IMPACTOS DO MERGULHO RECREATIVO EM AMBIENTES RECIFAIS TROPICAIS DO BRASIL UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA JANAINA FREITAS CALADO IMPACTOS DO MERGULHO RECREATIVO EM AMBIENTES RECIFAIS TROPICAIS DO BRASIL NATAL/RN Fevereiro, 2018 ii JANAINA FREITAS CALADO IMPACTOS DO MERGULHO RECREATIVO EM AMBIENTES RECIFAIS TROPICAIS DO BRASIL Tese apresentada ao Programa de Pós- graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutora em Ecologia. Orientadora: Drª. Liana de Figueiredo Mendes NATAL/RN Fevereiro, 2018 iii Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - -Centro de Biociências - CB Calado, Janaina Freitas. Impactos do mergulho recreativo em ambientes recifais tropicais do Brasil / Janaina Freitas Calado. - Natal, 2018. 162 f.: il. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em Ecologia. Orientadora: Profa. Dra. Liana de Figueiredo Mendes. 1. Impactos do turismo em recifes - Tese. 2. Turismo de mergulho sustentável - Tese. 3. Comportamento de mergulhadores - Tese. 4. Educação ambiental - Tese. I. Mendes, Liana de Figueiredo. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/BSE-CB CDU 338.484:502.131.1 Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351 iv FOLHA DE APROVAÇÃO CALADO, Janaina Freitas Título: IMPACTOS DO MERGULHO RECREATIVO EM AMBIENTES RECIFAIS TROPICAIS DO BRASIL Tese apresentada ao Programa de Pós- graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutora em Ecologia. Data da aprovação: 26/02/2018 Banca examinadora: Profª Drª Liana de Figueiredo Mendes (Orientadora) Universidade Federal do Rio Grande do Norte Depto. de Ecologia __________________________________________ Profª Drª Priscila Fabiana Macedo Lopes Universidade Federal do Rio Grande do Norte Depto. de Ecologia __________________________________________ Profº Drº Guilherme Ortigara Longo Universidade Federal do Rio Grande do Norte Depto. de Oceanografia e Limnologia __________________________________________ Profº Drº José Garcia Júnior Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Depto. de Recursos Pesqueiros __________________________________________ Profº Drº Alexandre Gusmão Pedrini Universidade do Estado do Rio de Janeiro IB / Depto. de Biologia Vegetal __________________________________________ v Repleto de todo amor que possa ter no mundo... Esse trabalho é inteiro de duas Marias e dois Césares. Para vocês... Maria Lúcia, minha Luz, Maria Lua, minha Vida, Théo César, minha Alma, Bruno César, meu Amor. vi Cansada de não ter tempo, ela viajou no tempo, criou o tele transporte e parou os relógios... Aí, ela pegou sua família, amigos, bichos e plantas e se mudou para uma vila na beira da praia e de costas para uma cachoeira enorme... Lá tinha água e comida boa sem fim. Aí, ela vivia da Terra e para Terra... Aí o tempo parou... E nesse segundo de devaneio... Ela entendeu o motivo de estar aqui. Janaina Freitas C. (A escritora de histórias fantásticas, quando tem tempo) “Prefiro faláas coisa certa com as palavra errada a faláas coisa errada com as palavra certa.” Patativa do Assaré vii AGRADECIMENTOS Essa tese foi construída por mais de mil mãos... Como vou agradecer esse povo todo? Como agradecer um copo de água quando você tá com muita sede? Um ajuda sincera que veio na hora certa e de todo coração? Como agradecer um ombro amigo? Uma noite em claro de ouvidos atentos? Ou um email respondido com amor e cheio de nomes de peixinhos novos? Como agradecer horas de trabalho de campo dentro d’água? Ou uma mão que te ajuda a subir no barco? Ou a ajuda para que crianças tenham uma experiência única de visitar o fundo do mar? Como agradecer um almoço feito com tanto amor? Um café? Uma tapioca? (A melhor tapioca do mundo!) Como agradecer um sorriso? Um abraço? Um beijo? Um colo? Como agradecer os milhões de incentivos? As preces? As intenções? As boas ações, bons pensamentos e boas energias? Como é que eu vou agradecer por uma cama tão gostosa, com lençóis limpos e uma toalha cheirando a sol? Sei não! Muito obrigada!!! Muito mesmo! Que toda a luz e amor do mundo chegue a cada um de vocês. Que toda a gratidão que me habita chegue em você, e que você possa senti-la, e que isso se transforme em amor! Que você brilhe e irradie o amor... que o amor se propague! Peço desculpas com quem faltei... principalmente ao Théo, a Lua e aos meus mestres/alunos. Peço desculpas pela minha presença que por vezes se fez ausente, vagando pelo mundo de resultados e discussões e introduções... principalmente ao Bruno. Peço desculpas a mim mesma... por ultrapassar meus limites físicos e mentais tantas vezes... por me perder tantas e tantas vezes! Eu me perdoo e espero que vocês também possam me perdoar! Minha família, obrigada! Maria Lúcia, minha mãe mais linda que a Xuxa (um milhão de vezes). Bruno César, meu companheiro de jornada materna. Théo e Lua, meus filhos... que lindo encontro o nosso. Helena, Juliana e Bartira, minhas irmãs inspiradoras. Juliana, obrigada por milhares de correções que permitiram uma incrível melhora nesse trabalho. Lilith Bia, Francisco, Moises, Ester e Raul, meus sobrinhos e afilhado que tanto amo. viii Filipe, meu cunhado, amigo e compadre. Nazaré, Samara e Orlando, minha tia/mãe, minha prima e meu tio... que bom tê- los por perto! Mucio, Andréia e Juninho, meu sogro, sua esposa e cunhado, pelo apoio incondicional. Akito, Dico, Aida, D. Vera, Alan e Haroldo. Akito, meu padrinho e incentivador, você e sua família me ajudaram muito a concluir essa etapa. Serei para sempre grata! Lucas, Neto, Telma e Paru, meus primos e tios, pela estadia entre os traslados Macapá – Natal. Meus amigos, obrigada! Fábia, Beatriz, Luisa, Patrícia, Glorinha, Bernardo, Débora, Edmar, Lorena, Guedes, Marina, Flora, Raquel, Ana Claúdia, Cíntia, Sofia, Gustavo, Walério, Jésssica, Maurício, Hafael, Haniel, Laura, Andreé, Guido, Juliano, Nat, Mauro, Marina, Garla, Garcia, Tiego, Fran, Cadu, Stella, July, Geomar, Mariquinha, Damiana, Lourdes, Francisca, Pedro, Vinicio Coeli, Raoni, Marcela, Virginia, Jonathas, Sarah, Tia Jane, Reja, D. Auri, Laissa, Vanessa, Bia, ahhhh tem tanta gente.... Amo todos vocês e muito mais... Desejo o melhor para cada um de vocês! Em especial a Luli, pelo amor incondicional e pela ajuda na reta final que foi fantástica!!! Cadu e Academic consultoria estatística por toda a colaboração e cuidado com meu trabalho. Sem vocês essa pesquisa não teria ficado tão legal!!! Muito obrigada! Vinicius Peruzzi, por ser uma das pessoas mais gente boa que eu conheço!!! Ahhh Vini, obrigada demais pela impressão e entrega da versão final no Rio! Meus estagiários mais legais do mundo, obrigada! Isabela, Louize e Daniel, vocês são parte de cada página dessa história. Valeu a confiança e carinho. Amo vocês! Lou e Dan, muito obrigada pelo gás final com o abstratct! Minhas amigas cirandeiras, obrigada! Camila, Dani, Pryscila, Karen, Rayane, Nat, Adriana, Drica, Kelen, Cassi, Moara, Ronaldo, Cris, Lilian... Mulheres (menos o Ronaldo...) fortes e lindas que iluminam meu caminho. ix De todo meu coração agradeço especialmente a Karen, por com suas lindas ilustrações, ter captado a essência do meu trabalho, enchendo tudo de beleza e singularidade. Minha mana, tu tens um dom incrível! Meus companheiros do PPGEco, obrigada! Natália, Leonardo, Thaisa, Marina, Patrícia, Ana Helena, Letícia, Carol, Brunno, Monalisa, Bruno, Felipe, Alan, Paulo, Cintia, Marina, Isabela, Tales, Giesta, João, Marilia, Bernardo, Gui, Adriana, Maria Clara, Ewaldo, Rosemberg, Mariana, Ludmila, Kionara. Obrigada pela partilha! Meus professores, obrigada! Liana, Priscila, Coca, Luciana, Toti, Gislene, Carlos, Dadão, Adriana Carvalho, Adriana Monteiro, Márcio, Rosângela, Fúlvio, Ricardo Rosa, Ricardo Amaral, Jorge Lins, Tatiana, Ierecê, Elinei, Alexandre Pedrini. Muito obrigada pela minha formação. Cada um de vocês contribuiu de alguma forma para minha qualificação profissional e sou imensamente grata! Obrigada aos membros da banca pelas considerações, carinho e cuidado! Priscila Lopes, Guilherme Longo, José Garcia e Alexandre Pedrini, Muito obrigada! Especialmente, obrigada Lili. Pela confiança, carinho e uma orientação que já dura 12 anos cheia de amor. Desculpa por todos meus prazos perdidos e toda a minha pressa. Obrigada demais. Grande parte de mim, é você, e fico muito feliz pela amizade. 😊 Meus amigos da UEAP, obrigada! Débora, Luciano, Gerlany, Marcelo, Luana, Rosivaldo, Darlan, Ivan, Sérgio, Marcela, Dani, Kelly, Led, Gabriel, Luisa, Ângela, Ana Paula. Queridos amigos de trabalho... tenho aprendido muito com todos você nesses últimos 3 anos, muito obrigada! Meus alunos da UEAP, obrigada! Todos meus alunos (não tenho como escrever o nome de todos), mas sintam-se abraçados por mim. Vocês me inspiram demais! Em especial meus orientandos e aos alunos do LABOECO: D. Raimunda, Tassia, Sâmella, Jaynara, Jeannie, Antônio, Fabrício, Suzy, Thaís, Plúcia, Adriano, Alessandra e Francisco. x Parceiros do IDEMA, obrigada! Luisa, Maria José, Tiego, Rafael, muito obrigada por todo o auxílio no trabalho na APARC, pelas inúmeras solicitações atendidas para uso do Ecoposto e demais pedidos. Parceiros do Parrachos Turismo e Maracajaú Divers, obrigada! Rafael Exel e sua equipe, por toda a logística gratuita dos campos. Pelo carinho e atenção de sempre. Pela responsabilidade e compreensão. A todos os marinheiros, staffs e mergulhadores muito obrigada por tudo!!! Obrigada: Branquinho, Francisco, Neto, Chico, Sandro, André, Emanuel, Dêde, Bruce, Carlinhos, Elder, Beto, Maria, Zominho, Bidinho, Zig e sua equipe, Sandra e Estevão, pela atenção, ajuda e prestatividade de sempre. Amigos de Caraúbas, obrigada! Max, Ana Paula, Gato, Assis, Karine, Adelson, Maria Jósé, Zé, Lourdes, Zominho, Mohamed. Amigos esquecidos, obrigada! Se você está lendo esses agradecimentos e não viu seu nome, me perdoe. Eu agradeço muito a você. Você certamente lembra do quanto bem me fez ou me faz e esse negócio de nomes é só formalidade. O amor tá aí... Te amo e te agradeço profundamente! xi SUMÁRIO RESUMO.........................................................................................................................01 ABSTRACT....................................................................................................................02 APRESENTAÇÃO GERAL...........................................................................................03 CAPÍTULO 1 –Impactos do mergulho recreativo em ambientes recifais tropicais do Brasil: uma análise cienciométrica Introdução............................................................................................................11 Materiais e Métodos.............................................................................................13 Resultados............................................................................................................14 Discussão.............................................................................................................20 Considerações finais............................................................................................28 Referências...........................................................................................................28 Anexo I ...............................................................................................................38 CAPÍTULO 2 - Comportamento de mergulhadores recreativos e seus impactos em uma Área de Proteção Ambiental Marinha do Brasil Introdução............................................................................................................60 Métodos...............................................................................................................62 Resultados............................................................................................................66 Discussão.............................................................................................................73 Considerações finais............................................................................................77 Referências..........................................................................................................79 Apêndice 1...........................................................................................................81 xii CAPÍTULO 3 – Impactos do mergulho recreativo na biota recifal em uma Área Protegida Marinha do Brasil Introdução............................................................................................................87 Métodos...............................................................................................................89 Resultados............................................................................................................98 Discussão...........................................................................................................107 Sugestões para o manejo do mergulho recreativo.............................................113 Referências.........................................................................................................114 Apêndice I..........................................................................................................123 Apêndice II........................................................................................................124 Apêndice III.......................................................................................................126 Apêndice IV.......................................................................................................129 CAPÍTULO 4 –Os impactos do mergulho recreativo como tema de um projeto de Educação Ambiental Introdução..........................................................................................................131 Materiais e Métodos...........................................................................................132 Resultados..........................................................................................................135 Discussão...........................................................................................................138 Considerações finais..........................................................................................140 Referências.........................................................................................................140 Apêndice A........................................................................................................144 Apêndice B........................................................................................................145 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................146 xiii RESUMO O mergulho recreativo (MR) é uma das atividades turísticas que mais cresce no mundo, gerando emprego e renda, além de poder contribuir com a conservação dos ambientes recifais, impulsionando a criação de unidades de conservação (UC) e auxiliando com insumos financeiros a manutenção de UCs já existentes. Apesar das vantagens socioeconômicas, quando realizado sem controle, o MR pode provocar impactos negativos ao ecossistema recifal, como alterações na estrutura das comunidades, danos físicos aos recifes e redução na resisliência do recife. Diversos estudos em recifes de corais no mundo têm caracterizado tais impactos propondo estratégias de manejo e indicadores biológicos para monitoramento. As peculiaridades dos recifes brasileiros, com baixa cobertura coralínea e elevada cobertura de algas e esponjas, torna necessário identificar e definir estratégias de manejo próprias para esse tipo de uso. O presente estudo avaliou o impacto que o mergulho recreativo provoca em ambientes recifais tropicais do Brasil. O primeiro capítulo é uma análise cienciométrica que indica as tendências dos estudos sobre os impactos do MR nos ambientes recifais brasileiros. Os resultados mostram o crescimento do número de publicações com esse tema ao longo do tempo e aponta a carência de uma análise integrada dos impactos que o MR causa na biota recifal. Além disso, observou-se a necessidade de delineamento do perfil, preferências e do comportamento dos mergulhadores. Nosso trabalho indica ainda que os recifes do Ceará e recifes urbanos da Paraíba e Alagoas são áreascom maior carência de estudos no tema. No segundo capítulo foi caracterizado o comportamento de mergulhadores recreativos em uma Área de Proteção Ambiental Marinha (AMP) no nordeste brasileiro, quantificando-se a frequência de toques no substrato recifal relacionado ao perfil do mergulhador e características do tipo de mergulho realizado. A frequência média de toques (FT) observada foi notadamente inferior no recife estudado, quando comparado a outros estudos em recifes de corais do mundo. As variáveis que influenciaram na FT foram: tipo de mergulho (scuba > snorkel), sexo (homens > mulheres) e na faixa etária (acima de 50 anos, maior que nas demais faixas etárias). A discussão deste capítulo aborda como as características físicas do local de estudo pode ter influenciado na redução da FT, e também a postura dos profissionais do turismo. O terceiro capítulo trata dos impactos do MR na ictiofauna e na comunidade bentônica em um ambiente recifal tropical do Brasil. Nesse capítulo a realização de uma análise integrada de múltiplas variáveis da biota marinha identificou importantes alterações na estrutura da comunidade recifal em função do MR. Essa abordagem permitiu a observação de possíveis relações de causa e efeito que a avaliação de apenas um grupo biológico poderia não detectar. As principais alterações documentadas foram: maior frequência relativa de areia e cascalho na cobertura do substrato e menores valores das categorias coral duro, coral mole e algas filamentosas nas áreas de Alto uso. A densidade média de corais não variou entre as áreas, contudo, a espécie de coral Favia gravida apresentou menor densidade nas áreas turísticas. As áreas de Alto uso exibiram ainda maior abundância relativa de ouriços pretos e invertebrados sésseis. As áreas de Baixo uso apresentaram maior cobertura de algas folhosas. Com relação a ictiofauna observou-se maior abundância, menor diversidade e dominância da espécie Haemulon aurolineatum nas áreas de alto uso. Nessas áreas destacaram-se as maiores abundâncias dos grupos tróficos invertívoros móveis, onívoros e carnívoros, com predominância de peixes da categoria de tamanho entre 11 – 20 cm. As áreas Controle apresentaram um padrão diferente com menor abundância total de peixes, maior diversidade e homogeneidade, com maior abundância de herbívoros, especialmente os territoriais, e destaque para as categorias de tamanho de 6 – 10 cm e de 21 – 30 cm. Nas áreas de Baixo uso observou-se valores intermediários e de maior semelhança com as áreas Controle. Essas alterações podem ser causadas diretamente pelo MR ou por efeitos indiretos, que é resultado da complexa forma como os diferentes táxons respondem aos danos oriundos da atividade turística. Apesar disso, essas modificações são espacialmente pontuais e com mais estudos, monitoramento, fiscalização e manejo adequado, acredita-se que os impactos possam ser reduzidos nas áreas turísticas. Neste trabalho ainda são sugeridas medidas de manejo para redução do impacto do MR e indicadores biológicos que podem otimizar o monitoramento de áreas recifais submetidas a atividade turística O quarto e último capítulo relata como o uso de uma abordagem metodológica diversificada em um projeto de Educação Ambiental (EA), cujo tema foi “os impactos do mergulho recreativo”, foi eficaz em uma escola pública do entorno de AMP alvo da especulação turística. Os resultados indicam que a combinação do conhecimento científico, conhecimento local, uso de mídias e visitas à ambientes não-formais são fundamentais para a eficácia de um projeto de EA. Esta tese apresenta dados pioneiros sobre os impactos que o mergulho recreativo gera em ambientes recifais brasileiros, contribuindo efetivamente para o manejo e desenvolvimento de um turismo sustentável em áreas protegidas marinhas. PALAVRAS-CHAVE: Impactos do turismo em recifes; turismo de mergulho sustentável; comportamento de mergulhadores; educação ambiental. 1 ABSTRACT Recreational diving (RD) is one of the fastest growing tourist activities in the world, generating employment, income and contributing with the conservation of reef environments. This boosts the creation of protected areas (PA) and helps with financial inputs to the maintenance of existing PAs. Despite the socioeconomic advantages, when carried out uncontrolled RD can cause negative impacts to reef ecosystems, such as changes in community structure, physical damage and reduction of reef’s resilience. Several studies on coral reefs worldwide have proposed management strategies and biological indicators for monitoring RD impacts. The peculiarities of Brazilian reefs, with low coral and high seaweed and sponge cover, make it necessary to identify and define management strategies appropriate to this type of use. The present study evaluated the impact of recreational diving on tropical reefs of Brazil. The first chapter is a scientometric analysis that indicates trends in the impact of RD on Brazilian reefs. Results show growth of publications over time but a lack of an integrated analysis of the impacts that RD causes on the reef biota. In addition, it was observed the necessity of delineation of the profile, preferences and the behavior of the divers. Our work also indicates that Ceará’s reefs and urban reefs of Paraíba and Alagoas are areas with greater lack of studies. In the second chapter, the behavior of recreational divers in a Marine Environmental Protection Area (MPA) in the Brazilian northeast was characterized, quantifying the frequency of touches on the reef substrate related to the profile of the diver and characteristics of the type of diving performed. The average frequency of touches (FT) observed was markedly lower in the studied reef when compared to other studies on coral reefs in the world. The variables that influenced FT were: type of diving (scuba> snorkel), sex (men> women) and in the age group (above 50 years, higher than in the other age groups). The discussion in this chapter discusses how the physical characteristics of the place of study may have influenced the reduction of FT, as well as the posture of tourism professionals. The third chapter deals with the RD impacts on the ichthyofauna and the benthic community in a Brazilian reef environment. In this chapter, an integrated analysis of multiple variables of the marine biota revealed important changes in the structure of the reef community as a function of RD. This approach allowed the observation of possible cause and effect relationships, that the assessment of only one biological group could not detect. The main changes documented were: higher relative frequency of sand and gravel in the substrate cover and lower values of hard coral, soft coral and filamentous algae in High Use areas. The average density of corals did not vary among the areas, however, the species of coral Favia gravida showed lower density in the tourist areas. Areas of high use exhibited even greater relative abundance of black urchin and sessile invertebrates. The Low Use areas presented greater coverage of foliose algae. In relation to ichthyofauna, in High Use areas the species Haemulon aurolineatum showed greater abundance but lower diversity. In these areas, the highest abundance of the mobile, omnivorous and carnivorous invertivorous trophic groups was observed, predominantly fish of the size category between 11 - 20 cm. The Control areas presented a different pattern with lower total fish abundance, greater diversity and homogeneity, and greater abundance of herbivores, especially the territorial ones, within the categories of size of 6 - 10 cm and of 21 - 30 cm. In the Low Use areas, we observed intermediate values and of greater similarity with the Control areas. These changes can be caused directly by RD or by indirect effects, which is a result of the complex way in which the different taxa respond to damages from the tourist activity. Despite this, these modifications are spatially punctual and with more studies, monitoring, supervision and proper management, the impacts could be reduced in the tourist areas. In this work, we suggest management measures to reduce the impact of RD and biological indicators that can optimize the monitoring of reef areas under tourism activity. The fourth and final chapter reports how uses of multiple methodologies in an Environmental Education (EE) project, whose main theme was "Impacts of recreational diving", was effective on a public school in the surroundings of MPA, which is a target area for tourism speculation. Results indicate that combinations of scientific and local knowledge, the use of media and visits to non-formal environments are fundamental to the effectiveness of an EE project. This thesis presents pioneering data about impacts that the recreational diving causes to Brazilian’s reefs, effectively contributing to management actions and development of sustainable tourism in marine protected areas. KEY WORDS: Impacts of tourism on reefs; Sustainable dive tourism; Behavior of divers; Environmental Education. 2 APRESENTAÇÃO GERAL Vivemos em um mundo em crise. A crise emerge da forma como o ser humano vem se relacionando com a Terra, em uma sociedade baseada no consumo, no lucro e na exploração, que está exaurindo os recursos naturais existentes. O modo de vida da sociedade atual é destrutivo, degradante e gera desigualdade. Esse sistema globaliza e torna uniforme povos e culturas, dizimando tudo o que diz respeito à diversidade, e sendo regido pela competição, exige pessoas rápidas, produtivas e competitivas. Vivemos em um mundo em crise. Falta água, falta energia, falta moradia, falta terra, falta comida, falta saúde, falta educação e sobretudo, falta cuidar do bem-estar comum. O último ano (2017) se destacou por ter “produzido” o maior número de bilionários da história (Rossi, 2018), e me pergunto quantos seres vivos e recursos naturais foram explorados em prol de tão poucos? Não existe riqueza sem pobreza. Não existem bilionários sem uma massa de explorados (Dierckxsens, 2011). Vivemos em um mundo triste e quente (NOAA, 2016). Será que ainda podemos fazer alguma coisa, frente as mudanças climáticas, acidificação dos oceanos, aumento do nível do mar e eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes? Ainda temos chance de mudar? Como este trabalho poderia contribuir com essa mudança? Como a ciência pode melhorar o mundo? A educação ambiental enxerga nas pessoas as soluções para um mundo melhor. Para esse campo de pesquisa, apenas o causador do problema pode resolver essa crise, sendo a formação de sujeitos ecológicos um caminho para transformar a forma como lidamos com a Terra (Carvalho, 2012). A Permacultura traz técnicas e vivências práticas que permitem uma existência realmente sustentável considerando aspectos éticos na relação com a Terra, com as pessoas e com todos os seres vivos (Holmgren, 2013). A solução para um mundo melhor está nas pessoas. Então como podemos mudá- las? Como mudar seus comportamentos tornando-as mais colaborativas e cuidadosas com meio que as cerca? É essa afirmação e indagações que movem esse trabalho! Com a minha pouca experiência (e decepções) lidando com pessoas, enxerguei na figura do turista características que poderiam ser potencialmente importantes na sensibilização para questões socioambientais. Lembrei da curiosidade nata desses indivíduos sobre os projetos de pesquisa e lembrei do meu próprio comportamento como turista. “Turista é bicho leso... 3 Se a gente colocar areia num pote e disser que é dum canto, ele vai e compra... Turista é bicho aberto... Cabeça aberta, mente aberta, corpo aberto... Turista é bicho esperto... doido... livre... Um bom momento para gente mudar, é quando a gente é turista, né não?” Os versos que seguiram foram escritos por mim, após uma longa discussão com meu marido, que trabalhou muitos anos com turistas. Esses versos resumem minhas impressões e indicam os motivos de ter escolhido trabalhar com esse grupo de pessoas. Ardoin et al. (2015) revisaram estudos que observaram mudanças de conhecimento, atitudes e comportamentos pró-ambientais em turistas que tiveram experiências com turismo de natureza. Os autores notaram as dificuldades de se medir e identificar se a experiência turística foi realmente o principal promotor dessas mudanças, mas de modo geral ressaltaram o potencial que o turismo de natureza tem na sensibilização das pessoas. Mesmo com os possíveis impactos que o turismo de natureza pode causar ao ambiente (Bessa et al., 2017), concordo com Heyman et al. (2010) que afirmam no título do seu artigo que “It is better to be disturbed than to be dead”. E mais ainda, acredito nos benefícios econômicos, sociais e ambientais que o turismo de natureza, quando realizado de forma planejada e organizada, pode trazer aos ambientes onde ele ocorre (Hammerton et al., 2012). Focada na possibilidade de desenvolver uma nova forma de pensar o turismo, foi que o objetivo desse trabalho foi desenhado. Busquei compreender os impactos do mergulho recreativo em ambientes recifais, a fim de contribuir com medidas de mitigação desse impacto. A ideia inicial da tese era ir mais além. Queria realmente desenvolver um modelo de turismo de mergulho com baixo impacto e transformador. Queria testar a eficácia de trilhas subaquáticas. Queria propor um projeto piloto de uma cooperativa de mergulho, onde os profissionais fossem apaixonados pelo recife, e mostrassem para os mergulhadores o quão especial era aquele momento de lazer. Queria compreender o custo de reposição do recife degradado. Queria ter começado a pensar em estratégias para mudar comportamentos e atitudes.... Queria... Infelizmente (ou felizmente) a vida não é como a gente quer. Ela simplesmente é, e cabe a cada um, ser resiliente o bastante para ser feliz. Não pude fazer tudo que queria nesse trabalho, mas penso que os resultados aqui apresentados e discutidos podem contribuir de forma prática para o desenvolvimento de um turismo de mergulho 4 que cause menos impactos ambientais negativos e promova mais impactos sociais positivos. Os ambientes recifais foram escolhidos por sua importância econômica, ecológica e social (Morberg & Folke, 1999) e pelo crescimento do turismo de mergulho em todo mundo (Spalding et al., 2017). Além disso, me apaixonei pelos seres recifais desde nosso primeiro encontro em meados de 2005.... Me apaixonei tanto, que em 2009 fui morar em Maracajaú, um distrito do município de Maxaranguape, localizado no litoral norte do estado do Rio Grande do Norte. O recife ou parracho de Maracajaú faz parte da Área de Proteção Estadual dos Recifes de Corais e é um dos principais destinos de turismo de mergulho do nordeste do Brasil (IDEMA, 2012; Brasil, 2015). Foi então, nesse recife, que ao longo de 4 anos empreendi esforços para desenvolver essa tese. O objetivo do primeiro capítulo foi compreender o que já se sabia sobre os impactos do mergulho recreativo (MR) em ambientes recifais no Brasil. Através de uma análise cienciométrica, buscou-se avaliar as tendências dos estudos já realizados e identificar as variáveis biológicas já analisadas, além de apontar lacunas no conhecimento desse tema por estado brasileiro. O texto está estruturado para que se desdobre em duas publicações, uma com enfoque regional, no intuito de contribuir na gestão da atividade de MR no Brasil; e outra com uma abordagem mais global. As referências estão padronizadas segundo o Pan-American Journal of Aquatic Sciences. Os resultados do primeiro capítulo apontam duas lacunas importantes na pesquisa sobre os impactos do MR no Brasil: a primeira é que apenas um trabalho analisou as variáveis que podem influenciar no comportamento de mergulhadores no Brasil (Giglio et al, 2016); e a segunda, é que poucos trabalhos no Brasil incorporaram a resposta de mais de um grupo biológico em suas análises para compreensão do impacto do MR. O segundo e terceiro capítulo, buscaram contribuir com o nosso conhecimento sobre essas lacunas. No segundo capítulo da tese buscou-se compreender quais variáveis podem influenciar na frequência de contato do mergulhador com o recife. Nosso trabalho apresenta a relação de frequência de contato não só para mergulhadores autônomos, como também para o mergulho livre, além de apontar caraterísticas peculiares da operação turística na área de estudo, que podem ser benéficas para o desenvolvimento do MR com menor impacto. As referências estão padronizadas segundo ICES Journal of Marine Science. 5 O objetivo do terceiro capítulo foi analisar uma série de variáveis biológicas submetidas a diferentes níveis de uso turístico. Foi observada a assembleia de peixes recifais, cobertura do substrato, megafauna de invertebrados e saúde da comunidade coralínea em áreas turísticas muito visitadas (> de 6000 turistas/ano), áreas turísticas de baixo uso (< 6000 turistas/ano) e áreas sem visitação. Nossos resultados indicam que o mergulho recreativo causa alterações diretas em todos os grupos biológicos analisados e discute modificações que podem ocorrer em interações ecológicas em função de mudanças comportamentais de algumas espécies. Essas alterações são espacialmente pontuais e com mais estudos, monitoramento, fiscalização e manejo adequado, acredita- se que os impactos podem ser reduzidos nas áreas turísticas. O último capítulo se propôs a testar como uma abordagem metodológica diversificada pode ser eficaz em um projeto de educação ambiental (EA) cujo tema foi os impactos do mergulho recreativo. Esse trabalho foi realizado no distrito de Caraúbas, que fica ao lado de Maracajaú, também sob influência da APARC. Os resultados desse artigo mostram que o projeto foi eficaz e reflete sobre como questões socioeconômicas podem influenciar no sucesso de um projeto de EA. O artigo está no formato da revista Investigações em Ensino de Ciências. Seguindo orientações da minha excelente banca examinadora, gostaria de deixar claro alguns conceitos que serão utilizados ao longo da tese: 1) Ambientes recifais tropicais do Brasil: São ambientes marinhos de fundo consolidado que se estendem pela costa do Brasil do Amapá ao Sul da Bahia (Leão et al., 2003). 2) Mergulho Recreativo (MR): Aqui consideramos o conceito amplo de mergulho recreativo, compreendendo-o como qualquer atividade de mergulho realizada com fins recreativos. Alguns autores dividem essa atividade em mergulho autônomo, mergulho livre, flutuação e apneia (Garrod & Gössling, 2008; Neto, 2012), neste estudo todas essas subdivisões foram consideradas dentro do escopo de MR. 3) Turismo de mergulho: Alguns autores consideram turismo de mergulho apenas viagens que tem finalidade clara e própria para realização de mergulho (OMT, 2001; Dimmock, 2007). Em virtude do crescente grupo de turistas de massa que estão realizando uma viagem de férias e realizam mergulhos estimulados por pacotes turísticos promocionais (Araújo & Carvalho, 2013), consideramos 6 turismo de mergulho, qualquer atividade turística que tenha, por qualquer razão, incluído em seu percurso uma operação de mergulho. 4) Turismo de massa: É considerado como o turismo de sol e praia, onde um grande número de pessoas visita ao mesmo tempo, uma área relativamente pequena (Butler, 2006). Normalmente, este tipo de turismo gera uma série de modificações, com consequências negativas muitas vezes irreversíveis, como desgastes econômico, social, cultural e ambiental nas comunidades onde ocorre (Zaoual, 2008). Não existe um número especifico de turistas na definição de turismo de massa, segundo Barretto (1998), o turismo de massa se estabelece em locais onde existe uma alta demanda. 5) Impactos dos mergulhadores: São impactos causados diretamente pela ação do mergulhador, seja através de toques com partes do seu corpo ou com partes de equipamentos de mergulho. Esse tipo de impacto pode ser intencional ou não, podendo ocasionar danos graves, como quebra e morte e organismos recifais. Com o esclarecimento desses conceitos e com a tese devidamente apresentada, convido-@ a enveredar na leitura de cada capítulo. Peço perdão pela forma pouco formal como essa apresentação foi escrita, mas me foi permitido esse tipo de redação, e assim a fiz. As ilustrações no início de cada capítulo e na capa da tese foram encomendadas a uma artista amiga minha. A Karen Pimenta mora aqui em Macapá e captou a essência do meu pedido. Ela transformou ciência em arte e encheu de beleza e cores minha tese. Agradeço imensamente a oportunidade de concluir essa tese. Para construir cada etapa desse trabalho precisei abrir mão de alguma coisa. Abri mão de brincar com meus filhos ou de fazer sua comida. Abri mão de fazer aulas melhores ou de participar de alguma importante comissão que poderia melhorar meu espaço de trabalho. Abri mão de ficar nas férias com minha mãe e aproveitar meu tempo com minha família. Abri mão de não fazer nada e ter tempo ocioso.... Por isso, por todo esse esforço e dedicação, sinto um enorme amor nesse trabalho. Aqui estão minhas esperanças de tempos melhores. Esperança que eu possa sempre ver o mundo com o olhar de um turista curioso... e que eu esteja sempre aberta e pronta para promover mudanças na minha própria vida! 7 REFERÊNCIAS ARAÚJO, L. M.; CARVALHO, R. C. O turismo de massa em debate: a importância de sua análise para o planejamento turístico do estado de Alagoas, Brasil. Anais do X Seminário da Associação Nacional Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo. Universidade de Caxias do Sul, 1-20.2013. ARDOIN, N. M.; WHEATON, M.; BOWERS, A. W.; HUNT, C.A.; DURHAM, W.H. Nature-based tourism's impact on environmental knowledge, attitudes, and behavior: a review and analysis of the literature and potential future research. Journal of Sustainable Tourism, Volume 23, Issue 6,2015. BARRETTO, Margarita. Manual de iniciação ao estudo do turismo. 3ed. Campinas, São Paulo: Ed. Papirus,1998. BESSA, E; SILVA, F. SABINO, F. Impacts of Fish Tourism. In: BLUMSTEIN, D. T. et al (eds.), Ecoturism´s Promise and Peril, Spring International Publishing AG, 2017. DOI 10.1007/978-3-319-58331-0_5. BRASIL. Ministério do Turismo, Brasília. 2005. Caderno de subsídios - Viagem Técnica México. BUTLER, R. W. The Tourism Area Life Cycle: Conceptual and Theoretical Issues. Clevedon, UK, Channel View Publications. 2006. CARVALHO, I.C.M. Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. 6ªed. São Paulo, SP: Cortez, 2012. DIERCKXSENS, W. 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Disponível em: Acesso em: 06 de março de 2018. 9 Im pactos ambientais do mergulho r ecreativo em am bientes recifais tropicais do brasil: uma análise cienciométrica 10 Impactos ambientais do mergulho recreativo em ambientes recifais tropicais do Brasil: uma análise cienciométrica Environmental impacts of recreational dive in tropical reefs of Brazil: a scientometric analysis Introdução Ambientes recifais concentram a maior biodiversidade dos oceanos (Adey 2000) e também se destacam entre os ecossistemas marinhos que fornecem uma variedade de bens e serviços à humanidade como: a proteção do litoral contra à ação de ondas, potencialidade para a descoberta de compostos medicinais, berçário para espécies marinhas e diversos benefícios econômicos através do uso recreativo, turístico e pesqueiro (Moberg & Folke 1999). Mesmo com sua importância econômica e ecológica, áreas recifais em todo o mundo estão sujeitas a uma série de impactos globais e locais (Hughes et al. 2017) e existe urgência em políticas que promovam a conservação destes hotspots de vida marinha. No Brasil os ambientes recifais tropicais se estendem por mais de 3.000 km entre a costa do Amapá e o Sul da Bahia (Ferreira & Maida 2006; Moura et al. 2016), com características únicas, como o tipo de crescimento, aspectos morfológicos, fauna construtora do recife e ambiente deposicional (Leão et al. 2003). Os recifes brasileiros caracterizam -se pela baixa cobertura coralínea, elevado endemismo de espécies de corais em zonas com alto aporte de sedimentos, resultantes da desembocadura de grandes rios e erosão costeira (Castro & Pires 2001). Apesar dessas peculiaridades, os bens e serviços fornecidos por esses ecossistemas e, consequentemente, sua importância ecológica e econômica, equivalem aos dos recifes de corais de outras regiões do mundo (Leão et al. 2016). Em recente revisão, Tedesco et al. (2017) elencaram as principais ameaças para a conservação dos recifes brasileiros, sendo elas: o crescimento populacional, a atividade pesqueira, a poluição da costa, a introdução de espécies exóticas, as mudanças climáticas e o turismo irregular voltado para prática do mergulho recreativo. Apesar de já ter sido considerado uma prática de baixo impacto ambiental (Tilmant 1987, Talge 1991), atualmente diversos estudos apontam que o mergulho recreativo pode causar danos significativos ao ambiente marinho. Os impactos podem ser resultantes do contato direto de mergulhadores com o recife (Rouphael & Inglis 11 2001, Zakai & Chadwick-Furman 2002, Luna et al. 2009, Camp & Fraser 2012, Giglio et al.2016), da sedimentação oriunda da ressuspensão de sedimentos bentônicos (Hasler & Ott 2008), das injúrias causadas pela ancoragem de embarcações (Creed & Amado- Filho 1999, Giglio et al. 2017a) e da poluição (Lamb et al. 2014, Downs et al. 2015). Esses impactos podem resultar em alterações na estrutura da comunidade recifal (Hawkins & Roberts 1992, Hawkins et al. 1999), modificações comportamentais de algumas espécies (Di Franco et al. 2013; Titus et al. 2015), diminuição da capacidade de reprodução dos corais (Kragt et al. 2009), aumento da suscetibilidade a doenças em corais (Lamb et al. 2014), redução da biodiversidade e resiliência do ecossistema como um todo (Gladstone et al. 2013). Estudos com enfoque nos impactos do mergulho recreativo no Brasil foram iniciados em meados da década de 1990 (Leão et al. 1996, Creed & Amado-Filho 1999, Augustowski & Francine 2002), mas ainda não há um consenso sobre quais variáveis biológicas respondem a esse tipo de dano em recifes com as características encontradas no Brasil (Wedekin 2003, Luiz Júnior 2009). Em recifes de corais de outras partes do mundo é comum a utilização de variáveis relacionadas à comunidade coralínea, como riqueza de espécies, porcentagem de cobertura de corais e de corais quebrados (Hawkins & Roberts 1992, Tratalos & Austin 2001, Rouphael & Inglis 2002, Polak & Shashar 2012). Estes são considerados bons indicadores, pois os recifes em questão possuem elevada cobertura de corais (espécies e abundância), que é susceptível aos impactos causados pela ação da logística da operação de mergulho e por possíveis danos empregados diretamente por mergulhadores (Hawkins et al. 1999). No entanto, recifes com baixa cobertura coralínea e que são submetidos a pressão turística, como é o caso do Brasil, os indicadores mencionados não se mostram adequados para o diagnóstico de modificações na comunidade recifal em função da atividade turística (Lima 2016). Desta forma, o presente estudo buscou mapear as pesquisas já realizadas que focaram nos impactos do mergulho recreativo em ambientes recifais tropicais do Brasil. Foram identificados os grupos biológicos, as variáveis ecológicas utilizadas nos trabalhos e a abrangência geográfica dos estudos através de uma análise cienciométrica da literatura científica. Utilizou-se desta análise por ela utilizar de técnicas quantitativas e/ou qualitativas que permitem avaliar a produção científica sobre determinado tema, buscando identificar padrões e tendências que podem existir nas publicações e possibilitando a observação da importância dada a determinado assunto ou autor e 12 identificando regiões geográficas onde há carência de determinadas pesquisas (Macias- Chapula 1998; Barbosa et al. 2012). O presente estudo evidenciou a amplitude geográfica em que estão concentrados os esforços de pesquisa sobre o tema no país, assim como a existência de conhecimento científico em áreas críticas para conservação. Analisou-se ainda os estudos desenvolvidos em áreas onde a atividade de mergulho é fortemente presente e consolidada, incentivando a realização de pesquisas em locais com carência de informações sobre o tema. O ponto de partida para a gestão do turismo de mergulho em um país com uma costa tão extensa como a do Brasil é a identificação das áreas onde a atividade ocorre e os impactos que estão sendo gerados. Este é o mapeamento inicial para o desenvolvimento posterior de estratégias de manejo que permitam reduzir ou mitigar os danos e criar propostas de gestão inovadoras com uma abordagem que integre soluções para sistemas sociais, econômicos e ambientais. Materiais e Métodos Análise da literatura Para o levantamento de estudos realizados nas áreas de mergulho recreativo em ambientes recifais do Brasil foram examinados textos, documentos e publicações disponibilizados pelos Ministério do Turismo e Ministério do Meio Ambiente, além de pesquisa em sites das principais operadoras de mergulho do Brasil, nos estados que possuem áreas recifais e artigos científicos. Para a análise cienciométrica, foi conduzido um levantamento sistemático dos estudos a fim de identificar a literatura relevante sobre os impactos da atividade de mergulho em ambientes recifais brasileiros. Dois bancos de dados foram acessados: Web of Science na ISI Web of knowledge e o Google Acadêmico, através de três momentos de busca, nos quais foram utilizados os seguintes termos: busca 1: ‘Brazil’ e ‘impact’ e ‘dive’; busca 2: ‘nome do estado’ (ex: Ceará) e ‘impact’ e ‘dive’; busca 3: ‘Brazil’ e ‘palavras-chaves identificadas nas buscas 1 e 2’ (coral, pollution, diver, reef, anchor damage). Não foi definido período de pesquisa específico, sendo contabilizados todos os artigos encontrados sobre o tema, independente do ano de publicação. Todas as buscas foram refeitas utilizando os mesmos termos em português, através das mesmas fontes de dados. 13 Os resultados foram limitados a textos em inglês e português, utilizando-se periódicos indexados e literatura cinza. As pesquisas foram cruzadas para produzir uma lista única para cada estado brasileiro. Os resumos de todos os artigos e trabalhos encontrados na busca foram analisados e incluídos na revisão sempre que se referissem a impactos ligados à atividade de mergulho recreativo em ambientes recifais do Brasil. Cada publicação foi analisada de acordo com: (i) ano da publicação, (ii) periódico da publicação ou universidade, no caso de trabalhos de literatura cinza, (iii) qualis do periódico, (iv) fator de impacto; (v) número de citações, (vi) área geográfica de enfoque do estudo (estado brasileiro e, quando foi o caso, a unidade de conservação), (vii) grupos biológicos estudados (algas, peixes, invertebrados bentônicos, coral duro, coral mole e outros), (viii) variáveis biológicas estudadas (ex. riqueza, biomassa, diversidade, dominância, abundância, densidade, classes de tamanho, categorias tróficas, entre outras), (ix) avaliação do impacto do mergulhador. O conceito qualis foi obtido através de consulta na plataforma sucupira (CAPES 2017), na avaliação de 2017 para área de avaliação “Biodiversidade”. O fator de impacto utilizado foi o indicador SJR, na avaliação de 2016 (SCImago 2007). O número de citações utilizado foi o valor disponibilizado pelo banco de dados do Google Acadêmico, pois o mesmo inclui o número de citações de publicações da literatura cinza, o que permite uma comparação deste fator com periódicos indexados. Este levantamento foi realizado entre abril e junho de 2017. Resultados Áreas de Mergulho Foram identificadas 237 áreas de mergulho recreativo em ambientes recifais, em sete estados do nordeste brasileiro (Maranhão/MA, Ceará/CE, Rio Grande do Norte/RN, Paraíba/PB, Pernambuco/PE, Alagoas/AL e Bahia/BA) (ANEXO I). A maioria das áreas identificadas localiza-se em recifes profundos direcionados para o scuba dive (70%). As áreas rasas, exclusivas para prática de snorkel, são piscinas naturais com profundidade entre 0 e 1,5 metros (21%), já as áreas onde ocorrem as duas modalidades de mergulho concomitantemente, apesar de serem a minoria (9%), são aquelas que recebem turismo em massa (ANEXO I). 14 Aproximadamente 50% das áreas de mergulho identificadas estão inseridas em Unidades de Conservação (UC) e possuem algum tipo de regra de uso, como limitação no número de visitantes ou restrição ao uso de algum artefato (Ferreira & Maida 2006). No Maranhão, a única área de mergulho encontrada foi o Parque Estadual Marinho Parcel de Manoel Luís. Esta foi citada em sites especializados de mergulho e por grupos de mergulhadores, porém algumas peculiaridades do recife, como distância da costa e forte correnteza, tornam a operação turística regular inviável no local, sendo a visitação realizada apenas por mergulhadores experientes e com recursos para financiar o embarque até o local. No levantamento realizado não foram encontrados pontos de mergulho nos estados do Amapá, Pará, Piauí e Sergipe. Análise Cienciométrica Foram registradas apenas 36 publicações que abordaram algum aspecto do impacto que o mergulho recreativo causa no ambiente recifal, entre os anos 1999 e 2016, com um crescimento do número de publicações nos últimos cinco anos. Esses trabalhos estão concentrados em 41 áreas de mergulho, o que representa 17% do total de áreas de mergulho registradas no presente levantamento. Os estudos foram oriundos da literatura cinza (44,4%), publicações internacionais (30,6%) e publicações nacionais (25%) (Figura 1). 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Figura 1 - Porcentagem acumulada de estudos enfocando o impacto do mergulho recreativo em ambientes recifais tropicais do Brasil. N = 36 publicações. O primeiro registro em 1996 e o último em 2016. 15 % Acumulada de publicações 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 As pesquisas analisadas, excetuando-se a literatura cinza, foram publicadas em 17 periódicos, e apenas dois desses tiveram mais de uma publicação com o tema: Brazilian Journal of Pharmacognosy (2) e Environmental Management (2). O fator de impacto e categoria de qualis variou entre os periódicos, com destaque para três artigos de maior impacto: Coral Reefs (1,343), Marine Pollution Bulletin (1,302) e Journal of Experimental Marine Biology and Ecology (0,937) (Tabela 1). Tabela 1 –Lista de publicações com enfoque nos impactos do mergulho recreativo em ambientes recifais tropicais no Brasil. Em cada uma delas é destacada a relação entre o número de citação e a idade do artigo (número de anos desde que a publicação foi lançada (Nº CIT/IDADE)), o número de citações segundo Google Acadêmico (Nº CIT), a área de estudo, o periódico em que foi publicado, o conceito qualis e o fator de impacto (FI), segundo o indicador SJR. NA – Não se aplica. Nº CIT/ Nº ESTUDO ÁREA DE ESTUDO PERÍODICO QUALIS F.I. (SJR) IDADE CIT. Leão & Recifes do Norte da MARINE POLLUTION 7,4 89 A1 1,302 Kikuchi 2005 BA e Abrolhos - BA BULLETIN Creed & JOURNAL OF Amado-Filho 7,1 127 Abrolhos - BA EXPERIMENTAL MARINE A1 0,937 1999 BIOLOGY AND ECOLOGY Giglio et al. ENVIRONMENTAL 5 10 Abrolhos - BA B1 0,794 2016 MANAGEMENT Albuquerque MARINE AND 4 12 Moreré - BA B1 0,711 et al. 2014 FRESHWATER RESEARCH Santos et al. Porto de Galinhas - ENVIRONMENTAL 4 8 B1 0,794 2015 PE MANAGEMENT Sarmento & Porto de Galinhas – 3,8 19 CORAL REEFS A1 1,343 Santos 2012 PE Ilarri et al. NEOTROPICAL 3,6 32 Picãozinho - PB B2 0,657 2008 ICHTHYOLOGY Pérez et al. Porto de Galinhas - 3,1 37 HYDROBIOLOGIA A1 0,895 2005 PE JOURNAL OF THE Feitosa et al. Maracajaú - RN; M A R INE BIOLOGICAL 2,8 14 B2 0,382 2012 Maragogi - AL ASSOCIATION OF THE UNITED KINGDOM Silva et al. BRAZILIAN JOURNAL OF 2,8 14 Maracajaú - RN B3 0,418 2012 PHARMACOGNOSY PAN-AMERICAN Medeiros et 2,6 26 Picãozinho - PB JOURNAL OF AQUATIC B3 0,207 al. 2007 SCIENCES Azevedo et al. BRAZILIAN JOURNAL OF 2,6 13 Pirangi - RN B3 0,418 2011 PHARMACOGNOSY Feitosa et al. ARQUIVOS DE CIÊNCIAS 2,3 34 Maracajaú - RN C 0 2002 DO MAR Sarmento et Porto de Galinhas - 1,8 11 SCIENTIA MARINA B1 0,537 al. 2011 PE Correia & PROCEEDINGS OF THE Recifes urbanos de Sovierzoski 1,2 11 11TH INTERNATIONAL NA NA Maceió - AL 2008 CORAL REEF SYMPOSIUM Spanó et al. OLAM - CIÊNCIA E 1,2 11 Abrolhos - BA C 0 2008 TECNOLOGIA LIVRO - Global Aspects of Leão et al. 1,1 23 Abrolhos - BA Coral Reefs: health, hazard NA 0 1996 and history Batista et al. ANUÁRIO DO INSTITUTO 1,1 11 Maracajaú - RN B5 0,16 2007 DE GEOCIÊNCIAS - UFRJ 16 Cont. Tabela 1: Nº CIT/ ÁREA DE ESTUDO Nº CIT. PERÍODICO QUALIS F.I. (SJR) ANOS ESTUDO REDE - REVISTA Melo et al. 2014 0,7 2 Seixas - PB ELETRÕNICA DO C 0 PRODEMA Maracajaú - Silva 2006 0,2 2 UFRN - DISSERTAÇÃO NA NA RN Maracajaú - Garcia 2006 0,1 1 UFC - DISSERTAÇÃO NA NA RN Costa & Miranda Areia REVISTA DE ESTUDOS 0 0 B4 0 2016 Vermelha - PB AMBIENTAIS Cavalcante et al. TROPICAL 0 0 Maragogi - AL C 0 2014 OCEANOGRAPHY Maracajaú - Feitosa 2005 0 0 RN U FC - DISSERTAÇÃO NA NA Maragogi - AL Azevedo 2011 0 0 Pirangi - RN UFRN - DISSERTAÇÃO NA NA Barboza 2014 0 0 Pirangi - RN UFRN - DISSERTAÇÃO NA NA Picãozinho - Maximo 2015 0 0 UFPB - DISSERTAÇÃO NA NA PB Porto de UFRPE - Lima 2016 0 0 NA NA Galinhas - PE DISSERTAÇÃO Porto de Santos 2013 0 0 UFPE - DISSERTAÇÃO NA NA Galinhas - PE Porto de Macedo 2014 0 0 UFPE - DISSERTAÇÃO NA NA Galinhas - PE Ilha de Tinharé Elliff 2014 0 0 UFBA - DISSERTAÇÃO NA NA e Boipeba - BA Porto de Padilha 2015 0 0 UFPE - DISSERTAÇÃO NA NA Galinhas - PE Maracajaú - Silva 2015 0 0 UFRN - TCC NA NA RN Maracajaú - Torres 2016 0 0 UFRN - TCC NA NA RN ANAIS DO FÓRUM Torres et al. 2016 0 0 Seixas - PB INTERNACIONAL DE NA NA TURISMO DE IGUASSU Maracajaú - RN - RELATÓRIO Amaral et al. 2005 0 0 NA NA RN TÉCNICO IDEMA O artigo mais citado foi o experimento de Creed & Amado-Filho (1999), com 127 citações, que avaliou o impacto da ancoragem de barcos de mergulho recreativo sobre a comunidade fital de Abrolhos. A relação entre o número de citações e a “idade” do artigo destacou a relevância de artigos com um número menor de citações, entre eles: Albuquerque et al. (2014), Santos et al. (2015) e Giglio et al. (2016) (Tabela 1). O estado brasileiro com maior número de estudos no tema em questão foi o Rio Grande do Norte, com registro de 13 publicações. As áreas de estudo concentraram-se nos recifes de Maracajaú e de Pirangi. Apesar da Bahia concentrar o maior número de áreas de mergulho, foram registradas apenas sete publicações em recifes baianos. No Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Sergipe não foram encontrados trabalhos que analisassem os impactos do mergulho recreativo em ambientes recifais (Figura 2). 17 Figura 2 - Número de publicações com enfoque nos impactos do mergulho recreativo em ambientes recifais desenvolvidos nos Estados do Brasil. AM –Número de áreas de mergulho por estado; UC - Número de áreas de mergulho inseridas em Unidades de Conservação; Nº DE PUB - Número de publicações. A maioria dos estudos ocorreram em recifes que estão inseridos em Unidades de Conservação (UC) (61,1%). Em Alagoas e na Bahia todos as pesquisas ocorreram dentro de UC, enquanto que no RN, 77% e na PB, 16% foram realizados em áreas protegidas. Nas publicações analisadas, identificou-se seis grupos biológicos avaliados em áreas recifais com uso turístico, nos diferentes estados do Brasil, considerando variáveis como riqueza, abundância, densidade, dentre outras. São eles: algas (27,8% das publicações), peixes (25%), invertebrados bentônicos (22,2%), coral duro (16,7%), coral mole (11,1%) e outros (16,7%). O grupo “outros” inclui estudos que analisaram impactos ambientais gerais, como alterações em serviços ecossistêmicos, aspectos qualitativos da cobertura de corais e foraminíferos (Quadro 1). Com relação aos grupos biológicos avaliados nas publicações, é importante ressaltar que apenas os trabalhos de Garcia (2006); Sarmento et al. (2011), Sarmento & Santos (2012), Santos (2013), Santos et al. (2015) e Lima (2016) analisaram mais de um grupo biológico concomitantemente (algas e invertebrados bentônico). Os demais focaram em apenas um grupo e não houve registro de trabalhos que realizassem uma análise integrada dos impactos do MR na biota recifal como um todo. 18 Em geral, todas as variáveis analisadas para os diferentes grupos biológicos tiveram algum tipo de alteração devido ao impacto do mergulho recreativo, com exceção da riqueza de peixes e aspectos ecológicos de corais. Quadro 1–Grupos biológicos avaliados nos estudos com foco nos impactos do mergulho recreativo em ambientes recifais, por Estado, no Brasil. Quadrados brancos indicam que determinada variável não foi avaliada; quadrados pretos discriminam que a variável analisada sofreu alteração em função da atividade de mergulho recreativo; quadrados cinza indicam que a variável foi analisada, mas não sofreu alteração em função do uso turístico. Grupo Variável RN PB PE AL BA Referência Riqueza Creed & Amado-Filho 1999, Silva 2006, Azevedo 2011, Sarmento et al. 2011, Biomassa Algas Azevedo et al. 2011, N = 10 Sarmento & Santos 2012, Diversidade Silva et al. 2012, Santos 2013, Maximo 2015; Santos Dominância et al. 2015. Riqueza Abundância Feitosa et al. 2002, Amaral et Densidade al. 2005, Feitosa 2005, Peixes D i v e r s idade Medeiros et al. 2007, Ilarri et N = 9 Equitabilidade al. 2008, Feitosa et al. 2012, Albuquerque et al. 2014, Classes de tamanho Macedo 2014, Silva 2015. Categorias tróficas Comportamento Riqueza Pérez et al. 2005, Garcia Invert. Abundância 2006, Correia & Sovierzoski bentônicos 2008, Sarmento et al. 2011, N = 8 Densidade Sarmento & Santos 2012, Santos 2013, Barboza 2014, Composição Santos et al. 2015. Riqueza Abundância Classes de tamanho Garcia 2006, Spanó et al. Coral Duro Categorias de saúde 2008, Cavalcante et al. 2014, N = 5 Quebra Lima 2016, Torres 2016. Mortalidade Recrutamento Cobertura Santos 2013, Padilha 2015 Coral Mole Classes de tamanho , Santos et al. 2015, Lima N = 4 Morfologia 2016, Impactos ambientais Leão et al. 1996, Leão & Serviços Ecossistêmicos Kikuchi 2005, Batista et al. Outros Foraminíferos 2007, Elliff 2014, Melo et al. N = 7 2014, Costa & Miranda 2016, Aspectos qualitativos da Torres et al. 2016. cobertura de corais 19 Apenas um trabalho identificou características de mergulhadores associadas ao impacto nos recifes (Giglio et al. 2016). Este foi realizado nos recifes de Abrolhos e os resultados apontaram as maiores taxas de contato foram exibidas por fotógrafos especialistas, por mergulhadores em recifes artificiais e por mergulhadores que utilizavam sidemount. É importante ressaltar que o presente trabalho centrou seus esforços em analisar as pesquisas em ambientes recifais, contudo outros estudos em costões rochosos do litoral Sul e Sudeste vêm sendo desenvolvidos com abordagens semelhantes (Pedrini 2006, Pedrini et al. 2007, Pedrini et al. 2008, Pedrini et al. 2015, Giglio et al. 2017a, b). Para gestão integrada do mergulho recreativo no Brasil é importante considerar seus resultados, ponderando as peculiaridades do tipo de recife e possíveis indicadores que podem responder de forma diferenciada. Discussão Levantamento das áreas de mergulho O foco principal deste estudo não foi realizar o levantamento das áreas de mergulho em ambientes recifais tropicais do Brasil, mas esse esforço foi necessário para compreender a dimensão geográfica das pesquisas realizadas com enfoque no impacto do mergulho recreativo (MR). Gerar uma lista completa dessas áreas de mergulho é um objetivo ambicioso e de difícil alcance, devido às limitações do método empregado e à falta de informações disponíveis. Assim, é de se esperar que a lista de áreas de mergulho apresentada esteja subestimada. Contudo, este é o primeiro estudo que revela um panorama geral dos recifes com identificação de impactos gerados pela atividade de mergulho e onde existe a demanda deste tipo de estudo no Brasil. Estudos adicionais devem ser realizados afim de refinar e complementar o presente estudo, através de uma ampla consulta com pesquisadores e profissionais de mergulho que frequentem áreas recifais ao longo da costa brasileira. Esse aditivo deve conter informações relevantes, como as coordenadas geográficas, profundidade, tipos de atividades desenvolvidas (ex. trilhas subaquáticas e fotografias) e número médio de visitantes por ano por ponto de mergulho. 20 Análise Cienciométrica Apesar dos resultados desse estudo indicarem um crescimento no interesse científico sobre os impactos que o MR pode provocar nos ambientes recifais brasileiros, o baixo número de publicações encontradas confirma as afirmações de Giglio et al. (2016) e Tedesco et al. (2017), que evidenciam a escassez de estudos sobre o tema no Brasil. É provável que o baixo número de estudos nesta área reflita a dificuldade de estabelecimento de indicadores ambientais consistentes, os quais respondam claramente à atividade de mergulho recreativo. Além disso, a atividade de pesquisa em ambientes recifais no Brasil é recente, iniciada por volta da década de 1970, com a descrição dos recifes brasileiros realizada por Jacques Laborel (Laborel, 1970), e tornando-se mais forte a partir da década de 1980 e início de 1990. Em recifes coralíneos de outras regiões do mundo, os impactos do MR são mais evidentes (ex. quebra de corais, branqueamento frente à ressuspensão) (Roche et al. 2016, Abidin & Mohamed, 2014, Worachananant et al. 2008), e a atividade de visitação é mais antiga, assim como o tempo de pesquisas desenvolvidas. Outro fator que pode contribuir com esse cenário é a dificuldade de coleta de dados em ambientes subaquáticos, que exige uma logística complexa e a formação de profissionais experientes e capacitados em mergulho científico. O atual crescimento do número de publicações no Brasil provavelmente está relacionado ao aumento do uso turístico desordenado em áreas recifais da costa brasileira (Rowe & Santos 2016). Esse tipo de turismo pode tornar evidente alterações na estrutura da comunidade recifal, despertando o interesse da compreensão desses impactos pelo meio científico (Giglio et al. 2017b). O aumento do uso e a pressão social advinda da necessidade de ordenação da atividade de MR nos recifes onde ele ocorre, pode ser outro fator que impulsiona pesquisas com o tema. Empresas, profissionais de mergulho, pescadores e comunidades que estão intimamente relacionadas com os recifes, interagindo nesse espaço e exigindo respostas sobre a capacidade de suporte das áreas de mergulho, possíveis alterações e prejuízos que o MR pode causar (Silva et al 2009, IDEMA 2012). Por fim, o crescimento do número de publicações no Brasil acompanha o crescente interesse por esse tema no resto do mundo, especialmente em recifes do Caribe, Mar Vermelho e Grande Barreira de Corais, na Austrália (Lamb et al. 2014). Quase a metade das publicações encontradas são oriundas da literatura cinza e poucos estudos estão publicados em revistas de maior impacto. Isso reflete, na maioria 21 das vezes, uma abordagem microregional das pesquisas e possíveis problemas metodológicos que podem impedir a publicação das dissertações e teses em periódicos mais acessados. Além disso, a falta de incentivo em pesquisas científicas no Brasil tem se agravado nos últimos anos, influenciando de forma negativa o desenvolvimento de projetos e a ampla divulgação de seus resultados. Em 2017, um corte de verbas de mais de 40% do governo federal neste setor, refletiu o descaso e ganhou notoriedade mundialmente, exibindo as dificuldades em se realizar pesquisas de qualidade sem incentivos no Brasil (Angelo 2017). Os recentes artigos de Sarmento& Santos (2012), Albuquerque et al. (2014), Santos et al. (2015) e Giglio et al. (2016), publicados em revistas internacionais e destacados no número relativo de citações, indicam a repercussão positiva dos estudos realizados no Brasil sobre os impactos do mergulho recreativo (Williamson et al. 2017, Hammerton 2017, Spalding et al. 2017) e a necessidade urgente da ampliação de informações sobre o tema. Outra informação registrada na análise cienciométrica foi a concentração dos estudos em poucos recifes, com 64% das publicações desenvolvidas nos recifes de Maracajaú – RN, Porto de Galinhas – PE e Abrolhos – BA. Em Maracajaú, o incentivo à realização das primeiras pesquisas científicas na área se deu por pressão de empresários do mergulho, afim de transformar o local em Unidade de Conservação (UC). Com isso, os empresários puderam regulamentar suas atividades e reduzir conflitos existentes com pescadores artesanais locais (Silva et al. 2009). Em Porto de Galinhas, a intensa atividade turística que envolve a prática de pisoteio de áreas recifais e alimentação de peixes, promoveu nítida alteração na estrutura da comunidade recifal, o que despertou a necessidade e interesse de pesquisas na área (Barradas et al. 2012). Além disso, a facilidade do acesso ao recife se torna um atrativo a mais para a realização de pesquisas neste local. Em Abrolhos, foram desenvolvidos os trabalhos pioneiros com ambientes recifais no Brasil (Leão 1983) e também com tema do impacto turismo (Leão et al. 1996, Creed & Amado-Filho 1999) e a maioria das pesquisas estão associadas a questões do manejo e gestão da UC. Com relação aos grupos biológicos avaliados, Refron & Chadwick (2017) ressaltam a necessidade de estudos que incorporem múltiplos níveis de interações ecológicas nas análises dos impactos do Mergulho Recreativo, destacando em seus resultados como as espécies podem responder de forma complexa e diferente a danos em recifes submetidos à intensa visitação. Considerando a composição e construção não 22 coralínea dos recifes brasileiros, a avaliação de multi-indicadores se torna fundamental para o entendimento dos impactos da atividade de MR, uma vez que as respostas nem sempre são tão claras para uma única variável ambiental. Estudos sistemáticos e a longo prazo, que busquem compreender padrões e processos ecológicos são necessários nos ecossistemas recifais brasileiros como um todo (Ferreira & Maida 2006). Para avaliação dos efeitos da atividade turística nos recifes não é diferente. É preciso definir indicadores e monitorá-los a fim de identificar alterações provocadas pela atividade o mais cedo possível, assim como tomar medidas para mitigação dos impactos antes que os danos sejam irreversíveis. Ainda sobre a análise dos grupos biológicos, apesar da comunidade fital ter sido avaliada em dez das 36 publicações registradas, aspectos de como o MR influencia na relação de dominância, efeitos da herbívora e competição interespecífica, que são temas estudados em recifes de corais no resto do mundo, ainda são incipientes para os recifes do Brasil. Os trabalhos com esse grupo biológico costumam adotar em suas discussões padrões ecológicos de recifes de corais do Caribe ou Pacífico, desconsiderando características próprias dos recifes brasileiros que possuem naturalmente uma cobertura elevada de algas e esponjas, no caso de recifes mais profundos (Grimaldi 2014, Souza 2015). A ictiofauna foi o único grupo biológico estudado em todos os estados, com conflitos de resultados especialmente para a variável riqueza de espécies, o que sugere que tal indicador não seja tão claro e consistente como resposta da atividade de MR. No Caribe, Hawkins et al. (1999) não observaram mudanças na comunidade de peixes em recifes com uso turístico. Já outros estudos realizados em Honduras (Titus et al. 2015) e no Mediterrâneo, descreveram uma série de alterações ecológicas e comportamentais na ictiofauna, causadas principalmente pela alimentação de peixes (Milazzo et al. 2006; Di Franco et al, 2013). No Brasil, os esforços de pesquisas avaliando os impactos do MR para esse grupo também estão focados na relação de alimentação dos peixes. Assim, considera-se importante analisar os efeitos do MR na ictiofauna de áreas onde a prática de alimentação não ocorre. Estudos em ambientes ripários alvos do turismo de mergulho, no Brasil, onde não há alimentação dos peixes, identificaram uma série de alterações comportamentais na ictiofauna e seus autores questionaram os benefícios conservacionistas do ecoturismo realizado sem monitoramento e manejo adequado (Bessa & Gonçalves-de-Freitas 2014, Balduíno et al. 2017). 23 Os invertebrados bentônicos foram estudados com maior detalhe no recife de Porto de Galinhas (PE), provavelmente pela baixa profundidade em que se encontra o seu recife, tornando o mesmo ainda mais susceptível à danos em sua fauna bentônica. Nas demais áreas poucas pesquisas foram empregadas, e quando ocorreram, focaram essencialmente nos impactos gerados pelo pisoteio de áreas recifais. Alguns grupos de invertebrados podem desempenhar funções tão importantes no recife, que sua modificação pode dirigir alterações no ecossistema todo, como é o caso de ouriços. No Caribe, foi documentado mudanças de fase de recifes com dominância de corais, para recifes com dominância de macroalgas, em virtude da mortalidade em massa de ouriços (Miller et al. 2003), e o estudo de Renfro & Chadwick (2017) relacionou alterações na abundância de ouriços em áreas com diferentes níveis de uso turístico. Portanto, o MR tem o potencial de modificar o padrão desse grupo e é importante a compreensão do papel desse táxon na estrutura da comunidade também em recifes brasileiros e sua sensibilidade aos impactos do MR. O grupo dos Moluscos é outro que pode sofrer com a presença de mergulhadores e essa relação é pouco estudada. Esses organismos despertam a atenção dos visitantes e são facilmente capturados para o registro fotográfico ou usados como souvenir (Dias et al. 2011). Observou-se um baixo número de publicações que enfocou no grupo dos corais e as que foram analisadas apresentaram padrões divergentes entre si sobre os impactos que o MR pode causar nessas espécies. Isso pode ser atribuído a baixa cobertura coralínea dos recifes brasileiros, com predominância da espécie Siderastrea stellata (Leão et al. 2003). Essa espécie que por ser resistente a estresses ambientais (Poggio et al 2009), pode não apresentar variações em sua abundância ou estado de saúde, quando expostas ao estresse provocado pelo MR (Torres 2016). Os corais moles (zoantídeos) também foram pouco estudados e, apesar de Lima (2016) ter observado alterações na abundância desses organismos em função do uso turístico, outros estudos não apontam consistentemente relações de distúrbios provocados pelo MR nesse táxon (Yang et al. 2013, Santos et al. 2015). Foi registrado apenas um trabalho que investigou o comportamento dos mergulhadores e seus impactos diretos no recife, o que revela a deficiência de um campo de pesquisa fundamental para o desenvolvimento de turismo de mergulho ordenado e planejado no Brasil. Compreender aspectos comportamentais, preferências e percepções dos mergulhadores pode orientar a gestão de áreas recifais e colaborar com o crescimento do mercado de mergulho com foco na sustentabilidade do ecossistema e 24 da atividade (Giglio et al. 2015). Ressalta-se aqui a urgência em estudos dessa natureza a fim de se estabelecer um perfil de mergulhadores e a relação de suas características com possíveis danos em ambiente recifais do Brasil. Lacunas nos estudos sobre os impactos do MR em ambientes recifais no Brasil Além do pequeno número de publicações sobre o tema, outras lacunas foram observadas através da análise cienciométrica, no que diz respeito à distribuição dos estudos na costa recifal brasileira. O estado do Ceará não apresentou estudos que avaliassem o impacto do MR em seus recifes, apesar de apresentar importantes áreas de mergulho. Esse estado possui 21 áreas de mergulho, incluindo uma série de naufrágios e um Parque Marinho com operação turística regular, onde foram realizados estudos que abordaram aspectos da sua gestão, como a efetividade da UC (Lima-Filho 2006), diagnóstico socioambiental (Andrade 2015) e valoração ecológica (Carneiro et al. 2017), porém sem abordar sobre os possíveis impactos da atividade de mergulho recreativo. Devido a difícil logística de operação de mergulho no Parque Estadual Marinho Parcel de Manoel Luís, no Maranhão, o turismo é bastante incipiente na área, o que possivelmente não torna esse recife prioritário para estudos com o tema. É de suma importância que nos recifes que são utilizados pela atividade turística e que apresentam carência de informações científicas, sejam feitos levantamentos iniciais e registros do perfil e preferências dos mergulhadores que utilizam a área, principalmente no caso de unidades de conservação, que são espaços críticos a serem protegidos, a fim de traçar estratégias de manejo da atividade. Um maior número de estudos sobre os impactos do MR foi encontrado para os recifes de Pernambuco e Rio Grande do Norte, entretanto, os esforços de pesquisa são pouco empregados nos recifes costeiros profundos e naufrágios, onde há saídas regulares de operadoras de mergulho. Isso pode se dar pela maior dificuldade logística e elevados custos para realização de pesquisas em ambientes mais profundos. É importante destacar que o recife de Maracajaú, localizado no litoral norte do Rio Grande do Norte, foi a área de mergulho com maior número de publicações registradas, e tem um baseline de informações que permite a realização de pesquisas mais complexas no tema, como a compreensão da influência do MR na estrutura da comunidade recifal incorporando diferentes grupos biológicos e suas relações ecológicas na análise. Destaca-se ainda que estes recifes estão inseridos em uma Área 25 de Proteção Ambiental Estadual (APA dos Recifes de Corais), e que os estudos desenvolvidos na área são utilizados como referência para o ordenamento da atividade de mergulho na área, pelo órgão gestor (por ex. proibição de uso de nadadeiras, alimentação artificial de organismos, etc). Estudos em novas áreas de mergulhos que vêm sendo exploradas com maior intensidade recentemente, como é o caso dos recifes de Seixas, na Paraíba, também são urgentes, a fim de subsidiar ações de ordenamento da atividade o mais cedo possível, a fim de minimizar os impactos a serem gerados futuramente. Além disso, são necessários esforços de pesquisa nos recifes urbanos, como no caso de Maceió e da Baía de Todos os Santos em Salvador, uma vez que estes possuem um maior potencial de degradação por estarem localizados muito próximos à praia, sujeitos de forma mais intensiva aos impactos da poluição e urbanização. Esses fatores podem atuar de forma sinergética com os danos advindos da atividade turística e devastar essas áreas costeiras (Renfro & Chadwick 2017). De maneira geral, há carência de uma análise integrada de como o MR causa impacto aos ambientes recifais brasileiros, além de aspectos do perfil e comportamento dos mergulhadores. As ameaças do turismo em massa O turismo em massa é uma atividade intensiva e com elevado potencial de promover impactos socioambientais degradantes nas comunidades onde ocorre (Araújo & Carvalho 2013). Este tipo de turismo vem acontecendo em ambientes recifais brasileiros, promovidos por pacotes turísticos, que viabilizam a visita de um grande número de pessoas em um curto período de tempo. É de suma importância atenção especial ao grupo de recifes que recebe esse tipo de visitação no Brasil (ex. Maracajaú/RN, Pirangi/RN, Picãozinho/PB, Areia Vermelha/PB, Porto de Galinhas/PB, Maragogi/AL, Recife urbanos de Maceió, Recifes de Fora/BA, Taipu de Fora/BA), sendo estes mais susceptíveis aos impactos pela própria natureza da atividade. Butler (2006) descreve algumas fases características, peculiares e previsíveis a que tais destinos turísticos são submetidos, culminando no domínio de empresas sobre a comunidade local, baixa de preços e atração de turistas com menor poder aquisitivo, gerando, por fim, um desgaste econômico, social e ambiental da comunidade alvo. 26 Em situações de turismo de mergulho em massa, o perfil do mergulhador é de pessoas sem experiência com mergulho, movidas por pacotes promocionais, sem conhecimento do dano que podem causar e sem noção da qualidade das áreas que estão visitando (Araújo & Carvalho 2013). Para esse público é necessário buscar alternativas que protejam áreas recifais com soluções a curto prazo. Treeck & Schuhmacher (1998) sugerem a construção de recifes artificiais que aliviariam a pressão sobre os recifes naturais. Estas construções poderiam servir para o treinamento de mergulhadores inexperientes, educação ambiental e uso recreativo (Polak & Shashar 2012). Definir a capacidade de suporte (CS) de cada ponto de mergulho também deve ser uma prioridade. Apesar desse tipo de estudo não indicar necessariamente os danos causados pelo número de mergulhadores, uma vez que isto dependerá diretamente do comportamento dos turistas (por exemplo: um grande número de visitantes conscientes podem causar menos impacto que poucos visitantes desordeiros), a definição da CS de um ponto de mergulho traz um controle necessário inicial, o qual pode ser adequada ao longo do tempo com caracterização do perfil do visitante e monitoramento sistemático da área (Rouphael & Hanafy 2007). A importância das áreas marinhas protegidas (AMPs) no desenvolvimento de pesquisas com o impacto do MR O interesse conservacionista de uma determinada área normalmente é dirigido a locais com alta biodiversidade e elevada beleza cênica, e/ou habitats de espécies ameaçadas. Dessa forma, áreas marinhas protegidas (AMPs) costumam possuir características físicas e biológicas que coincidem com as atrações dos destinos do turismo de mergulho (Williams & Polunin 2000). O fato da maioria dos estudos (61%) terem sido desenvolvidos em AMPs é um padrão esperado, pois a criação e implementação dessas áreas requer a elaboração de um plano de manejo que, por sua vez, necessita de estudos para definição de programas e projetos para manejo da área, alguns dos quais são específicos para o uso turístico da área. Os outros 39% dos estudos ocorreram em áreas não protegidas, onde a atividade turística é intensa (ex. Porto de Galinhas/PE e Picãozinho/PB). Em áreas não protegidas, as pesquisas em sua maioria refletiram uma preocupação quando já havia ocorrido uma alteração notável na estrutura da comunidade. Nos pontos de mergulho inseridos em AMPs, as pesquisas científicas nortearam medidas de manejo visando a prevenção ou minimização dos impactos 27 causados pelo MR, como a limitação do número de mergulhadores, proibição do uso de facas, de luvas e de nadadeiras para snorkelers sem curso de mergulho, incentivo de uso de boias e proibição da pesca e da alimentação de peixes, como é o caso do Recife de Maracajaú/RN (inserida na Área de Proteção Ambiental Estadual dos Recifes de Corais) e do Parque Nacional Marinho de Abrolhos/BA. Dessa forma, incentiva-se a criação de AMPs em áreas recifais com uso turístico, mesmo que este seja em pequena escala ou limitado a determinados períodos do ano, para que ocorra a ordenação precoce da atividade de MR, e esta possa se desenvolver de forma sustentável. Considerações finais O mergulho recreativo (MR) é uma atividade que tem um grande potencial em conciliar o desenvolvimento econômico, social e ambiental de uma comunidade (Tapsuwan & Asafu-Adjaye 2008). Ao caracterizar sua dimensão e seus impactos, se torna possível compreender a melhor maneira de promovê-lo usufruindo ao máximo de seus benefícios com mínimo impacto socioambiental (Giglio et al. 2015). Espera-se que a reunião das informações presentes neste trabalho auxilie na gestão integrada da atividade de MR em ambientes recifais da costa brasileira e salienta- se que são necessárias medidas de manejo, ordenamento e normas gerais para atividade em todo território nacional. Para a compreensão integrada dos impactos do mergulho recreativo em ambientes recifais do Brasil é necessário utilizar uma abordagem ampla, na qual a atividade está dentro de um sistema que tem padrões e se modifica ao longo do tempo (Hillmer-Pegram 2013). Uma vez que se conheça os atores envolvidos, as formas de atuação destes atores e os impactos positivos e negativos que eles podem produzir, é possível estabelecer maneiras de gerenciar esta atividade com diretrizes eficazes para as áreas recifais brasileiras. Referências Abidin, S. Z. Z. & Mohamed, B. 2014. A Review of SCUBA Diving Impacts and Implication for Coral Reefs Conservation and Tourism Management. SHS Web of Conferences, 12: 1-8. 28 Adey, W. H. 2000. Coral reef Ecosytems and Human Health: Biodiversity Counts. Ecosystem Health, 6: 227-236. Albuquerque, T., Loiola, M., Nunes, J. D. C. C., Reis, J. A., Sampaio, C. L. S. & Leduc, A. O. H. C. 2014. In situ effects of human disturbances on coral reef-fish assemblage structure: temporary and persisting changes are reflected as a result of intensive tourism. Marine and Freshwater Research, 66 (1): 23-32. Amaral, R.F., Feitoza, B. M., Attayde, J. L., Arantes, S. V., Batista, D. S., Costa Neto, L., Mendes, L. F., Martin, F. 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OP – Operadora de Mergulho (refere-se à áreas de mergulho citados nos sites das empresas que realizam atividade de mergulho recreativo). ? = Informação não encontrada. * = Áreas de mergulho onde ocorre turismo em massa DIST. DA LOCAL / ÁREAS DE TIPO DE REFERÊNCIA ESTADO PROF. (m) COSTA UC MUNÍCIPIO MERGULHO MERG. SOBRE O PONTO (Km) Parque Estadual MA Alto Mar Parcel de Manoel Luiz SCUBA 10 – 30 86,3 Marinho Parcel de Rocha& Rosa 2001 Manuel Luiz Parque Estadual Marinho da Pedra Cabeço do Arrastado SCUBA 23 18,5 Freitas 2009 da Risca do Meio (PEMPRM) Cabeço do Balanço SCUBA 18 18,5 PEMPRM Freitas 2009 Cajueiro SCUBA 34 ? - Ferreira 2010 Canal das Arabainas SCUBA 33 – 36 ? - Ferreira 2010 Naufrágio do Avião SCUBA 28 18,8 PEMPRM Freitas 2009 CE Fortaleza SCUBA E Naufrágio do Aterrinho 2 – 7 0 - OP - Mar do Ceará SNORKEL Naufrágio Ipesca (Sal) SCUBA 26 28 - OP - Mar do Ceará Naufrágio Titanzinho SCUBA 18 – 20 6 - OP - Mar do Ceará SCUBA E Praia do Aterrinho 8 0 - OP - Mar do Ceará SNORKEL Pedra da Botija SCUBA 26 16,5 PEMPRM Ferreira 2010 Pedra da Risca do Meio SCUBA 26 17 PEMPRM Freitas 2009 38 Continuação Tabela I: DIST. DA LOCAL / ÁREAS DE TIPO DE REFERÊNCIA ESTADO PROF. (m) COSTA UC MUNÍCIPIO MERGULHO MERG. SOBRE O PONTO (Km) Pedra do Mar SCUBA 22 18,5 PEMPRM Freitas 2009 Pedra Paraíso SCUBA 21 – 23 18,5 PEMPRM OP - Mar do Ceará Fortaleza Pedra Nova SCUBA 18 16,5 PEMPRM Freitas 2009 Pedrinha SCUBA 15 18,5 PEMPRM Freitas 2009 Serra Pelada SCUBA 33 9 - OP - Mar do Ceará Fortim Naufrágio Macau SCUBA 20 150 - Freitas 2009 CE Naufrágio Petroleiro do Itarema SCUBA 21 40 - OP - Mar do Ceará Acaraú Naufrágio Navio do Praia do Pécem SCUBA 32 65 - Freitas 2009 Pécem Canal do Uruaú SCUBA 32 – 35 20 - OP - Mar do Ceará Uruaú Naufrágio dos Remédios SCUBA 16 ? - OP - Mar do Ceará Área de Proteção SCUBA E Ambiental dos Maracajaú* 2 7 IDEMA 2013 RN APARC SNORKEL Recifes de Corais (APARC) Naufrágio São Luiz SCUBA 20 60 APARC IDEMA 2013 39 Continuação Tabela I: DIST. DA LOCAL / ÁREAS DE TIPO DE REFERÊNCIA ESTADO PROF. (m) COSTA UC MUNÍCIPIO MERGULHO MERG. SOBRE O PONTO (Km) SCUBA E APARC Rio do Fogo* 1,5 5 APARC IDEMA 2013 SNORKEL Campos& Sá- Ceará Mirim Recifes de Muriú SNORKEL 1 – 4 1 - Oliveira 2011 Arabaianhinha SCUBA 12 14 - OP - Natal Divers Batente das Agulhas SCUBA 24 25 - OP - Natal Divers Cabeço do Marinha SCUBA 25 20 - OP - Natal Divers Cabeço dos Meros SCUBA 19 ? - OP - Caju Divers RN Canal do Cisco SCUBA 40 20 - OP - Natal Divers Natal Fragoso SCUBA 50 22 - OP - Natal Divers Guarajuba SCUBA 12 12 - OP - Natal Divers Laje da Criminosa SCUBA 22 20 - OP - Natal Divers Laje da Serra SCUBA 27 20 - OP - Natal Divers Leme e Visgueiro SCUBA 14 16 - OP - Natal Divers 40 Continuação Tabela I: DIST. DA LOCAL / ÁREAS DE TIPO DE REFERÊNCIA ESTADO PROF. (m) COSTA UC MUNÍCIPIO MERGULHO MERG. SOBRE O PONTO (Km) Naufrágio Unidos SCUBA 28 20 - OP - Natal Divers NaufrágioPanam SCUBA 14 20 - OP - Natal Divers Paredão da Plataforma SCUBA 55 25 - OP - Natal Divers Pedra do Chico SCUBA 15 14 - OP - Caju Divers Natal Serigado SCUBA 25 18 - OP - Natal Divers Serigado de Fora SCUBA 25 20 - OP - Natal Divers RN Tartaruguinha SCUBA 14 14 - OP - Natal Divers Terra Grossa SCUBA 14 15 - OP - Natal Divers Pirambúzios SNORKEL 1 200 m - Souza 2015 Nísia Floresta Ponta de Ilha Verde SNORKEL 1 0 - Souza 2015 Tabatinga SNORKEL 1 0 - Souza et al. 2013 Barrerinha SCUBA 15,6 9 - Grimaldi 2014 Cabeço do Leandro SCUBA 16,8 8,3 - Grimaldi 2014 Pirangi Mestre Vicente SCUBA 20 9,9 - Grimaldi 2014 Pedra do Lima SCUBA 20 - 32 14 - OP - Caju Divers 41 Continuação Tabela I: DIST. DA LOCAL / ÁREAS DE TIPO DE REFERÊNCIA ESTADO PROF. (m) COSTA UC MUNÍCIPIO MERGULHO MERG. SOBRE O PONTO (Km) Pedra do Velho SCUBA 28 14,8 - Grimaldi 2014 RN Pirangi SCUBA E Pirangi* 1 1 - Azevedo et al. 2011 SNORKEL Parque Estadual Marinho de Areia Lourenço et al. Areia Vermelha* SNORKEL 1 - 4 1 Vermelha 2015 Cabedelo (PEMAV) Pedra de Baixo SCUBA 30 15 - Rocha et al. 1998 Ponta de Mato SNORKEL 400 m - Máximo 2015 Buraco SCUBA 54 31 - Rocha et al, 1998 Conde SCUBA E - Brasil Mergulho Jacumã SNORKEL 3 - 6 ? PB SCUBA E - Brasil Mergulho Gramame SNORKEL 6 - 12 ? Jardim das Esponjas SCUBA 50 - OP - Mar Aberto Naufrágio Alice SCUBA 12 6 - Rocha et al. 1998 João Pessoa SCUBA - Honório et al. 2010 Naufrágio Alvarenga 20 SCUBA - Honório et al. 2010 Naufrágio do Queimado 17 8 Penha SNORKEL 0,5 - 6 3 - Rocha et al.1998 42 Continuação Tabela I: DIST. DA LOCAL / ÁREAS DE TIPO DE REFERÊNCIA ESTADO PROF. (m) COSTA UC MUNÍCIPIO MERGULHO MERG. SOBRE O PONTO (Km) Picão das Agulhas SCUBA 0,5 - 8 3 - Rocha et al. 1998 SCUBA E Debeus & Crispim PB João Pessoa - Picãozinho* SNORKEL 6 1,5 2008 Seixas SNORKEL 0,5 - 6 700 m - Melo et al. 2014 Cabo de Santo SNORKEL - Lima 2016 Agostinho Enseada dos Corais 0,5 200 m Parque Nacional de Fernando de Atalaia SNORKEL 0,5 0 Luiz Jr 2009 Noronha (PARNA/FN) Baia dos Porcos SNORKEL ? 0 PARNA/FN Luiz Jr 2009 Buraco das Cabras SCUBA 16 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 Buraco do Inferno SCUBA 16 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 PE Cabeço da Sapata SCUBA 42 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 Noronha Cabeço das Cordas SCUBA 43 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 Cabeço Submarino SCUBA 23 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 Cagarras Funda SCUBA 33 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 Cagarras Rasa SCUBA 22 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 Caieiras SCUBA 17 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 Canal da Rata ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 Caverna da Sapata SCUBA 29 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 Cordilheira SCUBA 33 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 Corveta Ipiranga SCUBA 53 ? PARNA/FN OP – Atlantis Corveta V17 SCUBA 62 ? PARNA/FN OP –Atlantis 43 Continuação Tabela 1: DIST. DA LOCAL / ÁREAS DE TIPO DE REFERÊNCIA ESTADO PROF. (m) COSTA UC MUNÍCIPIO MERGULHO MERG. SOBRE O PONTO (Km) Ilha do Frade SCUBA 23 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 Ilha do Meio SCUBA 16 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 Iuias SCUBA 23 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 Laje Dois Irmãos SCUBA 23 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 Macaxeira SCUBA 40 ? PARNA/FN Luiz Jr 2010 SCUBA E Morro de Fora 16 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 SNORKEL Pedras Secas SCUBA 17 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 Pontal do Norte SCUBA 42 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 Noronha Praia do Leão SNORKEL ? ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 SCUBA E Praia do Porto 5 100 m APA/FN Ilarri 2008 PE SNORKEL Praia do Sancho SNORKEL 5 0 PARNA/FN Ilarri 2008 Praia do Sueste SNORKEL 2 0 PARNA/FN Ilarri 2008 Ressurreta SCUBA 7 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 Sela Ginete SCUBA 16 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 Trinta Réis SCUBA 22 ? PARNA/FN Luiz Jr 2009 OP - Mergulho SCUBA - Bolo 25 ? Certo Pontal de OP - Mergulho SCUBA - Maracaípe Boca da Barra 12 0,2 Certo Porto de SCUBA - Brasil Mergulho Galinhas Poço da Paixão 12 0,2 44 Continuação Tabela 1: DIST. DA LOCAL / ÁREAS DE TIPO DE REFERÊNCIA ESTADO PROF. (m) COSTA UC MUNÍCIPIO MERGULHO MERG. SOBRE O PONTO (Km) SCUBA E - Padilha 2015 Porto de Galinhas* SNORKEL 0 - 1,5 0,2 Porto de Galinhas SCUBA - Brasil Mergulho Tacaíba 18 3 Ietas SCUBA 12 ? - Brasil Mergulho Naufrágio Alvarenga SCUBA 25 14 - Santos et al. 2010 Naufrágio Chata SCUBA - Santos et al. 2010 Noronha 31 22 Naufrágio Corveta SCUBA - Santos et al. 2010 Camaquã 58 54 SCUBA - Santos et al. 2010 PE Naufrágio Florida 33 22 Naufrágio Galeão SCUBA - Santos et al. 2010 Serrambi 33 9 Recife Naufrágio Gonçalo SCUBA - Marins et al. 2015 Coelho 34 14 SCUBA - Santos et al. 2010 Naufrágio Lupus 36 ? SCUBA - Ribas 2013 Naufrágio Marte 33 13 SCUBA - Coxey 2008 Naufrágio Mercurius 29 13 Naufrágio Minuano SCUBA 34 ? - Santos et al. 2010 Naufrágio Pirapama SCUBA 23 11 - Lira et al. 2010 45 Continuação Tabela 1: DIST. DA LOCAL / ÁREAS DE TIPO DE REFERÊNCIA ESTADO PROF. (m) COSTA UC MUNÍCIPIO MERGULHO MERG. SOBRE O PONTO (Km) Naufrágio Saveiros SCUBA 29 13 - Coxey 2008 SCUBA - Santos et al. 2010 Naufrágio Servemar 24 14 OP - Aquáticos SCUBA 30 - Naufrágio Trinta Metros 9 Dive Center Recife SCUBA - Santos et al. 2010 Naufrágio Vapor 48 48 33 SCUBA - Santos et al. 2010 Naufrágio Vapor Bahia 25 14 NaufrágioVapor de SCUBA - Santos et al. 2010 Baixo 21 15 PE Área de Proteção Ambiental Costa A Ver o Mar SNORKEL Pereira et al. 2014 dos Corais 4 (APACC) Caieiras* SNORKEL 4 2 00 m APACC Pereira et al. 2014 Carvalho &Maida SNORKEL APACC Tamandaré Camurupim ? ? 2016 Carvalho &Maida SNORKEL APACC Mamucabas ? ? 2016 Carvalho &Maida SNORKEL APACC Pirambú 3 - 6 0,2 2016 Coelho& Araújo SNORKEL APACC Praia dos Carneiros 0 - 1,5 0 2011 46 Continuação Tabela 1: DIST. DA LOCAL / ÁREAS DE TIPO DE REFERÊNCIA ESTADO PROF. (m) COSTA UC MUNÍCIPIO MERGULHO MERG. SOBRE O PONTO (Km) Cururipe Pontal de Coruripe SNORKEL 1 - 1,5 0 - BRASIL 2012 Ariocó SCUBA 17 ? - OP - Let´s dive Cabeço da Cioba SCUBA 20 - 26 9 - OP - Ecoscuba Eufrásio SCUBA 18 - 23 12 - Brasil Mergulho Evilázio SCUBA 18 ? - OP - Let´s dive Correia&Sovierzoski SNORKEL - 2008 Jatiuca 0 - 2 0 Morrinho SCUBA 18 ? - OP - Let´s dive Pajuçara* SNORKEL 0 - 1,5 2 - BRASIL 2012 Correia Maceió SNORKEL - &Sovierzoski 2008 AL Piscina dos Amores 0 - 1,5 0 Correia & SNORKEL - Sovierzoski 2008 Piscinas Naturais* 0 - 1,5 0 Correia & SNORKEL - Sovierzoski 2008 Ponta Verde* 0 - 1,5 0 Poseidon SCUBA 15 ? - OP - Let´s dive Sonda SCUBA 18 ? - OP - Let´s dive Tira de Pedra SCUBA 17 ? - OP - Let´s dive Barra Grande SNORKEL 0 - 1,5 0 APACC ICMBIO 2013 Maragogi SCUBA E APACC ICMBIO 2013 Galés de Maragogi* SNORKEL 0 - 4 3,5 47 Continuação Tabela 1: DIST. DA LOCAL / ÁREAS DE TIPO DE REFERÊNCIA ESTADO PROF. (m) COSTA UC MUNÍCIPIO MERGULHO MERG. SOBRE O PONTO (Km) Maragogi Taocas SNORKEL 0 - 1,5 0 APACC ICMBIO2009 Naufrágio Dragão SCUBA 25 - 32 16 - OP – Ecoscuba Naufrágio Draguinha SCUBA 15 - 30 14 - OP – Ecoscuba Naufrágio Itapajé SCUBA 27 24 - OP – Ecoscuba Naufrágio Sequipe II SCUBA 30 17 - OP – Ecoscuba Marechal Praia do Frânces* SCUBA 12 300 m - BRASIL 2012 Deodoro Cabeço da Pequena SCUBA 18 8 - OP – Ecoscuba AL Cabeço do Arpão SCUBA 20 8 - OP – Ecoscuba Canal da Praia do SCUBA - OP – Ecoscuba Frânces 8 2 Chico Maneco SCUBA 17 ? - OP - Let´s dive Paripueira Recifes de Paripueira SNORKEL 4 3 APACC ICMBIO 2009 Porto de Pedras SNORKEL 0 - 1,5 0 APACC BRASIL 2012 São Miguel dos Praia do Toque SNORKEL 0 - 1,5 0 APACC BRASIL 2012 Milagres Recanto SCUBA 25 ? APACC Brasil Mergulho São Miguel dos Milagres SNORKEL 0 - 1,5 0 APACC ICMBIO 2013 Parque Nacional Marinho de SCUBA OP - Abrolhos.net Abrolhos Caverna da Siriba 14 66 (PARNA/AB) BA Abrolhos Chapeirão Jean Pierre SCUBA 3 - 19 66 PARNA/AB OP - Abrolhos.net Chapeirão Mau Mau SCUBA 10 - 17 66 PARNA/AB OP - Abrolhos.net Chapeirões de Sueste SCUBA 20 66 PARNA/AB Giglio et al. 2016 48 Continuação Tabela 1: DIST. DA LOCAL / ÁREAS DE TIPO DE REFERÊNCIA ESTADO PROF. (m) COSTA UC MUNÍCIPIO MERGULHO MERG. SOBRE O PONTO (Km) Costão do Farol SCUBA 14 66 PARNA/AB OP - Abrolhos.net Faca Cega SCUBA 20 66 PARNA/AB Giglio et al. 2016 SCUBA E Ilha de Santa Bárbara 66 PARNA/AB Kikuchi et al. 2009 SNORKEL 4 - 10 Laje do Aquário SCUBA 6 66 PARNA/AB OP - Abrolhos.net Lingua da Siriba SCUBA 7 66 PARNA/AB Giglio et al. 2016 Mato Verde SCUBA 7 66 PARNA/AB Giglio et al. 2016 Abrolhos Naufrágio Guadiara SCUBA 14 - 27 66 PARNA/AB Abrolhos.net Naufrágio Rosalinda SCUBA 20 66 PARNA/AB Giglio et al. 2016 Naufrágio Santa Catarina SCUBA 26 66 PARNA/AB Abrolhos.net BA Portinho do Norte SNORKEL 5 66 PARNA/AB Spanó et al. 2008 Portinho Sul SCUBA 7 66 PARNA/AB Giglio et al. 2016 Recifes da Redonda SNORKEL 5 66 PARNA/AB Spanó et al. 2008 APA da Baía de SCUBA todos os Santos OP - Dive Bahia Naufrágio Âncoras 12 450 m (APA BTS) Banco da Panela SCUBA 18 1,5 APA BTS OP - Bahia Scuba Baía de Todos Beirada do Badejo SCUBA 10 - 15 ? APA BTS Brasil Mergulho os Santos SCUBA APA BTS OP - Bahia Scuba Naufrágio Blackdder 8 - 12 100 m Boião do Farol SCUBA 12 - 18 400 m APA BTS OP - Dive Bahia SCUBA APA BTS OP - Bahia Scuba Naufrágio Cap Frio 8 - 25 450 m 49 Continuação Tabela 1: DIST. DA LOCAL / ÁREAS DE TIPO DE REFERÊNCIA ESTADO PROF. (m) COSTA UC MUNÍCIPIO MERGULHO MERG. SOBRE O PONTO (Km) Naufrágio Cavo SCUBA APA BTS OP - Bahia Scuba Artemidi 9 - 30 7,5 Chinês SCUBA 39 200 m APA BTS OP - Bahia Scuba Ferro Velho SCUBA 36 ? APA BTS OP - Dive Bahia Naufrágio Maraldi SCUBA 4 - 12 200 m APA BTS OP - Bahia Scuba Naufrágio Galeão SCUBA APA BTS OP - Bahia Scuba Sacramento 32 7,5 Naufrágio Germânia SCUBA 32 500 m APA BTS OP - Bahia Scuba Naufrágio Queen SCUBA 13 500 m APA BTS OP - Dive Bahia Salvador Naufrágio Reliance SCUBA 5 0 APA BTS OP - Bahia Scuba Naufrágio Vapor da SCUBA APA BTS OP - Bahia Scuba BA Jequitaia 6 100 m Parede das Caranhas SCUBA 28 - 78 ? APA BTS OP - Dive Bahia Pedra da Caverna SCUBA 18 - 24 ? APA BTS OP - Dive Bahia Pedra da Enchente SCUBA 27 - 52 ? APA BTS OP - Dive Bahia SCUBA E Quebra Mar APA BTS OP - Bahia Scuba SNORKEL 2 - 12 0 Remanso SCUBA 12 ? APA BTS OP - Dive Bahia Sala de Aula SCUBA 16 0 APA BTS OP - Bahia Scuba APA de Tinharé e Bainema SNORKEL 2,46 Elliff 2014 Ilha de 0 Boibepa Boipeba APA de Tinharé e Albuquerque et al. Moreré SNORKEL 1 - 5 800 m Boibepa 2014 50 Continuação Tabela 1: DIST. DA LOCAL / ÁREAS DE TIPO DE REFERÊNCIA ESTADO PROF. (m) COSTA UC MUNÍCIPIO MERGULHO MERG. SOBRE O PONTO (Km) APA de Tinharé e Ponta dos Castelhanos SNORKEL 0 - 1,5 0 Elliff 2014 Boibepa Ilha de OP - Cia do Recifes de Itatiba SCUBA 16 ? - Boipeba Mergulho APA de Tinharé e Tassimirim SNORKEL 0 - 2 0 Elliff 2014 Boibepa APA de Tinharé e Garapuá SNORKEL 0 - 2 0 Correa 2006 Boibepa Ilha de Caitá / Terceira APA de Tinharé e SNORKEL 0 - 1,5 0 Correa 2006 Praia Boibepa OP - Cia do SCUBA - Paredão Real 12 - 45 ? Mergulho BA OP - Cia do SCUBA - Paredões da Gamboa 12 ? Mergulho Ilha de Tinharé APA de Tinharé e Ponta Ponã SNORKEL 0 - 1,5 0 Correa 2006 Boibepa APA de Tinharé e Primeira Praia SNORKEL Correa 2006 0 - 1,5 0 Boibepa APA de Tinharé e Quarta Praia SNORKEL Correa 2006 0 - 1,5 0 Boibepa APA de Tinharé e Segunda Praia SNORKEL 0 - 1,5 0 Correa 2006 Boibepa Âncora SCUBA 20 ? - OP – Prodive Itacaré Caximbinho SCUBA 20 ? - OP – Prodive Caximbo SCUBA 20 ? - OP – Prodive 51 Continuação Tabela 1: DIST. DA LOCAL / ÁREAS DE TIPO DE REFERÊNCIA ESTADO PROF. (m) COSTA UC MUNÍCIPIO MERGULHO MERG. SOBRE O PONTO (Km) Itacaré Piracanga SCUBA 4 - 10 ? - OP – Prodive APA Municipal SCUBA E Caramuanas 2 - 4 1 Recifes das Cruz et al. 2009 SNORKEL Pinaúnas Casco SCUBA 9 - 24 21 - OP - Dive Bahia Ilha do Frade SNORKEL 5 - 15 0 APA BTS Brasil Mergulho Itaparica Naufrágio Utrech SCUBA 22 ? APA BTS OP - Dive Bahia Naufrágio Piaçava SCUBA 15 ? APA BTS OP - Dive Bahia APA Municipal SCUBA E Recifes das Pinaúnas 2 - 8 1 Recifes das Cruz et al. 2009 SNORKEL Pinaúnas BA SCUBA - OP - Bahia Scuba Itapuã Cordilheiras 8 - 16 ? Naufrágio Paraná SCUBA 12 ? - Brasil Mergulho SNORKEL APA Litoral Norte Poggio et al. 2009 Praia de Guarajuba 0 - 1,5 0 Litoral Norte Praia do Forte SNORKEL 0 - 1,5 0 APA Litoral Norte Silva et al. 2012 Recifes de Itacimirim SCUBA 8 - 23 0 APA Litoral Norte Silva et al. 2012 SCUBA E Souza & Santana Taipu de Fora* 0 - 6 0 - Maraú SNORKEL 2015 Barra Grande SCUBA 8 - 15 ? - Brasil Mergulho RESEX de Porto Seguro Caraíva SNORKEL ? ? Stori 2005 Corumbau 52 Continuação Tabela 1: DIST. DA LOCAL / ÁREAS DE TIPO DE REFERÊNCIA ESTADO PROF. (m) COSTA UC MUNÍCIPIO MERGULHO MERG. SOBRE O PONTO (Km) Parque Natural SCUBA E Porto Seguro Recifes de Fora* 6 7,2 Municipal do Bruno et al. 2009 SNORKEL Recife de Fora RESEX de Camuruxatiba SNORKEL ? 0 Stori 2005 Corumbau Prado RESEX de Corumbau SNORKEL ? 0 Stori 2005 Corumbau Alagados SCUBA 10 6 - Brasil Mergulho BA Araripe SCUBA 22 8 - OP - Nemo Dive Coroa Alta SCUBA 18 5 Brasil Mergulho Recife de Itacepanema SNORKEL 18 5 Brasil Mergulho Santa Cruz de Recifes de Coroa APA de Coroa Cabrália SNORKEL 0 - 1,5 0 Santana 2006 Vermelha Vermelha Naufrágio Castor SCUBA 16 ? - OP - Nemo Dive Motanhinhas SCUBA 16 ? - OP - Nemo Dive Recife Moréria Verde SCUBA 12 ? - OP - Nemo Dive 53 Referências- Anexo I Abrolhos.Net. Pontos de mergulho em Abrolhos (Bahia). Disponível em http://www.abrolhos.net/abrolhos/catamara.htm.(Acesso em 10/05/2017). Albuquerque, T., Loiola, M., Nunes, J. D. C. C., Reis, J. A., Sampaio, C. L. S. & Leduc, A. O. H. C. 2014. 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Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, Brasil, 177p. 58 Comportamento de mergulhadores recreativos e seus impactos em uma Área de Proteção Ambiental Marinha do Brasil hjdggjghj 59 Comportamento de mergulhadores recreativos e seus impactos em uma Área de Proteção Ambiental Marinha do Brasil Recreational diver behavior and their impacts in a Brazilian Marine Protect Area INTRODUÇÃO O mergulho recreativo é uma das atividades turísticas que mais cresce no mundo (OMT, 2001), destacando-se economicamente na geração de empregos, renda e como promotor de desenvolvimento nas comunidades onde ele ocorre (Brander et al., 2007; Musa; Dimmock et al., 2013). Acompanhando o crescimento dessa atividade, em todo o mundo crescem também as investigações acerca do fenômeno turismo de mergulho (diving tourism). Estudos no setor do turismo identificam, categorizam e conceituam as atividades, atores e ambientes envolvidos (Garrod and Gossling, 2008, Neto, 2012; Ardoin et al., 2015; Giglio et al., 2015; Rowe and Santos, 2016). Os estudos sociais buscam compreender os benefícios econômicos (Cesar and Beukering, 2004; Tapsuwan and Asafu-Adjaye, 2008; Spalding et al., 2017) e como o mergulho recreativo pode modificar-se frente às mudanças complexas (i.e., que envolvem múltiplas escalas e setores, como o aquecimento global ou mudança de fase em ecossistemas recifais) (Hillmer-Pegram, 2013). No setor ambiental, cresce o interesse em entender os impactos positivos e negativos que o mergulho pode causar ao meio ambiente e seus reflexos no manejo em busca de um turismo de mergulho sustentável (Hawkins and Roberts, 1992; Hawkins et al., 1999; Rouphael and Inglis, 2002; Barker and Roberts, 2004; Camp and Fraser, 2012; Giglio et al., 2016; Giglio et al., 2017a). Comparado com ameaças globais, como a poluição dos oceanos, sobrepesca, aquecimento global e, consequentemente, acidificação dos oceanos e branqueamento dos corais, o mergulho recreativo é espacialmente pontual e, aparentemente, de baixo impacto (Harriott, 2004). Contudo, o crescimento exponencial desta atividade, traz consigo um aumento de visitantes aos pontos de mergulho existentes e pressiona a abertura de novos destinos de mergulho (Garrod and Gossling, 2008), ampliando a abrangência dos danos que podem ocorrer. Por outro lado, áreas onde ocorre o mergulho recreativo, normalmente possuem alta biodiversidade e beleza cênica, coincidindo com áreas de interesse para conservação (Williams and Polunin, 2000; 60 Melo and Crispim, 2005), o que por vezes tem contribuído com recursos para manutenção das unidades de conservação já existentes, bem como, favorecido a criação de novas áreas de proteção (Hawkins et al., 2005; Ardoin et al., 2015). Os impactos gerados pelo mergulho recreativo em ambientes recifais incluem os danos causados pela a logística da atividade, como tráfico e ancoragem de embarcações (Creed and Amado-Filho, 1999; Giglio et al., 2017a), instalação de estruturas marinhas, construções costeiras para hospedagem e lazer dos visitantes, como resorts, hotéis, pousadas, restaurantes e parques aquáticos (Gladstone et al., 2012). Outro grupo de danos diz respeito a ação direta dos mergulhadores, como: coleta, toque e quebra de organismos recifais, ressuspensão de sedimentos, alimentação e perturbação da fauna, poluição da água com lixo e resíduos de protetor solar (Augustowski and Francine Jr, 2002; Pedrini et al., 2007; Lamb et al., 2014; Downs et al., 2015). Estudos em diversos recifes do mundo têm buscado compreender as causas dos danos provocados pela ação dos mergulhadores, afim de desenvolver estratégias específicas em prol da redução destes (Hammerton, 2017). É documentado que mergulhadores homens, sem experiência com mergulho, fotógrafos, mergulhadores que utilizam equipamentos adicionais e mergulhadores com luvas são os maiores causadores de danos ao recife. Grande parte deste tipo de impacto é causado por um pequeno número de pessoas, na maioria das vezes acidentalmente e no início do mergulho (Talge, 1990; Medio et al., 1997; Rouphael and Inglis, 2001; Zakai and Chadwick- Furman, 2002; Luna et al., 2009; Camp and Fraser, 2012; Giglio et al., 2016). As principais estratégias de manejo para redução de tais impactos indicam o uso adequado de briefings educacionais (Medio et al., 1997, Rouphael and Hanafy, 2007; Luna et al., 2009; Giglio et al., 2017b), acompanhamento e intervenção por mergulhadores líderes antes da ocorrência do dano (Barker and Roberts, 2004), estabelecimento de um número limitado de mergulhadores por ponto de mergulho (Dixon et al., 1993; Hawking and Roberts, 1997), criação de trilhas subaquáticas com preleções adequadas (Plathong et al., 2000; Berchez et al., 2007; Rhormens et al.2017) e construção e uso de recifes artificiais (Polak and Shashar, 2012). Os recifes brasileiros são alvo de especulação do turismo de mergulho uma vez que exibem a mais extensa e rica área recifal do Atlântico Sul, entretanto, estudos que busquem entender os efeitos do impacto desta atividade são escassos (Giglio et al., 2016; Rowe and Santos, 2016; Tedesco et al., 2017). Além disso, considera-se inadequada a utilização de indicadores ambientais e padrões de comportamentos de 61 mergulhadores de outros recifes do mundo, devido as peculiaridades dos recifes em questão, como baixa cobertura coralínea, elevado endemismo de espécies de corais e alto aporte de sedimentos (Castro and Pires, 2001). Desta maneira, torna-se necessário identificar e redefinir estratégias de manejo próprias para o mergulho recreativo nos ambientes recifais brasileiros (Tedesco et al., 2017). Analisar e entender o comportamento dos mergulhadores que impactam os recifes é a chave para uma discussão focada sobre o tema e elaboração de diretrizes eficazes na prevenção dos danos (Pedrini et al., 2007; Giglio et al., 2016). Este estudo adiciona informações acerca das características dos mergulhadores que podem influenciar na frequência de toque dos mesmos no recife. A análise da relação entre o comportamento de mergulhadores livres (snorkelers) e o impacto no recife são resultados pioneiros para ambientes recifais do Brasil. MÉTODO Área de estudo O estudo foi conduzido no recife de Maracajaú que está inserido na Área de Proteção Ambiental Estadual dos Recifes de Corais (APARC). Esta unidade de conservação localiza-se no nordeste do Brasil, no Estado do Rio Grande do Norte (05° 38’S 35° 25’W). O complexo recifal de Maracajaú é citado pelo Ministério do Turismo (Brasil, 2005) como um dos principais destinos de turismo de mergulho do Brasil, e é explorado por essa atividade desde do início da década de 1990 (Figura 1). Suas características físico-biológicas são de um ambiente recifal típico da porção norte da costa brasileira (Tedesco et al., 2017), com dimensões de 9 Km de comprimento por 2 Km de largura, e crescimento coralíneo-algal sobre uma base arenítica, cuja principal espécie de coral construtora é Siderastrea stellata (Ferreira and Maida, 2006). O turismo ao recife ocorre no período da maré baixa, quando as condições de visibilidade e profundidade são melhores. Seguindo as diretrizes do plano de manejo da APARC, a atividade turística é interrompida por 20 dias do mês de junho, para "descanso" da área. Além desses dias, quinzenalmente as operações turísticas são suspensas por dois dias, em função das condições da maré. O turismo é intensivo e ocorre em uma área de apenas 1,11 Km2, distribuído em cinco pontos de mergulho, cuja soma de visitantes anuais ultrapassa 130.000 pessoas (IDEMA, 2012). 62 O c. A Parracho de Cioba Parracho de TOUROS Rio do Fogo RIO DO FOGO Rio Grande do Parracho de Norte Maracajaú Maracajaú MAXARANGUAPE Limites da APARC Parrachos (AES) CEARÁ-MIRIM Municípios que limitam EXTREMOZ a APARC Municípios costeiros NATAL Sede dos Municípios Vilas importantes Figura 1 –Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC), com destaque para o recife de Maracajaú (Fonte: Amaral et al. 2005). Em relação a operação turística, o recife de Maracajaú está localizado à aproximadamente 7 Km da costa e os turistas são levados até ele por traslado em catamarãs pequenos, catamarãs grande, lanchas e, na época da coleta dos dados, por jangadas de pescadores adaptadas para o transporte de turistas. Atualmente existem seis empresas e 28 ex-pescadores autorizados a explorar o turismo no local. Ao chegar ao recife os visitantes podem realizar mergulho livre (snorkel) ou de cilindro (scuba), sendo o mergulho livre a prática mais comum. A maioria dos turistas permanece próximo aos flutuantes ou às embarcações que os conduziram durante todo o passeio. A profundidade da área turística varia de 1 a 3,5 metros, com influência da variação das marés, e em determinados períodos do mês, é possível ficar de pé sobre o substrato. Na área é oferecido alimentos aos peixes para que os turistas possam ter uma maior interação com a vida marinha e para um melhor resultado das fotografias subaquáticas. Os alimentos são iscas de pequenos peixes de diversas espécies. Apesar do plano de manejo da APA proibir esta atividade, nenhuma medida educativa, punitiva ou fiscalizadora foi tomada até o momento e a alimentação dos peixes continua a ocorrer diariamente nos recifes. Coleta de dados A coleta de dados ocorreu em três pontos de mergulho do recife, os quais apresentam características físicas e biológicas semelhantes. O Quadro 1 caracteriza cada 63 nti co tlâ um dos pontos de mergulho amostrados quanto as principais características da operação, tipo e número de embarcações, número média de mergulhadores que visitaram o ponto em um ano e ano de início de uso do ponto de mergulho. Quadro 1 – Características dos pontos de mergulho amostrados. NMM/Ano – Número Médio de Mergulhadores /Ano (IDEMA, 2015). ANO – Ano de início de uso do ponto de mergulho. CE – Capacidade da Embarcação. PONTO DE CARACTERÍSTICAS DA NMM/ EMBARCAÇÃO ANO MERGULHO OPERAÇÃO ANO 23 jangadas ou CE: 10 turistas. botes a motor Briefing: conversa informal durante o adaptados. Ex-Pescadores traslado. Atualmente, 35.334 2010 Mergulho: guias costumam levar os foram substituídos mergulhadores em boias e segurar em por 23 pequenos suas mãos mostrando o recife. catamarãs. CE: 15 turistas. Briefing: pequena explicação técnica padronizada. Ela ocorre na plataforma, 5 Lanchas Maracajaú Diver a cada chegada de lancha. + 1 Plataforma 25.112 1994 Mergulho: a rotatividade de lanchas flutuante fixa faz com que o ponto de mergulho nunca fique completamente lotado. CE: Catamarã – 80 turistas, Lancha – 15 turistas. Briefing: pequena explicação técnica padronizada. Ela ocorre na plataforma, a cada chegada de embarcação. 2 Catamarãs + 1 Mergulho: a rotatividade de lanchas lancha + 1 ParrachosTurismo faz com que o ponto de mergulho 30.653 2000 Plataforma nunca fique completamente lotado. flutuante fixa Embarcações: mesmo na baixa estação se forem apenas 60 pessoas no dia, estas chegam juntas ao ponto de mergulho e recebem o briefing de apenas um funcionário. Ao longo de um ano foram observados pelo menos 13 mergulhadores por mês por ponto de mergulho. O mergulhador, aleatoriamente, foi observado através do método animal focal (Altmann, 1974), em sessões de amostragens de duração de 10 minutos. Em cada sessão foi registrado o número de vezes que o mergulhador exibiu contato com o ambiente recifal. Os contatos foram categorizados nos seguintes grupos: ressuspensão do sedimento marinho, toque em organismos, alimentação de peixes e danos em organismos (ex. quebra de corais, manipulação e morte de algum ser vivo). Adicionalmente às sessões de registro de comportamento foram coletados os seguintes dados: tipo de mergulho (snorkel ou scuba dive), sexo do mergulhador, profundidade do 64 mergulho e informações adicionais relevantes, como uso de câmeras fotográficas. A profundidade foi medida com uso de uma trena ao término de cada sessão de observação. Os mergulhadores submetidos às sessões de observação não foram informados que estavam fazendo parte do estudo, evitando assim possíveis desvios de conduta em virtude da presença de um observador. Após a sessão, o turista foi consultado quanto à sua permissão para fazer parte do estudo e, em seguida, conduzida uma entrevista onde se registrou a idade do mergulhador, experiência com mergulho, conhecimento ecológico dos ambientes recifais e postura em relação à conservação ambiental (Apêndice 1). As questões sobre conhecimentos e atitudes ambientais foram pontuadas, e para cada resposta positiva foi atribuído um ponto. Cada mergulhador recebeu uma pontuação que variou entre 0 e 12. Os mergulhadores que pontuaram entre 0 e 4, foram considerados com baixo conhecimento e atitude pró-ambiental, mergulhadores com conhecimento médio, obtiveram pontuação entre 5 e 8; e mergulhadores com alto conhecimento pontuaram entre 8 - 12 (Apêndice 1). Relacionou-se a frequência média de toque (FT) com cada um dos seguintes fatores: (1) tipo de mergulho, (2) sexo, (3) idade, (4) escolaridade, (5) local de residência, (6) experiência com mergulho, (7) uso ou não de câmera, (8) profundidade no momento da observação e (9) conhecimentos e atitudes pró-ambientais (Tabela 1). Tabela 1 - Fatores que podem influenciar o comportamento dos mergulhadores e variáveis avaliadas. Fator Variável Tipo de mergulho Mergulho livre / Mergulho de cilindro Sexo Masculino / Feminino Idade <18 anos / 19 – 30 anos / 31 - 50 anos / >51 anos Escolaridade Ensino fundamental ou médio / Superior incompleto ou completo / Pós-graduação Local de residência Norte / Nordeste / Centro-Oeste / Sudeste / Sul /Internacional Experiência com mergulho Nenhuma / 1 - 2 anos / >2 anos Uso de Câmera Sim ou Não Profundidade no <1,70m / 1,71m - 1,99m / >2,00m momento da observação Conhecimento e atitude pró-ambiental Baixo / Médio / Alto 65 Análises dos dados Os fatores que poderiam influenciar o comportamento dos turistas foram analisados separadamente, através de estatística não-paramétrica. Para comparações entre dois fatores, usou-se o teste de Mann-Whitney e para comparações entre três ou mais fatores, o teste de Kruskal-Wallis, e o teste a posteriori de Dunn para identificar as relações de diferenças entre fatores (Zar, 2010). Estes testes foram realizados no programa Past versão 2.17 (Hammer et al., 2001). Para relação entre a frequência média de toques (FT) e o perfil dos mergulhadores, utilizou-se a análise classification tree. Foi utilizado o pacote Rpart no programa R para construir um modelo de classificação (R Development Core Team, 2012). Classifications tree representam graficamente as relações entre os fatores analisados e as variáveis preditoras (De`ath and Fabricius, 2000). Elas exigem menos pressupostos do que métodos correlacionais, não assumindo uma distribuição específica dos dados, nem a independência dos dados (Davidson et al., 2009). Neste caso, foi relacionado a frequência média de toque com fatores relativos ao perfil do mergulho e do mergulhador, afim de identificar quais destes fatores influenciam na frequência média de toques no recife. O gráfico da análise explica a variação de uma única variável resposta dividindo os dados em grupos mais homogêneos, usando combinações de variáveis explicativas que podem ser categóricas e/ou numéricas. Cada grupo é caracterizado por um valor típico da variável de resposta, e é o número de observações no grupo e os valores das variáveis explicativas que o definem. A árvore é representada graficamente e isso ajuda a exploração e compreensão (Feldesman, 2002). RESULTADOS Perfil dos mergulhadores: Foram observados e entrevistados 477 mergulhadores entre junho de 2014 e maio de 2015. Destes, 430 estavam realizando mergulho livre e 47 turistas realizavam mergulhos de cilindro. O perfil detalhado dos mergulhadores é descrito na tabela 2. A proporção entre homens e mulheres na amostra foi semelhante (52% mulheres, 48% homens) e a idade média dos mergulhadores foi de 31 anos. Na época do estudo, o mergulhador mais novo tinha 11 anos e o mais velho 72 anos. A escolaridade consultada da maioria dos mergulhadores foi nível superior (66,5%). 66 Quanto ao local de residência, mais de 90% dos entrevistados são brasileiros, oriundos de todas as regiões do Brasil, mas principalmente dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro (62%). Apenas 4,4% dos mergulhadores são estrangeiros, havendo representantes da Argentina (9), Chile (4), Finlândia (4), Holanda (2), Croácia (1) e Noruega (1). A maioria dos mergulhadores estava tendo sua primeira experiência com mergulho (85,5%) e 4% exerciam mergulho recreativo há mais de 2 anos. Apenas 15,3% do total de mergulhadores usavam câmera subaquática, não havendo nenhum fotógrafo profissional entre eles. O conhecimento e atitude pró-ambiental dos mergulhadores foi considerado baixo, com média de 3,28 pontos obtidos no questionário aplicado. Nenhum mergulhador obteve pontuação alta (entre 9 -12 pontos). Tabela 2 - Perfil dos mergulhadores visitantes ao recife de Maracajaú. Porcentagem por variável. FT – Frequência média de toques por mergulhador /10 minutos. Snorkelers Scuba divers TOTAL INFORMAÇÃO VARIÁVEL N = 477 N = 430 N = 47 % % FT % FT SEXO MASCULINO 48,2 46,5 0,720 63,8 2,167 FEMININO 51,8 53,5 0,452 36,1 1,294 IDADE <18 ANOS 5,0 5,1 0,182 4,2 1,000 Mínima - 11 anos 19 - 30 ANOS 49,5 49,1 0,559 53,1 1,840 Máxima - 72 anos 31 - 50 ANOS 38,4 38,1 0,628 40,4 1,947 Média - 31,27 anos >50 ANOS 3,8 4,0 0,824 2,1 2,000 Mediana - 29 anos NÃO RESPONDEU 3,4 3,7 0,563 0,0 0,000 ESCOLARIDADE FUNDAMENTAL E 23,9 22,1 0,547 40,4 2,263 MÉDIO SUPERIOR INC. E 66,5 67,9 0,616 53,1 1,600 COMP. PÓS GRADUAÇÃO 6,5 6,5 0,250 6,3 1,333 NÃO RESPONDEU 3,1 3,5 0,600 0,0 0,000 LOCAL DE NORTE 3,1 3,5 0,133 0,0 0,000 RESIDÊNCIA NORDESTE 4,2 11,6 0,480 6,3 1,333 CENTRO-OESTE 62,9 4,0 0,882 6,3 3,000 SUDESTE 11,1 62,1 0,603 70,2 1,848 SUL 11,5 11,4 0,510 12,7 1,500 INTERNACIONAL 4,4 4,4 0,684 4,2 2,000 NÃO RESPONDEU 2,7 3,0 0,615 0,0 0,000 67 Cont. Tabela 2: Snorkelers Scuba divers TOTAL INFORMAÇÃO VARIÁVEL N = 477 N = 430 N = 47 % % FT % FT TEMPO DE NENHUMA 85,5 84,7 0,538 93,6 1,864 EXPERIÊNCIA 1 - 2 ANOS 7,5 7,7 0,727 4,2 1,500 DE MERGULHO > 2 ANOS 4,0 4,4 1,053 2,1 2,000 NÃO RESPONDEU 2,9 3,3 0,571 0,0 0,000 USO DE CÂMERA SIM 15,3 14,9 0,578 19,1 1,778 NÃO 84,7 85,1 0,577 80,8 1,868 PROFUNDIDADE < 1,70m 21,6 22,3 0,781 14,8 2,714 Média - 1,82 1,71 - 1,99m 59,7 58,1 0,532 74,4 1,657 Mín. - 1,40m; Máx. - > 2,00m 18,7 19,5 0,476 10,6 2,000 2,30m CONHEC. E BAIXA (0 - 4 pontos) 83,6 84,2 0,528 78,7 1,486 ATITUDE PRÓ- MÉDIA (5 - 8 pontos) AMBIENTAL 16,4 15,8 0,838 21,2 3,200 Média - 3,27 pontos ALTA (9 - 12 pontos) 0,0 0,0 0,000 0,0 0,000 Frequência de toque dos mergulhadores no recife: Scuba divers exibiram uma FT de 1,851±0,30 (média ± erro padrão) em 10 minutos, que foi significativamente maior que a média de toques dos snorkelers, de 0,576 ± 0,07 (p<0,001) (Figura 2). Devido as características peculiares das atividades e ao número de mergulhadores observados (N snorkel – 430; N scuba – 47), cada fator foi examinado separadamente para snorkel e scuba dive. Figura 2 –Frequência média de toques em 10 minutos para snorkelers (0,576 ± 0,07, N = 430) e para scuba divers (1,851 ±0,30, N = 47) (p<0,001). 68 Snorkel Foram registrados 248 toques realizados por snorkelers, sendo a maioria exercida involuntariamente (p<0,001), com frequência média de toques involuntários de 0,33 ± 0,03, comparada à média de toques voluntários de 0,24 ± 0,05. O maior número de toques foi realizado com os pés (76%), seguido das mãos (23%) e joelhos (1%). A maior parte dos toques ocorreu quando o mergulhador se encontrava com problemas na máscara ou com o uso do snorkel, se posicionando verticalmente sobre o recife ou sobre a matriz de areia. As consequências dos toques foram: ressuspensão de sedimento do fundo marinho (35,8%), toque em algas (20,1%), toque na espécie de zoantídeo Palythoa caribaeorum (16,1%) e no coral esclarectíneo Siderastrea stelatta (13,7%). Outros seres que sofreram algum tipo de intervenção de mergulhadores foram os peixes das espécies Haemulon aurolineatum e Abudefduf saxatilis, tocados ao serem alimentados e o hidrocoral ramificado Millepora alcicornis (Figura 3). 100% Contact with M. 90% alcicornis 80% Fish feed 70% 60% Contact with 50% Siderastrea spp. 40% Contact with P. 30% caribaeorum 20% Contact with algae 10% 0% Resuspension of Snorkel Scuba sediment Figura 3 –Porcentagem de toques e intervenções de mergulhadores recreativos. Do total de snorkelers observados, 67,2% não tocaram no substrato ou em qualquer ser marinho, 26,2% dos mergulhadores realizaram apenas um toque e 6,6% realizaram entre 2 e 14 toques. Os homens exibiram maior FT que as mulheres (p<0,001). Turistas mais jovens realizaram menos contatos com o recife que turistas mais velhos (p=0,02) (Figura 4b). Não houve diferença significativa entre FT associada aos fatores: escolaridade, local de residência, anos de experiência com mergulho uso de câmera e conhecimento e atitude 69 % of contact pró-ambiental (Figuras 4c, d, e, f, h). Houve uma tendência da FT diminuir com o aumento da profundidade (p=0,07) (Figura 4g). Os mergulhadores exibiram um baixo nível de conhecimento e atitude pró-ambiental, a pontuação média foi de apenas 3,87 e não houve nenhum mergulhador incluído no grupo de alto conhecimento e atitude pró- ambiental. a b c Female Male <18 19 – 30 31 – 50 >51 DA E/H GRA PÓS-G DA Gender Age Education d e f N NE ME SE S I DA No 1-2 >2 DA Yes No Place of residence Diving years Camera g h <1,70m 1,71-1,99m >2,00m Low Medium Depth Environmental knowledge and attitude Figura 4 –Frequência média de toque (FT) de acordo com o perfil dos mergulhadores e características do mergulho livre. As barras indicam o erro padrão da média. a)Sexo/Gender; b) Idade/Age; c)Escolaridade/Education (E/H – Elementary and High School/Ensino fundamental e médio, GRA – Graduated/Ensino superior incompleto ou completo, PÓS-G – Pos graduated/Pós-graduação, DA – Didn’t Answer/Não respondeu); d) Local de residência/Place of residence (N – North/Norte, NE – Northeast/Nordeste, ME – Midwest/Centro-Oeste, SE – Southeast/Sudeste, S – South/Sul, I – International/Internacional, DA – Didn’t Answer/Não respondeu); e) Anos de experiência com mergulho/Diving years; f) Uso de Câmera/Camera; g) Profundidade/Depth (m); h) Nível de conhecimento e atitudes pró-ambientais/ Environmental knowledge and atitude (Low/Baixo, Medium/Médio). 70 Scuba Scuba divers tocaram 87 vezes no substrato, e assim como no mergulho livre, a maioria dos contatos foi realizado de forma involuntária (1,319 ± 0,22, p<0,001), sendo registrados toques com as nadadeiras (61%), mãos (37%) e pernas (2%). Dez scuba divers (21,2%) não realizaram contatos com organismos ou com o fundo oceânico. As principais consequências dos contatos foram: ressuspensão de sedimento (36,7%), toque em algas (33,3%), toque no coral mole P. caribaeorum (14,9%) e no coral duro S. stelatta (12,6%). Também foi registrada a alimentação a peixes da espécie H. aurolineatum (Figura 3). Nas comparações par a par nenhum dos fatores analisados foi relacionado à frequência média de toques dos scuba divers com o ambiente recifal (Figura 5 a-h). a b c Female Male <18 19 – 30 31 – 50>51 E/H GRA PÓS-G Gender Age Education d e f NE ME SE S I No 1-2 >2 Yes No Place of residence Diving years Camera g h <1,70m 1,71-1,99m >2,00m Low Medium Depth Environmental knowledge and attitude 71 Figura 5 – Frequência média de toque de acordo com o perfil dos mergulhadores e características scuba dive. As barras indicam o erro padrão da média. a) Sexo/Gender; b) Idade/Age; c) Escolaridade/Education (E/H – Elementary and High School/Ensino fundamental e médio, GRA – Graduated/Ensino superior incompleto ou completo, PÓS-G – Pos graduated/Pós-graduação; d) Local de residência/Place of residence (N – North/Norte, NE – Northeast/Nordeste, ME – Midwest/Centro-Oeste, SE – Southeast/Sudeste, S – South/Sul, I – International/Internacional, DA – Didn’t Answer/Não respondeu); e) Anos de experiência com mergulho/Diving years; f) Uso de Câmera/Camera; g) Profundidade/Depth (m); h) Nível de conhecimento e atitudes pró-ambientais/ Environmental knowledge and atitude (Low/Baixo, Medium/Médio). Classification tree: Nesta análise houve separação entre os scuba divers e snorkelers, indicando uma maior frequência de toques pelo primeiro grupo de mergulhadores, como observado na comparação anterior. Dentre os fatores analisados para cada grupo, houve separação dos ramos apenas para os fatores sexo no grupo de snorkelers e para o fator conhecimentos e atitudes pró-ambientais para o grupo de scuba divers (Figura 4). Figura 4 – Classification tree diferenciando grupos que podem influenciar na frequência média de toques nos recifes. SCU-Scuba divers, SNO-Snorkelers. KnoAtt-Nível de conhecimentos e atitutes pró- ambientais, seguindo neste ramo, M-Médio, L-Baixo (referindo-se à categoria de conhecimento e atitutes pró-ambientais). No ramo da direita: Gen-Sexo, seguindo seu ramo, suas categorias são: M- Masculino e F- Feminino. 72 DISCUSSÃO De modo geral, a frequência média de toques (FT) de mergulhadores observada neste estudo é mais baixa comparada a outros recifes do mundo (Tabela 3). Giglio et al. (2016) também constataram reduzidas taxas de contato de scuba divers em Abrolhos, indicando como possível causa a baixa abundância relativa de organismos bentônicos na cobertura do substrato, característica dos recifes brasileiros (Castro and Pires, 2001). Na área amostral do presente estudo a profundidade e características do recife parecem exercer importante papel na frequência média de toques. Nestas áreas, a profundidade varia entre 1,5 e 3 metros, o recife não é contínuo, e sim, em manchas espaçadas entre uma matriz de areia, isso permite uma boa visibilidade ao recife, sem necessariamente o mergulhador ficar sobre o mesmo. Tabela 3 – Frequência média de toques (FT) em 10 minutos observada em estudos ao redor do mundo. Nos estudos com valores apresentados em outras escalas (ex. média por 7 minutos ou média por minuto ou média por 60 minutos), obteve-se o valor médio de toque por minuto e multiplicou-se por 10. LOCAL FT/10min REFERÊNCIA Maracajaú (Snorkel) 0.5 Presente estudo Maracajaú (Scuba) 1.8 Presente estudo Ras Mohammed (Mar Vermelho) 2.1 Medio et al., 1997 Santa Lucia (Caribe) 2.5 Barker and Roberts, 2004 Abrolhos (Brasil) 2.6 Giglio et al., 2016 German Channel (Palau) 2.9 Poonian et al., 2010 Florida Keys (Caribe) 2.9 Talge, 1991 Florida Keys (Caribe) 3.0 Krieger and Chadwick, 2013 Florida Keys (Caribe) 3.3 Camp and Fraser, 2012 Capo Gallo-Isola delle Femmine (Mediterraneo) 3.6 Di Franco et al., 2009 Agincourt (Grande Barreira, Austrália) 5.4 Rouphael and Inglis, 2001 Surim (Tailândia) 5.5 Worachananant et al., 2008 Eilat (Israel) – Para patch reefs 5.5 Zakai and Chardwick-Furman, 2002 Hong Kong 8.7 Chung et al., 2013 Heron Island (Grande Barreira, Austrália) 10.4 Harriot et al., 1997 Solitary Island (Austrália) 40.4 Harriot et al., 1997 Sierra Helada (Mediterrâneo) 41.2 Luna et al., 2009 Para snorkelers uma profundidade superior a um metro e meio permite a observação da vida marinha mantendo uma distância adequada do substrato (Talge, 1991), o que evita a maioria dos toques e danos que poderiam ser provocados pelo 73 pisoteio como em áreas rasas (Kay and Liddle, 1989; Allison, 1996; Tratalos and Austin, 2001). Outro fator positivo é a proibição do uso de nadadeiras para mergulho livre na APARC desde 2005, medida essa que reduziu drasticamente a ressuspensão de sedimento e toques nos recifes na área turística (IDEMA, 2012). O incentivo ao uso de boias de cintura também é uma atitude que vem sendo tomada pelos empresários do turismo na região, e mesmo não sendo utilizada por todos mergulhadores, auxilia que visitantes sem experiência se sintam mais seguros e evita sua proximidade com o recife. Com relação aos scuba divers, era esperado uma elevada frequência de toques em função da aproximação do fundo mais raso e da maior probabilidade de toques de equipamentos. Contudo, os valores permaneceram baixos, possivelmente, por dois fatores: o primeiro, é que em virtude da baixa profundidade, o mergulho é realizado contornando as manchas recifais pela matriz de areia, o que reduz a probabilidade de toque ao recife, mas aumenta a possibilidade de ressuspensão de sedimento. O segundo fator, é a grande quantidade de mergulhadores realizando mergulhos guiados de batismo (93,6%), os quais ficam sob a assistência de profissionais de mergulho durante toda experiência subaquática, evitando a maior parte dos contatos com o substrato. Estudos destacam a importância da intervenção de mergulhadores líderes para redução significativa de danos causados por scuba diver no Caribe e na Austrália (Barker and Robert, 2004; Hammerton and Bucher, 2015). Em virtude disso, Camp and Fraser (2012) ressaltam a necessidade constante de capacitação e conscientização com estes atores locais. O toque em organismos vivos foi o principal comportamento registrado, tanto em snorkelers (53%), quanto em scuba divers (60%), seguido da ressuspensão de sedimento (36%). Apesar desses comportamentos não serem responsáveis por danos imediatos ao ambiente recifal, estudos apontam que colônias de corais expostas a toques frequentes, perdem sua camada protetora de muco e se tornam mais susceptíveis a doenças (Lamb and Wilis, 2011; Lamb et al., 2014). A influência do mergulho recreativo na taxa de sedimentação foi observada por Hasler and Ott (2008) em recifes de Dahab no Egito. No local do presente estudo, Attayde (2005) observou que a variação nas concentrações de sólidos totais em suspensão na área turística esteve mais relacionada com a variação temporal, causada pela amplitude das marés, do que com a ação dos turistas ou das embarcações. Consideram-se necessários estudos mais aprofundados, contrastando os efeitos da suspensão natural causada pela dinâmica dos ambientes recifais brasileiros com a 74 suspensão de sedimentos causada pelo comportamento dos mergulhadores. Ressalta se que Tedesco et al. (2017) observaram que a comunidade coralínea da costa brasileira possui espécies com pólipos grandes e mecanismos de remoção de sedimento mais eficazes, o que pode refletir sua habilidade em se adaptar as altas taxas de turbidez que os recifes do Brasil estão submetidos. A alimentação de peixes foi responsável por 11% dos toques realizados por snorkelers e 2% pelos scuba divers. As modificações e desdobramentos negativos na estrutura da ictiofauna recifal causada pela alimentação suplementar de peixes é bem documentada no Brasil e no mundo (Medeiros et al., 2007; Illari et al., 2008; Feitosa et al., 2012). Alguns dos efeitos negativos descritos são: alterações nas densidades de algumas espécies (Hawkins et al., 1999), aumento da abundância de espécies dominantes (Milazzo et al., 2005) e alterações comportamentais de outras (Milazzo et al., 2006). A alimentação de peixes já foi uma prática mais frequente no local de estudo, porém, desde 2012, com a publicação do plano de manejo da APARC, ela vem sendo reduzida (IDEMA, 2012), e apesar já ser proibida na área, deveria ser definitivamente suspensa. Efeitos do perfil do mergulhador e do mergulho na frequência média de toques no recife: Para o mergulho livre, tanto na análise de diferença entre as medianas quanto na classification tree, o sexo foi um fator que apresentou diferenças. Outros estudos também demonstraram que homens provocam maiores danos aos recifes que mulheres (Talge, 1991; Rouphael and Inglis, 2001; Luna et al., 2009), atribuindo tal tendência a mulheres serem mais cuidadosas, menos aventureiras e seguirem as regras com maior empenho que homens. Além disso, uma parte das mulheres também tende a permanecer com boias mais próximas da superfície auxiliando seus familiares e filhos, o que reduz sua probabilidade de dano. A idade foi um fator que apresentou diferença significativa na estatística não- paramétrica. A relação da faixa etária com a FT pode estar relacionada a baixa estatura de mergulhadores mais jovens (com idades inferiores a 18 anos), que pode reduzir sua probabilidade de toque ao substrato; e ao menor controle da flutuabilidade de mergulhadores mais velhos (>50 anos) (Chung et al., 2013). Dentro da análise de escolaridade, mergulhadores com nível superior exibiram maiores médias de FT, enquanto pós-graduados apresentaram as menores médias. 75 Chung e colaboradores (2013) observaram uma relação entre dano e escolaridade, mas não apresentam argumentos conclusivos de que este fator possa realmente influenciar no comportamento dos mergulhadores. Era esperado que mergulhadores com maior escolaridade e compreensão da fragilidade dos ambientes recifais, exibissem menores valores de FT, mas esse padrão não foi observado neste estudo. Os mergulhadores que visitam os recifes estudados são inexperientes em sua maioria. O grupo restrito de turistas com mais de dois anos de experiência em mergulho exibiu uma tendência maior em tocar o recife comparado aos demais grupos. Este padrão comportamental foi observado por outros pesquisadores, que atribuíram isto ao fato dos mergulhadores mais experientes terem maior confiança em se aproximar do substrato e ousar tocar no recife um número maior de vezes (Rouphael and Inglis, 2001; Giglio et al., 2016). Além disso, mergulhadores que nunca mergulharam antes tendem a ser mais cautelosos em tocar algo desconhecido e possivelmente nocivo. Já Musa et al. (2011) e Salim et al. (2013), concluem que mergulhadores qualificados tocam menos nos recifes e exibem um comportamento mais responsável que mergulhadores iniciantes. O uso de câmeras não foi relacionado à frequência média de toques ao recife, em contraste com muitos estudos que consideraram tal variável (Rouphael and Inglis, 2001; Barker and Roberts, 2004; Worachananant et al., 2008; Luna et al., 2009). A popularização de mini câmeras resistentes a água e de fácil manuseio tem permitido a sua utilização por um maior número de turistas sem necessariamente elevar o dano causado a vida marinha (Giglio et al., 2016). Muitos mergulhadores portadores de câmeras as utilizam principalmente para tirar selfs subaquáticas, e nem sempre se aproximam do substrato para fazer tais registros. De maneira geral, os mergulhadores entrevistados possuem baixo conhecimento e atitude pró-ambiental. Isso pode ser causado por briefings pouco explicativos, ministrados de forma rápida e, simultaneamente, para muitas pessoas. Estudos demonstram a redução de danos promovidos por mergulhadores submetidos a briefings eficientes, que detalham a importância dos recifes, o problema dos impactos que os mergulhadores podem provocar e os esclarecem a respeito das regras de comportamento durante o mergulho (Medio et al., 1997; Luna et al., 2009, Camp and Fraser, 2012). Espera-se que mergulhadores com maior conhecimento sobre a ecologia e importância do recife e engajados em causas socioambientais, exibam comportamento menos impactante durante os mergulhos (Ong and Musa, 2011). 76 Apenas o fator conhecimento e atitude pró-ambiental foi associada à FT dentre as variáveis analisadas para scuba divers. Na análise de classification tree, observou se uma separação nos grupos de mergulhadores das categorias baixo e médio conhecimento e atitude pró-ambiental. Todos os estudos consultados indicam a influência de algum fator na taxa de contato dos mergulhadores no recife, seja uma característica do mergulhador (sexo, experiência com mergulho, uso de equipamentos), da operação de mergulho (qualidade dos briefings, intervenção do mergulhador líder, momento do mergulho, turno do mergulho) ou do ponto de mergulho (tipo do recife, uso de trilha subaquática) (para consultar referências, ver tabela 3). Isso confirma a necessidade de uma maior atenção em se identificar características próprias dos mergulhadores visitantes aos recifes brasileiros, em especial os recifes rasos que estão submetidos à um turismo em massa e são alvos de especulação do turismo de mergulho. A partir dos resultados deste estudo que indicam as baixas médias de FT e o baixo conhecimento dos mergulhadores sobre os ambientes recifais, conclui-se que a operação de mergulho recreativo que ocorre na área de estudo, tem potencial para se tornar um modelo de turismo de mergulho sustentável no Brasil. Para isso, são necessários briefings adequados que considerem a logística da operação de mergulho e investimento em educação ambiental eficaz tanto para o turista, quanto para os profissionais de mergulho (Pedrini, 2010; Pedrini et al. 2015), com uso de mídias, metodologias diversas e criativas, que consigam despertar no mergulhador a importância dos ambientes recifais em suas vidas e seu poder efetivo para manutenção desses ecossistemas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os dados apresentados são pioneiros na descrição das características que podem influenciar no comportamento de snorkelers no Brasil. Estes dados contribuem para traçar medidas próprias de manejo para o mergulho recreativo nos recifes brasileiros, pois identificam um perfil de mergulhadores com maior probabilidade de causar danos aos ambientes recifais. Uma vez registrado que os mergulhadores exibem pouco conhecimento sobre o ambiente recifal e baixa atitude pró-ambiental, sugere-se, um esforço em medidas educativas para divulgação de informações sobre aspectos gerais da ecologia e a importância dos ambientes recifais para o bem-estar humano. Tais medidas estariam 77 também associadas à capacitação dos profissionais de mergulho aptos a ministrar briefings mais eficazes e também a intervir de maneira adequada quando deparados à uma atitude de dano realizada por um mergulhador. Para promover a sustentabilidade do mergulho recreativo no Brasil, além das medidas de manejo sugeridas por Giglio et al. (2016) como: o estabelecimento da capacidade de suporte para o mergulho, considerando as particularidades biofísicas do recife e o perfil do visitante; aumento do número de intervenções por profissionais do mergulho; início do mergulho em áreas de areia ou áreas com baixa abundância de corais. Incluímos ainda (1) a necessidade de estudos que definam indicadores do impacto do mergulho recreativo próprios as peculiaridades dos recifes brasileiros e (2) a utilização do manejo baseado em ecossistemas, relacionando os diversos usos, bens e serviços oferecidos pelos recifes. Este conjunto de ações promovidas de forma integrada e sob a ótica do manejo de ecossistemas, permite a gestão de áreas recifais com atividades múltiplas que podem produzir benefícios econômicos e sociais associados à conservação desse pólo de vida marinha. Ardoin et al. (2015) revisaram estudos que observaram como uma gama de atitudes e comportamentos pró-ambientais podem ser modificados pela experiência com turismo de natureza. O turismo de mergulho pode, portanto, ser uma atividade que promove ganhos econômicos, com foco conjunto em educação ambiental e transformação social. Assim, talvez mais importante que a definição do impacto que o mergulhador causa no ambiente recifal, deve-se estar atento à compreensão da relação entre ser humano e ambiente com o foco na oportunidade que o ecoturismo tem em promover mudanças nessa relação. Compreender a relação de dano dos mergulhadores no ambiente recifal, implica em compreender formas de mudar um relacionamento negativo em uma ação educativa transformadora. Implica na busca pelo singular de cada local e em como essa busca pode resultar em mudanças profundas na forma de gestão das áreas. Implica ainda na mudança de um paradigma, em mudar a maneira de ver o lugar. Implica em ver o recife como um lugar que nos pertence e em querer cuidá-lo. A educação ambiental brota da oportunidade e uma viagem pode mudar uma vida... ou muitas! 78 REFERÊNCIAS Allison, W. R. 1996 Snorkeler damage to reef corals in the Maldive Island. Coral Reefs, 15: 215-218. Altmann, J. 1974. Observational study of behavior: sampling methods. Behaviour, 49: 227-265. Amaral, R. F., Silva, A. P., Feitoza, B. M., Batista, D. S., Soriano, E. M., Martin, F. S., Silva, I. B. et al. 2005. Diagnóstico Ambiental da Área de Uso Turístico Intensivo (AUTI) no Parracho de Maracajaú. Natal: UFRN/IDEMA. 128p. Relatório interno. Ardoin, N. M., Wheaton, M., Bowers, A. W., Hunt, C. A., and Durham, W. H. 2015. Nature-based tourism's impact on environmental knowledge, attitudes, and behavior: a review and analysis of the literature and potential future research. Journal of Sustainable Tourism, 23: 838-858. Attayde, J. L. 2005. Sólidos Totais em Suspensão. In: Amaral, R. F. et al..2005. 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Nº Questão Resposta Pontuação 1 Sabe que o recife faz parte de SIM 1 ponto uma APA? 2 Qual a importância do recife? Ecológica, 1 ponto para cada Econômica/turística, item respondido (até Cênica, 4 pontos) Cultural 3 Se o recife acabasse (fosse Problemas ambientais, 1 ponto para cada completamente degradado), o Problemas econômicos, item respondido (até que você acha que ocorreria? Problemas sociais, 4 pontos) Problemas cênicos 4 Você acha que o turismo causa SIM 1 ponto impactos negativos ao recife? 5 Você acha que causou algum SIM 1 ponto impacto? 6 Você apoia financeiramente SIM 1 ponto algum movimento social e/ou ambiental? TOTAL 12 PONTOS Os mergulhadores foram agrupados em categorias de acordo com a pontuação obtida da seguinte maneira: 0 - 4 pontos - BAIXO conhecimento e atitude pró-ambiental 5 - 8 pontos - MÉDIOconhecimento e atitude pró-ambiental 9 - 12 pontos - ALTO conhecimento e atitude pró-ambiental 85 Impactos do mergulho recreativo na biota recifal em uma Área Protegida Marinha do Brasil 86 Impactos do mergulho recreativo na biota recifal em uma Área Marinha Protegida do Brasil Impacts of recreational divers in reef’s biota in a Brazilian Marine Protected Area INTRODUÇÃO O principal objetivo de Unidades de Conservação (UC) de uso sustentável, como é o caso da categoria Área de Proteção Ambiental (APA), é “compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais” (MMA, 2000).Geralmente áreas marinhas protegidas (AMP) abrangem ecossistemas recifais, os quais se destacam pela abundância de seres vivos, diversidade biológica, beleza cênica e presença de atividades de importância socioeconômica como pesca e turismo, especialmente o turismo de mergulho (Green & Donnelly, 2003). O turismo de mergulho é um dos seguimentos do setor socioeconômico que mais cresce, gerando uma indústria multimilionária e uma cadeia de serviços que emprega milhares de pessoas ao redor do mundo (Spalding et al., 2017). Esse desenvolvimento adveio das facilidades promovidas pelos avanços tecnológicos, que baratearam os custos dos equipamentos de mergulho autônomo e pelo interesse de descoberta do mundo subaquático, que impulsionou pessoas comuns a desbravarem esse ambiente por lazer (Garrod & Gössling, 2008). Além disso, o turismo de mergulho recreativo é incentivado em uma AMP pelo seu potencial de gerar recursos para manutenção das áreas protegidas (Hammerton et al., 2012) e também pela oportunidade de promover educação ambiental (Pedrini et al., 2015). A expansão acelerada do mergulho recreativo (MR) no mundo inteiro, principalmente a partir da década de 1990, alterou o seu status de uma atividade de baixo impacto ambiental (Talge, 1991), para uma atividade com potencial destrutivo, que pode alterar a estrutura da comunidade recifal e causar a perda da resiliência do recife como um todo (Gladstone et al., 2012). Os danos podem ser oriundos de um conjunto de ações que incluem: impactos por ancoragem e barulho das embarcações (Creed & Amado-Filho, 1999; Simpson et al., 2016; Giglio et al., 2017); a ação de mergulhadores com toques, pisoteio, ressuspensão de sedimento e alimentação de peixes (Barker; Roberts, 2004; Camp & Fraser, 2012; Giglio et al., 2016); e poluição da água com lixo, resíduos químicos das embarcações e uso de protetor solar (Downs et al., 2015). Esses impactos geralmente são associados à falta de ordenamento da atividade 87 (Bessa & Gonçalvez-de-Freitas, 2014) e às situações onde a capacidade de suporte do ponto de mergulho é ultrapassada (Dixon et al, 1993). Análises comparativas vêm testando como a biota recifal responde aos diferentes níveis de uso turístico. Com a evolução das investigações, a abordagem foi se ampliando de estudos focados em modificações populacionais de espécies-chave, como corais e algas (Hawkins & Roberts, 1992; Rouphael & Inglis, 1997; Azevedo et al, 2011; Lamb et al., 2014), para pesquisas que consideram a complexa rede de efeitos secundários provocados pelos impactos do MR. Esses efeitos incluem: alterações fisiológicas (Geffroy et al., 2018), mudanças comportamentais (Geffroy et al., 2015), modificações na força de interações ecológicas (Gil et al., 2015; Renfro & Chadwick, 2017) e, consequentemente, favorecimento ou prejuízos de populações ou grupos tróficos específicos (Medeiros et al., 2007;Ilarri et al., 2008). Atualmente, pouco se sabe sobre como o MR afeta a comunidade recifal de forma integrada, incluindo seres que compõem a cobertura do substrato, invertebrados móveis e a ictiofauna (Hawkins et al., 1999; Gil et al., 2015). E essa compreensão é extremamente necessária para se definir estratégias eficientes de monitoramento e manejo, principalmente quando consideradas as tendências atuais que abordam o manejo de ecossistemas como uma possível solução para o uso sustentável de recursos naturais em ambientes recifais (Tedesco et al., 2017). A premissa deste trabalho considera que a amplitude e intensidade do impacto do mergulho recreativo pode ser identificada através da análise integrada de como a biota recifal responde a tais impactos. Dessa maneira, o presente estudo teve como objetivo analisar a variação da composição do substrato, da composição e saúde da comunidade coralínea, da megafauna de invertebrados e da assembleia de peixes em áreas turísticas muito visitadas, áreas turísticas de baixo uso e áreas sem visitação. O estudo foi conduzido no litoral nordeste do Brasil em um recife inserido em uma AMP alvo da especulação do turismo de mergulho desde a década de 1990. Espera-se que os resultados desta pesquisa possam contribuir para o manejo de áreas marinhas alvos do mergulho recreativo, e auxiliem em políticas de gestão que foquem na redução ou mitigação de impactos que esta atividade possa causar. 88 MÉTODO Área de Estudo Os ambientes recifais da costa brasileira se estendem por mais de 3.000 km, possuindo características únicas, como o tipo de crescimento, fauna construtora do recife e ambiente deposicional (Leão et al., 2003). Essas áreas apresentam baixa cobertura coralínea, elevado endemismo de espécies de corais e alto aporte de sedimentos (Castro & Pires, 2001). Em virtude dessas peculiaridades e de sua extensão, os recifes brasileiros são bastante heterogêneos e podem ser agrupados em três regiões que apresentam características peculiares: Norte, Nordeste e Leste (Leão et al., 2003). O presente estudo ocorreu no limite da região Norte com a Nordeste, no recife de Maracajaú. Esse local está inserido na Área de Proteção Ambiental Estadual dos Recifes de Corais (APARC), no estado do Rio Grande do Norte (05° 38’S 35° 25’W) (Figura 1). Figura 1 –Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC), com destaque para o recife de Maracajaú e a área de uso turístico (Fonte: Amaral et al, 2005). Este recife apresenta crescimento coralíneo-algal sobre uma base arenítica, cujo tamanho é de cerca 9 Km de comprimento por 2 Km de largura (Ferreira & Maida, 2006). A atividade turística ocorre desde o início da década de 1990, em uma pequena porção de 1,11 Km2, onde cinco pontos de mergulho são explorados por seis empresas e por 28 empreendedores individuais locais (ex-pescadores). A visitação na área é intensiva (cerca de 130.000 visitantes anuais) (IDEMA, 2012) e promovida por pacotes promocionais de operadoras de turismo, e por essa razão o recife de Maracajaú é citado 89 pelo Ministério do Turismo (Brasil, 2005) como um dos principais destinos de turismo de mergulho do Brasil. Como o recife de Maracajaú está localizado à aproximadamente 7 Km da costa, os turistas são transportados em catamarãs pequenos, catamarãs grandes e lanchas. Todas as embarcações possuem poitas para ancoragem das embarcações, não havendo utilização de âncoras. Os mergulhos são realizados apenas na maré baixa, quando as condições de visibilidade e profundidade são melhores (entre 1–3 metros de profundidade). Esta atividade ocorre incessantemente enquanto as condições clima e maré permitem, com uma interrupção da atividade por 20 dias no mês de junho para "descanso" da área (IDEMA, 2012). São oferecidas as opções de mergulho livre (snorkel), de cilindro (scuba), flutuação, além de serviços de vídeo e fotográficos. A prática de alimentação aos peixes ocorre para que os turistas possam ter uma maior interação com a vida marinha e para um melhor resultado das fotografias subaquáticas. Os alimentos são iscas de pequenos peixes de diversas espécies. Apesar do plano de manejo da APA proibir esta atividade, nenhuma medida educativa ou punitiva foi tomada até o momento e a alimentação dos peixes continua a ocorrer nos recifes. Área amostral Foram definidas nove áreas retangulares (40 x 50 metros) para realização do estudo, sendo: três áreas de Alto uso turístico (> de 6000 mergulhadores/ano), três áreas de Baixo uso turístico (< de 6000 mergulhadores/ano) e três áreas onde não há visitação (Controle). O valor limite de 6000 mergulhadores/ano por ponto de mergulho foi estabelecido seguindo a literatura científica que indica esse valor como a capacidade de suporte de mergulhadores que um ponto de mergulho pode receber. O modelo de capacidade de suporte é uma função exponencial, no qual o impacto cresce muito pouco até um número limite de mergulhadores, que quando alcançado provoca um aumento drástico no impacto causado pela atividade de mergulho (Dixon et al., 1993; Hawkins & Roberts, 1997). A coleta de dados ocorreu ao longo de dois anos, em quatro eventos amostrais nos meses de alta temporada: janeiro/2014, julho/2014, janeiro/2015 e julho/2015. Em cada evento amostral realizaram-se censos visuais subaquáticos em três transectos em faixa de 30 x 2 metros por área, totalizando 27 transectos por evento amostral e 108 transectos ao longo de toda a amostragem (Figura 2). Todos os censos foram efetuados 90 com equipamentos básicos de mergulho livre por uma equipe de até cinco mergulhadores. Nas áreas de Alto Uso os censos iniciavam sempre na borda mais utilizada das plataformas flutuantes que servem de apoio na operação turística, estendendo-se 40 metros na direção oposta. As áreas de Baixo Uso se localizavam adjacentes às áreas de Alto Uso, sendo uma continuidade das mesmas. As áreas Controles (C) estavam dispostas cerca de 100 metros das áreas turísticas, em uma região sem tráfego de embarcações e com complexidade estrutural e visibilidade da água semelhantes às demais áreas. Os transectos foram estendidos paralelos às bordas das plataformas e disposição sorteada em cada evento amostral. Figura 2 -Áreas amostrais. C1, C2 e C3 são áreas controle, T1, T2 e T3 áreas turísticas. As áreas de Alto uso estão em destaque vermelho. a) Localização do flutuante da empresa Maracajaú Divers, b) Localização do flutuante da empresa Parrachos Turismo, c) Localização do flutuante de apoio de alguns empreendedores individuais (ex-pescadores). Á esquerda abaixo, esquema da disposição dos transectos de 30 metros aleatoriamente dispostos. Fonte: Adaptado de Amaral et al, 2005. Coleta de Dados Parâmetros Físico-químicos: Os parâmetros físico-químicos foram aferidos uma vez ao final de cada transecto. Obteve-se dados de: profundidade (metros), temperatura (ºC), salinidade (partes por trilhão - ppt), e transparência horizontal da água (metros), medida pela 91 distância máxima que um pesquisador enxerga uma prancheta branca em direção oposta a ele (Ferreira, 2009). Cobertura do substrato e índice de vulnerabilidade biológica (IVB): Para caracterização da cobertura do substrato foi utilizado o método Point Intercept Transect (PIT) que consiste em identificar e registrar a categoria do substrato encontrado no ponto logo abaixo do transecto em intervalos de 25 cm (Reef Check Brasil, 2008). As categorias registradas foram: areia, cascalho, rocha, alga folhosa, alga filamentosa Turf, alga calcária, coral mole (Palythoa caribaeorum, Protopalythoa variabilis, espécies do gênero Zoanthus), coral duro (Siderastrea stellata, Favia gravida, Porites asteroidea, Agaricia humilis e Millepora alcicornis) e esponja. Seguindo o trabalho de Lloret e colaboradores (2006), foi calculado o índice de vulnerabilidade biológica (IVB) que utiliza os dados da cobertura do substrato e a suscetibilidade que cada grupo analisado exibe, ao ser submetido a algum dano advindo da atividade turística. A vulnerabilidade de cada zona recifal de recreação é calculada pela seguinte fórmula: V = [(∑ xi fi)/100]+ k1 + k2 Onde: xi = frequência relativa do grupo funcional i fi = fragilidade do grupo funcional k1= coeficiente de correção para o efeito da profundidade do ponto de mergulho k2= coeficiente de correção para o efeito da inclinação do fundo Cada grupo funcional é definido baseado em semelhanças de forma e função ecológicas dos organismos que o compõe. Os grupos funcionais considerados foram: esponjas, algas folhosas, algas filamentosas, algas calcárias, zoantídeos, corais ramificados, corais massivos. A fragilidade do grupo funcional é um peso atribuído a cada grupo em função da facilidade em sofrer danos e da velocidade de crescimento. É atribuído peso 1 para organismos difíceis de sofrerem dano e com crescimento rápido (ex. algas); peso 2 para organismos que podem ser facilmente danificados, mas com crescimento rápido (ex. 92 esponjas e zoantídeos); peso 3 para organismos que podem ser facilmente quebrados e com crescimento lento (ex. corais ramificados e corais massivos). O coeficiente de correção k1 é determinado por: + 0,33 em profundidades inferiores a 10 metros, 0 em profundidades entre 10 e 24 metros e -0,33 em profundidades superiores a 24 metros. Este coeficiente é proposto com base na diminuição da probabilidade de dano causado por mergulhadores considerando o aumento da profundidade. O coeficiente de correção k2 é determinado em função da inclinação (em graus) exibida pelo fundo da zona turística de recreação. O valor de k2 é: 0,0 em ângulos de inclinação do substrato entre 0° e 70° (perfil horizontal); -0,33 em ângulos de inclinação do substrato entre 70° e 110° (perfil vertical - paredes); +0,33 em ângulos de inclinação do substrato entre 110° e 180° (inclinação negativa – cavernas e naufrágios) (Lloret et al., 2006). Avaliação da Saúde dos Corais: Em cada transecto foram amostrados 4 quadrantes de 1 x 1 metro, intercalados e equidistantes entre si. Em cada quadrado as espécies de corais foram identificadas e contabilizadas por classe de tamanho (<5 cm, 6 – 10 cm, 11 – 20 cm e >21 cm) e por categoria de saúde (saudáveis, doentes, branqueadas ou mortas) (Ferreira & Maida, 2006). Foram consideradas colônias saudáveis aquelas que estavam com coloração viva ou que possuíam mais de 90% da colônia sem manchas. As colônias branqueadas foram aquelas que possuíam branqueamento em grande parte da colônia ou com avançado grau de desbotamento. As colônias doentes apresentavam pigmentação alterada, de cor verde, roxa, marrom ou preta e/ou partes danificadas com crescimento de alga. Finalmente, as colônias mortas foram aquelas que apresentavam o esqueleto completamente branco e já coberto por algas (Adaptado de Coralwacth, 2014). Megafauna de Invertebrados: Em cada transecto de 30 x 2 metros, os indivíduos da megafauna de invertebrados foram registrados, contabilizados e agrupados em grupos funcionais. Foram definidos os grupos: invertebrados sésseis (esponjas, corais, ascídias e poliquetas tubícolas), invertebrados errantes (poliqueta de fogo, lagostas, tamarutacas, caranguejos, 93 polvos, lebres do mar, ermitões e lulas), ouriços (Echinometra lucunter) e gastrópodes (incluindo espécies do gênero Cassis, Cypraea, Cerithium, Columbella, Leucozonia, Thais) (Ferreira & Maida, 2006). Foi registrada a presença ou ausência de organismos coloniais no transecto, com sua frequência relativa estimada através dos dados de cobertura de substrato. Ictiofauna: Os peixes foram identificados e contabilizados em cada transecto. Nos casos em que não pôde ser feita a identificação subaquática, os espécimes foram fotografados e um especialista foi consultado para identificação. Todos os censos foram conduzidos pelo mesmo mergulhador, que registrou o número de indivíduos de cada espécie da ictiofauna por classe de tamanho (<5cm; 6 – 10cm; 11 – 20cm; 21 – 30cm; 31 – 40cm; e >40cm). Posteriormente, as espécies de peixes foram agrupadas em categorias tróficas segundo Randall (1967) e Ferreira et al. (2004). O número de pools de recrutamento também foi registrado por transecto. Foram considerados pools de recrutamento as concentrações de peixes jovens, geralmente protegidos em buracos no recife. Análise dos dados Análise geral para os dados multivariados: Foram elaboradas seis matrizes de dados: (1) valores dos parâmetros físico- químicos, (2) frequência relativa das categorias da cobertura do substrato, (3) abundância média de corais por espécie, (4) abundância total dos grupos funcionais da megafauna de invertebrados, (5) abundância total das espécies de peixes e (6) abundância total das categorias tróficas da ictiofauna. Em cada matriz, foram avaliados a presença de outliers através da inspeção de gráfico de Cleveland (Cleveland, 1993). Os dados das matrizes dos parâmetros físicos-químicos e da cobertura do substrato foram testados quanto à multicolinearidade seguindo os procedimentos e tomadas de decisão descritos em Zuur et al. (2010). Em seguida, esses dados foram transformados pelo método da padronização (z-score), conservando os dados com o valor de tendência central e desvio, média 0 (zero) e variância 1 (um). Para as demais matrizes, os dados foram testados quanto à colinearidade no conjunto multivariado através do cálculo do fator de variação da inflação (vif – variation inflation factor). A correlação de Spearman foi preferida pelo fato de 94 desconsiderar as relações lineares entre as variáveis (Zar, 2010). Considerou-se alta colinearidade para valores de correlação em valor modular maior que 0.7 e com o vif acima do valor 3 (Zuur, et al. 2010). Em seguida, a variável com o maior valor de vif (em escala acima de 3) foi retirada do conjunto de variáveis ambientais e o procedimento de verificação de presença de colinearidade foi repetido, manualmente, até obtenção de um conjunto multivariado com vif abaixo de 3. As variáveis colineares (vif> 3) foram retiradas das análises seguintes. Parâmetros Físico-químicos: Para investigar a variação dos parâmetros físico-químicos entre as áreas (alto uso, baixo uso e controle) foi realizada uma análise de componentes principais (PCA) (Rencher, 2002), considerando as componentes principais que assinalaram uma variância cumulativa a partir de 70%. Em seguida, foi feita uma análise de variância multivariada permutacional (PERMANOVA, McArdle & Anderson, 2001), com 999 permutações utilizando o índice de distância euclidiana, realizado como teste de hipótese de dissimilaridade entre os tratamentos de uso turístico. Cobertura do substrato e índice de vulnerabilidade biológica (IVB): A variação da cobertura do substrato entre as áreas também foi obtida através de uma PCA, seguida de uma PERMANOVA, com os mesmos parâmetros utilizados para dos dados físico-químicos. Além disso, uma função discriminante linear (LDA, Rencher, 2002) foi realizada para determinar qual variável de substrato era discriminatória entre os níveis de uso turístico. Foi utilizada a Análise de Variância (ANOVA) para avaliar diferenças no índice de vulnerabilidade biológica entre as áreas. O teste de normalidade de Shapiro-Wilk (Shapiro & Wilk, 1965) e o teste de homogeneidade de variância de Levene (Sokal & Rohlf, 1985) foram realizados para observar se o conjunto de dados atendiam às premissas da ANOVA. Diante da ocorrência de não normalidade e heterocedasticidade, os dados foram transformados em log e reexaminados quanto à sua normalidade e homogeneidade. Os dados de IVB foram não-normais e homocedásticos, e de acordo com Zar (2010), o algoritmo da ANOVA é robusto o suficiente para aceitar a violação da normalidade se os dados forem homogêneos quanto a sua variância. O teste de Tukey-Kramer foi utilizado como post-hoc. Avaliação da Saúde dos Corais: Os dados de abundância total de corais, densidade por classe de tamanho e densidade por categorias de saúde entre as áreas de uso turístico, também foram 95 avaliados através de uma ANOVA, seguindo os mesmos procedimentos metodológicos descritos para o IVB. Megafauna de invertebrados: Para observar a similaridade das áreas em função da abundância dos grupos funcionais da megafauna de invertebrados foi realizada a análise de similaridade e a escalonamento multidimensional não-métrico (nMDS). Nesse último, utilizou-se o índice de Bray-Curtis para representar as semelhanças de uso turístico (áreas de alto uso, baixo uso e controle). Para indicar se o escalonamento foi satisfatório, os valores do coeficiente de estresse foram inspecionados, e considerou-se satisfatório o coeficiente de estresse < 0,1, (Warwick & Clarke, 1991). Em seguida, a análise de similaridade (ANOSIM, Anderson, 2001) unifatorial, com base na distância Bray- Curtis, foi realizada como teste de hipótese de dissimilaridade nos tratamentos de uso turístico. Ictiofauna: A variação da riqueza de espécies de peixes, abundância total de peixes, abundância por classe trófica, diversidade, equitabilidade e número de pools de recrutamento de peixes foram comparados entre as áreas através de análise de variância. Assim como para o IVB, os dados foram testados, separadamente, quanto a sua normalidade pelo teste de Shapiro-Wilk (Shapiro & Wilk, 1965) e pelo teste de homogeneidade de variância de Levene (Sokal & Rohlf, 1985). Diante da ocorrência de não normalidade e heterocedasticidade os dados foram transformados em log e reexaminados quanto a sua normalidade e homogeneidade. Em todas as variáveis mencionadas anteriormente, os dados foram não-normais e homocedásticos exceto para a variável abundância total de peixes e abundância por categoria trófica (não-normal e heterocedástico) onde foi aplicado o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis (Zar, 2010). O teste de Tukey-Kramer foi utilizado como post-hoc para as ANOVAs (Zar, 2010), enquanto o teste de Dunn modificado foi utilizado como post-hoc para Krukall- Wallis (Glantz, 2012). A riqueza de espécies foi expressa como o número de espécies (S), enquanto a diversidade e equitabilidade foram estimadas utilizando os índices de Shannon (H’) e Pielou (J’), usando o software Past versão 2.17 (Hammer et al., 2001). A comparação da composição da ictiofauna entre as áreas de alto uso, baixo uso e controle foi realizada também através de uma análise de similaridade e um NMDS, para a matriz de abundância total por espécie. Os procedimentos da NMDS seguiram o mesmo 96 procedimento metodológico que o descrito para os dados de megafauna de invertebrados. Para as análises de similaridade, os dados foram inspecionados quanto a presença de espécies de ocorrência raras, excluindo-se da matriz de abundância total, àquelas que apresentaram somente uma ocorrência ao longo do estudo. Após esta etapa, as matrizes foram inspecionadas através do cálculo do Coeficiente de Aglomeração (CA) e do Coeficiente de Correlação Cofenético (CPCC) para determinar a mais eficiente medida de dissimilaridade e função de ligação a serem utilizadas nas análises multivariadas seguintes. Ambos os coeficientes citados anteriormente variam entre 0 e 1 e, avaliam respectivamente, a qualidade e eficácia dos agrupamentos (Paiva et al., 2015). Um alto valor do Coeficiente de Correlação Cofenético significa menores distorções na matriz original de dissimilaridade e, um maior Coeficiente de Aglomeração além de maior qualidade, representa melhor ajuste dos agrupamentos (Singh et al., 2011). A variação da proporção de peixes entre as classes de tamanho em relação aos tratamentos de uso turístico foi analisada por uma análise de correspondência (AC). A AC é um método estatístico que demonstra visualmente as associações entre os níveis da tabela de contingência. As associações observadas das duas variáveis (classes de tamanho e tratamentos de uso turístico) são sumarizadas pela frequência de cada célula da tabela (Nenadic & Greenacre, 2007). Foram considerados os eixos significativos da AC, os que correspondiam a uma variação cumulativa maior do que 80%. Além disso, permutações (n= 999) foram realizadas para gerar um valor probabilístico de significância das associações observadas. Em adição, os pontos gráficos relacionados a classificação de tamanho dos peixes foram dispostos proporcionalmente a sua abundância da tabela de contingência. Para todas as variáveis, os grupos de tratamento (Alto Uso, Baixo Uso e Controle) as médias das réplicas foram comparadas. Como não houve diferenças significativas entre as mesmas, os dados foram agrupados e analisados como uma área única. As análises foram desenvolvidas no programa R (R Development Core Team 2012) e Past versão 2.17 (Hammer et al., 2001). No caso do R, utilizou-se os pacotes estatísticos 'stats' (Teste de Shapiro-Wilk, ANOVA, Kruskal-Wallis, PCA) (R Development Core Team, 2012), 'car' (Teste de Levene) (Fox & Weisberg, 2011), ‘PMCRM’ (teste post hoc de Dunn) (Pohlert 2014) 'vegan' (ANOSIM, NMDS) 97 (Oksanen et al., 2015), 'cluster' (CA, Agrupamento hierárquico) (Maechler et al., 2017). O nível de significância adotado foi de 5% (Zar 2010). RESULTADOS Parâmetros Físico-químicos: Não houve diferença significativa nos parâmetros físico-químicos analisados entre as áreas de Alto uso, Baixo uso e Controle (PERMANOVA, df = 2, F = 1,90, p = 0,10). Na PCA, os três primeiros componentes principais totalizaram 83,81%, sendo o primeiro componente 37,7%, o segundo 23,1% e o terceiro 22,9%. O biplot do componente 1 vs. 2 não apresentou uma tendência de agrupamento, de acordo com a informação classificatória de uso turístico, indicando que não houve variação ambiental dos parâmetros mensurados em função das zonas turísticas analisadas (Figura 3). Figura 3 –Diagramadas áreas de Alto uso – High, Baixo uso – Low e Controle – Control em relação aos parâmetros físico-químicos mensurados no recife de Maracajaú. ‘Depth’ – Profundidade, ‘Vis’ – Visibilidade, ‘Sal’ – Salinidade e ‘Temp’ – Temperatura. 98 Cobertura do substrato e índice de vulnerabilidade biológica (IVB): As áreas turísticas de Alto Uso (H) exibiram maiores porcentagens de areia e cascalho que as demais. Observou-se maior quantidade de algas folhosas nas áreas de Baixo Uso (L) e as demais categorias obtiveram maiores valores nas áreas Controle (Figura 4). Controle 50,34 8,36 18,76 14,12 6,29 Baixo uso 59,96 12,83 11,64 8,15 5,10 Alto uso 67,42 9,62 8,49 7,90 4,22 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% SAND SHE. ALG SOFT COR FIL. ALG HARD COR CAL. ALG GRA SPON ROC Figura 4 - Frequência relativa das categorias de substrato registradas nas áreas estudadas, no recife de Maracajaú. SAND – Areia, SHE. ALG – Alga folhosa, SOFT COR – Coral mole, FIL. ALG – Alga filamentosa, HARD COR – Coral duro, CAL. ALG – Alga calcária, GRA – Cascalho, SPON – Esponja, ROC – Rocha. Observou-se diferença entre as áreas de uso turístico de acordo com a cobertura de substrato (PERMANOVA, df = 2, F = 2,94, p < 0,01). Algas filamentosas (Wilk’s lambda = 0,89, F difference = 6,28) e corais moles (Wilk’s lambda = 0,79, F difference = 6,12) foram significativamente discriminatórios (p < 0,01) entre as áreas. A área Controle apresentou os maiores valores de cobertura de algas filamentosas (14,1%) e coral mole (18,7%) enquanto a área de Baixo uso turístico exibiu 8,1% e 11,6%, respectivamente, e por fim, área de Alto uso turístico (7,9% e 8,4%) (Figura 5). A categoria areia possui correlação moderada com a variável coral mole (-0,62, correlação de Spearman), no entanto considera-se areia uma variável de tendência na discriminação das áreas (Controle – 50,3%, Baixo – 60%, Alto – 67,4%, valores médios). 99 Figura 5 - Diagrama da cobertura de substrato em relação às áreas de uso turístico (Alto uso – High, Baixo uso – Low e Controle – Control) no recife de Maracajaú. Símbolos maiores representam o centróide da distribuição respectiva de cada grupo. *Variáveis em negrito de maior poder discriminatório de acordo com o procedimento stepwise da função discriminante. ‘SheAlg’ – Alga folhosa, ‘FilAlg’ – Alga Filamentosa, ‘HardCor’ – Coral duro, ‘SoftCor’ – Coral mole. Os valores de IVB registrados foram: 1,64 (0,164 ± s.d.) na área controle, 1,54 (0,153 ± s.d.) na área de baixo uso e 1,50 (0,128 ± s.d.) na área de alto uso. Houve diferença significativa das médias de IVB entre as áreas (df = 2, F=8,92, p<0,01). O teste a posteriori apontou que existe diferença entre as áreas controle e as demais, indicando que as áreas controle são mais vulneráveis aos impactos do MR. Não existe diferença entre as áreas de baixo uso e alto uso (Tabela 1). Tabela 1 - Teste de post-hoc de Tukey-Kramer para o índice de Vulnerabilidade Biológica de acordo com os níveis de tratamento, p-valor – valor de probabilidade de significância, diferença – diferença de média, I.C. – Intervalor de confiança. High – Alto uso, Low – Baixo uso, Control – Controle. Diferença I.C. 25% I.C. 75% p-valor ajustado High-Control -0.14325 -0.2254 -0.0611 0.000216 Low-Control -0.09435 -0.1765 -0.0122 0.020224 Low-High 0.048898 -0.03325 0.131046 0.335722 100 Avaliação da Saúde dos Corais: Foram registradas cinco espécies de corais nas áreas estudadas: Siderastrea stellata, Favia gravida, Porites astreiodes, Millepora alcicornis e Agaricia humilis, com um total de 5345 colônias contabilizadas. Houve predominância de S. stellata e baixa representatividade de M. alcicornis e A. humilis para todas as áreas (Figura 6). A única espécie que apresentou diferença significativa em sua densidade comparando as áreas estudadas foi F. gravida (df = 3, F = 3,63, p< 0,05), mais abundante na área Controle. 12,00 10,02 10,00 9,35 9,81 8,00 6,00 4,00 3,47 2,41 0,21 0,00 0,001,55 2,00 0,13 0,08 0,01 0,02 0,01 0,07 0,00 Siderastrea spp. Favia gravida Porites Millepora Agaricia humilis astreoides alcicornis Alto uso Baixo uso Controle Figura 6– Variação da densidade média do número de colônias de corais por espécie entre as áreas de Alto uso turístico, Baixo uso e Controle no recife de Maracajaú. Destaque para a variação da densidade de F. gravida. Não houve diferença significativa para a abundância total de corais, nem para a densidade de corais por classe de tamanho das colônias e por categorias de saúde entre as áreas (p > 0,05). Em todas as áreas observou-se uma relação entre a abundância de corais por classe de tamanho, com maior número de colônias pertencentes a classe de tamanho < 5cm (df = 3, F = 78,84, p < 0,01) e a categoria saudável foi a mais representativa (df = 3, F = 106,96, p < 0,01) (detalhes no apêndice I, tabelas A, B e C). Megafauna de Invertebrados: O Ouriço preto (Echinometra lucunter) foi o mais abundante invertebrado da megafauna nas áreas de Alto e Baixo uso turístico. Na área Controle registrou-se a maior ocorrência de gastrópodes (detalhes Apêndice II, tabela D). A abundância relativa de cada grupo funcional analisado por área é apresentada na tabela 2. 101 Densidade média de colônias/m2 Tabela 2 – Variação da abundância relativa da megafauna, por grupo funcional de invertebrados, entre as áreas de uso turístico e controle, no recife de Maracajaú. Grupo Abundância rel. % N funcional ALTO USO BAIXO USO CONTROLE Ouriço 360 53,1 55,7 31,9 Gastrópodes 195 20,8 20,8 40,1 Invertebrados 132 13,3 14,5 27,5 errantes Invertebrados 59 12,8 9 0,5 sésseis Houve uma forte sobreposição entre as áreas de Baixo e Alto uso enquanto a área Controle mostrou uma tendência de estruturação própria quando se observa a Figura 7 (NMDS utilizando o índice de Bray-Curtis - Stress ≤ 0,1, R2 = 0,99), no entanto, a tendência visual não é confirmada pela tendência estatística a qual indicou falta de estruturação entre as áreas (ANOSIM, p > 0,05). Figura 7 -Megafauna de invertebrados (Escalonamento não-métrico multidimensional) nas áreas de Alto uso – High, Baixo uso – Low e Controle – Control no recife de Maracajaú. 102 Em resumo, para comunidade bentônica observou-se áreas de Alto uso (H) com maior frequência relativa de areia e cascalho na cobertura do substrato e menores valores das categorias coral duro, coral mole e algas filamentosas. A densidade média de corais não variou entre as áreas, contudo, a espécie de coral Favia gravida apresentou menor densidade nas áreas turísticas. As áreas de Alto uso exibiram ainda maior abundância relativa de ouriços pretos e invertebrados sésseis. As áreas de Baixo uso apresentaram maior cobertura de algas folhosas. As áreas Controle se destacaram pela maior frequência relativa de cobertura de coral mole, algas filamentosas e coral duro, com maior abundância do coral F. gravida e de moluscos gastrópodes. Ictiofauna: Ao longo do estudo foram contabilizados 10.459 registros de peixes, classificados em 61 espécies, distribuídas em 30 famílias (detalhes no Apêndice III, Tabela E). Não houve diferença significativa para a riqueza de espécies e para o número de pools de recrutamento entre as áreas de Alto uso, Baixo e Controle. A abundância média de peixes, foi significativamente maior nas áreas de Alto uso, já a diversidade e equitabilidade foram superiores nas áreas controle (Tabela 3). Tabela 3 –Valores das variáveis ecológicas analisadas para ictiofauna nas áreas turísticas de Alto uso, Baixo uso e Controle (Média ± desvio padrão) no recife de Maracajaú. Em negrito as variáveis com diferenças significativas de medianas/média entre as áreas (Kruskal-Wallis e ANOVA). Qui2 ou F - Alto uso Baixo uso Controle P valor Riqueza (S) 48 46 44 - - Riqueza média 14,02 ± 3,37 13,94 ± 3,89 13,16 ± 3,19 F = 0,7684 0,46 Nº de spp. exclusivas da área 7 5 5 - - Abundância média 129,75 ± 81,96 89,25 ± 48,75 71,52 ± 22,26 Qui2 = 10,03 <0,01 Diversidade (H’) 1,68 ± 0,46 1,90 ± 0,37 1,93 ± 0,25 F = 5,103 < 0,01 Equitabilidade (J’) 0,647 ± 0,183 0,735 ±0,13 0,76 ± 0,06 F = 6,975 < 0,01 Nº pools de recrutamento médio por censo 1,33 ± 1,97 1,44 ± 2,03 2,02 ± 1,31 F = 19.175 0.15 As 10 espécies mais abundantes foram: Haemulon aurolineatum, Stegastes fuscus, Acanthurus chirurgus, Abudefduf saxatilis, Sparisoma frondosum, Sparisoma axillare, Sparisoma radians, Haemulon plumieri, Scarus trispinosus e Anisotremus 103 virginicus. Além dessas espécies, destacam-se os grupos Sparisoma jovens e hemulídeos jovens. Juntos esses espécimes representaram 91,5% de todos os registros de peixes (Apêndice III, tabela E). Ao comparar as abundâncias médias das espécies supracitadas entre as áreas Turísticas e Controle, observou-se modificações na estrutura da ictiocenose em função do uso turístico. As áreas de Alto uso e Baixo uso apresentaram dominância da espécie H. aurolineatum, contudo, na área de alto uso esse padrão foi ainda mais evidente. Na área controle, a espécie mais abundante foi S. fuscus, seguida de H. aurolineatum, e a distribuição da abundância das demais espécies foi mais homogênea do que nas demais áreas (Figura 8). Figura 8 – Abundância relativa (%) dos 10 táxons de peixes mais representativos nas áreas de Alto e Baixo uso turísticos e Controle, no recife de Maracajaú. As espécies em negrito, iniciadas com *, apresentaram diferença significativa quanto à abundância média por área (ANOVA, p<0,05). Na matriz da ictiofauna avaliada houve tendência de estruturação em relação às áreas estudadas, com regiões bem delimitadas, mas com zonas de sobreposição (gráficos de NMDS e índice de Bray-Curtis - Stress ≤ 0,1, R2 = 0,99) (Figura 9). Assim como para megafauna de invertebrados, a tendência visual não foi confirmada pela tendência estatística, a qual indicou ausência de estruturação entre as áreas (ANOSIM, p > 0,05). 104 Figura 9 –Ictiofauna nas áreas de Alto uso – High, Baixo uso – Low e Controle – Control, no recife de Maracajaú (Escalonamento não-métrico multidimensional - índice de Bray- Curtis). A média do número de indivíduos por categoria trófica diferiu entre as áreas. A área de Alto uso exibiu maiores abundâncias de invertívoros móveis (MIF), onívoros (OMN) e carnívoros (CAR). Já a área Controle apresentou maiores abundâncias de herbívoros pastadores (ROVH) e herbívoros territoriais (TERH), apesar de apenas a última categoria ter apresentado diferença estatística (Tabela 4). Tabela 4 – Variação da abundância média de peixes por categoria trófica entre as áreas de Alto e Baixo usos e Controle (Média ± desvio padrão), no recife de Maracajaú. Em negrito as categorias que apresentaram diferenças significativas de mediana entre as áreas (Kruskal-Wallis). MIF – Invertívoros móveis, ROVH – Herbívoros pastadores, TERH – Herbívoros territoriais, OMN – Onívoros, CAR – Carnívoros, PLA – Planctívoros, PIS – Piscívoros e SIF – Invertívoros Sésseis. Abundância Qui-Alto uso Baixo uso Controle P média quadrado MIF 77 ± 72,84 39,92 ± 48,44 19,11 ± 10,56 14,85 < 0,01 ROVH 22,3 ± 10,48 23,44 ± 10,02 25,77 ± 15,33 0,76 0,681 TERH 13,80 ± 9,25 16,80 ± 7,54 20,75 ± 8,55 10,77 < 0,01 OMN 9,33 ± 10,91 4,92 ± 5,6 1,86 ± 2,3 16,46 < 0,01 CAR 4,03 ± 5,30 1,30 ± 1,8 1,36 ± 1,31 13,39 < 0,01 PLA 2,5 ± 7,19 2,64 ± 9,04 2,61 ± 8,01 0,941 0,537 PIS 0,72 ± 3,33 0,08 ± 0,28 0,02 ± 0,16 1,089 0,115 SIF 0,06 ± 0,23 0,14 ± 0,42 0,02 ± 0,17 0,396 0,336 105 Quanto às abundâncias de peixes por classes de tamanho, em relação às áreas estudadas, foi observado um padrão de correspondência (qui-quadrado = 327,28, p < 0,01, permutações Monte Carlo = 999). Foram obtidas três associações: (1) área de Alto uso com Classe de tamanho 3 (11-20cm), (2) área Controle com as Classes de tamanho 2 (6-10cm), Classe 4 (21-30cm) e Classe 5 (31-40cm) e, (3) área de Baixo Uso com as Classes 1 (<5cm). A Classe 6 (>40cm) apresentou baixa associação com as três áreas, embora o maior registro de abundância tenha ocorrido na área de Baixo uso e este efeito pode ser observado no gráfico (Figura 10 e Apêndice IV, tabela F). Figura 10 –Análise de correspondência da relação entre as classes de tamanho de peixes e as áreas de Alto uso (High), Baixo uso (Low) e Controle (Control), no recife de Maracajaú. O tamanho dos pontos é proporcional às abundâncias registradas por área. As classes de tamanho estão representadas pelas siglas: C1 - <5cm, C2 – 6 – 10cm, C3 – 11 – 20cm, C4 – 21 – 30cm, C5 – 31 – 40cm e C6 - >40cm. De maneira geral a estrutura da ictiofauna variou entre as áreas de estudo. As áreas de Alto uso exibiram maior abundância, menor diversidade e dominância da espécie H.aurolineatum. Nessa área destacaram-se as maiores abundâncias dos grupos tróficos invertívoros móveis, onívoros e carnívoros, com predominância de peixes da 106 categoria de tamanho entre 11 – 20 cm. As áreas Controle apresentaram um padrão diferente com menor abundância total de peixes, maior diversidade e homogeneidade, com maior abundância de herbívoros, especialmente os territoriais, e destaque para as categorias de tamanho de 6 – 10 cm e de 21 – 30 cm. Nas áreas de Baixo uso observou- se valores intermediários e de maior semelhança com as áreas Controle. DISCUSSÃO Os resultados deste estudo apontam que a análise integrada de múltiplas variáveis da biota recifal identificou importantes alterações na estrutura da comunidade recifal em função do mergulho recreativo. Essa abordagem permitiu a observação de possíveis relações de causa e efeito que a avaliação de apenas um grupo biológico poderia não detectar (Gil et al., 2015; Refron & Chadwick, 2017; Bessa et al, 2017). A semelhança dos parâmetros físico-químicos mensurados comparando as áreas estudadas indica que tais variáveis não são responsáveis pelas diferenças dos parâmetros biológicos encontrados nas áreas. Estudos semelhantes conduzidos em outros recifes do mundo geralmente não avaliam se modificações da fauna podem estar associadas a outras causas que não o turismo (Hawkins et al., 1999; Tratalos & Austin, 2001; Rouphael & Inglis, 2002; Gil et al., 2015; Refron & Chadwick, 2017). Essa análise preliminar é importante, uma vez que padrões espaciais de distribuição das espécies podem variar em função do nível de exposição a ondas, fatores físico-químicos e complexidade estrutural do recife (Gratwicke & Speight, 2005). Silva (2015) realizou um estudo, o qual foi desdobramento do presente projeto, constatando a semelhança na complexidade da estrutura recifal, para as mesmas áreas estudadas. Quanto à ação das ondas, as áreas de estudo distribuem-se em zonas recifais abrigadas do recife, mais distantes das bordas recifais à barlavento, ou seja, não são submetidas diretamente à ação das ondas (Amaral et al., 2005). Tais investigações tem o papel fundamental de descartar possíveis variáveis influentes. As alterações observadas na composição de cobertura do substrato das áreas de Alto uso, como maior porcentagem de areia e cascalho, e menor cobertura de corais duro, corais mole e algas filamentosas, são associadas à ação do MR. As principais causas são o tráfego e ancoragem de embarcações (Creed & Amado-Filho, 1999; Giglio et al., 2017), o comportamento de mergulhadores que podem arrancar algas, quebrar corais e ressuspender sedimentos (Luna et al., 2009; Camp & Fraser, 2012; Giglio et al., 107 2016) e a exposição da comunidade bentônica a produtos químicos, como excesso de protetor solar utilizado pelos turistas (Downs et al., 2015). Além das causas relatadas acima, os resultados desta pesquisa apontam ainda efeitos indiretos pouco documentados. A abundância de ouriço nas áreas turísticas pode estar colaborando com a redução da cobertura de corais. A presença de ouriços é por vezes considerada benéfica para a saúde dos recifes, pois tais invertebrados podem atuar no controle de macroalgas as quais competem com os corais e, indiretamente, favorecem as populações de corais (Hughes, 1994). Contudo, altas abundâncias de ouriço podem ser prejudiciais aos recifes (Bak, 1994; Cabanillas-Terán et al., 2016), o poder bioerosivo desses animais pode contribuir com a redução da cobertura coralínea (Tavares, 2004). Dessa forma, o crescimento da população de ouriços deve ser examinado com cautela. Associação das áreas de baixo uso com maior porcentagem de cobertura de algas folhosas pode ser explicada de duas formas. A primeira considera um efeito bottom-up, em que o MR esteja promovendo o crescimento de algas folhosas devido à maior quantidade de nutrientes nas áreas turísticas (Smith et al., 2010), oriundos da alimentação suplementar ofertada aos peixes. Esta ação contribui com maior input de compostos orgânicos na água, as quais atraem e concentram muitos peixes, aumentando o volume fecal nas áreas das agregações (Mazzola et al, 1999; Bessa et al, 2017). Contudo, são necessários estudos mais detalhados a fim de comprovar se os nutrientes estão concentrados nas áreas turísticas ou se esses compostos são diluídos na massa d’água. Essa confirmação explicaria a baixa cobertura de algas folhosas nas áreas Controle. Adicionalmente, a segunda vertente explicativa considera que o MR possivelmente atue na redução das populações de algas folhosas, devido ao pisoteio intensivo, presença de estruturas de apoio e tráfego constante de embarcações, diminuindo a quantidade de algas do substrato (Giglio et al., 2016; Giglio et al, 2017). A maior porcentagem de algas folhosas nas áreas de Baixo uso em comparação às de Alto uso, pode ser explicada pela menor intensidade do MR nestas áreas somado à atividade de alimentação artificial. Nas áreas Controle, a abundância de algas filamentosas pode ser associada a características de um recife saudável. Essas algas, altamente produtivas, são um importante substrato de forrageio para herbívoros, onívoros e invertívoros (Longo et al., 2014), e dão suporte à uma grande parte da produção secundária nos recifes (Hatcher et 108 al, 1983; Carpenter, 1986; Moreira, 2012; Kramer et al., 2013). Giglio et al (2017) observaram que a matriz de algas epífitas, que é composta principalmente por algas filamentosas, foi um dos grupos biológicos mais afetado pelos danos de ancoragens. Apesar do presente estudo ter sido conduzido em uma área onde não ocorre ancoragem, pois há poitas instaladas, outros danos abrasivos (ex. como cordas e correntes que seguram os flutuantes e toques e pisoteio por mergulhadores) podem estar causando a redução desse tipo de algas nas áreas turísticas. Esperava-se encontrar maior cobertura de corais moles nas áreas impactadas, contudo, os presentes resultados exibiram um padrão contrário, com mais coral mole nas áreas Controle. Recifes submetidos a estresses antrópicos intensos podem exibir mudança de fase para um recife dominado por corais moles (zoantídeos) (Cruz et al., 2015; Cruz et al., 2016; Lima, 2016). No entanto, as áreas Controle estudadas, apesar de próximas às áreas turísticas (cerca de 100 metros de distância), não estão submetidas a nenhum impacto direto. Consideram-se duas hipóteses, que a maior cobertura de corais moles represente um efeito secundário e indireto dos impactos do MR nas áreas de entorno, ou este cenário represente um padrão normal de distribuição destes invertebrados para o recife em questão. Tais considerações necessitam de confirmação por meio de pesquisas específicas. O índice de vulnerabilidade biológica (IVB) é geralmente utilizado para caracterizar áreas recifais e indicar as menos vulneráveis para o uso turístico (Lloret et al., 2006). Nesse estudo observou-se que ele pode ser usado ainda como um indicador do impacto da atividade de mergulho recreativo. A redução do IVB é associada a menor representatividade de grupos funcionais que conferem mais peso ao índice, que no caso foram “coral duro” e “coral mole”, grupos com menor representatividade nas áreas de visitação, em virtude do impacto do MR. Sobre a comunidade coralínea, sabe-se que os corais exercem papel chave em ecossistemas recifais ao promover o aumento da complexidade estrutural e de refúgios para seres marinhos (Paulay, 1997). A redução na diversidade, abundância e saúde dos corais é um dos principais indicadores de impacto do MR em todo mundo (Hawkins et al 1992; Dixon et al., 1993; Hawkins et al., 1999; Tratalos & Austin, 2001; Rouphael & Inglis, 2002; Haster & Ott, 2008), entretanto, nossos resultados apontam que a riqueza e saúde dos corais não são afetados pelos impactos do MR no recife estudado. Essa questão pode ser explicada pelas características naturais dos recifes brasileiros, que possuem baixa cobertura coralínea, com predominância da espécie 109 Siderastrea stellata (Leão et al, 2003), que por ser resistente a estresses ambientais (Poggio, 2007), pode não apresentar variações em sua abundância ou estado de saúde quando expostas ao estresse provocado pelo MR (Torres, 2016). No entanto, discute-se a maior densidade de colônias de Favia gravida nas áreas Controle, em uma relação clara de redução com o aumento do nível de uso turístico do recife. Apesar dessa espécie também apresentar uma certa resistência ao estresse ambiental (Segal & Castro, 2000; Leão et al., 2003), no presente trabalho F. gravida aparece como um importante indicador do impacto do MR. Com relação a megafauna de invertebrados, apesar da análise estatística não ter detectado diferenças entre as áreas de alto uso, baixo uso e controle, nota-se que os ouriços são mais abundantes nas áreas turísticas e os gastrópodes nas áreas controle. Densidades elevadas de ouriços são relatadas em locais onde a pesca é intensa (Hay & Taylor, 1985; McClanahan et al, 1994; McClanahan et al., 1996; Costa, 2013). No presente estudo, a redução de peixes herbívoros nas áreas de Alto uso, provavelmente relacionada a sensibilização aos mergulhadores (Di Franco et al., 2013; Geffroy et al., 2015; Titus et al., 2015), pode ter influenciado o aumento da abundância de ouriços, a partir dos mesmos mecanismos de situações onde a ictiofauna é sobre-explorada. Além disso, a disponibilidade de alimento nas áreas turísticas, oriunda da alimentação suplementar, talvez alivie a pressão de predação dos peixes sobre os ouriços. Em ambos os casos, há o favorecimento da população deste equinodermo. Um estudo realizado em outro recife da costa do Brasil (Tamandaré), indica que a distribuição de ouriços da espécie E. lucunter é influenciada pelas interações ecológicas de predação e competição (Kilpp, 1997). Ouriços são predados principalmente por peixes da família Lutjanidae, Balistidae, Labridae e Diodontidae, além de lagostas (McClanahan & Muthiga, 2007) e um dos competidores potenciais deste equinodermo é Scarus trispinosus (Costa, 2013), o que reforça o argumento exposto. Nossos resultados indicam que o MR pode causar impactos na abundância e distribuição de E. lucunter semelhantes aos impactos causados pela pesca. A distribuição de gastrópodes, e de moluscos em geral, apresenta relação com variações ambientais e tipo de fundo (Augustin et al., 1999) e a abundância da malacofauna do recife de Maracajaú foi relacionada à presença de corais duros, algas folhosas e zoantídeos (Martinez et al, 2012). Assim, a maior ocorrência de gastrópodes nas áreas sem visitação podem refletir as diferenças encontradas na cobertura do substrato. Além disso, o pisoteio pode influenciar na distribuição dos invertebrados 110 bentônicos (Correia; Sovierzoski, 2008; Barboza, 2014), sendo um fator adicional à menor ocorrência de gastrópodes nas áreas turísticas. As diferenças observadas na ictiofauna, especialmente nas áreas de alto uso foram relacionadas, principalmente à alimentação suplementar ofertada aos peixes. Esta atividade humana, no recife estudado, consta basicamente de iscas de peixes pequenos, favorecendo a dominância da espécie Haemulon aurolineatum. A elevada abundância dessa espécie influenciou os resultados, isolando as áreas de alto uso na avaliação da abundância total, tamanho dos indivíduos por área e no exame das categorias tróficas. H. aurolineatum naturalmente forma cardumes que podem ser encontrados especialmente em recifes mais profundos (Pereira et al, 2011). No entanto, na área de estudo, o padrão de agregação, além da alimentação artificial, pode ter sido também influenciado pela presença das plataformas flutuantes, as quais servem de abrigo para os cardumes (Feitosa et al, 2002). Assim, a alimentação atuaria na atração dos peixes e a “proteção” dos flutuantes na manutenção dos cardumes mesmo na ausência de turistas. Outras duas espécies favorecidas pelo turismo no recife foram Abudefduf saxatilis e Ocyurus chrysurus, com ocorrência relacionada à alimentação suplementar. Outros recifes do nordeste do Brasil, onde os turistas ofertam pão e ração para peixes, a espécie dominante é A. saxatilis (Medeiros et al, 2007; Feitosa et al, 2012) e assim, destaca-se que o tipo de alimento ofertado aos peixes pode moldar um padrão de dominância (Ilarri et al, 2008). Uma série de problemas que a alimentação suplementar de peixes pode promover são: habituação e sensibilização das espécies, aumento do risco de predação, problemas de saúde nos peixes (úlceras, lesões), aumento da agressividade inter e intraespecífica, propagação de doenças e aumento da abundância de peixes (Bessa et al 2017). Dois destaques de espécies que possivelmente tiveram suas populações reduzidas nas áreas turísticas em virtude do MR foram Stegastes fuscus e o grupo de Sparisoma jovens. A seguir apresentam-se algumas possibilidades para o entendimento deste cenário: (1) Esses peixes podem estar perdendo a competição, por espaço, com peixes atraídos e favorecidos pela alimentação suplementar; (2) as agregações de peixes podem promover um aumento da pressão predação de recrutas desses peixes (como descrito para outras espécies, Millazo et al, 2006); e (3) as modificações na composição do substrato encontradas podem estar influenciando na distribuição destes pequenos peixes herbívoros (ex. maior ocorrência de algas filamentosas na área controle). Tais 111 fatores podem estar influenciando na menor ocorrência geral de herbívoros observada nas áreas turísticas, provocando efeitos secundários já descritos. Um outro aspecto importante foi o maior número de carnívoros nas áreas de alto uso. Vários estudos documentaram que a agregação de peixes causada pela alimentação suplementar atrai também peixes carnívoros (Perrine, 1989; Hawkins et al., 1999; Milazzo et al., 2005). No local de estudos os principais carnívoros observados foram Ocyurus chrysurus, Carangoides bartholomaei, Lutjanus synagris e Strongylura timucu, espécies que também possuem importância pesqueira (Carvalho-Filho, 1999). Embora a pesca seja proibida nas áreas turísticas, sabe-se que a captura de peixes e polvos é realizada no local, o que desdobra este resultado em uma outra discussão: a atração e habituação dessas espécies poderia facilitar sua captura por pescadores ilegais nessa área (Geffroy et al., 2015). De modo geral, nota-se que o MR associado à atividade de alimentação de peixes, ocasiona a dominância de uma espécie e, consequentemente, reduz a diversidade e equitabilidade. Apesar de todas as diferenças encontradas, as análises multivariadas, não identificaram tendências estatísticas significativas. Este resultado pode ter sido influenciado pela semelhança da riqueza de espécies das áreas estudadas, com espécies raras tanto nas áreas turísticas de alto e baixo uso, quanto nas áreas controle (Medeiros et al, 2007; Ilarri et al, 2008). Avaliando a série de impactos relatados no presente estudo, pode-se afirmar que as alterações provocadas pelo mergulho recreativo no recife são complexas e podem desencadear efeitos em cascata que se desdobram na modificação da estrutura da comunidade como um todo. No entanto, é importante mencionar que as modificações mais profundas se restringem a alguns metros no entorno do ponto de mergulho, uma vez que as áreas Controle utilizadas distam pouco mais de 100 metros das áreas turísticas e exibiram padrões diferentes das áreas impactadas, de acordo com as variáveis mensuradas. Indica-se a necessidade de direcionar maiores esforços em pesquisas para compreensão de como o impacto do MR se propaga espacialmente, assim como seus possíveis efeitos secundários que podem atingir todo corpo recifal. Além disso, é importante compreender um limite aceitável do valor do índice de vulnerabilidade biológica em áreas de uso turístico e entender quais ações específicas do MR estão influenciando na redução do coral F. gravida, para utilização das duas variáveis como indicadoras de impacto. 112 Considerando-se o crescimento do mergulho recreativo (Spalding et al., 2017), a crise ambiental que afeta os ambientes recifais de todo o planeta e a possibilidade de alterações drásticas nesses ecossistemas nas próximas décadas (Hughes, 2017), a análise integrada de variáveis biológicas para os impactos do MR é fundamental para observar tendências que possam ser refletidas em ações de manejo preventivo à um dano irreversível. Sugestões para o manejo do Mergulho Recreativo: O mergulho recreativo desordenado, intensivo e expansivo tem potencial de causar uma nítida modificação na estrutura da comunidade recifal que pode desencadear degradações irreversíveis ao ecossistema. Entretanto, quando realizado de forma planejada e com manejo adequado, seu impacto pode ser espacialmente limitado e reduzido, mantendo os benefícios socioeconômicos. Para que isso seja possível é essencial que algumas práticas sejam banidas e outras incentivadas. Deve-se desenvolver um projeto de educação ambiental (EA) eficaz e transformador (Pedrini, 2010; Pedrini et al., 2015), a fim de envolver turistas e, principalmente, os profissionais de mergulho, utilizando metodologias diversificadas que valorizem o conhecimento ecológico local das pessoas. Profissionais conscientes, na área profissional de mergulho, tem o poder de minimizar drasticamente todas as ações danosas oriundas da atividade turística. Podem intervir junto ao mergulhador e evitar que este cause danos por meio do pisoteio e toque no substrato (Camp & Fraser, 2012); podem ser cuidadosos no tráfego das embarcações; não jogar produtos químicos na água e ainda elaborar soluções para redução dos impactos (ex: definição de trilhas subaquáticas educativas), uma vez que estão diariamente acompanhando as operações de mergulho e a observando natureza. Para isso, são necessárias campanhas massivas de EA que gerem o sentimento de dependência e pertencimento ao recife. A alimentação de peixes recifais deve ser banida. Os benefícios socioeconômicos continuarão existindo provenientes da própria experiência de mergulho, que leva o visitante a interagir com o ambiente marinho como espectador. As alterações na estrutura da comunidade causadas pela prática de alimentação suplementar são notáveis e ainda não sabemos seus efeitos a longo prazo. Sugere-se que a atividade de MR seja espacialmente restrita e que o número de mergulhadores não ultrapasse a capacidade de suporte do ponto de mergulho, que deve ser calculada e respeitada. A abertura e ampliação de pontos de mergulho deve ser 113 avaliada com cautela, analisando a vulnerabilidade biológica de cada área e a possibilidade de instalação de trilhas subaquáticas. Além de ser um elemento diferencial para o turismo local, as trilhas são uma eficiente ferramenta em Educação Ambiental (Plathong et al., 2000; Berchez et al, 2005), podendo inclusive ser um eixo transformador que atue propagando informações cientificas relevantes da área, divulgando a conduta mais adequada que o turista deve ter no ambiente recifal e, consequentemente, modificando o comportamento impactante que este poderia apresentar (Pedrini et al, 2007). O monitoramento sistemático e periódico é essencial para análise espacial e temporal dos impactos do MR, e a definição de indicadores pode auxiliar gestores a otimizar esse trabalho. Os resultados do presente estudo sugerem as seguintes variáveis como indicadores do impacto do MR: 1) variação na cobertura de substrato, 2) índice de vulnerabilidade biológica, 3) densidade média do coral Favia gravida, 4) abundância de ouriços, 5) abundância de gastrópodes e 6) abundância das espécies de peixes invertívoros, herbívoros e carnívoros, que no caso do presente estudo foram: Haemulon aurolineatum, Abudefduf saxatilis, Stegastes fuscus, Sparisoma jovem e Ocyurus chrysurus. Um dos desafios na pesquisa sobre o impacto do MR é, portanto, compreender o nível de impacto turístico que uma área recifal pode sofrer sem perder sua funcionalidade. Estudos com multi-indicadores em ambientes recifais devem ser conduzidos de forma mais detalhada a fim de montar um conjunto de base de indicadores e se definir limites de uso para o MR. REFERÊNCIAS AMARAL, R. F., SILVA, A. P., FEITOZA, B. M., BATISTA, D. S., SORIANO, E. M., MARTIN, F. S., SILVA, I. B. et al. 2005. Diagnóstico Ambiental da Área de Uso Turístico Intensivo (AUTI) no Parracho de Maracajaú. Natal: UFRN/IDEMA. 128p. Relatório interno. ANDERSON, M.J. 2001. A new method for non-parametric multivariate analysis of variance. Austral Ecology, 26: 32–46. 114 AUGUSTIN, D, RICHARD, G., SALVAT, B. 1999. Long-term variation in mollusk assemblages on a coral reef, Moorea, French Polynesia. Coral Reefs, 18: 293-296. AZEVEDO, C.A.A. CARNEIRO, M. A.A.; OLIVEIRA, S. R.; MARINHO-SORIANO, E. 2011. Macrolgae as an indicator of the environmental health of the Pirangi reefs, Rio Grande do Norte, Brazil. Revista Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy. 21(2): 323-328. 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C1 - < 5cm, C2 – 6-10cm, C3 – 11-20cm, C4 - > 21cm. p- G.L SQ MQ F-valor valor 0.286 Tratamento 2 26.5 13.24 1.2536 5 Classe colônia 3 2499 832.99 78.8455 <0.01 Tratamento vs. Colônia 6 33.4 5.57 0.5268 0.788 Resíduos 420 4437.2 10.56 Testes post-hoc (Classes de col ônia) Diferença I.C. 25% I.C. 75% p-valor ajustado C2-C1 -2.77083 -3.91172 -1.62994 < 0.01 C3-C1 -5.31944 -6.46033 -4.17856 < 0.01 C4-C1 -6.15741 -7.2983 -5.01652 < 0.01 C3-C2 -2.54861 -3.6895 -1.40772 < 0.01 C4-C2 -3.38657 -4.52746 -2.24569 < 0.01 C4-C3 -0.83796 -1.97885 0.302926 0.23194 Tabela C - Análise de variância de dois fatores e teste de post-hoc de Tukey-Kramer para categorias de saúde dos corais de acordo com os níveis de tratamento e Site. G. L – graus de liberdade, SQ – Soma dos quadrados, MQ – Média dos quadrados, F-valor – Valor da estatística F, p-valor – valor de probabilidade de significância, diferença – diferença de média, I.C. – Intervalor de confiança. DEAD – Morto, BLEACH – Branqueada, HEAL – Saudável, SICK – Doente. G.L SQ MQ F-valor p-valor Tratamento 2 26.5 13.24 0.8462 0.42978 Classe colônia 3 4881.8 1627.26 103.9678 < 0.01 Tratamento vs. Classe de colônia 6 171.6 28.61 1.8278 0.09224 Resíduos 420 6573.7 15.65 Testes post-hoc (Categorias de saúde) Diferença I.C. 25% I.C. 75% p-valor ajustado DEAD-BLEAC -2.41435 -3.803 -1.02571 < 0.01 HEAL-BLEAC 6.275463 4.886817 7.664109 < 0.05 SICK-BLEAC -1.28472 -2.67337 0.103924 0.081266 HEAL-DEAD 8.689815 7.301169 10.07846 < 0.05 SICK-DEAD 1.12963 -0.25902 2.518275 0.155334 SICK-HEAL -7.56019 -8.94883 -6.17154 < 0.05 123 APÊNDICE II – Abundância relativa das espécies da megafauna de invertebrados. Tabela D – Relação de táxons da megafauna de invertebrados e sua respectiva abundância relativa (%) entre as áreas de alto uso turístico, baixo uso e controle. Destaca-se o filo animal do táxon, o nome comum e o grupo funcional que o táxon foi enquadrado (NA – não se aplica, IS – Invertebrado Séssil, IE – Invertebrado Errante, GAS – Gastrópodes e OUR – Ouriços). Não foi quantificada a abundância de seres coloniais, apenas sua presença (P – Presente, A – Ausente). PRESENÇA / AUSÊNCIA Filo Táxon / Espécie Nome comum Grupo funcional Abundância RELATIVA (%) Alto uso Baixo uso Controle Ircinia sp. Porifera Cliona varians Esponja IS 12,81 6,85 0,41 Amphimedon sp. Agaricia humilis Coral cérebro NA P P P Favia gravida Coral cérebro NA P P P Millepora alcicornis Coral de fogo NA P P P Palythoa caribaeorum Coral baba de boi NA P P P Cnidaria Porites astreiodes Coral cérebro NA P P P Protopalythoa variabilis Coral mole NA P P P Siderastrea stellata Coral cérebro NA P P P Zoanthus spp. Coral mole NA A P A Ordem Actiniaria Anêmona IS 0,00 0,34 0,00 Ctenophora Bolinopsis vitrea Água viva IE 1,65 1,71 19,67 Hermodice sp Poliqueta de fogo IE 7,44 3,42 4,92 Annelida Ordem Canalipalpata Poliqueta tubícola IS 1,70 4,10 1,20 Octopus insularis Polvo IE 0,41 0,34 1,23 Mollusca - Cephalopoda Ordem Teuthida Lula IE 0,00 2,05 0,41 124 Cont. Tabela 1: PRESENÇA / AUSÊNCIA Filo Táxon / Espécie Nome comum Grupo funcional Abundância RELATIVA (%) Alto uso Baixo uso Controle Mollusca – Gastropoda Aplysia dactilomela Lesma do mar IE 4,55 1,37 3,28 Cassis tuberosa Caracol GAS Macrocypraea zebra Caracol GAS Mollusca – Gastropoda Cerithium sp. Caracol GAS 16,50 18,00 30,80 Columbella sp. Caracol GAS Leucozonia sp. Caracol GAS Thais sp. Caracol GAS Panulirus argus Lagosta vermelha IE 0,00 0,68 0,00 Panulirus laevicauda Lagosta verde IE 0,00 1,03 0,82 Stomatopoda Tamarutaca IE 0,41 0,34 0,41 Arthropoda - Crustacea Paguroidea Paguro IE 0,00 0,68 0,82 Calappa ocellata Platypodiella spectabilis Caranguejo IE 1,65 0,34 2,05 Mithraculus sp. Echinodermata Echinometra lucunter Ouriço-preto OUR 52,9 56,85 34,02 Urochordata Ascidacea Ascídias IS 0,00 2,00 0,00 125 APÊNDICE III – Lista de espécies de peixes com suas respectivas abundâncias nas áreas com diferentes níveis de uso turístico. Tabela E – Relação de espécies de peixes e sua respectiva abundância relativa (%) entre as áreas de alto uso turístico, baixo uso e controle. Alto uso Baixo uso Controle Espécie Grupo trófico N Abun. Rel (%) N Abun. Rel (%) N Abun. Rel (%) Haemulon aurolineatum Cuvier, 1830 MIF 2568 54,98 1175 36,57 518 20,12 Stegastes fuscus (Cuvier, 1830) TERH 485 10,38 592 18,43 738 28,66 Abudefduf saxatilis (Linnaeus, 1758) OMN 287 6,14 162 5,04 66 2,56 Sparisoma jovem ROVH 197 4,22 295 9,18 311 12,08 Acanthurus chirurgus (Bloch, 1787) ROVH 180 3,85 137 4,26 211 8,19 Sparisoma axillare (Steindachner, 1878) ROVH 140 3,00 116 3,61 121 4,70 Sparisoma frondosum (Agassiz, 1831) ROVH 130 2,78 139 4,33 162 6,29 Ocyurus chrysurus (Bloch, 1791) CAR 92 1,97 11 0,34 7 0,27 Haemulidae jovem PLA 90 1,93 95 2,96 93 3,61 Sparisoma radians (Valenciennes, 1840) ROVH 87 1,86 69 2,15 26 1,01 Haemulon plumieri (Lacepède, 1801) MIF 70 1,50 49 1,53 24 0,93 Hemiramphus spp. OMN 48 1,03 14 0,44 0 0,00 Anisotremus virginicus (Linnaeus, 1758) MIF 28 0,60 49 1,53 43 1,67 Acanthurus coeruleus Bloch & Schneider, 1801 ROVH 26 0,56 28 0,87 13 0,50 Opisthonema oglinum (Lesueur, 1818) PIS 20 0,43 0 0,00 0 0,00 Scarus trispinosus Valenciennes, 1840 ROVH 19 0,41 41 1,28 63 2,45 Pseudupeneus maculatus (Bloch, 1793) MIF 18 0,39 7 0,22 4 0,16 Cephalopholis fulva (Linnaeus, 1758) CAR 18 0,39 10 0,31 12 0,47 Haemulon parra (Desmarest, 1823) MIF 17 0,36 30 0,93 25 0,97 Myripristis jacobus Cuvier, 1829 MIF 14 0,30 6 0,19 12 0,47 Holocentrus adscensionis (Osbeck, 1765) MIF 12 0,26 14 0,44 15 0,58 126 Continuação tabela E: Espécie Grupo trófico Alto uso Baixo uso Controle Acanthurus bahianus Castelnau, 1855 ROVH 11 0,24 10 0,31 7 0,27 Eucinostomus lefroyi (Goode, 1874) MIF 11 0,24 4 0,12 7 0,27 Carangoides bartholomaei (Cuvier, 1833) CAR 9 0,19 11 0,34 4 0,16 Epinephelus adscensionis (Osbeck, 1765) CAR 8 0,17 7 0,22 16 0,62 Anisotremus surinamensis (Bloch, 1791) MIF 8 0,17 9 0,28 10 0,39 Scarus zelindae Moura, Figueiredo & Sazima, 2001 ROVH 7 0,15 3 0,09 6 0,23 Ophioblennius trinitatis Miranda Ribeiro, 1919 TERH 7 0,15 13 0,40 5 0,19 Eucinostomus melanopterus (Bleeker, 1863) MIF 7 0,15 8 0,25 3 0,12 Chaetodon striatus Linnaeus, 1758 CAR 7 0,15 3 0,09 5 0,19 Sparisoma amplum (Ranzani, 1842) ROVH 6 0,13 6 0,19 8 0,31 Pareques acuminatus (Bloch & Schneider, 1801) MIF 6 0,13 5 0,16 0 0,00 Bothus ocellatus (Agassiz, 1831) PIS 5 0,11 0 0,00 0 0,00 Serranus flaviventris (Cuvier, 1829) MIF 5 0,11 2 0,06 5 0,19 Lutjanus synagris (Linnaeus, 1758) CAR 4 0,09 1 0,03 1 0,04 Stegastes variabilis (Castelnau, 1855) TERH 3 0,06 0 0,00 4 0,16 Coryphopterus glaucofraenum Gill, 1863 MIF 3 0,06 6 0,19 11 0,43 Alphestes afer (Bloch, 1793) MIF 3 0,06 2 0,06 1 0,04 Gymnothorax vicinus (Castelnau, 1855) CAR 2 0,04 2 0,06 0 0,00 Archosargus rhomboidalis (Linnaeus, 1758) SIF 2 0,04 4 0,12 1 0,04 Microspathodon chrysurus (Cuvier, 1830) TERH 2 0,04 0 0,00 0 0,00 Paralichthys sp. CAR 1 0,02 0 0,00 0 0,00 Muraena pavonina Richardson, 1845 MIF 1 0,02 2 0,06 0 0,00 Sphyraena picudilla Poey, 1860 PIS 1 0,02 2 0,06 0 0,00 127 Continuação tabela E: Espécie Grupo trófico Alto uso Baixo uso Controle Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758) OMN 1 0,02 0 0,00 0 0,00 Scorpaena plumieri Bloch, 1789 CAR 1 0,02 0 0,00 0 0,00 Odontoscion dentex (Cuvier, 1830) MIF 1 0,02 64 1,99 1 0,04 Strongylura timucu (Walbaum, 1792) CAR 1 0,02 0 0,00 0 0,00 Ctenogobius saepepallens (Gilbert & Randall, 1968) MIF 1 0,02 0 0,00 1 0,04 Gymnothorax miliaris (Kaup, 1859) CAR 1 0,02 0 0,00 2 0,08 Labrisomus nuchipinnis (Quoy & Gaimard, 1824) MIF 0 0,00 1 0,03 0 0,00 Halichoeres brasiliensis (Bloch, 1791) MIF 0 0,00 1 0,03 3 0,12 Chaetodon ocellatus Bloch, 1787 SIF 0 0,00 1 0,03 0 0,00 Diodon holocanthus Linnaeus, 1758 MIF 0 0,00 2 0,06 0 0,00 Mulloidichthys martinicus (Cuvier, 1829) MIF 0 0,00 0 0,00 2 0,08 Myrichthys ocellatus (Lesueur, 1825) MIF 0 0,00 1 0,03 3 0,12 Pomacanthus paru (Bloch, 1787) OMN 0 0,00 1 0,03 1 0,04 Halichoeres poeyi (Steindachner, 1867) MIF 0 0,00 2 0,06 0 0,00 Mycteroperca bonaci (Poey, 1860) PIS 0 0,00 1 0,03 0 0,00 Sinodus spp. PIS 0 0,00 0 0,00 1 0,04 Gymnothorax moringa (Curvier, 1829) CAR 0 0,00 0 0,00 1 0,04 Lutjanus alexandrei Moura & Lindeman, 2007 CAR 0 0,00 0 0,00 1 0,04 Gramma brasiliensis Sazima, Gasparini & Moura, 1998 PLA 0 0,00 0 0,00 1 0,04 128 APÊNDICE IV – Abundância relativa por classe de tamanho da ictiofauna Tabela F – Variação da abundância média por classe de tamanho dos peixes entre as áreas turísticas de Alto uso, Baixo uso e Controle. Alto uso Baixo uso Controle Abundância média < 5cm 29,16 ± 31,53 26,97 ± 24,58 18,41 ± 13,02 6 - 10 cm 44,38 ± 31,73 30,28 ± 8,89 31,16 ± 7,9 11 - 20 cm 50,19 ± 42 26,61 ± 31,62 16,55 ± 9,43 21 - 30 cm 4,44 ± 3,81 3,44 ± 3,22 3,41 ± 3,79 31 - 40 cm 1,08 ± 1,76 1,11 ± 2,3 1,5 ± 3,81 > 40 cm 0,47 ± 1,12 0,83 ± 2,02 0,47 ± 0,88 129 Os impactos do mergulho recreativo como tema de um projeto de Educação Ambiental 130 OS IMPACTOS DO MERGULHO RECREATIVO EM AMBIENTES RECIFAIS COMO TEMA DE UM PROJETO DE EDUCAÇÂO AMBIENTAL The impacts of recreational divers in reefs as a theme in an environmental education project 1 INTRODUÇÃO Na tentativa de auxiliar a resolução das problemáticas socioambientais que o planeta enfrenta, a Educação Ambiental (EA) se mostra uma ferramenta eficaz (Dias, 2010). A EA almeja despertar sujeitos ecológicos críticos e ativos, que compreendam a dimensão global da crise ambiental e que busquem soluções simples e criativas para problemas locais. A base metodológica da EA é a interdisciplinaridade, buscando retirar o véu que separa seres humanos do meio ambiente e indicar que o caminho para solução da crise está centrado na relação humano-cultura-ambiente (Pedrini, 2007; Carvalho, 2012). Dentre as diferentes formas de se trabalhar a EA, as diretrizes curriculares nacionais afirmam que ela deve ser tratada em todas as modalidades de ensino formal, de maneira interdisciplinar e transversal (Brasil, 2002). Uma das alternativas para o desenvolvimento de metodologias que atendam a essas diretrizes no contexto escolar é a aprendizagem através de projetos (Brasil, 1998). Esta é uma proposta alinhada com o atual processo de ensino- aprendizagem, que sugere novas estratégias adequadas a um currículo integrado, e que busca valorizar o contexto de várias disciplinas (Capra, 2003; Narcizo, 2009). Apesar de serem considerados como potenciais solucionadores dos problemas socioambientais, na prática, diversos projetos de EA parecem “reinventar a roda”, em que os mesmos são elaborados, executados e finalizados, sem necessariamente passarem por uma avaliação de seus resultados. Podem-se destacar como principais dificuldades dos projetos de EA: (1) descontinuidade dos projetos; (2) desqualificação e desmotivação dos educadores (Dias, 2010); (3) frequente confusão do ensino de biologia/ecologia com EA e (4) limitação dos conteúdos nos recorrentes conceitos de poluição, desmatamento, camada de ozônio e reciclagem (Tanner, 1978; Pedrini, 2010; Pedrini et al., 2011). Os últimos problemas apontados foram amplamente difundidos no início do movimento de EA institucional no Brasil, reforçando a visão naturalista do meio ambiente e deixando de lado as relações existentes entre humanos/natureza e a possibilidade de resolução da crise socioambiental (Carvalho, 2012; Dias, 2010; Reigota, 1994). A eficácia dos projetos de EA pode ser analisada de acordo com as mudanças comportamentais que provoca nas pessoas. Indica-se, portanto, afastar-se da “ingenuidade ambiental” e partir para uma educação questionadora, que estimule o aluno a pensar, refletir e ousar (Demo, 2003; Gadotti, 2005; Pedrini, 2006; Padua, 2001). Abordagens que tratam de medir a eficácia de projetos em EA vêm sendo testadas no Brasil desde o início da década de 1990 (Padua, 1991), e os resultados destes estudos mostram que a presença de áreas naturais dos ambientes informais é uma grande oportunidade de aprendizado. Além disso, a forma de trabalhar a EA não deve ser unicamente de um ambiente, sendo a combinação correta de EA formal e informal o segredo para se alcançar os resultados (Padua, 1997). Considerando as dificuldades e os problemas supracitados na elaboração e execução de projetos de Educação Ambiental, o presente estudo utilizou uma temática socioambiental regional para trabalhar em uma pequena comunidade litorânea do nordeste brasileiro. Os impactos que o mergulho recreativo gera nas zonas recifais foi o tema explorado, questionando o uso de recursos naturais e sua relação com a comunidade como principal fonte de renda. Partindo desse contexto, o projeto de EA teve uma abordagem metodológica diversificada, utilizando saberes locais dos participantes e seus familiares, vídeos, aulas expositivas, mapa conceitual, pesquisa como instrumento de ensino e vivência em ambientes recifais. Por fim, foi averiguada a eficácia do projeto com o uso de pré-testes e pós-testes.Este estudo de caso teve como meta gerar conhecimento científico sistematizado sobre metodologias eficazes em EA, contribuindo para que as transformações socioambientais 131 ocorram efetivamente no nosso meio, formando sujeitos ecológicos capazes de operar tais transformações (Carvalho, 2012). 2 MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Área de Estudo O desenvolvimento deste projeto de EA ocorreu na Escola Municipal Professor Esmerino Gomes localizada no distrito de Caraúbas, município de Maxaranguape – Rio Grande do Norte (RN), Brasil. O município de Maxaranguape está localizado no litoral oriental do Rio Grande do Norte a 54 quilômetros de distância da capital Natal (Figura 1). Em 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população estimada município foi de 10.441 habitantes, sendo 3.889 habitantes da zona urbana e 6.552 habitantes na zona rural, com uma área territorial de 131,7 km2 (Silva, 2009). Figura 1 - Localização do município de Maxaranguape e faixada da escola alvo do estudo (Fonte: Jodson Almeida/UEAP) A escola foi selecionada por se localizar nos limites de influência da Área de Proteção Ambiental Estadual Marinha dos Recifes de Corais (APARC) e por grande parte dos familiares dos alunos atuarem direta ou indiretamente com atividades econômicas nos recifes da APARC, seja como pescadores ou como profissionais do turismo (IDEMA, 2012). Além disso, esta é a única escola da comunidade de Caraúbas e atende aproximadamente 240 alunos dos anos iniciais e finais do ensino fundamental (Figura 2). No turno matutino ocorrem as aulas do 1º ao 5º ano e no turno vespertino do 6º ao 9º ano. A infraestrutura da escola é precária, possuindo cinco salas de aula, uma cozinha e dois banheiros. Existe ainda uma única sala que é utilizada como sala dos professores, diretoria, secretaria e depósito de materiais. 132 Figura 2 - Turma-alvo das ações do projeto (Foto: Tássia Almeida). Figura 3 - Escola Municipal Prof. Esmerino Gomes (Foto: Tássia Almeida) 2.2 Coleta de dados A pesquisa realizada foi quali-quantitativa a fim de obter uma compreensão e explicação mais ampla do tema estudado (Minayo, 1993). Optou-se por utilizar o estudo de caso em virtude da possibilidade de compreensão de um fenômeno que pode ser amplo, em um contexto específico (Yin, 2010). Esse estudo de caso foi realizado no período de junho de 2014 a abril de 2016, através da realização e avaliação de um projeto de Educação Ambiental. O tema do projeto foi “os impactos do mergulho recreativo”. Esse tema permitiu a discussão de como os alunos e seus familiares se relacionam com o recife, bem como exigiu o exercício do pensamento crítico sobre o custo-benefício da atividade turística na área. 133 Os objetivos do projeto foram: 1) problematizar as formas de uso atuais do ambiente recifal, 2) promover um aumento do conhecimento dos alunos sobre esse ecossistema e 3) modificar a visão de como se relacionar com o mesmo, seguindo as diretrizes da campanha de "Conduta consciente em ambientes recifais" lançada pelo do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2011). A expectativa ao final do projeto era de despertar o interesse dos alunos para áreas de ciências do mar, através da valorização da região onde eles vivem, valorização do conhecimento dos próprios alunos e familiares e apresentar profissões ligadas com a formação acadêmica em ciências do mar. A logística do projeto permitiu sua execução envolvendo no máximo 40 alunos, com 8 encontros. No primeiro encontro foi realizada a apresentação do projeto para a equipe pedagógica da escola e decidido foco de trabalho com o 7º ano, considerando o currículo dessa série como o mais adequado às questões que foram tratadas no projeto (seres vivos, pesquisa científica, história regional). Também se optou por esta turma por ser a maior da escola, com 35 alunos. Os encontros e metodologia executada são descritos a seguir:  Encontro 1: apresentação do projeto à equipe pedagógica da escola. Foram apresentados os motivos pelos quais a escola foi escolhida e a necessidade de discutir com os alunos as formas de uso do recife e sua importância ecológica, econômica e cultural.  Encontro 2: apresentação do projeto aos alunos e familiarização com o ambiente recifal. Antes do início do projeto foram realizadas entrevistas (pré-teste) com o intuito de avaliar previamente os conhecimentos e atitude dos alunos sobre os recifes. Após esse momento, ocorreu a apresentação da equipe do projeto e aula expositiva, com uso de Datashow, sobre os ambientes recifais, a importância dos recifes da APARC e seus diversos usos.  Encontro 3: foi realizada uma conversa informal entre os alunos-alvo do projeto e seus familiares, a fim de adquirir mais conhecimento sobre os recifes da APARC. Essa conversa foi sistematizada e as informações obtidas inseridas no encontro seguinte.  Encontro 4: foi construído um mapa conceitual reunindo as informações adquiridas com os familiares e adicionando o conhecimento científico, para compreender a história e a biodiversidade do recife.  Encontro 5: abordou-se o papel do biólogo marinho e a função de uma pesquisa científica. Foi apresentado um curta metragem sobre a vida de um cientista e discutiu- se como essa profissão pode se enquadrar com os interesses profissionais dos alunos.  Encontro 6: neste encontro ocorreu a vivência ao recife de Maracajaú, a principal área de visitação turística da APARC. Os alunos realizaram práticas científicas, aplicaram questionários com turistas e contabilizaram colônias de corais, a fim de compreender como se estima os impactos causados pela atividade turística.  Encontro 7: construção de um painel fotográfico e fechamento do projeto, após esse momento aplicou-se o segundo teste (pós-teste1), consistindo das mesmas questões abordadas no pré-teste.  Encontro 8: em 2016 houve o reencontro com os alunos, depois de 18 meses aplicou- se o segundo pós-teste (pós-teste2) com as mesmas questões anteriores e realizada uma entrevista sobre a percepção do projeto. 134 2.3 Testando a eficácia do projeto Para se testar a eficácia do projeto foi utilizada a metodologia de planejamento/processo/produto, adaptado de Jacobson (1991). Foram utilizados recursos audiovisuais simples (data show, computador, mapas conceituais, fotografias) e a vivência na APA dos Recifes de Corais. Como produto de avaliação foi realizada uma entrevista sobre o tema desenvolvido. Esta entrevista foi aplicada três vezes: antes da execução do projeto de EA (pré-teste), outra logo após a realização do projeto (pós-teste 1) e, novamente, um ano e meio após a sua conclusão (pós-teste 2). Apesar de não ser um teste absoluto do grau de modificação que os alunos sofreram, a comparação entre médias das notas das entrevistas pré/pós-projeto permitiu obter uma percepção fiel do quanto os alunos assimilaram os temas que foram trabalhados. A avaliação prévia dos conhecimentos e atitudes dos alunos sobre o tema ambientes recifais e impacto do mergulho recifal (pré-teste) foi realizada no segundo encontro na escola, com perguntas realizadas individualmente para os alunos da turma selecionada. A entrevista foi interativa, com uso de recursos digital, realizado em computadores levados pela equipe do projeto. As questões aplicadas eram abertas e fechadas, com 10 questões que envolviam conhecimentos prévios sobre o recife e 10 questões sobre postura e comportamento no ambiente marinho. Para cada questão respondida corretamente, o aluno recebeu um ponto, com a nota final podendo chegar a 20 pontos (Apêndice A). As questões sobre a postura no ambiente marinho foram extraídas da campanha do MMA "Conduta consciente em ambientes recifais", que indica dez maneiras de nos comportarmos no ambiente recifal. As ilustrações da cartilha da campanha (MMA, 2011) foram utilizadas na entrevista, onde as mesmas eram exibidas e se questionava se aquele comportamento da imagem era correto ou errado. No pós-teste 1 foi realizada a mesma entrevista do pré-teste. O pós-teste 2 foi realizado em abril de 2016 e também consistiu na aplicação da mesma entrevista. Além disso, no encontro de 2016 foi realizado um pequeno levantamento da percepção do projeto, para se compreender aspectos qualitativos da importância que o projeto exerceu nas vidas dos alunos. Visando diminuir a possibilidade de não encontrar os alunos que foram entrevistados em 2014, foi criada uma lista com informações sobre suas famílias e outros contatos, como redes sociais, telefones e endereços de familiares. Esta lista foi utilizada para localizar alunos entrevistados em 2014 e que não estivessem mais na escola e realizar a entrevista. Os dados das entrevistas foram tabulados e resumidos em tabelas e gráficos utilizando o programa Excel 2007 (Software, Inc. 2007), os valores apresentados consistem na pontuação média da turma por questão. As médias da pontuação da turma nos momentos: pré-teste, pós-teste 1 e pós-teste 2 foram submetidas ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Uma vez constatada a normalidade dos dados foi realizada uma comparação das médias através de uma análise de variância (ANOVA). Todos os testes estatísticos foram realizados no programa Past versão 2.17 (Hammer et al., 2001). 3 RESULTADOS 3.1 Perfil dos participantes: Dos 35 alunos participantes da pesquisa, a proporção de gênero foi semelhante, com idade média dos participantes de 13 anos (em 2014), a maioria nasceu em Natal (80%) e aproximadamente 77% dos alunos residem de 9 a 15 anos na localidade (Tabela 1). 135 Tabela 1- Perfil dos participantes do projeto de Educação Ambiental N TOTAL =35 CATEGORIAS N % MASCULINO 17 49 SEXO FEMININO 18 51 12 ANOS 11 31,4 13 ANOS 16 45,7 IDADE 14 ANOS 3 8,6 15 ANOS 5 14,3 NATAL 28 80 MAXARANGUAPE 3 8,6 NATURALIDADE OUTROS MUNÍCIPIOS 3 8,6 OUTRO ESTADO 1 2,9 TEMPO DE 10 - 15 ANOS 27 77,1 RESIDÊNCIA EM 5 - 9 ANOS 1 2,8 CARAÚBAS 1 - 4 ANOS 7 20 3.2 A eficácia do projeto de EA: O conhecimento dos alunos sobre o tema discutido aumentou após a realização do projeto. As questões mais acertadas foram referentes à visita ao recife, o conceito de APA, o entendimento de que o recife de Maracajaú faz parte de uma APA e a função de um biólogo. Não houve redução na pontuação média entre as questões após a execução do projeto (Tabela 2). Tabela 2-Variação da pontuação média por questão de conhecimento sobre ambientes recifais entre o pré-teste, pós-teste 1 (2014) e pós-teste 2 (2016) e desvio padrão. Média pós- Média pós- Média pré-teste QUESTÃO teste 2014 teste 2016 ± DP ± DP ± DP 1. O que é isso? (Foto do recife de Maracajaú) 0,8 ± 0,38 1 ± 0,00 1 ± 0,00 2. Você já visitou esse lugar? 0,3 ± 0,48 0,7 ± 0,46 0,71 ± 0,45 3. Escolha cinco animais que moram nos recifes (Fotos de vários animais, que pertenciam ou 0,8 ± 0,16 0,98 ± 0,05 0,95 ± 0,09 não ao ambiente marinho) 4. Você acha que o recife é 0,8 ± 0,20 0,91 ± 0,18 0,92 ± 0,18 importante? Por quê? 5. O que é uma Área de Proteção Ambiental? 0,4 ± 0,50 0,7 ± 0,46 0,75 ± 0,43 6. O recife de Maracajaú faz parte 0,3 ± 0,49 1 ± 0,00 1 ± 0,00 de uma APA? 7. O que um biólogo faz? 0 ,4 ± 0,50 0,7 9 ± 0,46 0,8 1 ± 0,39 8 . O que é uma pesquisa? 0 ,9 ± 0,28 0,7 ± 0,46 0,9 ± 0,29 9. Para que serve uma pesquisa? 0,8 ± 0,36 0,8 ± 0,4 0,9 ± 0,29 10. Diga o nome desses animais? (Fotos dos animais marinhos) 0,7 ± 0,19 0,81 ± 0,14 0,77 ± 0,17 136 A segunda etapa da entrevista, que se baseou na campanha de conduta consciente nos ambientes recifais, versou sobre o entendimento de atitudes certas ou erradas que poderiam ocorrer em ambientes recifais, utilizando como exemplo os recifes de Maracajaú. Aqui, o principal aumento se deu na visão benefício/malefício que a atitude de alimentar os animais poderia causar. Essa questão apresentou o maior aumento de médias (Tabela 3). Tabela 3-Variação da pontuação média por questão de postura e comportamento em ambientes recifais entre o pré-teste, pós-teste 1 (2014) e pós-teste 2 (2016) e desvio padrão. Os alunos deveriam responder se a atitude da ilustração era correta ou errada. Questões baseadas na campanha “Conduta consciente nos ambientes recifais”. Média pré- Média pós- Média pós- QUESTÃO (Ilustrações com teste teste 2014 teste 2016 exemplos da ação) ± DP ± DP ± DP 11. Tocar nos animais? 0,8 ± 0,32 0,93 ± 0,25 0,96 ±0,17 12. Juntar o lixo? 1 ± 0,00 1 ± 0,00 1 ± 0,00 13. Alimentar os animais? 0,3 ± 0,49 0,8 6 ± 0,34 0,8 4 ± 0,36 14. Pisar no recife? 0,8 ± 0,38 1 ± 0,00 0,96 ± 0,17 15. Levar conchas e animais para 0,9 ± 0,24 1 ± 0,00 0,9 ± 0,29 casa? 16. Nadar muito rápido? 0,9 ± 0,28 0,9 6 ± 0,18 1 ± 0,00 17. Prestar atenção nas palavras 1 ± 0,00 1 ± 0,00 1 ± 0,00 dos profissionais? 18. Levantar areia ao nadar? 0,9 ± 0,17 1 ± 0,00 0,96 ± 0,17 19. Levar do recife apenas fotos 1 ± 0,00 1 ± 0,00 0,93 ±0,24 20. Procurar saber as regras da 1 ± 0,00 1 ± 0,00 1 ± 0,00 área que você está visitando? Uma vez somados os valores, a pontuação média total da turma cresceu significativamente entre os eventos analisados (ANOVA p<0,01; F=20,8), com a média se elevando de 15,53 pontos no pré-teste, para 18,17 no pós-teste1 (logo após o projeto) e 18,34 no pós-teste 2, um ano e meio após a conclusão do projeto de EA. Não houve diferença significativa entre os pós-testes de 2014 e 2016 (Figura 4). Figura 4 - Pontuação média total da turma antes da realização do projeto, logo após a execução do projeto de EA e um ano e meio depois. 137 A percepção dos alunos sobre a eficácia do projeto foi positiva. Em 2016, durante a aplicação do segundo pós-teste, 93% dos alunos recordaram imediatamente do projeto de EA que foi desenvolvido na escola. Para a maioria deles, a etapa mais importante do projeto foi a visita ao recife (50%). Quase 80% deles mencionaram que o projeto foi importante para sua vida, citando aquisição de conhecimento (53%) e a modificação de suas atitudes (34%) como os principais aspectos de sua vida que foram alterados devido o contato com o projeto. Para 84% dos alunos o objetivo do projeto foi alcançado, e 60% considerou que projetos de EA desenvolvidos na escola, incluindo o presente, foram os que mais marcaram suas vidas até o momento. 4 DISCUSSÃO Utilizar “os impactos do mergulho recreativo” como tema de projeto de educação ambiental (EA) despertou o interesse dos alunos em conhecer e vivenciar na prática as ciências do mar. O tema permitiu a discussão de como uma questão socioeconômica positiva, que gera emprego e renda com a atividade turística, pode ser também negativa e comprometer o futuro dos próprios alunos. Para a comunidade em questão, o turismo ao recife é uma atividade tão cotidiana que a reflexão sobre seus impactos ambientais e consequências na vida dos alunos é, muitas vezes negligenciada. Desenvolver a habilidade da observação, identificação de um problema e como resolver o mesmo é um desafio na formação de cidadãos críticos, ativos e com capacidade transformadora (Demo, 2003; Pedrini et al., 2015), e este início de processo foi observado com o projeto. O perfil dos participantes do projeto de EA foi de adolescentes de baixa renda, em sua maioria não repetentes do 7º ano e residentes por toda sua vida na localidade de Caraúbas. Apesar de na entrevista não se tratado a renda mensal familiar sabe-se que todos os alunos em questão são de famílias com baixa renda pois os poucos moradores com renda mais elevada levam seus filhos para estudarem na capital em escolas particulares. Os estudantes que participaram do projeto de EA pertenciam, na sua maioria, a classe média baixa e alguns no grupo de extrema pobreza (Kamakura e Mazzon, 2013), como o caso de quatro alunos residentes em um assentamento rural próximo ao distrito (observação pessoal). De maneira geral, os alunos possuíam conhecimento inicial considerável sobre os assuntos abordados, conseguindo explicar os conceitos abordados no projeto. O fato de serem empregadas entrevistas com uso de ferramentas digitais e com imagens locais, pode ter colaborado para as médias obtidas no pré-teste. Vasconcellos-Guedes e Guedes (2007) apontam as vantagens do uso de entrevistas no controle da amostra, na quantidade de dados possíveis de serem coletados, no índice de respostas e na confiabilidade dos dados. Além disso, o elevado conhecimento empírico dos alunos sobre os temas analisados era esperado, uma vez que os mesmos têm contato direto com animais marinhos advindos da pesca e turismo, além do recife de Maracajaú ser alvo constante de discussões na comunidade (Tribuna do Norte, 2007; 2012). O aumento das pontuações médias nas questões sobre visita ao recife, conceito de APA, entendimento que o recife de Maracajaú faz parte de uma APA e função de um biólogo, foi associado diretamente à realização do projeto de EA por serem questões muito específicas. Apesar de nem todos os alunos terem participado da atividade de vivência ao recife, os encontros em sala discutiram de forma lúdica conceitos de APA, biodiversidade e importância ecológica de ambientes recifais e o papel da pesquisa científica neste ecossistema. O desconhecimento de que sua localidade faz parte de uma Unidade de Conservação (UC) é algo comum no Brasil, principalmente onde a implementação dessas UCs ocorre de forma impositiva e sem discussão social abrangente (Gerhardinger et al., 2007; Lima e Cascon, 2008; Torres et al., 2009; Pedrini et al., 2013), como foi o caso da APARC. O principal aumento da pontuação média nas questões de atitudes foi a inversão da percepção equivocada de que alimentar os animais era uma ação correta. O contato com a 138 campanha do MMA de "Conduta consciente dos ambientes recifais" foi esclarecedor para associar o bem-estar recifal à menor interferência possível de visitantes aos recifes. Os principais efeitos da ação da alimentação de animais silvestres por turistas incluem alterações dos padrões ecológicos e comportamentais das populações, dependência e habituação, aumento da agressividade e aumento na taxa de doenças e injúrias nos animais (Orams, 2002). A manutenção das respostas corretas após 18 meses da finalização do projeto indica a eficácia do mesmo segundo os parâmetros analisados nas entrevistas. Parte da eficácia de projetos de EA deve-se à associação de ações em ambientes formais e informais (Padua ,1997), como foi o caso do presente trabalho que realizou vivência com mergulho livre e aplicação de técnicas de coleta de dados científicos. Além disso, as visitas às residências de alunos e valorização do conhecimento local na construção dos temas trabalhados auxiliou na sua eficácia, uma vez que esta ferramenta é mencionada como sendo importante em abordagens de trabalhos etnocientíficos (Costa-Neto e Marques, 2001; Diegues, 2001; Begossi, 2008). Deve-se considerar também que o tema abordado no projeto trata de uma problemática presente no cotidiano destes alunos, o que influenciou nos resultados, pois trabalhar com assuntos longe da realidade do aluno pode não causar tanto impacto na vida dele quanto um tema próximo de sua vivência (Freire, 1996). Durante a execução do projeto e nas entrevistas de percepção foi constatada a existência de outros projetos que ocorreram na escola, dentre eles: uma visita ao Rio Potengi, um projeto sobre dengue executado pelos próprios alunos e projetos esportivos e culturais. Todos esses foram citados como importantes na vida dos alunos, o que indica a relevância dos mesmos na vida dos participantes. Aqui levanta-se a questão se a eficácia do projeto de EA pode estar relacionada a fatores socioeconômicos como renda e a estrutura da escola-alvo do projeto. Será que se o mesmo projeto tivesse sido aplicado em uma escola em que uma gama de ações ocorre frequentemente, para alunos com melhores condições financeiras, a experiência teria sido tão intensa de forma que transformações efetivas pudessem ser mantidas ao longo do tempo? Outro fator decisivo na compreensão dos resultados apresentados é com relação à forma de medir a eficácia do projeto de EA. Apesar de compreender as limitações do método e que uma entrevista sobre conhecimentos e atitudes pontuais não seja um fator definitivo na transformação social dos participantes, foram registradas mudanças na concepção dos alunos sobre conceitos trabalhados no projeto, atingindo um dos objetivos esperados que foi despertar o interesse dos alunos em ciências do mar, evidenciando questões sobre a conservação recifal. As possíveis transformações sociais poderão ocorrer a longo prazo, com alunos que possam enveredar nos caminhos científicos e atuar na sua própria localidade. Dois alunos descreveram vontade em cursar ciências biológicas e que, após a realização do projeto, iniciaram um trabalho voluntário com um recém-fundado grupo de proteção às tartarugas marinhas na comunidade. A deficiência na presente pesquisa realizada foi a falta de um grupo controle para elucidar se apenas o projeto de EA contribuiu para a manutenção dos resultados do pós-teste 2 ou houve outro fator influente. A inclusão de um grupo controle permite inferir de maneira mais precisa e acurada as questões relativas à eficácia de um projeto (Padua, 1997). No entanto, em 2016 foi questionado aos alunos participantes do projeto de EA, se outras ações ou campanhas sobre a APA ocorreram durante o período intervalar à pesquisa e a resposta foi negativa. A partir dessas informações e de observações diretas ao longo do tempo na escola, credita-se ao projeto de EA o principal responsável pelas mudanças nas médias de acertos das respostas dos alunos. A principal contribuição do presente artigo é elucidar que para a eficácia de projetos de EA deve-se considerar fatores como a realidade social em que as pessoas estão inseridas, condição socioeconômica de um determinado grupo, metodologias utilizadas e continuidade do projeto. A abordagem trabalhada neste projeto pode ser ampliada, por meio de projetos comparativos, e avaliações de resultados buscando estabelecer um modelo de projeto em EA eficaz, com baixo custo e que possa ser replicado de forma sistemática na educação formal e não-formal. 139 Considerando a realidade social e econômica brasileira, com falta de investimentos em políticas voltadas à EA, encontra-se um cenário onde a teoria é muito discutida (Kawasaki e Carvalho, 2009) e a prática é realizada, ou por grupos sociais em ambientes não-formais de maneira pontual, ou em ambientes formais por professores pouco capacitados a desenvolverem projetos (Marsulo e Silva, 2005). A capacitação docente em EA é necessária e isto implica em dar-lhes os instrumentos mínimos para que sejam agentes de sua própria formação (Medina, 2001). Ainda sobre pontos essenciais no processo de capacitação do educador ambiental, destaca-se a estimulação do educador a acreditar na sua capacidade de atuação, contato com métodos e técnicas de EA que possam ser interpretados e apropriados para as práticas cotidianas, e fomentar a compreensão de que o educador ambiental atua como pesquisador visando a solução de problemas e incorporação de valores voltados à sustentabilidade (Sorrentino, 2001). O Estado deve ter papel central na fomentação de melhoria de programas de EA, no qual a responsabilidade do processo recairia sobre os diversos setores sociais, atuando em conjunto pela implementação de uma EA real e transformadora, até que pequenas iniciativas pontuais que necessitem de poucos recursos, se tornem contínuas e amplas. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo de caso apresentado indica que o projeto de Educação Ambiental com a abordagem metodológica utilizada foi eficaz na promoção de transformações focadas no tema trabalhado. Esta eficácia pode estar relacionada com o contexto socioeconômico e cultural que os alunos estão inseridos, visto que o tema abordado no projeto foi uma problemática local e de extrema importância econômica para a comunidade. Outro fator que pode ter se relacionado a essa eficácia, foi a baixa frequência de outros projetos na escola, que pode ter sido um fator decisivo na intensidade com que as questões trabalhadas no projeto marcassem a vida dos participantes. Este estudo levanta a problemática da falta de investimentos em políticas que promovam projetos em EA e as implicações que este déficit causa na elevada frequência de projetos com limitações de recursos, muitas vezes associados a profissionais sem capacitação. Indica-se ainda o papel do Estado e dos setores sociais pela implementação de metodologias eficazes em EA. Sugere-se o uso de metodologias que incluam os saberes locais dos sujeitos-alvo dos projetos de EA, bem como vivências em ambientes informais que possibilitem o estreitamento da relação de pertencimento à sua localidade. A partir deste trabalho espera-se que seja gerado conhecimento metodológico e sistemático na prática da EA, e que maiores números de projetos sejam observados e avaliados a fim de que se desenvolva um modelo eficiente e prático que opere efetivamente pelas transformações socioambientais que o planeta necessita. 6 REFERÊNCIAS Agenda 21. (2008). Maxaranguape: O futuro que nós queremos. Maxaranguape, RN. Anastasiou, L. G. C., & Alves, L. P. (2004). Processos de ensinagem na universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. (3ª ed.). Joinville, SC: Univille. Begossi, A. (2008). Local knowledge and training towards management. EnvironDevSustain, vol (10), 591–603. Brasil, (1997). Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília. Brasil, (1998). Ministério da Educação. A Implantação da Educação Ambiental no Brasil. Brasília. 140 Brasil, (2002). Ministério da Educação. Proposta de Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. Brasília. 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Você já visitou esse lugar? 3. Escolha 5 animais que moram no Parracho. (FOTO DE 10 ANIMAIS, 5 MARINHOS) 4. a) Você acha que o Parracho é importante? b) Por quê? 5. O que uma Área de Proteção Ambiental? 6. O Parracho de Maracajaú faz parte de uma APA? 7. O que um biólogo faz? 8. O que é uma pesquisa? 9. Para que serve uma pesquisa? 10. Diga os nomes desses animais. (FOTOS DE DEZ ANIMAIS HABITANTES DOS PARRACHOS) *VEJA AS FIGURAS E DIGA SE A ATITUDE É CERTA OU ERRADA DE SE FAZER QUANDO SE ESTIVER VISITANDO O PARRACHO: 11. Tocar nos animais 12. Juntar o lixo 13. Alimentar os animais 14. Pisar no recife 15. Levar conchas e animais pra casa 16. Nadar muito rápido 144 17. Prestar atenção nas palavras dos profissionais 18. Levantar areia ao nadar 19. Levar apenas fotos de recordação do recife 20. Procurar saber as regras da área que você está visitando APÊNDICE B – Entrevista de percepção dos alunos QUESTIONÁRIO DE PERCEPÇÃO DOS ALUNOS 1- Você lembra do projeto Biomar? 2- Qual a etapa do projeto você acha que foi mais importante? 3- Você acha que o projeto foi importante para a sua vida? 4- Se sim, cite um aspecto da sua vida que foi modificada pelo projeto? 5- O projeto Biomar teve como objetivo despertar em vocês o interesse por ciências do mar, você acha que ele cumpriu com seu objetivo? 6- Qual atividade que ocorreu na sua vida que mais marcou você? Algum projeto cultural, de educação ambiental, de dança...Qualquer um! 145 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho reúne informações e acrescenta dados que auxiliam na compreensão de como o mergulho recreativo pode causar impactos nos ambientes recifais tropicais do Brasil. As considerações apresentadas poderão auxiliar na gestão integrada da atividade no Brasil e contribuem no entendimento de como estes impactos agem em ambientes recifais com baixa cobertura coralínea. Observou-se o crescimento ao longo do tempo de trabalhos científicos com o tema, contudo ainda é necessário um maior número de estudos que identifiquem o perfil dos mergulhadores e relacionem seu comportamento com possíveis danos gerados aos ambientes recifais. Além disso, a análise da literatura indicou a carência de indicadores próprios para os recifes do Brasil, que possuem carcateristicas peculiares. No levantamento realizado notou-se o uso e a resposta de variáveis e grupos biológicos diversos (em estudos diferentes), mas não se observou uma abordagem que analisasse no mesmo estudo vários grupos biológicos de forma integrada. O segundo e terceiro capítulo desta tese buscaram auxiliar a responder demandas observadas no levantamento realizado no primeiro capítulo. As conclusões do segundo capítulo são que, de maneira geral, os mergulhadores causam poucos impactos físicos diretos aos recifes e isso pode estar associado a carcaterísticas do local de estudo e a forma como a operação de mergulho é realizada na área. A avaliação da frequência de toque com o perfil do mergulho e do mergulhador, identificou que scuba divers provocam mais danos que snorkelers e que dentro do grupo de snorkelers homens tocam mais o substrato recifal que mulheres. Destacou-se ainda a importância de melhores preleções e da capacitação de profissionais de mergulho que podem atuar na redução dos danos causados pelos mergulhadores. Na terceira parte de trabalho é realizada uma análise integrada com diferentes grupos biológicos e variáveis que podem responder aos impactos do mergulho recreativo. A interpretação dos resultados obtidos foi que a atividade de mergulho reacreativo pode provocar modificações profundas na comunidade recifal, contudo essas alterações são espacialmente pontuais e com possibilidades de se estabelecer medidas de manejo para redução desses danos. A logística da operação de mergulho em áreas intensamente visitadas, causa: danos causados pela alimentação de peixes, danos causados pelo tráfego de embarcações, danos causados por estruturas fixas de apoio (ex. flutuantes e cordas de 146 apoio para o mergulho de cilindro), danos causados por mergulhadores (em menor escala, ver capítulo 2) e danos causados por produtos químicos usados na limpeza e manutenção das embarcações. Tais aspectos parecem atuar sobre a estrutura da comunidade recifal como apresentado na Figura A. Essas alterações possivelmente refletem o impacto direto do mergulho recreativo ou são causadas por desdobramentos secundários, como por exemplo: a redução da cobertura de corais relacionada a maior abundância de ouriços, que pode estar relacionada também à menor abundância de peixes herbívoros. Figura A- Esquema ilustrativo indicando os principais efeitos observados nas áreas submetidas ao mergulho recreativo. A finalização deste trabalho inclui o planejamento, execução e avaliação de um projeto de educação ambiental cujo tema central foi os impactos do mergulho recreativo. Concluiu-se que o uso de uma abordagem metodológica diversificada e valorização do conhecimento ecológico local dos atores envolvidos no projeto foram fundamentais para o sucesso do mesmo. Assim, esta tese inicia sua construção com o levantamento de lacunas (capítulo 1), busca preencher parte dessas lacunas (capítulos 2 e 3) e procura soluções para resolver um problema socioambiental utilizando princípios da educação ambiental como norteadores (capítulo 4). 147 MINHAS ÚLTIMAS PALAVRAS Finalizo minha tese com minhas primeiras palavras da defesa... e que assim seja, pois, esse trabalho é inteiro o mais puro amor!!!! “Antes de começar minha apresentação, queria me apresentar com um pequeno protesto... Eu protesto pelo direito de ter tempo! Sou mulher, filha de uma mulher branca de família que veio de Vera Cruz (interior daqui). Meu pai é filho de português com uma filha de índios. Sou cabocla. Parda. Sou mãe de dois filhos que na pele são brancos, mas no sangue corre sangue de todas as raças possíveis... (como bem disse Pedro Cardoso, outro dia). Meu nome é Janaina. Tenho 33 anos e desde que entrei no jardim de infância aos 4 anos, só parei de estudar por 1 ano no nascimento de Théo e por 4 meses no nascimento da Lua. Hoje tenho 4 trabalhos, em cada um deles me esforço profundamente, mas parece que nunca consigo atuar no nível ótimo em nenhum deles.... mas faço o que posso! Minha família precisa da minha dedicação... Eu preciso! No meu primeiro trabalho, que desprendo mais energia amorosa e pouco tempo (cerca de 2 horas diárias), sou mãe. Não sou excelente como meus filhos mereciam. Na verdade, às vezes, sou péssima! Théo insiste em dizer que sou a melhor mamãe do mundo... Eu sei das minhas limitações!!! O que me falta na maternidade? Tempo! No meu segundo trabalho sou doméstica/do lar. Trabalho em casa junto com meu companheiro. Nós limpamos, lavamos, arrumamos, cozinhamos, varremos e tudo mais que é necessário para uma casa se manter com o mínimo de higiene e energia... Moramos longe da cidade e ter uma diarista implica em ter que levar e trazer a pessoa, implica em gastar tempo... Não tenho muito tempo, sabe? No meu terceiro trabalho sou professora. Trabalho em uma universidade estadual classificada como uma das piores instituições públicas de ensino superior do Brasil. Lá só não falta boa vontade e empenho... Falta muito... E sinto que não sou digna do posto que ocupo... Sinto-me muito pouco capacitada para falar sobre ecologia geral... ou educação ambiental... ou zoologia... ou mesmo paleontologia (que preciso ministrar...). Ainda assim, me esforço para, pelo menos, atender dignamente as necessidades dos alunos!!! O perfil dos meus alunos é de pessoas de classe baixa, que estudaram em escolas públicas a vida inteira... Muitos são pais e mães. A maioria das mães.... solteiras...sem tempo... e buscado uma vida um pouco melhor! Queria poder ministrar aulas super mega.... queria ter tempo de preparar as melhores aulas do mundo! Queria poder transformar a realidade dos meus alunos! Sabe o que me falta? Tempo! Meu quarto e último trabalho, na verdade não é trabalho.... veja que doidice... sou aluna de pós-graduação. Estou trabalhando em uma pesquisa inédita no Brasil e contribuindo para responder questões relevantes para o turismo de mergulho do Brasil... e veja... Não 148 é um trabalho oficial! Nesse trabalho depositei sonhos, esperanças e amor... Queria tanto ter feito um trabalho melhor! Queria tanto ter estudado mais! Queria tanto poder escrever de forma mais clara o que acredito! Me faltou.... Me desculpem! Mas me faltou tempo! Por isso, eu protesto! Protesto pelo direito de ter menos obrigações. Pelo direito de ter mais tempo para mim. Pelo direito do meu crescer individual. Protesto por poder ter esse tempo e não prejudicar ninguém... nem meus filhos, nem meus alunos, nem meu companheiro, nem o programa de ecologia (que pode perder pontos, por defesas tardias....). Protesto por relações mais gentis, mais acolhedoras, mais amorosas. Por relações reais e que precisam de tempo! Por isso, aqui, perante todos vocês, eu me comprometo! Eu me comprometo a não me comprometer! Prometo que ao terminar completamente este trabalho acadêmico, e submeter todos os artigos possíveis, irei usar todo esse tempo economizado em mim mesma. Prometo me organizar melhor e poder empregar uma pessoa, com condições justas e dignas de trabalho para cuidar da minha casa, e usar todo esse tempo economizado em mim mesma! Prometo exercitar meu corpo, meu espírito e minha maternidade. Prometo melhorar todas as minhas aulas. Prometo ter pelo menos 6 horas do meu dia só para ficar com minha família... para fazer dever de casa juntos, andar de bicicleta no jardim, tomar banho de chuva, pintar, cantar, desenhar, ler, assistir tv e me atualizar sobre o mundo do jiu-jitsu, minecraft e da peppa... Eu reforço uma promessa que fiz há quase um ano para minha linda mãe: Eu prometo, de todo meu coração, Ser feliz todos os dias da minha vida!” 149