Definição É a Ética alcançada pela observância do comportamento humano. Ou seja, “derivada da observação dos fatos”. Sob esta perspectiva, não caberia a Ética pensar como o indivíduo deveria agir, mas sim observar A Ética Empírica como ele age normalmente, e daí aferir a moral adequada ao comportamento ético. Assim, o autor afirma que se atribui grande relativismo à Ética, implicando por isso nas vertentes nomeadas de “anarquista, utilitarista, ceticista e subjetivista”. Esta última como sendo a maior expressão da ética empírica, valorizando sobremaneira a 19 percepção e conveniência pessoais para o julgamento ético. Em contraposição ao relativismo da ética empírica, a Ética dos Bens caracteriza-se justamente pela compreensão de que as pessoas e a sociedade tendem e devem caminhar em direção a um “bem supremo”, uma condição tida como ideal de bem-estar e de vida. Desse modo, havendo um ideal social e/ou individual a ser perseguido, o A Ética dos Bens comportamento ético é aquele que se dá no sentido de concretizar o “bem” que se pretende alcançar. Não obstante, não se admite uma ética que vá contra os ideais comuns da humanidade, mesmo que em proveito de objetivos individuais. A ética, nesse prisma, é por excelência positiva, voltada ao alcance do “bem supremo”. Recorrendo a filosofia prática de Immanuel Kant (1724-1804), o autor explica que, ao contrário das categorias anteriores, que se preocupam com os efeitos ou resultados do comportamento ético, a verdadeira ética se caracterizaria dentro do indivíduo. Colocando de outro modo, a Ética Formal pressupõe que, independentemente do que se alcance, o que torna uma pessoa ética é a sua vontade ou virtude interior. Ou seja, agir A Ética Formal eticamente, sob esta perspectiva, é agir bem pelo bem, por uma opção pessoal íntima verdadeiramente comprometida com o que é bom, sem pretensões externas, mas apenas pela “boa vontade”. Destaca-se nesta categoria a discussão acerca da ideia de “valor”, sua existência, conhecimento e realização como aspectos essenciais à concepção de Ética Formal. Fonte: Elaborado a partir de Nalini (2009, p.26-73). Em Alonso, López e Castrucci (2012), a Ética pode ser compreendida também como uma arte, a arte de viver bem e feliz. Os autores esclarecem que o ser humano é capaz de realizar tarefas e projetos com grande teor artístico, considerando-se para isso a destreza e a beleza com que age. Observa-se assim que, o comportamento ético e moral pode ser muito bem associado com a ideia de estética, visto que, quando as pessoas comportam-se corretamente (com ética) tornam-se alvo da admiração das demais. Dessa forma, é possível afirmar que a ética também é arte, sem, contudo, deixar de compreender que é uma ciência, entendida por isso como um “conjunto de conhecimentos sistematicamente organizados acerca de determinado objeto” (ALONSO; LÓPEZ e CASTRUCCI, 2012, p.5). Sabendo que a ética estuda o comportamento humano, percebe-se que é uma ciência de muitas peculiaridades e complexidades, aproximando-se por isso da Filosofia, que historicamente foi o berço onde nasceu a ética. Para obter então um olhar mais abrangente sobre a evolução e estudo desse tema, Alonso, López e Castrucci (2012) sistematizaram as principais teorias éticas, as quais estão resumidas no Quadro 2, apresentado a seguir. 20 Quadro 2 – Síntese das principais teorias éticas Teorias Definição A expressão Teleológica está ligada à ideia de finalidade. Logo, essas teorias irão basear-se no julgamento comparativo das consequências finais do comportamento para aferir ou não a sua bondade, justiça e legitimidade. Ou seja, jugar-se-á como ética aquela ação humana que produzir maiores resultados positivos do que negativos. A grande dificuldade destas teorias é o estabelecimento comum do que seria bem e Teorias Teleológicas ou da mal, uma vez que, sob óticas diversas, esses conceitos podem ser díspares Responsabilidade e até conflitantes, como por exemplo, no caso do indivíduo egoísta, o qual irá enxergar apenas o seu benefício pessoal como bem. As duas grandes vertentes dessas teorias são a (1) Utilitarista, que enfoca a produção do máximo de bens para todos e considera bens e males que sejam mensuráveis, desprezando aqueles de valor unicamente moral; e (2) da Finalidade, a qual se preocupa em atingir o fim desejado, não importando os meios utilizados para tal. Deontológica quer dizer que está relacionada com os deveres ou regras a serem cumpridos. Essas teorias estabelecem, portanto que o comportamento deve basear-se e ser julgado conforme um conjunto de valores (regras) tidos como superiores. Estes valores ou regras, mesmo não sendo mensuráveis quantitativamente, representam convicções que se Teorias Deontológicas ou da traduzem em doutrinas a serem seguidas acima de tudo. As duas Convicção principais vertentes dessas teorias são: (1) Vertente de Princípio, firmada sobre o dever de cumprir toda e qualquer regra estabelecida, incondicionalmente; e (2) Vertente da Esperança, onde o ideal está no centro da vida, ou seja, o ideal está acima de tudo e dele decorre todo o modo de agir. Fonte: Elaborado a partir de Alonso, Castrucci e López (2012, p.236-239). Adentrando nas ideias e postulados desenvolvidos sobre a definição de ética, chega-se a uma compreensão capaz de auxiliar no aprofundamento e na investigação acerca da aplicação desse tema, como será visto adiante. Fica claro que a ciência ética é uma preocupação de longa data para o ser humano e para a sociedade. Estudar ética, como propõe- se no presente trabalho, não significa apenas entender de que se trata a matéria, mas principalmente saber que está intrinsecamente relacionada ao cotidiano das pessoas e a condução da história humana. O desenvolvimento pessoal e social, como observado, sempre esteve e está atrelado ao questionamento do que é bem e mal, à consideração do outro e da comunidade, e a compreensão da moral. A seguir tecer-se-ão algumas reflexões no sentido de esclarecer e aprofundar ainda mais essas questões. 21 2.1.2. Ética e moral Etimologicamente, a palavra ética vem do grego ethos, que quer dizer costume, e que no latim, era designado pelo termo mos ou moris, de onde vem por sua vez a ideia de moral (ALONSO; LÓPEZ e CASTRUCCI, 2012). Nota-se logo que ética e moral, do prisma etimológico, seriam sinônimas, ou seja, tratariam do mesmo significado. Ao longo do tempo, no entanto, os dois conceitos foram sendo separados e a ética passou a designar a ciência da conduta humana e a moral à qualidade dessa mesma conduta. Corroborando com esta ideia, Srour (1998) afirma que a distinção entre os dois termos se dá pelo caráter científico de um (a ética) e não científico do outro (a moral). Dessa forma, a moral seria apenas o objeto de estudo da ética, enquanto ciência propriamente constituída. Conclui-se então que a ética não pode ser reduzida a um conjunto de normas ou preceitos comportamentais, cabendo-lhe, além disso, a função de explicar a moral vigente (PAULINO, 2003). A ética, vista deste modo, adquire um lugar permanente e irrefutável na vida do homem em sociedade, haja vista que o indivíduo social irá utilizar-se da ética, assim como o filósofo se utiliza da filosofia, para responder aos seus questionamentos mais essenciais. Compreender a ética é, portanto, explicar como de dão as relações sociais, ou como deveriam ocorrer e por quê. A ética está mais relacionada então com a teoria, enquanto a moral está voltada à prática (MARUITI, 2009). Boff (2003) salienta que a moral compreende a vida real nos seus costumes, leis e normativas. A ética, por sua vez, tem uma relação com o caráter, com a vida, com o universo humano e, portanto, com a filosofia, abrangendo um arcabouço muito maior de conteúdo e significação. Existem autores, no entanto, que são contrários à distinção de ética e moral, por acreditarem que ambos os termos designam o mesmo significado (PAULINO, 2003). Estes defendem que, tanto a ética como a moral, servem unicamente ao mesmo propósito: conduzir o homem ao estado de bem-estar pleno, ou de felicidade (ARRUDA; WHITAKER e RAMOS, 2001). Nesta perspectiva, ambos os conceitos designariam uma mesma ciência prática, não importando o termo utilizado para nomeá-la. O presente estudo adotará os dois conceitos distintamente, conforme os autores elencados acima, entendendo que a separação favorece uma compreensão mais profunda e consequentemente uma melhor análise dos conteúdos a respeito da formação ética em Administração, que é o objeto deste trabalho. 22 2.1.3. Ética pessoal Após compreender as noções básicas sobre ética, é importante entender a sua aplicação, começando pelo âmbito individual, pessoal. A ética pessoal é o ponto de início para qualquer indivíduo se formar, se comportar ou declarar-se como ético. A seguir, põem-se alguns postulados teóricos a esse respeito. Para compreender a ética da pessoa, é preciso inicialmente olhar para a natureza do ser humano. O homem em sua natureza é diferente dos outros seres em inúmeros fatores, destacando-se para nossa discussão os aspectos da liberdade e da racionalidade (ALONSO; LÓPEZ e CASTRUCCI, 2012). Estas características conferem ao homem diversas capacidades, dentre as quais o esforço para alcançar a felicidade e o poder de escolher e julgar como se comporta. Os mesmos autores ainda concluem que, dado o processo de formação constantemente vivido pelo ser humano, por meio do qual adquire valores e constrói sua personalidade, a ética pessoal se revela no encontro paradoxal entre o objetivo (exterior, material) e o subjetivo (interior, abstrato). Assim, a decisão ética de qualquer indivíduo é fruto de um conjunto de valores ou virtudes fundamentais, os quais são produções histórico-culturais antigas, em voga ainda hoje. Arruda (2002) destaca neste sentido: a honestidade, como primeira virtude da vida; a coragem de assumir as decisões; tolerância e flexibilidade diante das adversidades; integridade, sobretudo nos momentos críticos; e humildade para ouvir reconhecer o valor dos outros. De acordo com Cortella (2007), existem as pessoas éticas, antiéticas e aéticas. No primeiro caso a pessoa sabe da ética e escolhe caminhar com ela. Já no segundo, é errôneo dizer que a pessoa não sabe da ética, ela sabe, mas na verdade opta por não seguir seus valores. No caso das pessoas aéticas aí sim se pode dizer que o indivíduo não possui ética, mas isso ocorre apenas em situações onde a pessoa não possui ainda capacidade de julgar sobre o que é ético ou não (CORTELLA, 2007). Muitos autores, por outro lado, discordam desta interpretação, julgando que, na discussão acerca de comportamentos éticos, só poderiam existir duas categorias: ético ou antiético (MOREIRA, 1999). Não se pretende aqui tomar posição de uma ou de outra das correntes citadas anteriormente, mas, respeitando a ambas, quer-se tê-las como fundamentos para o estudo proposto. São contribuições teóricas que, por um lado, elucidam a interpretação acerca do comportamento humano, e por outro vêm contribuir com o seu correto julgamento. 23 2.1.4. Ética social A sociedade atual, sobretudo a brasileira, dados os inúmeros problemas enfrentados, passa por uma verdadeira crise de ética (PAULINO, 2003). Em grande parte isto se dá pela propagação de valores contraditórios que são responsáveis pela deturpação das relações sociais (PIMENTA, 1994 apud PAULINO, 2003). Frente a esta realidade, urge a necessidade de refletir e pensar melhor sobre os conflitos atuais do ser humano e como a ética pode e deve posicionar-se dentro disso tudo. A sociedade se modernizou e com isso as mudanças sociais passaram a ocorrer de maneira mais rápida e mais profunda. Oliveira (1993) salienta que essa é uma realidade que provoca a ruptura com os valores éticos historicamente e culturalmente aceitos. Além disso, a ascensão do individualismo faz as pessoas voltarem-se para dentro de si mesmas, prevalecendo em suas escolhas os valores privados, voltados ao benefício individual (ENRIQUEZ, 1997). Estes aspectos são representações de uma sociedade dominada pela lógica neoliberal, que na visão de Kreitlon (2004) ganhou força e se difundiu por todo o mundo a partir das décadas de 80 e 90. Nesse período a humanidade experimentou e vem experimentando um grande avanço científico e tecnológico, no entanto, acompanhado ainda de uma imensa desigualdade social, degradação do meio ambiente e da supervalorização do ter em detrimento do ser. É necessário dizer que essa realidade social tem fortes implicações éticas. Conforme assinala Pinheiro, Marques e Barroso (2006), a desigualdade social significa que as pessoas têm oportunidades diferentes e, consequentemente, podem ser levadas a escolher meios não éticos de alcançar seus objetivos. Por causa disso, muitos estudiosos consideram o mundo atual como “moralmente depravado” ou amoral (PINHEIRO; MARQUES e BARROSO, 2006). Em face dessa realidade, cabe à ética social estudar e compreender o comportamento das pessoas na sociedade que constituem, reconhecendo que o homem é um ser social e que por isso é imprescindível pensar o seu comportamento social do prisma da ética. Estão em jogo neste sentido não apenas os interesses individuais, mas sim os interesses comuns. Trata- se de buscar a cooperação e harmonia para o bem-estar de todos os indivíduos de uma mesma sociedade. Auxiliando nesta compreensão, Alonso, López e Castrucci (2012) relacionam princípios clássicos da ética social, os quais estão organizados no Quadro 3 a seguir. 24 Quadro 3 – Princípios clássicos da ética social Princípio Definição Este é o princípio mais essencial da ética social e dele derivam os demais princípios. Trata-se de reconhecer e respeitar a excelência e importância da pessoa humana no universo. Estabelece que toda pessoa deve ser Dignidade da Pessoa respeitada na sua individualidade, com suas deficiências e potencialidades, assegurando-se a garantia dos direitos fundamentais ao seu desenvolvimento. Este princípio assegura que as pessoas têm direito de possuir bens que são necessários à sua subsistência, levando em conta que todo ser Direito de Propriedade humano necessita alimentar-se, abrigar-se e etc. Também estabelece que os bens universais (água, terra, etc.) devem ser partilhados e usufruídos por todas as pessoas, de forma justa e igualitária. Estabelece o trabalho como atividade fundamental para todas as pessoas, Primazia do Trabalho por meio da qual o homem adquire condições de sustentar-se e a sua família, e, além disso, alcança o seu pleno desenvolvimento e realização. Assevera que o Bem Comum, ou seja, aquilo que é bom para todas as Primazia do Bem Comum pessoas da sociedade, deve sobrepor-se e prevalecer sempre aos interesses individuais ou particulares. Está ligado à ideia de fraternidade humana e social, onde todos se importam com a condição do outro e, importando-se, ajudam-se Solidariedade mutuamente. Sobretudo aos socialmente excluídos é necessário agir com solidariedade, oferecendo-lhes o bem-estar social e oportunidades de crescimento. Este princípio determina que, para o desenvolvimento pessoal e social, é necessário, por vezes, receber uma ajuda ou apoio. Esta ajuda se caracteriza como um subsídio que é fornecido por um agente (subsidiário) hierarquicamente superior na ordem social, para um agente Subsidiariedade (subsidiado) inferior. Ou seja, aquele agente social (pessoa, família, estado, nação, comunidade internacional, etc.) que possui melhores condições deve contribuir (subsidiar) o desenvolvimento dos agentes que não o tem. Fonte: Elaborado a partir de Alonso, López e Castrucci (2012, p.96-107). A partir daí, verifica-se que ainda há muito que se evoluir socialmente, considerando- se que ainda não se conhece uma sociedade na qual imperem todos estes princípios de forma plena e harmoniosa. Os interesses de alguns indivíduos e de alguns grupos sociais privilegiados ainda se sobressaem, em detrimento dos demais. Por essa razão, a ética social também tem uma relação muito próxima, em sua aplicação, com a Justiça e o Direito. A formulação e aplicação das leis é um dos caminhos encontrados pela sociedade para, direta ou 25 indiretamente, fazer valer a ética social. Trata-se de estabelecer leis e normas que assegurem os direitos de todos e façam com que os respectivos deveres se cumpram, efetivamente. 2.1.5. Ética profissional A ética profissional dedica-se ao estudo e estabelecimento de princípios para atuação profissional. Trata-se de uma ética que deve nortear o exercício profissional do homem, proporcionando-lhe (e aos seus pares) realização e desenvolvimento, assegurando a justiça e a segurança de cada decisão e ação (MARUITI, 2009). Fortemente relacionado com isso está a ideia de dignidade da pessoa, uma vez que o trabalho ou a profissão é um espaço/ocupação por meio da qual o ser humano busca exatamente isso, uma vida digna. Assim, a ética profissional serviria como base e instrumento para promover essa dignidade entre todos e para todos. Partindo desta perspectiva, é possível ver que não apenas os profissionais éticos se beneficiam de suas ações, mas também todos os demais envolvidos, como, por exemplo, os clientes de uma empresa. Kotler (2006) afirma que um bom produto é aquele que agrega valor e atende as necessidades de seus consumidores. Para tanto, é necessário que as pessoas envolvidas no processo de produção (trabalho) estejam motivadas e busquem atuar com integridade, eficiência e comprometimento. Assim, um profissional ético é capaz de agir corretamente sempre e oferecer valor e satisfação aos seus pares (chefia, colegas, subordinados, clientes, etc.). Atualmente, no entanto, verificam-se inúmeros problemas e conflitos profissionais em razão da falta de ética profissional. É sabido que o mercado de trabalho tornou-se altamente competitivo, dentro e fora das organizações, porém, a demanda e a pressão sociais por posturas profissionais mais éticas e justas também vem crescendo exponencialmente. A partir deste paradoxo, multiplicam-se as incoerências e incompatibilidades entre discursos e práticas, nas mais diversas áreas de atuação. Corroborando com esta ideia, Cortella (2007) afirma que muitos sujeitos discursam sobre ética e sobre como ela é importante e necessária. No entanto, no dia a dia, estes mesmos sujeitos desconsideram a ética em suas atitudes, subjugando-a como desnecessária ou como empecilho para obter maiores benefícios. O mesmo autor considera que este tipo de abordagem é um perigo para a organização e para a sociedade na qual esses sujeitos estão inseridos. A oposição entre discurso e comportamento sempre foi e é um grande dilema no 26 estudo da ética, sobretudo no campo profissional, uma vez que poderá resultar em consequências desastrosas para todos os envolvidos. Decorre daí a máxima importância de que todos os profissionais conheçam exatamente aquilo que correto e incorreto no exercício de suas funções. Não é questão de decorar regras apenas, mas compreender a razão pela qual algo está certo ou não. Neste sentido, a maior dificuldade não seria fazer o que é certo, mas sim aprender o que é certo fazer (SROUR, 2003). Sá (1992) considera ainda que a ética é uma condição primordial ao exercício profissional, seja ele de qualquer natureza e em qualquer área. No campo da administração é crucial que os profissionais tenham a devida consciência de seus atos, não sobrepondo o lucro à ética. Sabendo disso, é necessário também pensar que o profissional, para atuar de forma ética, deparar-se-á muitas vezes com a dualidade entre interesses pessoais e interesses coletivos (MARUITI, 2009). Muitas pessoas cometem atos antiéticos para obter mais facilmente dinheiro ou outros benefícios, que viriam com maior dificuldade e agisse de forma ética (CORTELLA, 2007). Assim, a sociedade cerca-se de inúmeros exemplos antiéticos, conforme aponta Srour (2003, p.70): “Contrabando, pirataria, comercialização de mercadorias fraudadas, ou com prazo de validade vencido [...]”. São modelos que já se tornaram comumente uma parte natural da maioria das cidades brasileiras. A própria população já parece acomodar-se e ainda buscar seus métodos particulares de também tirar vantagem de tudo isso, enquanto consumidores. Frente a tudo isso, urge a necessidade de empreender esforços para construir uma formação capaz de formar sujeitos aptos a responder adequadamente aos conflitos e problemas éticos enfrentados pela sociedade e pelas organizações de um modo geral. 2.2. FORMAÇÃO ÉTICA EM ADMINISTRAÇÃO Após compreender o conceito e a aplicação geral da ética, serão feitas algumas reflexões à luz da literatura, no sentido de delinear como acontece a formação ética dos profissionais de Administração. Trata-se de fazer um caminho para descobrir quais elementos estão sendo ou podem ser utilizados para esta formação. 27 2.2.1. Formação de administradores Apesar de a prática de administrar se confundir com o surgimento das primeiras civilizações, a tomada da administração como uma ciência a ser escolarizada, ou seja, entendendo-a de fato como um conjunto de conhecimentos e habilidades a serem ensinados e aprendidos, deu-se apenas no final do século XIX, nos Estados Unidos ou na França (BERTERO, 2006). Foi no primeiro, no entanto, que este ensino se popularizou e ganhou importância significativa. O desenvolvimento do ensino de Administração ocorreu, nos Estados Unidos, em concomitância com o crescimento da importância daquele país, no século XX, quando este país se consolida como uma superpotência mundial. Em meio a esse contexto, a figura do management norte-americano ganha importância e assim começam a se pensar mais e melhor sobre a formação deste profissional que vai sendo mais valorizado quanto melhor for (BERTERO, 2006). A consolidação do capitalismo e posteriormente do neoliberalismo, como vias únicas de desenvolvimento social, figura como fator crucial para explicar a evolução da administração em todo o mundo (BARBOSA, 2002). No Brasil, a Escola Superior de Administração de Negócios (ESAN) foi a primeira escola de Administração, fundada em 1941 em São Paulo, por iniciativa do Padre jesuíta Sabóia de Medeiros, juntamente com as classes empresarias paulistas (BARBOSA, 2002). No Rio de Janeiro a Escola Brasileira de Administração Pública (Ebap) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) foi a pioneira no ensino da Administração Pública no Brasil (BERTERO, 2006). Com forte influência do modelo norte-americano, a formação de administradores tem como principais eixos norteadores “o embasamento nas Ciências Sociais e a ênfase na administração como profissão modernizadora” (BERTERO, 2006, p.8). Na medida em que o Brasil foi se industrializando e ampliando sua atividade econômica, a urbanização e a modernização trouxeram consigo o crescimento do ensino superior. Bertero (2006) aponta a existência, no país, de cerca de 2.000 cursos de graduação. O mesmo autor esclarece também que: “De acordo com o senso realizado no ano de 2003, dos 3.887.771 alunos matriculados em cursos de graduação, observa-se que o curso de Administração ocupa o primeiro lugar em número de matriculados, com 564.681 matrículas” (BERTERO, 2006, p.20). Nesse contexto é importante compreender a fundo qual é o verdadeiro papel do ensino superior. De acordo com Colossi (1998, p.38) “Educação superior é, antes de tudo, uma instituição social, cujo papel fundamental é formar a elite intelectual e científica da sociedade 28 a que serve”. A partir daí se percebe que a missão dos cursos superiores é algo maior e mais complexo do que a simples profissionalização. No que tange a formação de administradores, Pena (1994) afirma que o papel real do ensino superior extrapola o processo de informar o estudante, devendo preocupar-se antes com a verdadeira formação superior dos sujeitos. É neste sentido que o ensino da ética aparece como fundamental no processo de formação em Administração. Assim, a escola (ou a universidade) tem um papel fundamental para fortalecer valores e desenvolver a socialização dos indivíduos. Pensando na atual crise que as sociedades enfrentam, Imbert (2001) afirma que a escola é hoje a única instituição capaz de “desbarbarizar” a humanidade, desde que seja consciente e comprometa-se com este seu papel. O administrador se caracteriza pela constante necessidade de decidir e agir, em situações diversas (CHAROUX, 1983 apud PAULINO, 2003). Por isso, é necessário que o administrador consiga analisar bem todas as variáveis e consequências de suas decisões e ações, considerando a sua influência sobre o bem-estar social comum. Vázquez (2006 apud MARUITI, 2009, p.60) salienta que “toda ação especificamente humana exige certa consciência de um fim, ou antecipação ideal do resultado que se pretende alcançar”. Para tanto, é preciso olhar e pensar as situações com criticidade, a respeito de si e das técnicas a serem utilizadas (SOUZA, 1994 apud PAULINO, 2003). Fica evidente que formar um administrador, ou mesmo administrar, não se resume à técnica, mas ao contrário, exige uma reflexão ética acerca de tudo. Enxergando a complexidade presente na formação de administradores, encontram-se obstáculos iniciais nas características dos próprios estudantes. A esse respeito, Tonelli (1994 apud PAULINO, 2003) esclarece que as imagens de individualista e materialista ainda pesam sobre os jovens alunos, sendo estes muitas vezes reduzidos a essas classificações. A mesma autora ainda acrescenta que a escolha pelo curso de Administração é vista como a ausência de aptidão específica para outra profissão (TONELLI, 1994 apud PAULINO, 2003). Estas ideias trazem por sua vez implicações diretas para o processo de ensino aprendizagem em Administração. Em detrimento do esforço de muitos professores em transformar e melhorar a educação, muitas vezes se nota um completo desinteresse por parte dos alunos (MARUITI, 2009). Em muitas instituições os professores encontram alunos que, ao invés de contribuir, prejudicam o andamento das aulas e o aprendizado da turma, passando a ser encarados como alunos “problemáticos” (GIL, 2008). Apesar disso, o autor provoca a reflexão sobre a postura que o educador toma diante desse tipo de aluno, visto que, o conteúdo e a forma de 29 transmissão dependem do transmissor, ou seja, do professor. E isto pode fazer a diferença no momento de conduzir o aprendizado (GIL, 2008). Portanto, não se deve subjugar a necessidade de conhecer o estudante, uma vez que ele traz consigo uma carga histórica específica e apresenta aspirações diferentes dos demais, e que podem servir como elementos norteadores para o trabalho adequado do professor (MARUITI, 2009). Ainda sobre isto, Gil (2008, p.63) acrescenta que “o estudante precisa participar ativamente do próprio aprendizado”. Ou seja, é preciso conhecer o aluno e fazer por onde envolvê-lo com o conteúdo e com o processo de formação. O educador é um grande exemplo para os alunos e sua atuação exerce grande influência sobre eles (GIL, 2008). Assim, na Administração o professor atua como um modelo profissional para os estudantes (MARUITI, 2009). Mais que isso, o professor ainda desempenha o papel de agente de socialização, vez que suas palavras e ações exercem influência no modo como o estudante irá agir no meio em que vive e/ou atua profissionalmente (IMBERNÓN, 2000). Maruiti (2009) ainda reforça que especificamente no ensino superior, torna-se vital que o docente ministre o seu comportamento de forma a influenciar positivamente a conduta dos discentes, sobretudo em relação ao campo da cidadania e à profissão. Freire (2004 apud MARUITI, 2009) faz uma crítica à educação brasileira, julgando-a inadequada a realidade do país, visto que se ocupa em reproduzir conhecimentos e instruir técnicas, mas não forma pessoas conscientes e capazes de transformar a sociedade de opressão em que vivem. Na concepção desse autor, a educação precisa focar a formação de indivíduos críticos e transformadores, e não apenas de cientistas. Bertero (2006, p.35), afirma que “a formação de administradores depende, em grande medida, das expectativas que existam com relação ao profissional e também de como se defina o que é ser um administrador”. O autor também destaca a diferenciação entre o âmbito de atuação profissional, sendo público, privado, ou outro. É preciso então ter clareza quanto ao profissional que se quer formar e para quê, para só então desenvolver metodologias que empreendam tal formação. Covre (1981) afirma que a formação de administradores é voltada para sustentação do sistema econômico-social atual, uma vez que esses profissionais atuam alimentando o sistema produtivo de exploração e acumulação do capital. Dessa forma, os administradores agem segundo os interesses predominantemente capitalistas, implicando muitas vezes em comportamentos antiéticos ou imorais. A formação desses administradores não lhes permite 30 pensar e enxergar criticamente o sistema vigente ou as práticas que o sustentam, nem tão pouco posicionar-se de forma diferente no mercado (COVRE, 1981). Sobre esse déficit na formação de administradores, Barbosa (2002) aponta que um dos fatores responsáveis é o crescente avanço das instituições privadas de ensino superior. Segundo a autora, “no início da década de 1980, o sistema particular já era responsável por 79% dos alunos [de administração]” (BARBOSA, 2002, p.55). A partir daí, a transformação das escolas em empresas leva a transformação do ensino/educação em negócio, tornando-se prioritário gerar lucro e não formar corretamente os alunos. Segundo Lopes (2001), a fragilidade na formação em Administração não é, no entanto, uma particularidade deste campo do conhecimento, mas uma dificuldade comum a outras áreas. Esse autor acredita que a origem desse problema está no: [...] pensamento linear decorrente do método científico moderno de gerar e reproduzir o conhecimento, que naturalmente permeia as estruturas curriculares dos cursos superiores e, em particular e com significativas perdas, os cursos de Administração (LOPES, 2001, p.37). Ou seja, torna-se necessário repensar o paradigma de produção de conhecimento para atender as necessidades dos tempos atuais, que exigem do administrador uma maior capacidade de decidir e agir dinamicamente em face de situações cada vez mais complexas, considerando a ética e a justiça como valores fundamentais. De acordo com Maruiti (2009), o curso superior deve ser um espaço onde o aluno possa adquirir e aprender instrumentos que lhe permitam enxergar o mundo com consciência e posicionar-se nele corretamente. Os desafios educacionais são graves e complexos: deslocam-se da durabilidade para a fluidez; da permanência para a fugacidade; da rigidez para flexibilidade; da estabilidade para instabilidade; da memorização para a compreensão analítica e crítica; da realidade dada como conhecida e certa para o desconhecido e imprevisível (MARUITI, 2009, p.56). Em pesquisa realizada junto aos alunos do último ano do curso de Administração da Universidade de São Paulo (USP), Berndt (1995) constatou que, para os discentes, as habilidades pessoais eram tidas como as mais importantes para administrar. Em contrapartida, os alunos afirmaram que o curso contribuía apenas com a formação de suas habilidades técnicas. Verifica-se neste ponto uma lacuna importante entre o ensino oferecido pelo curso e a necessidade maior dos alunos. É imprescindível, portanto, pensar em como os cursos irão 31 combinar as diversas habilidades necessárias para formar adequadamente o administrador (LOPES, 2001). Diante de tantas percepções e apontamentos, foi possível construir um panorama geral sobre a situação da formação de administradores no país. Verifica-se que esta é uma área de grande importância atualmente e que vem sendo alvo de muitos estudos, os quais apontam críticas e provocam a reflexão sobre os rumos do ensino da Administração. Por isso é necessário aprofundar ainda mais essa discussão, pensando mais especificamente em como se dá (ou deve se dar) a formação ética dos administradores. 2.2.2. Desenvolvimento ético e moral do administrador Atualmente estamos enfrentando uma séria crise social, originada por uma crise de valores, apontando fortemente para a tendência de grandes mudanças (FAGUNDES, 2006). A existência de códigos e normas de ética que regem as profissões não têm sido o suficiente para promover a harmonia e o bem-estar social, nem tão pouco para punir aqueles que os transgridam. Segundo Maruiti (2009) o que se observa na sociedade é a acomodação e a ausência de indignação frente a tudo que está errado. A manifestação contra atitudes ou situações antiéticas é uma forma de mostrar indignação e de buscar transformação (FREIRE, 1999). Por isso, este autor critica o não reconhecimento disso tudo na educação tradicional e considera “violento” o seu caráter altamente “formador”. Frente às adversidades e a complexidade crescente das organizações e da sociedade como um todo, não basta mais definir um código de ética ou regulamento interno para assegurar que todos agirão de forma ética. Nem mesmo as legislações ou normas mais rigorosas conseguem extinguir comportamentos antiéticos de uma sociedade ou de uma organização. De acordo com Alonso, López e Castrucci (2012), o processo de formação moral das pessoas é o meio mais seguro para garantir uma conduta ética. No caso do ambiente organizacional, caberia primordialmente aos administradores, enquanto líderes, promover a cultura ética nas organizações. Paulino (2003) salienta que é crucial desenvolver-se uma diretriz socialmente responsável, que direcione corretamente a educação moral em administração. Para este autor, “propiciar ao indivíduo um desenvolvimento moral é um processo de grande importância na formação do administrador” (PAULINO, 2003, p.23). Corroborando com essa ideia, Krüger (1988 apud PAULINO, 2003) afirma que a educação moral deveria ser tomada como 32 igualmente importante ao desenvolvimento da inteligência e do saber, pois no cotidiano da vida sempre iremos nos deparar com conflitos e decisões de ordem moral. O desenvolvimento moral da pessoa perpassa essencialmente pela educação desta pessoa, compreendendo nesse sentido que educar é “por para fora do íntimo do indivíduo o seu potencial humano, ou especificamente o seu potencial ético” (ALONSO; LÓPEZ e CASTRUCCI, 2012, p.224). Estes autores acreditam que a formação ética pessoal é o processo mais importante para a tomada de decisões éticas. Não é questão de apenas conhecer a ética e tudo que lhe diz respeito, mas sim e mais propriamente, de assumir esse conhecimento como uma postura e uma prática de vida. Para tanto, é necessário passar por um processo de formação concreta, considerando de modo especial a disciplina ética. Historicamente, os cursos de Administração de Empresas no Brasil passaram a comtemplar do estudo da ética com a aprovação do Parecer 307/66, do Conselho Federal de Educação (CFE/MEC), que estabelecia o primeiro currículo mínimo para o curso de administração (BARBOSA, 2002). No entanto, não havia ainda uma disciplina específica, nem mesmo conteúdos discriminados, mas apenas uma referência à necessidade de estudar ética administrativa, o que ocorreria dentro da disciplina de Direito Público e Privado (BARBOSA, 2002). Posteriormente, em 1993, o CFE/MEC aprovou o parecer 433/93, regulamentando o novo currículo mínimo para os cursos de Administração de empresas. Desta vez, o conteúdo da ética aparece com maior predominância (BARBOSA, 2002). Esta autora analisa que a diferença entre os dois currículos se deu por força do modelo de desenvolvimento para o qual estavam orientados. No primeiro, o modelo fordista (capitalismo dirigido) impunha a separação entre o trabalho intelectual e o operacional, implicando numa formação tecnicista, que por sua vez não necessitava da ética. Já no segundo, o modelo de desenvolvimento neoliberal (capitalismo flexível) exigia flexibilização e auto regulação do trabalho, levando a formação para além do tecnicismo. Porém, segundo Barbosa (2002), a formação ainda seguiu voltada para o princípio educativo da competência técnica. E qual o problema da formação focada apenas na competência técnica? É bem verdade que dar condições para o bom desempenho profissional é uma função essencial da formação superior, como vimos. No entanto, a reflexão central deste trabalho gira em torno de uma formação que se propõe ir além da capacitação técnica/profissional. Em um mundo marcado por graves crises econômicas, políticas e sociais, urge a necessidade de estimular e desenvolver profissionais completos, capazes de enxergar a origem dos problemas 33 e de agir para sua solução. Não basta para tanto ser um bom técnico, é preciso antes pensar criticamente e agir com ética e justiça acima de tudo. Rohden (1997) afirma que enquanto o homem não passar por profundas transformações interiores, as mudanças externas de nada adiantam. É nesta direção que a educação precisa se orientar, tendo como sentido primordial a promoção de uma autorreflexão crítica (ADORNO, 1995). A partir desta reflexão é que o ser humano alcança o autoconhecimento e consegue também compreender a sua realidade. Chega-se ainda à capacidade essencial de relacionar os conteúdos técnicos e objetivos com a vida real, possibilitando posicionamento crítico. Como então empreender uma formação que promova o desenvolvimento ético e moral dos sujeitos? Afirma Barbosa (2002, p.119): Os autores teórico-críticos fazem algumas sugestões que podem ser realizadas em sala de aula: a formação de uma consciência crítica sobre a realidade socioeconômica; o engajamento em formas associativas de luta onde se vivenciará valores diferentes daqueles do mercado; a desmistificação do saber relacionado à gestão através da crítica a seus pressupostos e da prática de formas de gestão direta. O psicólogo e filósofo norte-americano Lawrence Kohlberg (1926-1987) fundou o Centro de Desenvolvimento e Educação Moral da Universidade de Harvard e dedicou a vida ao estudo do desenvolvimento moral humano (PAULINO, 2003). Kohlberg era seguidor de Piaget e ambos acreditavam que a consciência moral se encontrava na razão. Por isso, defendiam a tese da gênese gradativa da consciência moral e da possibilidade de educá-la (PAULINO, 2003). Encontramos em Alonso, López e Castrucci (2012) a descrição sistemática do processo de desenvolvimento moral, apresentando os níveis e estágios que o compõem, com base no modelo proposto por Lawrence Kohlberg, conforme está posto no Quadro 4 abaixo. Quadro 4 – Síntese dos níveis e estágios do processo de desenvolvimento moral Níveis Estágios Exemplos Estágio 1: Indivíduo age de modo Um funcionário que chega sempre ético apenas para evitar uma no horário apenas para evitar Pré-convencional: Decisões punição imediata. advertências do chefe. baseadas em recompensas ou Estágio 2: Indivíduo age de modo Um gerente que sempre chega castigos imediatos. ético apenas para satisfazer um junto com o diretor, antes do seu interesse pessoal imediato. horário, apenas para receber aprovação. Estágio 3: Indivíduo age de modo Um supervisor que se veste de uma Convencional: Decisões baseadas ético por conformidade com as determinada forma apenas por que na conformidade ou na obrigação. expectativas externas (outros, assim irá atender as expectativas 34 sociedade, etc.). dos diretores. Estágio 4: Indivíduo age de modo Um diretor que implanta o ético para cumprir obrigações programa de segurança no trabalho legais ou pactuadas de alguma para cumprir uma determinação outra forma. legal. Um vendedor que não vende um Estágio 5: Indivíduo age de modo produto fora das especificações, ético pelos princípios e valores mesmo que o cliente não saiba, e éticos, considerados absolutos em mesmo que ele esteja querendo Nível de Princípios: Decisões qualquer situação. alcançar a meta de vendas. baseadas em princípios éticos Um gestor que não obriga o universais. Estágio 6: Indivíduo age de modo subordinado a continuar numa ético pela máxima coerência com tarefa em condições de risco, os princípios éticos em que mesmo descumprindo ordens acredita. superiores de não parar a produção. Fonte: Elaborado a partir de Alonso, López e Castrucci (2012, p.224-225). É possível identificar que esse processo é gradual e influencia as pessoas a traduzirem os seus princípios e valores em comportamentos. As pessoas tomam decisões diferentes em situações parecidas, de acordo com o estágio de desenvolvimento moral em que se encontram. No entanto, não há como assegurar a continuidade do processo para todos, ou seja, o desenvolvimento pode estagnar num determinado estágio. Os adultos, por exemplo, em sua maioria encontram-se no estágio 4, agindo com base em obrigações (ALONSO; LÓPEZ e CASTRUCCI, 2012). O desafio que se apresenta então é promover uma formação voltada ao desenvolvimento correspondente aos estágios 5 e 6. Sabe-se que a formação ética ou o desenvolvimento moral do indivíduo é um processo que se dá antes no ceio familiar do que na escola ou na universidade. Mas, como vimos, o papel da educação é imprescindível e pode ser decisivo na construção de pessoas mais humanas e conscientes. Fagundes (2006, p.18) ressalta que “a educação não pode ser neutra em relação aos valores”. Desenvolvendo-se uma formação que não seja apenas técnica, mas também humana, possibilitando a conscientização e o desenvolvimento moral dos indivíduos, teremos administradores que agem sem prejudicar os demais e sem privilegiar os próprios interesses em detrimento da justiça e da ética. 2.2.3. Código de Ética do Administrador De acordo com o ranking Fortune 500, 90% das empresas listadas possuem código de ética (WILEY, 1997 apud PAULINO, 2003). Isso demonstra o quão relevante o código de ética vem se tornando como um instrumento capaz de render grandes resultados para as 35 organizações. É importante frisar que tal instrumento não deve, no entanto, ser encarado apenas como mais um atalho para sucesso empresarial ou pessoal. O código de ética é na verdade um instrumento importantíssimo para orientar e disciplinar o comportamento das pessoas de acordo com princípios éticos e morais. Trata-se de regimentar oficialmente os fundamentos que deverão nortear o comportamento humano. Nesse sentido, a mais recente versão do Código de Ética dos Profissionais de Administração (CEPA) foi aprovada pela Resolução Normativa (RN) do Conselho Federal de Administração (CFA) nº 393, de 06 de dezembro de 2010. O CEPA está dividido em 08 capítulos, abordando os Deveres; Proibições; Direitos; Honorários; Deveres Especiais, em relação aos Colegas e à Classe; Infrações Disciplinares e Disposições Finais. No código fica inicialmente evidente que o estabelecimento de tal instrumento é matéria considerada de extrema importância para o exercício profissional, visto seu papel regulatório e inspirador da conduta moral de todos os profissionais. Já no item I do Preâmbulo a ética é posta como “a explicitação teórica do fundamento último do agir humano na busca do bem comum e da realização individual” (CFA, RN nº 393/2010, p.4). Na visão de Alonso, López e Castrucci (2012), este fundamento último corresponde ao primeiro princípio prático do comportamento. Ou seja, a ética aqui é vista como sendo o elemento mais básico para as decisões e ações do administrador. Além disso, também é importante destacar o direcionamento dado. Não se age em prol de qualquer coisa, age-se na busca do bem comum, em primeiro lugar e, em seguida, e por que não dizer como consequência, da realização individual. Esta última expressão infere a ideia de felicidade individual, a qual é muito bem colocada, fazendo-se compreender em intrínseca proximidade com a visão da felicidade de todos (bem comum). Resgata-se com isso a ideia de que a realização individual deve ser procurada e encontrada na num contexto social, “aludindo claramente à sociabilidade humana” (ALONSO; LÓPEZ e CASTRUCCI, 2012, p.227). Mais adiante, no item III do Preâmbulo, está posto: O Código de Ética dos Profissionais de Administração (CEPA) é o guia orientador e estimulador de novos comportamentos e está fundamentado em um conceito de ética direcionado para o desenvolvimento, servindo simultaneamente de estímulo e parâmetro para que o Administrador amplie sua capacidade de pensar, visualize seu papel e torne sua ação mais eficaz diante da sociedade (CFA, RN nº 393/2010, p.4). Observa-se não apenas o caráter normativo do CEPA, mas também o seu caráter propositivo e, como bem colocado, estimulador, orientando-se para o futuro e não apenas para 36 o presente. O código se apresenta na condição de “par” do profissional, pondo-se tal como um instrumento de auxílio, suporte ou apoio. Antes que normas para disciplinar e pressionar, a proposta é de contribuir com a evolução profissional do administrador. Subsequente ao Preâmbulo, o primeiro capítulo dispõe sobre os deveres do administrador, iniciando com o seguinte: Exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, defendendo os direitos, bens e interesse de clientes, instituições e sociedades sem abdicar de sua dignidade, prerrogativas e independência profissional, atuando como empregado, funcionário público ou profissional liberal (CFA, RN nº 393/2010, p.4). O início já preconiza o exercício profissional baseado em valores (zelo, diligência e honestidade), o que retoma a importância da consciência moral do administrador. Novamente é preciso dizer que tal consciência deve ser educada e desenvolvida, ao longo da vida e da formação profissional do indivíduo. Aqui já se nota a importância da formação ética para o bom e correto desempenho profissional. Corroborando com esta ideia, o inciso X do Art. 1º ressalta: “Aos profissionais envolvidos no processo de formação dos Profissionais de Administração, cumpre informar, orientar e esclarecer sobre os princípios e normas contidas neste Código” (CFA, RN nº 393/2010, p.5). Fica expressamente clara a exigência de que o estudante de administração necessita conhecer inteiramente o CEPA, devendo ser esta uma condição básica para formar-se e atuar como administrador. Sem conhecer e entender as normas que orientam e regimentam eticamente a sua conduta profissional, o administrador formado poderá atuar conforme “achismos” ou relativismos que tornam duvidosa sua capacidade de decidir e agir como deveria. No que diz respeito às proibições, o CEPA estabelece como vedadas inúmeras práticas que são comuns de se ver no campo da administração, tais como a ação em benefício exclusivamente próprio, prejudicando o cliente ou outro interessado. O comum discurso de que tudo vale em nome do lucro e do sucesso não é aceito pelo CEPA, segundo o qual, é considerada infração disciplinar sujeita a penalidades: “Todo ato cometido pelo profissional que atente contra os princípios éticos, descumpra os deveres do ofício, pratique condutas expressamente vedadas ou lese direitos reconhecidos de outrem” (CFA, RN nº 393/2010, p.10). Desse modo, todo profissional que descumpra os deveres (comuns ou especiais) estabelecidos pelo CEPA, bem como incorra em infrações disciplinares, está sujeito às 37 penalidades previstas do Regulamento do Processo Ético dos Sistemas CFA/CRAs, aprovado pelo CFA na RN nº 393, de 06 de dezembro de 2010. De acordo com este Regulamento, o procedimento do processo ético deve tramitar em sigilo e de acordo com o expresso na referida norma. Assim, para julgar os processos éticos, cada CRA sediado nos estados possui um Tribunal Regional de Ética dos Administradores (TREA) e o CFA possui o Tribunal Superior de Ética dos Administradores (TSEA). Sobre essa questão de infrações e processos, Alonso, López e Castrucci (2012) fazem uma crítica ao CEPA, afirmando que o código, juntamente com o Regulamento do Processo Ético dos Sistemas CFA/CRAs, deveria ter especificado melhor as infrações éticas e suas respectivas sanções. Apesar disto, é inegável a contribuição do CEPA como um importante instrumento para consolidação da profissão do administrador como uma função social ética, moral e justa. 38 3. METODOLOGIA Nesta seção apresentam-se as características da pesquisa, sua abordagem, população e amostra, os procedimentos para coleta e para o tratamento dos dados. 3.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA O presente estudo se caracteriza, quanto aos fins, como uma pesquisa exploratória- descritiva, tendo em vista que se pretende investigar e apresentar elementos para a compreensão da relação entre o curso de Administração da UFRN (campus central) com a formação ética dos profissionais graduados na referida instituição. Segundo Vergara (2000), a pesquisa exploratória é realizada justamente em campo onde não se tem ainda grande conhecimento acumulado e sistematizado. Assim, verifica-se a relevância e importância do presente trabalho no sentido de fornecer elementos para o conhecimento e tratamento do problema estudado. Enquanto isso, a pesquisa descritiva é responsável pelo esclarecimento e caracterização de um determinado fenômeno ou de uma população (VERGARA, 2000). Neste estudo, como afirmado anteriormente, o fenômeno cujos fatores e correlações buscou-se abordar, foi a formação ética dos administradores no curso de Administração da UFRN. Em relação à forma de abordagem do projeto de pesquisa, este trabalho constitui-se de enfoques quantitativos e qualitativos, visto que o primeiro diz respeito aos processos de coletar e analisar os dados numéricos obtidos, bem como à aplicação de testes estatísticos (COLLIS; HUSSEY, 2005). Por sua vez o método qualitativo envolve uma análise mais subjetiva e aprofundada por parte do pesquisador, buscando compreender o fenômeno estudado. É válido salientar que a opção pelos dois métodos se deu justamente pelo fato de que ambos se complementam em suas abordagens, possibilitando assim um melhor entendimento e conclusões acerca de campos bastante específicos, como o é a formação ética de administradores. Quanto aos meios, esta pesquisa caracteriza-se primeiramente como bibliográfica, utilizando-se de material publicado em livros, teses e dissertações, artigos científicos, revistas e redes eletrônicas. Nesta etapa procurou-se estabelecer uma base teórica sólida para sustentar a pesquisa e elucidar suas conclusões. Em segundo lugar a pesquisa também foi considerada como sendo de campo, visto que foi realizada investigação em local onde o fenômeno 39 estudado ocorre e no qual se verificam condições para sua explicação (VERGARA, 2000). Neste sentido, a pesquisa envolveu a indagação aos discentes concluintes do curso de Administração, a respeito da formação ética proposta pelo curso. Com isso pôde-se obter elementos reais e concretos relacionados ao tema em questão. 3.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA A população desta pesquisa é constituída dos estudantes concluintes do curso de Administração (campus central) da UFRN, compreendendo 106 integrantes, nos turnos matutino e noturno. A justificativa para a escolha deste público-alvo se deu, no primeiro caso, pelo fato de que os alunos são, por excelência, os destinatários do fenômeno analisado, e que, como concluintes, já estão finalizando a graduação, tendo passado pela maior parte desse processo de formação e por isso estando aptos para responder sobre o mesmo. Em razão do número elevado de membros da população, torna-se inexequível realizar um censo, ou seja, fazer a coleta de dados com todos os componentes da população (HAIR JR et al., 2005). Assim, foi definida uma amostra que pudesse representar fielmente a população (VERGARA, 2000). Tendo em vista também o curto tempo para conclusão deste estudo, optou-se por uma amostragem não probabilística por julgamento (intencional), considerando a disponibilidade, acessibilidade e julgamento do pesquisador para selecionar os indivíduos para coleta dos dados (HAIR JR et al., 2005). Dessa forma, estabeleceu-se um período de coleta, que foi de 14 a 28 de abril de 2014, e neste período o instrumento de pesquisa foi disonibilizado eletronicamente (via e-mail) para todos os alunos concluintes do curso estudado. E assim, ao término do período de coleta, obteu-se uma amostra final composta de 45 indivíduos, o que representa 42% do universo populacional da pesquisa. 3.3. DADOS E INSTRUMENTOS DE COLETA Os dados para este estudo foram coletados através de dois meios distintos, visando atingir os objetivos e o público da pesquisa, conforme está descrito a seguir: 40 a) Questionário fechado: Compreendendo 16 questões, todas objetivas. O questionário foi aplicado com os discentes concluintes do curso de administração, através da disponibilização no formato de formulário eletrônico do dispositivo Google docs e divulgação em fóruns no SIGAA (Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas) e por e-mail; b) Pesquisa bibliográfica: Análise de documentos solicitados à Coordenação do Curso e ao Departamento de Ciências Administrativas (DEPAD), constando da grade curricular e respectivos conteúdos do curso de Administração da UFRN, identificando qual o lugar dado à ética nas disciplinas e atividades desenvolvidas ao longo do curso. Também foi analizado o Código de Ética dos Profissionais de Administração (CEPA), disponível no site do CFA (www.cfa.org.br), por meio do qual foi delineada a conduta ética proposta para o administrador. 3.4. TRATAMENTO ESTATÍSTICO E FORMA DE ANÁLISE O tratamento dos dados se deu de maneira quantitativa e também qualitativa, tendo em vista a complementação das duas modalidades para produzir uma melhor compreensão dos resultados. Neste sentido, a estatística descritiva da primeira serviu para apoiar e/ou desencadear a interpretação subjetiva da segunda (VERGARA, 2000). Na análise quantitativa, os dados coletados foram tratados utilizando-se técnicas estatísticas, através de programas e ferramentas computacionais, tais como o Office Excel. Estas técnicas possibilitaram uma visualização mais objetiva e geral acerca dos dados e das correlações entre suas variáveis, facilitando a sua análise e posterior interpretação. No tocante a abordagem qualitativa, as informações levantadas foram analisadas em profundidade, confrontando os resultados obtidos na etapa anterior com a teoria estudada. A partir daí, tem-se enfim um diagnóstico correspondente à investigação pretendida com esta pesquisa. 3.5. ESTUDO PILOTO O questionário utilizado com os discentes foi previamente revisado e, posteriormente, submetido a um pré-teste para validar o seu formato e o seu conteúdo. O teste piloto foi 41 realizado com uma pequena parcela de estudantes, composta de 03 indivíduos, os quais analisaram a clareza, a precisão dos termos e o formato do instrumento. Após esse teste, o questionário foi validado, sem a necessidade de correções ou alterações. 42 4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Nesta seção serão apresentadas as análises realizadas, a partir da pesquisa documental e de campo, e a discussão dos respectivos resultados. Assim, inicialmente expõe-se o delineamento de um perfil de conduta ética proposta ao Administrador, com base na análise do Código de Ética dos profissionais de Administração (CEPA); depois são apontados os elementos que contribuem (ou não) com a formação ética do Administrador, a partir da análise da estrutura e componentes curriculares do curso de administração da UFRN; e em seguida serão discutidos os resultados da pesquisa feita com os discentes concluintes do curso, identificando o perfil dos respondentes e apontando a visão deles acerca da temática estudada. 4.1. CONDUTA ÉTICA DO ADMINISTRADOR Para delinear o que poderíamos considerar como a conduta proposta e esperada para o Administrador ético, fez-se uma leitura analítica do Código de Ética dos profissionais de Administração (CEPA), buscando identificar e indicar as características e os critérios constituintes de uma postura correta, ética e moral do Administrador. Já no seu preâmbulo, o CEPA estabelece que a atuação do profissional de Administração deve estar direcionada para a conciliação entre o bem comum (interesses coletivos) e o bem individual (interesses próprios/particulares). Isso significa dizer que o profissional ético desta classe deverá agir sempre preocupando-se não apenas com os ganhos pessoais, mais sim enxergando e buscando resultados positivos para todas as partes envolvidas ou implicadas por sua atividade. Esta preocupação é posta no CEPA como um compromisso e como uma responsabilidade inicial de todo administrador. Neste sentido, o inciso II do Preâmbulo do CEPA, estabelece que exercer a Administração “[...] implica em compromisso moral com o indivíduo, cliente, empregador, organização e com a sociedade, impondo deveres e responsabilidades indelegáveis” (CFA, RN nº 393/2010, p.4). Especialmente no sentido de orientar e assegurar o cumprimento deste papel, o CEPA dispõe de três capítulos onde são relacionados os Deveres do Administrador, e de um capítulo que discorre sobre as Proibições impostas ao seu exercício profissional. No capítulo I, que trata dos Deveres gerais, o inciso I do Art. 1º resgata a importância dos valores e da moral nessa atividade profissional, ressaltando que é preciso exercê-la com “zelo, diligência e 43 honestidade” (CFA, RN nº 393/2010, p.4). Esta observação é importante por que o referido inciso não trata de nenhuma habilidade técnica ou mesmo comportamental do administrador, mas antes de valores sobre os quais o profissional deve basear suas ações, focalizando o cumprimento ético e efetivo do seu papel. Segundo Vásquez (2006 apud MARUITI, 2009, p.60), “toda ação especificamente humana exige certa consciência de um fim, ou antecipação ideal do resultado que se pretende alcançar”. Em outras palavras, é preciso ter sempre muito claro o resultado almejado para uma determinada ação ou para determinada forma de conduta. Neste sentido, o CEPA funciona como um guia norteador para a conduta ética de todos os administradores. No decorrer capítulo I são abordados os deveres gerais a serem cumpridos pelo profissional de administração no decorrer de toda a sua prática profissional. Para facilitar a visualização desses deveres, os mesmos foram compilados em oito deveres gerais, apresentados na Figura 1 a seguir. Figura 1 – Deveres gerais do administrador ético Sigilo Informacional Elevar o Independência prestígio da na orientação Profissão técnica Cumprimento Deveres Gerais das Obrigações do Comunicação e Pactuadas Administrador Transparência Ético Compromisso Iniciativa e Socioambiental Assertividade Capacidade de Renúncia Fonte: Elaborado a partir de CFA (RN nº 393/2010, p. 4-5). 44 O sigilo ou descrição é um componente fundamental para o administrador ético, visto que o mesmo irá lidar com inúmeras informações importantes ligadas direta ou indiretamente a sua função. Desse modo, o sigilo informacional se configura como uma necessidade e um dever do administrador ético, de forma que sua atividade não seja prejudicada e também não prejudique outrem pela circulação indevida de informações que possua em razão da função ocupada. A independência na orientação técnica também pode ser entendida como essencial, considerando a complexidade e variedade das organizações em que o administrador irá atuar. Em meio às adversidades e inúmeras variáveis ambientais que enfrenta na profissão, o administrador ético não pode depender, em hipótese alguma, de terceiros, para tomar suas decisões. É preciso manter-se sempre isento e imparcial, guiando-se pelo conhecimento técnico adquirido e pela sua visão gerencial, buscando alcançar os melhores resultados possíveis. Outro dever crucial para a ética na Administração, de acordo com o CEPA, é a comunicação e transparência para com os clientes de sua atividade. Ou seja, o administrador ético é aquele que informa aos seus clientes sobre a realidade da organização ou da função gerenciada, expondo as reais condições e apontando as perspectivas futuras. Muito relacionada com o dever da comunicação está a responsabilidade de propor sempre as melhores alternativas de desenvolvimento e crescimento para os seus clientes. Esta responsabilidade se configura como o dever da iniciativa e da assertividade, imprescindíveis ao administrador bem-sucedido, o qual sempre deve buscar o melhor para atender as demandas de sua função. O CEPA determina ainda que o administrador ético deve desligar-se de sua função quando perceber que o cliente “desconfia” do seu trabalho, ou seja, mediante insatisfação do cliente. Isso é extremamente importante, visto que essa atitude por parte do administrador evidencia o seu compromisso primordial com a correção ética do seu trabalho e dos resultados alcançados com ele. Da mesma forma, o profissional ético deve sempre orientar o cliente ou empregador sobre a função social e os impactos ambientais da respectiva organização. Este dever se configura como reflexo de uma extensão do seu papel profissional, não mais restrito à organização em que atua, mas estendendo-se também à sociedade e ao ambiente como um todo. O cumprimento das obrigações pactuadas com o cliente ou empregador implica que o administrador deve sempre estar disposto e atento para atender tudo àquilo que é demandado no seu trabalho, respeitando e cumprindo todas as regras e os compromissos assumidos. 45 Trata-se de um dever essencial para que o profissional não se desvie das responsabilidades que envolvem a sua atividade. Aliado a isto, tem-se o último dever geral destacado, que é elevar o prestígio e a dignidade da profissão. Este é um dever que pode ser compreendido como uma consequência do cumprimento dos deveres anteriores, indispensável ao administrador ético. Todos os deveres discutidos têm um papel fundamental de orientar adequadamente o administrador. Cortella (2007) enfatiza que um dos grandes desafios no campo da ética profissional é superar a incoerência entre discurso e prática. Segundo o autor, muitos defendem a importância da ética, mas poucos se preocupam em agir conforme a ética. Sobre isso, Srour (2003) afirma que a maior dificuldade não é fazer o certo, mas compreender o que seria o certo. Daí a extrema necessidade de um instrumento como o CEPA, para balizar a conduta dos profissionais de administração, mostrando-lhes o que realmente é ético. Além dos deveres gerais, o CEPA também estabelece para o administrador os deveres especiais em relação aos colegas, no capítulo V, e os deveres especiais em relação à classe, no capítulo VI. No primeiro, cumpre destacar inicialmente que: “O Profissional de Administração deverá ter para com seus colegas a consideração, o apreço, o respeito mútuo e a solidariedade que fortaleçam a harmonia e o bom conceito da classe” (CFA, RN nº 393/2010, p.8). Observa-se mais uma vez a importância de valores morais (respeito e solidariedade) na trajetória do administrador ético, desta vez no relacionamento com os colegas. O capítulo V, no seu Art. 7º, elenca uma série de atitudes/posturas que devem ser praticadas pelo profissional ético em relação aos seus colegas. Dentre esses deveres especiais, vale ressaltar os seguintes: o administrador deve abster-se de expressar, sob qualquer forma, declarações que possam denegrir a imagem do colega ou do seu trabalho; deve se recusar a ocupar função deixada por um colega, quando isso for contra os interesses da classe ou da profissão; deve evitar quaisquer desentendimentos com colegas, recorrendo às Entidades de Classe quando preciso; e deve auxiliar na fiscalização da conduta ética dos colegas, zelando pelo cumprimento do CEPA. Verifica-se que a conduta proposta pelo CEPA em relação aos colegas traz uma oposição a lógica comum de concorrência do mercado, onde tudo é válido para passar à frente dos demais. Ao contrário disto, o administrador ético se preocupa com os colegas da mesma forma que consigo mesmo, respeitando e atuando de maneira colaborativa e cooperativa, nunca destrutiva ou excludente. E, além disso, ele age como um disseminador da ética no meio em que atua, contribuindo para que seus pares também trabalhem corretamente. 46 Do capítulo VI, que trata dos deveres especiais em relação à classe, cabe frisar que: o administrador ético deve prestigiar as entidades de classe; apoiar todas as iniciativas em defesa dos interesses da classe; difundir e desenvolver a administração; cumprir todas as obrigações junto às entidades de classe; e acatar as determinações dos Conselhos Federal e Regional. Tudo isso demonstra a necessidade de o administrador estar integrado à sua classe profissional, de modo a agregar valor à própria carreira, como também para toda a categoria e para o mercado como um todo. Após analisar os deveres, ou seja, aquilo que é esperado do administrador ético, é importante também observar o capítulo II do CEPA, o qual trata das Proibições, ou seja, das condutas consideras antiéticas e que são vetadas ao profissional de administração. No sentido de melhor compreender tais condutas, as mesmas foram sintetizadas e exemplificadas no quadro 5 abaixo. Quadro 5 – Síntese das condutas antiéticas do administrador Conduta Antiética Descrição Exemplos Um profissional que, na entrevista Apresentar-se com demasiados de emprego, fica falando Autopromoção excessiva qualitativos e ainda utilizar-se de excessivamente de suas qualidades textos publicitários para se pessoais, muitas vezes com altas autopromover. doses de exagero. Permitir a utilização do seu nome Um servidor público que empresta por organizações onde não trabalha seu nome para transações Uso impróprio do seu nome nem exerce qualquer atividade comerciais e negociatas de profissional. terceiros. Facilitar, sob quaisquer meios ou Um diretor que emprega como Colaboração com falsos propósitos, o exercício da profissão gerente sua companheira, mesmo profissionais por pessoas não habilitadas e/ou esta não tendo formação adequada impedidas de fazê-lo. para tal função. Uma supervisora de RH que assina Assinar quaisquer documentos distraidamente declarações de Assinatura de documentos elaborados por outrem, sem a sua tempo de serviço, sem verificar indevidos devida orientação, supervisão ou atentamente se todas as fiscalização. informações estão corretas. Um investidor que cria e incentiva Participar de qualquer tipo de outras pessoas a investir em Participação em sociedade ilegal sociedade cujo formato é proibido organizações que na prática não por Lei. produzem nada, ou seja, as chamadas “pirâmides financeiras”. Exercício indevido da profissão Exercer a profissão quando 47 impedido por determinação do Uma administradora cujo registro Sistema CFA/CRAs. profissional foi cassado e que, no entanto, continua trabalhando normalmente. Deixar a função ou cargo ocupado Um gerente que é convocado para Abandono indiscriminado de sem justificativa e comunicação cargo público e imediatamente Função prévia, prejudicando o cliente ou abandona a função. empregador. Uma diretora que ordena a Realizar ou contribuir com a alteração dos dados e relatórios Prática contra a Lei realização de ato ilegal, de fiscais da empresa, a fim de qualquer natureza. sonegar imposto. Um gestor de contratos que presta Estabelecer negociação com consultoria para empresa Negociação contrária aos interesses concorrentes ou partes adversas ao concorrente daquela onde está dos clientes seu cliente, sem a devida ciência e empregado. autorização. Evitar fazer a prestação de contas Um gerente financeiro que altera Ocultação e/ou alteração indevida devida, bem como adulterar os balancetes da empresa para de informações informações em benefício próprio. ocultar resultados negativos. Uma diretora que, após receber Revelar e/ou disseminar proposta vantajosa, expõe Quebra do sigilo profissional indevidamente informações estratégias importantes da empresa relativas à sua função. em que trabalha. Praticar atos ou omissões sem o Um assessor que, valendo-se da conhecimento e consentimento do Utilização de práticas enganosas confiança do chefe, finge trabalhar cliente ou empregador, em benefício próprio mais tempo para receber prejudicando-o no intuito de obter pagamento de hora-extra. vantagem para si. Um executivo que descobre e copia Pleitear cargo ou função ocupada a ideia de uma colega, usando-a Práticas de concorrência desleal por um colega, valendo-se de atos antes como se fosse sua e assim desleais para alcança-lo. alcançando a promoção desejada. Uma servidora pública que, por Praticar qualquer ato ou omissão inimizade com uma subordinada, que prejudique colegas, membros Ação em prejuízo dos colegas faz uma avaliação negativa do ou dirigentes das entidades de trabalho da mesma, prejudicando-a classe. em sua progressão de carreira. Fonte: Elaborado a partir de CFA (RN nº 393/2010, p. 5-6). A partir do quadro é possível enxergar aquilo que deve ser fundamentalmente evitado pelo administrador ético. A exemplificação é importante por que possibilita perceber que 48 muitas das práticas elencadas costumam fazer parte do cotidiano de muitas empresas, grandes e pequenas, nas quais os gestores provavelmente não conhecem o CEPA. Um dos dilemas mais presentes no cotidiano do administrador é a divergência entre os interesses pessoais e coletivos (MARUITI, 2009). Segundo Cortella (2007), é por causa deste dilema que muitos profissionais agem de modo antiético, visando obter benefícios pessoais com maior facilidade. Para lidar com isso de maneira correta, é imprescindível entender e comprometer-se em não incorrer em práticas proibidas pelo CEPA. Além disso, as proibições ou condutas antiéticas descritas acima fortalecem e complementam os deveres já analisados anteriormente, constituindo-se como caminho profissional adequado, proposto e esperado para o Administrador Ético. Tudo isto reforça mais uma vez a importância de incluir o CEPA como um elemento essencial na formação de administradores. Desse modo, compreendendo e associando os elementos centrais do CEPA, chega-se ao que se pode chamar de um perfil do profissional ético de administração. Esse perfil ou esse modelo profissional gira em torno de quatro aspectos fundamentais do CEPA, que devem perpassar a conduto do administrador: o cumprimento dos Deveres (gerais), dos Deveres Especiais em relação aos colegas e dos Deveres Especiais em relação a Classe; e do respeito às Proibições. Essa relação está demonstrada na Figura 2 abaixo. Figura 2 – Aspectos fundamentais do CEPA para a conduta ética do administrador Fonte: Elaborado a partir de CFA (RN nº 393/2010, p. 4-9). 49 É importante salientar que esse perfil ético não corresponde a uma qualidade estática de um ou outro profissional, mas se trata antes de um processo complexo e contínuo de formação e ação. Como observado acima, o que define o administrador ético são principalmente as suas posturas, seus comportamentos, e não apenas conceitos ou características. 4.2. A ÉTICA NO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA UFRN O curso de graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) está vinculado ao Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), e foi criado no final da década de 1960, sendo federalizado pela Lei 5.702, de 14 de setembro de 1971, e posteriormente, em 1977, foi reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC). Atualmente o curso conta, entre graduação e pós-graduação, com 52 professores, atuando nas mais diversas áreas da Administração, nos campos de ensino, pesquisa e extensão. O número atual de alunos matriculados no curso chega a 856 estudantes, distribuídos em turmas pela manhã e noite. A cada semestre formam-se cerca de 100 novos bacharéis em Administração, contribuindo exponencialmente para a qualificação dessa atividade e do mercado. Esses dados evidenciam a grandeza e a importância do papel que o curso em questão tem para a UFRN, para o estado do Rio Grande do Norte e para o país como um todo, em produzir conhecimento e fomentar a evolução das ciências administrativas. Neste sentido, é indispensável pensar como o elemento da ética está situado dentro do curso e, para tanto, analisaram-se todos os planos de ensino das disciplinas do curso, buscando identificar quais os elementos da ética que estão presentes, se estão, ao longo da graduação. Hoje, a estrutura curricular do curso de administração da UFRN está composta de 48 disciplinas obrigatórias, distribuídas entre 08 (turno matutino) ou 10 (turno noturno) períodos, ultrapassando as 2.700 horas/aula. No entanto, de todo esse contingente de conteúdo, apenas 01 única disciplina é dedicada ao estudo da ética. Trata-se da disciplina de Filosofia e Ética nas Organizações, que dispõe de uma carga horária de 60 horas/aula e é aplicada no primeiro semestre do curso. Na ementa atual dessa disciplina consta o seguinte: Os fundamentos da ética: A ética e a moral – aspectos conceituais; Os constituintes do campo ético: cultura, religião; Ética e lei; Ética nas organizações; Ética e Administração; Ética Empresarial; Códigos de ética; Ética, cidadania empresarial e 50 sustentabilidade; Ética nas áreas empresariais. Responsabilidade Social Corporativa: Origem e Evolução; Marketing social. Inicialmente, parece ser uma disciplina bem completa acerca da questão, mas é preciso questionar-se como tantos conceitos e tantos conteúdos serão trabalhados em apenas 60 horas/aula? De que forma esses temas serão avaliados para que se comprove o aprendizado dos alunos? A finalidade desse conteúdo é a formação ética do aluno ou apenas a sua instrução conceitual? Comecemos pela última questão. Segundo o plano de ensino do período letivo 2014.1, os objetivos gerais dessa disciplina são: “Estimular a reflexão crítica sobre a importância da ética nas organizações; suscitar discussões sobre a conduta ética dos administradores; estabelecer o vínculo entre ética e responsabilidade social”. Observa-se que os objetivos têm um direcionamento teórico, marcado pelo estímulo à reflexão, mas também possui um foco de abordagem prática, marcada pelas discussões acerca da conduta ética do administrador. Além disso, percebe-se também uma preocupação com a compreensão de uma relação maior, entre ética e responsabilidade social das organizações. Todo esse enfoque se faz importantíssimo para assegurar o percurso que deve ser feito pelos alunos e pelo docente no decorrer da referida disciplina, de forma a se estabelecer um aprendizado completo, e adequado às demandas da realidade. Para alcançar tais objetivos, o conteúdo da disciplina está organizado em 03 unidades, com enfoques diferenciados. A primeira trabalha uma “abordagem reflexiva sobre ética”; a segunda aborda a “ética nas organizações”; e a terceira unidade trabalha a relação entre “responsabilidade social e ética”. Desse modo, é possível perceber que a disciplina toma um caráter processual de formação, partindo de conceitos e teorias básicas até à discussão sobre a aplicabilidade de todo o conteúdo estudado. No que tange a metodologia de abordagem e exploração do conteúdo, o plano de ensino atual mostra que a disciplina se desenvolve basicamente a partir de aulas expositivas, com explanação, debates, trabalhos em grupo e análise de casos reais relacionados com os temas abordados, além da utilização do Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA) e de outros meios secundários. Esse formato parece se repetir em boa parte das disciplinas do curso. Mas especificamente na disciplina de ética, se consolida como uma metodologia quase padrão, visto que se espera, a partir desses moldes, apresentar e possibilitar aos alunos o aprendizado acerca da ética nas organizações e na administração em si. 51 A avaliação dos alunos ao longo da disciplina é efetuada por meio de trabalhos individuais e grupais, a exemplo de seminários; e principalmente através de avaliações (provas) individuais sobre o conteúdo abordado em cada parte da disciplina. Não é possível, no entanto, através do plano de ensino, analisar mais detalhadamente o formato dessas avaliações. O que se pode supor é que essa avaliação é utilizada conforme os moldes comuns da educação formal, ou seja, tem como maior finalidade testar os conhecimentos dos alunos, não sendo possível afirmar em que medida esse “teste” funciona efetivamente para assegurar o seu aprendizado. Um último ponto que merece atenção na análise da disciplina descrita acima é o fato de que a mesma é a única disciplina de toda a estrutura curricular analisada a incluir o Código de Ética dos Profissionais de Administração (CEPA) no seu conteúdo. Como visto anteriormente, o CEPA é o maior e mais completo instrumento para orientação do exercício ético da administração. Portanto, considera-se de fundamental importância a discussão e o aprofundamento deste instrumento dentro do curso de Administração. Além da disciplina específica sobre ética, foram analisados também os planos de ensino das outras disciplinas do curso, identificando-se aquelas que incluem a ética na sua ementa, conteúdo ou objetivos. No que diz respeito à ementa e aos conteúdos, apenas 04 componentes de toda a estrutura curricular abordam a ética em algum momento, são elas: a) Gestão da Tecnologia da Informação, de 60 horas, cuja ementa traz como um dos tópicos de trabalho os “Desafios éticos e impactos da TI na organização”; b) Marketing I, de 60 horas, cuja ementa propõe trabalhar “Ética no marketing e as responsabilidades sociais do marketing”; c) Jogos de Empresas, de 30 horas, cuja ementa inclui o termo “ética” como um dos elementos a serem considerados no decorrer da disciplina; d) Gestão de Empreendimentos Não Governamentais, de 30 horas, cuja ementa não menciona a ética, mas no seu conteúdo programático estabelece como um dos pontos “A ética nas relações entre empresas e sociedade”. É importante que se diga que, as três primeiras, apesar de trazerem a ética na sua ementa, não fazem qualquer menção ao tema em questão no conteúdo programático ou nas “competências e habilidades” esperadas para os alunos ao final do curso. Também é preciso salientar que, a presença do temo “ética” na ementa ou no conteúdo, por si só, não assegura que houve realmente discussão acerca da temática. Mas, inicialmente, funciona como uma forma de explicitar a preocupação (ou não) com a formação ética dos alunos. 52 É possível ainda encontrar o tema da ética presente em outras 03 disciplinas, seja nos objetivos ou dentro das “competências e habilidades” esperadas. Neste último ponto, as disciplinas de Orçamento Público e de Administração Financeira II expressam a expectativa de que, após o curso da disciplina, o aluno esteja apto para “atuar de forma ética, compreendendo a relação entre o organizacional, o econômico-financeiro e o social”. Já a disciplina de Empreendedorismo coloca que um de seus objetivos é “refletir sobre as questões éticas nos negócios”; e que uma das habilidades a serem adquiridas é a “ética no empreendedorismo”. No entanto, nas três disciplinas, a temática sobre ética não aparece na ementa, nem tampouco no conteúdo programático se faz qualquer menção. Verifica-se aí uma grande contradição pedagógica e metodológica, pois as disciplinas se propõem para discutir a ética, mas não contemplam a ética em seus conteúdos. Considera-se contraditório esperar ou supor que o aluno irá desenvolver uma competência ou habilidade relativa à ética, sem estudar, refletir ou discutir qualquer coisa a esse respeito no decorrer da disciplina. Além dos componentes curriculares analisados, também foi verificado que outras disciplinas, que não mencionam a ética, trazem o elemento correlato nos seus objetivos. Trata-se da reflexão crítica, presente nos planos de ensino das disciplinas de Administração da Produção I; Estudos Organizacionais Contemporâneos; Psicologia Aplicada à Administração; Economia para Administração; Gestão Empresarial; e, Metodologia Científica e Pesquisa em Administração. Refletir de maneira crítica os temas estudados em qualquer disciplina refere-se a uma forma de conduzir os alunos à reflexão ética, desde que a crítica utilizada se posicione neste sentido. Diante da análise construída a partir dos planos de ensino dos componentes curriculares do curso estudado, percebe-se que a ética está colocada em um lugar de pouca relevância ao longo do curso. Tanto a quantidade de disciplinas que abordam a ética é mínima, como também a forma com que é abordada se mostra contraditória e até superficial, conforme foi discutido. Tudo isso expressa que o curso de Administração da UFRN, no geral, tem uma estrutura mais centrada na formação técnica dos alunos, em detrimento da sua formação ética. É necessário então buscar um equilíbrio entre a formação técnica e ética dos alunos, de modo que os conteúdos da primeira sejam abordados sob a ótica da reflexão e do agir da segunda. Esse quadro pode ser visto também como um reflexo da realidade global da educação brasileira. No Brasil, a educação tem se restringido cada vez mais a um caráter instrucional e técnico, formando meros cientistas, quando deveria antes estar formando sujeitos críticos e 53 com potencial de transformação (FREIRE, 2004 apud MARUITI, 2009). A formação de administradores no Brasil é apontada por Covre (1981) como incapaz de proporcionar aos novos profissionais uma visão crítica sobre o sistema social e produtivo em que se vive. Segundo esta autora, os novos administradores vão atuar na manutenção de tudo que está posto, quando na verdade deveriam atuar na sua transformação. Diante disso, o papel real de um curso superior deve ir além do processo de instruir o estudante, preocupando-se antes com a formação superior dos sujeitos (PENA, 1994). Essa verdadeira formação, por sua vez, exige o estudo aprofundado sobre ética e sua abordagem interdisciplinar. Apenas assim será possível formar profissionais com capacidade de ler e se posicionar criticamente acerca da realidade (PAULINO, 2003). 4.3. VISÃO DOS DISCENTES SOBRE A FORMAÇÃO ÉTICA NO CURSO Esta parte se dedica a discutir os resultados obtidos a partir da análise dos questionários aplicados junto aos alunos concluintes do curso de Administração da UFRN, buscando demonstrar as suas percepções acerca do fenômeno estudado. 4.3.1. Descrições da Amostra Serão apresentadas, a seguir, as características que identificam o perfil da amostra dos respondentes desta pesquisa, composta de um total de 45 indivíduos. Tal identificação se faz necessária para que se possa conhecer o grupo pesquisado e assim melhor apreender sua visão acerca da temática em estudo. 4.3.1.1. Sexo da Amostra A partir dos dados levantados na pesquisa de campo, verificou-se que, 56% da amostra pesquisada é composta por indivíduos do sexo masculino, enquanto 44% são do sexo feminino. Essa proporção indica uma relação de paridade entre os gêneros dentro do curso de Administração da UFRN, o que demonstra que este é um curso igualmente disputado entre homens e mulheres. Esta relação está expressa no Gráfico 1 abaixo. 54 Gráfico 1 – Sexo da amostra Fonte: Dados do estudo, 2014. 4.3.1.2. Faixa etária da Amostra Há grande predominância dos respondentes na faixa etária que vai dos 21 aos 25 anos, correspondendo a 64,4% dos pesquisados. Em seguida temos a faixa etária entre 26 e 30 anos, com 20,0%; acima dos 35 anos, com 8,9%; de 31 a 35 anos, com 4,4%; e menos de 20 anos, com 2,2% da amostra. Esses dados evidenciam que o universo estudado é predominante jovem, ou seja, composto de pessoas que estão cursando a sua primeira graduação e possivelmente iniciando uma carreira profissional. O Gráfico 2 abaixo representa os dados acima descritos. 55 Gráfico 2 – Faixa etária da amostra Fonte: Dados do estudo, 2014. 4.3.1.3 Experiência profissional dos pesquisados Dentre os pesquisados, 96% exercem atividade algum tipo de atividade remunerada, e apenas 4% não. Isso demonstra que, ao final do curso, a entrada no mercado de trabalho ou inserção em alguma atividade acadêmica é quase certa, conforme está representado no gráfico 3. Gráfico 3 – Exercício de atividade remunerada pela amostra Fonte: Dados do estudo, 2014. 56 Já entre aqueles que desenvolvem alguma atividade remunerada, a maior parte, 39,5%, atua como funcionário de empresas privadas; 37,2% como estagiário/trainne; 9,3% atuam no serviço público; também 9,3% como profissionais autônomos; e, 4,7% disseram atuar noutras ocupações profissionais. Esses dados estão demonstrados no Gráfico 4 a seguir e mostram que há maior concentração de profissionais do curso atuando como funcionários do setor privado ou ainda como estagiário/trainne. Estes dados reforçam que o curso superior funciona como uma porta de entrada para o mercado de trabalho, e, a julgar pela maior oferta e atratividade do setor privado, justifica-se sua predominância. Gráfico 4 – Categoria de ocupação profissional da amostra Fonte: Dados do estudo, 2014. 4.3.1.4. Carga horária integralizada do curso De toda a amostra pesquisada, 55,6% dos indivíduos encontram-se na faixa que vai dos 91% aos 95% de carga horária do curso integralizada, ou seja, cumprida. 17,8% estão na faixa que vai dos 86% aos 90%; 11,1% estão entre 81% e 85%; 8,9% estão com mais de 95% de integralização; e, 6,7% com menos de 80%. Esses números evidenciam que a amostra pesquisada já cursou a maior parte do curso, estando pois inteiramente apta para responder e opinar acerca do fenômeno estudado. O percentual de integralização descrito encontra-se demonstrado também no Gráfico 5 adiante. 57 Gráfico 5 – Percentual de integralização do curso Fonte: Dados do estudo, 2014. 4.3.2. Ética nas disciplinas gerais de Administração Como foi visto anteriormente, na análise da estrutura do curso de administração da UFRN, o estudo da ética possui apenas uma disciplina específica, e é teoricamente incluído noutras disciplinas do curso. Em relação à discussão de ética noutras disciplinas, 56% dos alunos pesquisados responderam que isto ocorreu poucas vezes ao longo do curso; 33% afirmam que essa discussão nunca ocorreu; 7% dizem ter ocorrido somente uma vez; e, apenas 4% disseram ter ocorrido muitas vezes. Esses dados estão expressos no Gráfico 6 apresentado a seguir. 58 Gráfico 6 – Ocorrência de discussão sobre ética ao longo do curso (global) Fonte: Dados do estudo, 2014. As respostas dos alunos pesquisados corroboram com a análise feita com os planos de ensino, confirmando que a ética está relegada como conteúdo secundário ao longo do curso. Além de que praticamente um terço dos respondentes afirma nunca ter discutido sobre ética em outras disciplinas além daquela que é específica de ética, do restante, a imensa maioria afirma que essa discussão só aconteceu poucas vezes ou ainda uma única vez. Esse quadro é um retrato preocupante, pois indica uma lacuna na abordagem e na condução das disciplinas do curso, as quais excluem a reflexão ética de suas discussões. Como é possível que o aluno de Administração compreenda o valor da ética se esta nem sequer é discutida na sala de aula? Como este aluno poderá tomar decisões éticas sem nunca tê-la relacionado com as situações práticas da profissão? É necessário entender que esta fragilidade no campo da formação não é uma característica exclusiva do curso de administração, mas que também atinge outras áreas do conhecimento (LOPES, 2001). Este autor explica esse cenário a partir do método científico moderno, o qual, segundo ele, está centrado na reprodução do conhecimento. Mudar este paradigma surge assim como um caminho importante para empreender uma nova formação, realmente capaz de responder as demandas do mundo atual. É preciso compreender também que a ética não se aprende isoladamente, mas sim em integração com as demais áreas do curso. No entanto, os dados mostram que no curso de Administração da UFRN, a ética está sendo, quase que completamente, isolada das outras 59 disciplinas, transformando-se em mero conhecimento teórico, sem potencial de aplicação concreta. Para os alunos que disseram ter discutido sobre ética noutra disciplina pelo menos uma vez, foi perguntado ainda em qual ou quais disciplinas teria ocorrido essa discussão. Foram apontadas 20 disciplinas específicas, as quais foram agrupadas em 08 áreas temáticas da administração, a saber: Gestão de Pessoas; Finanças; Marketing; Tecnologia da Informação (TI); Administração Pública; Gestão do 3º Setor; Direito; e, um grupo de disciplinas Genéricas, assim denominadas por que trabalham com várias áreas do conhecimento administrativo. A relação entre essas áreas e a discussão ética está representada no Gráfico 7 a seguir: Gráfico 7 – Discussão sobre ética nas disciplinas do curso (por área) Fonte: Dados do estudo, 2014. A área de Gestão de Pessoas, compreendendo as disciplinas de Gestão de Pessoas I e II, Desenvolvimento Gerencial e Interpessoal, Comportamento Organizacional e Gestão de Pessoas em geral, é a que concentra o maior índice de discussão ética, tendo sido apontada por 63,6% dos respondentes. Em seguida vem o grupo das disciplinas Genéricas (40,9%), que compreende Administração Estratégica, Teoria Geral das Organizações (TGO), Empreendedorismo, Gestão Empresarial, Jogos de Empresas e Responsabilidade Socioambiental. O área da Administração Pública, composta pelas disciplinas de Fundamentos da Administração Pública, Orçamento Público e no geral, foi apontada por 27,3% dos alunos. Na 60 área de Direito, apontada por 22,7% dos respondentes, as disciplinas apontadas foram Direito Administrativo, Noções de Direito Civil e Comercial e no geral. Depois, apontada por 18,2% dos alunos, vem a área de Gestão do 3º Setor, com as disciplinas de Gestão de Empreendimentos Não Governamentais, Gestão de Empreendimentos Econômico Solidários e geral. Igualmente apontadas por 13,6% dos estudantes, estão as áreas de Marketing, com Marketing II e no geral; e Finanças, com Administração Financeira II, Orçamento Empresarial e Finanças no geral. Por fim, apontada por 9,1% dos alunos, está a área de TI, compreendendo a disciplina de Gestão da Tecnologia da Informação e TI em geral. A predominância das disciplinas ligadas à Gestão de Pessoas chama a atenção em relação as outras áreas e, se por um lado indica o interesse dos respectivos docentes em promover a discussão ética, por outro expressa o desinteresse dos professores das demais áreas em também fazê-lo. A explicação para a predominância dessa área pode estar no fato de que, por se tratar justamente da área que lida diretamente com as pessoas, acaba incorrendo em reflexões e discussões sobre o fator humano nas organizações. Isto implica em estudar questões como os conflitos de interesses, a motivação, o comportamento dos profissionais, tomada de decisão, o papel da liderança, dentre outros. Todos esses temas, por sua vez, acabam por aproximar os alunos de dilemas de cunho ético e moral, constituindo-se em oportunidades propícias para suscitar a discussão sobre ética e correlacioná-la com os conteúdos disciplinares. Em relação as demais áreas, o que se pode dizer é que as disciplinas apontadas correspondem justamente àquelas que foram relacionadas na análise da estrutura curricular, o que pode ser considerado um fator positivo. Isso indica que os docentes estão cumprindo com o disposto no plano de ensino e, em alguma medida, estão promovendo a discussão ética na sala de aula. Porém, os percentuais ainda são baixos e corroboram com os dados do Gráfico 6, sobre a discussão ética, demonstrando que essa ainda é uma prática explorada de forma pontual e pouco sistemática. Há que se falar ainda sobre áreas importantes que nem sequer foram apontadas pelos respondentes, como por exemplo a área de Administração da Operações (produção), uma das 04 funções gerenciais básicas, e a área de pesquisa científica em Administração. No primeiro caso, trata-se de uma área que compreende várias disciplinas ao longo do curso e para a qual há um campo de atuação bem diversificado, sobretudo na indústria. No segundo, por tratar-se de uma atividade recorrente ao longo do curso, com implicações acadêmicas e também profissionais, seria imprescindível estudar como a ética se relaciona e se aplica na pesquisa. 61 4.3.3. Ética nos conteúdos abordados no curso Um fator crucial para o aprendizado e para a formação de qualquer estudante é o conteúdo trabalhado nas aulas, seja na forma de livros, artigos, vídeos, etc. Estes materiais são os principais instrumentos de estudo do aluno ao longo do curso, servindo de base para a sua compreensão e aprofundamento de todo o conteúdo ministrado. O cuidado na escolha e utilização de materiais que explorem os conteúdos de maneira crítica, fomentando a reflexão ética, se constitui numa forma eficaz para aproximar tal reflexão dos alunos. Questionados sobre essa relação, 60,0% dos alunos disseram que esse estímulo por parte dos conteúdos ocorreu poucas vezes; 15,6% afirmam que isso nunca ocorreu; 13,3% dizem ter ocorrido muitas vezes; e, 11,1% disseram que ocorreu uma única vez, conforme o Gráfico 8 abaixo. Gráfico 8 – Ocorrência de estímulo à reflexão ética através dos conteúdos Fonte: Dados do estudo, 2014. Na chamada era da informação em que se vive, os materiais e formatos para abordagem e exploração de determinado conteúdo são elementos cujo papel é reconhecido como essencial na aprendizagem, em qualquer estágio de formação. No caso estudado, os alunos precisam de contar com um material adequado, que responda tanto às necessidades de compreensão como também de aplicação real do conteúdo estudado. Neste sentido, o curso de administração deve proporcionar instrumentos de aprendizagem que estimulem o aluno a desenvolver todos os conhecimentos, habilidades e atitudes requeridas ao Administrador. 62 Alonso, López e Castrucci (2012) afirmam que a ética deve ser o primeiro princípio prático do comportamento humano. Ou seja, a ética deveria ser o elemento mais básico nas decisões e ações do administrador. Sendo assim uma dimensão fundamental a ser considerada no exercício profissional da administração, a ética deveria se inserir profundamente no conteúdo estudado pelos alunos no decorrer do curso. No entanto, como foi demonstrado anteriormente, mais uma vez o que se verifica é justamente o oposto. A imensa maioria dos pesquisados aponta que nos conteúdos do curso, há pouco estímulo à reflexão ética. Essa realidade contribui para uma compreensão limitada e possivelmente equivocada sobre qual posição o administrador deve tomar frente às situações de seu cotidiano profissional e aos dilemas éticos. 4.3.4. Ética na avaliação do aluno A avaliação do aluno, na forma de trabalhos e/ou de testes (provas), se constitui num outro aspecto de máxima relevância para compreensão do fenômeno estudado, vez que é por meio dela que se mede o nível de aprendizado e, portanto, de formação dos alunos. Sobre a relevância da Ética nas avaliações realizadas no decorrer do curso, 55,6% dos respondentes afirmaram que esse foi um tema pouquíssimo relevante; 24,4% disseram ter sido mais ou menos relevante; 17,8% afirmam não ter sido nada relevante; e, apenas 2,2% disseram que o tema foi muito relevante nas avaliações ao longo do curso, conforme está posto no Gráfico 9 adiante. 63 Gráfico 9 – Relevância da ética nas avaliações Fonte: Dados do estudo, 2014. Os dados mostram que, no momento da avaliação, também não existe grande preocupação com a ética. Ou seja, conforme os resultados da pesquisa, os alunos indicam que estão sendo avaliados e considerados “aprovados” sem que suas posturas ou seus posicionamentos sejam julgados sob o prisma da ética na Administração. Se o estudante não percebe qualquer cobrança ética, ou a percebe minimamente, ao longo de tantas avaliações no decorrer da graduação, como esperar que, profissionalmente, o aluno dê importância a essa questão? O curso de Administração, como espaço de formação superior que qualifica profissionais para administrar organizações com as mais diversas missões e de variados setores, não pode isentar-se da tarefa de avaliar adequadamente seus alunos. E isso não pode estar restrito à quantidade de informações aprendidas. É necessário avaliar também a qualidade dessas informações, bem como o modo como são encaradas e utilizadas pelos alunos. A ética deveria se colocar então como tema de excepcional relevância, no sentido de que, a partir das avaliações, fosse possível também acompanhar e estimular o desenvolvimento moral dos alunos ao longo do curso. O processo de formação moral é o meio mais apropriado para assegurar o desenvolvimento de condutas efetivamente éticas (ALONSO; LÓPEZ e CASTRUCCI, 2012). Por isso, ao considerar a ética na avaliação do aluno, o curso estará se posicionando favoravelmente à evolução dos níveis e estágios morais desse aluno. Consequentemente, estará formando profissionais verdadeiramente conscientes e éticos. 64 4.3.5. Ética na postura do docente O professor tem um papel fundamental no processo de formação de qualquer ser humano e de qualquer profissional. No caso dos alunos de administração, o professor exerce não apenas o papel de disseminador do conhecimento, mas também de orientador e exemplo enquanto profissional (MARUITI, 2009). Questionados sobre o estímulo que perceberam nos professores para refletir, discutir ou se posicionar de maneira ética, os alunos pesquisados responderam que isso ocorreu poucas vezes (66,7%); muitas vezes (17,8%); uma única vez (8,9%); e que nunca ocorreu (6,7%). O Gráfico 10 a seguir expressa estes números. Gráfico 10 – Ocorrência de estímulo ético por parte dos docentes Fonte: Dados do estudo, 2014. Os dados revelam, mais uma vez, o pouco estímulo da parte dos professores de administração para com a formação ética dos alunos. Apesar de haver uma parte representativa dos alunos (17,8%) afirmando que esse estímulo ocorreu muitas vezes, ainda é um número ínfimo se comparado à proporção dos que dizem o contrário. Ainda sobre essa relação, perguntados sobre a ocorrência de estímulo a ideias e/ou comportamentos antiéticos, pelos docentes, 51,1% dos pesquisados responderam que isso nunca ocorreu; 28,9% dizem ter ocorrido poucas vezes; 11,1% muitas vezes; e, 8,9% uma única vez. O Gráfico 11 a seguir mostra esses dados. 65 Gráfico 11 – Ocorrência de estímulos antiéticos por parte dos docentes Fonte: Dados do estudo, 2014. Aqui há um dado positivo, visto que pouco mais da metade (51,1%) dos pesquisados afirma que os docentes nunca estimularam comportamentos ou ideias antiéticas no decorrer do curso. Por outro lado, a outra metade (48,9%) diz ter percebido isso pelo menos uma vez, o que é preocupante. Se, por um lado, o não estímulo do professor à ética já é prejudicial para a formação completa dos alunos, por outro, o estímulo à antiética é um fator que descaracteriza tal formação. O professor, enquanto profissional e mestre da Administração, necessita reconhecer-se como agente que desperta nos alunos valores e atitudes, que podem ser positivos ou negativos para o seu desenvolvimento profissional. Diversos autores (GIL, 2008; IMBERNÓN, 2000; MARUITI, 2009) mostram que o professor exerce uma influência enorme sobre o aluno, seja na perspectiva do aprendizado, seja no desenvolvimento de sua conduta profissional. Por isso, o docente precisa esforçar-se para envolver os estudantes na construção do conhecimento estudado, relacionando-o com a ética, e assim formando profissionais melhores. Percebe-se assim que, a ética é algo primordial para a formação de profissionais capazes de lidar com as complexidades e necessidades atuais da sociedade e das organizações. Dessa forma, o ideal seria que os professores sempre estimulassem a reflexão e o posicionamento éticos dos alunos, de modo que isso estivesse implicado na sua práxis cotidiana. No entanto, como verificado na pesquisa com os discentes, isso ainda não ocorre, mas é imprescindível que seja desenvolvido. 66 4.3.6. Estudo do Código de Ética dos Profissionais de Administração (CEPA) Conforme foi discutido anteriormente, o CEPA é o maior instrumento norteador da conduta ética do profissional de administração, tornando-se pois indispensável na formação do administrador. Apesar disso, 71% dos alunos pesquisados disseram que não conhecem o CEPA, enquanto apenas 29% afirmam conhecer o código, como está expresso no Gráfico 12 a seguir: Gráfico 12 – Conhecimento sobre o CEPA, pelos alunos Fonte: Dados do estudo, 2014. Esse resultado demonstra mais uma lacuna crítica na formação ética dos alunos ao longo do curso, pois esses 71% que não conhecem o CEPA, se não o conhecem é por que nunca o estudaram no curso. Ou seja, tem-se um curso que forma profissionais de Administração, sem nem ao menos conhecer o código de ética da sua classe. Em relação a necessidade de estudar o CEPA no decorrer do curso, dentre aqueles que não conhecem o código, 91% consideraram que ele deveria ser estudado no curso, e apenas 9% acham que não deveria, conforme demonstra o Gráfico 13 adiante. 67 Gráfico 13 – Necessidade de estudar o CEPA no decorrer do curso Fonte: Dados do estudo, 2014. Os alunos que responderam sobre essa necessidade ainda apontaram os motivos pelos quais acreditam nisso, com respostas girando em torno da necessidade de o profissional conhecer e atuar conforme o CEPA. Para obter uma melhor compreensão sobre isso, destacam-se a seguir alguns exemplos de razões apontadas pelos próprios alunos pesquisados: A. “Todo código de ética deve ser prerrogativa de ação de quaisquer profissionais. O simples desconhecimento da existência de tal código se mostra um absurdo e evidencia a fragilidade da formação oferecida no curso de Administração da UFRN”. B. “Com certeza deveria ser estudado e abordado com mais frequência. Estou próxima de colar grau e não sabia da existência desse código. Considero de muita relevância conhecê-lo para que podemos ter parâmetro de ética profissional, àquela ligada aos valores que devemos transparecer em nossa atuação como administradores”. C. “Sim, toda informação e discussão referente a ética é relevante sim para a formação de toda a academia. No nosso curso de administração deveríamos ter mais professores focados em debater e trazer exemplos, ao invés de falar dos colegas de profissão. Infelizmente muitos docentes já são antiéticos na sala de aula, falando dos próprios colegas de profissão”. 68 D. “É importante a nível de conscientização e tal conhecimento gera reflexões sobre comportamentos certos e errados, que acompanharão as tomadas de decisões ao longo da carreira”. Fica evidentemente claro que há sim uma necessidade não atendida pelo curso de Administração da UFRN em relação à formação ética, que é a abordagem acerca do CEPA. Corroborando com essa compreensão, os alunos que afirmaram conhecer o CEPA também foram questionados a respeito do seu estudo ao longo do curso, e 61,5% disseram que esse estudo ocorreu apenas uma única vez; 23,1% afirmam que nunca ocorreu no curso; e 15,4% dizem ter ocorrido poucas vezes. Esses números estão representados no Gráfico 14 abaixo. Gráfico 14 – Ocorrência de estudo do CEPA durante o curso Fonte: Dados do estudo, 2014. Os alunos em sua maioria não conhecem o CEPA, e aqueles que o conhecem pouco o estudaram durante o curso. Observa-se novamente a comprovação de que não tem havido a necessária discussão sobre ética no decorrer do curso estudado. É válido salientar que o próprio CEPA, no inciso X do seu Art. 1º, estabelece que: “Aos profissionais envolvidos no processo de formação dos Profissionais de Administração, cumpre informar, orientar e esclarecer sobre os princípios e normas contidas neste Código” (CFA, RN nº 393/2010, p.5). Assim, observa-se que os docentes não estão cumprindo com esta determinação, talvez por julgarem desnecessário ou ainda por que provavelmente 69 também não conheçam o CEPA. Faz-se necessário então dar uma atenção especial para conhecer e promover o conhecimento sobre o Código dentro do curso analisado. 4.3.7. Importância da ética para o desempenho profissional Após a investigação acerca dos elementos do curso de administração, buscou-se também identificar a percepção dos alunos sobre a ética no exercício da profissão. Assim, questionados sobre a importância dessa dimensão para a sua vida profissional, 73,3% dos respondentes consideram a ética como algo muito importante; 22,2% como importante; e, 4,4% a consideram mais ou menos importante. O Gráfico 15 abaixo ilustra esses dados. Gráfico 15 – Importância da ética no exercício profissional do administrador Fonte: Dados do estudo, 2014. Esse resultado vem refutar o argumento generalista de que os alunos não têm interesse na ética, ou ainda que eles já chegam no curso com uma concepção antiética. Tonelli (1994 apud PAULINO, 2003) afirma que o estudante de Administração é muitas vezes encarado como materialista e individualista, visão que, segundo a autora, é preconceituosa e pode interferir negativamente no processo de ensino e aprendizagem. Os dados vêm justamente na contramão dessas ideias, mostrando que os estudantes reconhecem o valor da ética para o seu exercício profissional enquanto administradores. Isto, por sua vez, indica que o curso, apesar das deficiências já apontadas, está contribuindo de algum modo com essa conscientização. 70 Os dados também servem para reforçar a necessidade de ampliação da discussão ética ao longo do curso. O reconhecimento dos alunos demonstra não apenas a sua consciência de valor, mais também a sua compreensão prática de que isto, a ética, é uma dimensão requisitada ao administrador pelo mercado de trabalho. Nas empresas e demais organizações da sociedade atual, cresce a exigência por profissionais éticos, confiáveis e responsáveis, que tenham uma visão holística e capacidade crítica para compreender e solucionar os problemas, atingindo os objetivos organizacionais. É esse o cenário de atuação do administrador, no qual a ética tem se tornado cada vez mais relevante. Para melhor compreender isso, o Gráfico 16 a seguir mostra o quanto os alunos priorizam a ética como elemento importante para o seu sucesso profissional, em relação também com outras variáveis. Gráfico 16 – Prioridades para o sucesso profissional do administrador Fonte: Dados do estudo, 2014. O Gráfico expressa o nível de prioridade, de 1 a 5, que os alunos conferem para cada uma das variáveis: Lucro, Satisfação do Cliente, Crescimento Organizacional, Crescimento Pessoal e Práticas Éticas. Ou seja, a prioridade 1 indica aquilo que é primeiramente buscado pelo aluno na busca pelo seu sucesso profissional e assim sucessivamente. Como se pode ver, a realização de práticas éticas é apontada como prioridade 1 por 22,2% dos alunos; 13,3% apontam como prioridade 2; 15,6% como prioridade 3; 22,2% como uma prioridade 4; e, 26,7% como uma prioridade 5. Em relação as demais variáveis, o 71 percentual de prioridade 1 está equiparado ao apontado para a variável Lucro, enquanto é inferior com relação as outras. Mas ainda assim os índices não se mantém tão distantes. O que chama atenção é que, mesmo sem muita disparidade, a maior parte dos alunos (26,7%) apontou as Práticas Éticas como sendo a última prioridade na sua busca pelo sucesso. Na outra ponta, a Satisfação do Cliente (33,3%) e o Crescimento Pessoal (31,1%) são as variáveis mais apontadas como prioridade 1. É importante salientar que, na questão respondida, os alunos eram questionados sobre a importância de cada variável, a partir de sua experiência no curso. Ou seja, a maior priorização de outros pontos em relação a ética reflete a realidade do curso, onde existe uma maior valorização de outras áreas/temas em comparação com a ética, conforme já foi discutido antes. Enfim, os dados acima descritos não deixam de expressar a importância da ética para os alunos e para o seu exercício profissional. Mas também reforçam que é necessário investir mais e melhor na formação ética dentro do curso de administração. Somente a partir desta formação é que os alunos poderão vivenciar mudanças em suas concepções e valores pessoais. Tais transformações interiores são fundamentais e, sem elas, de nada adiantam as mudanças externas (ROHDEN, 1997). Por isso, conforme Adorno (1995), a educação deve proporcionar uma contínua autorreflexão crítica dos sujeitos, assegurando a ética como elemento central na vida e na profissão dos indivíduos. 72 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta seção é dedicada às conclusões gerais a respeito do estudo realizado e dos resultados obtidos e já discutidos. Em seguida, são elencadas as limitações da pesquisa e possibilidades de estudos futuros acerca da temática trabalhada. 5.1. CONCLUSÕES GERAIS Pensar ou estudar ética, em profundidade, é arriscar encontrar-se inesperadamente com os próprios conflitos morais e éticos. É reconhecer e aprender com as próprias falhas e buscar transformação. A divisão desta palavra – TRANS-FORMA-AÇÃO – dá uma ideia interessante sobre a finalidade da ética (ou do seu estudo). Trans significa mudar, logo, a ética nos impulsiona a mudar a forma da ação, ou seja, mudar o modo de agir, o comportamento. É sob esta perspectiva de ética que o presente trabalho propôs-se a investigar o impacto do curso de Administração da UFRN (campus central) na formação ética dos seus alunos. Como profissional que planeja, organiza, dirige e controla o trabalho de outros indivíduos, e a vida de empresas, organizações sociais, órgãos públicos etc., o administrador tem um papel social inegável e intransferível. Cabe ao administrador zelar pelos interesses e necessidades de todos aqueles que estão envolvidos, e pelos que são impactados, por suas decisões e ações. Isto implica em pensar nos funcionários que lhes são subordinados, nos colegas de profissão, nos seus superiores, nos clientes, na organização, na comunidade e ambiente em que atua, e na sociedade como um todo. Sem essa compreensão holística e crítica do seu papel, será impossível cumpri-lo corretamente, e, dessa forma, o administrador pode se tornar apenas mais um técnico, com decisões e ações limitadas ao operacional. Ou pior que isso, pode tornar-se um gestor insensível às necessidades alheias e, consequentemente, capaz de assumir uma conduta antiética para alcançar seus interesses pessoais, em detrimento dos demais. Em face desse contexto, a ética surge como uma legítima e importante aliada das Ciências Administrativas, uma vez que será por meio da formação ética que se constituirá um caminho diferenciado de atuação profissional, pautada em valores éticos e morais. Tais valores possibilitam a conscientização e sensibilização do administrador em relação à complexidade e responsabilidade do seu papel profissional e social. 73 Para tanto, os cursos de formação superior em Administração precisam verdadeiramente promover uma formação superior. Ou seja, os cursos devem incluir a formação ética entre suas prioridades mais elementares. Fagundes (2006) esclarece que não é possível aceitar uma educação neutra com relação aos valores. Assim, não é possível conceber um curso de Administração em que seja ausente a formação ética e moral dos alunos. Outro ponto que merece ser destacado nestas considerações, por se tratar de um instrumento crucial dentro da problemática estudada, é o Código de Ética dos Profissionais de Administração (CEPA). A partir do CEPA, foi possível delinear a conduta ética proposta e esperada para o administrador, contemplando todas as responsabilidades que envolvem o papel deste profissional. Os resultados da análise, bem como dos dados da pesquisa de campo, evidenciaram que o CEPA é um elemento importantíssimo de ser estudado pelos alunos de Administração. No entanto, no caso estudado, a ausência de estudo do CEPA, e mesmo da formação ética dos alunos, é constatada a partir de diferentes aspectos analisados, começando pela estrutura curricular, passando pela metodologia, pelos professores e, por fim, pelos próprios alunos. Através do estudo, da compreensão e da reflexão sobre a aplicação do CEPA, o aluno poderia conscientizar-se com clareza de seus deveres e da sua missão profissional, tendo a ética como uma referência central e inviolável. Mesmo assim, no decorrer do curso analisado, o CEPA é tema pouquíssimo explorado, sendo desconhecido da imensa maioria dos estudantes. Desse modo, faz-se urgente promover uma correlação do conteúdo do CEPA com os temas discutidos nas disciplinas do curso. O curso de Administração da UFRN possui uma estrutura curricular vasta e bastante diversificada, englobando disciplinas não apenas específicas da Administração, mas também do Direito, da Psicologia, da Economia, da Contabilidade, etc. Essa abrangência de conteúdos se dá justamente pela necessidade de compreensão e interpretação que o administrador terá ao se deparar com cenários complexos e que envolvem múltiplas variáveis, as quais não se limitam ao conhecimento restrito da ciência administrativa. Assim, o curso reconhece que para exercer a Administração com êxito, o aluno necessita dispor de um corpo amplo de conhecimentos e habilidades. Apesar de reconhecer tudo isso, a estrutura curricular do curso se apresenta fragilizada no que tange ao estudo e reflexão acerca da ética. Considerando que esta não é, nem pode ser aprendida, como um conteúdo isolado em si, o ideal seria que permeasse todas as áreas e disciplinas do currículo, de forma inter e multidisciplinar. 74 Porém, não é isso que ocorre. Não bastasse a existência de uma única disciplina, durante todo o curso, que trata sobre ética, entre as demais, poucas mencionam a ética em seus planos de ensino e menos da metade foram apontadas pelos alunos como componentes em que houve discussão ética em algum momento. Um currículo assim, que não prioriza a ética de forma mais abrangente, torna-se por vezes demasiadamente técnico. Ou seja, formam-se experts, potencialmente capazes de compreender e interpretar teorias, relatórios, números e variáveis complexas. E, no entanto, sem a devida orientação do que fazer, ou de como agir frente aos dilemas éticos. O papel e o valor da ética e da moral ficam então subjugados por uma estrutura curricular que dá maior ênfase à formação técnico-científica, em detrimento de uma formação humana, ética e moral. Para Krüger (1988 apud PAULINO, 2003), a educação moral deveria possuir igual importância em relação ao desenvolvimento da inteligência e do saber, uma vez que no decorrer da vida, o homem sempre irá deparar-se com conflitos e decisões de ordem moral. Desse modo, percebe-se como latente a necessidade de uma discussão sistemática e aprofundada a respeito do alinhamento real da estrutura curricular do curso analisado com a dimensão ética da Administração. No que diz respeito a metodologia de ensino do curso analisado, considerando-se principalmente os instrumentos de estudo do conteúdo e as formas de avaliação, a ética continua ocupando um espaço pequeno e pouco relevante. Este é um desafio estratégico a ser superado, pois a partir dos instrumentos e métodos utilizados é possível despertar alunos e professores para a reflexão ética acerca dos temas estudados. Supõe-se, por exemplo, que, se no livro de marketing, ou no exercício de finanças, houver questões ou problemas de cunho moral ou ético, isso irá aproximar o conteúdo da disciplina com a ética. Por conseguinte, abre- se o caminho para que o aluno (ou mesmo o professor) comece a enxergar essa relação, entre a gestão e a ética. E a partir daí a distância entre duas ciências comumente tratadas em separado, torna-se menor. Os professores, por sua vez, são os agentes diretos da formação dos alunos, sendo por isso os principais responsáveis pelo estímulo e incentivo ao seu desenvolvimento acadêmico. É do professor a tarefa de planejar, organizar e conduzir o processo de aulas, indicar o material diádico necessário ao curso, escolher a metodologia de ensino e de avaliação, orientar os alunos em suas dificuldades com a matéria, e acompanhar o desenvolvimento da turma. São grandes responsabilidades, com implicações diretas no aprendizado dos alunos e no seu desenvolvimento. Mas, além dos aspctos apresentados, o professor é, como colocado 75 anteriormente, um exemplo para os seus alunos. Ou seja, o aluno enxerga no professor um modelo de profissional que um dia irá se tornar. Nesse contexto, o docente precisa apropriar-se conscientemente da amplitude e da importância do seu papel frente aos estudantes. E, reconhecendo isto, chega-se a necessidade de que o professor atue de modo a provocar ou estimular a reflexão e conduta éticas dos alunos. Não se trata de colocar estritamente sobre os docentes a responsabilidade de formar ética e moralmente os discentes, pois como se sabe este é um processo de formação contínuo ao longo da vida, que ultrapassa os limites da universidade. Mas, trata-se antes de reconhecer que este é também o papel do professor. Papel este inclusive que ainda vem sendo cumprido de maneira tímida e deficitária pelos professores de Administração da UFRN, conforme apontaram os dados. Sugere-se então que é necessário despertar os docentes para a problemática discutida, de forma que se comprometam em incluir a ética no seu exercício da docência em Administração. E essa discussão remete ao envolvimento direto da Coordenação do curso e do Departamento de Ciências Administrativas, na revisão dos conteúdos programáticos das disciplinas do curso em questão, bem como no estímulo a reflexão coletiva e individual sobre o tema ética na formação dos futuros administradores. Em relação aos alunos, que foram o público-alvo da pesquisa de campo, conclui-se que demonstram certa consciência em relação à importância da ética para o seu exercício profissional no âmbito da Administração. Além disso, também reconhecem que o curso apresenta uma deficiência nesse campo de formação, e que isso deveria ser modificado. É importante destacar essas percepções, visto que os alunos são os destinatários finais e consequentemente os principais interessados no desenvolvimento de uma formação ética ao longo do curso de Administração. Diante disso, a universidade, especificamente a UFRN, não pode isentar-se de responder adequadamente às necessidades dos alunos, as quais, frise-se, refletem também as necessidades do mercado e da sociedade atuais. Neste sentido, cabe ressaltar que é essencial desenvolver uma diretriz socialmente responsável, orientando corretamente a educação moral e ética do administrador (PAULINO, 2003). Por fim, com base nos resultados discutidos e nas considerações feitas, verifica-se que o curso de Administração da UFRN (campus central) tem exercido um impacto pequeno, muito aquém do devido e do esperado, na formação ética dos alunos graduados na instituição em análise. 76 Conforme provoca Bertero (2006), o primeiro passo para transformar ou melhorar a formação oferecida, é pensar no profissional que se quer formar. Ou seja, se pretende-se formar um administrador competente, ético e responsável, então é necessário comprometer-se em construir um novo lugar e um novo olhar para a ética dentro do curso de Administração. Um lugar e um olhar que correspondam efetivamente à importância desse tema na trajetória do administrador. Este lugar, por sua vez, deve ser alicerçado em um profundo processo de reflexão autocrítica, pessoal, profissional e institucional. É por meio deste processo que cada agente envolvido na formação em Administração poderá reconhecer-se como tal, enxergando suas próprias deficiências e buscando colocar-se a serviço da formação ética almejada e necessária. 5.2. LIMITAÇÕES DA PESQUISA A presente pesquisa teve como primeira limitação a dificuldade de obter resposta aos questionários, disponibilizados eletronicamente via formulário no dispositivo Google Docs. Boa parte dos indivíduos constituintes do universo populacional da pesquisa demorou para responder, e outra parte sequer respondeu. No entanto, apesar da dificuldade, a amostra de respondentes obtida foi suficiente para representar a visão da população. Outra limitação significativa foi em relação à bibliografia, na qual não se encontram muitos estudos de análise prática acerca da formação ética de administradores. Existem numerosos estudos sobre ética na Administração, mas poucos se propõem a analisar a ética nos elementos concretos da formação em Administração, como o currículo ou a metodologia dos cursos superiores, por exemplo. Essa relativa ausência de referências dificultou um pouco a elaboração do marco teórico, bem como a análise dos dados da pesquisa de campo e da estrutura curricular. Mesmo assim, foi possível estabelecer uma análise coerente e considerações relevantes sobre a problemática estudada. 5.3. PERSPECTIVAS PARA PESQUISAS FUTURAS O presente estudo, para além dos seus objetivos específicos, espera poder provocar toda a comunidade acadêmica, sobretudo os estudiosos das Ciências Administrativas, à tarefa de aprofundar a discussão e produção científica sobre ética na formação em Administração. Conforme ficou expresso ao longo de todo o estudo, é necessário reconhecer e ampliar o 77 espaço da ética dentro do curso de Administração da UFRN. Neste sentido, com o intuito de preencher as lacunas existentes sobre o assunto e de promover a verdadeira evolução da Administração enquanto ciência e profissão, elencam-se abaixo algumas questões que podem originar pesquisas futuras nessa área:  Quais são as formas de atuação dos professores do curso de graduação em administração da UFRN para estimular a reflexão e conduta éticas dos alunos formados na instituição?  Como trabalhar e desenvolver a reflexão ética nas diversas áreas do curso de graduação em Administração da UFRN?  Qual o impacto do curso de graduação em Administração da UFRN no processo de desenvolvimento moral dos administradores aí formados?  Como as regras e normas institucionais influenciam na conduta ética de professores e alunos do curso de graduação em Administração da UFRN?  Qual a importância da ética no exercício profissional dos administradores formados pelo curso de graduação em Administração da UFRN? As questões sugeridas se apresentam como importantes problemas a serem discutidos e estudados em profundidade, com vistas a assegurar o crescente aprimoramento da formação oferecida pelo curso de administração da UFRN. Contudo, reconhece-se que tais questionamentos, por si só, não dão conta de contemplar o universo de inquietações que podem surgir em face da relação entre ética e formação de administradores. O que se pretende, porém, é provocar a investigação de questões iniciais consideradas fundamentais para aprofundar a problemática estudada neste trabalho. 78 REFERÊNCIAS ADORNO, T. W. Educação e emancipação. São Paulo: Paz e Terra, 1995. ALONSO, F. R.; CASTRUCCI, P. L.; LOPEZ, F. G. Curso de ética em administração: empresarial e pública. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012. ARRUDA, M. C. C. de. Código de ética: um instrumento que adiciona valor. São Paulo: Negócio Editora, 2002. ARRUDA, M. C. C. de; WHITAKER, M. C.; RAMOS, J. M. R. Fundamentos de ética empresarial e econômica. 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São Paulo: Atlas, 2011. 81 APÊNDICES 82 APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE PESQUISA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO A Formação Ética do Administrador: Uma análise do curso de Administração da UFRN (campus central) Prezado(a) Colega, O presente questionário faz parte do meu trabalho de conclusão do curso (TCC) de graduação em Administração na UFRN, o qual aborda a relação entre o curso de Administração desta universidade e a formação ética de seus alunos. Este trabalho está sendo orientado pela Professora Dra. Ana Patrícia Rodrigues Leite (aprleite@gmail.com). A presente pesquisa objetiva investigar qual o impacto do curso de Graduação em Administração da UFRN na formação ética dos Administradores formados na Instituição, na visão dos discentes concluintes e dos docentes do curso. Neste sentido, não existem respostas certas ou erradas para as questões deste instrumento de pesquisa, pretendendo-se captar apenas a sincera visão que os alunos têm sobre o tema. Importa destacar ainda que os dados serão analisados de forma global, e não individualizada, e que todas as informações coletadas serão utilizadas para fins estritamente acadêmicos. Sendo preservado o anonimato dos respondentes. Desde já, agradeço pela colaboração! Estamos à disposição para responder a qualquer dúvida. Francisco Geovani dos Santos – E-mail: geovani.santos_10@hotmail.com *Obrigatório 1. Além da disciplina de Filosofia e Ética nas Organizações (1º período), você se lembra de discutir Ética noutras disciplinas do curso: * Nunca Uma única vez Poucas Vezes Muitas Vezes Sempre 2. Caso sua resposta anterior tenha sido afirmativa, em qual ou quais disciplinas? * 3. De forma geral, os conteúdos (livros, artigos, textos, filmes, etc.) trabalhados ao longo do curso estimularam a reflexão ética a respeito dos temas e situações apresentados: * Nunca Uma única vez Poucas vezes Muitas vezes 83 Sempre 4. Nas avaliações (trabalhos e provas) realizadas no curso, a ética sempre foi tema: * Nada relevante Pouquíssimo relevante Mais ou menos Relevante Muito relevante 5. Por parte dos(as) professores(as) do curso, o estímulo à reflexão, discussão e posicionamento ético, relacionando com o conteúdo da disciplina, ocorreu: * Nunca Uma única vez Poucas vezes Muitas vezes Sempre 6. Ainda sobre os(as) professores(as), você identifica que houve da parte deles(as) estímulo à ideias e/ou comportamentos antiéticos na Administração: * Nunca Uma única vez Poucas vezes Muitas vezes Sempre 7. Você conhece o Código de Ética dos Profissionais de Administração (CEPA)? * Sim Não 8. Caso não conheça o CEPA, acredita que o código deveria ser estudado durante o curso? Por quê? * 9. Caso conheça o CEPA, estudou sobre este instrumento durante o curso de Administração:* Nunca Uma única vez Poucas vezes 84 Muitas vezes Sempre 10. Para o seu exercício profissional enquanto Administrador, você considera a Ética como algo: * Sem importância Pouquíssimo importante Mais ou menos importante Importante Muito importante 11. A partir de sua experiência no curso, você considera que, para ser um administrador bem sucedido, o mais importante é buscar prioritariamente: * (você deve enumerar as alternativas de 1 a 5, de acordo com o grau de prioridade) Prioridade 1 Prioridade 2 Prioridade 3 Prioridade 4 Prioridade 5 Lucro Satisfação do Cliente Crescimento Organizacional Crescimento Pessoal Práticas Éticas na Organização 12. Sexo * Masculino Feminino 13. Faixa Etária: * Menos de 20 anos De 21 a 25 anos De 26 a 30 anos De 31 a 35 anos Mais de 35 anos 14. Exerce atividade remunerada? * Sim Não 15. Caso exerça atividade remunerada, assinale a categoria de sua ocupação profissional: * Estagiário/Trainne Servidor Público 85 Profissional Autônomo Funcionário em Empresa Privada Outro: 16. Percentual de carga horária integralizada (cumprida) do curso: * Menos de 80% De 81% a 85% De 86% a 90% De 91% a 95% Mais de 95% 86 ANEXOS 87 ANEXO A – CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO RESOLUÇÃO NORMATIVA CFA Nº 393, DE 6 DE DEZEMBRO DE 2010 Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de Administração (CEPA) e o Regulamento do Processo Ético do Sistema CFA/CRAs, e dá outras providências. O CONSELHO FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO, no uso da competência que lhe conferem a Lei nº 4.769, de 9 de setembro de 1965, o Regulamento aprovado pelo Decreto nº 61.934, de 22 de dezembro de 1967, e o Regimento do CFA aprovado pela Resolução Normativa CFA n° 392, de 3 de dezembro de 2010, CONSIDERANDO que o estabelecimento de um Código de Ética para os profissionais da Administração, de forma a regular a conduta moral e profissional e indicar normas que devem inspirar o exercício das atividades profissionais, é matéria de alta relevância para o exercício profissional, CONSIDERANDO que o Código de Ética dos Profissionais de Administração está expressamente citado na alínea g do artigo 7º da Lei nº 4.769, de 9 de setembro de 1965, e na alínea g do artigo 20 do Decreto nº 61.934, de 22 de dezembro de 1967, CONSIDERANDO, com fundamento no art. 7º, alínea g, da Lei nº 4.769, já mencionada, que compete aos Conselhos Federal e Regionais de Administração operacionalizar e zelar pela fiel execução do Código de Ética dos Profissionais de Administração; e a DECISÃO do Plenário na 19ª reunião, realizada no dia 3 de dezembro de 2010, RESOLVE: Art. 1º Aprovar o novo CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO (CEPA) e o REGULAMENTO DO PROCESSO ÉTICO DO SISTEMA CFA/CRAs. Art. 2º Esta Resolução Normativa entrará em vigor na data da sua publicação, revogadas as disposições em contrário, especialmente a Resolução Normativa CFA nº 353, de 9 de abril de 2008. Adm. Roberto Carvalho Cardoso Presidente CRA/SP nº 097 88 CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO (Aprovado pela Resolução Normativa CFA nº 393, de 6 de dezembro de 2010) SUMÁRIO Preâmbulo................................................................................................................ 1 Capítulo I - Dos Deveres.................................................................................. 1 Capítulo II - Das Proibições. ............................................................................ 2 Capítulo III - Dos Direitos ................................................................................. 4 Capítulo IV - Dos Honorários Profissionais ....................................................... 4 Capítulo V - Dos Deveres Especiais em Relação aos Colegas ....................... 5 Capítulo VI - Dos Deveres Especiais em Relação à Classe ............................. 6 Capítulo VII - Das Infrações Disciplinares .......................................................... 7 Capítulo VIII - Das Disposições Finais ............................................................... 8 REGULAMENTO DO PROCESSO ÉTICO DO SISTEMA CFA/CRAS (Aprovado pela Resolução Normativa CFA nº 393, de 6 de dezembro de 2010) SUMÁRIO Capítulo I - Disposições Gerais....................................................................... 9 Capítulo II - Dos Tribunais de Ética dos Profissionais de Administração......... 9 Capítulo III - Dos Direitos e Deveres do Interessado....................................... 10 Capítulo IV - Da Forma, Tempo e Lugar dos Atos do Processo...................... 11 Capítulo V Da Ciência ao Interessado........................................................... 12 Capítulo VI - Dos Prazos................................................................................. 13 89 Capítulo VII - Das Provas................................................................................. 14 Capítulo VII - Das Exceções............................................................................. 14 Capítulo IX - Das Nulidades............................................................................. 15 Capítulo X - Da Prescrição.............................................................................. 15 Capítulo XI - Do Início do Processo.................................................................. 16 Capítulo XII - Da Defesa.................................................................................... 16 Capítulo XIII - Do Saneamento do Processo...................................................... 17 Capítulo XIV - Da Análise e Julgamento das Infrações...................................... 17 Capítulo XV - Da Fixação e Gradação das Penas............................................. 18 Capítulo XVI - Das Sustentações Orais.............................................................. 19 Capítulo XVII - Da Extinção do Processo............................................................ 20 Capítulo XVIII - Dos Recursos em Geral.............................................................. 20 Capítulo XIX - Do Trânsito em Julgado.............................................................. 21 Capítulo XX - Das Disposições Finais............................................................. 21 90 CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO (Aprovado pela Resolução Normativa CFA nº 393, de 6 de dezembro de 2010) PREÂMBULO I - De forma ampla a Ética é definida como a explicitação teórica do fundamento último do agir humano na busca do bem comum e da realização individual. II - O exercício da atividade dos Profissionais de Administração implica em compromisso moral com o indivíduo, cliente, empregador, organização e com a sociedade, impondo deveres e responsabilidades indelegáveis. III - O Código de Ética dos Profissionais de Administração (CEPA) é o guia orientador e estimulador de novos comportamentos e está fundamentado em um conceito de ética direcionado para o desenvolvimento, servindo simultaneamente de estímulo e parâmetro para que o Administrador amplie sua capacidade de pensar, visualize seu papel e torne sua ação mais eficaz diante da sociedade. CAPÍTULO I DOS DEVERES Art. 1º São deveres do Profissional de Administração: I - exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, defendendo os direitos, bens e interesse de clientes, instituições e sociedades sem abdicar de sua dignidade, prerrogativas e independência profissional, atuando como empregado, funcionário público ou profissional liberal; II - manter sigilo sobre tudo o que souber em função de sua atividade profissional; III - conservar independência na orientação técnica de serviços e em órgãos que lhe forem confiados; IV - comunicar ao cliente, sempre com antecedência e por escrito, sobre as circunstâncias de interesse para seus negócios, sugerindo, tanto quanto possível, as melhores soluções e apontando alternativas; V - informar e orientar o cliente a respeito da situação real da empresa a que serve; VI - renunciar, demitir-se ou ser dispensado do posto, cargo ou emprego, se, por qualquer forma, tomar conhecimento de que o cliente manifestou desconfiança para com o seu trabalho, hipótese em que deverá solicitar substituto; 91 VII - evitar declarações públicas sobre os motivos de seu desligamento, desde que do silêncio não lhe resultem prejuízo, desprestígio ou interpretação errônea quanto à sua reputação; VIII - esclarecer o cliente sobre a função social da organização e a necessidade de preservação do meio ambiente; IX - manifestar, em tempo hábil e por escrito, a existência de seu impedimento ou incompatibilidade para o exercício da profissão, formulando, em caso de dúvida, consulta ao CRA no qual esteja registrado; X - aos profissionais envolvidos no processo de formação dos Profissionais de Administração, cumpre informar, orientar e esclarecer sobre os princípios e normas contidas neste Código. XI - cumprir fiel e integralmente as obrigações e compromissos assumidos, relativos ao exercício profissional; XI - manter elevados o prestígio e a dignidade da profissão. CAPÍTULO II DAS PROIBIÇÕES Art. 2º É vedado ao Profissional de Administração: I - anunciar-se com excesso de qualificativos, admitida a indicação de títulos, cargos e especializações; II - sugerir, solicitar, provocar ou induzir divulgação de textos de publicidade que resultem em propaganda pessoal de seu nome, méritos ou atividades, salvo se em exercício de qualquer cargo ou missão, em nome da classe, da profissão ou de entidades ou órgãos públicos; III - permitir a utilização de seu nome e de seu registro por qualquer instituição pública ou privada onde não exerça pessoal ou efetivamente função inerente à profissão; IV - facilitar, por qualquer modo, o exercício da profissão a terceiros, não habilitados ou impedidos; V - assinar trabalhos ou quaisquer documentos executados por terceiros ou elaborados por leigos alheios à sua orientação, supervisão e fiscalização; VI - organizar ou manter sociedade profissional sob forma desautorizada por lei; VII - exercer a profissão quando impedido por decisão administrativa do Sistema CFA/CRAs transitada em julgado; 92 VIII - afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo temporariamente, sem razão fundamentada e sem notificação prévia ao cliente ou empregador; IX - contribuir para a realização de ato contrário à lei ou destinado a fraudá- la, ou praticar, no exercício da profissão, ato legalmente definido como crime ou contravenção; X - estabelecer negociação ou entendimento com a parte adversa de seu cliente, sem sua autorização ou conhecimento; XI - recusar-se à prestação de contas, bens, numerários, que lhes sejam confiados em razão do cargo, emprego, função ou profissão, assim como sonegar, adulterar ou deturpar informações, em proveito próprio, em prejuízo de clientes, de seu empregador ou da sociedade; XII - revelar sigilo profissional, somente admitido quando resultar em prejuízo ao cliente ou à coletividade, ou por determinação judicial; XIII - deixar de cumprir, sem justificativa, as normas emanadas dos Conselhos Federal e Regionais de Administração, bem como atender às suas requisições administrativas, intimações ou notificações, no prazo determinado; XIV - pleitear, para si ou para outrem, emprego, cargo ou função que esteja sendo ocupado por colega, bem como praticar outros atos de concorrência desleal; XV - obstar ou dificultar as ações fiscalizadoras do Conselho Regional de Administração; XVI - usar de artifícios ou expedientes enganosos para obtenção de vantagens indevidas, ganhos marginais ou conquista de contratos; XVII - prejudicar, por meio de atos ou omissões, declarações, ações ou atitudes, colegas de profissão, membros dirigentes ou associados das entidades representativas da categoria. CAPÍTULO III DOS DIREITOS Art. 3º São direitos do Profissional de Administração: I - exercer a profissão independentemente de questões religiosas, raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, condição social ou de qualquer natureza discriminatória; II - apontar falhas nos regulamentos e normas das instituições, quando as julgar indignas do exercício profissional ou prejudiciais ao cliente, devendo, nesse caso, dirigir-se aos órgãos competentes, em particular ao Tribunal Regional de Ética dos Profissionais de Administração e ao Conselho Regional de Administração; 93 III - exigir justa remuneração por seu trabalho, a qual corresponderá às responsabilidades assumidas a seu tempo de serviço dedicado, sendo-lhe livre firmar acordos sobre salários, velando, no entanto, pelo seu justo valor; IV - recusar-se a exercer a profissão em instituição pública ou privada onde as condições de trabalho sejam degradantes à sua pessoa, à profissão e à classe; V - participar de eventos promovidos pelas entidades de classe, sob suas expensas ou quando subvencionados os custos referentes ao acontecimento; VI - a competição honesta no mercado de trabalho, a proteção da propriedade intelectual sobre sua criação, o exercício de atividades condizentes com sua capacidade, experiência e especialização. CAPÍTULO IV DOS HONORÁRIOS PROFISSIONAIS Art. 4º Os honorários e salários do Profissional de Administração deverão ser fixados, por escrito, antes do início do trabalho a ser realizado, levando-se em consideração, entre outros, os seguintes elementos: I - vulto, dificuldade, complexidade, pressão de tempo e relevância dos trabalhos a executar; II - possibilidade de ficar impedido ou proibido de realizar outros trabalhos paralelos; III - as vantagens de que, do trabalho, se beneficiará o cliente; IV - a forma e as condições de reajuste; V - o fato de se tratar de locomoção na própria cidade ou para outras cidades do Estado ou do País; VI - sua competência e renome profissional; VII - a menor ou maior oferta de trabalho no mercado em que estiver competindo; VIII - obediência às tabelas de honorários que, a qualquer tempo, venham a ser baixadas, pelos respectivos Conselhos Regionais de Administração, como mínimos desejáveis de remuneração. Art. 5° É vedado ao Profissional de Administração: I - receber remuneração vil ou extorsiva pela prestação de serviços; II - deixar de se conduzir com moderação na fixação de seus honorários, devendo considerar as limitações econômico-financeiras do cliente; 94 III - oferecer ou disputar serviços profissionais, mediante aviltamento de honorários ou em concorrência desleal. CAPÍTULO V DOS DEVERES ESPECIAIS EM RELAÇÃO AOS COLEGAS Art. 6° O Profissional de Administração deverá ter para com seus colegas a consideração, o apreço, o respeito mútuo e a solidariedade que fortaleçam a harmonia e o bom conceito da classe. Art. 7° Com relação aos colegas, o Profissional de Administração deverá: I - evitar fazer referências prejudiciais ou de qualquer modo desabonadoras; II - recusar cargo, emprego ou função, para substituir colega que dele tenha se afastado ou desistido, visando a preservação da dignidade ou os interesses da profissão ou da classe; III - evitar emitir pronunciamentos desabonadores sobre serviço profissional entregue a colega; IV - evitar desentendimentos com colegas, usando, sempre que necessário, o órgão de classe para dirimir dúvidas e solucionar pendências; V - tratar com urbanidade e respeito os colegas representantes dos órgãos de classe, quando no exercício de suas funções, fornecendo informações e facilitando o seu desempenho; VI - na condição de representante dos órgãos de classe, tratar com respeito e urbanidade os colegas Profissionais de Administração, investidos ou não de cargos nas entidades representativas da categoria, não se valendo dos cargos ou funções ocupados para prejudicar ou denegrir a imagem dos colegas, não os levando à humilhação ou execração; VII - auxiliar a fiscalização do exercício profissional e zelar pelo cumprimento do CEPA, comunicando, com discrição e fundamentadamente aos órgãos competentes, as infrações de que tiver ciência; Art. 8° O Profissional de Administração poderá recorrer à arbitragem do Conselho Regional de Administração nos casos de divergência de ordem profissional com colegas, quando for impossível a conciliação de interesses. CAPÍTULO VI DOS DEVERES ESPECIAIS EM RELAÇÃO À CLASSE Art. 9° Ao Profissional de Administração caberá observar as seguintes normas com relação à classe: 95 I - prestigiar as entidades de classe, propugnando pela defesa da dignidade e dos direitos profissionais, a harmonia e a coesão da categoria; II - apoiar as iniciativas e os movimentos legítimos de defesa dos interesses da classe, participando efetivamente de seus órgãos representativos, quando solicitado ou eleito; III - aceitar e desempenhar, com zelo e eficiência, quaisquer cargos ou funções, nas entidades de classe, justificando sua recusa quando, em caso extremo, achar-se impossibilitado de servi-las; IV - servir-se de posição, cargo ou função que desempenhe nos órgãos de classe, em benefício exclusivo da classe; V - difundir e aprimorar a Administração como ciência e como profissão; VI - cumprir com suas obrigações junto às entidades de classe às quais se associou, inclusive no que se refere ao pagamento de contribuições, taxas e emolumentos legalmente estabelecidos; VII - acatar e respeitar as deliberações dos Conselhos Federal e Regional de Administração CAPÍTULO VII DAS INFRAÇÕES DISCIPLINARES Art. 10. Constituem infrações disciplinares sujeitas às penalidades previstas no Regulamento do Processo Ético do Sistema CFA/CRAs, aprovado por Resolução Normativa do Conselho Federal de Administração, além das elencadas abaixo, todo ato cometido pelo profissional que atente contra os princípios éticos, descumpra os deveres do ofício, pratique condutas expressamente vedadas ou lese direitos reconhecidos de outrem: I - praticar atos vedados pelo CEPA; II - exercer a profissão quando impedido de fazê-lo ou, por qualquer meio, facilitar o seu exercício aos não registrados ou impedidos; III - não cumprir, no prazo estabelecido, determinação de entidade dos Profissionais de Administração ou autoridade dos Conselhos, em matéria destes, depois de regularmente notificado; IV - participar de instituição que, tendo por objeto a Administração, não esteja inscrita no Conselho Regional; V - fazer ou apresentar declaração, documento falso ou adulterado, perante as entidades dos Profissionais de Administração; 96 VI - tratar outros profissionais ou profissões com desrespeito e descortesia, provocando confrontos desnecessários ou comparações prejudiciais; VII - prejudicar deliberadamente o trabalho, obra ou imagem de outro Profissional de Administração, ressalvadas as comunicações de irregularidades aos órgãos competentes; VIII - descumprir voluntária e injustificadamente com os deveres do ofício; IX - usar de privilégio profissional ou faculdade decorrente de função de forma abusiva, para fins discriminatórios ou para auferir vantagens pessoais; X - prestar, de má-fé, orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer ato profissional que possa resultar em dano às pessoas, às organizações ou a seus bens patrimoniais. CAPÍTULO VIII DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 11. Caberá ao Conselho Federal de Administração, ouvidos os Conselhos Regionais e a categoria dos profissionais de Administração, promover a revisão e a atualização do CEPA, sempre que se fizer necessário. Art. 12. As regras processuais do processo ético serão disciplinadas em Regulamento próprio, no qual estarão previstas as sanções em razão de infrações cometidas ao CEPA. Art. 13. O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Administração manterão o Tribunal Superior e os Tribunais Regionais, respectivamente, objetivando o resguardo e aplicação do CEPA. Art. 14. É dever dos CRAs dar ampla divulgação ao CEPA. Aprovado na 19ª reunião plenária do CFA, realizada no dia 3 de dezembro de 2010. Adm. Roberto Carvalho Cardoso Presidente CRA/SP nº 097 97 REGULAMENTO DO PROCESSO ÉTICO DO SISTEMA CFA/CRAS (Aprovado pela Resolução Normativa CFA nº 393, de 6 de dezembro de 2010) CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1º O presente Regulamento trata das regras processuais relativas à tramitação dos processos éticos instaurados no âmbito do Sistema CFA/CRAs. Art. 2° Os Conselhos Federal e Regionais de Administração, quando da instauração e tramitação do processo ético, obedecerão, dentre outros, os princípios da legalidade, finalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório e eficiência. Art. 3° O processo ético somente poderá ser instaurado contra Profissional de Administração legalmente registrado em Conselho Regional de Administração. Parágrafo único. Para os fins deste Regulamento, considera-se interessado todo aquele em relação ao qual foi instaurado o processo ético. CAPÍTULO II DOS TRIBUNAIS DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO Art. 4° O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Administração manterão o Tribunal Superior e os Tribunais Regionais , respectivamente, objetivando o resguardo e aplicação do Código de Ética dos Profissionais de Administração. Art. 5° Os Conselhos Federal e Regionais de Administração fu ncionarão como Tribunal Superior e Tribunais Regionais de Ética , respectivamente. § 1º O Presidente de cada Conselho, Federal ou Regional, será o Presidente do Tribunal de Ética dos Profissionais de Administração respectivo. § 2º No impedimento do Presidente, caso o processo seja instaurado contra ele, presidirá o Tribunal seu su cessor hierárquico, de acordo com o que estabelece o Regimento de cada Conselho. 98 § 3º O Tribunal Superior será auxiliado pelo órgão de apoio administrativo da Presidência do Conselho Federal de Administração e os Tri bunais Regionais serão auxiliados pelo Setor de Fiscalização do Conselho Regional. Art. 6º Compete aos Tribunais Regionais processar e julgar as transgressões ao CEPA, inclusive os Conselheiros Regionais, resguardada a competência originária do Tribunal Superior, aplicando as penalidades previstas, assegurando ao infrator, sempre, amplo direito de defesa. Art. 7º Compete ao Tribunal Superior: I - processar e julgar, originariamente, os Conselheiros Federais no exercício do mandato, em razão de transgressão a princípio ou norma de ética profissional; II - julgar os recursos interpostos contra decisões proferidas pelos Tribunais Regionais. Art. 8° Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior. Parágrafo único. O Tribunal Superior de Ética dos Profissionais de Administração avocará a competência do Tribunal Regional quando este deixar de cumprir o prazo de que trata o artigo 18, § 2º, deste Regulamento Art. 9° As reuniões dos Tribunais Superior e Regionais de Ética ocorrerão em sessões secretas, sendo os processos sigilosos. Parágrafo único. Dos autos do processo somente será permitida vista ao interessado ou a seu representante legal. CAPÍTULO III DOS DIREITOS E DEVERES DO INTERESSADO Art. 10. Quando da instauração de processo ético, o interessado tem os seguintes direitos, sem prejuízo de outros que lhes sejam assegurados: I – ser atendido pelas autoridades e empregados, que deverão permitir o exercício dos seus direitos e o cumprimento de suas obrigações; II – ter conhecimento da tramitação dos processos em que seja interessado, desde que requerido; III – fazer-se assistir ou representar por Advogado, Administrador ou pelo Sindicato dos Profissionais de Administração a que pertencer. 99 § 1º É também direito do interessado conhecer das decisões proferidas. § 2º São ainda direitos do interessado: I – ter vistas dos autos e obter cópias de documentos que o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à imagem; II – obter certidões; III – conhecer das decisões proferidas; IV – formular alegações e apresentar documentos nos prazos fixados, ou até antes da decisão, desde que apresente fatos novos, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente. Art. 11. São deveres do interessado perante os Conselhos Federal e Regionais de Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: I – proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; II – não agir de modo temerário, nem de modo a tumultuar o bom andamento do processo; III – prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos. CAPÍTULO IV DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO Art. 12. Os atos do processo ético não dependem de forma determinada, salvo quando este Regulamento expressamente exigir. § 1º Os atos processuais devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável. § 2º Salvo previsão legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade. 100 § 3º A autenticação de documentos poderá ser feita pelo órgão administrativo. § 4º Os documentos devem ser juntados ao processo em ordem cronológica e as folhas numeradas sequencialmente e rubricadas. § 5º Não se admitem, nos atos e termos, espaços em branco, bem como entrelinhas, emendas ou rasuras, salvo se aqueles forem inutilizados e estas expressamente ressalvadas. Art. 13. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário normal de funcionamento do órgão no qual tramitar o processo. Parágrafo único. Serão praticados ou concluídos depois do horário normal os atos cujo adiamento prejudiquem o curso regular do procedimento ou causem dano ao interessado ou, ainda, aos Conselhos Federal e Regionais de Administração. CAPÍTULO V DA CIÊNCIA AO INTERESSADO Art. 14. Incumbirá ao CRA do local onde tramita o processo proceder a ciência ao interessado, quando denunciado, para conhecimento da denúncia e apresentação, se quiser, de defesa. § 1º Para a validade do processo, é indispensável a ciência inicial do interessado. § 2º A intervenção do interessado no processo supre a falta de cientificação. § 3º A ciência se dará por meio de ofício contendo a finalidade, a identificação do destinatário e o prazo para a prática do ato, quando houver. § 4º A ciência pode ainda ser efetuada por via postal, com aviso de recebimento, por notificação judicial ou extra-judicial. § 5º Será admitida a ciência por meio de edital publicado na imprensa oficial ou jornal de grande circulação quando comprovadamente restarem frustradas as demais hipóteses. 101 Art. 15. A intimação deverá conter: I – identificação do intimado; II – finalidade da intimação; III – data, hora e local em que deverá comparecer ou prazo para se manifestar; IV – se o intimado deverá comparecer pessoalmente ou se poderá ser representado; V – informação da continuidade do processo independentemente do seu comparecimento ou manifestação; VI – indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes. CAPÍTULO VI DOS PRAZOS Art. 16. Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do vencimento. § 1º Nas hipóteses previstas nos §§ 4º e 5º do art. 14 os prazos começarão a fluir a partir da juntada, que deverá ser certificada nos autos, dos comprovantes de entrega ou da publicação do edital. § 2º Os prazos somente começarão a ser contados no primeiro dia útil subsequente ao da cientificação ou da juntada prevista no parágrafo anterior em que houver expediente. § 3º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente ou este for encerrado antes da hora normal. § 4º Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo. § 5º Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àquele do início do prazo, tem- se como termo o dia subsequente. § 6° A prática do ato, antes do prazo respectivo, implicará a desistência do prazo remanescente. 102 Art. 17. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os prazos processuais não se suspendem. Art. 18. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridade responsável pelo processo e do interessado que dele participe devem ser praticados no prazo máximo de 10 (dez) dias, salvo motivo de força maior. §1° O prazo previsto neste artigo poderá ser prorrogado até o dobro, mediante comprovada justificação. § 2º O TREA deverá concluir o julgamento do processo ético em um prazo de 6 (seis) meses, contados a partir de sua instauração, podendo ser prorrogado por mais um mês, na hipótese de o Relator pedir a prorrogação prevista no art. 37, § 2º, deste Regulamento. CAPÍTULO VII DAS PROVAS Art. 19. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo dos deveres do órgão competente relativamente à instrução processual. Art. 20. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes no próprio Conselho, ao Conselho caberá adotar as medidas necessárias à obtenção dos documentos ou das cópias destes. Art. 21. Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão. § 1º Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. § 2º Nos casos em que houver ônus pecuniário para a obtenção de provas solicitadas pelo interessado, incumbirá a estes arcar com as respectivas despesas. Art. 22. Quando dados ou documentos solicitados ao interessado forem necessários à apreciação dos fatos processuais, o não atendimento no prazo fixado pelo CRA para a respectiva apresentação tornará prejudicada tal apreciação, implicando em prejuízo do alegado, pelo próprio interessado. 103 Art. 23. É facultado aos Conselhos Federal e Regionais de Administração, sempre que acharem necessário ao andamento do processo, ou ao julgamento do feito, convocar o interessado para prestar esclarecimentos. CAPÍTULO VIII DAS EXCEÇÕES Art. 24. Será impedido de atuar em processo aquele que esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado. Parágrafo único. O impedimento de que trata este artigo se estende quando a atuação no processo tenha ocorrido pelo cônjuge, companheiro ou parente até o terceiro grau consanguíneo ou afim. Art. 25. Aquele que incorrer em impedimento deverá comunicar o fato ao Presidente do Tribunal de Ética, abstendo-se de atuar no processo. Art. 26 Poderá ser arguida a suspeição daquele que tenha amizade íntima ou inimizade notória com o interessado. § 1o A arguição de que trata o caput deste artigo deverá ser dirigida ao Presidente do Tribunal de Ética e submetida ao Plenário. § 2o Nos casos de suspeição ou impedimento da maioria dos membros do Plenário do CRA, inclusive os Suplentes, caberá ao CFA o julgamento dos processos. Art. 27. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso ao Conselho Federal de Administração. CAPÍTULO IX DAS NULIDADES Art. 28. São nulos: I – os atos praticados por empregado que não tenha competência para fazê-lo; 104 II – as decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição de direito do interessado; III – as decisões destituídas de fundamentação. Art. 29. São passíveis de retificação os atos praticados com vícios sanáveis decorrentes de omissão ou incorreção, desde que sejam preservados o interesse público e o direito do interessado. CAPÍTULO X DA PRESCRIÇÃO Art. 30. A punibilidade dos interessados pelos Tribunais de Ética, por falta sujeita a processo ético, prescreve em 5 (cinco) anos, contados da data da ocorrência do fato. §1º Caso um processo fique paralisado por mais de 3 (três) anos, pendente de despacho ou julgamento, deverá ser arquivado de ofício ou a requerimento do interessado, sem qualquer prejuízo ao interessado. CAPÍTULO XI DO INÍCIO DO PROCESSO Art. 31. O processo ético será instaurado de ofício ou mediante denúncia fundamentada de qualquer autoridade ou particular. Art. 32. A denúncia deverá ser formulada por escrito e conter os seguintes dados: I – órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; II – identificação do denunciante e do denunciado; III – endereço do denunciante e do denunciado; IV – formulação do pedido, com exposição dos fatos, de seus fundamentos e indicação e juntada das provas que existirem; V – data e assinatura do denunciante ou de seu representante. §1º É vedada a recusa imotivada de recebimento da denúncia, devendo o empregado orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas. 105 CAPÍTULO XII DA DEFESA Art. 33. É facultada ao interessado a apresentação de defesa dentro do prazo de 15 (quinze) dias, a serem contados na forma do art. 16 e seus parágrafos, deste Regulamento. Art. 34. Incumbirá ao interessado fazer prova do alegado em sua defesa, devendo acostar aos autos, quando da apresentação da referida peça, os documentos que se fizerem necessários para tal. Parágrafo único. O interessado poderá, também, juntar pareceres, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo. CAPÍTULO XIII DO SANEAMENTO DO PROCESSO Art. 35. Após o recebimento da defesa, ou vencido o prazo sem a sua apresentação, os autos serão encaminhados ao Presidente do Tribunal de Ética, que fará o seu saneamento. Art. 36. Caberá ao Presidente do Tribunal de Ética determinar providências para a sua regularidade e manter a ordem no curso dos respectivos atos, determinando de ofício a produção de provas que entender necessárias ao julgamento do feito. Art. 37. Saneado o processo e encerrada a sua instrução, os autos serão distribuídos ao Conselheiro Relator no prazo máximo de 10 (dez) dias, contados a partir do recebimento da defesa ou após vencido o prazo sem a sua apresentação. § 1º O Relator terá prazo de 30 (trinta) dias, contados a partir da distribuição, para apresentar seu parecer e voto perante o Tribunal de Ética. § 2° O Relator poderá solicitar prorrogação do prazo por mais 30 (trinta) dias para apresentação de seu parecer e voto. § 3º Ao interessado e seu representante legal será facultado assistir ao julgamento de seu processo, devendo-lhe, desde que solicitado previamente, ser comunicada a data, hora e local da realização deste, na forma do art. 15 deste Regulamento. 106 CAPÍTULO XIV DA ANÁLISE E JULGAMENTO DAS INFRAÇÕES Art. 38. São requisitos essenciais do relato do Conselheiro Relator: I – preâmbulo, que deverá indicar o número do processo, o nome do interessado, a capitulação e a tipificação da infração; II – relatório, que deverá conter a exposição sucinta dos termos da autuação e das alegações, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; III – parecer e voto, que deverá conter a indicação dos motivos de fato e de direito em que irá fundar-se a decisão e a sua sugestão de decisão para o Colegiado. Parágrafo único. Quando for vencedor voto divergente do manifestado pelo Relator, este deverá ser fundamentado, tomado a termo nos autos e firmado pelo Conselheiro proponente. Art. 39. Constatada a existência de inexatidões ou erros materiais no relato ou na deliberação, decorrentes de lapso manifesto ou erros de escrita ou de cálculos, poderá o Relator ou o Presidente do órgão julgador, de ofício ou a requerimento do interessado, corrigi-las, suspendendo-se o prazo para eventual recurso. CAPÍTULO XV DA FIXAÇÃO E GRADAÇÃO DAS PENAS Art. 40. A violação das normas contidas neste Regulamento importa em falta que, conforme sua gravidade, sujeita seus infratores às seguintes penalidades: I - advertência escrita e reservada; II - multa; III - censura pública; IV - suspensão do exercício profissional de 30 (trinta) dias a 3 (três) anos. V - cancelamento do registro profissional e divulgação do fato para o conhecimento público. 107 Parágrafo único. Da decisão que aplicar penalidade prevista nos incisos IV e V deste artigo, deverá o Tribunal Regional interpor recurso ex officio ao Tribunal Superior. Art. 41. Na aplicação das sanções previstas neste Regulamento, serão consideradas atenuantes as seguintes circunstâncias: I - ausência de punição anterior; II - prestação de relevantes serviços à Administração; III - infração cometida sob coação ou em cumprimento de ordem de autoridade superior. Art. 42. Salvo nos casos de manifesta gravidade e que exijam aplicação imediata de penalidade mais grave, a imposição das penas obedecerá à gradação do art. 40. Parágrafo único. Avalia-se a gravidade pela extensão do dano e por suas consequências. Art. 43. A advertência reservada será confidencial, sendo que a censura pública, a suspensão e o cancelamento do exercício profissional serão efetivados mediante publicação em Diário Oficial e em outro órgão da imprensa, e afixado em mural pelo prazo de 3 (três) meses, na sede do Conselho Regional do registro principal e na Delegacia do CRA da jurisdição de domicílio do punido. Parágrafo único. Em caso de cancelamento e suspensão do exercício profissional, além dos editais e das comunicações feitas às autoridades competentes interessadas no assunto, proceder-se-á à apreensão da Carteira de Identidade Profissional do infrator. Art. 44. A pena de multa variará entre o mínimo correspondente ao valor de uma anuidade e o máximo do seu décuplo. CAPÍTULO XVI DAS SUSTENTAÇÕES ORAIS Art. 45. É facultada ao interessado a sustentação oral. Parágrafo único. A sustentação oral deverá ser requerida por escrito e obedecerá aos seguintes requisitos: I – deverá ser dada ciência ao interessado do local, data e hora em que o julgamento do feito irá ocorrer, com a antecedência mínima de 10 (dez) dias; 108 II – o tempo concedido para sustentação oral deverá ser de, no máximo, 15 (quinze) minutos, podendo ser prorrogado por igual período. Art. 46. Na sessão de julgamento, após a exposição da causa (relatório) pelo Relator, o Presidente dará a palavra ao interessado ou ao seu representante legal. § 1º Após a sustentação oral, o Relator proferirá seu parecer e voto. § 2º Caso seja contra o Presidente do Conselho, Federal ou Regional, que esteja sendo instaurado o processo ético, quem presidirá os trabalhos será seu sucessor hierárquico, conforme estabelecido no Regimento respectivo. CAPÍTULO XVII DA EXTINÇÃO DO PROCESSO Art. 47. O órgão competente declarará extinto o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente. CAPÍTULO XVIII DOS RECURSOS EM GERAL Art. 48. Das decisões de primeira instância caberá recurso ao TSEA, em face de razões de legalidade e de mérito. § 1º Somente o interessado ou seu representante legal tem legitimidade para interpor recurso. § 2º O recurso será dirigido ao órgão que proferiu a decisão. Art. 49. É de 15 (quinze) dias o prazo para interposição de recurso, contados a partir da intimação, na forma prevista pelos arts. 14 e 15 deste Regulamento. § 1º O recurso deverá ser decidido no prazo máximo de 2 (duas) reuniões plenárias ordinárias do Conselho Federal de Administração, a partir da recepção do processo no CFA. 109 § 2o O prazo mencionado no § 1º deste artigo poderá ser motivadamente prorrogado. § 3º Na análise e julgamento dos recursos aplicar-se-á o disposto nos arts. 38 e 39 deste Regulamento. Art. 50. O recurso será interposto por meio de requerimento, no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de reexame. Art. 51. O recurso não será conhecido quando interposto fora do prazo ou por quem não seja legitimado. Parágrafo único. O juízo de admissibilidade será exercido pelos Conselhos Regionais, aos quais caberá analisar o preenchimento dos requisitos e a tempestividade recursais. CAPÍTULO XIX DO TRÂNSITO EM JULGADO Art. 52. Para os efeitos desta norma, considerar-se-á transitada em julgado a decisão terminativa irrecorrível. CAPÍTULO XX DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 53. Este Regulamento, quando da sua entrada em vigor, aplicar-se-á aos processos que se encontrarem em andamento. Art. 54. Compete ao Conselho Federal de Administração formar jurisprudência quanto aos casos omissos, ouvindo os CRAs, e incorporá-la a este Regulamento. Art. 55. Aplicam-se subsidiariamente ao processo ético as regras gerais do Código de Processo Penal, naquilo que lhe for compatível. Art. 56. O Administrador poderá requerer desagravo público ao Conselho Regional de Administração quando atingido, pública e injustamente, no exercício de sua profissão. Art. 57. Caberá ao Conselho Federal de Administração, ouvidos os CRAs e a classe dos profissionais de Administração, promover a revisão e a atualização do presente Regulamento, sempre que se fizer necessário. 110 Aprovado na 19ª reunião plenária do CFA, realizada no dia 3 de dezembro de 2010. Adm. Roberto Carvalho Cardoso Presidente CRA/SP nº 097 111 ANEXO B – ESTRUTURA CURRICULAR DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA UFRN UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DE ATIVIDADES ACADÊMICAS EMITIDO EM 25/05/2014 14:08 DADOS DA ESTRUTURA CURRICULAR Código: 04ª ADMINISTRAÇÃO - NATAL - Presencial - N - Matriz Curricular: BACHARELADO Unidade de Vinculação: CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS (16.00) Município de funcionamento: NATAL – RN Período Letivo de Entrada em 2009 . 1 Vigor: Carga Horária: Total Mínima 3075 Optativas Mínima 300 Créditos Obrigatórios: 165cr Total - ( 12cr Práticos ) / ( 153cr Teóricos ) Carga Horária Obrigatória: 2775h Total - ( 480h Práticas ) / ( 2295h Teóricas ) Carga Horária Obrigatória de Atividade Acadêmica 180 hrs Específica: Carga Horária de Máxima (240 horas) Componentes Eletivos: Carga Horária por Período Mínima (15 horas) Letivo: Créditos por Período Letivo: Mínimo 1 Médio 20 Máximo 30 Prazos em Períodos Letivos: Mínimo 10 Médio 10 Máximo 14 Componentes Optativos CH Componente Curricular Tipo Natureza Detalhada 30h (2cr) SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR aula ADM0080 DISCIPLINA OPTATIVA I - 30h (2cr) 0h (0cr) lab. 30h (2cr) SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR aula ADM0081 DISCIPLINA OPTATIVA II - 30h (2cr) 0h (0cr) lab. 30h (2cr) SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR aula ADM0082 DISCIPLINA OPTATIVA III - 30h (2cr) 0h (0cr) lab. ADM0083 SEMINÁRIO TEMÁTICO - 30h 30h (2cr) DISCIPLINA OPTATIVA 112 (2cr) aula 0h (0cr) lab. 60h (4cr) CONFLITO E NEGOCIACAO NO aula ADM0104 DISCIPLINA OPTATIVA TRABALHO - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. 60h (4cr) ANALISE E PESQUISA DE aula ADM0307 DISCIPLINA OPTATIVA MERCADO - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. 60h (4cr) ADMINISTRACAO E GERENCIA aula ADM0308 DISCIPLINA OPTATIVA DE VENDAS - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. 45h (3cr) PESQUISA OPERACIONAL - 60h aula ADM0311 DISCIPLINA OPTATIVA (4cr) 15h (1cr) lab. 30h (2cr) PLANEJAMENTO E CONTROLE aula ADM0509 DISCIPLINA OPTATIVA DA PRODUCAO - 60h (4cr) 30h (2cr) lab. 60h (4cr) MERCADO FINANCEIRO - 60h aula ADM0510 DISCIPLINA OPTATIVA (4cr) 0h (0cr) lab. 60h (4cr) TREINAMENTO E aula ADM0513 DISCIPLINA OPTATIVA DESENVOLVIMENTO - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. 60h (4cr) aula ADM0514 ERGONOMIA - 60h (4cr) DISCIPLINA OPTATIVA 0h (0cr) lab. ANALISE E COMPOSICAO DE 60h (4cr) aula ADM0515 CARTEIRA DE INVESTIMENTO - DISCIPLINA OPTATIVA 0h (0cr) 60h (4cr) lab. 60h (4cr) REMUNERACAO ESTRATEGICA aula ADM0519 DISCIPLINA OPTATIVA - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. 60h (4cr) MARKETING DE VAREJO E aula ADM0520 DISCIPLINA OPTATIVA SERVICOS - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. 60h (4cr) MERCADO FUTURO E DE ADM0521 aula DISCIPLINA OPTATIVA OPCOES - 60h (4cr) 0h (0cr) 113 lab. 60h (4cr) QUALIDADE ORGANIZACIONAL aula ADM0527 DISCIPLINA OPTATIVA - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. ALIANCAS ESTRATEGICAS 60h (4cr) aula ADM0528 INTERNACIONALIZACAO - 60h DISCIPLINA OPTATIVA 0h (0cr) (4cr) lab. SISTEMAS INTEGRADOS DE 60h (4cr) aula ADM0529 GESTAO (LABORATORIO) - 60h DISCIPLINA OPTATIVA 0h (0cr) (4cr) lab. 60h (4cr) aula ADM0530 CONTROLADORIA - 60h (4cr) DISCIPLINA OPTATIVA 0h (0cr) lab. 30h (2cr) aula ADM0532 TOPICOS ESPECIAIS I - 30h (2cr) DISCIPLINA OPTATIVA 0h (0cr) lab. 30h (2cr) aula ADM0533 TOPICOS ESPECIAIS II - 30h (2cr) DISCIPLINA OPTATIVA 0h (0cr) lab. 30h (2cr) aula ADM0534 TOPICOS ESPECIAIS III - 30h (2cr) DISCIPLINA OPTATIVA 0h (0cr) lab. 30h (2cr) aula ADM0535 TOPICOS ESPECIAIS IV - 30h (2cr) DISCIPLINA OPTATIVA 0h (0cr) lab. 30h (2cr) aula ADM0536 TOPICOS ESPECIAIS V - 30h (2cr) DISCIPLINA OPTATIVA 0h (0cr) lab. 30h (2cr) aula ADM0537 TOPICOS ESPECIAIS VI - 30h (2cr) DISCIPLINA OPTATIVA 0h (0cr) lab. 30h (2cr) TOPICOS ESPECIAIS VII - 30h aula ADM0538 DISCIPLINA OPTATIVA (2cr) 0h (0cr) lab. 30h (2cr) TOPICOS ESPECIAIS VIII - 30h aula ADM0539 DISCIPLINA OPTATIVA (2cr) 0h (0cr) lab. 114 0h (0cr) aula ATIVIDADE ADM0601 MONITORIA - 60h (0cr) OPTATIVA 60h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) aula ATIVIDADE ADM0602 MONITORIA II - 60h (0cr) OPTATIVA 60h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) aula ATIVIDADE ADM0603 MONITORIA III - 30h (0cr) OPTATIVA 30h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) aula ATIVIDADE ADM0604 MONITORIA IV - 60h (0cr) OPTATIVA 60h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) INICIACAO CIENTIFICA I - 60h aula ATIVIDADE ADM0605 OPTATIVA (0cr) 60h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) INICIAÇÃO CIENTÍFICA II - 60h aula ATIVIDADE ADM0606 OPTATIVA (0cr) 60h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) aula ATIVIDADE ADM0607 BOLSAS BITEC I - 60h (0cr) OPTATIVA 60h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) aula ATIVIDADE ADM0608 BOLSAS BITEC II - 60h (0cr) OPTATIVA 60h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) INICIAÇÃO CIENTÍFICA III - 60h aula ATIVIDADE ADM0609 OPTATIVA (0cr) 60h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) INICIAÇÃO CIENTÍFICA IV - 30h aula ATIVIDADE ADM0610 OPTATIVA (0cr) 30h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) COMUNICAÇÃO EM EVENTO aula ATIVIDADE ADM0611 OPTATIVA LOCAL I - 15h (0cr) 15h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) COMUNICAÇÃO EM EVENTO aula ATIVIDADE ADM0612 OPTATIVA LOCAL II - 15h (0cr) 15h (0cr) COMPLEMENTAR lab. COMUNICAÇÃO EM EVENTO 0h (0cr) ATIVIDADE ADM0613 OPTATIVA REGIONAL OU NACIONAL I - 30h aula COMPLEMENTAR 115 (0cr) 30h (0cr) lab. COMUNICAÇÃO EM EVENTO 0h (0cr) aula ATIVIDADE ADM0614 REGIONAL OU NACIONAL II - OPTATIVA 30h (0cr) COMPLEMENTAR 30h (0cr) lab. 0h (0cr) COMUNICAÇÃO EM EVENTO aula ATIVIDADE ADM0615 OPTATIVA INTERNACIONAL I - 45h (0cr) 45h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) COMUNICAÇÃO EM EVENTO aula ATIVIDADE ADM0616 OPTATIVA INTERNACIONAL II - 45h (0cr) 45h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) PUBLICAÇÕES- ÂMBITO LOCAL aula ATIVIDADE ADM0617 OPTATIVA I - 30h (0cr) 30h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) PUBLICAÇÕES-ÂMBITO LOCAL aula ATIVIDADE ADM0618 OPTATIVA II - 30h (0cr) 30h (0cr) COMPLEMENTAR lab. PUBLICAÇÕES-ÂMBITO 0h (0cr) aula ATIVIDADE ADM0619 REGIONAL OU NACIONAL II - OPTATIVA 30h (0cr) COMPLEMENTAR 30h (0cr) lab. PUBLICAÇÕES-ÂMBITO 0h (0cr) aula ATIVIDADE ADM0620 REGIONAL OU NACIONAL II - OPTATIVA 60h (0cr) COMPLEMENTAR 60h (0cr) lab. 0h (0cr) PUBLICAÇÕES-ÂMBITO aula ATIVIDADE ADM0621 OPTATIVA INTERNACIONAL I - 45h (0cr) 45h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) PUBLICAÇÕES-ÂMBITO aula ATIVIDADE ADM0622 OPTATIVA INTERNACIONAL II - 90h (0cr) 90h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) PROJETOS DE EXTENSÃO I - 60h aula ATIVIDADE ADM0623 OPTATIVA (0cr) 60h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) PROJETOS DE EXTENSÃO II - 60h aula ATIVIDADE ADM0624 OPTATIVA (0cr) 60h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS aula ATIVIDADE ADM0625 OPTATIVA LOCAIS I - 15h (0cr) 15h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 116 0h (0cr) PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS aula ATIVIDADE ADM0626 OPTATIVA LOCAIS II - 15h (0cr) 15h (0cr) COMPLEMENTAR lab. PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS 0h (0cr) aula ATIVIDADE ADM0627 REGIONAIS OU NACIONAIS I - OPTATIVA 30h (0cr) COMPLEMENTAR 30h (0cr) lab. PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS 0h (0cr) aula ATIVIDADE ADM0628 REGIONAIS OU NACIONAIS II - OPTATIVA 30h (0cr) COMPLEMENTAR 30h (0cr) lab. 0h (0cr) PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS aula ATIVIDADE ADM0629 OPTATIVA INTERNACIONAIS I - 45h (0cr) 45h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS aula ATIVIDADE ADM0630 OPTATIVA INTERNACIONAIS II - 45h (0cr) 45h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) ESTÁGIO NÃO-OBRIGATÓRIO I - aula ADM0631 ESTÁGIO OPTATIVA 30h (0cr) 30h (0cr) lab. 0h (0cr) ESTÁGIO NÃO-OBRIGATÓRIO II aula ADM0632 ESTÁGIO OPTATIVA - 30h (0cr) 30h (0cr) lab. 0h (0cr) aula ATIVIDADE ADM0633 EMPRESA JUNIOR I - 30h (0cr) OPTATIVA 30h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) aula ATIVIDADE ADM0634 EMPRESA JÚNIOR II - 30h (0cr) OPTATIVA 30h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) aula ATIVIDADE ADM0635 EMPRESA JÚNIOR III - 60h (0cr) OPTATIVA 60h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) aula ATIVIDADE ADM0636 EMPRESA JÚNIOR IV - 60h (0cr) OPTATIVA 60h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) aula ATIVIDADE DAE0016 ENADE - INGRESSANTE - 0h (0cr) OPTATIVA 0h (0cr) COMPLEMENTAR lab. 0h (0cr) ATIVIDADE DAE0019 ENADE - CONCLUINTE - 0h (0cr) OPTATIVA aula COMPLEMENTAR 117 0h (0cr) lab. 45h (3cr) LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS aula FPE0087 DISCIPLINA OPTATIVA - LIBRAS - 60h (4cr) 15h (1cr) lab. CH Total: 2925hrs. 1º Nível CH Componente Curricular Tipo Natureza Detalhada 60h (4cr) FILOSOFIA E ÉTICA NAS aula ADM0055 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA ORGANIZAÇÕES - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. 60h (4cr) METODOLOGIA CIENTIFICA E aula ADM0500 PESQUISA EM ADMINISTRACAO DISCIPLINA OBRIGATÓRIA 0h (0cr) - 60h (4cr) lab. 60h (4cr) GESTAO EMPRESARIAL - 60h aula ADM0501 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA (4cr) 0h (0cr) lab. 60h (4cr) NOÇÕES DE DIREITO CIVIL E aula DPR0131 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA COMERCIAL - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. 60h (4cr) ECONOMIA PARA aula ECO0312 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA ADMINISTRACAO - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. CH Total: 300hrs. 2º Nível CH Componente Curricular Tipo Natureza Detalhada 30h (2cr) PODER, POLÍTICA E GESTÃO - aula ADM0054 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA 30h (2cr) 0h (0cr) lab. 30h (2cr) GESTÃO DE aula ADM0061 EMPREENDIMENTOS NÃO- DISCIPLINA OBRIGATÓRIA 0h (0cr) GOVERNAMENTAIS - 30h (2cr) lab. 60h (4cr) FUNDAMENTOS DA aula ADM0066 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - 60h DISCIPLINA OBRIGATÓRIA 0h (0cr) (4cr) lab. TEORIA GERAL DAS 60h (4cr) ADM0074 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA ORGANIZAÇÕES - 60h (4cr) aula 118 0h (0cr) lab. 60h (4cr) MACROECONOMIA PARA aula ECO0003 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA ADMINISTRAÇÃO - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. 60h (4cr) MATEMÁTICA PARA aula MAT0041 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA ADMINISTRAÇÃO - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. CH Total: 300hrs. 3º Nível CH Componente Curricular Tipo Natureza Detalhada 45h (3cr) MATEMATICA FINANCEIRA - aula ADM0422 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA 60h (4cr) 15h (1cr) lab. 45h (3cr) CONTABILIDADE APLICADA A aula CON0002 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA ADMINISTRACAO - 60h (4cr) 15h (1cr) lab. NOÇÕES DE DIREITO 60h (4cr) aula DPU0137 ADMINISTRATIVO E DISCIPLINA OBRIGATÓRIA 0h (0cr) TRIBUTÁRIO - 60h (4cr) lab. 45h (3cr) ESTATISTICA APLICADA A aula EST0220 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA ADMINISTRACAO I - 60h (4cr) 15h (1cr) lab. 60h (4cr) PSICOLOGIA APLICADA A aula PSI0086 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA ADMINISTRACAO I - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. CH Total: 300hrs. 4º Nível CH Componente Curricular Tipo Natureza Detalhada 60h (4cr) aula ADM0057 MARKETING I - 60h (4cr) DISCIPLINA OBRIGATÓRIA 0h (0cr) lab. 60h (4cr) GESTÃO DE SISTEMA DE aula ADM0058 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA INFORMAÇÃO - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. ORGANIZAÇÃO, PROCESSOS E 60h (4cr) ADM0075 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA SISTEMAS - 60h (4cr) aula 119 0h (0cr) lab. 60h (4cr) ADMINISTRAÇÃO DE CUSTOS aula ADM0077 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA GERENCIAIS - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. 60h (4cr) aula ADM0541 GESTAO DE PESSOAS I - 60h (4cr) DISCIPLINA OBRIGATÓRIA 0h (0cr) lab. CH Total: 300hrs. 5º Nível CH Componente Curricular Tipo Natureza Detalhada 60h (4cr) aula ADM0060 MARKETING II - 60h (4cr) DISCIPLINA OBRIGATÓRIA 0h (0cr) lab. ADMINISTRAÇÃO DE 60h (4cr) aula ADM0068 MATERIAIS E PATRIMÔNIO - 60h DISCIPLINA OBRIGATÓRIA 0h (0cr) (4cr) lab. 45h (3cr) ADMINISTRACAO FINANCEIRA aula ADM0403 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA I - 60h (4cr) 15h (1cr) lab. 60h (4cr) ADMINISTRACAO DA aula ADM0424 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA PRODUCAO I - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. 60h (4cr) GESTAO DE PESSOAS II - 60h aula ADM0542 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA (4cr) 0h (0cr) lab. CH Total: 300hrs. 6º Nível CH Componente Curricular Tipo Natureza Detalhada 60h (4cr) GESTÃO DA TECNOLOGIA DA aula ADM0059 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA INFORMAÇÃO - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. 60h (4cr) COMPORTAMENTO aula ADM0064 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA ORGANIZACIONAL - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. ADMINISTRACAO DA 60h (4cr) ADM0425 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA PRODUCAO II - 60h (4cr) aula 120 0h (0cr) lab. 60h (4cr) SISTEMAS DE GESTAO DA aula ADM0518 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA QUALIDADE - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. 60h (4cr) LEGISLACAO SOCIAL E aula DPR0024 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA TRABALHISTA - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. CH Total: 300hrs. 7º Nível CH Componente Curricular Tipo Natureza Detalhada 60h (4cr) PLANEJAMENTO aula ADM0045 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA GOVERNAMENTAL - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. GESTÃO DE 30h (2cr) EMPREENDIMENTOS aula ADM0062 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA ECONÔMICO-SOLIDÁRIOS - 30h 0h (0cr) (2cr) lab. 30h (2cr) LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 30h aula ADM0078 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA (2cr) 0h (0cr) lab. 60h (4cr) aula ADM0079 EMPREENDEDORISMO - 60h (4cr) DISCIPLINA OBRIGATÓRIA 0h (0cr) lab. 60h (4cr) DESENVOLVIMENTO aula ADM0103 GERENCIAL E INTERPESSOAL - DISCIPLINA OBRIGATÓRIA 0h (0cr) 60h (4cr) lab. 45h (3cr) ADMINISTRACAO FINANCEIRA aula ADM0416 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA II - 60h (4cr) 15h (1cr) lab. CH Total: 300hrs. 8º Nível CH Componente Curricular Tipo Natureza Detalhada 30h (2cr) RESPONSABILIDADE aula ADM0065 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA SOCIOAMBIENTAL - 30h (2cr) 0h (0cr) lab. NOÇÕES DE PESQUISA 30h (2cr) ADM0069 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA OPERACIONAL - 30h (2cr) aula 121 0h (0cr) lab. 45h (3cr) ORCAMENTO EMPRESARIAL - aula ADM0404 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA 60h (4cr) 15h (1cr) lab. 0h (0cr) ESTAGIO SUPERVISIONADO I - aula ADM0507 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA 90h (2cr) 0h (0cr) lab. 60h (4cr) ADMINISTRACAO aula ADM0512 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA ESTRATEGICA - 60h (4cr) 0h (0cr) lab. CH Total: 270hrs. 9º Nível CH Componente Curricular Tipo Natureza Detalhada 30h (2cr) NOVAS TECNOLOGIAS NA aula ADM0067 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA GESTÃO PÚBLICA - 30h (2cr) 0h (0cr) lab. 45h (3cr) ORÇAMENTO PÚBLICO - 45h aula ADM0071 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA (3cr) 0h (0cr) lab. 30h (2cr) ESTUDOS ORGANIZACIONAIS aula ADM0073 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA CONTEMPORANEOS - 30h (2cr) 0h (0cr) lab. 0h (0cr) aula ADM0525 JOGOS DE EMPRESAS - 30h (2cr) DISCIPLINA OBRIGATÓRIA 30h (2cr) lab. 0h (0cr) ESTAGIO SUPERVISIONADO II - aula ADM0526 DISCIPLINA OBRIGATÓRIA 90h (2cr) 0h (0cr) lab. CH Total: 225hrs. 10º Nível CH Componente Curricular Tipo Natureza Detalhada 0h (0cr) ESTÁGIO SUPERVISIONADO III - aula ADM0072 ESTÁGIO OBRIGATÓRIA 180h (0cr) 180h (0cr) lab. CH Total: 180hrs.