i UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE IMAGEM CORPORAL E FATORES DE RISCO EM PRATICANTES DE CAMINHADA DA CIDADE DE NATAL LINDOMAR DA SILVA FILHO NATAL – RN 2009 i LINDOMAR DA SILVA FILHO IMAGEM CORPORAL E FATORES DE RISCO EM PRATICANTES DE CAMINHADA DA CIDADE DE NATAL Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para a obtenção do Título de Doutor em Ciências da Saúde. Orientadora: Profª Drª Maria Irany Knackfuss NATAL/RN 2009 ii Catalogação da publicação na fonte. S586i Silva Filho, Lindomar da. Imagem corporal e fatores de risco em praticantes de caminhada da cidade do Natal-RN / Lindomar da Silva Filho. – Natal/RN, 2009. 41f. Orientadora: Profª. Drª. Maria Irany Knackfuss. . Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pó-Graduação em Ciências da Saúde. 1.Imagem corporal – Tese. 2. Fatores de risco. 3. Saúde pública - Tese. I. Knackfuss, Maria Irany. II. Título. UFRN/BSCCS CDU: 613.72(813.2A/Z)(043.2) . iii UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde Profª Drª Tecia Maria de Oliveira Maranhão iv LINDOMAR DA SILVA FILHO IMAGEM CORPORAL E FATORES DE RISCO EM PRATICANTES DE CAMINHADA DA CIDADE DE NATAL Presidente da banca: Profª Drª Maria Irany Knackfuss - UFRN BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Daniel Bezerra de Brito – UERN Profa. Dra. Sandra Cristina de Andrade - UnP Prof. Dr. Aldo da Cunha Medeiros - UFRN Prof. Dr. Paulo Moreira Silva Dantas - UFRN Aprovada em: 09/11/2009 Orientadora v Dedicatória A minha mãe, Maria Janoca da Nóbrega Silva, simplesmente tudo. O mérito é dela por seus cuidados desde a mais tenra idade e incentivos à educação que me conduziu ao amadurecimento humano e profissional. Nada me faltou. vi Agradecimentos Chegou o momento de expressar os mais profundos agradecimentos aos familiares e amigos que se somaram com o passar dos tempos. Essa tese é um esforço coletivo e agradecimentos são devidos e infinitamente imensuráveis. A Banca do Exame de Qualificação constituída pelos professores doutores Maria Irany Knackfuss, Gilson de Vasconcelos Torres e Hênio Ferreira de Miranda pelas valiosas críticas e sugestões proferidas. Ao corpo docente, discente, técnicos administrativos e funcionários do Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte que construíram este importante momento comigo. A minha orientadora, Profª Drª Maria Irany Knackfuss, por oferecer seus estímulos, ânimos e reflexões durante a realização dessa pesquisa. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte através do Departamento de Educação Física que flexibilizou as horas de docência e estudos sem o qual não seria possível chegar até o fim. Aos pais, Lindomar da Silva (in memorian) e Maria Janoca da Nóbrega Silva, filhos, Marco Aurélio, Leonardo e Cíntia Camila, irmãos, tios, sobrinhos e cunhados pela confiança necessária, compreensão, incentivo e zelo para concretização dos meus sonhos. Aos filhos gêmeos, Marco Aurélio e Leonardo Crepaldi que apareceram em minha vida após 24 anos com muita alegria e entusiasmo e filha, Cíntia Camila Liberalino que muito estudiosa sempre me motivou a continuar esses estudos, partes de mim, de quem fui e serei sempre, um orgulhoso pai. vii A futura esposa Klênia Maria da Costa Moura por todo seu afeto, respeito e dedicação durante essa jornada. “ Te amo, te adoro e te quero bem!” Aos amigos, Lino Barbalho Guerra, Raimundo Nonato Nunes, Alethéa Cury Rabelo Leitão, João Batista de Amorim e Jônatas de França Barros que muito contribuíram e viabilizaram essa tese. Ao irmão e padrinho Jônatas da Silva e cunhada Leila Lopes do Nascimento que partilharam comigo todo o processo de produção da tese desde a elaboração do projeto constituindo a mais importante fonte de apoio intelectual e afetivo no instante mesmo em que souberam de meu interesse por ela. Ao irmão, Deusdedith Silva (in memorian) que me fez compreender a simplicidade e incentivou-me a prosseguir brindando com seu entusiasmo e afeto. Ao amigo, Lino Barbalho Guerra, pela trajetória de vida que marcou a ética de meus passos. Mostrou-me que a Educação não tem tempo nem espaço e que se faz no fluir da vida. Você é um exemplo. A todos aqueles que, embora não citados, me concederam com seus inestimáveis apoios em diferentes momentos e por suas presenças efetivas o meu reconhecimento e carinhoso muito obrigado. viii Sumário Dedicatória V Agradecimentos VI Resumo IX 1 INTRODUÇÃO 01 2 REVISÃO DE LITERATURA 03 3 ANEXAÇÃO DO ARTIGO PUBLICADO 09 4 COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES 24 APÊNDICE 33 REFERÊNCIAS 35 Abstract 40 ix Resumo Imagem corporal é a figura de nossos corpos construída em nossas mentes e o grau de insatisfação geralmente está associada a fatores de risco identificados por medidas antropométricas. O objetivo desse estudo descritivo foi avaliar os fatores de risco decorrentes das variáveis morfológicas e funcionais associadas à percepção de auto- imagem em 130 praticantes de caminhada de meia-idade da zona sul da cidade de Natal, subdivididos em quatro grupos em função do gênero e faixa etária. Como instrumentos de medida foram utilizados um questionário proposto por Stunkart constituído de nove silhuetas (percepção de auto-imagem) para ambos os gêneros e faixa etárias; uma balança equipada com estadiômetro para a massa corporal (kg) e estatura (m) e o índice de massa corporal (kg/m2) que foi calculado com base nas medidas do peso corporal e estatura e classificados de acordo com as normas do Instituto Nacional da Saúde (2000), bem como a pressão arterial sistólica e diastólica por um dispositivo eletrônico digital (DIGITRONIC); fita antropométrica de metal para relação cintura/quadril. Foi utilizada a Análise de variância (ANOVA) simples, post hoc de Tukey e correlação de Spearman para os dados não paramétricos adotando o nível de ρ ൏ 0,05 para rejeição da hipótese nula. O índice de massa corporal apresentou elevados fatores de risco nos grupos constituídos. Em todos os grupos foi registrado o desejo de reduzir suas silhuetas. A massa corporal mostrou-se reduzida no grupo masculino de faixa etária superior, quando comparada com o grupo mais jovem, enquanto no grupo feminino, ocorre o inverso. A percepção de auto-imagem está associada à classificação da relação cintura/quadril no gênero feminino na faixa etária dos 50 aos 59 anos e na classificação do índice de massa corporal de todos os grupos constituídos. Associações significativas não foram encontradas para classificação da pressão arterial sistólica e diastólica em relação à percepção de auto-imagem. Essa x tese apresenta relação de interdisciplinaridade, tendo o seu conteúdo uma aplicação nos campos da Educação Física, Medicina, Fisioterapia e Enfermagem. Palavras chaves: Imagem corporal, Fatores de risco, Saúde pública 1 1 INTRODUÇÃO O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contabiliza o Brasil da atualidade com população estimada em cerca de 186 milhões de habitantes 1, o que significa dizer que dobrou sua população nos últimos 35 anos apesar do seu crescimento com índices decrescentes desde o ano de 1960 2. A expectativa é de estabilização pelo ano 2062 com 260 milhões de habitantes e somente então, dar-se-á o início da redução de sua população 3. Os avanços da medicina e a melhoria das condições gerais de vida da população reduziram a taxa de mortalidade e aumentaram a expectativa de vida do brasileiro, enquanto a fecundidade e a natalidade foram reduzidas significantemente levando o país a tornar-se uma população envelhecida 4. O Relatório Mundial da Saúde 2002 3 descreve em detalhes, como na maioria dos países, poucos fatores de riscos são responsáveis por tão altas taxas de mortalidade e morbidade. As doenças crônico-degenerativas causam elevadas taxas de mortalidade e de morbidade em todo o mundo devido às mudanças nos hábitos alimentares e da qualidade de vida. Os fatores de riscos controláveis como hipertensão, obesidade, diabetes, fumo, consumo de bebidas alcoólicas, pressão alta e inatividade física assumem relevância neste estudo. As doenças crônico-degenerativas revelam assim, a importância crescente de políticas pública eficazes à saúde do idoso e consequentemente melhor qualidade de vida nos dias atuais e futuros. A qualidade de vida é a sensação de bem estar em sua total integralidade seja no aspecto físico, social ou mental que acarreta felicidade e satisfação com a vida. 2 Quando uma pessoa passa por alguma limitação ou desconforto por algum motivo, ocorre um decréscimo qualitativo em suas atividades cotidianas 5. A atividade física aumenta a capacidade funcional superando e prevenindo as barreiras que a vida lhe impõe, e estão relacionadas à estética da expressão corporal, na percepção de uma melhor auto-estima, e no reconhecimento do próprio corpo e de sua imagem 6. A imagem corporal é a percepção que se tem do próprio corpo influenciado por diversos aspectos oriundos de suas próprias experiências resultando em referencial do seu corpo para seu corpo. As pessoas com imagem corporal negativa sentem insatisfação quanto ao seu aspecto físico e pensam que a sua aparência está sendo submetida à avaliação por parte de outros. Normalmente dão uma importância abusiva ao aspecto físico em sua auto-avaliação. O presente estudo analisou os fatores de risco em praticantes de caminhada em associação a sua imagem corporal nos gêneros masculinos e femininos na faixa etária dos 40 aos 49 anos e dos 50 aos 59 anos. Nestas condições, tornou-se necessário identificar às distorções de imagem que estavam associadas significativamente aos fatores de risco como o índice de massa corporal, a relação cintura quadril (RCQ), bem como a pressão arterial e freqüência cardíaca em repouso de cada grupo, dos quatro constituídos. 3 2 REVISÃO DA LITERATURA A atividade física está vinculada à qualidade de vida e é considerado indispensável ao ser humano ao lado de outros aspectos como alimentação balanceada, vida familiar e social prazerosa e principalmente pelo exercício regular de atividades físicas 7. Essa posição da atividade física é reforçada por Sharkey que considera o exercício físico o elemento fundamental para uma boa qualidade de vida e aponta chances na redução do desenvolvimento de câncer, obesidade, diabetes e artrite 8. A Imagem Corporal é uma figuração do próprio corpo formada e estruturada na mente do mesmo indivíduo, que se desenvolve desde o nascimento até a morte, dentro de uma estrutura complexa e subjetiva, sofrendo modificações que implicam na construção contínua, e reconstrução incessante, resultante do processamento de estímulo 9. Consideráveis pesquisas apontam nos últimos 30 anos uma tendência para os padrões de beleza feminina em relação à quantidade de gordura 10-11. Menor ênfase tem sido atribuída aos estudos do corpo masculino e conseqüente imagem corporal. Relatório de 1986 sugere que a atitude corporal em relação ao fato está em mudança e nunca se viu os homens cultuarem tanto seus corpos à aquisição de músculos sarados com perfil mesomórfico nos dias atuais 12. A pesquisa tem tentado aprofundar o estudo do corpo indo muito mais além de um conceito de auto-estima pela demonstração empírica de sua natureza multidimensional e diferente estruturalmente que variam de acordo com o sexo 13. A obesidade talvez seja a enfermidade mais antiga que se conhece e já foi encontrada em pinturas e estátuas no Egito antigo 14. A obesidade é conceituada como uma condição em que a pessoa possui quantidade excessiva de tecido adiposo 4 armazenado sob a forma de triglicérides do resultado excessivo de uma ingestão calórica em relação ao gasto energético 15; tipicamente definido como um percentual de gordura corporal de mais de 32 % para mulheres e mais de 25 % para homens 16. É importante perceber que o termo obesidade refere-se especificamente à adiposidade corporal, não ao sobrepeso e explica que um atleta com grande volume muscular que está extremamente em forma pode ser considerado como sobrepeso em uma tabela de altura e peso 17. Existem indícios de que pessoas obesas quando crianças sejam propensos a serem também obesos na idade adulta 18. A atividade física também é questionada quanto à obesidade porque bebês que eram ativos em vida intra-uterina ao nascerem apresentaram peso reduzido em relação ao comprimento corporal. 19 Apesar da atenção dada à obesidade infantil, ao tecido adiposo de reserva, hipercelularidade e resistência à perda de gordura corporal em idade avançada, o tratamento não está devidamente esclarecido pelo fato das causas metabólicas da obesidade necessitar ainda serem entendidas 20. A obesidade segundo dados do inquérito nacional mais recente do Programa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN,) apontam que a prevalência do excesso de peso no Brasil tende a aumentar com a idade atingindo o maior valor na faixa etária de 45 a 54 anos sendo 37% dos homens e 55% das mulheres. Segundo este mesmo estudo 8% da população adulta é obesa (6,8 milhões de pessoas), destes 70 % são mulheres 21. Nenhum avanço de importância significativa foi feito quanto à prevenção ou terapia de êxito na obesidade que se inicia no adulto. Sabe-se muito mais sobre o tipo de início no adulto, mas a obesidade permanece crucial problema de saúde pelas suas diversificadas etiologias. 18,22 - 24 5 O papel do exercício regular pode ser muito diferente quando se trata de um programa para redução de peso ou prevenção da obesidade para crianças e adultos. O seu valor mesmo na ausência de perda de gordura ou do peso corporal permanece evidente devido a outros benefícios paralelos como o vigor aumentado, flexibilidade, sensação de bem estar geral o que leva a uma melhor qualidade de vida 25 - 26. A taxa de mortalidade em homens muito obesos era mais alta do que para homens de gordura normal. Os múltiplos da mortalidade normal variaram com a idade da seguinte forma: mais de 11 vezes numa faixa etária de 25 a 34 anos; mais de 5 vezes numa faixa etária de 35 a 44 anos; 3 vezes na faixa etária de 45 a 54 anos e cerca de 2 e meia na faixa etária dos 55 aos 74 anos 27. A hipertensão arterial é uma doença crônica não transmissível, multifatorial assintomática na maioria dos casos e degenerativa 28. A influência da raça, sexo e idade devem ser levadas em consideração quando são analisadas as pressões sangüíneas. É bem conhecido que a pressão sistólica se eleva com a idade e esta elevação é mais acentuada nas mulheres 29. Entre os fatores de riscos para hipertensão encontram-se aqueles não controláveis como a hereditariedade, o passar da idade, a raça; e os controláveis como a obesidade, resistência insulínica, dieta, uso oral de contraceptivos e inatividade física. Embora a hereditariedade seja um fator de risco para a hipertensão a mesma desenvolve um papel muito menor em relação aos outros mencionados 30. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu que o idoso é considerado hipertenso quando apresenta pressão arterial sistólica igual a 160 mm Hg e/ou pressão arterial diastólica igual a 90 mm Hg 31. Muitos estudos foram realizados sobre a atividade física e pressão arterial. Contudo, constatou-se que uma significativa proporção dos estudos até então publicados sequer atendiam ao requisito do desenho que se tinha em mente, pois 6 comparavam a pressão arterial do mesmo grupo de pacientes de indivíduos normotenso antes e após os programas de condicionamento 32. Os níveis crescentes de sedentarismo geram um número bastante elevado de efeitos prejudiciais ao ser humano tornando a qualidade de vida comprometida em indivíduos de comportamento sedentário. O sedentarismo causa atrofia muscular em virtude da inatividade, os vícios incorretos de postura, o maior acúmulo de gordura corporal, a hipertensão arterial, a diabetes e o envelhecimento físico precoce causado pela perda funcional de alguns órgãos 33. A caminhada é a atividade física por excelência porque sustenta o peso corporal e por ser baixo impacto possibilita trabalhar várias intensidades envolvendo grandes grupos musculares além de contribuir para aumentar a interação social. 34. Desde que a atividade envolva grandes grupamentos musculares de maneira rítmica e aeróbica as vantagens produzidas pelo treinamento serão semelhantes independentemente da modalidade desenvolvida. Ciclismo, corrida, natação, salto em corda e marchas são excelentes exercícios para ativarem o sistema aeróbico 35. O Índice de Massa corporal (IMC) também conhecido como Índice de Quetelet é um estudo antigo que leva o nome do seu criador e bastante utilizado na epidemiologia para prevenção de fatores de riscos. O IMC é obtido através da divisão da massa corporal expressa em quilogramas pela estatura elevada ao quadrado expressa em metros 36. As medidas antropométricas como IMC, relação cintura/quadril (RCQ) e cintura abdominal representam um modo simples e eficiente de predizer o volume e a distribuição das gorduras devendo ser utilizadas na prática clínica do dia-a-dia 37. O IMC não leva em consideração a composição corporal do indivíduo e sim o seu quociente desprezando a gordura corporal excessiva, a massa óssea e muscular e 7 até mesmos os volumes plasmáticos de tal forma que são encontrados pessoas magras, mas com elevados índices de IMC o que pode ser sugerida ocorrer um erro de interpretação 38. A relação entre IMC e quantidade de gordura corporal varia de alguma forma com a idade, gênero, e possivelmente etnicidade devido às diferenças na composição da massa corporal magra, altura do indivíduo sentado e estado de hidratação 39 – 40. Eis porque pessoas mais idosas que perderam massa muscular têm mais gordura para determinado IMC do que pessoas mais jovens. O IMC em conjunto com a idade e o sexo são consideradas as variáveis que mais influenciam na distribuição da gordura corporal 41. A Relação cintura/quadril (RCQ) é outro índice antropométrico bastante difundido e utilizado na determinação dos fatores de riscos à saúde devida sua identificação para saber onde fica localizada a gordura corporal no corpo. Assim o tipo maçã tem mais risco do que as peras. Esta gordura abdominal excessiva está associada aos riscos elevados de doença arterial coronariana, hipertensão e diabetes 42-43. Ahmed Kissebah, criador do RCQ, sugeriu que as mulheres devem possuir uma RCQ ≤ 0,85 e homens ≤ 0,95, pois valores iguais ou inferiores aos indicados apresentam riscos de doenças crônicas relacionados à gordura inferiores 44. O RCQ constitui um índice complementar ao IMC na avaliação da obesidade e suas alterações metabólicas e ainda que a RCQ elevada tenha associação com um perfil lipídico adverso na hipertensão 45. O gênero é responsável por 57% da variância do RCQ enquanto a massa corporal contribui com 10% e 6% para idade 46. 8 Análise de variância (ANOVA) One-way com significância de ρ≤ 0,05 para rejeição da hipótese nula e teste Post-Hoc de Tukey para determinação de igualdade ou semelhança entre os grupos do estudo. Foi precedido de Teste de homogeneidade para as variâncias de Levene e robusteza de Welch e Brown-Forsythe. Para identificação de igualdade ou diferenciação entre os gêneros foi utilizado o teste T de Student adotando nível de significância onde ρ≤ 0,05 para rejeição da hipótese nula. Classificados os riscos dos quatro grupos utilizou-se a correlação de Spearman por se tratar de dados não-paramétricos. A significância adotada, também, foi de ρ≤ 0,05 para rejeição da hipótese nula. Analise descritiva, através de média e desvio padrão, foi realizada para todas as variáveis do estudo. 9 3 ANEXAÇÃO DO ARTIGO PUBLICADO 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 4 COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES O mundo passa por profundas mudanças comportamentais. Entre tantas, destaca-se a atividade física. As pessoas já não têm o hábito de retornarem aos seus lares e fazerem refeições junto aos seus familiares, como eram feitos no passado. O tempo é curto. Está todo mundo com muita pressa. As distâncias de casa ao trabalho, com o crescimento das cidades, ficaram quase sempre impraticáveis a vencê-las. A solução encontrada é fazer refeições no local de trabalho ou em suas proximidades. Some-se que seu deslocamento tem implicação em gasto adicional. A solução encontrada é então, permanecer próximo ao local de trabalho. As refeições rápidas, cada vez mais desenvolvidas, apresentam um aspecto agradável e de sabor inigualável recheadas de conservantes e corantes com objetivos de convencê-los ao consumo. Ao retornar ao lar, após jornada de trabalho, o trabalhador não mais dispõe de motivação para fazer atividade física. Encontra-se ele muito cansado. Somente pensa em descansar para enfrentar a jornada do dia seguinte. Isso é repetido cotidianamente. Paralelamente, a população brasileira está com maior expectativa de vida1 e com ela as doenças crônico-degenerativas encontram ambiente propício a sua instalação. Recentemente a cidade de Natal recebeu o mais alto índice quanto à prevalência da inatividade física em adultos nas capitais brasileiras. Não é pouco o número de cirurgias estéticas realizadas no Brasil. Essa auto- estima é a principal causa. E muito se tem falado sobre qualidade de vida. O referido candidato em pós-graduação ao nível de doutoramento dedicou toda sua vida ao estudo e prática da Educação Física e que ainda perdura até os dias de hoje. Essa atividade tem sido desenvolvida por anos a fio. O mesmo leciona na UFRN as disciplinas Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida, Atividade Física, Lazer e 25 Cultura e Avaliação e Prescrição de Atividades Físicas, todas voltadas à saúde e prevenção das doenças crônico-degenerativas. O fato de ingressar no Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde ocorreu em conseqüência daquela obtida durante os anos de 1979 e 1980 nos Estados Unidos da América pela inexistência de cursos ao nível de mestrado ou mesmo doutoramento em Educação Física. Sua inserção no programa americano deu-se em decorrência do convênio entre CAPES/University of Iowa, EUA. Partindo do anteprojeto inicial, o mesmo foi redimensionado em função do afastamento do professor orientador por razões administrativas e cabendo a atual, Profa. Dra. Maria Irany Knackfuss, introduzir modificações em sua estrutura com vistas a viabilizar o projeto apresentado e posteriormente conduzir a orientação devida. A cidade de Natal dispõe na atualidade de um calçadão com cerca de 2500 m de extensão nos limites da zona urbana da cidade, em local de fácil acesso, iluminado, avenida Engenheiro Roberto Freire, limpo, arborizado e provido de segurança policial quase sempre em todo o seu trajeto prestando-se à prática da caminhada. É considerável o número de praticantes que delas utilizam através de caminhadas, corridas ou ambas. São praticantes de todas as idades e dos dois gêneros que se exercitam pela manhã, tarde e noite em seus horários de pico. Percebe-se significante aumento dos praticantes da caminhada e porque não dizer dos mais diversificados exercícios físicos apesar de toda violência urbana. Essas pessoas de todas as classes sociais e econômicas não são possuidoras, em sua maioria, de informações sobre os procedimentos adequados referentes aos benefícios que poderiam ser adquiridos provenientes da atividade desenvolvida, como também é evidenciada ausência de profissionais da área de saúde, os quais poderiam acompanhar os programas de atividades físicas na prevenção e tratamento das 26 doenças crônico-degenerativas e entre outras a sua imagem corporal para não falar em auto-estima. Os resultados sobre os índices de massa corporal em função da idade estão de conformidade com os encontrados na literatura 47-50. Essa associação se justifica por pressão sociocultural sendo maior por parte do gênero feminino em ter um corpo ideal mais franzino. Elevados níveis de insatisfação da imagem corporal são encontrados em todos os grupos constituídos apresentando maior incidência para o gênero masculino somando-se o desejo de apresentar uma silhueta mais delgada a possuída. Esses resultados têm origens pela influência dos meios de comunicação sobre o tema em questão 50, 51. Percebe-se que na faixa etária posterior evidencia-se maior grau de satisfação nos dois gêneros. Isso leva a crer que à medida que o tempo passa o indivíduo se livrando das pressões impostas ficará mais satisfeito com sua própria imagem corporal. Os resultados apresentados nesse estudo coincidem com os realizados na UNATI/UCG52 ajustando-se, na maioria dos idosos, insatisfação por excesso de peso e conseqüentemente, por meio de uma escala de silhuetas, com uma imagem indesejada. Os resultados relativos à massa corporal foram aumentados no gênero feminino enquanto no gênero masculino foram reduzidos na mesma faixa etária. Mesmo assim os percentuais masculinos se encontram mais elevados nas duas situações. Esse aumento em massa corporal leva o gênero feminino a uma situação conflituosa também pelo surgimento da menopausa e de outras doenças crônico-degenerativas, dentre elas a hipertensão. 27 Observou-se que estatura masculina é maior do que a feminina nas duas faixas etárias; entretanto, não ficou identificada a existência significativa no gênero na faixa anterior para a faixa posterior. O fato de ocorrer aumento na massa corporal no gênero feminino, da faixa etária anterior para posterior, ocasionou um aumento do índice de massa corporal. O mesmo não ocorreu quanto ao gênero masculino que apresentou índices inversos ao feminino de uma faixa a outra. Apesar dos índices masculinos, serem mais elevados, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas em qualquer situação. O que chama atenção é o fator de risco do IMC da situação no grupo feminino está sendo aumentado e não diminuído como ocorre no gênero masculino. São elevados os índices encontrados para o IMC nos dois gêneros que se somados os percentuais que se encontram acima da faixa da normalidade, implicam em terem riscos maiores e chegam a 75 a 66,7% respectivamente no gênero masculino da faixa mais jovem para a faixa posterior e de 59,3 a 66,7% respectivamente no gênero feminino da faixa mais jovem para a faixa posterior. O curioso é que o IMC segue a mesma tendência da massa corporal para o gênero masculino e feminino e isso implica em risco mais acentuado para instalação de doenças crônicas degenerativas não transmissíveis. Em estudo realizado com atletas femininas, Oliveira fez associação da imagem corporal com o IMC e identificou uma leve distorção entre o índice de massa corporal e imagem corporal mesmo quando elas se encontravam dentro de padrões normais em função da idade53. O que ficou registrado na presente investigação foi a ocorrência de melhor satisfação com sua imagem corporal, com o passar do tempo, independente do IMC ter sido acrescido de valores embora não significativos. 28 Identificou-se o fato do maior grau de diferença entre a imagem atual e a desejada no grupo no gênero feminino dos 50 aos 59 anos e menor no gênero masculino da mesma faixa. Nos quatro grupos estudados ficou constatada apenas diferença significativa para o grupo masculino na faixa etária dos 50 aos 59 anos. Entre os demais não houve diferença estatisticamente significativa. A relação cintura quadril é aumentada em função da idade nos dois gêneros e tais resultados estão também coerentes com os encontrados em estudo feito por Machado 54. Some-se, ainda, que são elevados os índices encontrados para RCQ nos dois gêneros que se somados os percentuais que se encontram acima da faixa de moderado, implicam em terem riscos maiores e chegam a 42,8 a 30,5% respectivamente no gênero masculino da faixa mais jovem para a faixa posterior e de 63,0 a 69,2% respectivamente no gênero feminino da faixa mais jovem para a faixa posterior. Essa característica segue o mesmo padrão para a massa corporal onde que por sua vez ocorreu para o IMC. Verificou-se uma marcante diferença entre os dois gêneros na presente investigação. O sobrepeso e a obesidade transformam a imagem corporal dos indivíduos em sofrimentos e baixa estima. O medo de serem excluídos desses padrões adotados leva à busca de um corpo com índice de massa corporal mais reduzido devido à pressão social. Os resultados dessa investigação convergem com os encontrados na literatura55. A freqüência cardíaca em repouso para todos os grupos da presente investigação não apresentou resultados estatisticamente significantes. Nessa situação os batimentos em estado de repouso com unidade de batimentos por minuto (bpm) apresentaram situação inversa aos resultados encontrados no IMC e MC respectivamente. É aumentado do grupo de faixa etária dos 40 aos 49 anos para a 29 faixa etária dos 50 aos 59 anos no gênero masculino enquanto no gênero feminino redução foi apresentada. Na pressão sanguínea sistólica não foi observada diferenças significativas em todos os grupos constituídos embora o gênero feminino tenha apresentado níveis pressóricos ligeiramente reduzidos. A pressão sanguínea foi identificada em estado de repouso. Quanto à pressão sanguínea diastólica apenas foi apresentada diferença estatisticamente significante par o gênero feminino na faixa etária dos 40 aos 49 anos em relação aos grupos masculinos nos dois grupos de estudo. No mesmo gênero não existe diferença significativa. O gênero masculino apresentou ligeira elevação quando comparado ao gênero feminino. O Gênero masculino apresentou 28,2 contra 21,5% de pressão sanguínea diastólica classificada como hipertensão I. As variáveis apresentadas nesse estudo ocorreram diferenças significativas entre os gêneros ao nível de 0,05 de significância para massa corporal, a estatura, RCQ, Pressão arterial diastólica e discrepância de silhueta como resultado do atual e do desejado. Associação não paramétrica foi realizada entre a imagem corporal atual com as variáveis de pressão sanguínea sistólica e diastólica, IMC e RCQ. Observou-se associação significativa em dois fatores de riscos: IMC e RCQ. A maior significância se verifica no IMC em todos os grupos constituídos e na classificação do RCQ na faixa etária dos 50 aos 59 anos do gênero feminino. Assim, justifica-se o aumento progressivo das pessoas que procuram exercícios físicos no intuito de ter melhor imagem corporal além de melhor qualidade de vida. Espera-se que políticas públicas ocorram no sentido de favorecer espaços livres, gratuitos e seguros dotados de orientação profissional competente objetivando maior 30 conscientização e, por conseguinte satisfação. Em Natal, há poucos espaços destinados a sua prática limitando-se ao Campus, Estrada de Ponta Negra, Parque das Dunas e às margens de nossas praias urbanas. A impossibilidade do seu afastamento das atividades docentes do Departamento de Educação Física, onde está inserido, concorreu para tornar mais difícil a execução dos estudos pretendidos. Os acúmulos das atividades docentes e discentes implicaram em estresse não apenas de natureza física, mas como também mental na conclusão dos estudos pretendidos. A admissão ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde oportunizou o envolvimento do pós-graduando em orientações acadêmicas em trabalhos de conclusão de curso seja ao nível de licenciatura ou bacharelado. Tais estudos, oriundos desses novos conhecimentos, serviram para balizar a experiência e associar a teoria à prática dos cursos que leciona desde sua entrada na Instituição até os dias atuais. Tem sido altamente significativa a produção científica após o início do doutoramento aos concluintes do Curso de Educação Física e afins, como também a sua participação em bancas examinadoras tem sido acentuada. A repercussão do conhecimento adquirido durante nossa formação doutoral abriu caminhos para atuar na orientação técnica ao Corpo de Bombeiros de Natal em relação à construção de testes, ainda não existentes ao nível nacional, específicos e programas de aptidão física da Corporação Militar do Rio Grande do Norte gerando convênio entre as duas instituições UFRN e Corpo de Bombeiros Militar de Natal e na área de avaliação física dos árbitros de futebol, merecendo referência nacional quando da aplicação dos Testes de Aptidão Físicas para Árbitros e Árbitros Assistentes da Federação Norte-Riograndense de Futebol no gênero masculino e feminino de 2007, 31 exigência essa da Federação Internacional de Futebol (FIFA)/ Confederação Brasileira de Futebol(CBF). A relevância desses estudos traduz-se pelo fato de tratar-se de um trabalho voltado à qualidade de vida e saúde das pessoas principalmente quando os indicadores de saúde do Ministério da Saúde/VIGITEL/USP (2009) assinalam para a cidade de Natal, como aquela entre todas as capitais brasileiras, com menor índice de atividade física. Paralelamente não se pode ignorar a influência da imagem corporal em sua auto-estima e problemas outros decorrentes da inatividade física. Tem-se a pretensão em colaborar com o Departamento de Educação Física na criação de um Programa de Pós-Graduação ao nível de mestrado em decorrência dos programas de Especialização realizados na Educação Física no Rio Grande do Norte. A titulação do grau de doutorado possibilitará a criação de uma base de pesquisa voltada à qualidade de vida ou bem estar da sociedade norte-rio-grandense. São muitos os anos de docência, o que constitui motivo de orgulho continuar essa atividade com orientação de alunos de graduação e pós-graduação que somados a sua experiência docente acumulada ao longo dos anos constituirão elementos imprescindíveis a sua consecução de mais uma nova base de pesquisa a ser implantada. Ficou constatado que a imagem corporal está associada ao IMC em todos os grupos e para o grupo feminino dos 50 aos 59 anos no que se refere ao RCQ. Conclui- se que o IMC está fortemente associado às influências provenientes da imagem corporal. Dessa forma, os indivíduos possuidores de um IMC elevado terão uma elevada discrepância em suas imagens corporais. Elevado índice de gordura e consciência do fator de risco à saúde em todos os grupos. Em todos os grupos 32 prevalece o desejo de redução de suas silhuetas. À medida que os anos passam, observa-se melhoria da auto-estima em relação ao próprio corpo. I D mascul que lhe 1.Com 1 2.Com 1 3.Com 1 4.Com 1 5.Com 1 magem C as nove ino quanto for pergu o você se 2 o você go 2 o as pess 2 o você era 2 o o pesqu 2 orporal silhuetas, para o g ntado. Ape encontra 3 staria de 3 oas o vêe 3 aproxim 3 isador o v 3 numerad ênero fem nas uma hoje? 4 ser? 4 m? 4 adamente 4 ê? 4 as e apre inino, sele alternativa 5 5 5 há 12 me 5 5 sentadas cione ape deverá se 6 6 6 ses? 6 6 abaixo, ta nas um nú r indicada 7 7 7 7 7 5 AP nto para mero em para cada 8 8 8 8 8 33 ÊNDICE o gênero função do questão. 9 9 9 9 9 34 Dados morfológicos e funcionais Variáveis Tentativas Registro final Primeira Segunda Terceira Massa Corporal (kg) Estatura (m) IMC (kg/m2) Cintura (cm) Quadril (cm) RCQ Pulso em repouso (bpm) Pressão Sistólica (mm Hg) Pressão Diastólica (mm Hg) 35 6 REFERÊNCIAS 1. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeção da População do Brasil por sexo e idade para o Período 1980 – 2050. Rio de Janeiro: IBGE, 2004. 2. Telebrasil. IBGE revela o retrato do Brasil.(Online) Disponível: