Reitor José Daniel Diniz Melo Vice-Reitor Henio Ferreira de Miranda Diretoria Administrativa da EDUFRN Graco Aurélio Câmara de Melo Viana (Diretor) Helton Rubiano de Macedo (Diretor Adjunto) Judithe da Costa Leite Albuquerque (Secretária) Conselho Editorial Graco Aurélio Câmara de Melo Viana (Presidente) Anna Cecília Queiroz de Medeiros Arrilton Araújo de Souza Cândida de Souza Eduardo José Sande e Oliveira dos Santos Souza Francisco Dutra de Macedo Filho Glória Regina de Góis Monteiro Heather Dea Jennings Helton Rubiano de Macedo Jorge Tarcísio da Rocha Falcão Luciene da Silva Santos Márcia Maria de Cruz Castro Márcio Zikan Cardoso Maria Jalila Vieira de Figueiredo Leite Marta Maria de Araújo Mauricio Roberto C. de Macedo Richardson Naves Leão Sebastião Faustino Pereira Filho Tércia Maria Souza de Moura Marques Yanko Marcius de Alencar Xavier Revisão Camila Maria Gomes Design editorial Rafael Campos MARIA DA CONCEIÇÃO DE ALMEIDA MÔNICA KARINA SANTOS REIS EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇÃO DA UNIVERSIDADE NATAL 2019 Fundada em 1962, a EDUFRN permanece dedicada à sua principal missão: produzir livros com qualidade editorial, a fim de promover o conhecimento gerado na Universidade, além de divulgar expressões culturais do Rio Grande do Norte. Coordenadoria de Processos Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede Almeida, Maria da Conceição de. Emergências de complexidade, reinvenção da universidade / Maria da Conceição de Almeida, Mônica Karina Santos Reis. – Natal, RN : EDUFRN, 2018. 381 p. : il., PDF ; 74 MB ISBN: 978-85-425-0921-2 1. Grupo de Estudos da Complexidade (GRECOM) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2. Universidade e conhecimento. 3. Universidade e complexidade. I. Reis, Mônica Karina Santos. II. Título. CDD 378 RN/UF/BCZM 2019/36 CDU 378.4:001 Elaborado por Márcia Valéria Alves – CRB-15/509 Todos os direitos desta edição reservados à EDUFRN – Editora da UFRN Av. Senador Salgado Filho, 3000 | Campus Universitário Lagoa Nova | 59.078-970 | Natal/RN | Brasil e-mail: contato@editora.ufrn.br | www.editora.ufrn.br Telefone: 84 3342 2221 Para Edgar Morin, chama ardente que mantém a combustão do GRECOM APRESENTAÇÃO Na manhã do dia 15 de fevereiro de 2018, informamos a Edgar Morin a longa e prazerosa agenda de trabalho que teríamos naquele dia. Uma das atividades era a defesa de uma tese de doutorado sobre os 25 anos do GRECOM. Dois dias depois, recebemos uma mensagem dele manifestando o desejo de publicar a história do GRECOM em francês e em espanhol. Da parte da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o interesse em tornar pública essa história foi oportunizado pela celebração dos seus 60 anos, o que inclui um cardápio de publicações que dá conta do registro memorial de sua trajetória, de projetos exitosos nos domínios do ensino, da pesquisa e da extensão. De outra parte, tal oportunidade é potencializada pela comemoração dos 40 anos do Programa de Pós-graduação em Educação, o segundo programa de Pós-graduação mais antigo de nossa universidade. O Grupo de Estudos da Complexidade é uma das primeiras bases de pesquisa da UFRN, e já aparece como “grupo consolidado” num documento da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação no ano de 1994, quando a instituição define sua política de pesquisa em moldes transdisciplinares. Entretanto, se nasce formalmente em 1994, já estava em incubação no interior do casulo do Grupo Morin pelo período de dois anos. Mas há quem reconheça na pesquisa em uma comunidade rural de pescadores da Lagoa do Piató, Assú, Rio Grande do Norte, Brasil (iniciada em 1986 e em desenvolvimento até hoje) a semente de toda essa trajetória. Se essa origem faz sentido, devemos reconhecer na importante pesquisa coordenada pela professora Terezinha de Queirós Aranha no início dos anos de 1980, e intitulada “A problemática da Seca no Rio Grande do Norte” (um dos eixos de investigação do Projeto Rio Grande do Norte), o magma difuso de onde nasceria o GRECOM. Desde seu início o grupo de pesquisa teve uma vinculação mestiça. Está ligado a dois centros acadêmicos: Centro de Ciên- cias Humanas, Letras e Artes e Centro de Educação (anteriormen- te um departamento do Centro de Ciências Sociais Aplicadas). Está vinculado também a dois programas de Pós-graduação per- tencentes a esses dois Centros: ao Programa de Pós-graduação em Educação e ao Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais. Não é fácil compartilhar por meio de palavras e imagens uma experiência acadêmica em complexidade que parece ter respondi- do ao apelo de Edgar Morin no livro A cabeça bem-feita, quando ele sugere: “Poderíamos imaginar a instituição, em cada univer- sidade, de um centro de pesquisa sobre os problemas da comple- xidade e da transdisciplinaridade, bem como oficinas destinadas às problemáticas complexas e transdisciplinares” (2011, p. 85 da edição brasileira). Temos consciência de que tudo o que aqui está escrito é mais, ou menos, do que os acontecimentos vividos; os sonhos coletivos; os projetos realizados dentro e fora do ambiente acadêmico; as metamorfoses pessoais; as incertezas; apostas; dificuldades; ousadias; atos de insubordinação; resistência e recusa à razão fechada, acontecimentos que, de fato, emergiram em seus próprios fluxos e contingências. A experiência do GRECOM não deve ser considerada um modelo a ser seguido. Tal consideração denotaria um narcisismo de nossa parte e, sobretudo, a negação de princípios caros ao pensamento complexo: a certeza de que no interior do êxito coabitam fragilidades, insuficiências, necroses; que ali onde há avanços há também retrocessos. Longe, pois, de se constituir em modelo ideal diante do desafio da complexidade, nossa experiência pode, mais propriamente, encorajar pesquisadores a enfrentarem a difícil tarefa de exercitar a autoética, a socioética e a antropoética; a operar uma politização do pensamento, pela via de uma ecologia das ideias e da ação – e isso não somente dentro das universidades e instituições, mas também nos espaços sociais excluídos das benesses de um mundo pautado pelas forças da competição, da desigualdade, da miséria econômica e espiritual. Como antídotos para reduzir os efeitos de incompletude e parcialidade ao construir este livro, temos a nosso favor duas perspectivas de narrar a mesma história que dialogam entre si e se complementam. A primeira é a atualização de um fragmento do livro Ciclos e Metamorfose: uma experiência de reforma da universitária (Almeida e Knobbe, Ed. Sulina, 2003), e se constitui na Parte I deste livro. A outra é, essencialmente, uma tese de doutorado, defendida no inicio deste ano no Programa de Pós-Graduação em Educação de nossa universidade, com o título Reinventar a Universidade: um ensaio sobre o Grupo de Estudos da Complexidade- GRECOM/ UFRN, e se constitui na Parte II destas páginas. Ao final, aparece o Posfácio de Margarida Maria Knobbe, que se baseia na arguição feita pela autora durante a defesa da tese citada. Certamente, uma terceira perspectiva de contar a mesma história, dessa vez por meio de um conjunto crítico de depoimentos de pós-graduandos e pesquisadores permanentes, acionaria o fluxo vivo das autonarrativas de formação, bem como desenharia o arco-íris das múltiplas e diversas avaliações por parte dos que viveram ou vivem o calor cultural desse casulo do pensamento complexo no Brasil. Essa terceira perspectiva está ainda em construção por meio de outra Tese de doutorado a ser defendida em dezembro deste ano. Desejamos que este livro possa acionar outros fluxos de criatividade capazes de regenerar o pensamento, facilitar emergências de complexidade e reinventar uma universidade de mãos dadas com um mundo imerso na incerteza. Maria da Conceição de Almeida Mônica Karina Santos Reis PREFÁCIO EM DUETO DA FRANÇA, EDGAR MORIN A história do GRECOM é expressão de uma extraordinária aventura do conhecimento inteiramente guiada por uma insa- ciável curiosidade. Um pensamento que sempre busca compreender a si mesmo, que entrevê e descobre os laços que os conhecimentos disciplinares destruíram ao compartimentalizar e isolar seu objeto. Foi Ceiça quem iniciou e estimulou essa aventura. Ela não se limita apenas ao método do pensamento complexo como eu mesmo fiz, recorrendo a múltiplas fontes filosóficas que passam por Heráclito, Pascal, Hegel, Marx e pelas concepções cientí- ficas de Shannon, Wiener, von Neumann, von Fœrster, Werner Heisenberg. Mais amplamente ainda, ela apela às ideias de Ilya Prigogine, Henri Atlan, Umberto Maturana. Com originalidade própria, cada um deles contribuiu para abrir o campo da comple- xidade ao universo físico, biológico, à concepção sistêmica. De modo algum, a pesquisa do Grecom negligenciou o campo especifico do nordeste brasileiro; consagrou-se igualmente a suas culturas, saberes, costumes. A vocação do pensamento complexo é religar o que foi separado. Como a própria Ceiça Almeida reiterou no Primeiro Congresso Internacional do Pensamento Complexo ocorrido no Rio, em janeiro de 1998, é um pensamento que abraça. Um pensamento integrativo como esse se integra também numa aventura cósmica que se tornou terrestre e viva, depois humana; a aventura de Eros em sua luta inextricável com Tânatos, seu mortal e inseparável inimigo, como o enfrentamento de Jacó com o Anjo, que consta do Gênesis. Esse antagonismo começou com o próprio universo. Desde seus primórdios, as forças de união e associação são inseparáveis das forças de dispersão e destruição. Essa luta prossegue na aventura da vida que liga inexoravelmente antagonismos e predações de um lado, cooperações e solidariedades de outro, e isso prossegue na aventura humana como um todo. O pensamento complexo de Ceiça compreende tudo o que a genial intuição do velho Heráclito já havia percebido anteriormente: “a concórdia e a discórdia são pai e mãe de todas as coisas”. Por sua generosidade, esse tempo que abraça insere-se, simultaneamente, na sublime e incerta aventura de Eros que, nos tempos atuais do século XXI, defronta-se com múltiplas pulsões de morte e destruição e, até mesmo, de aniquilação. Assim, a contribuição do Grecom é, ao mesmo tempo, esti- mulante e cognitiva para tudo que existe de melhor no ser humano. Montpelier, 30 de julho de 2018. Edgar Morin Tradução: Edgard de Assis Carvalho DO BRASIL, EDGARD DE ASSIS CARVALHO Em A aventura de O Método, de 2015, Edgar Morin elege a figueira-de-bengala, originária da Índia, com símbolo máxi- mo da complexidade. Em São Paulo, ainda existe um exemplar dela, num restaurante. Sempre que posso, me detenho ali, como se prestasse um tributo, e sigo em frente. Trata-se de uma árvore cujas raízes e ramos, ao tombarem sobre a terra, transformam-se em novos ramos e troncos. Essa árvore é o símbolo máximo do ciclo recursivo característico dos processos complexos, no qual os produtos se tornam produtores daquilo que os produz. Oriun- da da natureza, essa imagem mostra que a vida costumeiramente produz novas arborescências, distintas e, ao mesmo tempo, inse- paráveis do tronco do qual se originaram. Vejo o GRECOM como essa arborescência que não cessa de produzir novas raízes e troncos. Seria exaustivo elencar a multipli- cidade de bancas, conferências, congressos, oficinas, estaleiros de saberes, teses, dissertações, livros, coleções que marcam uma tra- jetória de 25 anos de existência, da qual sou cúmplice permanen- te. Na parte I, melhor do que ninguém, Conceição Almeida traça as sucessivas metamorfoses, combustões que retroalimentam o grupo. Trata-se de uma reserva de memória que ilustra as espe- ranças, alentos, impulsões do GRECOM. Não se trata, porém, de um patrimônio fixo, indelével, catalogável, mas algo que atualiza a ideia de que o conhecimento complexo insere os sistemas vivos num processo espiralado, sensível, antropo-bio-cosmológico que não se deixa amansar pela ‘polícia do pensamento’. Claro que essa longa duração exigiu afrontar a disciplinariza- ção, o produtivismo, a fragmentação vigentes no dispositivo aca- dêmico que se empenha em fornecer um guia burocrático para cabeças feitas. O germe da revolta, porém, permaneceu ativado, mesmo nesses tempos de insignificância que grassam por toda parte. Expressão disso, foi a disseminação de vários grupos e nú- cleos por esse Brasil afora, que elegem a religação como prioritá- ria para qualquer tentativa de compreensão do mundo da vida. Na apresentação das autoras fica claro que o GRECOM não deve ser entendido como um modelo a ser seguido acriticamente, mas com um diferencial de humanização que contém múltiplos fluxos desejantes. Não se trata de uma iniciativa meramente acadêmica, mas um processo viral que deve impregnar e contaminar espa- ços de sociabilidade empenhados na construção convivial de vias alternativas para o futuro. Um dos pilares da ética complexa, a autocrítica, produziu sucessivas avaliações. Uma delas surgiu nas comemorações dos 10 anos que foi reformulada e atualizada para este livro. A outra ocorreu em 2018, por ocasião da tese de doutorado de Mônica Reis que integra a segunda parte. Existe uma terceira em andamento. São autonarrativas, um mosaico de informações de um amplo espectro de pensadores que, diretamente ou indiretamente, participaram do GRECOM. A tese de Mônica faz um completo inventário que se assemelha a uma narrativa mítica da forma como Lévi-Strauss a entende. Mitos, ele reitera, sempre dizem a mesma coisa, mas sempre sobra espaço para uma reorganização de novas estratégias de entendimento. Integrei a banca e debatemos intensamente o GRECOM como um modelo reduzido de universidade. Entendi ali que essa ideia oriunda de Claude Lévi-Strauss extrapolava o campo da estética da sensibilidade, típica da arte, e resvalava inexoravelmente para o da ética de saberes não compartimentados, imprescindíveis para a formação integral. Afinal de contas, o real sempre excede o racional. O posfácio de Margarida Knobbe foi uma das arguições. Assertiva e delicada, estabeleceu uma forte conexão com a narrativa. Sua tese, ela afirmou na ocasião, é “uma fotografia do Grecom que se pode abraçar”, dada a polifonia de vozes que o integram. Este livro é exemplo de que praticar ciência com consciência requer afetuosidades, luminescências, sombras, solidões que nos levam sempre a territórios e trajetos inesperados. Em seus ditos e escritos, Edgar Morin deixa claro que tudo aquilo que sabemos do universo revela o abissal mistério da vida sobre a Terra. Se as Universidades fecundassem essa ideia, a regeneração do humanismo, as impermanências do futuro seriam postas em marcha e os projetos do bem-viver consolidados de uma vez por todas. Essa é a aposta do GRECOM para tempos futuros e incertos que advirão, fundados na urgência de um conhecimento pertinente acerca dos mistérios das ordens e das desordens que circundam o indivíduo, a sociedade, a espécie, o cosmo. Maio de 2018. Edgard De Assis Carvalho SUMÁRIO PARTE I EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE ................................................. 25 Maria da Conceição de Almeida A metamorfose da universidade ...................................................... 27 Permanente combustão .................................................................... 41 Visitantes pioneiros ............................................................................ 71 PARTE II O GRECOM E A REINVENÇÃO DA UNIVERSIDADE .......................... 99 Mônica Karina Santos Reis Introdução ........................................................................................... 103 Grecom, um modelo reduzido de universidade .......................... 129 Uma História documental .............................................................. 143 Compartilhando saberes .................................................................. 222 Intercâmbio de ideias ........................................................................ 307 Para uma universidade complexa ................................................... 343 POSFÁCIO UM PIQUENIQUE À BEIRA DO ABISMO ........................................... 351 Margarida Maria Knobbe REFERÊNCIAS .................................................................................................... 365 DADOS DAS AUTORAS .................................................................................. 371 AGRADECIMENTOS ......................................................................................... 375 PARTE I EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE Maria da Conceição de Almeida A METAMORFOSE DA UNIVERSIDADE “Todas as religiões, artes e ciências são ramos da mesma árvore. Todas elas aspiram a enobrecer a vida do homem, elevando-a acima da esfera da mera existência física e conduzindo o indivíduo rumo à liberdade.” Albert Einstein Dependência e autonomia Assim como acontece com o universo, a natureza, o domínio do vivo, a espécie humana e a cultura, também a instituição universitária vive sob o signo da permanente metamorfose. Avan- ços, bifurcações, retrocessos, necroses e regeneração parasitam o mundo das ideias, dos conhecimentos, das práticas científicas, das atitudes e éticas dos intelectuais. O nascimento da universidade, tal como a conhecemos hoje, se situa no início do século XIX com a reforma da instituição efe- tuada por Humboldt, em Berlim. De fato, um longo processo his- tórico da transformação do antigo sábio em intelectual moderno EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE já estava em curso. Numa análise matizada a respeito desse pro- cesso, Claude Allègre (1998) expõe a luta interstícia do poder cle- rical diante das descobertas científicas, que se agudiza na época de Galileu Galilei e Nicolau Copérnico. Com Humboldt, a universi- dade tornou-se “laica, instituindo sua liberdade interior frente à religião e ao poder” (MORIN, 2002a, p. 16). A partir de então, são criados os departamentos, células onde se alocam as distintas disciplinas e áreas do conhecimento científico. A reforma idealizada por Humboldt, na Alemanha, possibilita a liberdade do pensamento e propugna pela ‘missão trans-secular e transnacional das ciências’. Mas não é só. “Para ele, a universidade não podia ter como vocação direta uma formação profissional que seria própria das escolas técnicas, mas uma vocação indireta responsável pela formação de uma atitude investigativa” (Idem). Entretanto, as universidades modernas que nascem no sécu- lo XIX, a partir de ideários tão arrojados, cristalizam, posterior- mente, a fragmentação departamental e a fratura entre cultura científica e cultura humanística. “Desde então, a universidade faz coexistir, e desafortunadamente só coexistir e não comunicar, as duas culturas, a das humanidades e a cultura científica” (Idem). É relevante também observar que o conhecimento construí- do, partilhado e transmitido pelas instituições de ensino se reduz, em grande parte, à cultura científica, a um saber vitorioso. Se considerarmos o conjunto dos saberes construídos pela cultura humana, podemos dizer que a cultura científica é apenas a parte visível de um imenso iceberg. Da ponta desse iceberg, e se au- toelegendo como uma Esfinge que atravessa os séculos, ela vai se 28 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE separando progressivamente de outras narrativas do mundo (in- tituladas de representações sociais, senso comum, saberes popu- lares) e construindo questões além das quais nada é considerado rigoroso e verdadeiro. À partida, é importante refletirmos sobre a necessária distinção entre saberes da tradição e senso comum. Diferentemente do senso comum, ou vulgar, os saberes da tradição arquitetam compreensões com base em métodos sistemáticos, experiências controladas e sistematizações reorganizadas de forma contínua. Mesmo que não tenham como princípio primeiro uma crítica coletiva permanente e não sejam produzidos por pesquisadores acadêmicos, tais saberes se objetivam como uma matriz de conhecimento que pode ser atualizada, refutada, acrescida, negada, reformada. Portanto, os saberes da tradição não podem ser confundidos com senso comum e muito têm a dialogar com as ciências. A partir dessa gestação paradoxal da universidade moderna, uma fissura maior é tacitamente decretada, se instala e se legitima: as sociedades passam a aceitar como natural a delimitação de espaços privilegiados de exercício do pensamento e da produção do conhecimento, excluindo diversos outros saberes. Movida por uma pulsão endogâmica, a instituição universi- tária atribui-se o papel de produtora e difusora de conhecimentos. Essa autodefinição, arbitrária em sua origem, tornou-se legitima- da ao longo do tempo por nossas sociedades, à medida em que foram sendo subtraídos outros espaços de produção e circulação de saberes. Homogeneamente rotuladas de não científicos, diver- sas formas de leituras, interpretações e representações humanas foram desqualificadas pelos adjetivos de superficiais, ingênuas, 29 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE populares, ilustrativas, exóticas. Nesse conjunto diverso de sabe- res estão os conhecimentos intuitivos, as interpretações que o ho- mem comum faz da vida cotidiana, as sistemáticas observações dos fenômenos físicos, do comportamento da fauna e da flora pe- los intelectuais do mundo rural. Também as religiões, as artes e as práticas espirituais foram, ao longo do tempo, construindo seus nichos de sobrevivência ao lado da ciência ou em oposição a ela. Se há alguma relação entre a ciência e a diversidade de saberes e práticas não científicas, essa relação se limita à apreciação desses conhecimentos ‘não científicos’ como matéria bruta sobre a qual se debruça o intelectual-cientista. Como “objetos de pesquisa” esses saberes têm sido traduzidos, dissecados, passados na peneira das categorias científicas, assimilados, deturpados e reinterpretados. Em síntese, a separação entre cultura científica e cultura humanística que caracteriza a dinâmica interna das estruturas universitárias se alarga na separação entre ciência e ‘outras configurações do saber’, conforme expressão de Michel Foucault. Essa segunda separação opera no contrafluxo e na obstrução de uma ecologia das ideias porque distancia universidade e sociedade; intelectuais acadêmicos e intelectuais da tradição não científica; ciência, arte e espiritualidade. É a partir dessa metamorfose histórica da cultura humana e dos pontos de bifurcação por ela produzidos que as universidades são hoje reconhecidas como o espaço privilegiado e hegemônico de produção do pensamento especulativo, científico e técnico, não obstante a fragmentação institucional consagrada pelas especializações não comunicantes; pelas cisões entre teoria e prática, entre saber e fazer. 30 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Na histórica objetivação do papel que se autoatribuiu, a insti- tuição universitária, ao mesmo tempo, distanciou-se da sociedade e definiu sua missão em função de uma tríade, nem sempre arti- culada, expressa pelas rubricas ensino (formação), pesquisa (pro- dução de novos conhecimentos) e extensão (disseminação dos saberes científicos e prestação de serviços a populações). A tríade ensino-pesquisa-extensão, se por um lado repre- sentou uma solução histórica e estrutural de gerenciamento das múltiplas atividades da lida acadêmica e do trabalho intelectual, por outro obscureceu a natureza hologramática que subjaz a cada ponto dessa trindade. Ignoramos, por vezes, que cada uma dessas atividades contém as outras duas, tanto quanto as várias dimen- sões do processo cognitivo. Não são os conteúdos transmitidos pelo professor em sala de aula, extensões de suas pesquisas e incursões na história da produção do conhecimento? O ato de transmissão e partilha do conhecimento não é, em si, uma atividade extensionista? Por sua vez, a pesquisa não é uma reorganização dos saberes já acumu- lados em decorrência de novas informações e fenômenos emer- gentes? Essa reorganização não é impulsionada pela dimensão extensionista do pensamento diante do mundo? Por fim, a ex- tensão mais do que um prolongamento e uma etapa posterior da pesquisa e do ensino, não congrega ela própria as dimensões da aprendizagem partilhada e da descoberta de outros conhecimen- tos e experiências? Tomar consciência dos limites difusos e tênues entre ensino, pesquisa e extensão e da dialogia que tece essas três atividades na estrutura universitária é um passo importante 31 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE para evitar a simplificação de confundir atividades acadêmicas com dimensões do trabalho intelectual. De fato, as dimensões reflexivas-investigativas de compartilhamento de conhecimentos parasitam, juntas, as atividades de ensino-pesquisa-extensão que se constituem nos três grandes eixos gerenciais da construção da ciência nas universidades. Bem vistas as coisas, é possível argumentar que a estrutura universitária foi se tornando pesada demais para fazer acontecer o fluxo da produção, difusão e partilha do conhecimento ao qual ela se propõe. Desvinculada da sociedade; em antagonismo com outros es- paços de produção do saber; montada em estruturas burocráticas autocentradas e sem conexões; seccionando, por força do poder estatutário, atividades inequivocamente inseparáveis; subsumin- do a vocação prazerosa e ancestral do conhecer em estruturas de “cargos”, “carreiras” e “regimes de trabalho”; fazendo coincidir hi- lária e desavergonhadamente titulação como sabedoria e produ- ção intelectual com números de publicações e horas em sala de aula; propugnando de forma redutora e utilitarista pelo predomí- nio de respostas técnicas sobre a especulação, e assim por diante, a estrutura universitária tem se tornado, em parte, um empecilho para o fluir de um pensamento criativo e libertário. Por outro lado, os princípios pré-figurados pelos vocábulos universitas e unitas-multiplex por vezes sucumbem diante de projetos político-educacionais pautados pelo insular e estritamente local, ou se esvanecem num universalismo unificador. A missão do intelectual-cidadão não se esgota na sua visceral impregnação no seu tempo e no seu lugar. Compreender o local como uma 32 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE das faces possíveis do universal parece ser o desafio anunciado por Tolstoi quando afirmou: “se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”. É certo que o enraizamento no tempo e no lugar é crucial e indelegável de parte de cada um. Esse enraizamento é o alimento propulsor da ira contra qualquer forma de crueldade do mundo. Espera-se do intelectual uma adesão sem limites aos ideários de uma política de civilização e humanidade, conforme o apelo de Edgar Morin. Uma tal atitude deve se tornar visível em cada uma de suas mínimas atitudes, mas isso não basta e é apenas um lado da dupla face do intelectual. Comprometido com o seu tempo, seu lugar e com tarefas pontuais e inadiáveis, sim, mas também construtor de futuros, guardião da cultura do passado; conhecedor de outras praças, outros problemas, outras dores, outros fenômenos, outras verdades e outras vidas que não estão sob seus olhos no seu tempo, no seu lugar, na sua aldeia. A dupla face do intelectual supõe simultaneamente enraizamento e desenraizamento. Numa palavra, e da perspectiva da complexidade, o intelectual é sempre um nômade, nas ideias e na vida. Para pensar bem o local e o atual é necessário visualizar horizontes mais amplos, contextuais, trans-históricos, meta- locais. Não se equilibra na bicicleta quem tem os olhos fixos na roda da frente: é preciso olhar longe. Ao lado do enraizamento, um desenraizamento radical se faz imprescindível. A exemplo da divindade indiana Shiva, que porta em uma de suas mãos o fogo e na outra um tambor, o intelectual- cidadão constrói, transporta e faz dialogar algumas dinâmicas 33 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE vitais: territorialidade e desterritorialidade; pertencimento e despertencimento; dependência e autonomia. A universidade é um projeto da cultura humana. E como tudo o que é da ordem do humano, ela se constrói pelo inacabamento, pelos retrocessos, avanços, paradoxos e também pelas regressões em complexidade. Por isso, da avaliação de que o processo histórico de produção do conhecimento científico deu-se às custas da fragmentação de saberes, pela via cumulativa/seletiva; e do diagnóstico de que a estrutura acadêmica favorece a rigidez do pensamento, a ossificação paradigmática e a burocratização do saber, não decorrem a afirmação de que é preferencialmente fora da academia e pela sua negação que se deve esboçar o exercício de um pensamento complexo, aberto e criativo. A reificação e a sacralização dos saberes não científicos são atitudes tão perigosas e simplistas quanto o é o seu inverso. Se é verdade, como assinala Edgar Morin, que por vezes há mais criação numa taberna popular do que num coquetel literário, é imperativo também reconhecer que intelectuais insubmissos exercitaram e ainda exercitam, quase sempre a duras penas, uma reorganização da cultura e novas práticas de vida dentro da própria academia. Qualquer aposta no sentido de abrir o pensamento para vivenciar e dialogar com a complexidade do mundo deve partir do sujeito onde ele se encontra. Isso porque não há um lugar, um sujeito nem uma instituição que sejam, em si, o ponto de mutação ou de emergência de novos acontecimentos. Ao fato de não haver, em si, um lugar privilegiado para operar desvios, nem uma condição suficiente para tal, agregamos outro 34 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE argumento que tem por base algumas das ideias de Ilya Prigogine e Henri Atlan. Para o primeiro, é possível operar no sentido de ‘criar bifurcações’ que determinarão o rumo dos acontecimentos. A obstinação e a intencionalidade dialogam no interior do paradoxo determinismo-liberdade do qual fala Henri Atlan. É, pois, do interior do calor cultural que abriga constrições, impulsos antiparadigmáticos, oportunidades, contravenções cana- lizadas e obstinações que florescem desvios e bifurcações. Ou seja, emergências de complexidade. Assim como na vida individual e so- cial, essa dinâmica parasita o desafio do trabalho intelectual. Fluxos de bifurcações É possível exercitar novos olhares e identificar brechas as quais, na estrutura acadêmica, favorecem o pensamento criativo e comprometido com o presente, sem abrir mão da projeção de futuro. A crença na condição biodegradável do pensamento, da cultura e da ciência tem como irmã siamesa a aposta na metamorfose e na reorganização de saberes plurais, polifônicos, polimorfos. Uma reforma do pensamento e da universidade tanto quanto uma democracia cognitiva e a refundação do intelectual estão no coração dos desafios que cercam a sociedade atual e a lida acadêmica. “Hoje somos vítimas de dois tipos de pensamento fechado. Primeiro, o pensamento fracionário da tecnociência burocratizada, que corta, como fatias de salame, o complexo tecido do real. O segundo, o pensamento mais fechado, voltado para a etnia ou a nação, quer cortar, como um puzzle o tecido da terra-pátria” (MORIN, 2000, p. 104). 35 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE A reforma do pensamento é, pois, Uma necessidade histórica-chave: uma vez que a complexidade dos problemas do nosso tempo nos desarma, torna-se necessário que nos rearmemos intelectualmente, instruindo-nos para pensar a complexidade, para enfrentar os desafios da agonia/ nascimento desse interstício entre dois milênios, e tratar de pensar os problemas da humanidade na era planetária. Falta-nos compreender que nossa lucidez depende da complexidade do modo de organização de nossas ideias (MORIN, 2002a, p. 27). A despeito da insistência da tecnoburocracia do pensamen- to em institucionalizar fluxos de bifurcações acadêmicas im- portantes, os argumentos de Edgar Morin estão de certa forma contemplados por projetos de universidades mais abertas e po- líticas de criação de núcleos temáticos de pesquisa, numa clara sugestão de redução dos poderes disciplinares. Nessa direção, estão certas investidas universitárias que dão destaque e impor- tância à função multiplicadora desses ‘ruídos’ e que alimentam a tolerância diante de espaços capazes de tornarem mais flexível a rigidez da estrutura acadêmica. “A universidade precisa superar-se para encontrar a si própria”, diz Edgar Morin (2002a, p. 28). Mas é certo que essa autossuperação não se dará estruturalmente, nem em bloco, nem por decreto. Haverá sempre focos de resistência ao novo, e essas resistências são importantes para evitar que o processo de transformação da universidade se torne monolítico, unitário e simplificador. Esses focos de resistência paradigmáticos se constituem mesmo numa ferramenta importante para a autocrítica dos nichos que têm como obstinação a reforma do pensamento e da universidade. 36 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE O mais adequado seria, conforme já aludido na Apresenta- ção deste livro, “distinguir dentro de cada universidade um centro de investigação sobre problemas da complexidade e da transdis- ciplinaridade, assim como ateliês dedicados a problemáticas com- plexas e transdisciplinares. Em decorrência disso, a possibilidade de existência de teses poli ou transdisciplinares deve igualmente estar assegurada” (Morin, 2002a, p. 26). Isso basta, já que tal em- preendimento supõe uma obstinação por vezes desmedida, uma prática científica aberta e pouco normalizadora e, acima de tudo, uma opção por viver, nos limites, a emergência de uma ciência que dialoga com a incerteza, com o inacabamento e com os turbi- lhões caóticos do pensamento. Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN/ Brasil, o ideário da construção de uma ciência menos fragmentada foi sendo exercitado em espaços mais flexíveis da burocracia acadêmica em meados dos anos oitenta do século passado. Assim, já a partir de 1983, o “Núcleo de Pesquisa sobre a Pro- blemática da Seca no estado do Rio Grande do Norte” se propu- nha a exercitar uma metodologia denominada “troca de saberes”. Um princípio matriz orientava uma grande pesquisa desenvolvida na região semiárida do Rio Grande do Norte. Tratava-se de fazer dialogar, contrapor e buscar a comple- mentaridade entre diversas formas de compreensão da seca: as interpretações da ciência, o discurso da política e os saberes siste- matizados pelas populações rurais. Essas três representações so- bre a região semiárida, por vezes, se opõem entre si porque estão ancoradas em visões redutoras a respeito do complexo fenômeno da seca e, por isso, era e é necessário fazê-las dialogar. 37 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Discutir com os técnicos, os políticos e as populações rurais a solução hidráulica, o mito da água como salvação, os megaprojetos governamentais de barragens e irrigação se constituiu na marca identitária de um grupo de pesquisadores de várias áreas do conhecimento: sociólogos, estatísticos, geógrafos, antropólogos, assistentes sociais, pedagogos e psicólogos. Essa experiência de uma ciência que se abre às várias leituras do mundo e dialoga perigosamente com as instâncias da tecnoburocracia do aparelho do Estado e da política consolidou-se certamente pela opção por uma organização metadepartamental e fora das estruturas dos Centros acadêmicos-administrativos da UFRN. Duas de nós que hoje participamos do Grupo de Estudos da Complexidade – GRECOM/UFRN tivemos o privilégio de partilhar dessa experiência. Certamente, entre as aprendizagens importantes da vida acadêmica, Wani Pereira e eu aprendemos a arte da obstinação e do sonho com Tereza Aranha, coordenadora do Grupo da Seca. Não há um ponto zero nem uma origem única em qualquer história, acontecimento ou evento. A história do GRECOM tem também origens diversas e dispersas e, no turbilhão das múltiplas pulsações seminais, estão as circunstâncias que cada um de nós reconhece como singularidades da rede que foi, aos poucos, tecendo nossa vida em comum no grupo. Cada um de nós faz uso do mecanismo psíquico do a posteriori para identificar alavancas que nos empurraram uns para os outros. Quanto a mim, que participei por onze anos do Grupo da Seca, mantenho vivo o sonho gestado ali: abrir a universidade para a sociedade, intercambiar saberes, religar conhecimentos. O parto difícil que 38 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE foi apartar-me do Grupo da Seca fisicamente, gerou na verdade mais conexão e multiplicação do que afastamentos. O contato com a comunidade de pescadores da Lagoa do Piató, propiciado pela pesquisa sobre seca, está hoje mais vivo do que nunca e alimenta monografias de graduação, dissertações de mestrado e teses de doutorado, que amplificam e produzem novas abordagens importantes na matriz de minhas próprias pesquisas, iniciadas em 1986. A concepção de pesquisa não deveria ser reduzida ao tempo estipulado em nossos cronogramas para a construção de um tra- balho científico. Uma pesquisa assim concebida é o congelamento de tempo de qualquer fenômeno. O fenômeno que queremos co- nhecer vive sua própria história, se transforma permanentemente. A ausência dessa concepção faz com que nossas interpretações se tornem rapidamente insustentáveis. Por isso, não se restringin- do a um projeto acadêmico, uma pesquisa poderia ser assumida como um projeto de vida, sobretudo quando se trata de pesquisas com populações, com fenômenos sociais. De minha parte, credito aos trinta e dois anos de visitas siste- máticas aos amigos da Lagoa do Piató não somente o acompanha- mento das transformações da comunidade, mas também o acesso a informações que numa tomada de pouco tempo seria impossível. Reconheço nessas três décadas de pesquisa, sobretudo, a oportunidade que me foi propiciada para uma melhor compreensão do método complexo como estratégia e do método in vivo, tal como formuladas por Edgar Morin. Também uma compreensão mais alargada do que seja um intelectual, a partir da qual é possível falar de intelectuais da tradição. Conforme as 39 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE palavras do pescador e agricultor Francisco Lucas da Silva, “um dia só não é suficiente para conhecer todo um campo”! Sem seguir a linearidade dos acontecimentos no estilo de Cronos, é importante nos rendermos à concepção de Kairós (momento oportuno, auspicioso) para sublinhar um novo elo importante do Grecom com as ideias e apostas mais atuais de Edgar Morin. Saltemos, pois, para 2010, ano que vêm a público suas reflexões atinentes a Um pensamento do Sul. Depois dos Métodos (com foco principal na reorganização dos conhecimentos, religação das ciências e no método como estratégia) e das obras que propugnam pela Reforma da Educação, uma nova estratégia epistemológica, ética e pragmática emerge. Para Edgar, uma refundação da sociedade-mundo atual poderia ser acionada por meio das ‘reservas antropológicas de humanidade’ as quais, em qualquer Continente, exibem os valores da solidariedade, da fraternidade, da criatividade e atitudes de partilha que ainda fluem com vitalidade no seio das sociedades arcaicas e tradicionais. A simbiose do Grecom com as proposições atuais de Edgar Morin a respeito de Um pensamento do Sul alimenta mais ainda a nossa comunhão de ideias com esse Sísifo do pensamento complexo – visto que, desde a década de oitenta do século passado, temos como um dos eixos de pesquisa consolidados a relação entre Conhecimento científico e Saberes da tradição (ALMEIDA, 2017). Uma nova metamorfose recomeça... 40 PERMANENTE COMBUSTÃO “Fluxo generoso da expansão fecundado pelo refluxo centrípeto da reflexão. Por momentos, tudo vertiginosamente se esboroa, na impetuosidade do relâmpago que destrói a velha segurança das certezas. Depois, tudo lentamente começa a convergir e amadurece a permanente combustão/aurora que gera o casulo, o ninho, a casa” Teresa Vergani O casulo: Grupo Morin Para se tornar borboleta, a lagarta precisa passar algum tempo dentro da crisálida, uma membrana que ela própria constrói. Um estado intermediário de vida. Lá dentro, morre grande parte dela enquanto se processa a emergência de uma forma nova da mesma vida. O surgimento do novo ser (borboleta), que supõe a morte de grande parte do antigo (lagarta) se opera, sobretudo, pela propriedade de religar elementos capazes de prover nova vida. EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Foi iluminado por esse espírito de religar, dessa vez saberes, que passou a existir, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em 1992, o Grupo Morin. Nesse ano, sob a orientação de Edgard de Assis de Carvalho, eu havia defendido tese de doutorado na PUC-SP junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais e voltava a assumir minhas atividades acadêmicas na UFRN. Os alimentos de pensamento e de amizade que me foram oferecidos por Edgard Carvalho durante meu mestrado e doutorado, e me serviram de capital cognitivo para que eu coordenasse esse grupo, se expandiram e consolidaram ao longo dos anos. Hoje, já não sou somente eu quem se nutre desses alimentos, mas o conjunto de pós-graduandos com os quais compartilho um tempo de formação, melhor dizendo, com os quais compartilho um tempo precioso de vida e construção de ideias. O Grupo Morin veio responder a uma demanda por parte de pesquisadores e estudantes de várias áreas em torno da temática da complexidade e das ideias de Edgar Morin. Ao invés de multiplicar os diálogos individualizados, optamos pela discussão coletiva, por uma ecologia das ideias. Tínhamos como horizonte a reflexão sobre o processo de produção do pensamento cindido pelo paradigma cartesiano. Contando com pesquisadores das áreas de Educação, Ciências Sociais e Filosofia, o grupo discutia simultaneamente os domínios das objetividades e do imaginário, das historicidades e das idealidades, das formatações culturais e do mundo noológico. O foco das leituras se atinha aos quatro volumes de O Método que até então haviam sido publicados. Nesse espaço, docentes da UFRN, 42 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE sob orientação formal ou informal, desenvolveram seus projetos de licença sabática como etapa de preparação de suas teses de doutoramento. O método de trabalho fixava, por semestre, um tema orientador da leitura, com a finalidade de contribuir, coletivamente, para os projetos individuais de investigação dos pesquisadores participantes. Em outras palavras, para dar conta de um mesmo tema, cada participante se responsabilizava pela leitura de um dos Métodos. Com isso, se potencializava a leitura dos quatro volumes de O Método para ser melhor trabalhada a temática do colega. A sequência leitura individual, discussão coletiva, apropriação individual não seria um dos princípios importantes a resguardar na cultura científica e universitária? A originalidade de uma pesquisa não diz respeito a uma reorganização singular de parte dos saberes a que teve acesso um pesquisador? Tal princípio talvez consolide o sentimento de que cada um de nós é devedor das construções coletivas das ideias. Esse sentimento de débito inibe ou torna sem sentido as atitudes excêntricas e narcisistas, por vezes comuns no meio acadêmico. Distante desse narcisismo, quando Claude Lévi-Strauss precisou esclarecer sobre a edificação do seu método estruturalista, atribuiu à geologia, à psicanálise e ao marxismo, para ele suas três mestras, os alicerces epistemológicos de onde partia. A mesma atitude de débito aparece em Edgar Morin, no livro Meus Filósofos (2013). Ampliando a concepção do vocábulo ‘filósofo’, Morin identifica em personalidades como Heráclito, Descartes, Montaigne, Pascal, Hegel, Buda, Jesus, Marx, Spinoza, Heidegger, Rousseau; nas Psicanálises; no Surrealismo; em 43 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Beethoven; e no conjunto denominado de “Os pensadores da ciência e os cientistas pensadores” (Bergson, Bachelard, Von Neumann, Piaget, Niels Bohr, Popper e outros) os topoi dos quais se alimentou (ora reafirmando princípios, ora os reformulando) para construir suas concepções de Complexidade, Método Complexo, Pensamento Complexo. Nada mais natural, se considerarmos a permanente meta- morfose da cultura científica e as contingências de uma socieda- de-mundo em conexão, do que conceber o pensamento como um fenômeno coletivo marcado simultaneamente pela autonomia e dependência do pesquisador em relação a seus pares e à sociedade em rede. O “penso, logo existo” de Descartes, se entendido como a natureza individual do pensar, se encontra hoje aberto ao debate. É esse um dos propósitos de Bruno Latour em Cogitamus: seis car- tas sobre as humanidades científicas (2016). Nesse livro, o defensor de uma antropologia simétrica propõe que substituamos o “cogito, ergo sum” pelo plural e coletivo cogitamus. O GRECOM tem conseguido viver esse princípio com obs- tinação e, sobretudo, coletivamente? Não sabemos. Mas sabemos, sim, que, quase como um mantra, temos nos alimentado de au- tores e argumentos que alertam para a conexão das pesquisas, a ilusão do gênio individual e, sobretudo, para superar o narcisismo e o sentimento privado dos temas de pesquisa. Voltemos ao Grupo Morin. No primeiro semestre de funcionamento, definimos uma questão central para pensar: O que, ao lado dos condicionantes histórico e sociais datados, permite e impede o exercício de um pensamento mais dialógico e universalista? Motivados por essa 44 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE pergunta, trabalhamos no sentido de identificar nos livros de Edgar Morin temáticas e argumentos que ora ampliavam, ora delimitavam a problemática em questão. Assim, nos detivemos sobre o processo de construção das ideias e a natureza simultânea de abertura e fechamento que constitui a produção da cultura e do conhecimento. Ao mesmo tempo, procuramos compreender o que é o pensamento complexo, seu itinerário mito/lógico e a força dos imprintings paradigmáticos na elaboração das interpretações sobre a realidade. Se hoje a compreensão da dinâmica tensional, do inacaba- mento, das obsessões cognitivas e do paradoxo sabedoria-loucura se constitui numa matriz incorporada e singularizada em quase todos os trabalhos do GRECOM, no início do Grupo Morin, a compreensão dessas dinâmicas da cultura humana se constituíam em ‘descobertas’ instigantes, mas digeridas lenta e pacientemente. As sessões de estudo fluíam num clima de curiosidade e excita- ção argumentativa. Muitas questões, poucas respostas, mas nunca competição e disputa de interpretações. De alguma forma, isso era o esperado, pois estávamos todos diante de uma reorganização singular do conhecimento e dos conteúdos da ciência. Mesmo eu que já tinha contato, desde 1985, com parte da obra de Morin, me senti uma iniciante diante de leituras tão detalhadas e questões que ainda não me haviam sido postas. A sistemática de trabalho, dirigida pela procura de temas comuns, acabou permitindo o registro, por fichamento ou resumo, das leituras de cada participante. O objetivo era criar um banco de dados para posteriores leitores de Edgar Morin. Grande parte das anotações foram digitadas por alguns participantes e 45 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE trocadas entre eles, mas a ideia do banco de dados acabou não se constituindo. Hoje penso que foi melhor assim. Um banco de dados acabaria por gerar modelos de leitura e decifrações, uma gramática cognitiva que se afastaria de uma compreensão aberta e complexa das ideias morinianas. No segundo semestre de 1993, o grupo que no ano anterior era composto por cinco participantes (quatro professores e um bolsista), tornou-se maior, dessa vez com a presença de mais alguns colegas da base de pesquisa “Educação e Sociedade”. Ao contrário do primeiro semestre, quando unificamos as categorias de leitura e dispersamos as obras de Morin, no segundo, em função do interesse comum do grupo, nos detivemos sobre uma obra em particular – O Método IV: As Ideias. Essa sistemática mostrou-se menos fecunda, na medida em que evidenciava certas lacunas justificadas pela ausência de leituras preliminares de outras obras do autor. Não obstante essa falha de roteiro, pode-se avaliar que as reflexões nascidas em grupo levantavam questões epistemológicas relevantes, o que se coadunava com a maturidade intelectual dos participantes. Mas não éramos uma ilha. O Grupo Morin começava a desenvolver suas atividades em intercâmbio com outros núcleos de produção de conhecimento mais consolidados em nossa universidade. Além do “Núcleo de Estudos da Seca” ao qual já nos referimos, tínhamos contato mais próximo com a base de pesquisa “Educação e Sociedade”, coordenada por Willington Germano e com o grupo de pesquisa de duas colegas da área da Física, Marta Maria C. Pernambuco e Maria Cristina Dal Pian, que na época coordenavam o Projeto “Ensino de Ciências a partir de problemas 46 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE da comunidade” (CAPES/SPEC/PADCT). O crescente interesse pelos estudos a respeito da ideia de complexidade se deveu tanto ao intercâmbio com esses grupos quanto aos inúmeros convites para falarmos sobre o que fazíamos, em seminários acadêmicos nas áreas de física e biologia, e em outras atividades formais e informais na UFRN. Podemos avaliar hoje que a consecução de nossos objetivos esteve atrelada ao fato de não nos termos constituído como uma ilha e de termos assumido, como princípio, a colaboração acadêmica e o “comércio das ideias”. Nesse sentido, o contato com as concepções morinianas acabou servindo de elo para conexões com outros pensadores que se põem a mesma problemática de uma scienzia nuova, menos fragmentada, porque mais dialógica e complexa. No primeiro semestre de 1994, nossas leituras seguiram a mesma estratégia metodológica do início do funcionamento do grupo: dispersão das obras e relativa delimitação do foco temático. Dessa feita, as questões eram: como representações e categorias universais podem se tornar obsessivas e servir de estratégia para a manutenção do controle, da ordem e do poder nas sociedades históricas? De que forma as impressões paradigmáticas (concepções de mundo, mundovisões) interferem no processo educativo de maneira a inibir a “pulsão cognitiva” da criação? Compreendíamos a necessidade de abertura a outros recortes de investigação, dada a natureza complexa e multidimensional das ideias de Edgar Morin. Daí porque uma indicação temática de leitura não excluía a reflexão sobre outros temas de interesse de pesquisa dos demais colegas. 47 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Na situação do casulo, que acolhia a gestação de um fazer acadêmico alimentado por um novo estilo intelectual, o Grupo Morin precisava de um espaço para os encontros quinzenais. Foi a base de pesquisa coordenada por José Willington Germano que nos deu acolhida e se tornou o espaço físico para construir nossa crisálida. O colega liberou sua pequena sala para nossos prazerosos encontros “quase sempre às segundas-feiras”, como gostávamos de dizer, para não usar a expressão ‘encontro quinzenal’ que nos parecia mais frio e clichê. Disponibilizar sua sala era, na verdade, uma artimanha e uma senha plena de sentido de que fazia uso Willington. Com o passar dos anos, fomos compreendendo pouco a pouco que aquela sala era uma metáfora do acolhimento, da simpatia e do respeito àqueles exercícios pouco acadêmicos e àquelas ideias. Não havia nenhuma concessão em ceder a sala. Como sabemos, a gratuidade é uma medida que transborda do estado de confluência, partilha e adesão espiritual; e esse era o caso. O tempo foi se encarregando de tornar mais clara a ligação incondicional de Willington com uma ciência aberta e tatuada pela leveza – o que só acomete a intelectuais de espíritos delicados e lapidados pela literatura universal. Desde o Grupo Morin, até hoje, nosso “Calvino Potiguar” tem sido um cúmplice na difícil tarefa de plantar poesia na prosa acadêmica. Na cerimônia de outorga do título de Honoris Causa a Edgar Morin, em 1999, ele foi um dos escolhidos para apor o homenageado com a veste talar. Olhando-o, naquela hora, percebi que Willington estava no lugar simbólico apropriado. Hoje, relendo o seu artigo no livro Polifônicas Ideias: por uma ciência aberta, compreendo que a 48 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE vivência da complexidade extrapola o estar-junto para emergir numa concepção de mundo que deixamos transparecer em pequenos e grandes atos. O curto período de existência do Grupo Morin (1992 até o início de 1994) foi marcado por uma teia de convivialidade afetiva, desprendimento e confluência. Esse estado de ser do grupo era facilitado pela natureza informal e pela descontração e curiosidade que davam a tônica dos encontros. Sem que tivéssemos consciência na época, o Grupo Morin era o casulo aglutinador de interesses diversos que foi construindo um espaço, um estilo e uma estética do fazer acadêmico orientado para rearticular vida e ideias, interrogar as verdades unitárias da ciência e, sobretudo, exercitar um processo de pesquisa mais coletivo e partilhado. A metamorfose: GRECOM/UFRN O GRECOM passa a existir formalmente em 1994. Naquele ano, as diretrizes da administração da UFRN, através da Pró- Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, definiram uma política, cujas indicações norteavam a criação de “bases de pesquisa”. A política de pesquisa implementada na gestão do reitor Geraldo Queiroz representou um projeto acadêmico importante, uma vez que privilegiou investigações temáticas capazes de organizar o investimento coletivo na produção do conhecimento. Essa investida arrojada da UFRN se deveu em grande parte à postura intelectual aguçada da colega Maria Cristina Dal Pian, que soube captar a tendência multi e transdisciplinar da ciência 49 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE no Brasil, sobretudo a partir do final dos anos de 1980. Com essa política, a UFRN se antecipa ao que se tornará indicativo no âmbito dos órgãos gerenciadores ou financiadores da pesquisa no Brasil nos anos que se seguem a 1994. Basta ver os planos e metas de órgãos nacionais como CNPq e CAPES a partir de 1995. Desde o seu nascimento, o GRECOM é constituído por um duplo pertencimento. Além do vínculo com o Programa de Pós- Graduação em Educação, vincula-se também ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – dois programas de pós- graduação pertencentes a dois Centros Acadêmicos (Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes-CCHLA e Centro de Ciências Sociais Aplicadas-CCSA). Esse último Centro dará origem, posteriormente, ao Centro de Educação-CE ao qual o grupo se manterá vinculado. O GRECOM já aparece em 1995 no catálogo da UFRN destinado a apresentar a política de Bases de Pesquisa da instituição, conforme pode ser observado na Parte II deste livro. Nesse documento, são listadas as ‘bases de pesquisa em formação’ e os grupos já consolidados, onde se encontra o Grupo de Estudos da Complexidade. O Grupo Morin tinha diante de si uma opção a fazer e, para isso, avaliamos o que tínhamos à disposição para tomar nossa decisão: 1. argumentos segundo os quais devíamos formalizar o que já era uma prática consolidada; 2. avaliação de que era importante que déssemos maior visibilidade à nossa prática de trabalho a fim de permitir o acesso mais ampliado a outros pesquisadores e estudantes que se interessassem pelos estudos da complexidade; 3. o argumento de que a formalização como 50 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE “base de pesquisa” facilitaria o acesso a fontes de financiamento, necessário à infraestrutura e à pesquisa; e 4. por fim, a sinalização de que a política de fomento à pesquisa pelos órgãos oficiais brasileiros (CAPES/CNPq) privilegiava a partir de então projetos integrados ou multidisciplinares. Esse último argumento nunca se mostrou profícuo e até hoje os financiamentos não chegaram. As duas tentativas feitas foram abortadas por pareceres hilários: em 1994, um parecer dizia não ser possível conceder financiamento porque o Projeto de Pesquisa era coordenado por um recém-doutor. Pelas normas de então, somente após 5 anos de titulação o ‘doutor’ tinha o salvo-conduto para chegar ao céu. Na segunda tentativa, dois anos depois, o comitê avaliador expressava a ‘inadequação’ da proposta em relação à ‘área do conhecimento’. Mas os estudos de complexidade cabem em qual área?, perguntávamos. A partir daí decidimos apostar no efeito multiplicador que tínhamos ao alcance de nossas mãos e mentes. Não abandonamos as pesquisas, mas as desenvolvemos às nossas custas e com o apoio de alguns setores da universidade que cediam, às vezes, carro e motorista para as ‘viagens a campo’. Durante muitos anos, foi a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação quem manteve, com o orçamento destinado às bases de pesquisa, nosso ‘expediente básico’. Na maioria das vezes, porém, viajamos por conta própria, em carro próprio. Fomos sempre, entretanto, acolhidos e ‘financiados’ pelas comunidades de pescadores que sempre nos abriram suas casas e compartilharam sua comida. Afetos, cumplicidades e projetos de vida comuns substituem, muitas vezes e com mais abundância, os financiamentos para pesquisa. 51 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Um exemplo apenas para explicitar o estado de indigência da tecnocracia do pensamento tão comum nos Comitês de financiamento de pesquisa: o financiamento solicitado ao CNPq para o evento “Complexidade e Reforma da Universidade – 10 anos do Grecom”, em 2003 foi negado. O parecer dos avaliadores de Capes/CNPq alega não ser prioritário o pleito. Nos perguntamos na época: como um evento que discute uma experiência de reforma universitária; que exibe uma experiência duradoura de grupo de pesquisa; que problematiza a produção do conhecimento na ciência não é prioritário? Tendo como referência aqueles argumentos e sinalizações, tivemos que decidir entre continuar como um grupo informal, e abrir mão das ‘vantagens’ institucionais, ou deixar acontecer a natural metamorfose do casulo em borboleta, tendo plena consciência da dinâmica entre perdas e ganhos inerentes a esse processo. Como diz Edgar Morin, na transformação do casulo em borboleta há todo um processo de destruição da “larva, à exceção de seu sistema nervoso. Esse trabalho de autodestruição é, ao mesmo tempo, um trabalho de autocriação de onde emerge um novo ser, outro, entretanto, com a mesma identidade” (2002, p. 12). Como um casulo que faz morrer grande parte da lagarta para operar a metamorfose da borboleta, o que estava fadado a morrer no Grupo Morin? Do que não podíamos abrir mão? O que era necessário conservar para preservar? Essas perguntas foram colocadas de forma explícita na época. As indagações eram dolorosas, mas com elas tivemos que nos haver. Estava tão bom o Grupo Morin, tão pouco tenso, tão produtivo, tão afetivo! Por que alçar novos voos? Conseguiríamos manter o 52 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE mesmo clima de trabalho? De outra parte, estávamos vivendo o limite da experiência paradigmática no interior de um grupo não paradigmático. Ou seja, estivemos diante da alternativa: continuar a fazer o que estava dando certo ou encarar uma mudança com todos os ingredientes de incerteza e de risco que ela comporta. Estes eram os desafios: como garantir que o exercício afetivo do diálogo e o espírito coletivo de nossas leituras se mantivessem como sistema nervoso que, na metamorfose do casulo, religa o antigo ao novo, mantendo a ambiguidade da identidade de um grupo que era ao mesmo tempo o mesmo e outro? Como evitar que a tecnoburocracia acadêmica nos sufocasse, com tantos preenchimentos de formulários e enquadramentos em categorias – investimentos que, no nosso entender, nem sempre avaliam o substancialmente produzido de forma criativa? Por outro lado, como abdicar de uma missão tão importante como a formação intelectual de jovens estudantes que poderiam, por sua ligação com a base de pesquisa, ter acesso a bolsas de estudo? Como poderíamos nos omitir diante da missão maior de apostar nesses jovens os quais, nos transcendendo no tempo, pudessem multiplicar a semente de um pensamento complexo que politiza, a partir de uma ética da solidariedade e da cumplicidade, a relação entre o homem e o mundo? Havia ainda outro ponto a considerar nessa tomada de decisão e esse ponto era, como ainda é hoje, crucial para nós. Trata-se da composição híbrida e mestiça que nos caracteriza. Além de docentes e alunos vinculados a duas pós-graduações e a vários departamentos e áreas do conhecimento da UFRN, nosso grupo congrega também artistas e pesquisadores de outras 53 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE universidades, além de intelectuais de fora da academia. Como garantir essa composição heteróclita, no fundo, uma condição necessária (mesmo que não suficiente) para religar disciplinas, investir no diálogo entre ciência, arte e literatura, saberes da tradição e reatar os laços entre universidade e sociedade? Considerados todos esses argumentos, decidimos (não sem sofrimento) por nos render à metamorfose do casulo em borboleta, sabendo que não poderíamos abrir mão de um estilo de ser que garantisse nossa adesão aos ideários de uma ciência aberta, complexa e transdisciplinar. Desafio posto, opção feita. Na rota da incerteza, a borboleta alça voo. Deixamos de ser o Grupo Morin para nos transformar no Grupo de Estudos da Complexidade – GRECOM. Merece destaque a participação dos alunos de graduação, de áreas diversas, que iniciaram suas trajetórias científicas no âmbito do grupo. Como bolsistas de iniciação científica PIBIC/CNPq, logo no nascimento do GRECOM, oito estudantes realimentaram a cognição coletiva, entre os anos de 1994 e 1998. Participaram de pesquisas de campo no interior do RN; discutiram com mestrandos e doutorandos o que vem a ser o método complexo, empenhando-se em exercitar, pelas suas singularidades e ardor juvenil, uma textura da vida acadêmica pautada no sentimento coletivo e na partilha das ideias. Dos primeiros oito bolsistas de graduação, três tiveram seus trabalhos premiados em diversos Congressos de Iniciação Científica na UFRN, evento de avaliação local e nacional do desempenho intelectual de iniciantes na pesquisa. Com o aumento do número de orientandos de pós-graduação, durante 54 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE dois anos deixamos de solicitar bolsa para graduandos. A partir de 2002, voltamos a receber bolsistas financiados pelo CNPq no nível de graduação. Com o passar dos anos, a aposentadoria de alguns pesqui- sadores permanentes, minha própria aposentadoria e mudança de regime de trabalho (quando me religuei à universidade como Professor Colaborador Voluntário, com atuação exclusiva na pós-graduação) foram reduzidas as participações de bolsistas de graduação. Hoje, com a vinculação institucional do biólogo Thia- go Emmanuel Araújo Severo, pesquisador que concluiu mestrado e doutorado conosco, temos o retorno dos estudantes de gradua- ção, sobretudo ligados às áreas de Biologia e Pedagogia, domínios que, interconectados, são o foco de interesse e pesquisa do jovem colega. O quase sempre bem-vindo barulho, mas principalmente a alegria contagiante desses alunos nos fazem lembrar a noção de “juvenilização” trabalhada por Edgar Morin no Paradigma perdi- do (1979). Por esse vínculo com a graduação, também responde Tiago Lucena, vinculado à Escola de Ciência e Tecnologia que, além disso, realimenta um intercâmbio do GRECOM, iniciado no ano de 2010, com o Centro de Estudios Universitarios ARKOS, de Puerto Vallarta, México. Além dos professores ligados à UFRN e vinculados a Departamentos e Unidades Acadêmicas diversas (Departamento de Práticas Pedagógicas e Políticas, de Filosofia, de Geografia e Escola de Ciência e Tecnologia, etc.), a equipe de pesquisadores mais permanentes sempre contou, e conta ainda, com docentes e profissionais ligados a outras instituições de ensino superior do estado do Rio Grande no Norte, algumas públicas, outras 55 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE privadas. Alguns desses colegas estão vinculados à Pós-Graduação em Educação da UFRN, caso da colega Josineide Silveira de Oliveira, vice-coordenadora do grupo, que comigo compartilha cotidianamente os desafios e as demandas interinstituicionais, que não são poucas. Outros, mesmo não co-habitando cotidianamente nossa base física, em Natal, e residindo em outros estados brasileiros, participam ativamente de projetos comuns – como pode ser observado pelas referências feitas aos intercâmbios do GRECOM na segunda parte deste livro. É importante ressaltar que, assim como o Grupo Morin foi o casulo de onde emergiu o GRECOM, também o GRECOM tem se tornado um casulo para a emergência de outros grupos afinados com o pensamento complexo, às vezes no interior da própria UFRN – o que denota o impulso de multiplicar experiências singulares e mesmo congêneres que dialogam entre si. Exemplos disso são os grupos de pesquisa Marginália e Mithos-logos, iniciativa dos colegas Alex Galeno Dantas, Josimey Costa e Orivaldo Pimentel. Essa dinâmica de expansão, por um lado, reduz em parte o número de colegas professores que no dia a dia estão presentes na Sala Edgar Morin, nome do espaço que habitamos, no Centro de Educação. Por outro, põe em ação uma certa contaminação virótica das ideias que parece acontecer espontaneamente dentro e fora dos espaços acadêmicos. Esse é o caso da parceria com o Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia-IFRN, maior instituição pública brasileira de ensino médio, que no seu corpo docente conta com quatro professores que fizeram no GRECOM sua formação doutoral – um historiador, um filósofo, uma pedagoga e um biólogo, esse último, o Reitor atual da instituição. 56 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Alguns pós-graduandos, no retorno às universidades de origem após a conclusão de seus doutorados, criam grupos congêneres com os quais mantemos intercâmbio por meio de seminários. Esses grupos estão sediados em universidades públicas, na sua maioria, e em algumas cidades do Nordeste do Brasil. O último desses grupos foi instalado no final de 2017 pelo biólogo Jair Moisés de Souza na cidade de Patos, campus da Universidade Federal de Campina Grande, estado da Paraíba. Fora do espaço acadêmico, os princípios éticos e estéticos atinentes às ciências da complexidade ecoam em eventos sociais da Arquidiocese de Natal, em espetáculos teatrais na cidade, exposições de arte, entre outros eventos. O registro da dinâmica viva do GRECOM ao longo de 25 anos, suas atividades acadêmicas, a metamorfose das linhas de pesquisa, os projetos de extensão, as temáticas diversas dos tra- balhos de graduação, mestrado e doutorado, as publicações e coleções editoriais aparecem na parte II deste livro, sob o títu- lo “Reinventar a Universidade”, e é parte da pesquisa doutoral de Mônica Karina Santos Reis. Ali, por meio de listagens e imagens, se pode ter uma dimensão, mesmo que incompleta e parcial, dos propósitos e, sobretudo, da expansão desse grupo de pesquisa. Daí por que o argumento de tese defendido por Mônica Reis dizia respeito à afirmação de que “o GRECOM é um modelo reduzido de universidade” (Claude Lévi-Strauss). Em outras palavras, e da perspectiva da relação Parte-Todo em Edgar Morin, o GRECOM se constitui numa Parte que, mesmo no interior de um Todo, o ultrapassa e supera. 57 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Entre a imanência e a transcendência Como tudo o que é complexo, a reorganização da cultura científica no interior das universidades brasileiras, com vistas a uma religação dos saberes apresenta focos de resistências e obstá- culos quase intransponíveis. Assim, o que à partida se constitui um agenciamento intelectual importante, abrigará por vezes, da parte da “tecnobrocracia acadêmica” ou dos Comitês nacionais, compreensões distorcidas, burocratizações excessivas, militari- zação do pensamento, vigilâncias cognitivas, multidisciplinari- dades encaixadas por oportunismo, ou como palavras de ordens destituídas de uma base epistemológica complexa. Regressões em complexidade, horizontes transdisciplinares interceptados, “aplicação” de conceitos, receitas de metodologias de pesquisa ex- pressam, assim, no interior mesmo das ciências da complexidade (sempre no plural, conforme Ilya Prigogine), o tecido apodrecido, necrosado, do pensamento da disjunção ou da redução. Dessa perspectiva, a criação de ‘bases de pesquisa’ acabou, por vezes, engessando o esforço coletivo das investigações nas universidades, ou, o que é pior, forçou e fixou elos temáticos, tornando mais visível a discórdia cognitiva, a superposição disciplinar, a atomização de domínios ou áreas de conhecimento. Uma colcha de retalhos com costura grossa, distante certamente da imagem de uma tapeçaria – uma das metáforas usadas por Edgar Morin para falar de complexidade e da religação dos saberes. Essa avaliação, longe de querer demonstrar o fracasso das políticas de pesquisa com base em grupos temáticos, permite alertar sobre o perigo de transformar políticas indicativas em programas 58 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE normativos que, via de regra, inibem a criatividade científica e a liberdade intelectual. O veneno abortivo, o ingrediente que mata a imaginação criadora, e a redoma que sufoca ‘o novo espírito científico’ são, sem dúvida, a vigilância cognitiva e a burocracia do pensamento. O GRECOM não escapa dessa vigilância. Aliás, tem tudo para se tornar um excelente álibi para o controle da tecnoburocratização do pensamento e da autocretinização (Morin). Assim, ao mesmo tempo em que foi uma das referências para pensar a reorganização das pesquisas na universidade, recaem sobre ele, algumas vezes, cobranças e exigências absolutamente estranhas e mesmo inócuas, sem sentido. Exemplo disso é a dificuldade em convidar pesquisadores para compor bancas de avaliação das teses e dissertações: exigência de vinculação a uma Instituição de ensino universitário; número de publicação em periódicos qualificados de excelente pelo Qualis1; ser cadastrado no Diretório Nacional dos Grupos de Pesquisa do Brasil, e assim por diante. Porém, tudo tem dois lados. Fora da vitimização, avaliamos hoje que o prato da balança que mais pesa tem sido o reconhecimento conquistado pouco a pouco dentro da própria universidade. Malgrado alguns focos insulares de resistência, e mesmo de olhares desclassificatórios, desde o Grupo Morin até hoje, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que neste ano de 2018 completa 60 anos, sempre acolheu com respeito a ciência que fazíamos, do 1 Qualis é o conjunto de procedimentos utilizados pela Capes para estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas de pós- graduação. O Qualis, diz-se, afere a qualidade de artigos e de outros tipos de produção, a partir da importância atribuída pelos “comitês de áreas de conhecimento” aos veículos de divulgação, ou seja, periódicos científicos e anais de eventos. 59 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE modo que fazíamos. Avaliar, pois, se esse reconhecimento veio em decorrência do reconhecimento por parte de espaços sociais fora da academia; ou da comunidade científica fora do Brasil; ou da ousadia, obstinação e criatividade do próprio grupo não é o caso. Talvez seja mais pertinente avaliar que esse reconhecimento foi fruto da conjugação de todas essas contingências. Em decorrência dos ideários e da concepção de conhecimento do GRECOM, seu formato, as atividades de formação acadêmica, mas também das atividades extra-acadêmicas e do compromisso com grupos que se formam por capilaridade, o grupo tem uma composição que extrapola a estrutura de uma “base de pesquisa”. Além dos professores doutores, que figuram como pesquisadores permanentes (sejam eles vinculados ou não a uma pós-graduação), e dos graduandos e pós-graduandos, parte substancial dos participantes é composta por jornalistas, artistas plásticos e profissionais não ligados à universidade. A composição mestiça de espaços de pesquisa incomoda o paradigma científico. É preciso resistir, entretanto, aos enquadramentos para manter a criatividade e a liberdade de pensamento. É possível criar artifícios e estratégias para isso? Sim. Por exemplo, em alguns artigos compartilhamos a autoria com intelectuais não universitários – caso de artigos e livros onde aparece como coautor o nome de Francisco Lucas da Silva, intelectual da tradição, agricultor e pescador da Lagoa do Piató. Seria justo e ético excluir o nome de quem em parceria conosco elaborou reflexões e argumentos que são a base de um artigo? Assim, posteriormente aos interrogatórios e alertas dos burocratas da pesquisa, sucedia sempre uma autorreflexão: como 60 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE não considerar parte integrante do grupo colegas que participam ativamente do nosso dia a dia e se autorreconhecem como uns de nós, fecundando outros espaços com a mesma semente de uma ciência aberta? A concepção de base de pesquisa nas instituições universitárias bem que poderia incluir, para além de critérios produtivistas e tecnocratas, as ideias de um estado de espírito, identidade de ideias, fluxo comum da vida intelectual, cumplicidade temática e ética. A pesquisa, o tema, a forma de abordagem do fenômeno, o tempo de dedicação do pesquisador em parceria com o bolsista, o mestrando ou o doutorando, tudo isso precisa estar atrelado a um horizonte mais alargado de compreensão da ciência e da missão do intelectual. Talvez seja possível pensar a universidade como um conjunto de pessoas que se tornam intelectuais por convicção e por acreditar que as interpretações e as palavras imprimem sentido e dão vida às coisas. Isso é possível de forma generalizada e extensiva a toda comunidade acadêmica? Certamente não. A universidade, como tudo o que é da ordem do humano, comporta também, e sempre, a instrumentalidade, a burocratização, a ausência de ideais universitários, a apatia. Enfim, o desencontro do sujeito com o lugar que ele ocupa. Mesmo assim é possível repensar a universidade, lançar as bases de uma reforma que, não se processando por decreto, escolha o caminho da paciência e da obstinação. Como sabemos, toda longa caminhada se dá passo a passo, nenhum projeto arrojado acontece da noite para o dia, nem chega ao final tal como foi concebido. 61 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE A transformação do Grupo Morin em Grupo de Estudos da Complexidade pode ser considerada um alargamento de ho- rizontes rumo a uma minirreforma da universidade, exercitada no interior da comunidade acadêmica maior. A metamorfose do Grupo Morin em GRECOM possibilitou também a expansão do desafio de compreender a dinâmica da complexidade. É necessário sublinhar que a noção de complexidade emer- ge no século passado como uma importante construção da co- munidade científica, capaz de rearticular os distintos domínios do conhecimento. Para Edgar Morin a concepção de comple- xidade, tal como assumida por ele, é usada pela primeira vez em O novo espírito científico de Gaston Bachelard. A ideia de complexidade pode se tornar um operador cognitivo privilegia- do, para rejuntar e fazer dialogar as ciências da vida, as ciências do mundo físico, as ciências do homem, sem excluir os saberes da tradição, separados que foram pelo pensamento aristocrático, disjuntor e reducionista. Por outro lado, uma epistemologia da complexidade supõe uma atenção redobrada para evitar que a diversidade temática sucumba no âmbito do generalismo estéril ou que um suposto novo paradigma se instale a partir da exclusão dos conhecimentos acumulados na história das ciências. Mais precisamente, tendo como referência a perspectiva transdisciplinar, trata-se de exercitar uma reordenação do conhecimento, de forma que se possa ampliar os princípios da cultura cientifica, configurando-os como uma exigência social e política vital do nosso tempo. Assim, o GRECOM alarga a rede de referências teóricas a respeito do pensamento complexo. A partir de um elenco de 62 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE pensadores que inclui Edgar Morin, Ilya Prigogine, Henri Atlan, David Bohm, Werner Heisenberg, Teresa Vergani, Humberto Maturana, Jöel de Rosnay, Boris Cyrulnik, Emilio Roger-Ciurana, Norval Baitello Junior, Raúl Motta, Edgard Carvalho, além de outros. A partir dessa matriz originária e da interlocução substancial com poetas, artistas e intelectuais da tradição, o grupo vai construindo sua própria identidade, ela mesma híbrida, mestiça, por vezes ambígua, indefinida e porosa. Os pensadores, argumentos e noções que emprestam luminosidade à reflexão coletiva e aos focos pontuais das pesquisas oscilou, ao longo dos anos, entre a permanência e a renovação de certos autores e argumentos. Por vezes, a relação entre ciência e literatura ganha princi- palidade nos trabalhos. Esse é caso de uma dissertação que, ten- do por base o livro A parte e o todo de Werner Heisenberg e a montagem de uma peça de teatro (O tempo da chuva) defende a simetria entre ciência e arte. “A ciência como montagem, a montagem de uma peça de teatro como ciência” é o argumento central defendido pelo autor. Uma tese intitulada “Frankenstein, o Prometeu Moderno” se atém ao consagrado romance de Mary Shelley e a noção de laboratório de Bruno Latour para tecer a relação entre ciência, literatura e educação. É o caso também da tese “O que é compreender?”, na qual a pesquisadora se desloca metaforicamente pelos territórios visitados por Gulliver (de Jonathan Swift) em companhia de Edgar Morin, Hans-Georg Gadamer, Maria Zambrano e muitos poetas para problematizar o enigma da compreensão. Esse diálogo entre ciência e literatura vai ganhando lumino- sidade com o passar do tempo. A dissertação “Alfabetos da alma: 63 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE histórias da tradição na escola” bricola argumentos e ideias de Yves Bonnefoy, Edgar Morin, Teresa Vergani, Joseph Campbell, Lewis Carroll e Michael Ende para propugnar por uma educa- ção capaz de reaver um alfabeto da criatividade, da fantasia. Em duas outras dissertações – “Para uma Pedagogia do Fingimento” e “Uma Pedagogia da Doce Ira” – são as obras de Fernando Pessoa e Mia Couto que, respectivamente, oferecem a base para repensar a educação e o processo de autoformação. O gênero epistolar é outro eixo de pesquisa que foi ganhando densidade epistemológica a partir de uma tese de doutorado defendida em 2004 e intitulada “A formação pela escrita do amor”. A essa pesquisa, que se ateve à correspondência do lógico e filósofo Abelardo, no século XII, para sua aluna Heloisa, se seguiram outras. A tese de um profissional da saúde sobre “As lições do vivo: ciências da vida e complexidade”, com base nas ideias de Jean-Marie Pelt e nos saberes de Francisco Lucas da Silva sobre a natureza, é apenas mais uma de tantas outras que vieram a seguir. Atualmente, também estruturada no modelo de cartas, está sendo finalizada uma tese sobre os múltiplos saberes de um intelectual da tradição que se dedica a cuidar de um sítio arqueológico (o Vale dos Dinossauros) no interior do estado da Paraíba, nordeste do Brasil. “Robson Marques, o Guardião de histórias: por uma ciência da tradição” é o nome provisório da tese. Certamente, o conjunto de pesquisas, dissertações e teses que se atêm à relação de simetria e troca entre Saberes científicos e Saberes da tradição se constitui no capital cognitivo mais consolidado do grupo, e é impossível destacar aqui todos esses trabalhos, que de fato replicam de forma rizomática uma 64 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE pesquisa matriz iniciada há três décadas, conforme já referido anteriormente. Além de eixos temáticos consolidados mais coletivamente, a multiplicidade de temas responde pelas especialidades de formação dos pós-graduandos. Alguns vindos da biologia centram suas pesquisas numa epistemologia complexa sobre a “importância da experiência como ordenação da realidade” com base em Heisenberg, ou sobre “as obsessões cognitivas de Charles Darwin” (seus daimons), ou sobre “uma biologia de base complexa”. Outros, oriundos da filosofia se esmeram em construir uma filosofia complexa. É o caso da tese intitulada “Errar, verbo plural: uma crítica à concepção individualizante do erro”, que faz uma conexão entre a importância do erro para o conhecimento, segundo Edgar Morin, e a concepção de erro em Donald Davidson. Outros revisitam as feiras livres, compreendendo- as como espaços de convivialidade e criatividade. E assim por diante. O caleidoscópio multitemático das pesquisas dos pós- graduandos ligados aos Programas de Pós-Graduação em Educação e em Ciências Sociais, desenvolvidas no GRECOM, se encontram na Parte II deste livro. Deslocamentos paradigmáticos. Caminhos de fugas semân- ticas e epistemológicas. Ultrapassagem de limites disciplinares. Complementaridades entre luz e sombra. Encaixes imperfeitos. Metamorfoses conceituais. Hibridação de campos de conheci- mento. Criatividade. Experimentação noológica e de estratégia de método. Recusa da verdade única. Uma verdadeira aeróbica dos neurônios para construir novos fragmentos de complexida- de capazes de repensar a prática acadêmica, mas também a vida pessoal e o diálogo interpessoal. 65 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE A avaliação que faço é a de que, ao longo desses vinte e cinco anos, fomos experimentando a matriz teórico-epistemológica que bebemos na fonte dos principais mestres da complexidade, para reconstruir essa matriz à nossa maneira. Dito de outro modo, o GRECOM não deveria ser compreendido como um espaço de divulgação das ideias de cientistas e pensadores das ciências da complexidade. Nada mais distante dos princípios do pensamento complexo, conforme Edgar Morin. O pensamento complexo supõe reconstrução permanente, criatividade de método, aposta e risco. As dinâmicas que caracterizam o cotidiano da formação acadêmica no GRECOM, interligando ensino, pesquisa e extensão, são detalhadamente expostas, por Mônica Reis, na segunda parte deste livro. Não podemos deixar de observar, porém, que a nossa maneira de perceber o papel da orientação na formação do indivíduo está cercada também de desencantos e decepções. Quem, como educador, não se decepcionou ou se abateu quando percebeu atitudes egoístas, descomprometidas, perversas, antiéticas, cruéis, hipócritas ou mesmo a falha de caráter de alguém com quem partilhou a aprendizagem de ‘viver e conhecer’? Quantos de nós não se perguntaram: ‘mas como isso é possível’? ‘Não valeu de nada todos aqueles anos’? Diante desses desencantos e estranhamentos, apenas uma reflexão é possível, e mesmo assim ela não nos unta com o bálsamo de uma resposta tranquilizadora: o terreno da vida e do conhecimento é uma argamassa que acondiciona fluxos de vida e liberdade, mas também forças de egoísmo e maldade. Estamos, ainda e sempre, no sítio do humano, lugar onde o paradoxo da dureza e da leveza, do cristal e da fumaça é ao mesmo tempo maldição e esperança. 66 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Se é assim, que apostemos no polo da esperança e celebremos com eufórica humildade os fragmentos de complexidade que fizemos emergir, as pequenas brechas que surgem em meio ao turbilhão das forças de resistência, resignação e retrocessos do pensamento. Afinal, é do improvável e do infinitamente pequeno que emergem o novo e o infinitamente grande. Para que haja a autofecundação das flores, é necessário que um mensageiro faça o transporte do pólen na antera para o pistilo. É isso a polinização. Esse processo de reprodução das flores, longe de se constituir um evento isolado, atualiza e regenera os ciclos de fertilidade da vida e reafirma a autonomia e a dependência dos sistemas vivos. Orientados pelo mesmo padrão, os sistemas de ideias se re- generam pela alternância e simbiose entre autonomia e depen- dência. Da mesma forma, todo conhecimento se processa pela auto-exo-referência. A imagem da polinização é fecunda para pensar a produção, disseminação e auto-organização de um conhecimento complexo que religa universidade e sociedade. Sabemos que a autofecundação intelectual necessita de referências externas, de exorreferências. Por consequência, a universidade e a ciência precisam ultrapassar o limite dos saberes esotéricos, confinados na comunidade dos iniciados e experts, para nutrir e polinizar conhecimentos exotéricos, disseminados publicamente. A universidade só se regenera se amplia o espaço de seus interlocutores, se se reconhece como o lugar de lapidação do conhecimento comum e, por isso mesmo, não pode perder seus elos com fluxos de saberes mais ágeis, mais livres, por vezes mais fecundos e criativos. 67 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE O conjunto das atividades do GRECOM se afina com essa concepção de universidade e de ciência. Como se fosse para dar vida à ideia de ‘modelo reduzido’ de Claude Lévi-Strauss, como argumenta Mônica Reis na segunda parte deste livro, o GRECOM chega, às vezes, a se assemelhar a uma miniuniversidade. É às vezes reconhecido como desempenhando, em escala reduzida, as múltiplas dimensões da Universidade. O professor Geraldo Magela Fernandes, quando diretor do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, assim se referiu ao grupo, por ocasião de uma cerimônia acadêmica na UFRN, por volta do ano de 1995. Olhando hoje para a sinfonia das ideias executada nesses 25 anos, reconheço um método que foi sendo construído à medida que caminhávamos. GESTAR, EXPANDIR, EXPULSAR e CONSOLIDAR constituem, juntos, o método quaternário que espelha a vida do GRECOM2. Como uma mandala de quatro pontas, qualquer uma delas remete e pode se desdobrar na outra. Por outro lado, como um ponto qualquer de um holograma, cada um desses movimentos contém as propriedades comuns a todos. 2 Em um dos ensaios do livro O mundo das Imagens, Nise da Silveira mostra como o pensamento ocidental tem cristalizado os modelos ternários. Assim, temos tese, antítese e síntese; pai, filho e espírito santo, etc. Para a psicanalista junguiana, haveríamos que tentar a construção de um modelo quaternário. Para ela, a introdução de Maria no modelo do pensamento cristão ampliaria a tríade consagrada. Resta saber como as ciências da complexidade poderão, por meio de uma concepção epistemológica mais radical, oferecer estratégias de método capazes de ultrapassar as sínteses conclusivas que, de resto, se constituem operadores de verdade, para introduzir as desordens, ruídos e incompletudes que estão no âmago das metamorfoses dos fenômenos. 68 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE No caminho que fomos traçando ao andar, conforme os versos do poeta Antônio Machado tantas vezes referidos por Edgar Morin, a ousadia foi nossa grande companheira. Não tendo aqui a intenção de listar e discorrer sobre todos os projetos e eventos que denotam uma ciência aberta, articuladora de saberes dinâmicos diversos, faço apenas uma referência, talvez a mais singular, permanente e fundamental: fazer dialogar os saberes da ciência e da tradição não científica é mais do que um objetivo e uma meta de parte dos que fazem o GRECOM. Polinizar e fecundar essa “nova aliança”, sem reduções nem traduções, tem sido o horizonte e o arco-íris luminoso diante dos quais experimentamos o desafio da infinitude, do inacabamento e da volatilidade do conhecimento. O amigo e pescador Chico Lucas percebe hoje, ao longo dos 32 anos de convivência e parceria, a importância de seus múltiplos saberes na reconstrução dos conhecimentos que ruminamos, fertilizamos e construímos juntos. Com ele temos aprendido a pesquisar melhor, a escutar e ler outras linguagens que não são as das palavras mortas. Com ele temos trocado experiências de interpretação do mundo. A Lagoa do Piató tem sido, em muitas situações, um laboratório de vida, um oráculo que permite alternar palavra e silêncio, alternância sem a qual não há nem conhecimento, nem reflexão, conforme defende insistentenmente o educador indígena Daniel Munduruku. Nossa caminhada em direção ao conhecimento complexo seria certamente muito enfadonha e avançaria muito pouco se não fosse a escola viva dos saberes da tradição. Essa escola viva 69 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE tem nos aproximado da natureza paradoxal que está dentro e fora de nós. Dos saberes e linguagens que dali emergem, temos nos alimentado e nos refeito para enfrentar com paciência, tolerância e parcimônia a crueldade e a dureza que, por vezes, povoam o mundo da universidade. Esses saberes não domesticados são o contraponto e o complemento sem os quais nenhuma nova ciência, aberta e complexa é possível. Os fluxos da polinização do GRECOM não se esgotam pelas palavras escritas, nem se limitam aos registros feitos aqui. Não há um mirante nem um lugar privilegiado de onde possamos, com nitidez e exaustão, ver, ouvir e tocar dinâmicas da vida acadêmica que foram, ao longo desses anos, gestando outras maneiras de viver e conhecer. Não há construção de linguagem possível para descrever com exatidão as experiências, ao mesmo tempo frágeis e fundadoras, de transpor limites da vida acadêmica. Todo fenômeno e todo ato são sempre maiores ou menores do que suas enunciações. Essa forma de dizer não reduz a importância das palavras, esse instrumento de trabalho essencial do intelectual. Sabemos muito bem que há palavras e dizeres que matam, inibem, produzem silenciamento e encarceram o espírito humano, enquanto outras geram vida, mobilizam, incitam à criatividade, libertam o intelecto. Mas a palavra sem ato é uma mentira rebuscada e todo ato diz mais do que uma constelação de palavras. As palavras, portanto, são meios e nunca fins, por isso elas não bastam. São necessárias, mas não suficientes. É entre a imanência e a transcendência, entre a palavra e a coisa, entre a vida, a morte e o sonho que se abre o desafio de viver a complexidade. 70 VISITANTES PIONEIROS “Poesia e ciência são entidades que não se podem confundir, mas podem e devem deitar-se na mesma cama. E quando fizerem espero que dispam as velhas camisas de dormir.” Mia Couto Leves pousos Em meio ao calor das ideias (Morin) e as fagulhas de um conhecimento espermático (Atlan), nos primeiros dez anos de vida do GRECOM, sobrevoam e pousam no semiárido do Nordeste do Brasil seres alados: Edgar Morin, Dietmar Kamper, Henri Atlan, Teresa Vergani, Norval Baitello Júnior, Raúl Motta, Edgard de Assis de Carvalho, dentre outros importantes amigos do GRECOM. Nos anos seguintes e até hoje, alguns desses agenciadores de complexidade voltam a nos revisitar, outros desembarcam por aqui pela primeira vez. Alguns permanecem entre nós por mais tempo e deixam marcas profundas. Outros fazem da intensidade um amplificador de seus breves pousos, nos marcam da mesma forma. Todos eles veem, escutam e tocam nossos sonhos, nossos EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE projetos. Constroem suas imagens sobre o GRECOM, dessa vez a partir do visível e do tangível, mesmo sabendo que “sempre haverá o inacessível”, como fala Lévi-Strauss. Cada um desses amigos do GRECOM parece habitar a Terra-Mãe, reatualizando atributos e qualidades de personagens da mitologia universal. Para não me alongar, cito os primeiros a chegar e, para construir seus ‘retratos falados’, inicio cada fragmento a seguir com a síntese de sua persona mítica3. Essa chave de sentido é mais do que o curriculum vitae de cada um. Dionísio (Edgar Morin). Divinidade infernal. Simboliza o desencadeamento ilimitado dos desejos e da liberdade de qualquer inibição ou repressão. Seu alimento é a insaciedade e essa supõe o inacabamento. Para Jung, Dionísio simboliza o abismo da “dissolução apaixonada” de cada individualidade humana. É geralmente apresentado como um deus jovem, tendo a fronte e o corpo envoltos em hera e cachos de uva. Edgar Morin veio a Natal pela primeira vez em 1998. Para que isso se tornasse possível, o acaso se encarregaria de fazê-lo saber da existência do Grupo Morin (depois GRECOM) e situações adversas o faria, por três vezes, cancelar sua visita à UFRN. Tudo começou assim: em janeiro de 1993, por intermédio da belga Vinciane Callebaut, Edgar Morin recebe em Bruxelas um exemplar de minha tese. Em Bruxelas, Morin proferia uma 3 A síntese dos personagens mitológicos teve por referência as obras: Dicionário de Mitologia Grega e Romana de Joël Schmidt. Trad. João Domingos. Lisboa: Edições 70, 1995; O Livro de Ouro da Mitologia: História de Deuses e Heróis de Thomas Bulfinch. Trad. David Jardim Júnior. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 2001; Dicionário de Símbolos de Juan-Eduardo Culot. Trad. Rubens Eduardo Ferreira Frias. São Paulo: Editora Moraes, 1984. 72 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE conferência no evento “Para um novo pensamento socialista”, promovido pela Universidade Livre de Bruxelas. A partir daí se inicia o contato entre ele e o GRECOM. Em 5 de fevereiro de 1993, me envia a sua primeira carta: Chère Madame J’ai bien reçu votre lettre du 12 janvier. Je ne connais pas assez le brésilien pour lire votre Thèse, mais j’espere que vous m’en parlerez. Je ne serai pas à cette date en Argentine, mais je serai probalemnt au Brésil en novembre, et je pourrai faire un arrêt à Natal. Très amicalemnt, Edgar Morin A expressão “j’espere que vous m’en parlerez” (da tese) ecoava como uma sentença de interdição. Como poderia eu falar de minha tese para Edgar Morin se eu não dominava o francês? Se todo o meu francês só era suficiente para ler seus livros, já que a tradução para o português demorava um pouco? Ler, tudo bem, sobretudo porque livros como Pleurer, aimer, rire, comprendre (Arléa) e Une année sisyphe (Seuil) aguçavam minha curiosidade: eu queria saber como era o dia a dia de um intelectual tão múltiplo, tão instigante, tão desafiador. Resolvi assim o problema da tese: fiz uma síntese, traduzida por uma amiga, e enviei, de Bruxelas, aquelas páginas para Edgar Morin. O texto de oito laudas, que tem por título Chemins Cognitifs de la Complexité, continua inédito, mas cumpriu sua função. 73 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE A partir daí fomos, Edgar e eu, tentando vencer a dificuldade de comunicação pela língua. Eu tentava ultrapassar o bloqueio de falar com ele já que, em outras situações e com outras pessoas, experimentava palavras e construções de frases e me fazia entender. Logo, o problema não era só meu péssimo francês, mas também a emoção e a timidez que tomavam conta de mim quando encontrava com o Ulisses do pensamento complexo. Quanto a ele, sua generosidade o fez trazer de volta o espanhol da infância, o que facilitava nossas conversas. Nas duas primeiras vezes em que esteve em Natal, andava Morin com um pequeno dicionário espanhol-português que se tornou em alguns momentos nossa tábua de salvação. Informado sobre a existência do grupo de estudo que levava seu nome, Edgar Morin envia outra carta, dessa vez datada de 21 de junho de 1993. Fala também sobre um convite da UFRN para visitar Natal. O convite ao qual se referia Morin havia sido feito pelo então reitor Geraldo dos Santos Queiroz. Para celebrar os 35 anos da UFRN, a reitoria projetava instalar um Fórum de Estudo do Homem, evento anual que contaria com a presença de um convidado de expressão internacional. O primeiro Fórum teria como conferencista Edgar Morin e, dada a impossibilidade de sua vinda, na data prevista no convite, o Fórum não se realizou naquele ano. Aconteceu em 2003 (na terceira vinda de Edgar a Natal). Em 1995 o Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes convida-o para fazer a conferência de encerramento da tradicional e pulsante Semana de Humanidades, naquela época. A vinda para a UFRN seria em seguida de sua estadia em Porto Alegre, onde Edgar Morin participava de um evento. Pouco antes de embarcar 74 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE para Natal, ele recebe a notícia de que sua esposa Edwige está doente. Nos informa do imprevisto, volta para Paris. Cancela Natal novamente. Dessa vez foi um transtorno. Um seminário de três dias, “Complexidade e Reforma do Pensamento”, ministrado por Edgard de Assis Carvalho preparava a chegada de Morin. A imprensa se mobilizara para entrevistas, reportagens. Pelos corredores dos prédios do campus, uma estudante que chegara de outra cidade com uma mochila nas costas, perguntava onde se encontrava Morin. Edgard Carvalho o substituiu na conferência de encerramento, mas nem ele nem eu dissimulávamos nossa tristeza. Em 1996 nova promessa, outro cancelamento. Enfim, Edgar Morin chega a Natal pela primeira vez em maio de 1998. No tempo mínimo entre dois entardeceres e duas noites, expõe a vitalidade intelectual de um viajante incansável, em pleno fervor da juvenilização. Para a conferência da noite, o auditório da Escola de Música da UFRN se torna pequeno. Não havia espaço para acolher o público estimado em mais de quinhentas pessoas. Muita gente voltou para casa reclamando e nada podíamos fazer. Com muita dificuldade, Morin deslizou por entre a multidão e chegou ao palco. Coube a mim saudá-lo e assim o fiz. Visivelmente disposto, sorridente e inquieto, antes de tratar do tema da noite, o conferencista faz uma enquete com o público. Pede que levante o braço quem quer que ele fale em francês. Depois, quem quer que ele fale em espanhol. Ganha o espanhol e ele faz sua conferência, em “portunhol”, como ele disse. Durante dois intensos dias, o “contrabandista de saberes” dialoga conosco sobre complexidade, incertezas, ciência, a 75 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE relação entre vida e ideias. Avalia de forma generosa a atuação do GRECOM. Ao chegar de volta em Paris, envia um fax que sela nossas ligações intelectuais e de amizade. Diz ele no fax: “Natal – GRECOM é minha pátria”. Homem de tantos pertencimentos, agora assume mais um. Um ano depois, em 1999, como que para confirmar a tese do eterno retorno, Edgar volta a Natal. Dessa vez, a convite da reitoria da UFRN, quando era reitor o professor Ótom Anselmo de Oliveira, para receber o título de doutor Honoris Causa. Mas não só. Profere conferência sobre “A cidade e o Século XXI”, num evento em comemoração ao aniversário dos quatrocentos anos de Natal. Depois da conferência, é lançado o seu livro Complexidade e Transdisciplinaridade – a reforma da universidade e do ensino fundamental, publicado pela editora da UFRN. Tratava-se de três fragmentos de Edgar Morin sobre educação que Edgard Carvalho e eu organizamos. A solenidade atraiu representantes de outros estados do Brasil e personalidades da comunidade local. Dessa vez, o dionisíaco Edgar permaneceu cinco dias conosco. Em 2003, novo retorno. Dessa vez, aí sim para instalar o “Fórum de Estudos do Homem e da Vida”. Edgar Morin divide a mesa com Edgard de Assis Carvalho. A mim novamente coube a missão de saudá-lo. O Centro de Convenções do governo do Estado, situado no alto de uma duna na Via Costeira, mesmo com muitas cadeiras extras foi pequeno para abrigar tanta gente. O policiamento do estacionamento de automóveis falhou, carros foram abertos, dentre eles o de um colega do GRECOM. Sua próxima visita ao GRECOM e a Natal foi em 2010. Dessa vez, ele veio acompanhado da nova esposa, a amiga e socióloga 76 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Sabah Abouessalam. Se tratava de um evento da UFRN em parceria com a Secretaria Estadual de Educação. O tema da conferência era “O destino da Humanidade”. O apoio incondicional do então secretário de Educação, professor Otávio Tavares, conhecedor da obra de Morin, e o talento da colega Josineide Silveira para coordenar um evento de multidão, foram essenciais para fazer acontecer um megaevento na Praça Cívica que, segundo estimativa da CNN, contou com mais de oito mil pessoas. Divulgação feita para toda a rede pública estadual de Educação, outdoor nas principais ruas da cidade de Natal, estrutura policial, instalação de banheiros públicos, jornalistas da mídia impressa e televisiva local e internacional, pequenos stands de venda de lanches e tudo o mais que é necessário para o show de um pop star. Digo isso porque os telefones da UFRN não paravam de chamar. Numa das ligações, alguém que pensava tratar-se de um evento musical, disse: “Vi o outdoor. Além da banda de rock Edgar Morin, qual é a outra banda?” Já no aeroporto, chegando a Natal, Edgar insiste na sua decisão de fazer a conferência em português. Eu havia informado a ele, por mensagem, que teria um tradutor à disposição. No aeroporto ele me disse: ‘você não confia em mim?’. Me rendi à sua decisão e durante uma hora ele falou fluentemente seu portunhol. Silêncio total, não se ouvia o bater das asas de uma borboleta. E, a julgar pelas mensagens que eram enviadas pelas pessoas relatando o que Edgar falava, e as notícias veiculadas pelas mídias (impressa e pela internet), todos o entenderam muito bem. Além da conferência sobre “O destino da Humanidade”, Edgar presidiu a reunião da Cátedra Itinerante da UNESCO (CIUEM) 77 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE que leva seu nome e é presidida por Raúl Domingos Motta, em Buenos Aires. Sabah Abouessalam, presente na mesa de honra, proferiu uma palestra sobre “Pobreza e miséria”. Pela PUC-SP, fez parte da mesa a professora Margarida Limena, representando Edgard Carvalho que não pôde comparecer ao evento. Presentes também a essa reunião a reitoria da UFRN, a direção de dois Centros Acadêmicos e representantes do GRECOM. A quinta vez em que Edgar esteve em Natal foi em 2012. O GRECOM estava celebrando seus vinte anos de existência. O evento se chamava “Tributo a um Pensamento do Sul – 20 anos do GRECOM”. Como se fosse para desenhar o círculo da serpente ouroboros, escolhemos fazer o evento no mesmo lugar em que Edgar tinha falado pela primeira vez: na Escola de Música da UFRN. Contávamos com a participação de novos interlocutores: a professora Ana Cecília Spinoza Martinez, do Centro de Estudos Universitários ARKOS, de Puerto Vallarta, México, e o educador indígena Daniel Munduruku, diretor da Casa dos Saberes Ancestrais (SP). Presentes também representantes de grupos de complexidade de algumas cidades próximas a Natal (Ceará Mirim - GRUPECOM e Mossoró - GECOM/Mossoró), de outros estados e de Edgard Carvalho representando o COMPLEXUS, PUC-SP. A Conferência de Edgar Morin se ateve ao tema do “Pensamento do Sul e a conjuntura mundial”, dando destaque para a atuação do GRECOM nos seus vinte anos. Pã (Norval Baitello Junior). Filho de Hermes, simboliza a natureza, a vitalidade dos planos inferiores (terra, plantas, instintos), mas também os raios do sol e a força agressiva de Áries. Costuma ser representados com chifres e patas, como que para falar 78 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE do seu duplo pertencimento ao ar e à terra. Por vezes é identificado a Satã. Tem sido associado ao paganismo, à fertilidade e à força invencível e prolixa da natureza. Provoca pânico em suas aparições lúdicas, fazendo uso da flauta por ele inventada. Divisor de águas na área de Semiótica da Cultura no Brasil, Norval Baitello parece expressar mesmo, como Pã, os instintos oníricos e a ludicidade tão necessárias à vida intelectual. O contato com Norval teve início num dos momentos mais tensos da vida de um acadêmico: conheci-o na banca de minha defesa de tese. O que naquela hora constituiu-se num campo de sentido para mim, acabou se transformando na seiva que alimenta até hoje uma troca fecunda dele com o GRECOM. Norval não é um inquisidor, é um provocador, um construtor de enigmas. Nas suas várias estadias em Natal, participou de bancas de doutorado, ministrou seminários, proferiu conferências no Projeto Polifônicas Ideias (Semiótica, Mente e Sistemas Intencionais, em 1996; e Humano, pouco humano, 1997). Além disso, ele tem estado sempre presente em forma de artigos nas publicações organizadas pelo GRECOM. O estilo intelectual de Norval, a importância de suas pesquisas na área de Corpo, Teoria da Cultura, Mídia e Comunicação e, sobretudo, o horizonte epistêmico de compreensão do humano a partir de uma semiótica desafiadora, tudo isso fez dele uma referência importante para Natal, para o Programa de Pós- Graduação em Ciências Sociais e para a UFRN. Nos últimos dez anos, os elos entre o Centro Interdisciplinar de Semiótica da Cultura (CISC) e o GRECOM se intensificaram, sempre sob os signos do diálogo intelectual, da delicadeza e da 79 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE amizade. A transferência do Acervo de Vilém Flusser da Alemanha para o Brasil (PUC-CISC) e sua guarda compartilhada por Norval Baitello Júnior e Diogo Bornhausen projetam novos horizontes de fluxos cognitivos que realimentam as ciências da complexidade por meio de pensadores como Flusser, Aby Warburg, Harry Pross e nosso tão querido Dietmar Kamper. O evento (Alemanha/Brasil) “Sapiencia: uma arqueologia dos saberes esquecidos”, coordenado por Christoph Wulf e Norval Baitello, em 2015, em São Paulo (SESC-PUC/CISC), denota os campos de aproximação fecundos que nos tem sido propiciado por Norval Baitello Junior. Hermes (Dietmar Kamper). Embaixador do Olimpo, mensageiro inteligente e astucioso. Deu ressonância à concha da tartaruga ao esticar sobre ela cordas e fazer nascer daí a lira. Ainda recém-nascido abandona o berço e foge para o mundo. É o arauto oficial dos deuses e influencia o curso dos acontecimentos. Socorre Ulisses nos perigos. É o patrono dos oradores e inventou o alfabeto, a música, os pesos, as medidas e a ginástica. Alimenta a coragem dos viajantes, suaviza-lhe o labor. Aparece quase sempre com um capacete alado e duas pequenas asas no tornozelo. Norval Biatello dizia sempre, e insistentemente, que o GRECOM precisava conhecer Dietmar Kamper, filósofo da Universidade Livre de Berlim. Dizia também que ele tinha tudo a ver com os nossos horizontes de trabalho. Acreditávamos. O que não imaginávamos, entretanto, era que o filósofo alemão imprimiria tanta musicalidade, furor e leveza na sua visita a Natal, onde permaneceu por três intensos dias. Foi em 1997. Eu coordenava a disciplina “Complexidade e os Vícios da Paixão” oferecida pela Pós-Graduação em Educação. 80 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Dietmar se ocupou de duas sessões, numa das quais dissertou sobre os “padecimentos do olhar”. A tradução para o português não foi nada fácil pois, a exemplo de Schelling, Kamper reconstrói de forma original uma concepção de homem. Muitas expressões novas, uma releitura absolutamente inovadora dos mitos clássicos de origem, tudo isso fazia das palestras dele uma ode ao pensamento criador. Leves, aladas e mobilizadoras, as ideias de Dietmar Kamper chegam a causar ‘vertigem’, vocábulo ao qual ele empresta um sentido grandioso. Para compreender o mundo, a sociedade e o próprio homem, é preciso colocá-los em movimento, escutá-los em suas interioridades mais arcaicas, relê-los, lançar sobre eles novas narrativas e sentidos. Tirá-los do encarceramento dos conceitos, fazer com que eles se movam, vivam e disseminem estética e poesia. Esse é o papel da filosofia para Dietmar Kamper. Seu último livro traduzido no Brasil, Mudança de Horizonte: o sol novo a cada dia (2016), expressa a luminosidade de um pensamento que convoca os ‘corpos vivos’ a acionarem a “capacidade de embriaguez e o equilíbrio da felicidade”, conforme suas próprias palavras. O humano é tratado no livro como uma paradoxia excêntrica, ao mesmo tempo destino, acaso e perigo. Do capacete alado e das pequenas asas no tornozelo parece ter se valido ao longo de sua vida esse alemão de estatura tão volumosa e de espírito tão leve. No seminário “Imagem e Violência”, coordenado por ele e Norval Baitello, que aconteceu em São Paulo no ano de 2001, Kamper manifestou seu desejo de voltar a Natal, ao GRECOM. Talvez em 2002, disse. Impossível. Envolto pelos sons da lira 81 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE que ele próprio criou, o Hermes-Kamper se despede do planeta Terra. Voa. Deixa de herança, entretanto, o alfabeto, a música e a ginástica dos corpos e da mente que prefiguram uma filosofia capaz de fecundar narrativas mais oníricas sobre o mundo. Prometeu (Henri Atlan). Profeta e inventor temido por Zeus. Criou o primeiro homem pela mistura da argila com a água. Para que a criatura não ficasse desprovida de tudo ofereceu a ela o fogo, criado também por ele a partir de uma faísca retirada do carro do sol. Arquiteto de várias criações tinha também a capacidade de se auto- organizar como ninguém. Por isso o seu fígado, que a águia insiste em devorar, volta sempre a crescer e a se regenerar. Liberto das correntes adquire a imortalidade concedida pelo centauro Quíron. O anel que usa no dedo por imposição de Zeus, é de ferro e rocha. No final de agosto de 2001, o GRECOM está eufórico: no dia 30 chega a Natal Henri Atlan. A UFRN, através do programa de Pós-Graduação em Ciên- cias Sociais e do apoio do jornal Tribuna do Norte, tornaram possível a vinda de um dos maiores pensadores do mundo atual; um cientista que impulsionou a mudança de paradigma na biolo- gia nos anos 1970 e que, com maestria, questiona os limites entre o vivo e o não vivo. O retorno da complexidade e os novos para- digmas na biologia; a relação simbiótica entre viver e conhecer; a intercrítica do mito e da ciência; uma tipologia dos modelos de auto-organização; os fundamentos para uma ética bio-médica e o papel do determinismo e da liberdade na construção do sujeito são temas dos quais se ocupa esse Prometeu moderno no dia-a- dia de suas pesquisas em Jerusalém (Universidade de Hadassah) e Paris (Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais). 82 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Se, para Henri Atlan, o encontro com o GRECOM era o primeiro, para nós era diferente. Como no caso de Edgar Morin, tínhamos agora a oportunidade privilegiada de conviver, mesmo por pouco tempo, com alguém de quem conhecíamos parte das ideias e da obra. Já por volta de 1995, discutíamos a auto-organização pelo ruído; consciência, querer, desejo e vontade nos sistemas abertos; além da concepção de ciência e de ética de Henri Atlan no livro Entre o cristal e a fumaça. As discussões eram minuciosas, detalhadas. Nos ocupávamos demoradamente em torno de algumas noções e, não raro, voltávamos a elas nas sessões seguintes. A função do delírio na reorganização cognitiva foi uma das questões que mobilizou conjuntamente o grupo. Ao longo dos anos, nosso Prometeu (nunca acorrentado!) ofereceu pistas, possibilitou insights e provocou novas maneiras de compreender a complexidade dos sistemas auto-organizados. Aprendemos que a ideia de determinismo, longe de fazer derivar uma visão pessimista, recoloca de forma complexa a questão da liberdade do sujeito; que a fronteira e autonomia do ser vivo é, também, um lugar de trocas e se deixa atravessar. Certamente, as cuidadosas reflexões da pesquisadora Josineide Silveira que, como Henri, tem em Baruch Spinoza uma referência maior, permitiu a todos do grupo compreenderem melhor seu pensamento. Posso testemunhar que a sintonia entre Henri Atlan e o GRE- COM emergiu como uma sinfonia de cordialidades, simpatias e acolhimento cognitivo. Ele conheceu um pouco da história do gru- po por meio do registro fotográfico, concedeu entrevista à Televisão Universitária, fez conferência no projeto Polifônicas Ideias. 83 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Certamente foi ‘o maior cajueiro do mundo4’ o que mais o impressionou no segundo dia de visita à Natal. Após a explicação de um guia de turismo sobre a história do cajueiro, Henri estava visivelmente impressionado. ‘Se tratava de uma mutação genética ou de uma anomalia?’, perguntava ele. No aeroporto, por ocasião do retorno a Paris, fizemos planos para a volta de Henri a Natal. Viria junto com o amigo Edgar Morin em 2002. No entanto, a agenda de Edgar estava complicada para aquele ano, e a volta conjunta de Dioníso e Prometeu à Cidade do Sol não aconteceu. Henri voltou a Natal no final do ano 2009, vindo do Rio de Janeiro, onde estava a convite do professor André Martins. Dessa vez, veio acompanhado da esposa, a psicanalista Bela Kohn-Atlan. Os amigos da Universidade Federal do Pará – do Programa de Pós- Graduação em Ciências e Matemática – há muito tempo desejavam recebê-lo. Por outro lado, Henri desejava conhecer a Amazônia brasileira. Sua programação contemplava, então, Natal e Belém. Em Natal, além de suas atividades na universidade, os dois visitantes participaram de uma atração artística importante – o pôr-do-sol no rio Potengi. Uma das músicas tocadas por um saxofonista, que se apresentava num pequeno barco dentro do rio, era uma canção francesa que os emocionou. 4 Localizado na praia de Pirangi, litoral ao sul de Natal, o tamanho da árvore se deve a mutações genéticas, a copa do cajueiro não para de crescer e já ocupa uma área equivalente a um campo de futebol em extensão, com mais de 8.500 m². É a maior árvore frutífera do mundo, de acordo com o Guinness Book. Centenário, o cajueiro produz cerca de 80 mil frutos por safra, que os visitantes podem colher (de novembro a janeiro). 84 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Em Belém, além de sua conferência sobre “A sobredetermi- nação do sujeito pelo objeto” – por meio de uma argumentação filosófica sofisticada, técnica e provocante, Henri e Bela puderam, num pequeno barco a motor (uma “voadeira” conduzida por um indígena), se deslocarem por caminhos aquáticos ora largos, ora estreitos (“igarapés”) de onde podiam observar as típicas habita- ções suspensas (“palafitas”). Presenciaram, num restaurante flu- tuante em forma de barco, uma reunião de pescadores e líderes sindicais que programavam uma ocupação de resistência às políti- cas de pesca. Sem compreender uma palavra de português, enten- deram muito bem o que estava acontecendo ali, e relataram seus tempos de política quando mais jovens. Apreciaram a culinária paraense, sobretudo o “bolinho de bacalhau” que Henri deseja- va sempre comer como entrada, mas também como último prato (à guisa de sobremesa). Curioso como todo cientista, pedia que narrássemos os mitos do açaí, do pássaro pii (que tem por carac- terística não ter um canto próprio e imitar os cantos de diversos pássaros) e outros mais. Meu péssimo francês precisou de muita artimanha e estratégia para me fazer entender. Generoso, ele dizia compreender, completava os sentidos, perguntava mais... Um cientista marcado pela delicadeza. Um homem leve e forte ao mesmo tempo. Parece haver, dentro de Henri Atlan, uma criança a brincar com o acaso, o caos, o determinismo e a liberdade. Apolo (Edgard de Assis Carvalho). Símbolo do sol e da luz civilizadora. Protetor dos animais, inspirador de músicos e poetas. Ideal de juventude, beleza e progresso. Ao nascer, recebe de Zeus, seu pai, uma mitra de ouro, uma lira e um carro puxado por cisnes. 85 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Seduz numerosas ninfas. Mata a serpente Píton. Vive um tempo de exílio na terra. É enigmático, ambíguo: condena a humanidade a uma morte lenta enviando-lhe a peste, mas se apresenta também como um deus amável e o chefe das profecias e adivinhações. Se fosse somar as horas de voo São Paulo-Natal-São Paulo, daria para Edgard Carvalho circunscrever o planeta Terra mais de uma dezena de vezes. Mas ele parece preferir voltar sempre a Natal. Dos ícaros que pousam entre nós, ele é o parceiro mais antigo e mais constante do GRECOM. Além de ter sido meu orientador de mestrado e doutorado, fomos aos poucos consubstanciando uma amizade que já se estende por 43 anos. Compartilhamos publicações, participação em eventos, os encantos e desencantos da academia, as alegrias da vida e também as dores da alma, os desmandos da civilização, a indigência do pensamento universitário. Tem atuado como professor visitante junto aos Programas de Pós-Graduação em Educação e em Ciências Sociais, ministrando cursos, partilhando qualificações e orientações, discutindo estratégias de trabalho. Tem vivido conosco momentos difíceis e ajudado a consolidar sonhos. Os elos que ligam Edgard ao GRECOM e à UFRN vão, ao longo dos anos, criando novas cadeias mais amplas e labirínticas. Ele já faz parte da cidade de Natal e, por vezes, é confundido com um habitante dela. Interessa-se pelo patrimônio histórico e arquitetônico. Fica irritado cada vez que se comete um crime contra as dunas móveis que circundam a cidade, ou quando um novo edifício impede a visão do farol de Mãe Luiza, histórica referência para os que chegam à cidade pelo mar. Até exposição de artista norte-rio-grandense em São Paulo ele já intermediou. 86 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Em 1998, Edgard cria o NECOM – Núcleo de Estudos da Com- plexidade, que passa, posteriormente, a se chamar COMPLEXUS. O grupo da PUC-SP se torna uma referência aglutinadora. A partir daí a relação entre os dois grupos (o de Natal e o de São Paulo) intensifica e consolida mais institucionalmente uma parceria que permanece até hoje. Ainda em 1997 promovemos juntos, em São Paulo, o “I Laboratório Brasileiro para o Pensamento Complexo”. Aqui está o ‘verde mar’ que tanto encanta Edgard. Contabili- zando as duas maiores cidades do estado do Rio Grande do Nor- te (Natal e Mossoró), aqui estão também quase uma dezena de pesquisadores que fizeram seus doutorados na PUC-SP sob sua orientação. Exceto suas visitas sistemáticas ao Núcleo de Comple- xidade do Rio de Janeiro, IEC, coordenado pela psicanalista Tere- zinha Mendonça, é Natal a cidade para onde ele se desloca todo verão. Nessas épocas, ministra o Seminário de Verão, se dedica a traduções de livros de pensadores, sobretudo, franceses. Partici- pa ativamente das atividades do GRECOM – bancas, Oficinas do Pensamento, discussões de projetos de pesquisa. Mesmo que o cinema seja o elemento mais enfeitiçador de sua vida, ele deslo- ca o topoi de seu desejo para ambientes rústicos, nativos e quase desertos das praias distantes de Natal. Basta ler sua autobiografia, Conexões da Vida: uma antropologia da experiência, publicada por uma editora de Natal (UNA, 2017), para compreender o lugar que essa cidade e o GRECOM ocupam em sua vida. É para aqui que, diz ele, mais dias menos dias, transferirá sua morada permanente. Será? Entre os apelos da metrópole e a calmaria da pequena cidade e do verde mar, o que falará mais alto? 87 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Atena (Teresa Vergani). Após ser engolida por Zeus, emerge da sua cabeça e renasce mais forte. Ao guerrear não faz uso da força, mas, ao contrário, oferece aos habitantes (de Ática) uma oliveira, símbolo da paz e da riqueza. É audaciosa e recatada ao mesmo tempo. Defende a equidade e a justa aplicação da lei. Cuida da agricultura. Foi ela quem inventou o arado para tornar leve o trabalho dos homens. Traz às letras e às artes a energia e a inspiração que as fazem transcender numa espiritualidade expandida e constante. É o símbolo da inteligência, ponderação e beleza. Disponha lado-a-lado, em igualdade, e no mesmo patamar, a matemática, a teologia e a arte. Agora permita que elas dialoguem intensamente. Em seguida, pulverize doses de generosidade, ousadia, alegria infantil e compaixão. Pronto: diante de si está Teresa Vergani. A régua e o compasso, porque ela é o ponto de interseção da reta e do círculo; o horizonte que se contorce e se torna circular; o círculo imperfeito e rebelde, que resistindo a se fechar se torna labiríntico. De tão leve radicalidade é tecida que não se pode dela falar unicamente como pó de estrelas que sonha acordado. É mais apropriado dizer que Teresa é o mais leve ‘excremento do sol’. Teresa esteve na UFRN em 2001, por um mês, durante o qual viveu o semestre sabático a que tinha direito pela Universidade Aberta de Lisboa. Ela chega até nós por meio de um amigo comum, o matemático brasileiro Ubiratan D’Ambrosio, que havia lhe falado do GRECOM. Seu plano de trabalho estava ligado ao Programa de Pós-Graduação em Educação e contemplava conhecer e analisar a produção do GRECOM. Ministrou um curso que era também uma atividade de extensão. O curso, que 88 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE tratava do ‘Pensamento racional e simbólico na construção do conhecimento transdisciplinar’, aconteceu entre 21 e 25 de maio e foi oferecido em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Fez conferência no projeto Polifônicas Ideias sobre o tema “Educação e projeção de futuros” e no Café Filosófico, projeto do departamento de filosofia. Um dos locais escolhidos por nós para a conferência maior foi uma boate, o que causou um certo espanto em alguns acadêmicos. Naquela noite, não seria o rock a embalar nossos corpos e mentes, mas as palavras de ousadia e singeleza pronunciadas pela pequena portuguesa. Ávida por conhecer a sabedoria das pessoas comuns, conheceu uma experiência de educação etnomatemática ligada ao cooperativismo na comunidade de Baixinha dos França, município de São Miguel do Gostoso, RN. O matemático Iran Mendes e o cientista social Carlos Aldemir Farias, que têm visitado sistematicamente Teresa, em sua terra, Estoril, em Natal eram como que suas asas em muitos dos deslocamentos por espaços culturais vivos, antiparadigmáticos, criativos. Foram eles que a acompanharam à cidade de Belém onde Teresa, além das atividades na Universidade Federal do Pará, se embrenhou mata a dentro, para compartilhar os saberes matemáticos dos pescadores ribeirinhos. Na UFRN, a maior parte do tempo estava ela numa pequena sala que havíamos preparado para recebê-la. Silenciosa e monástica, Teresa habitou aquela ‘cela’. Leu tudo o que o GRECOM havia produzido até então (monografias, dissertações, teses, artigos, textos não publicados, produção artística, livros). Fazia anotações, escrevia, escrevia. Vez por outra, a víamos sair da sala/cela e se dirigir para alguma árvore, caminhar ao vento e ao sol. Essa é uma 89 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE atitude curiosa de Teresa: ela parece ter necessidade de se deslocar em silêncio e sozinha como que para viver a oscilação dos estados de ser árvore e ser mulher. Talvez por isso tenha escrito em um de seus poemas: “a diferença entre as árvores e os homens é que, enquanto os homens correm, as árvores crescem”. Oscilação e deslocamento são alguns campos de sentido que conhece muito bem. Alimentada por uma dupla nacionalidade, Teresa Vergani tem oscilado, permanentemente, entre as ciências matemáticas, as ciências do homem, a poesia e as artes plásticas. Há um único sentido nessa oscilação: o compromisso com uma etnopedagogia da vida, uma ético-estética da politização e leveza do pensamento. Os contatos intensos com a África, por meio de duas missões como consultora da Unesco (República Popular de Angola e República Democrática de São Tomé e Príncipe), e, ultimamente, com a cultura cigana, permitiram a Teresa interrogar a transmissão dos conhecimentos pelo veículo da cultura escolar. Não se restringindo aos espaços paradigmatizados, ela, como um bricoleur nos tem ensinado a ensaiar e tecer outros domínios dos dizeres e fazeres; outras formas de ‘ser no mundo’ capazes de investir contra o divórcio inaceitável entre a ciência e os saberes da tradição. Como ceramista e tecelã, essa minúscula e tão grande mulher parece ter deixado na atmosfera do GRECOM uma lição fundamental: é necessário desenhar caminhos de fuga entre a onda e a partícula para colorir o pensamento com as tonalidades da resistência, da leveza e do diálogo. É necessário ser nômade acima de tudo. 90 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Se, como diz Teresa Vergani, a cor é o nome que a luz dá para as coisas, podemos supor que projetar futuros é tomar um pincel e colorir a pele dos fenômenos humanos aos quais chamamos dor, injustiça, intolerância. Estaremos, assim, a construir uma ciência nova e mais respeitosa com outras maneiras de ver e dizer do mundo. Para isso, é preciso se situar entre ‘a gravidade da rocha e a fluidez da areia’ (Teresa Vergani). Ao longo dos registros sobre os leves pousos de Ícaros que estiveram entre nós, me abstive, intencionalmente, de anunciar as avaliações feitas por eles em relação ao GRECOM. Isso poderia ser entendido como auto-elogio. Mas um impulso maior me leva a registrar aqui as palavras lidas por Teresa Vergani na noite de sua despedida de Natal, num grande círculo iluminado por tochas de fogo, nas areias da praia de Ponta Negra. (Vergani in: ALMEIDA; KNOBBE, 2003, p. 5-7) Era uma vez um lugar. Um lugar que só por acaso pousava em sítio físico, tal como um nascimento humano pode ocorrer em qualquer ponto da superfície curva do nosso planeta, sem que esse ponto se revista de importância maior face ao evento inconcebível de um parto deflagrado de repente sobre a terra. Era não só um Lugar nascente, mas um Lugar onde se nascia. Era uma espécie nova de Natal, oferecido à teia ondulante do tempo que molda as nossas esperanças mais íntimas e chama os mais vastos itinerários do por-vir. 91 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Lugar, pois, de muitos espaços. Lugar feito de Rostos, onde cada Rosto acendia um Fogo e onde cada Fogo se deixava habitar por uma Fonte. Portanto Lugar de olhos, de incêndios e de espumas. Ali se entrelaçavam escutas, silêncios, ventos, sussurros e o movimento incessante de maresias. Lugar de ler, ouvir, interrogar. Lugar de imaginar, unir, desenvolver (sem mordaças nem amarras). Ali se experenciava o Querer e se colhia a inédita surpresa do Fazer: sabedoria não só de Anunciar, mas de tornar o sonho Acontecível. Lugar de Abraço tão poderosamente universal quanto as imponderáveis trans-mutações do Ser. Fluxo generoso da expansão fecundado pelo refluxo centrípeto da reflexão. Por momentos tudo vertiginosamente se esboroa, na impetuosidade do relâmpago que destrói a velha segurança das certezas. Depois, tudo lentamente começa a convergir e amadurece a permanente combustão/aurora que gera o casulo, o ninho, a casa. Mil rumos e uma só morada – serena, firme, incandescente. Lembra um imenso laboratório alquímico onde se concebem Asas e Punhais, isto é, onde se forjam simbioticamente Fadas e Guerreiros. O seu olhar atento desce aos bairros mais enlameados, aos ofícios mais humildes, às artes mais secretas, à Terra dos Sem- Terra, à Água dos Sem-Água. 92 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Levanta-se igualmente para fitar a sanidade das loucuras, a ciência mais prenha de seiva indomável, a tradição abandonada mas devorada pela fé mais nua. Lugar onde se acertam relógios solidários segundo uma Hora já trans-temporal. As palavras não dizem este espaço/coração feito de nudez, paz e desmedida. Não alcançam este coágulo de ardente sobressalto que nos chama com a sedução in-aprendida de um canto incessante por estrear. Este Lugar, encontrei-o. Reconheci-o, com a naturalidade imediata do que sabemos obscuramente ter que haver, ter que pulsar, ter que existir. Aberto como cisterna vulnerável à honestidade de todos os apelos, vitalmente generoso à maneira das florestas, dos fermentos e dos vinhos. E foi como se eu tivesse beijado mil bocas, pronunciasse mil palavras desabrochadas em mil lábios, circulasse no sangue de incontáveis artérias, me erguesse sobre uma infinidade de pés ou viajasse em inumeráveis barcos fazedores de outros tantos portos ou moradas. Lugar/Respiração azul-laranja, mutante e centrado. Onde de repente sabemos quem somos e quem os outros, conosco, vão sendo. Não será nunca para mim um fulcro em torno do qual se constroem memórias. Mas o ponto imponderável de uma Respiração úmida, densa, transparente, intraduzível. Não há pois, 93 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE para mim, nem pedir nem despedir. Não há chegar nem voltar. Não há prender nem soltar. Isso me basta, me enche, me silencia. Que o GRECOM já sendo, seja! Indo e ficando. Testemunho. Muitos Ícaros mais... Ao fim das descrições desses pousos pioneiros, fica a sensação de que muitos outros Ícaros deixaram de ser enunciados. Faltou dizer dos três dias que Raúl Motta esteve em Natal, em 2000, e nos fez descobrir, com ele, os pontos de conexão entre o Instituto Internacional para o Pensamento Complexo de Buenos Aires e o GRECOM. Faltou dizer das muitas vindas do educador indígena Daniel Munduruku, de nossas parcerias em eventos importantes como as aulas ao ar livre diante da Casa Mãe-Terra (ver Parte II); do compartilhamento em publicações; da participação dele no Projeto Estaleiro de Saberes (ver Parte II); da aprendizagem de uma pedagogia de raiz, ancestral. Faltou narrar a presença seminal do mestre Francisco Lucas da Silva, na nossa reconstrução e metamorfose permanente do pensamento complexo. Esse intelectual da tradição, pescador e agricultor residente numa lagoa distante três horas de Natal nos tem feito compreender, reconsiderar, ampliar ou reafirmar, por meio da linguagem da natureza e por suas pesquisas com rochas, o que temos lido nos livros de Edgar Morin, Henri Atlan, Claude Lévi Strauss, Henri Bergson, Jean-Marie Pelt, Isabelle Stengers, 94 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Werner Heisenberg, entre outros. O livro Francisco Lucas da Silva, Um Sábio na Natureza (2016) repõe, em parte, nosso débito com saberes atinentes a “um pensamento do Sul” do qual fala Edgar Morin. Além dos Ícaros que pousaram entre nós e nos alimentaram a esperança de construir um pensamento de mãos dadas com a vida e o mundo, outros ainda não pousaram entre nós. Faço aqui apenas um registro, melhor dizendo, a confissão de um desejo: receber entre nós Emilio Roger-Ciurana. A densidade filosófica do seu pensamento, seu espírito sereno (mesmo que obstinado), seus propósitos de religar ciência e filosofia em direção a uma epistemologia complexa, e seu estilo de estar sempre de bem com a vida, me encantam. Encontrei-o algumas vezes em seminários e eventos de Complexidade. Já estive na sua universidade fazendo uma palestra por ocasião de um Seminário de Inverno. Nossa correspondência contém para mim verdadeiras aulas nutridas de densos argumentos teóricos e muito bom humor. Como não sou movida pela avareza cognitiva, nem afetiva, gostaria que os parceiros do dia a dia do GRECOM pudessem compartilhar o banquete de reflexões que Emilio pode nos oferecer. Ele pode ser denominado o Epicuro do século 21. Temos plantado o sonho de sua visita à nossa universidade e ao GRECOM. Espero que os “horizontes de possíveis” reduzam o momento difícil pelo qual passam as universidades públicas brasileiras e que nosso Epicuro pouse entre nós. Hoje, a estadia entre nós do matemático venezuelano, Fredy Enrique González repõe, em parte, a presença dos ícaros que ainda não chegaram até nós. 95 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Por fim.... Ao longo dos anos, o GRECOM parece ter enfrentado três desafios conectados entre si: consolidar uma religação dos saberes científicos; abrir a universidade para acolher e dialogar com os saberes da tradição; e exercitar uma convivialidade entre pesquisadores, de modo a transformar a prosa científica numa poética da existência - propósito sem o qual toda a ciência é vã, porque marcada pelas forças da competição, pelo desafeto, pela arrogância e narcisismo. Conseguimos dar conta de forma exitosa desses desafios? Às vezes sim, em grande parte; às vezes não. Como nos colocamos diante dos desafios da complexidade? A partir de que estratégias, atividades, concepções e modos de fazer? É disso que trata a Parte II deste livro, a seguir. Ao compartilhar com Mônica Reis este livro sobre a história do GRECOM me dou conta de que todas as publicações sobre o grupo foram marcadas pelas autorias compartilhadas. Como pode ser observado nas Referências, ao final do livro, foi assim com Lagoa do Piató: fragmentos de uma história (Almeida e Pereira); Polifônicas Ideias: por uma ciência aberta (Almeida, Knobbe e Almeida); e Ciclos e metamorfoses: uma experiência de reforma universitária. (Almeida e Knobbe). Isso me alegra e me encoraja a prosseguir porque estou consciente de que a ciência do eu sozinho é uma ficção arrogante. Para viver “um piquenique à beira do abismo”, conforme expressão de Alex Galeno que dá nome ao Posfácio de Margarida Knobbe, é preciso operar pelas forças da conjunção. 96 PARTE II O GRECOM E A REINVENÇÃO DA UNIVERSIDADE Mônica Karina Santos Reis Nossa atual Universidade forma por todo o mundo uma proporção muito grande de especialistas em disciplinas predeterminadas e, por isso mesmo, artificialmente limitadas, enquanto uma grande parte das atividades sociais, como o próprio desenvolvimento da ciência, exige homens capazes de ter um ângulo de visão bem mais amplo e, simultaneamente, uma focalização em profundidade acerca dos problemas e dos novos progressos que transgridem as fronteiras das disciplinas. André Lichnerowics GRECOM. São vinte anos – parece que foi ontem! – quando o Grupo Morin começou a se reunir em Natal para ler, refletir, criticar as ideias de Edgar Morin. Irreversível, o tempo passou, todos mudamos, mas mantivemos vivas as esperanças de um mundo, de uma sociedade, de uma universidade que respondessem aos desafios do contemporâneo. Edgard de Assis Carvalho Ninguém, senão nós mesmos, poderá realizar o cansativo percurso que nos permitirá aprender. Sem grandes motivações interiores, o título de maior prestígio adquirido com o dinheiro não trará nenhum verdadeiro conhecimento, não favorecerá nenhuma autêntica metamorfose do espírito. Nuccio Ordine 20 anos de GRECOM – CISC e a intenção de mais mil anos de diálogos da ciência feliz. Norval Baitello Júnior Todos nós precisamos de uma narrativa para existir. Michel Serres Era uma vez um lugar. Um lugar que só por acaso pousava em sítio físico, tal como um nascimento humano pode ocorrer em qualquer ponto da superfície curva do nosso planeta, sem que esse ponto se revista de importância maior face ao movimento inconcebível de um parto deflagrado de repente sobre a terra. Teresa Vergani Introdução Escrever é o ato solitário mais coletivo que conheço. Quando escrevemos, somos abraçados noologicamente por todo repertório existencial, cultural e intelectual que acumulamos. Na tentativa de colocar no papel tudo o que lemos, ouvimos, discutimos, problematizamos, refletimos e sintetizamos somos tomados por múltiplas sensações. Ansiedade, nervosismo, bloqueios cognitivos, excitação, alegria, tempestade de ideias. Tudo isso compõe a seiva que se expressa na narrativa que inicia a escrita, essa aquisição cultural colonizadora e potente criada pelo sapiens-demens. O caráter perverso e dominador possibilitado pelo surgimen- to da escrita está descrito pelo antropólogo Claude Lévi-Strauss, na obra Tristes Trópicos. No capítulo intitulado Lição de Escrita, ele narra como chegou à aldeia dos Nambiquara e como se deu esse primeiro contato. EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Em particular, Lévi-Strauss atém-se a descrever o episódio curioso no qual o grande chefe da tribo, ao perceber como os indivíduos brancos registravam suas impressões do lugar, fazendo uso de papel e lápis, resolve, ao retornar à tribo para apresentar os membros da expedição aos demais membros da aldeia, imitar os gestos que ele havia acabado de testemunhar e, com isso, demonstrar para os membros da comunidade que ele agora tornava-se superior a eles por dominar o dom da escrita. A escrita fizera, pois, sua aparição entre os Nambiquara; mas não como se poderia imaginar, ao termo de um trabalhoso aprendizado. Seu símbolo fora imitado, ao passo que sua realidade continuava a ser desconhecida. E isso, com vistas a uma finalidade mais sociológica do que intelectual. Não se tratava de conhecer, reter ou compreender, mas de aumentar o prestígio e a autoridade de um indivíduo – ou de uma função – às custas de outrem. (LÉVI-STRAUSS, 1996, p. 317) Ao testemunhar os desdobramentos do aparecimento da escrita entre a comunidade indígena, o antropólogo constata: Coisa estranha é a escrita. Tudo indicaria que sua aparição não poderia deixar de determinar mudanças profundas nas condições de vida da humanidade; e que essas transformações deveriam ser, acima de tudo, de natureza intelectual. A posse da escrita multiplica fantasticamente a capacidade dos homens para preservar conhecimentos. (LÉVI-STRAUSS, 1996, p. 318) Diferentemente desse caráter de superioridade e de constituir-se como um dispositivo discursivo de autoridade e poder sobre outras formas de descrever e narrar os fenômenos do mundo, estes escritos são concebidos sob o signo da humildade 104 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE intelectual, da consciência de incompletude e parcialidade das narrativas construídas por qualquer observador. O propósito aqui é outro. É o de escrever sobre a história do GRECOM, por meio de grande parte dos documentos que compõem o acervo do grupo, contribuindo para dessacralizar, além de disseminar os horizontes, sonhos e ideários de uma forma de fazer ciência e produzir conhecimento que se consagraram na universidade e fora dela, no Brasil e em vários outros países da América do Sul, América Latina e Europa. Ao mesmo tempo, desejo, por meio deste texto oferecer elementos que permitam a quem não conviveu no grupo observar a construção de contornos, cenários, produtos de pesquisa e processos de conhecimento que alavanquem críticas, avanços e reflexões capazes de imitar, amplificar ou refazer os itinerários vividos por meio de singularidades próprias em outros espaços de conhecimento antiparadigmático na ciência, na academia, na política e na vida pessoal. Essa é a função das escritas testemunhais, ou seja, das narrativas que emergem da experiência de sujeitos que estiveram imersos em um fenômeno, ação, propósito e horizonte de construção da história. É assim que me sinto ao iniciar a escrita deste texto. Neste misto de sensações, esboço algumas estratégias que me auxiliaram durante a trajetória doutoral. Na contramão dos discursos despossuídos, neutros e assépticos que se detêm na exposição de dados, argumentos e citações em excesso e, por acreditar que não posso me esconder atrás de uma escrita impessoal e destituída de um sujeito, entrelaço vida e ideias, prosa e poesia, ciência e outras narrativas de explicação sobre os fenômenos do mundo. 105 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Assumo o exercício da politização do pensamento e tenho como propósito refletir sobre a instituição que, a partir do século XX, sobretudo nas sociedades ocidentais, tornou-se a mais significativa e importante no cenário do desenvolvimento da ciência, reconhecida por todos, desejada por muitos e alcançada por tão poucos que é a universidade. Essa concepção de universidade é gestada no interior de um pensamento que tem no conhecimento científico a chave para a resolução dos grandes problemas da humanidade. Entretanto, não pretendo me ater ao levantamento dos marcos históricos que caracterizam a criação e as reformas pelas quais passou a academia. Antes, faço isso por meio do uso da analogia, ao reconhecer na trajetória de um dos principais grupos de pesquisas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte a parte que me possibilita vislumbrar e compreender o todo. Nesse argumento, o todo refere-se a um ideário de universidade, e a parte ao Grupo de Estudos da Complexidade (GRECOM). Desde a sua criação, no ano de 1992, esse casulo do pensamento complexo tem investido na produção de uma ciência aberta, diversa e transdisciplinar. Acredita e tenta exercitar a transversalidade do conhecimento, na existência de leituras plurais do mundo e na religação dos saberes como um horizonte possível para empreender uma reforma do pensamento e das universidades. Acredita na autoformação dos sujeitos e na implicação no ato de conhecer, utilizando o método como estratégia em permanente construção (MORIN; CIURANA; MOTTA, 2003). O GRECOM é a metamorfose e consolidação de um dos primeiros grupos de pesquisa sobre ciência e conhecimento da 106 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE UFRN, denominado Grupo Morin. A escolha desse nome se deve ao propósito de tornar-se um casulo de reflexões em torno da temática da Complexidade e da obra O Método de Edgar Morin. De ampla conjuntura intelectual e mínima estrutura física, tratava-se na verdade de um grupo de professores e alunos de diversos pertencimentos teóricos da universidade, empenhados na aventura de compreender as ideias desse pensador indisciplinar e realizarem os projetos de tese e licenças sabáticas, reunindo-se quase todas as segundas-feiras (quinzenalmente) na sala destinada à base de pesquisa Educação e Sociedade, generosamente cedida pelo coordenador, professor José Willington Germano. Ao invés de multiplicar os diálogos individualizados, o grupo optava por protagonizar discussões coletivas acaloradas que geravam mais questionamentos do que respostas (ALMEIDA; KNOBBE, 2003). O propósito era compreender a crise do paradigma cartesiano e empreender descobertas acerca de como se processa a produção do conhecimento por meio de uma ciência nova que propugna pelo inacabamento, pela incerteza, menos fragmentada, e que opera pela dialógica. Essa estratégia de método maestrada pelo grupo inaugura, no interior da UFRN, sementes de metamorfose e regeneração para a ciência e para a academia. Nos dois anos de existência, o grupo em torno de dez pesquisadores tinha como meta “deter-se sobre parte da obra de Edgar Morin, fixando, por semestre, um tema orientador de leitura, com a finalidade de contribuir, coletivamente, para os projetos pontuais de investigação dos pesquisadores participantes” (ALMEIDA; KNOBBE, 2003, p. 28). Desse modo, um novo exercício intelectual começava a tomar corpo, ou seja, as 107 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE leituras feitas por várias pessoas direcionadas a um mesmo tema multiplicava a potencialidade de compreensão. Na medida em que a temática da complexidade se tornava mais conhecida e a obra de Edgar Morin era traduzida e publicada no Brasil, o grupo recebia adesão de novos participantes. Surgiam inúmeros convites para proferir palestras e conferências em atividades, formais e informais, dentro e fora da universidade. Passaram a desenvolver atividades em intercâmbio com outros grupos de produção de conhecimento já consolidados na universidade, como o Núcleo Temático da Seca, a base de pesquisa Educação e Sociedade e o Grupo de Estudos de Práticas Educativas em Movimento. Com isso, aos poucos, foi-se construindo uma matriz teórica e epistemológica comum e tornando-se fisicamente mais concreto. O grupo Morin era o casulo aglutinador de interesses diversos que foi construindo um espaço, em estilo e uma estética do fazer acadêmico orientado para rearticular vida e ideias, interrogar as verdades unitárias da ciência e, sobretudo, exercitar um processo de pesquisa mais coletivo e partilhado. (ALMEIDA; KNOBBE, 2003, p. 32) A anterioridade e o reconhecimento dessa base de pesquisa pela instituição encontraram ressonância na política instituída pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFRN no ano de 1994, a qual tinha como objetivo agrupar professores que trabalhavam em temática comum, dentro de um mesmo departamento, ou com abordagens multidisciplinares de uma mesma temática em diferentes departamentos da instituição (UFRN, 2017). 108 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE A publicação da resolução que regulamenta a criação das bases institucionais de pesquisa representa um marco na história do Grupo Morin, primeiro por possibilitar a ascensão para tornar- se o primeiro Grupo de Estudos da Complexidade do Brasil e da América Latina. Segundo, por conferir o status de base de pesquisa já consolidada dentro da instituição e, por fim, por selar e consolidar uma trajetória de sucesso na história e memória da universidade. Os desafios postos ao grupo à época da institucionalização eram inúmeros e foram todos parcialmente superados: garantir o exercício afetuoso do diálogo; o espírito coletivo das leituras; a necessidade de religar o antigo ao novo; de manter o caráter ambíguo do grupo que é o mesmo e outro e, principalmente, evitar que a tecnoburocracia acadêmica o sufocasse com as exigências das instâncias da vigilância intelectual. (ALMEIDA; KNOBBE, 2003) Outro acontecimento representativo, que demonstra o reconhecimento desse espaço de reflexão transdisciplinar perante a comunidade acadêmica local e mundial, ocorreu em julho de 2000, quando o GRECOM tornou-se o primeiro ponto da Cátedra Itinerante UNESCO Edgar Morin para o Pensamento Complexo – CIUEM no Brasil. A implantação da referida cátedra foi oficializada por meio de uma reunião entre o diretor, Raúl Domingo Motta e o então reitor da UFRN Ótom Anselmo de Oliveira, seguida de reuniões com membros integrantes do grupo para estabelecer diretrizes e encaminhamentos para projetos futuros. Durante esses 25 anos de existência, a dinâmica de funcionamento do GRECOM tem consolidado o protagonismo 109 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE e a singularidade de uma história de unidade na diversidade no contexto educacional, científico e universitário. O fato de estar vinculado, desde o surgimento, a dois programas de pós-graduação, pertencentes a dois centros acadêmicos distintos, CCHLA E CCSA; de estabelecer convênios diretos e não institucionalizados com outras universidades e institutos federais; de firmar parcerias com instâncias midiáticas, políticas e religiosas; de realizar projetos de forma autônoma e independente das instâncias fomentadoras do ensino superior no Brasil, fazem desse núcleo de reorganização do conhecimento uma proposta de reforma do pensamento, da ciência e da universidade. A história dinâmica construída pelos pesquisadores do GRECOM nutre as atividades de ensino, pesquisa e extensão; os seminários internos de estudo; a realização de eventos acadêmicos nacionais e internacionais; o intercâmbio com outros grupos de pesquisa da UFRN e de outras universidades brasileiras; a organização de eventos nacionais e internacionais pensados em prol da sociedade em geral e não apenas para a comunidade acadêmica; a criação de coleções e publicações de livros paradidáticos, criação e coordenação de coleções chanceladas pela Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EDUFRN). Construir uma narrativa que recupere o fluxo vivo dessas atividades leva a conhecer um espaço/tempo da história da própria universidade; a compreender a importância da criação dos grupos de pesquisas e o que isso representa para uma instituição secular de ensino, pesquisa e extensão responsável pela missão transecular de conservar o conhecimento produzido, e propiciar sua atualização e 110 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE regeneração. Reconstruir a história dessa base de pesquisa é muito mais do que isso, é recrutar-me como testemunha da trajetória de um grupo de pesquisadores e alunos que tiveram, e têm, o ideal de gestar no interior da ciência e da própria universidade um espaço de metamorfose para o pensamento, para o conhecimento, para a ciência, para os sujeitos. Diante de um cenário tão amplo, é obrigatório registrar que um livro por si só não dá conta de toda a dinâmica de uma rede complexa, tanto quanto dos desdobramentos rizomáticos por outras instâncias, espaços e domínios de saberes plurais acadêmicos e não acadêmicos. Portanto, resguardado o princípio da incompletude, como autora, não me coloco aqui na posição do narrador único, nem muito menos de privilegiado, mas ainda concebo a incompletude diante de um processo que será sempre mais do que posso dizer sobre ele mesmo como participante ativa desde 2011. Durante nosso tempo de vida como alunos/pesquisadores nesse terreno fértil onde o conhecimento pertinente é cultivado, nos é transmitida não uma educação, na concepção tradicional de formação, conformação, moldagem e desenvolvimento, ou um ensino que se restrinja à transmissão de conhecimentos, mas uma cultura intelectual que nos possibilite a construção de um ensino educativo, nos ajude a compreender que existem escalas distintas de complexidade nos fenômenos pesquisados e várias formas de enxergar, problematizar ou compreender um acontecimento. As pesquisas desenvolvidas no grupo não têm compromisso algum com metodologias rígidas e incomunicantes, com a repetição de informações já consumidas pelo senso comum 111 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE universitário, estudos encadeados e congelados por Chronos, ou com a busca pela verdade única e absoluta. Antes, praticamos a ciência do abraço, tendo como horizonte o rigor e não a rigidez, construindo um conhecimento aberto e inacabado, um saber que nos ajude a nos tornar melhores, se não mais felizes, nos ensine a assumir a parte prosaica e viver a parte poética de nossas vidas (MORIN, 2011). A experiência que vivenciei e vivencio no GRECOM esgarçam a concepção sobre ciência, filosofia, epistemologia e de biblioteconomia, área de formação da qual sou oriunda. A promessa de se construir ciência com afeto me cativa. A oportunidade de ser sujeito da própria escrita e estar implicada, imbricada naquilo que escrevo, me seduz. A possibilidade de construir uma narrativa do “eu” e abolir a prática estéril e dessubjetivada do “nós” me conquistam. A possibilidade de injetar doses de poesia na prosa da ciência me instiga. A possibilidade de unir ciência, arte, literatura e outras narrativas sobre o mundo aguça-me a criatividade. Ao ingressar no mestrado e aprofundar as leituras em busca de compreender melhor a epistemologia das ciências da complexidade, fiz uma incursão nos anseios como profissional e como indivíduo e busquei desenvolver uma pesquisa que fosse na contramão da produção da repetição, que respondesse às inquietações e me proporcionasse, acima de tudo, prazer em realizá-la. Durante uma das orientações de mestrado, surgiu a proposta de dissertar sobre a coexistência do livro impresso com os outros suportes informacionais e defender a tese da perenidade desse suporte do conhecimento e da sabedoria humana que me é tão caro. Foi esse o propósito da dissertação de mestrado defendida no ano de 2014. 112 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Na dissertação, intitulada Uma ode ao livro: a educação, o bibliotecário, uma formação para a vida, faço adesão à frase que compõe o título do livro de Umberto Eco e Jean Claude Carriére: “Não contem com o fim do livro” como operador cognitivo para defender o argumento de que o livro é uma invenção insuperável na ordem do imaginário humano, um suporte contemporâneo do conhecimento, o mais durável e confiável suporte da memória e da sabedoria humana e, por isso, não desaparecerá. Recorro à pedagogia da imitação (Michel Serres) e realizo entrevistas com dois intelectuais importantes da nossa UFRN que, assim como eu, nutrem um sentimento de veneração pelos livros. Finalizo o texto dissertativo com a elaboração de um manifesto de amor ao livro. Nele, elenco de forma passional e política dez motivos pelos quais defendo a eternidade do livro. Finalizado o mestrado, o desafio agora é o mesmo e outro. O mesmo, porque permaneço na tentativa de estabelecer diálogos com os fenômenos que pretendo compreender, porque permaneço impregnada, entrelaçada, implicada com o operador cognitivo de estudo. Outro, porque sei que essa empreitada exigirá de mim novas necroses, regenerações e metamorfoses. Muitas vezes me perguntei: em que momento surgiu o desejo de escrever sobre o GRECOM? Qual a importância em se preservar a memória desse grupo? Porque narrar a história desse grupo que também me inclui? Encontrei uma possibilidade de resposta quando li, no livro Ciclos e Metamorfoses, que o GRECOM já foi denominado em vários momentos como uma miniuniversidade, como por exemplo, na fala do professor Geraldo Magela Fernandes, quando diretor do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, em uma 113 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE cerimônia acadêmica da UFRN. Nesse momento, acreditei ter encontrado um argumento, uma narrativa, um fundamento que serve de suporte e alicerça o argumento principal deste texto. Essa frase proferida pelo professor Magela me afetou, porque acredito na universidade como um local onde a ciência é feita com rigor e leveza; onde se cultiva o pensamento livre e a inventividade; onde mestres e discípulos aprendem juntos; onde a humildade intelectual é uma das maiores virtudes; onde se une a prosa e a poesia da vida, e esse lugar para mim é o GRECOM, uma universidade viva. A possibilidade desse grupo ser às vezes reconhecido como aquele capaz de desempenhar, em escala reduzida, as múltiplas dimensões da universidade se afinam com a concepção de universidade e de ciência, “como se fosse para dar vida à ideia de modelo reduzido de Claude Lévi-Strauss” (ALMEIDA; KNOBBE, 2003, p. 51). O conjunto de atividades promovidas e desenvolvidas pelo e no grupo, ao longo desses 25 anos de história nos serve de miniatura para demonstrar que é possível estabelecer o diálogo entre a universidade e a sociedade, entre ciências distintas, promover a religação de saberes e a reforma do pensamento. As dinâmicas vivenciadas pelos pesquisadores que aderem ao sobrenome GRECOM, conforme expressão criada por João Bosco Filho, o modo como a fundadora e coordenadora do grupo conduz as orientações e a realização das pesquisas, a responsabilidade em se constituir como uma incubadora e propiciar o nascimento de grupos na UFRN e em várias outras instituições públicas de ensino superior no país são sinais de vitalidade, da atualização, do esgarçamento, da ampliação e da superação do ideário humboldtiano de universidade. 114 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Não pretendo aqui fazer um diagnóstico da situação atual das universidades, nem demonstrar as necroses existentes no modelo de universidade praticado hoje. Escolho, e até mesmo prefiro, abrir campos de reflexão que sejam capazes de explicitar e fazer alusão a um espaço acadêmico que, estando dentro da universidade, é maior, é o desvio, é o insuflador capaz de gerar outra compreensão do que pode vir a ser uma universidade sob o ponto de vista das ciências da complexidade. Nesse casulo de grandes desafios e pulsação contínua de ideias, descontruí a ideia de ciência que havia cristalizado durante a graduação, com a possibilidade de conhecer outras ciências, outras narrativas sobre os fenômenos do mundo e de construção do conhecimento. Isso porque, na formação do bibliotecário especialista, da qual sou oriunda, aderimos a alguns rituais pertencentes ao universo acadêmico, produzimos e reproduzimos algumas orientações, tais como normas, padrões, linguagens documentárias pensadas na perspectiva positivista e da racionalização que nos orientam a escrever sempre de forma impessoal, com conjugação verbal na voz ativa e na terceira pessoa do singular, fazendo uso do mimetismo de teorias importadas para justificar nossos argumentos e ratificar a construção de nossos dados por meio das citações. Para não pensar que estou “cuspindo no próprio prato”, conforme expressão cunhada por Conceição Almeida, reconheço que não se trata de uma deficiência da formação do bibliotecário ou de qualquer outra formação mais técnica e, portanto, especialista. A especialização é necessária e cumpre com o objetivo de capacitar os indivíduos de competências e habilidades necessárias 115 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE ao exercício de uma profissão. O problema está na ausência de diálogo entre as superespecializações e no ato de confundir rigor com uma rigidez inegociável. Dizendo de outra forma, o problema está no conhecimento que perdemos na informação e na sabedoria que perdemos no conhecimento (T. S. ELIOT apud MORIN, 2011). Como bibliotecária, reconheço a necessidade e a importância de estabelecer uma linguagem universal para a comunicação da ciência. Não obstante reconheço que essa universalidade pode levar a consagração da rigidez paradigmática cartesiana. Devemos reconhecer os dilemas do conhecimento oriundos da modernidade, a qual deve ser denominada de sociedade da hiperinformação e não sociedade do conhecimento e que, portanto, informação e conhecimento não podem, de modo algum, serem interpretados como sinônimos. O excesso de informação que nos bombardeia diariamente produz um efeito contrário e, no lugar de informar, desinforma (ALMEIDA, 2012). Desde o primeiro contato com essa base de pesquisa, aprendi muitas lições. Nos encontros realizados para estudo, nas orientações individuais e coletivas, nos eventos que ajudei a organizar e no curso das disciplinas ministradas pela professora Ceiça Almeida, desconstruí muita informação e reconstruí muito conhecimento. Desaprendi a acreditar em conhecimentos totalizantes, congelados e acabados, tentando ressignificá-los para uma visão parcial, lacunar, marcada pelo inacabamento e, portanto, mais rigorosa. Essas aprendizagens significativas me levaram a superar a noção de utilidade do conhecimento e a compreender que o 116 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE conteúdo dos livros que compõem os acervos das bibliotecas não são axiomas incontestáveis e, portanto, não se constituem como única forma de construção de conhecimento. Na verdade, os resultados de estudos e pesquisas publicados e disponibilizados em locais considerados como uma espécie de paraíso, conforme afirmou Jorge Luís Borges (1998, p. 53), estão lá para serem superados sem serem suprimidos. Dito de outro modo, o saber eternizado nos livros deve servir de degrau para alcançar a sabedoria, ou de ombro para se enxergar mais longe, como afirmou certa vez Isaac Newton. As leituras realizadas desde o ingresso no grupo ampliaram- me horizontes de percepção dos fenômenos e me conduziram a uma visão menos utilitarista da ciência e do conhecimento e mais comprometida com valores alicerçados na democracia cognitiva, no rigor e numa antropologia fundamental atinente ao conhecimento. Dentre as atitudes transdisciplinares apreendidas posso destacar as que nutrem-me o pensamento e guiam as intenções de pesquisa. Esses horizontes cognitivos funcionam como timoneiros rumo a uma cabeça bem-feita e a uma ciência consciente de seus limites. Pondero que essas aprendizagens contextualizam o acervo intelectual por mim experimentado e compartilhado acerca das ciências da complexidade, do método complexo de compreensão dos fenômenos do mundo, alimentando a necessidade de problematizar a formação do bibliotecário e de reformar o ensino, a educação e também as universidades. No rol das aprendizagens às quais me refiro, destaco algumas: 117 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE • Nomadismo As ciências modernas, nascidas no século XVII, consolida- ram-se como uma forma austera com o propósito de conhecer, compreender, analisar, evidenciar e narrar os fenômenos do mun- do, sejam eles físicos, metafísicos, culturais, biológicos, microscó- picos ou macroscópicos. Pautados nos pilares da racionalidade, objetividade e lógica, os acontecimentos eram observados, con- templados, analisados e verificados sob a égide da neutralidade, da exatidão e da racionalização fechada. Como tudo o que é da ordem do domínio da cultura e do humano, as concepções de ciência variam com o tempo e o imaginário social e histórico. Inicialmente, enxergávamos o mundo por meio das lentes de uma realidade clássica autômata e imutável. Posteriormente, vislumbrou-se a compreensão dos fenômenos por meio de uma realidade filosófica quântica e incognoscível e, desde o século XX, nossa visão de mundo está pautada na ideia de um universo em construção. Essa concepção científica descritiva, analítica e dogmática cristalizou-se como axioma incontestável e, por séculos, demar- cou claramente territórios de amplitude e espectro. No universo do conhecer, compreendeu-se a si própria como oráculo da so- ciedade humana, tornando-se a única responsável por decifrar, anunciar, revelar e predizer os fenômenos do mundo. Essa con- cepção científica é intitulada por Conceição Almeida de “Ciência como território”. 118 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Tudo que diz respeito à ideia de território tem a ver com delimitação de fronteiras, fixidez, espaços definidos para funções distintas, controle, barreiras alfandegárias, regas para entrada e saída de códigos de identificação. O habitante de um território tem na alma a tatuagem de um cárcere imaginário. (ALMEIDA, 2015, p. 93) O cientista territorialista estabelece e delimita fronteiras para o próprio pensamento; restringe suas práticas a roteiros pré- estabelecidos; elimina a desordem, o erro e a incerteza. Comunica e dialoga apenas com seus pares, não admite problematização, discussão e refutação porque, como diz o ditado popular, contra fato não há argumentos. O imprinting cultural e noológico alimenta sentimentos de poder e segurança, impedindo o reconhecimento da insuficiência dos conhecimentos e a parcialidade de suas verdades. Como a flecha do tempo atua sobre as reorganizações pelas quais passa a história e o desenvolvimento das ciências modernas; como os fenômenos estudados não são estanques e refletem as formas como os pesquisadores interferem em suas dinâmicas; como os meios analíticos tornaram-se insuficientes, começamos a perceber os sinais do nascimento de um novo espírito científico complexo e transdisciplinar, pautado no caráter lacunar, incompleto, aberto à contradição e ao erro, consciente dos próprios limites e que, em certa medida, abriu mão da busca pela verdade absoluta. Essa reorganização do método científico em patamares complexos despe-se da rigidez e se reveste do rigor; opera estrategicamente; dialoga com a natureza, fazendo surgir as chamadas ciências da complexidade, no plural, conforme expressão de Ilya Prigogine. 119 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Afirmar que o método complexo é mais rigoroso por ser aberto, difuso, incompleto e estratégico pode gerar interpretações equivocadas e redutoras. É pertinente esclarecer que, para essa estratégia de pensamento, a rigidez significa o contrário do rigor. Enquanto o primeiro exclui o erro, a contradição, a incerteza e o estatisticamente insignificante, o segundo supõe mais cuidado e ponderação, mais tática, mais flexibilidade, mais sensibilidade para compreender situações não previsíveis, por vezes contraditórias e quase sempre não perceptíveis no início de uma pesquisa (ALMEIDA, 2012). Afirmar que esse novo espírito científico dialoga com a natureza significa dizer que, longe de operar pelo diagnóstico, pela simplificação e formalização de leis gerais e, portanto, universais, o método sugere a elaboração de princípios, vias de aproximação da realidade (Edgar Morin), que nos permita enxergar os fatos portadores de sentido de futuro (Joël de Rosnay), que possam servir de lentes para compreender os acontecimentos. Todo conhecimento científico é uma construção humana. “Sendo assim, mesmo sendo distinta de outras narrativas por um método cujo rigor é insistentemente professado e defendido, a ciência também gesta e alimenta mitos” (ALMEIDA, 2012, p. 13). Daí a importância do nomadismo no fazer científico, abandonando o territorialismo. Para Conceição Almeida (2015, p. 97), “distante das boias e salvo-condutos, o pensador nômade navega entre as duas margens de um rio sem ver mais o porto de onde saiu nem a margem de chegada”. Acredito que hoje sou um pouco nômade, porque já me encontro distante dos obstáculos impostos pela superespecialização que me orientavam a 120 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE permanecer ancorada nos mares do discurso de autoridade e poder da formação acadêmica. Penso que me encontro longe da margem de partida, mas não espero vislumbrar uma margem de chegada, porque compreendo que cada margem suscitará a continuação do movimento nômade e a aquisição de novos conhecimentos. • Método Complexo como Estratégia Outra aprendizagem significativa diz respeito à distinção entre metodologia e método, assim como o desdobramento desse último como programa ou estratégia. Como bibliotecária, já ministrei disciplinas de cunho metodológico para várias especialidades dentro e fora da UFRN. Possuo um conhecimento razoável acerca dos inúmeros procedimentos e instrumentos de pesquisa propostos para a realização de investigações nas mais diversas áreas sociais, biológicas, biomédicas, tecnológicas. Porém, antes do GRECOM, nunca havia parado para pensar na diferença do significado e no modus operandi que distancia e diferencia metodologia e método. Durante as aulas, as exposições tinham como horizonte as metodologias e orientações de pesquisas cartesianas que fazem uso de procedimentos e técnicas criadas a priori, de forma explícita, rígida e explicadas detalhadamente, etapa por etapa, testadas, comprovadas e reconhecidas pela comunidade científica. Lançava mão dos diversos manuais de metodologia do trabalho científico ou metodologias de pesquisa investigativa nas ciências sociais, da saúde, exatas, dentre outras, para expor aos alunos as possibilidades existentes e determinar em que situações elas poderiam ser melhor utilizadas. 121 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Hoje reconheço as potencialidades e os limites desses procedimentos e percebo que podem ser considerados não adaptativos, congelados e até mesmo mortos, em relação aos fenômenos estudados, visto que devem ser aplicados como fórmula ou receita, de modo que não sofram nenhuma alteração. Quando esses procedimentos são inseridos na pesquisa e entram em contato com os fenômenos estudados no presente e, portanto, em constante movimento, mutação, metamorfose, tornam-se insuficientes, uma vez que não suportam e não aceitam os desvios, as bifurcações e principalmente não aderem às mudanças de rotas traçadas por meio de novas estratégias de pesquisa. No grupo, fui apresentada a um método construído por Edgar Morin e recriado por Conceição Almeida na orientação de todas as pesquisas às quais ela orienta e desenvolve, e que tem como matriz teórica o pensamento complexo. O método de pesquisa preconizado pelas ciências da complexidade e do qual faço adesão para realizar toda a trajetória de pesquisa e construção da narrativa denomina-se Método como Estratégia. A primeira leitura que fiz a respeito desse método foi o texto Método complexo e desafios da pesquisa, publicado no livro Cultura e pensamento complexo, organizado por Maria da Conceição de Almeida e Edgard de Assis Carvalho. Nesse capítulo, Almeida (2012) expõe argumentos que ressaltam a insuficiência das metodologias tradicionais de pesquisa; aborda os desafios enfrentados pelos pesquisadores para tentarem compreender os fenômenos do mundo; apela para a adesão ao método in vivo, criativo e que prime pela religação de saberes. Recorre a uma citação de Edgar Morin para esclarecer que 122 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE a palavra método não significa de jeito nenhum metodologia. As metodologias são guias a priori que programam as pesquisas, enquanto que o método derivado do nosso percurso será uma ajuda à estratégia (a qual compreenderá ultimamente, é certo, segmentos programados, isto é, metodologias, mas comportará necessariamente descoberta e inovação). O objetivo do método é ajudar a pensar por si mesmo para responder ao desafio da complexidade dos problemas. (MORIN, 2008, p. 35) Longe de apenas significar um jogo ou sobreposição de palavras, a escolha do método reflete a concepção de pesquisa e a atitude do pesquisador diante dos fenômenos. Trata-se de estabelecer “vias de abordagens” para aproximar-se dos fenômenos aos quais se quer conhecer, compreender ou dialogar e escolher se continua a operar pelo programa ou se adere ao jogo da estratégia. Ciente de que o primeiro consiste numa sequência preestabelecida de passos que devem ser rigidamente respeitados na investigação e, portanto, reproduzirá resultados unilaterais, parcelares e reducionistas. E que o segundo, por operar por meio da flexibilidade e da possibilidade de bifurcação, altera os roteiros inicialmente planejados em função da dinâmica do tema, da realidade observada e da criatividade empregada. Trata-se, portanto, de aderir a Um método vivo, em permanente reconstrução, capaz de articular objetividade e subjetividade. Princípios gerais que apelam e exigem criatividade, sensibilidade e inventividade do pesquisador, ao mesmo tempo em que permitem distinguir rigidez de rigor científico. Essa pode ser uma síntese provisória sobre o desafio do método complexo na atividade de pesquisa. (ALMEIDA, 2012, p. 113) 123 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE A reflexão epistemológica sobre os métodos de pesquisa e de construção do conhecimento nos possibilita compreender que, quando se fala em ciências modernas ou em ciências da complexidade, não estamos nos referindo a estruturas cognitivas de explicação dos fenômenos do mundo opostas, sobrepostas ou evolutivas. Falamos da insuficiência de uma instância tradicionalmente instituída e da emergência de uma estratégia de pensar que se distingue ao procurar identificar, reconhecer o que há de comum e a distinção entre as coisas e os fenômenos do mundo. Penso que, diante de uma sociedade mundializada, na qual não existem mais fronteiras físicas para informação, conhecimento e comunicação; biológicas para vírus, bactérias, doenças e curas; e culturais para crenças, hábitos e costumes, não podemos permanecer fazendo uso dos mesmos artifícios de observação, diagnóstico e análise sobre os problemas do mundo, criando, utilizando e reproduzindo as mesmas técnicas e instrumentos. Não significa, portanto, dizer que devemos abolir todos os manuais de procedimentos de pesquisa e aderir de forma acrítica e generalizada ao método complexo. O importante é, primeiro, conscientizar-se da existência de níveis distintos de complexidades entre os assuntos e temas pesquisados e, por conseguinte, ter a habilidade de discernir entre qual escolha realizar de modo coerente com a natureza do estudo e com os propósitos de pesquisa idealizados pelo pesquisador. Os procedimentos que constituem o método neste livro começaram a ser traçados no momento da elaboração do projeto. Esses artifícios foram sendo elaborados e adaptados conforme foram realizados os seminários de formação doutoral, a partir 124 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE das orientações e sugestões da banca examinadora e das decisões tomadas em conjunto com a orientadora da pesquisa. Inicialmente, a intenção era fazer a catalogação de todo o material de pesquisa produzido pelo GRECOM ao longo de 25 anos de existência. Esse material era diversamente constituído por livros, panfletos, álbuns fotográficos, fitas k7, Cd’s, Dvd’s, matérias de jornais, banners, monografias, dissertações teses defendidas na UFRN e em outras universidades, como por exemplo a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-São Paulo), relatórios de projetos de pesquisa e extensão chancelados pela UFRN, dentre outros. Finalizada a catalogação, o próximo passo seria reconstruir a história do grupo, narrada a partir de toda a documentação organizada e de depoimentos de pesquisadores que contribuíram para a construção dessa história de resistência à burocratização do pensamento. No meio do jogo, a estratégia sofreu algumas modificações. A etapa da catalogação tomou forma por meio de um projeto de extensão submetido, aprovado e financiado pela universidade por meio do Edital UFRN/PROEX 010/2016 - Memória, Museologia, Documentação e Arquivologia 2017, intitulado “GRECOM 25 anos – incertezas, apostas, metamorfoses”, iniciado no mês de março e finalizado em dezembro de 2017. A realização desse projeto animou, subsidiou e deu suporte à escrita deste livro. A estratégia utilizada para construir a narrativa existencial/ intelectual do GRECOM foi recorrer às competências e habilidades intrínsecas à formação documentalista, da qual sou bacharel, e buscar pesquisar, coletar, selecionar, avaliar, processar e armazenar 125 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE adequadamente todas as informações necessárias à tessitura deste texto. Busquei obstinadamente reunir as informações referentes à história, à produção científica e intelectual, aos projetos de pesquisa e extensão, eventos promovidos e convênios estabelecidos os quais, juntos, constituíssem uma espécie de biografia do grupo e, ao mesmo tempo, representasse um fragmento importante da história da UFRN. Inscrito no sentimento de esperança na educação como via para o futuro da humanidade; na expectativa de contribuir com a reforma do pensamento e da universidade; no desejo de amplificar as potencialidades de uma educação que nos ensine a compreender e enfrentar os problemas fundamentais do mundo, anseio que estes escritos amplie as aprendizagens de viver por meio das próprias experiências vividas, dos livros, da poesia, dos encontros reais e noológicos. Penso na expressão “ensinar a viver” que intitula um livro de Morin, publicado no ano de 2015, no qual o autor esclarece que é preciso saber distinguir viver de sobreviver. Segundo ele, “viver é enfrentar incessantemente o risco de erro e de ilusão na escolha de uma decisão. E que o pensamento complexo nos ensina que qualquer decisão e qualquer escolha se constituem em um desafio” (MORIN, 2015, p. 25). Ao final desta introdução, um esclarecimento se faz necessário. Quando me refiro à trajetória do GRECOM, refiro-me a um grupo de cientistas, pesquisadores, educadores, educandos, permanentes e flutuantes que, juntos, ajudaram a construir uma experiência de reforma do pensamento em consonância com ideários críticos, reflexivos e politizados pautados nos princípios caros ao pensamento complexo. 126 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Faço referência a uma trajetória singular na qual é impossível dissociar vida e ideias, teoria e prática. A um fluxo de produção intelectual que não cabe no Curriculum Lattes. A um ideário de ciência pautado em valores tão pouco exercitados na atualidade, tais como a ética, a honestidade intelectual e a amizade. A um fluxo de pensamento que atualiza e amplia os princípios norteadores das ciências da complexidade ao ir além da religação entre cultura científica e cultura humanística e abraçar a complementaridade desses saberes com os saberes da tradição. Testemunho o itinerário de um projeto de vida idealizado, concretizado, vivenciado e coordenado com maestria por Conceição Almeida. Bem-vindo ao inferno! Essa é a forma tradicional sob a qual saudamos todos os novos professores, pesquisadores e orientandos recém-chegados ao grupo. Essa saudação, longe de fazer alusão a características pejorativas do termo, refere-se, antes, a um convite à incitação, à criatividade, à ousadia e à efervescência noológica necessária ao exercício do bom pensamento. O inferno greconiano pode ser mais facilmente compreendido se tomarmos como operador cognitivo a obra A Divina Comédia de Dante Alighieri. A jornada dantesca narra a trajetória de um indivíduo infeliz, insatisfeito e decepcionado com sua existência e com a humanidade. Durante a longa jornada regenerativa, Dante passa por três regiões: inferno, purgatório e paraíso para refletir e tentar compreender os rumos da civilização (ALIGHIERI, 2016). Se pensarmos analogicamente, os pesquisadores do GRECOM podem ser considerados como um grupo de indivíduos que, insatisfeitos com o excesso de dogmatismo científico; com a insuficiência dos métodos tradicionais da ciência; com o excesso 127 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE de rigidez e displicência com o rigor; com a falta de diálogo entre os saberes; com a ausência de humildade e honestidade intelectual; com a situação das universidades no nosso país; com o quantificação e extratificação da produção científica, resolvem resistir e iniciar desde 1992 um movimento contra essa cultura de desmonte das universidades, de mensuração da ciência e de destruição do bom pensamento. Viver o GRECOM é um convite ao interior do inferno cogni- tivo, lugar onde o pensamento antigo fragmentado e reducionista se torna cinzas. Restando dele apenas um núcleo primitivo central responsável por realizar a auto-organização, por tecer e restituir o caráter complexo e, portanto, indissociável, por proceder a um conhecimento consciente de suas potencialidades e limites. Essa saudação, que nos convida a experimentar o estranha- mento, a incerteza e a plena combustão cognoscente, se coaduna com as palavras do pesquisador Alexsandro Galeno que recorre a uma metáfora como forma de explicar como se constrói conheci- mento no GRECOM. Para ele, se trata de um piquenique à beira do abismo! No cenário desse inferno de insatisfação e permanente tentativa de superação da fragmentação não há lugar para as excentricidades, tensão, pequenos atos de egoísmo, para desavenças explicitas ou dissimulada? Há sim, elas existem. No entanto, ao que me é dado a perceber há sempre como uma mão invisível a tentar reduzir as excentricidades, as competições, os egoísmos e o individualismo. Essas forças de necrose presentes em tudo o que é da ordem do humano e, sobretudo, no espaço coletivo da ciência parecem 128 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE não encontrar os alimentos que as robustecem para degenerar o que é permanente nutrido e diariamente exercitado no GRECOM, que são as forças da conjunção e da regeneração. GRECOM, Um modelo reduzido de universidade A instituição universitária, desde sua origem, se dedica à formação intelectual e moral dos indivíduos por meio das atividades de ensino, da busca pelo conhecimento e do cultivo da sabedoria. Em uma trajetória não linear, a academia modificou- se de modo a responder aos desafios de cada época histórica. “A ideia de universidade remonta às fontes do pensamento filosófico e ao despertar da curiosidade científica” (CASPER; HUMBOLDT, 1997, p. 8). Ao curso de aproximadamente dois séculos, a instituição universitária acumulou um legado de experiências e conhecimentos que podem ser perfeitamente reconhecidos como a herança perpetuada pela memória humana. “Gerada no seio do pensamento humanista e dele inseparável, a universidade é guardiã de um tesouro que só ela é capaz de gerir e com ele fecundar as novas e futuras gerações” (CASPER; HUMBOLDT, 1997, p. 10). O modelo de universidade amplamente difundido até os dias atuais, e que vivenciamos na atualidade, é aquele instituído na Alemanha por Wilhelm von Humboldt (1767-1835) no ano de 1810. O modelo humboldtiano de instituição do ensino superior criou os centros e departamentos, onde alocou as ciências modernas fazendo-as coexistir, mas não comunicar, a cultura científica e a das humanidades (MORIN, 2011). A organização acadêmica praticada no século XXI ainda conserva muitas 129 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE características do modelo implantado pela reforma germânica do século XIX. O cenário do surgimento da universidade moderna alemã, a estruturação institucional e departamental e o ideário de formação humboldtiano é apresentado em uma coleção temática coordenada pela Editora da UERJ. Essa coleção tem o propósito de estimular o debate sobre os fundamentos, a missão e a situação das universidades na atualidade, assim como pensar horizontes futuros para essas instituições seculares de ensino superior no mundo. Para tanto, reúne textos que apresentam uma narrativa histórica das instituições, que problematizam a diminuição dos estímulos ao desenvolvimento do pensamento crítico e inovador e, sem recorrer a um saudosismo utópico, tampouco a soluções mágicas e imediatas, indaga: qual será o futuro das nossas universidades? No volume 2 da referida coleção, intitulado Um mundo sem universidades? escrito por Gerhard Casper e Wilhelm von Humboldt em 1810, e republicado em 1997, são descritas as oito características, que me possibilitam perceber as permanências e metamorfoses ocorridas na universidade e discutir sua importância no mundo de hoje. São elas: a unidade entre pesquisa e ensino; a autonomia da ciência; a autonomia em relação à dispersão; a interdisciplinaridade; a universidade e a formação profissional; massificação das universidades; a autonomia administrativa, e a universidade como lugar (CASPER; HUMBOLDT, 1997). A indissociação entre ensino e pesquisa é considerada uma das formulações mais pertinentes do ideário humboldtiano. Para ele, a relação entre ensino e pesquisa teria um caráter dialético, envolvendo professores e alunos. Nessa relação, os estudantes 130 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE seriam beneficiados ao receberem uma “formação através da ciência” e ao terem sua criatividade reconhecida pelos cientistas. Em contrapartida, a pesquisa também avança ao ser questionada pela geração mais jovem (CASPER; HUMBOLDT, 1997). Esse princípio foi atualizado com a inclusão da extensão universitária compondo o que se denomina de pilares da formação acadêmica, sob o qual se funda toda e qualquer atividade do fazer universitário. A Extensão Universitária é o processo educativo, cultural e científico que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável, para viabilizar relações transformadoras entre a universidade e a sociedade, a partir de um diálogo que envolva os diferentes saberes (das ciências, das tecnologias, das artes, das humanidades e da tradição) (UFRN, 2008). A ciência é uma construção coletiva baseada em formas espontâneas de colaboração entre cientistas e entre áreas distintas de pertencimentos cognitivos. A ênfase na interdisciplinaridade tem demonstrado uma força cada vez maior para transpor os limites imaginários impostos às disciplinas. Essa tendência deve ser abraçada pelas universidades. “A atividade intelectual somente progride quando há cooperação, e não apenas para que um investigador forneça o que falta ao outro, mas para que o êxito de sua atividade entusiasme o próximo” (CASPER, 1997, p. 50). Talvez seja isso o que Prigogine quis dizer quando afirmou, na Carta às futuras gerações, que a ciência une os povos, pois estabelece uma linguagem universal que propicia a comunicação entre cientistas e possibilita uma colaboração internacional (PRIGOGINE, 2009). 131 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Desde o surgimento das primeiras universidades na Idade Média, a formação profissional já era uma constante no processo formativo. Os primeiros membros das academias eram formados para atender às demandas sociais da época, como governo, justiça e economia. Com a reforma universitária alemã, os ideários modernos de universidade embasavam-se em preceitos híbridos, buscando proporcionar aos estudantes uma formação Bildung (formação subjetiva/humana) e a formação Ausbildung (formação exclusivamente profissional, alcançando-se assim a formação integral dos indivíduos). O compromisso da universidade não pode ser reduzido à formação do especialista. Portanto, ela não pode se comprometer com uma educação prioritariamente técnica, voltada somente para a formação de profissionais para atender a uma demanda da sociedade. As instituições que assumem a centralidade dessa perspectiva deveriam ser denominadas de Centros de Formação Profissional e não universidades. Isso já foi dito em 1981 de forma clara e brilhante por Albert Einstein: Não basta ensinar ao homem uma especialidade. Porque se tornará assim uma máquina utilizável, mas não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto. A não ser assim, ele se assemelhará, com seus conhecimentos profissionais, mais a um cão ensinado do que a uma criatura harmoniosamente desenvolvida. (EINSTEIN, 1981, p. 29) A atual concepção de universidade como local de formação profissional que atenda a uma demanda do mercado, a um 132 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE público específico, e que se envolva com princípios e interesses puramente políticos pode ser considerado um exemplo de perda de foco e dispersão. Há uma série de expectativas em relação aos membros das universidades: pesquisar, ensinar e formar, contribuir na esfera pública, colocar sua competência à disposição da economia, acelerar o ritmo das inovações, liderar o processo econômico, favorecer o aperfeiçoamento das condições sociais, estimular melhor qualidade de vida, obter fundos externos para financiamento de pesquisa. Não surpreende, pois, que a universidade enquanto instituição dificilmente possa atender a tanta expectativa. (CASPER, 1997, p. 46) A era da produtividade acadêmica a qualquer custo, sob ameaças de ser “desqualisficado” e acabar no limbo intelectual daqueles cientistas que não conhecem a lista de periódicos A1 ou que não conseguem publicar nas revistas internacionais com fator de impacto estratosférico ou que sequer sabem qual o seu índice-H5 –, está fazendo pulular uma avalanche de pesquisas repetitivas e sem criatividade que pouco têm a dizer de novidade sobre os fenômenos do mundo. Atualmente, percebemos que a vigilância cognitiva res- ponsável pela avaliação universitária e pelo fomento à pesquisa científica, cada vez mais, tolhe a autonomia das universidades, centros, departamentos e programas de pós-graduação. Sob a égide da eficiência e da eficácia, essas instâncias governamentais ameaçam a autonomia universitária ao condicionar os financia- mentos em pesquisas, programas e bolsas de estudo apenas a um grupo seleto de professores e pesquisadores que atingem, de 5 Ou h-indexem inglês, é uma proposta para quantificar a produtividade e o impacto de cientistas, baseando-se nos seus artigos mais citados. 133 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE acordo com sua perspectiva, o grau de excelência em índices de publicações e produtividade. Na sociedade capitalista moderna, as instituições de ensino superior adquiriram para si uma dupla função. Primeira, a de formar para a pesquisa, por intermédio da investigação crítica e reflexiva. Por conseguinte, passa a acumular também a função de formar profissionais para o mercado, que são demandados pelo capitalismo crescente, criando cursos, disciplinas e métodos de ensino cada vez mais técnicos, profissionalizantes, superespecializados e fragmentados. “As universidades, infelizmente, vendem diplomas e títulos, ressaltando especialmente o aspecto profissionalizante, oferecendo aos jovens cursos e especializações com a promessa de emprego imediato e renda atraente” (ORDINE, 2016, p. 106). A concepção de universidade como lugar, defendida por Humboldt, se constitui na concretização de um tipo ideal de espaço e tempo determinado para a produção do conhecimento e da ciência. Para ele, academia é um lugar onde se planta uma semente e tem que regá-la para o resto da vida. Os estudantes devem sentir-se ligados a ela pelo resto da vida. Como exemplo desse argumento, cita as grandes universidades tradicionais de Oxford e Harvard. Nelas, ao concluírem suas formações, os estudantes não se desligam por completo da instituição. Alunos e ex-alunos organizam encontros e atividades que mantêm ativo o vínculo com a universidade por toda a vida. As características derivadas das intuições e formulações essenciais ao modelo de universidade idealizado por Humboldt estavam em consonância com os sinais de um tempo, em que a 134 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE universidade de Berlim precisava ser departamentalizada e se transformar em pequenos espaços ocupados por inteligências especializadas. Se é correto reconhecer a importância dos ideários prefigu- rados por Humboldt na Alemanha do século XIX, o que nos le- gou uma estrutura de universidade departamentalizada tal como ainda a conhecemos, é inegável que a fragmentação do conheci- mento daí decorrente compromete até mesmo a significação do vocábulo universitas. A crítica à fragmentação está no cerne das questões que o próprio conhecimento científico interroga hoje. A estrutura uni- versitária tem se tornado, em grande parte, um obstáculo para o pensamento criativo e reflexivo, por isso um novo estilo de ciência e de universidade precisa ser gestado. A reforma da universidade e do pensamento de quem a constitui é uma questão urgente. Da perspectiva moriniana, desde o surgimento, a universidade se propõe a conservar, memorizar, integrar e ritualizar nossa herança cultural de saberes, ideias e valores. As pesquisas e estudos desenvolvidos pelos indivíduos que a constituem buscam, de acordo com os sinais de transformação da sociedade e da produção do conhecimento humano, reexaminar, atualizar e transmitir os saberes acumulados, proporcionando a eles um efeito regenerador (MORIN, 2011). É de responsabilidade das instituições de ensino superior conservar as grandes narrativas construídas sobre o mundo, memorizá-las no interior dos suportes informacionais, integrar a essa memória preservada as inovações e os novos acontecimentos 135 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE vivenciados pelos homens e repetir esse ritual de produção de conhecimentos, saberes, narrativas e experiências acumuladas na história das sociedades. Como guardiã da herança da reminiscência coletiva, a universidade tornou-se o lugar de reflexão e problematização da cultura ao instituir sua liberdade interior frente à religião e ao poder, tornar-se laica e se abrir à “grande problematização oriunda do Renascimento, que questionou o mundo, a natureza, a vida, o homem e a Deus” (MORIN, 2011, p. 81). É tarefa dos intelectuais da ciência, muitos deles do interior das instâncias acadêmicas, refletir sobre si, sobre o outro, sobre a cultura, costumes, relações sociais, econômicas, afetivas. Fazer análises, conjunturas, projeções e construir previsões sobre o futuro da nossa Terra-pátria (Edgar Morin). Refletir sobre a situação atual da instituição acadêmica é: • Situá-la em um contexto de emergência e renovação da ciência a cada nova crise; • Pensar questões cruciais para o conhecimento e para cultura situadas nas matrizes da biologia, da animalidade, da humanidade e da existencialidade do conhecimento; • Pensar na construção de uma ciência que se quer mais humana, mais justa e mais sábia; • Compreender e problematizar as características da univer- ssidade, ao mesmo tempo conservadora, regeneradora e geradora, nos ajudam a enfrentar os desafios que circun- dam essa instituição e a clarear o horizonte de incertezas no qual ela está inserida. 136 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE A esse respeito, Edgar Morin tem tecido algumas reflexões, empreendido esforços e propugnado por uma reforma do pensamento e da universidade. Nesse ínterim, deve a universidade adaptar-se à sociedade e integrá-la ou a sociedade a ela? Respondendo, assim, às necessidades fundamentais de formação profissional técnica ou oferecer um ensino metaprofissional e metatécnico? (MORIN, 2011). Trata-se de uma questão de natureza complexa. Ao tentar se adequar à sociedade, a formação universitária centra-se no paradigma cartesiano consolidado pelas ciências modernas e em um modelo de ensino que separa objetos e disciplinas, não os relacionando; cuja ordem principal é eliminar tudo o que possa trazer desordens. Isso resulta na construção do conhecimento linear, hierárquico, programado, mecânico. O ideal de ensino superior, que precisa questionar o instituído, pensar a realidade, a sociedade e os fenômenos, perde totalmente o protagonismo. A universidade só se regenera e amplia o espaço de diálogo com seus interlocutores se se reconhece como o lugar de lapidação do conhecimento comum e, por isso mesmo, precisa nutrir e conservar elos de ligação com fluxos de saberes mais ágeis, mais livres, por vezes mais fecundos e criativos (ALMEIDA; KNOBBE, 2003). Diante da invasão dos meios de comunicação de massa e da banalização da informação, a presença ativa da universidade representa a força que impede a paralisia do pensamento e a asfixia da consciência crítica e reflexiva. Desse modo, sem deixar de considerar problemas contempo- râneos, tais como a massificação das instituições de ensino supe- rior; as novas formas de comunicação possibilitadas pela difusão 137 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE da internet; a necessidade de encontrar recursos para financiar o ensino superior, podemos discutir os princípios fundamentais da proposta de Humboldt que alia a formação científica objetiva à formação subjetiva, capaz de promover o desenvolvimento máxi- mo da ciência e a formação intelectual e moral dos jovens. Pensar a reforma desse locus privilegiado de construção de conhecimento inclui: pensar a universidade em consonância com o contexto político e social atual; viabilizar a reforma do ensino e do pensamento; reverter os efeitos maléficos propiciados pela fragmentação dos saberes, religando as culturas cientifica e humanística. É esse alerta que nos faz Edgar Morin, quando afirma que “a universidade é um dispositivo que necessita ser reinventado, pensado e feito em correspondência com a natureza dos problemas cruciais que enfrentamos como comunidade e como humanidade” (MORIN; DÍAZ, 2016, p. 67). Na contramão dessa via de regeneração da universidade, atualmente, somos testemunhas do processo de mensuração do ensino superior e da prática do produtivismo científico exacerbado. O corpo discente é mensurado pelos coeficientes de ingresso, evasão e conclusão. O corpo docente é avaliado pelo número de doutores, pelo curriculum lattes, pelos prêmios conquistados e pelos recursos federais captados. As bibliotecas são analisadas pela quantidade de exemplares por aluno e pelo percentual destinado à aquisição de novos títulos. Todos incluídos na mesma lógica quantitativa e avaliados por padrões de desempenho instaurados pelo capitalismo cognitivo. As pesquisas encontram-se reduzidas a termos meramente quantitativos, representados universalmente pela cientometria. 138 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Nessa modalidade científica, o conhecimento é mensurado por meio de índices, indicadores de desempenho e coeficientes que se traduzem em qualificadores para ranquear o conhecimento produzido. A sociedade contemporânea, em que o saber se tornou a principal força de produção, exigiu novos critérios para avaliar o conhecimento produzido e tais critérios nada têm a ver com a capacidade de circulação num mercado mundial de conhecimento. Pensar a mensuração da produção do conhecimento é atribuir um caráter utilitário a tudo o que é produzido no interior das universidades. É esquecer que “o desenvolvimento da capacidade geral de pensamento e julgamento independentes deve ser sempre colocado em plano, e não a aquisição de conhecimentos específicos” (EINSTEIN, 1994, p. 40). O utilitarismo aborta a essência natural do bom pensamento. Aqueles que concebem os critérios de avaliação do conhe- cimento, produzido e publicado, se revestem do pragmatismo exacerbado, vestem a carapuça do gestor em busca de resultados, quantificam o que não pode ser mensurado de forma a conse- guir extrair medições que atendam a um regime altamente ego- cêntrico e competitivo, desconsiderando completamente que é no conhecimento tido por muitos como inútil que está a origi- nalidade, a criatividade, a inventividade e o bom pensamento (ORDINE, 2016). A passividade e a incapacidade de politizar o que lhe acontece caracteriza o mundo acadêmico atual que está prestes a ser redefinido em profundidade pela mesma objetividade que definiu para julgar as outras narrativas de produção do conhecimento. 139 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Quer se trate dos indicadores oriundos da “Economia do conhecimento” ou dos extratificadores de avaliação e classificação de universidades, centros de pesquisa e pesquisadores, serão produzidos por eles mesmos, os especialistas (STENGERS, 2015). A fábrica de produção de conhecimento não pode parar nunca. É preciso publicar sempre para não perecer jamais. Manter-se na busca incessante de estar contemplado nos editais de fomento à pesquisa. Os fatores utilizados para atribuir grau de excelência são difusos, dúbios, parciais e tendenciosos. Eles fabricam, em nome da ciência e do imperativo da objetividade, uma nova definição operante de pesquisa que impõe e impele à marginalidade aqueles que não se subjugam a essa prática (STENGERS, 2015). De onde partirão ou devem partir as propostas de reforma? Sobre essa questão, Morin pondera que, embora reconheça a necessidade de transformar a estrutura hegemônica da academia, é importante investir em iniciativas marginais. Diz ele em A cabeça-bem-feita: “poderíamos também imaginar a instituição, em cada universidade, de um centro de pesquisas sobre os problemas da complexidade e da transdisciplinaridade, bem como oficinas destinadas às problemáticas complexas e transdisciplinares” (MORIN, 2011, p. 85). Dessa forma, o GRECOM pode ser compreendido como um centro de investigações que gestou, nutre e faz ramificar dentro da universidade um modo de pensar fora do pragmatismo excessivo, uma vez que as pesquisas empreendidas por seus integrantes dedicam-se a problemáticas complexas, transdisciplinares e comprometidas com os problemas fundamentais que propõem pensar a ciência e a sabedoria. 140 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Um espaço cognoscente situado no interior de um locus universitário, no qual as ideias fervem e o conhecimento é produzido sob a temperatura da própria destruição. No qual as atividades promovidas tomam proporções inesperadas e surpreendem até os próprios organizadores, como por exemplo a reunião de cerca de 10 mil pessoas na praça cívica do campus da UFRN por ocasião da comemoração dos dez anos de existência do GRECOM. E no qual a produção acadêmica e intelectual, periódica e crescente, representa parte significativa na avaliação da produção dos programas de pós-graduação ao qual está vinculado, mas ao qual não corresponde uma estrutura física e de apoio institucional em comparação com a amplitude intelectual. O reconhecimento de que a experiência desse grupo concretiza a proposição de Edgar Morin é explicitado por Ana Cecília Espinosa Martinez. Para ela, o GRECOM expressa uma forma de universidade com caráter de religação de saberes entre ciência, arte e espiritualidade, transdisciplinaridade, com muito rigor e menos rigidez, revestido de uma objetividade subjetivada e comprometida com a formação integral dos sujeitos. Segundo Martinez, os preceitos que guiam as atividades do grupo buscam: • Revolucionar o trabalho acadêmico ligando-o à vida, mesmo com o risco de despertar “os demônios” arraigados do mundo universitário; • Optar por uma visão multirreferencial dos fenômenos da realidade (social, natural e humana) para compreendê-los em sua complexidade e atuar, em consequência, no cotidiano e na produção de saber; 141 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE • Buscar uma formação universitária e uma ciência mais humildes, mais humanas e comprometidas com o destino do planeta, que sejam refletidas nas práticas de vida; • Assumir que nós fazemos o mundo e necessitamos nos desfazer da ideia de que “o mundo é assim”, de que não é possível fazer nada e, em troca, dar espaço à “boa utopia” (MARTINEZ, 2013, p. 284). Na contramão de um conhecimento separado entre aquele que conhece e o fenômeno que quer conhecer, os pesquisadores do GRECOM tecem reflexões sobre o pertencimento “que apela para uma ética da formação universitária não reducionista; portanto, não restrita à formação acadêmica e profissional e, sim, que inclua compreender a condição humana como parte da formação” (MARTINEZ, 2013, p. 284). Os argumentos expostos até aqui sobre a atuação singular do GRECOM no interior da UFRN, e fora dela, fazem com que reconheça nesse grupo a manutenção dos princípios que devem orientar a formação nas universidades. É por constatar a contribuição no âmbito do ensino, pesquisa e da extensão de forma indissociável; por resguardar a formação integral dos sujeitos; por extrapolar os muros da institucionalização e estabelecer uma comunicação direta e contínua entre universidade e sociedade que reconheço nesse grupo de pesquisa um modelo reduzido de universidade. Essa noção é concebida pelo antropólogo Claude Lévi- Strauss, ao se referir ao trabalho do bricoleur. Para Lévi-Strauss, a redução de escala inverte essa situação do método do conhecer, e tomamos conhecimento, primeiro, do todo, para só depois 142 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE conhecer suas partes, pois “por ser quantitativamente diminuído, ele nos parece qualitativamente simplificado. Mas exatamente essa transposição quantitativa aumenta e diversifica nosso poder sobre um homólogo da coisa” (LÉVI-STRAUSS, 2012, p. 40). Conhecendo o todo do GRECOM, por meio do acervo, da produção, dos projetos, da história da pesquisa da Lagoa do Piató que já conta 32 anos, da convivência e da escuta das narrativas dos pesquisadores que viveram e realizaram suas formações em épocas distintas e, principalmente, pela contribuição ativa e participativa desse grupo para a história da UFRN, consigo perceber claramente quais são as partes que me levam a reconhecê-lo como uma miniuniversidade. Acredito que essa afirmação ratifica o que Lévi- Strauss afirma, quando diz que “a virtude intrínseca do modelo reduzido é que ele compensa a renúncia às dimensões sensíveis pela aquisição de dimensões inteligíveis (LÉVI-STRAUSS, 2012, p. 41). São essas dimensões que reconheço no GRECOM, quando procedo a uma reflexão sobre a instituição universitária a partir dos princípios legados por Humboldt; da necessária indissolubilidade entre ensino, pesquisa e extensão, na promoção da formação científica, aliada à formação integral dos indivíduos; na prática de uma ciência mais humana e democrática. São esses os fundamentos nos quais alicerço o argumento central deste livro. Uma História documental O Grupo de Estudos da Complexidade – GRECOM, sedia- do na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal, é 143 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE uma base de pesquisa que tem por objetivo desenvolver estudos e pesquisas na perspectiva das ciências da complexidade. É tam- bém um espaço de reflexão para pesquisadores que se afinam com a construção de um conhecimento transdisciplinar, capaz de religar local/global e reduzir as fraturas homem/vida/mundo e natureza/cultura. Os integrantes do grupo procuram exercitar o alargamento dos limites disciplinares, com vistas à consolidação de um espaço dialógico caracterizado pela civilização das ideias (Edgar Morin). Investem na emergência de um sujeito capaz de dialogar, de modo mais solidário e respeitoso, com outros saberes não domesticados pelos códigos da ciência, como a arte, a literatura e os saberes da tradição. Procuram politizar a cultura científica e nutrir um intelectual mais comprometido com o destino do planeta. Os trabalhos apresentam um formato aberto quanto à diversidade de temáticas e dos aportes metodológicos das investigações. Assumem o método científico como estratégia, permanentemente em construção. Investem, supõem e possibilitam a produção mais coletiva do conhecimento. Em 1994, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFRN propõe como política a criação de “bases de pesquisas” (espaços acadêmicos de construção coletiva de conhecimento novo). No documento de lançamento dessa política (UFRN, 1994), o grupo de pesquisa “Estudo da Complexidade” já aparece na categoria das “bases consolidadas” e não “em formação”, pela anterioridade e reconhecimento institucional. 144 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 1 – Folder contendo as primeiras bases de pesquisas da UFRN Dois anos depois de formalizado o GRECOM como base de pesquisa e mantendo a assessoria permanente de Edgard de Assis Carvalho (PUC/São Paulo), é criado em são Paulo o COMPLEXUS, grupo de pesquisa ligado à pós-graduação de Ciências Sociais (PUC/São Paulo) e coordenado por Edgard Carvalho. A partir desse momento, estreitam-se os laços indissociáveis entre GRECOM e COMPLEXUS. 145 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Em julho de 2000, o diretor da Cátedra Itinerante UNESCO Edgar Morin para o Pensamento Complexo – CIUEM, Raúl Domingo Motta, esteve em Natal para a implantação do primeiro ponto brasileiro da referida Cátedra na UFRN, localizado no Grupo de Estudos da Complexidade – GRECOM. O segundo ponto da CIUEM no Brasil foi instalado em São Paulo, na Pontifícia Universidade Católica, e tem no COMPLEXUS sua referência. Durante a visita de três dias, Raúl Motta reuniu-se com o então reitor da UFRN, Ótom Anselmo de Oliveira, para oficializar a participação da universidade na rede da cátedra; realizou conferência; concedeu entrevistas aos meios de comunicação e participou de encontros com os pesquisadores do GRECOM para estabelecer algumas diretrizes do trabalho conjunto. 146 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 2 – Matéria publicada na mídia impressa local por ocasião da instalação da cátedra CIUEM na UFRN Fonte: Diário de Natal, Caderno Cultura, 15 de julho de 2000. 147 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 3 – Raúl Domingo Motta (diretor do Instituto Internacional para o Pensamento Complexo) Fonte: Diário de Natal, Caderno Cultura, 15 de julho de 2000 148 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 4 – Matéria publicada na mídia impressa local por ocasião da instalação da cátedra CIUEM na UFRN Fonte: Diário de Natal, Caderno Cultura, 15 de julho de 2000. 149 O GRECOM está ligado a dois Centros Acadêmicos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN (Centro de Educação e Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes) e a dois Programas de Pós-Graduação (Programa de Pós-Graduação em Educação e Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais). Como base de pesquisa, vinculou-se, na sua origem, ao Centro de Ciências Sociais Aplicadas e atualmente está vinculada ao Centro de Educação da UFRN. Outra publicação que demonstra o reconhecimento interna- cional da existência e atuação do grupo é o Annuaire du réseau Inter-continental, organizado pela Association pour la Pensée Complexe e publicado em Paris no ano de 2000. No referido do- cumento, são arrolados os principais grupos que se dedicam aos estudos da complexidade no mundo, e o GRECOM é um deles. Figura 5 - Capa e parte do conteúdo do livro Annuaire du réseau Inter-continental Fonte: Arquivos do GRECOM EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Fonte: Arquivos do GRECOM 152 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Fonte: Arquivos do GRECOM 153 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 6 - Banner de divulgação do Grupo de Estudos da Complexidade (GRECOM) Fonte: acervo do GRECOM 154 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE A origem e a matriz da concepção de pesquisa sob a qual é construída toda a experiência intelectual desse grupo têm procedência na forma arrojada e transdisciplinar com que Conceição Almeida realizou as pesquisas sobre os desdobramentos do problema da seca e da impossibilidade da pesca no município de Assu/RN, juntamente com a equipe do Núcleo Temático da Seca (NUT-Seca UFRN), coordenado na época por Terezinha de Queiroz Aranha, em parceria com Wani Fernandes e alguns bolsistas. Da bifurcação da pesquisa sobre a temática da seca no interior do estado do Rio Grande do Norte, surge a Pesquisa na Lagoa do Piató/Assu. Essa foi a primeira pesquisa do grupo registrada e financiada pelo Centro Nacional de Pesquisas Nacionais (CNPq), e que mesmo antes de ser oficializada pelas instâncias fomentadoras, já tinha equipe definida. De natureza transdisciplinar, a equipe contava com uma antropóloga, uma historiadora, um aluno de psicologia e uma aluna de pedagogia. Os pesquisadores de pertencimentos diversos tinham os objetivos de tratar dos aspectos socioeconômicos da população residente na Lagoa do Piató; perceber as implicações entre a pesca, as atividades de plantio e cultivo da agricultura e o êxodo dos pescadores daquela região. A pesquisa, financiada pelo Programa de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico para o Nordeste (PDCT II), era articulada a outro eixo temático com pesquisadores das áreas de biologia, botânica, limnologia, da UFRN e da extinta Escola Superior de Agronomia da cidade de Mossoró. 155 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE O método dessa investigação científica é o que nutre parte substancial das pesquisas posteriores do GRECOM. A obstina- ção intelectual com que essa matriz é alimentada até hoje é o que se espera de cada orientando na realização de seus investimentos intelectuais. O diálogo aberto e respeitoso com os fenômenos es- tudados é o que se espera de um intelectual humilde. O compro- misso com a formação integral dos sujeitos é o que se pretende a cada nova orientação assumida pelos pesquisadores desse casulo do bom pensamento. A história da pesquisa da Lagoa do Piató é alimentada pela troca de informações, experiências, saberes e conhecimentos no plural. Aprende-se e ensina-se ao mesmo tempo. Credita-se à complementaridade entre os saberes o avanço de toda a ciência. A matriz dessa concepção de pesquisa está sumariada em pelo menos 5 títulos publicados. Os dois primeiros, de autoria de Maria da Conceição de Almeida, já se encontram na segunda edição revista e ampliada. São eles: Complexidade, saberes científicos, saberes da tradição (2010; 2017); Ciências da Complexidade e Educação: razão apaixonada e politização do pensamento (2013; 2017); Lagoa do Piató: fragmentos de uma história (2006) de Maria da Conceição de Almeida em coautoria com Wani Fernandes Pereira; A natureza me disse (2007), de Francisco Lucas da Silva e organizado por Maria da Conceição de Almeida em parceria com Paula Vanina Cencig; Um sábio na natureza (2017), de Francisco Lucas da Silva e organizado por Maria da Conceição de Almeida em parceria com Thiago Emmanuel de Araújo Severo. 156 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Ao longo de todo esse tempo, o grupo acumula um rico e diversificado acervo suficiente para constituir um centro de documentação. Compõem esse acervo: documentos impressos, tais como relatórios, projetos, livros, catálogos, monografias, dissertações, teses, fotografias, cartazes, banners, convites e demais registros das atividades desenvolvidas no GRECOM, organizados pelas sucessivas levas de orientandos de graduação e de pós- graduação e bolsistas que faziam suas formações vinculados ao grupo. Essa valiosa contribuição permitiu perpetuar fragmentos da memória dessa base de pesquisa e hoje podem ser acessados na sala 14, denominada sala Edgar Morin, 2º. andar do Centro de Educação/UFRN. Figura 7 – Placa da Sala do GRECOM Esses documentos se constituíram como parte integrante da pesquisa realizada no doutorado. Alguns deles constam neste texto; outros, serviram apenas para ajudar na construção da leitura aqui realizada de como reconheço esse lugar de pertencimento cognitivo. Anualmente, os pesquisadores do GRECOM, responsáveis por atualizar os registros das atividades 157 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE desenvolvidos pelo grupo, elaboravam e atualizavam um folder de apresentação da base para ser distribuído nos eventos que o grupo promovia ou dos quais integrantes participavam. Esses folders, dispostos abaixo, configuram-se como fonte de pesquisa para quem desejar compreender o que é o grupo, quais os eixos de pesquisa foram sendo desenvolvidos, ampliados, suprimidos ou ressignificados, para mapear as áreas temáticas que norteavam os investimentos de pesquisa do GRECOM em períodos determinados. Esses eixos de pesquisa e essas áreas temáticas estão intrinsecamente ligados à produção veiculada pelos docentes e orientandos do grupo, bem como de pesquisadores de outras cidades do país, como Belém, Vitória da Conquista, Ceará Mirim, Mossoró e Campina Grande. Servem também para identificar os pesquisadores permanentes e os pesquisadores episódicos, que ajudaram a construir a história do grupo. De forma recursiva, o reconhecimento desses membros do grupo traduzem-se nos eventos organizados, nas publicações disseminadas, nas oficinas do pensamento realizadas e nos seminários temáticos que compunham a dinâmica interna e externa do grupo. É importante elencar esses registros, para constatar a amplia- ção dos convênios e intercâmbios de prestação de assessoria; com- partilhamento da organização de eventos; participação de bancas e demais atividades acadêmicas. Esses dados nos permitem ma- pear como o GRECOM foi, ao longo dos anos, possibilitando o surgimento de novos grupos de estudos dedicados à transdiscipli- naridade e à complexidade. 158 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Listo, a seguir, alguns exemplares dos folders do GRECOM, que compreendem o período de 2005 a 2016. Esse conjunto de oito folders nos permite verificar a permanência do eixo de pesquisa mais antigo do grupo, que atualmente é intitulado como Complexidade, saberes científicos, saberes da tradição, no qual realizam-se pesquisas com o propósito de discutir a relação entre saberes científicos e saberes da tradição a partir do diálogo entre essas duas formas de pensamento/conhecimento do mundo. Outro eixo característico do modo de fazer pesquisa e ciência nesse grupo foi denominado durante o período entre 2006 a 2009 de Reservas antropoéticas e experiências da cultura. Nele foram desenvolvidas pesquisas que tinham como princípio norteador a compreensão da condição humana e da cultura por intermédio da arte, literatura, estética, da comunicação e das dimensões do sagrado. Os eixos de pesquisa Dinâmicas do pensamento e produção do conhecimento e Ciência, arte e literatura a partir do ano de 2006 foram ampliados, agrupados e ressignificados passando a fazer parte de um núcleo de produção de maior amplitude no contexto da ciência e da produção do conhecimento. No periodo de 2006 a 2009 não houveram alterações nos eixos de pesquisas. Durante o biênio 2011-2012, os eixos de pesquisa foram redu- zidos. Nesse período os investimentos cognitivos do grupo estavam direcionados a nutrir e consolidar a pesquisa principal, acerca da sistematização dos conhecimentos de intelectuais da tradição, e no desenvolvimento de investigações que abordavam temas como arte, poesia, comunicação, mídias sociais, dentre outras. 159 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE No intervalo entre 2013 e 2015, o GRECOM volta a apresentar três eixos temáticos de pesquisa. A ampliação se deve a presença cotidiana e parceria afetiva e intelectual com o matemático Iran Abreu Mendes. O eixo temático Cultura Matemática e suas Epistemologias surge com o propósito de abarcar estudos que tem como horizonte compreender a cultura, história e epistemologia da Matemática nas suas relações com a arte e a Educação Matemática. No ano de 2016, os eixos de pesquisa são atualizados nova- mente. Surge o eixo Epistemologia, Transdisciplinaridade, Educa- ção e Tecnologias com a finalidade de abarcar pesquisas que con- temple as pesquisas e projetos de novos pesquisadores do grupo. 160 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 8 - Folder institucional do GRECOM. 2005 161 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 9 - Folder institucional do GRECOM. 2006 162 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 10 - Folder institucional do GRECOM. 2007 163 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 11 - Folder institucional do GRECOM. 2009 164 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 12 - Folder institucional do GRECOM. 2011 165 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 13 - Folder institucional do GRECOM. 2012 166 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 14 - Folder institucional do GRECOM. 2013 167 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 15 - Folder institucional do GRECOM. 2016 168 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Ressonâncias de Complexidade Configura-se como intercâmbio o ato de estabelecer relações de reciprocidade entre instituições ou nações, que sejam comerciais, pessoais ou culturais. Geralmente, essas interações são realizadas entre instituições e oficializadas por documentos de convênios, reconhecidos entre os pares e que apresentem o período, objetivos e interesses em comum das partes envolvidas no processo. Para o GRECOM, o vocábulo intercâmbio mantém o mesmo sentido de relações onde haja reciprocidade, troca ou permuta, mas os interesses são ressignificados para o campo das ideias, da afinidade epistemológica e consolidação de pesquisas desenvolvidas sob as luzes das ciências da complexidade. É importante registrar que muitos dos reais e permanentes intercâmbios não são registrados formalmente pelas instituições parceiras. Certamente, isso denota uma forma de produzir o fluxo de reflexão a respeito da complexidade que excede os documentos oficiais da tecnoburocracia do pensamento (Edgar Morin). Em síntese, o grupo mantém ligações estreitas com outras universidades e grupos de pesquisa, nacional e internacionalmente, construídos e consolidados sem a necessidade de nenhum procedimento oficial e sustentados pelos laços de afinidade intelectual e de amizade. No rol de parceiros com os quais essa base de pesquisa alimenta a partilha do fazer científico complexo constam instituições, institutos, cátedras e também outros grupos de pesquisa coordenados por pesquisadores e professores que, após concluírem o período de formação doutoral e alcançarem o 169 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE amadurecimento intelectual, sentiram a necessidade de bifurcar criando grupos próprios. São exemplos desses intercâmbios: • Association Internationale pour la Pensée Complexe (Paris) • Cátedra para la Transdisciplinaridad (Universidad de Valladolid, Espanha) • Centro de Estudios Universitarios ARKOS (CEUA/Puerto Vallarta, México) • Centro Interdisciplinar de Semiótica da Cultura e da Mídia (PUC-SP) • Grupo de Estudos da Transdisciplinaridade e da Complexidade (GETC/IFRN) • Grupo de Estudos da Complexidade e da Vida (GrecomVida/Campina Grande, PB) • Grupo de Pesquisadores da Complexidade (GRUPECOM/ Ceará Mirim, RN) • Grupo de Estudos em Ciências da Religião (UERN/Natal, RN) • Grupo de Estudos e Pesquisas das Práticas Etnomatemáticas na Amazônia (GETNOMA/CAMETÁ, PA) • Grupo de Estudos Transdisciplinares em Comunicação e Cultura – MARGINÁLIA (UFRN) • Grupo de Pesquisa do Pensamento Complexo (UERN/ Mossoró, RN) • Instituto Internacional para el Pensamiento Complejo (Universidad del Salvador - Buenos Aires, Argentina) • Laboratório de Estudo e Pesquisa em Educação e Conhecimento científico – LABECET (UESB/Vitória da Conquista, BA) 170 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE • Laboratório Transdisciplinar de Estudos em Complexidade – LABTECE (UESB/Vitória da Conquista, BA) • MITO-LOGOS (Natal, RN) • Multiversidad Mundo Real Edgar Morin (Hermosillo, México) • Núcleo de Estudos da Complexidade – COMPLEXUS (PUC-SP) • Núcleo de Estudos em Comunicações Políticas –COM- VERSAÇÕES (Faculdade de Comunicação – UnB/ Brasília, DF) Eixos Temáticos de Pesquisa O GRECOM desenvolve seus estudos e pesquisas organizados em três eixos que, interligados, facilitam a metamorfose da cultura científica em patamares transdisciplinares e complexos. Os eixos de pesquisa são concebidos como grandes matrizes intelectuais, de modo que venham a contemplar as pesquisas dos orientandos e pesquisadores permanentes do grupo. Existe um núcleo permanente no interior desses eixos, que diz respeito à matriz epistemológica da complexidade e aos pertencimentos teóricos dos pesquisadores permanentes que estão desde o início e continuam no grupo até os dias atuais. Dentro dessa matriz, podemos citar o constante diálogo entre os saberes científicos e os saberes da tradição; o estudo das dimensões do sagrado, e as analogias e metáforas da complexidade. Atualmente, os eixos norteadores das pesquisas realizadas no GRECOM são: 171 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE 1. Complexidade, Saberes Científicos, Saberes da Tradição Nesse eixo encontra-se claramente explicitada a concepção de pesquisa defendida pelo grupo. Existe um diálogo sistemático e permanente entre os pesquisadores que desenvolvem suas investigações no entorno da Lagoa do Piató, em Assu, RN, e os moradores das comunidades que participam diretamente da produção dos trabalhos. Essa relação de cumplicidade faz jus ao alerta de que não se faz ciência de modo pontual, explorador e extrativista. O propósito de uma investigação não se resume apenas a diagnosticar, usufruir, conceituar, teorizar. Antes, é uma experiência de construção compartilhada, transdisciplinar por natureza, e que tem a responsabilidade de reconhecer a potencialidade de outras narrativas de conhecimento para além da ciência e, principalmente, fazer dialogar essas formas de conhecer. 2. Metáforas da Complexidade, Estética, Dimensões do Sagrado Correspondem a esse eixo estudos e pesquisas sobre estratégias de conhecimento que reabilitam a potência da metáfora como um operador cognitivo de religação da realidade. As produções abrangem os domínios da estética, da literatura e do sagrado. A natureza é concebida pela articulação das dimensões física, metafísica, social e imaginária. Outro parâmetro enfatizado é a relação indissociável entre cultura cientifica e cultura literária, mito e reservas antropológicas da condição humana. 172 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE 3. Epistemologia, Transdisciplinaridade, Educação, Tecnologias Estudos e pesquisas que abordam fundamentos da teoria e da prática educacional numa perspectiva transdisciplinar fazem parte desse terceiro eixo. Um dos principais objetivos nesse sentido, é propiciar o diálogo entre a prática experimental e o esforço teórico para a construção do conhecimento. As pesquisas, a partir desse pressuposto, procuram abordar e problematizar a complexidade das dimensões ética, política e ambiental nas relações entre ciências, tecnologias e sociedade, compreendendo a epistemologia como um campo de saberes que influencia e é influenciado pelas ciências, pela educação e pelas tecnologias. Produção Acadêmica e Intelectual Mais do que uma estratégia de método de articulação do pensamento e produção do conhecimento, a transdisciplinaridade pode ser concebida como uma atitude mental e uma práxis que atua pela disposição e abertura em perceber os vários domínios que incidem sobre os fenômenos complexos. O exercício e o cultivo dessa atitude mental têm, a nosso ver, como base o cultivo da amizade e do afeto, a redução do sentimento de verdades conceituais ou fenomênicas e a disposição de compreender como as diversas especialidades representam e concebem o mesmo tema\problema de pesquisa. Não propugnando pelo fim da especialidade de cada pesquisador (biólogo, filósofo, pedagogo, etc.), têm-se como 173 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE propósito enfraquecer os limites disciplinares. O objetivo maior é retirar cada especialista do casulo epistemológico no qual se encontra à partida para, em seguida, oferecer saberes de fronteiras que ampliam e complexificam a especialidade. O caráter transdisciplinar dos trabalhos orientados por pesquisadores permanentes do GRECOM se expressa por dois conjuntos de princípios e produção: 1) A prática cotidiana de incursão em obras de pertencimentos disciplinares diversos. Essa prática é exercitada pelas reuniões de orientação (coletivas e individuais) e pelos Dias de Estudo que acontecem duas vezes por mês. 2) A construção coletiva das dissertações, teses e pesquisas. O propósito tem sido fazer com que cada pós-graduando seja capaz de discutir os problemas trazidos pelas pesquisas dos colegas e também aceite que os colegas tragam sugestões para as suas problematizações. Com isso, avanços importantes podem ser considerados, no que se refere à superação da produção científica endogâmica (especialidade fechada) com vistas ao horizonte exogâmico (especialidade aberta). Como exemplos desse exercício transdisciplinar na produção científica, podem ser citados alguns livros, dissertações e teses construídas no grupo: 174 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Na Interface Arte/Literatura/Ciência 1) O que é compreender? Viajando com Gulliver por velhos e novos mundos, em companhia de Edgar Morin, Hans-Georg Gadamer, Maria da Conceição de Almeida e outros pensadores de diversas áreas do conhecimento (tese de doutorado; livro publicado pela Editora Livraria da Física, 2014), de autoria de Margarida Maria Knobbe (síntese: produção que usa os vários lugares visitados por Gulliver como operador cognitivo e metáfora para problematizar a comunicação, a ciência, a condição humana e a difícil arte da compreensão). 2) O intelectual e a cultura – múltiplas ressonâncias (dissertação de mestrado; livro publicado pela Editora da UFRN, 2016), de autoria de Margarida Maria Knobbe (síntese: a partir das características biomitológicas da cigarra e da formiga, da fábula de Esopo, propõe um perfil de intelectual complexo, mestiço, que é simultaneamente prosa e poesia, canto e trabalho. A partir desse metacódigo biomítico, cria uma síntese sobre a vida e a obra de Edgar Morin, finalizando com uma reinvenção da fábula A cigarra e a formiga). 3) Frankenstein, o Prometeu Moderno (tese de doutorado; livro publicado pela Editora Livraria da Física, 2010), de autoria de Renato Pereira de Figueiredo (síntese: a partir da obra de Mary Shelley, da noção de ética complexa de Edgar Morin e do conceito de laboratório de Bruno Latour, o texto discute o estreito limite entre a química, a literatura e as ciências da vida. A estratégia de método utilizada contempla uma imaginária entrevista com o personagem Frankenstein). 175 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE 4) Para uma pedagogia da doce ira (dissertação de mestrado, livro publicado pela Coleção Saberes da Tradição, Editora da UFRN, 2015), de autoria de Louize Gabriela Silva de Souza (síntese: com base nas obras do moçambicano Mia Couto e nas proposições de Edgar Morin de um ensino educativo para o século XXI, o trabalho propõe princípios de uma pedagogia de resistência à monocultura educacional). 5) Frida Kahlo: imagens da condição humana (dissertação de mestrado), de autoria de Jarileide Cipriano da Silva (síntese: a partir da vida da mexicana Frida Kahlo, o trabalho discute a reinvenção de si pela arte e pelo artifício imaginário do duplo). 6) Alfabetos da alma: histórias da tradição na escola (dissertação de mestrado; livro publicado pela Editora Sulina, 2006), de autoria de Carlos Aldemir Farias (síntese: discute o papel educativo da literatura universal fabular nas escolas). 7) A dança dos neurônios: ensaio para uma educação complexa (dissertação de mestrado), de autoria de Lídia Borba Pereira (síntese: por meio da articulação entre neuroplasticidade, educação e dança, o trabalho propõe uma compreensão ampliada de homem e das ações educativas). 8) Uma ode ao livro: a educação, o bibliotecário, à formação para a vida (dissertação de mestrado), de autoria de Mônica Karina Santos Reis (síntese: concebe o livro como uma ferramenta contemporânea do conhecimento, conforme proposição defendida por Giorgio Agamben para a noção de contemporâneo, defendendo a perenidade desse suporte de aprendizagem da ciência e da cultura e finalizando com um manifesto em louvor ao livro no âmbito da cultura cientifica e da literatura). 176 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Na Interface Método Complexo/Metáfora/Gênero Epistolar (Cartas) 1) Ciência como montagem, montagem como ciência (dissertação de mestrado), de autoria de Henrique Fontes (síntese: a partir da noção de método como estratégia, de Edgar Morin, e do livro A parte e o todo, de Werner Heisenberg, o texto problematiza o caráter provisório de construção da cultura científica. Se vale da analogia entre a produção da ciência e a produção de uma peça teatral). 2) Anagramas do corpo, processos de repetição e representação da condição humana: um diálogo entre Hans Bellmer e Pina Bausch (tese de doutorado), de autoria de LaÍse Tavares Padilha Bezerra Gurgel de Azevedo (síntese: parte da produção artística de Pina Bausch e Hans Bellmer para demonstrar como os princípios da repetição, de Pina Bausch, e da deformação de Hans Bellmer, se constituem categorias importantes do pensamento complexo). 3) Taurophtongo: da natureza e da cultura (dissertação de mestrado), de autoria de Eugênio Pereira Soares (síntese: com base no romance de Guimarães Rosa, discute a relação mestiça e complexa natureza-cultura. O texto é uma crítica às vaquejadas, luta ritual/esportiva de crueldade com os bovinos. O artifício narrativo é a ausência do narrador humano, uma vez que quem narra é o boi – taurophtongo é um neologismo de Guimarães Rosa para a voz do boi). 4) Arte, metáfora da ciência do século XXI (dissertação de mestrado), de autoria de Sânzia Pinheiro Barbosa (síntese: com 177 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE base em dois artistas plásticos de Natal, RN, o texto tem como operador cognitivo a afirmação de Ilya Prigogine de que ‘a arte é a metáfora da ciência do século XX’). 5) A formação pela escrita do amor (tese de doutorado), de autoria de Josineide Silveira de Oliveira (síntese: com base nas cartas de Abelardo e Heloísa, no século XII, e as ideias de Spinoza e Henri Atlan, o texto discute os princípios da relação complexa que envolve os personagens mestre e discípulo. Utiliza como artifício narrativo os capítulos em forma de cartas). 6) As lições do vivo: ciências da vida e complexidade (tese de doutorado; livro publicado pela Editora da UFRN, 2015), de autoria de João Bosco Filho (síntese: com base nas ideias de Edgar Morin e de Jean-Marie Pelt, o texto problematiza a formação dos profissionais de saúde e discute os artifícios de comunicação no domínio estendido do vivo. Utiliza como artifício narrativo os capítulos em forma de cartas). 7) Escrever o movimento: o cinema itinerante como reinvenção de uma estética do viver (tese de doutorado), de autoria de Thiago Isaias Nóbrega de Lucena (síntese: com base na sugestão de Edgar Morin de que o cinema e o romance são escolas de vida, o texto é uma etnografia do cinema itinerante no interior do RN, na década de 1960). 8) Errar: verbo plural, uma crítica à concepção individualizante do erro (tese de doutorado), de autoria de Jaime Biella (síntese: o trabalho se propõe a discutir uma concepção individualizante do erro em suas dimensões epistemológicas e argumenta a favor da noção de erro como um processo socialmente construído). 178 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Na Interface Ciências da Vida/Ecologia/Saberes da Tradição 1) Uma ecologia de base complexa (tese de doutorado), de autoria de Wyllys Abel Farkatt Tabosa (síntese: ultrapassando os saberes clássicos da biologia e da ecologia, o texto dialoga com as lições dos saberes da tradição na Lagoa do Piató, Assu, RN). 2) A pedagogia da fraternidade ecológica e a formação transdisciplinar para o ensino educativo (tese de doutorado), de autoria de Samir Cristino de Souza (síntese: opera uma dialogia entre as ideias de São Francisco de Assis – séc. XII-XIII – e Francisco Lucas da Silva, pescador/agricultor e intelectual da tradição da Lagoa do Piató, Assu, RN. Propõe princípios de uma pedagogia da fraternidade ecológica). 3) Paisagens sonoras, tempos e autoformação (tese de doutorado), de autoria de Silmara Lídia Marton (síntese: tendo como referência a metáfora das paisagens sonoras, o texto apresenta as várias aulas de campo ministradas pelo pensador da tradição Francisco Lucas da Silva, na Lagoa do Piató, Assu, RN). 4) A experiência como ordenação da realidade (tese de doutorado), autoria de Thiago Emmanuel Araújo Severo (síntese: tendo como referência as proposições de Gaston Bachelard sobre a cultura científica, a noção de método como estratégia de Edgar Morin, e as idéias de Werner Heisenberg desenvolvidas no livro A ordenação da realidade, o texto discute a importância da experiência vivida como um importante artifício da construção do conhecimento). 179 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE 5) De homens e peixes: a metamorfose da vida na água (dissertação de mestrado), de autoria de Sergio Cardoso de Morais (síntese: o texto procura a universalidade e as singularidades das técnicas de pesca na Amazônia brasileira e na Lagoa do Piató, Assu, RN). 6) O menino é o pai do homem: raízes crianceiras do conhecimento (dissertação de mestrado), de autoria de Paula Vanina Cencig (síntese: com base nos poemas do brasileiro Manoel de Barros, o trabalho problematiza a natureza criativa dos sapiens-demens e apela para o lúdico como uma forma de resistência à dureza do pensamento). 7) O pequeno homem das montanhas – Dersu Uzala: ecologia, semiótica e arte (dissertação de mestrado; livro publicado pela Editora Fortunella Casa Editrice, 2014), de autoria de Antonino Condorelli (síntese: tendo como base o livro autobiográfico Dersu Uzala, do explorador russo Vladimir Klavdievich Arseniev (1872-1930), critica-se o modelo civilizacional ocidental e a negação dos saberes ancestrais que dialogam com a natureza). 8) Sobre a construção das ideias científicas ou Darwin e seus demônios (tese de doutorado), de autoria de Jair Moisés de Sousa (síntese: tendo por base a obra de Charles Darwin, o trabalho busca compreender a implicação das obsessões cognitivas na construção das ideias científicas). 180 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Na Interface Ciências/Educação/Saberes da Tradição 1) Complexidade e cosmologias da tradição (livro publicado pela Editora da UEPA, 2001), de autoria de Maria da Conceição de Almeida (síntese: tendo por base a produção das ciências humanas no Brasil, o texto é uma crítica à antropologia relativista e despolitizada). 2) Ciências da complexidade e educação – razão apaixonada e politização do pensamento (livro, 1ª. edição publicada pela Editora da UFRN, 2010, com reimpressão em 2012, e a 2ª. edição, revisada e ampliada, publicada pela APPRIS Editora, 2017), de autoria de Maria da Conceição de Almeida (síntese: conjunto de ensaios que problematizam, com base no pensamento complexo, a relação entre ética, cultura e educação). 3) Complexidade, saberes científicos e saberes da tradição (livro, 1ª. edição publicada pela Editora Livraria da Física, 2010, e 2ª. edição, revisada e ampliada, pela Editora Livraria da Física, 2017), de autoria de Maria da Conceição de Almeida (síntese: tendo por base as ideias de Edgar Morin, Ilya Prigogine, Henri Atlan, Teresa Vergani, Claude Lévi-Strauss, Isabelle Stengers, George Balandier e Bruno Latour, discute a complementaridade entre os saberes científicos e os saberes milenares da tradição. Propõe a noção de ‘intelectual da tradição’). 4) Polifônicas ideias – por uma ciência aberta (livro publicado pela Editora Sulina, 2003), organizado por Maria da Conceição de Almeida; Angela Almeida; Margarida Maria 181 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Knobbe (síntese: conjunto de artigos originalmente veiculados na imprensa do RN, sobre literatura, ética, biologia, educação, filosofia, matemática, física, etc. que serviram de subsídio para a rede de escolas do 2º. Grau). 5) Ciclos e metamorfoses –uma experiência de reforma universitária (livro publicado pela Editora Sulina, 2003), de autoria de Maria da Conceição de Almeida e Margarida Maria Knobbe (síntese: livro que conta fragmentos da história dos primeiros 10 anos do Grecom, da aposta em uma formação complexa e transdisciplinar e uma síntese arqueológica da produção do grupo até 2003). 6) Ensaios de complexidade (livro publicado pela Editora Sulina, 1997), organizado por Gustavo de Castro, Edgard de Assis Carvalho e Maria da Conceição de Almeida (síntese: conjunto de artigos de pensadores do Brasil e do exterior que se afinam com o pensamento complexo e transdisciplinar). 7) Ciência, razão e paixão (livro, 1ª. edição publicada pela Editora da UEPA, 2001, e 2ª. edição publicada pela Editora Livraria da Física, 2009), textos de Ilya Prigogine organizados por Edgard de Assis Carvalho e Maria da Conceição de Almeida. 8) Cultura e pensamento complexo (livro publicado pela Editora Sulina, 2009), de autoria de Maria da Conceição de Almeida e Edgard de Assis Carvalho (síntese: conjunto de ensaios dos autores sobre cultura, ética, pensamento complexo no Brasil e antropologia complexa). 182 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE 9) Lagoa do Piató: fragmentos de uma história (livro publicado pela Editora da UFRN, 2006), de autoria de Maria da Conceição de Almeida e Wani Fernandes Pereira. É possível que, por um lapso de informação ou de registro, alguns títulos/autores tenham escapado a essa listagem. Isso se justifica dada a relação assimétrica entre o volume de demanda em relação ao GRECOM (conferências, eventos, seminários) e a necessária assiduidade no registro dessas produções. Peço, portanto, compreensão dos autores ou títulos que não foram aqui mencionados. A seguir, apresento em ordem cronológica decrescente a listagem dos trabalhos de conclusão dos cursos de graduação, especialização, mestrado e doutorado realizados pelos membros do grupo e sob a orientação dos professores que fizeram, e alguns ainda fazem, parte dessa história. O quadro contempla informações básicas encontradas em qualquer catálogo, tais como: autor/orientando, orientador, título, ano de defesa, principais descritores de assunto, comumente conhecidos como palavras-chave e os cursos de formação aos quais estavam vinculados. Esclareço que alguns professores/orientadores aqui listados realizaram bifurcações, criaram os próprios grupos de pesquisa e atualmente, mesmo não estando diretamente vinculados ao GRECOM, configuram-se como parceiros importantes na realização de projetos e atividades em comum. 183 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Quadro 1 – listagem das teses de doutorado ORIENTANDO/ TÍTULO ANO PROGRAMA ORIENTADOR DEFESA PALAVRAS-CHAVE DE PÓS-GRADUAÇÃO REINVENTAR A GRUPO DE ESTUDOS MÔNICA KARINA UNIVERSIDADE: DA COMPLEXIDADE SANTOS REIS. UM ENSAIO (GRECOM) MARIA DA SOBRE O GRUPO 2018 REFORMA DO DOUTORADO CONCEIÇÃO DE DE ESTUDOS DA PENSAMENTO EM EDUCAÇÃO ALMEIDA COMPLEXIDADE REFORMA DA (GRECOM/UFRN) UNIVERSIDADE ADEILTON DIAS DO SEGREDO CARL GUSTAV JUNG ALVES. AO SAGRADO: NARRATIVAS DOUTORADO MARIA DA NARRATIVAS 2018 AUTOBIOGRÁFICAS EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE AUTOBIOGRÁFICAS SOCIAIS ALMEIDA C. G. JUNG AUTOCONHECIMENTO JAIR MOISES DE SOBRE A COMPLEXIDADE; SOUZA. CONSTRUÇÃO DAS IMPLICAÇÃO DO MARIA DA IDEIAS CIENTÍFICAS SUJEITO NA CIÊNCIA; DOUTORADO EM EDUCAÇAO CONCEIÇÃO DE OU DARWIN E SEUS 2017 CHARLES DARWIN; ALMEIDA DEMÔNIOS METAMORFOSE. ERRAR: VERBO JAIME BIELLA. PLURAL. UMA ERRO; MARIA DA CRÍTICA À 2015 TRIANGULAÇÃO; DOUTORADO CONCEIÇÃO DE CONCEPÇÃO COMPLEXIDADE; EM EDUCAÇAO ALMEIDA INDIVIDUALIZANTE EDUCAÇÃO. DO ERRO THIAGO A EXPERIÊNCIA COMO ORDENAÇÃO EXPERIÊNCIA;EMMANUEL DE ARAÚJO SEVERO. DA REALIDADE: REALIDADE; UMA ESTRATÉGICA 2015 DOUTORADO MARIA DA EDUCAÇÃO ORGÂNICA PARA EM EDUCAÇAO CONCEIÇÃO DE CIENTÍFICA;A EDUCAÇÃO ALMEIDA CIENTÍFICA COMPLEXIDADE. THIAGO ISAIAS ESCREVER O NÓBREGA DE MOVIMENTO: CINEMA ITINERANTE; LUCENA. O CINEMA COMPLEXIDADE; DOUTORADO ITINERANTE COMO 2014 EM CIÊNCIAS MARIA DA REIVENÇÃO DE CINEMATÓGRAFO; SOCIAIS CONCEIÇÃO DE UMA ESTÉTICA DO OURO BRANCO ALMEIDA VIVER CLARA NUNES LEANDRO COMO OBRA ASSUNÇÃO DA DE ARTE: A CLARA NUNES; SILVA. EPISTEMOLOGIA RELIGAÇÃO ENTRE DOUTORADO MARIA DA DAS CIÊNCIAS 2013 CIÊNCIA E ARTE; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE HUMANAS A PARTIR SOCIAIS MÚSICA BRASILEIRA. ALMEIDA DA CULTURA MUSICAL 184 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE RENATA COELHO SARTORI. A ETNOPOÉTICA LITERATURA; DE IRACEMA: DOUTORADO MARIA DA DIÁLOGO, CIÊNCIA IRACEMA; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE E LITERATURA 2013 COMPLEXIDADE. SOCIAIS ALMEIDA LAÍSE TAVARES PADILHA ANAGRAMAS DO ANAGRAMAS DO BEZERRA CORPO, PROCESSOS CORPO; GURGEL DE DE REPETIÇÃO E ARAÚJO. 2013 REPETIÇÃO; DOUTORADO REPRESENTAÇÃO EM EDUCAÇAO MARIA DA DA CONDIÇÃO CRIAÇÃO; CONCEIÇÃO DE HUMANA COMPLEXIDADE. ALMEIDA HÉLIO VASCONCELOS; HUMANISMO; FLÁVIO EXÍLIO; OLIVEIRA DOS DUAS MÃOS E O SOLIDARIEDADE; ANJOS. SENTIMENTO DO DOUTORADO MARIA DA MUNDO: HÉLIO 2013 UTOPIA; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE VASCONCELOS EDUCAÇÃO JURÍDICA; SOCIAIS ALMEIDA RESISTÊNCIA; COMPREENSÃO; COMPLEXIDADE. ALESSANDRO TEIXEIRA GEOPOÉTICA DA POESIA; NOBREGA. IMAGINAÇÃO DOUTORADO 2011 ANTÔNIO FRANCISCO; EM CIÊNCIAS ALEXSANDRO EM ANTÔNIO MOSSORÓ; DEVANEIO SOCIAIS GALENO ARAÚJO FRANCISCO POÉTICO. DANTAS JOÃO BOSCO CIÊNCIAS DA VIDA; FILHO. AS LIÇÕES DO VIVO: SABERES DA A NATUREZA E MARIA DA 2010 TRADIÇÃO; DOUTORADO AS CIÊNCIAS DA EM EDUCAÇAO CONCEIÇÃO DE SAÚDE LIÇOES DO VIVO; ALMEIDA FORMAÇÃO EM SAÚDE. FRANCISCO DAS ESCAFANDRISTAS MEMÓRIA CHAGAS SILVA DO TEMPO: NARRATIVA; DE SOUZA. NARRATIVAS DE VIDA E 2010 ORKUT; DOUTORADO MARIA DA REGENERAÇÃO DA EM EDUCAÇAO CONCEIÇÃO DE FOTOGRAFIA;MEMÓRIA EM SÃO ALMEIDA RAFAEL – RN HISTÓRIA. CARLOS ALBERTO ARTE; PEREIRA DA COMPOR E EDUCAR SILVA. DESCOLONIZAÇÃO;PARA DESCONTEX- 2009 DOUTORADO EM EDUCAÇAO MARIA DA TUALIZAR COMPLEXIDADE; CONCEIÇÃO DE EDUCAÇÃO. ALMEIDA 185 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE PAULO HENRIQUE FAÇANHA DE DAS PALAVRAS À MAX WEBER; DOUTORADO MIRANDA. VIDA: O PRAZER EM 2009 PRAZER; EM CIÊNCIAS MARIA DA MAX WEBER SOCIOLOGIA. SOCIAIS CONCEIÇÃO DE ALMEIDA LEUZENE DIÁLOGO; JEQNE DE DIÁLOGOS E HIS- VASCONCELOS TÓRIAS DE VIDA: HISTÓRIAS DE VIDA; SALGUES. DESAFIOS ÉTICOS E 2009 INTERSUBJETIVIDADE; DOUTORADO EPISTEMOLÓGICOS EM EDUCAÇAO ANA LÚCIA DA INTERSUBJETI- PESQUISA ASSUNÇÃO VIDADE AUTOBIOGRÁFICA E ARAGÃO FORMAÇÃO. RENATO PEREIRA FRANKENSTEIN, COMPLEXIDADE; FIGUEIREDO. O PROMETEU EDUCAÇÃO; MODERNO: DOUTORADO MARIA DA CIÊNCIA, 2009 REDES EM EDUCAÇAO CONCEIÇÃO DE LITERATURA E SOCIOTÉCNICAS; ALMEIDA EDUCAÇÃO CIÊNCIA. EDUCAÇÃO; ALINE DE PINHO OPERAÇÃO DO DIAS. O OUTRO PENSAMENTO; DIÁLOGO:UMA 2009 DIÁLOGO INTERNO; DOUTORADO ANA LÚCIA COMPREENSÃO DO EM EDUCAÇAO ASSUNÇÃO DIÁLOGO INTERNO ATENÇÃO VIGILANTE; ARAGÃO FLEXIBILIDADE DO PENSAMENTO. DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO, DIÁLOGO;RAIMUNDO SILVA DANTAS. DIÁLOGO E DIREITO; CONFIANÇA: ANA LÚCIA 2009 PARTICIPAÇÃO; DOUTORADO CAMINHOS PARA A EM EDUCAÇAO ASSUNÇÃO DEMOCRACIA NA PENSAMENTO; ARAGÃO ESCOLA CONFIANÇA; EDUCAÇÃO. PROTOTEXTO, NARRATIVA VALMIR POÉTICA DA ENSINO DE FÍSICA; HENRIQUE DE CIÊNCIA: UMA NARRATIVA POÉTICA; ARAÚJO. ESTRATÉGIA DE CONSTRUÇÃO DO 2009 ESTRATÉGIA; DOUTORADO MARIA DA EM EDUCAÇAO CONCEIÇÃO DE CONHECIMENTO COMPLEXIDADE; ALMEIDA E RELIGAÇÃO CAOS. DE SABERES NO ENSINO DA FÍSICA. 186 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE EDUCAÇÃO; PEDAGOGIA DA PEDAGOGIA DA FRATERNIDADE SAMIR CRISTINO FRATERNIDADE ECOLÓGICA; DE SOUZA. ECOLÓGICA SABERES DA E FORMAÇÃO 2009 TRADIÇÃO; DOUTORADO MARIA DA CONCEIÇÃO DE TRANSDISCIPLINAR EM EDUCAÇAO COMPLEXIDADE; ALMEIDA PARA O ENSINO EDUCATIVO TRANSDISCIPLINARI-DADE; FORMAÇÃO DE PROFESSORES. ELAINE CRISTINA ALVES DA COSTA LUZIA, ANA E DESENVOLVIMENTO SAVALLI. MARIA: DE SANTAS REGIONAL; DOUTORADO E FESTAS NO RIO 2008 EM CIÊNCIAS ORIVALDO CULTURA E SOCIAIS PIMENTAL L. GRANDE DO NORTE REPRESENTAÇÕES. JÚNIOR EDUCAÇÃO; SILMARA LÍDIA ESCUTA SENSÍVEL; MARTON. PAISAGENS COMPLEXIDADE SONORAS, TEMPOS 2008 DOUTORADO MARIA DA SABERES DA EM EDUCAÇAO CONCEIÇÃO DE E AUTOFORMAÇÃO TRADIÇÃO; ALMEIDA AUTOFORMAÇÃO; PAISAGENS SONORAS. DIGNIDADE HUMANA; LENICE SILVEIRA SOBRE A MOREIRA DE DIGNIDADE DIGNIDADE MOURA. HUMANA. PLANETÁRIA; DOUTORADO PRELÚDIO PARA 2008 COMPLEXIDADE; EM CIÊNCIAS MARIA DA UMA ABERTURA CONCEIÇÃO DE ANTROPOÉTICA SOCIAIS DAS CIÊNCIAS ALMEIDA JURÍDICAS MULTIDIMENSIONALI- DADE HUMANA. MARGARIDA COMPREENSÃO; MARIA KNOBBE. DA COMPREENSÃO: COMUNICAÇÃO; DOUTORADO MARIA DA NOVAS VIAGENS DE 2007 EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE GULLIVER MUNDIALIZAÇÃO; SOCIAIS ALMEIDA ÉTICA. ELANE A. DIÁLOGOS COM A NATUREZA: POVOS DA FLORESTA;CORREIA LIMA. SABERES E SABERES DA DOUTORADO MARIA DA ESTRATÉGIAS 2007 TRADIÇÃO; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE DOS POVOS DA SOCIAIS ALMEIDA COMPLEXIDADE.FLORESTA 187 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE WYLLYS ABEL FARKATT TABOSA. ECOLOGIA COMPLEXA; MARIA DA UMA ECOLOGIA DE SABERES DA 2007 TRADIÇÃO; DOUTORADO CONCEIÇÃO DE BASE COMPLEXA EM EDUCAÇAOEDUCAÇÃO E MEIO ALMEIDA AMBIENTE. LUZIA DE FÁTIMA APOIO MEDEIROS DE PEDAGÓGICO, FORMAÇÃO OLIVEIRA. AÇÃO COLETIVA E CONTINUADA; DIÁLOGO: TRAMAS EDUCAÇÃO INCLUSIVA; DOUTORADO DA FORMAÇÃO 2006 EM EDUCAÇAO ANA LÚCIA CONTINUADA APOIO PEDAGÓGICO; ASSUNÇÃO EM EDUCAÇÃO DIÁLOGO. ARAGÃO INCLUSIVA LEMUEL RODRIGUES DA ARRAIAL DO SILVA. CALDEIRÃO: O DISCURSO RELIGIOSO; ÊXODO NORTE- DOUTORADO RIO-GRANDENSE 2006 MIGRAÇÃO; EM CIÊNCIAS ORIVALDO PARA A TERRA RELIGIÃO. SOCIAIS PIMENTEL L. PROMETIDA JÚNIOR RITA DE CÁSSIA VIDA, EXPERIÊNCIA, RIBEIRO. CONHECIMENTO: EDUCAÇÃO; A REFORMA EPISTEMOLOGIA; DOUTORADO MARIA DA DO SUJEITO EM 2006 COGNIÇÃO; EM EDUCAÇAO CONCEIÇÃO DE TSUNESSABURO ALMEIDA MAKIGUCHI COMPLEXIDADE. ALMIRA DIÁLOGO E REFLEXÃO; NAVARRO. DIÁLOGOS E PENSAMENTO E AÇÃO;2005 DOUTORADO ANA LÚCIA REFLEXÃO DAVID BOHM, PAULO EM EDUCAÇAO ASSUNÇÃO FREIRE E MIKHAIL ARAGÃO BAKHTIN. SÉRGIO CARDOSO DE SABERES DA EDUCAÇÃO; MORAES. PESCA: UMA SABERES DA ARQUEOLOGIA 2005 TRADIÇÃO; DOUTORADO DA CIÊNCIA DA EM EDUCAÇAOMARIA DA PESCA; CONCEIÇÃO DE TRADIÇÃO COGNIÇÃO. ALMEIDA JOSINEIDE SILVEIRA DE OLIVEIRA. EDUCAÇÃO; MARIA DA A FORMAÇÃO PELA FORMAÇÃO SÉCULO 2004 XII; DOUTORADO CONCEIÇÃO DE ESCRITA DO AMOR EM EDUCAÇAOAPRENDIZAGEM DO ALMEIDA AMOR. 188 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE A SIMULTANIEDADE DO ABSURDO EDUCAÇÃO; MARIA DE E A GRAÇA DA FÁTIMA TAVARES. CONDIÇÃO CULTURA; HUMANA NO PAZ; DOUTORADO ANA LÚCIA COTIDIANO DA 2004 VIOLÊNCIA; EM EDUCAÇAO ASSUNÇÃO POLÍCIA MILITAR: ARAGÃO UMA PROPOSTA POLÍCIA MILITAR; DE PRÁTICA INTEIREZA HUMANA. EDUCATIVA ÂNGELA MARIA CIÊNCIAS SOCIAIS; DE ALMEIDA ESTÉTICA; ESTÉTICA DO DOUTORADO SERTÃO 2004 SERTÃO; EM CIÊNCIAS MARIA DA SOCIAIS CONCEIÇÃO DE ESTÉTICA DO SERTÃO; ALMEIDA HOMEM SERTANEJO. WALNER SPENCER LAJEDO DA BARROS. SOLEDADE: OS GRAFISMOS ARQUEOLOGIA; DOUTORADO SAGRADOS DOS 2004 EM CIÊNCIAS MARIA DA ANTROPOLOGIA.GUARDIÕES DO SOCIAIS CONCEIÇÃO X. COSMO DE ALMEIDA EUGÊNIA MARIA DANTAS. FOTOGRAFIA & EDUCAÇÃO; COMPLEXIDADE: A FOTOGRAFIA; DOUTORADO MARIA DA EDUCAÇÃO PELO 2003 COMPLEXIDADE; EM EDUCAÇAO CONCEIÇÃO DE OLHAR OLHAR. ALMEIDA SÔNIA MEIRE EDUCAÇÃO E SANTOS COMPLEXIDADE; AZEVEDO DE NAVEGAR É APRENDIZAGEM; JESUS. PRECISO; VIVER É 2003 MOVIMENTO DOS DOUTORADO TRADUZIR RUMOS... TRABALHADORES EM EDUCAÇAO MARIA DA ROTAS DO MST RURAIS SEM-TERRA; CONCEIÇÃO DE TRABALHADORES ALMEIDA RURAIS. KARENINE DE OLIVEIRA DANÇA É PORPINO. EDUCAÇÃO: DANÇA; EDUCAÇÃO; INTERFACES ENTRE 2001 CORPOREIDADE; DOUTORADO MARIA DA CORPOREIDADE E ESTÉTICA. EM EDUCAÇAO CONCEIÇÃO X. ESTÉTICA DE ALMEIDA LOIS MARTIN COGNIÇÃO; GARDA. ENTRE ÍCARO TECNOLOGIA; E DÉDALO: AUTOPOIESE; COGNIÇÃO, 2001 COMUNICAÇÃO DOUTORADO MARIA DA TECNOLOGIA E ANALÓGICA; EM EDUCAÇAO CONCEIÇÃO DE EDUCAÇÃO COMUNICAÇÃO ALMEIDA DIGITAL. 189 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE AUTA STELLA DE MEDEIROS GERMANO. VIDA; VIVER PARA VIVER: AUTOPOIESE; MARIA DA SOBRE O OLHAR DA DOUTORADO CIÊNCIA DIANTE 2000 TERMODINÂMICA DE CONCEIÇÃO DE EM EDUCAÇAODA VIDA SISTEMAS LONGE DO ALMEIDA EQUILÍBRIO. WANI POR UMA FERNANDES PEDAGOGIA DA PEREIRA. COMPLEXIDADE: PEDAGOGIA DA CARTOGRAFIA COMPLEXIDADE;1999 DOUTORADO DAS IDEIAS CLARIVAL DO PRADO EM EDUCAÇAOMARIA DA DE CLARIVAL CONCEIÇÃO DE VALLADARES.DO PRADO ALMEIDA VALLADARES HERMANO EDUCAÇÃO; MACHADO A CICATRIZ SÉCULO XIX-XX; FERREIRA LIMA. DE ULISSES: IMAGINÁRIO; 1997 ROMANCE DE DOUTORADO MASCULINIDADE; FORMAÇÃO; EM EDUCAÇAOMARIA DA CONCEIÇÃO DE EDUCAÇÃO IDENTIDADE ALMEIDA MASCULINA. OTÁVIO AUGUSTO EDUCADOR – DE ARAÚJO NATAL(RN); TAVARES; REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO JOMARIA MATA DE LIMA ENCANTAMENTO E EDUCADOR; ALOUFA. DESENCANTAMEN- 1997 EDUCADOR DOUTORADO TO DO EDUCADOR – FORMAÇÃO EM EDUCAÇAO PROFISSIONAL; MARIA DA CONCEIÇÃO DE EDUCAÇÃO ALMEIDA PERMANENTE; EDUCAÇÃO. 190 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Quadro 2 – listagem das dissertações de mestrado ORIENTANDO/ ANO PROGRAMA ORIENTADOR TÍTULO DEFESA PALAVRAS-CHAVE DE PÓS-GRADUAÇÃO LÍDIA PEREIRA ENSINO DE DANÇA; BORBA. A DANÇA DOS NEURÔ- COMPLEXIDADE; MESTRADO MARIA DA NIOS: ENSAIO PARA UMA 2017 EM CONCEIÇÃO DE EDUCAÇÃO COMPLEXA NEUROPLASTICI- EDUCAÇÃO ALMEIDA DADE LOUIZE GABRIELA COMPLEXIDADE; SILVA DE SOUZA. MIA COUTO: PARA UMA 2014 DIVERSIDADE MESTRADO MARIA DA PEDAGOGIA DA DOCE IRA CULTURAL; EM CONCEIÇÃO DE EDUCAÇÃO ALMEIDA MIA COUTO. MÔNICA KARINA SANTOS REIS. UMA ODE AO LIVRO LITERATURA; – A EDUCAÇÃO, O MESTRADO MARIA DA BIBLIOTECÁRIO, A 2014 COMPLEXIDADE; EM CONCEIÇÃO DE FORMAÇÃO PARA A VIDA EDUCAÇÃO. EDUCAÇÃO ALMEIDA EDUCAÇÃO TIAGO LINCKA DE AMBIENTAL; SOUSA. DO AMANHECER COMPLEXIDADE; AO CREPÚSCULO: O MESTRADO MARIA DA AMBIENTE INTEIRO POR 2014 AMBIENTE EM CONCEIÇÃO DE MINHAS NARRATIVAS INTERNO; EDUCAÇÃO ALMEIDA NATUREZA; SUSTENTABILIDADE. THIAGO EMMANUEL DE ENSINO DE ARAÚJO SEVERO. COMPREENSÃO DA BIOLOGIA; MESTRADO NATUREZA E FORMAÇÃO 2013 FORMAÇÃO DE DO BIÓLOGO PROFESSORES; EM MARIA DA COMPREENSÃO DE EDUCAÇÃO CONCEIÇÃO DE NATUREZA. ALMEIDA JULIANO CÉSAR PETROVICH PADRONIZAÇÃO BEZERRA. MESTRES E APRENDIZ: CULTURAL; MESTRADO PERAMBULANDO POR 2013 RESISTÊNCIA; EM MARIA DA ILHAS DE RESISTÊNCIA EXPERIÊNCIAS EDUCAÇÃO CONCEIÇÃO DE VIVIDAS. ALMEIDA BRUNO SÉRGIO FRANKLIN DE A EXPERIÊNCIA HUMANA COMUNICAÇÃO; FARIAS GOMES. COMO ESTRATÉGIA: O JOGO COMO COMPLEXIDADE; MESTRADO COMUNICAÇÃO & A 2012 EM CIÊNCIAS MARIA DA JOGO;COMUNICAÇÃO COMO SOCIAIS CONCEIÇÃO DE JOGO EXPERIÊNCIA. ALMEIDA 191 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE MICHELLE MEDEIROS. EÇA DE QUEIROZ E A LITERATURA; COZINHA BURGUESA: ALIMENTAÇÃO; MESTRADO ALEXSANDRO LITERATURA E 2012 EM CIÊNCIAS COZINHA ALIMENTAÇÃO SOCIAISGALENO ARAÚJO BURGUESA. DANTAS PAISAGEM, ARTE E ROSANE FELIX EDUCAÇÃO; FERREIRA. ENSINAMENTOS DO MUSEU OFICINA; MESTRADO BARRO: CONVERSAS COM 2012 CERÂMICA; EM WANI FERNANDES FRANCISCO BRENNAND FRANCISCO EDUCAÇÃO PEREIRA BRENNAND; COMPLEXIDADE. COMUNICAÇÃO; GUSTAVO LEITE JORNALISMO SOBRAL. JORNALISMO CULTURAL CULTURAL; MESTRADO EM TEXTO, IMAGEM E COR 2012 EM ESTUDOS JOSIMEY COSTA DA JORNALISMO DA MÍDIA SILVA IMPRESSO; JORNA.L LEONARDO JUVENTUDE E CONSUMO CIBERESPAÇO; HENRIQUE SOUSA EMOCIONAL NAS REDES MÍDIAS SOCIAIS; XAVIER. SOCIAIS DA INTERNET: MESTRADO ANÁLISE DAS MARCAS: 2012 FACEBOOK; EM CIÊNCIAS ALEXSANDRO COCA-COLA, PEPSI, JUVENTUDE; SOCIAIS GALENO ARAÚJO BLACKBERRY, NOKIA, CONSUMO E DANTAS RIACHUELO E C&A MARCAS. IVONE PRISCILLA DE CASTRO EDUCAÇÃO; RAMALHO. LAGOA DO PIATÓ: A MESTRADO EDUCAÇÃO COMO UMA 2012 COMPLEXIDADE; EM MARIA DA OBRA DE ARTE SABERES DA EDUCAÇÃO CONCEIÇÃO DE TRADIÇÃO. ALMEIDA MESTRADO JOSINEIDE EM CIÊNCIAS SILVEIRA DE OLIVEIRA. O SAGRADO COMO ENSINO RELIGIOSO; DA RELIGIÃO SEMEADOR DE 2012 SAGRADO; (UNIVERSIDA- ESTRATÉGIAS DO VIVER DE CATÓLICA LUIZ ALENCAR VIRTUDES. DE PERNAM- LIBÓRIO BUCO - UNI- CAP) ANA KARINNE DE FORMAÇÃO EM MOURA SARAIVA. A OUSADIA COMO HORIZONTE, RELIGANDO ENFERMAGEM; MESTRADO VIDA E IDEIAS NA 2011 BIOGRAFIAS DE EM MARIA DA FORMAÇÃO EM FORMAÇÃO; EDUCAÇÃO CONCEIÇÃO DE ENFERMAGEM ALMEIDA COMPLEXIDADE. 192 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE AGDA PATRÍCIA COMUNICAÇÃO; PONTES DE CASAL NACIONAL - TELEJORNALISMO; AQUINO. SIGNIFICAÇÕES DO MESTRADO CORPO E DO FIGURINO 2011 CORPO; EM ESTUDOS JOSIMEY COSTA DA NO TELEJORNALISMO MODA; DA MÍDIA SILVA FIGURINO. ANTONINO ARTE E CIÊNCIA; CONDORELLI. DERSU UZALA: HIBRIDAÇÃO MESTRADO MARIA DA HIBRIDAÇÃO HOMEM- 2011 HOMEM-NATUREZA; EM CONCEIÇÃO DE NATUREZA DIÁLOGO ENTRE EDUCAÇÃO ALMEIDA SABERES. DEVANEIO POÉTICO; MIGUILINS NO SERTÃO EDNALDA SOARES. DA CABAÇA AZUL: INFÂNCIA; MESTRADO JOSIMEY COSTA DA INCANDESCÊNCIA, 2011 SERTÃO; EM CIÊNCIAS SILVA INFÂNCIA E DEVANEIOS CINEMA; SOCIAIS POÉTICOS EM MUTUM LITERATURA. THERESA O FUTURO DO PRESENTE: FICÇÃO CIENTÍFICA; CHRISTINA A MÍDIA AUDIOVISUAL CINEMA; BARBOSA DE E A SOCIEDADE MESTRADO 2011 FILMES DE FICÇÃO MEDEIROS. CONTEMPORÂNEA NA EM CIÊNCIAS CIENTÍFICA; JOSIMEY COSTA DA FICÇÃO CIENTÍFICA DO SOCIAIS CINEMA DE ANIMAÇÃO COMUNICAÇÃO DE SILVA MASSA E CULTURA. MAISY DE MEDEIROS FREITAS. ANTONIN ARTAUD: TEATRO; MESTRADO ALEXSANDRO POR UMA CULTURA DA 2010 CULTURA; EM CIÊNCIAS GALENO ARAÚJO CRUELDADE CRUELDADE, SOCIAIS DANTAS CAMILA SOUZA ARTESÃO DE SABERES: PROFESSOR DE PINTO MARINHO. NARRATIVAS DE HISTÓRIA GRADUAÇÃO; MESTRADO MARIA DA DE VIDA DE PROFESSORES 2010 DIALÓGICA; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE DE GRADUAÇÃO SOCIAIS ALMEIDA NARRATIVA. THIAGO TAVARES BATIDAS INTENSAS – CORPO; DAS NEVES. CORPO E SOCIABILIDADE SOCIABILIDADE; MESTRADO JOSIMEY COSTA DA NAS FESTAS DE MÚSICA 2010 EM CIÊNCIAS RAVES; SILVA ELETRÔNICA EM NATAL SOCIAIS EMOÇÕES. CLODOALDO MESSIAS DOS DA LITERATURA E DA LITERATURA; SANTOS. SOCIEDADE NA OBRA OS SOCIEDADE; MESTRADO 2010 EM CIÊNCIAS ALEXSANDRO CORUMBAS, DE AMANDO SIMBOLOGIA; GALENO ARAÚJO FONTES SOCIAIS INDUSTRIALIZAÇÃO. DANTAS 193 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE POLLYANA BITTENCOURT INFORMAÇÃO FLUIDA CIBERESPAÇO; ANDRADE. E CONHECIMENTO NO INFORMAÇÃO; MESTRADO CIBERESPAÇO. UMA 2010 CONHECIMENTO; EM CIÊNCIAS ALEXSANDRO ANÁLISE DO PORTAL INFONET-SE SOCIEDADE SOCIAIS GALENO ARAÚJO LÍQUIDA. DANTAS GLADSON DE LITERATURA; OLIVEIRA SANTOS. JOSÉ LINS DO REGO E PATRIARCADO MESTRADO ALEXSANDRO A MODERNIZAÇÃO DA 2010 RURAL; EM CIÊNCIAS GALENO ARAÚJO ECONOMIA AÇUCAREIRA ENGENHO; SOCIAIS DANTAS USINA. VANDA MARIA HISTÓRIA DE VIDA; CAMPOS SALMERON NAS MARÉS DA VIDA: MULHERES; DANTAS. HISTÓRIAS E SABERES MESTRADO 2010 TRABALHO NA DAS MULHERES EM CIÊNCIAS MARIA DA PESCA;MARISQUEIRAS SOCIAIS CONCEIÇÃO DE SABERES ALMEIDA TRADICIONAIS. RENATO MAIA. PERCURSOS PARA NOVAS IMAGEM VISUAL; IMAGENS: A PRODUÇÃO MESTRADO JOSIMEY COSTA DA AUDIOVISUAL POR 2010 CEGUEIRA; EM CIÊNCIAS SILVA PESSOAS CEGAS SOCIOLOGIA. SOCIAIS GUSTAVO BIG BROTHER; HENRIQUE VISIBILIDADE REALITY SHOW; BEZERRA ESPETACULAR E MESTRADO PETROVITCH. RELAÇÕES DE PODER NO 2010 CORPO; EM CIÊNCIAS JOSIMEY COSTA DA REALITY SHOW BBB-9 CONSUMO; SOCIAIS SILVA IMAGEM. BRUNA DANIELA HETZEL DE A DIMENSÃO ÉTICA DO ÉTICA; MACEDO. CINEMA DE WALTER HOSPITALIDADE; MESTRADO ALEXSANDRO SALLES: HOSPITALIDADE, 2009 EM CIÊNCIAS RELIGAÇÃO; GALENO ARAÚJO RELIGAÇÃO E PERDÃO SOCIAIS PERDÃO. DANTAS ADELINA AMÉLIA FESTA RELIGIOSA; VIEIRA LUBAMBO DE BRITTO. A FESTA DO BOM JESUS SERGIPE MESTRADO DOS NAVEGANTES EM 2009 RIO SÃO FRANCISCO; EM CIÊNCIAS ORIVALDO PROPRIÁ, SE SAGRADO-PROFANO. SOCIAISPIMENTEL L. JÚNIOR COMPANHIA DE JESUS; ROBERTO SOUZA HEGEMONIA E SANTOS. A REESTRUTURAÇÃO DA COERÇÃO;; RELIGIOSIDADE CATÓLICA MESTRADO ORIVALDO COM A EXPULSÃO DOS 2009 CATOLICISMO EM CIÊNCIAS PIMENTEL L. JESUÍTAS DE SERGIPE POPULAR; SOCIAIS JÚNIOR REESTRUTURAÇÃO RELIGIOSA EM SERGIPE. 194 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE INÊS ANTÔNIA FAZER TEATRAL; SANTOS. ATOS, CENAS E AÇÕES: TEATRO POPULAR; ENCENAÇÕES TEATRAIS MESTRADO ANA LÚCIA DO MULTICAMPIARTS NO 2009 EDUCAÇÃO; EM ASSUNÇÃO PARÁ PROGRAMA EDUCAÇÃO ARAGÃO MULTICAMPIARTES. COMUNICAÇÃO; ANA CECÍLIA CAMPO E CONTRACAMPO INCOMUNICAÇÃO; ARAGÃO GOMES. DO CORPO: O ENCONTRO MESTRADO JOSIMEY COSTA DA COM O OUTRO NO FILME 2009 CINEMA; EM CIÊNCIAS SILVA LAVOURA ARCAICA CORPO; SOCIAIS LAVOURA. MEDIAÇÃO; ALEXANDRE DE SOCIALIDADES ESPECTADOR; HONÓRIO DA MEDIADAS E DO HOMER MESTRADO SILVA. - A PROPÓSITO DO 2009 REATIVIDADE; EM CIÊNCIAS JOSIMEY COSTA DA ESPECTADOR-REATIVO EM COMUNICAÇÃO; SOCIAIS SILVA JESÚS MARTÍN-BARBERO CULTURA DE MASSAS. MICHELLE FERRET BADIALI. VIDA NUA; MARIAS: BIOPOLÍTICA, MESTRADO ALEXSANDRO VIDA NUA E RESILIÊNCIA 2008 BIOPOLÍTICA; EM CIÊNCIAS GALENO ARAÚJO RESILIÊNCIA. SOCIAIS DANTAS NARA DA CUNHA CULTURA; PESSOA. MUSEU VIVO: UMA MUSEU; MESTRADO ALEXSANDRO ANÁLISE DO MUSEU 2009 EM CIÊNCIAS GALENO ARAÚJO CÂMARA CASCUDO BRICOLAGE; SOCIAIS DANTAS SOCIEDADE. UNIVERSIDADE DA ANAILTON TRILHANDO OS FLORESTA; GUIMARÃES CAMINHOS DA SALGADO. MOVIMENTOS MESTRADO EDUCAÇÃO: UM OLHAR 2009 SOCIAIS; EM WANI FERNANDES SOBRE A UNIVERSIDADE EDUCAÇÃO PEREIRA DA FLORESTA - ACRE COMPLEXIDADE; EDUCAÇÃO. ANALWIK TATIELLE EDUCAÇÃO; PEREIRA DE LIMA. ALIMENTO COMO COMPLEXIDADE; WANI FERNANDES METÁFORA, METÁFORA METÁFORA; MESTRADO PEREIRA; COMO ALIMENTO: A 2008 ESTÉTICA DO EM MARIA DA ARTE DE NUTRIR UMA ALIMENTO; EDUCAÇÃO CONCEIÇÃO DE EDUCAÇÃO COMPLEXA ALIMENTO COMO ALMEIDA METÁFORA. GUSTAVO H. F. BITTENCOURT. DA PORNOGRAFIA: OS DIÁRIOS; DIÁRIOS DE BRUNA, MESTRADO ALEXSANDRO MARISE E GABRIELA. AS 2008 PORNOGRAFIA; EM CIÊNCIAS GALENO ARAÚJO PROSTITUTAS LETRADAS PROSTITUIÇÃO. SOCIAIS DANTAS 195 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE RODRIGO DA EDUCAÇÃO; COSTA BEZERRA. FERNANDO PESSOA(S): HETERONÍMIA; MARIA DA CIÊNCIAS DAS SENSAÇÕES, MESTRADO CONCEIÇÃO DE PEDAGOGIA DO 2008 COMPLEXIDADE; EM ALMEIDA FINGIMENTO SUBJETIVIDADE; EDUCAÇÃO ALTERIDADE. RELIGAÇÃO DE HOSTINA MARIA SABERES; FERREIRA DO NASCIMENTO. HISTÓRIAS DE VIDA;MALANA MÃO, PÉ NA MARIA DA DIÁLOGO;ESTRADA, À PROCURA MESTRADO CONCEIÇÃO DE DE UMA PEDAGOGIA DAS 2008 MÉTODO COMO EM ALMEIDA SINGULARIDADES ESTRATÉGIA; EDUCAÇÃO FORMAÇÃO DE PROFESSORES; PEDAGOGIA. PAULA VANINA EDUCAÇÃO; CENCIG. O MENINO É O PAI BRINCADEIRA; DO HOMEM: RAÍZES MESTRADO MARIA DA CRIANCEIRAS DO 2008 BRINQUEDO; EM CONCEIÇÃO DE CONHECIMENTO CRIANÇA; EDUCAÇÃO ALMEIDA CONHECIMENTO. MARJORIE DA COMPLEXIDADE; FONSECA E SILVA PROGRAMA TRILHAS MEDEIROS. POTIGUARES: CAMINHOS EXTENSÃO MESTRADO DE CONHECIMENTO E DE 2008 UNIVERSITÁRIA; EM WANI FERNANDES TRANSFORMAÇÃO EDUCAÇÃO PEREIRA SUSTENTABILIDADE. JOÃO CARLOS NEVES DE SOUZA E CORPO E GESTUALIDADE: CORPO; NUNES. O JOGO DA CAPOEIRA MESTRADO MARIA DA E OS JOGOS DO 2007 GESTUALIDADE; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE CONHECIMENTO CONHECIMENTO. SOCIAIS ALMEIDA ANTÔNIO ANDRÉ JORNALISMO; ALVES. JORNALISMO, LITERATURA LITERATURA; MESTRADO ALEXSANDRO E SOCIEDADE EM LIMA 2007 EM CIÊNCIAS GALENO ARAÚJO BARRETO SOCIEDADE; SOCIAIS DANTAS MAGMAS. LINDINÊS GOMES DE BARROS EROTISMO; O EROTISMO MÍTICO DA MESTRADO ALEXSANDRO NINFETA 2007 NINFETAS; EM CIÊNCIAS GALENO ARAÚJO TRANSGRESSÃO. SOCIAIS DANTAS FRANCISCO FLÁVIO DE OLIVEIRA DOS ÉTICA; ANJOS. THE BEATLES: ENSAIO AMOR; MESTRADO 2007 EM CIÊNCIAS MARIA DA SOBRE A ÉTICA DO AMOR BEATLES SOCIAIS CONCEIÇÃO DE CULTURA DE MASSA. ALMEIDA 196 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE GERLÚZIA DE OLIVEIRA CULTURA; AZEVEDO ALVES. A ARTE RUPESTRE: ARTE RUPESTRE; MESTRADO ALEXSANDRO COMO EXPRESSÃO GALENO ARAÚJO COMUNICATIVA DA 2006 EM CIÊNCIAS COMUNICAÇÃO; SOCIAIS DANTAS CULTURA IMAGEM. RONALDO FERREIRA DE LIMA. CULTURA; BANDAS DE MÚSICA, EDUCAÇÃO; MESTRADO ESCOLAS DE VIDA 2006 EM CIÊNCIAS MARIA DA MÚSICA; SOCIAIS CONCEIÇÃO DE COMPLEXIDADE. ALMEIDA CARLOS HENRIQUE TEATRO; LISBOA FONTES. CIÊNCIA COMO CIÊNCIA; MESTRADO MARIA DA MONTAGEM, MONTAGEM 2006 ESTRATÉGIA; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE COMO CIÊNCIA COMPLEXIDADE; SOCIAIS ALMEIDA ÉTICA. MARIA TEREZA CIÊNCIA; PENHA DE ARAÚJO CIÊNCIA E ESPIRITUALIDADE; SILVA. ESPIRITUALIDADE: PACIENTES MESTRADO CONVERSAS COM 2006 TERMINAIS; EM CIÊNCIAS ORIVALDO PIMENTEL L. PACIENTES TERMINAIS SOCIAIS DOENÇA; JÚNIOR MORTE. NARRATIVAS DA JULIANA ROCHA LOUCURA; DE AZEVEDO. DIÁLOGOS DA ALMA: UMA OUTRA HISTÓRIA DA 2006 HOSPITAL MESTRADO MARIA DA PSIQUIÁTRICO; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE LOUCURA SOCIAIS ALMEIDA PSIQUIATRIA SOCIAL. BANDITISMO; KÉSIA CRISTINA O SANTO DO SANTO; FRANÇA ALVES. PURGATÓRIO: A HERÓI; MESTRADO ALEXSANDRO TRANSFORMAÇÃO 2006 EM CIÊNCIAS GALENO ARAÚJO MÍTICA DO CANGACEIRO RITO; SOCIAIS DANTAS JARARACA EM HERÓI MORTE; MAL. MARIA DE FÁTIMA ARAÚJO. A FOGUEIRA DO EDUCAÇÃO; CONHECIMENTO: MESTRADO MARIA DA RELIGAÇÃO DE SABERES E 2005 FORMAÇÃO; EM CONCEIÇÃO DE FORMAÇÃO COMPLEXIDADE. EDUCAÇÃO ALMEIDA GILSON MEDEIROS RESILIÊNCIA; BEZERRA. EDUCAR PARA A VIDA: MESTRADO UMA PEDAGOGIA DA 2005 EDUCAÇÃO DE EM WANI FERNANDES RESILIÊNCIA NA ESCOLA JOVENS E ADULTOS; EDUCAÇÃO PEREIRA COMPLEXIDADE. 197 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE SILMARA LÍDIA MARTON. MÚSICA, FILOSOFIA, COMPLEXIDADE; FORMAÇÃO: POR UMA FILOSOFIA; MESTRADO MARIA DA ESCUTA SENSÍVEL DO 2005 EM CONCEIÇÃO DE MÚSICA; MUNDO EDUCAÇÃO ALMEIDA EDUCAÇÃO. EDIVALDO RELIGIÃO; CORREIA BASTOS. SOCIEDADE; RELIGIÃO E SOCIEDADE MESTRADO ORIVALDO 2005 CONSUMO;DE CONSUMO EM CIÊNCIAS PIMENTEL L. ÉTICA; SOCIAIS JÚNIOR MERCADO. ROBERTA LUNA DA COSTA FREIRE. AO PEDAGOGO O QUE É DO PEDAGOGO E À EDUCAÇÃO; MESTRADO ANA LÚCIA EDUCAÇÃO O EFEITO DA 2004 PEDAGOGIA; EM ASSUNÇÃO FILIAÇÃO PSICOPEDAGOGIA. EDUCAÇÃO ARAGÃO GUSTAVO HENRIQUE DE INFORMÁTICA LUCENA. O USO DO LABORATÓRIO NA EDUCAÇÃO; MESTRADO DE INFORMÁTICA: UM 2004 PROFESSORES; EM ANA LÚCIA OLHAR EDUCATIVO TECNOLOGIA; EDUCAÇÃO ASSUNÇÃO GLOBALIZAÇÃO. ARAGÃO LEUZENE JEANE UMA ABORDAGEM DIÁLOGO; HISTÓ- DE VASCONCELOS CONSCIENCIOLÓGICA RIAS DE VIDA; IN- SALGUES. NA INTERVENÇÃO E TERSUBJETIVIDADE; MESTRADO PREVENÇÃO DO BURNOUT 2004 EM ANA LÚCIA EM PROFESSORES: A PESQUISA EDUCAÇÃO ASSUNÇÃO BUSCA DO FENÔMENO AUTOBIOGRÁFICA E ARAGÃO FÊNIX FORMAÇÃO. EDUCAÇÃO; CARLOS ALDEMIR LITERATURA COMO ENSINO; FARIAS DA SILVA. ESCOLA DE VIDA: NARRATIVAS DA MESTRADO MARIA DA A PROPÓSITO DAS 2003 EM CONCEIÇÃO DE NARRATIVAS DA TRADIÇÃO; EDUCAÇÃO ALMEIDA TRADIÇÃO CULTURA; TRADIÇÃO. EDUCAÇÃO LUZIA F. M. PENSAMENTO E AÇÃO DO INCLUSIVA; OLIVEIRA. PROFESSOR DE ALUNO EDUCAÇÃO DE MESTRADO ANA LÚCIA SURDO EM SALA DE AULA 2003 SURDOS EM ASSUNÇÃO REGULAR: A TRAMA E O DESENVOLVIMENTO EDUCAÇÃO ARAGÃO BORDADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO. EDUCAÇÃO ADAILSON TERAPÊUTICA; TAVARES DE PSICOLOGIA; MACEDO. RITMOPOÉTICA: POR UMA MESTRADO 2003 ALQUIMIA; EM MARIA DA EDUCAÇÃO TERAPÊUTICA CONCEIÇÃO DE RITMOPOÉTICA; EDUCAÇÃO ALMEIDA INFÂNCIA; ARQUÉTIPO. 198 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE LUZIA FERREIRA CIÊNCIAS SOCIAIS; PEREIRA. APRENDER A COM(VIVER): ENSINO; MESTRADO MARIA DA O AFETUAL NA 2002 EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE APRENDIZAGEM APRENDIZAGEM; SOCIAIS ALMEIDA EMOÇÃO. SÂNZIA PINHEIRO BARBOSA. MARIA DA ARTE, METÁFORA DA MESTRADO CONCEIÇÃO DE CIÊNCIA DO SÉCULO XXI 2002 ARTES VISUAIS. EM ALMEIDA EDUCAÇÃO LUÍSA ESTER BARBALHO DE PSICOTERAPIA; FREITAS. BIOSSÍNTESE E 2002 PSICOTERAPIA MESTRADO MARIA DA COMPLEXIDADE CORPORAL; EM CIÊNCIAS SOCIAIS CONCEIÇÃO DE BIOSSÍNTESE. ALMEIDA SÉRGIO CARDOSO EDUCAÇÃO; DE MORAES. DE HOMENS E DE PEIXES: AMAZÔNIA; MESTRADO MARIA DA A METAMORFOSE DA 2002 PESCA; EM CONCEIÇÃO DE VIDA NA ÁGUA SABERES DA EDUCAÇÃO ALMEIDA TRADIÇÃO. IMAGINÁRIO; JARILEIDE FRIDA KHALO; CIPRIANO DA SILVA. VIDA-MORTE;FRIDA KAHLO: IMAGENS MESTRADO 2002 EM CIÊNCIAS MARIA DA DA CONDIÇÃO HUMANA REPRESENTAÇÃO; CONCEIÇÃO DE IMAGEM; SOCIAIS ALMEIDA CONDIÇÃO HUMANA. BERTULINO JOSÉ EDUCAÇÃO; DE SOUZA. CONTADORES DE MARIA DA MOSAICOS DE VIDA: A HISTÓRIA; MESTRADO CONCEIÇÃO DE FUNÇÃO EDUCATIVA DE 2002 EM ALMEIDA; CONTAR HISTÓRIAS MOSAICOS; EDUCAÇÃO WANI FERNANDES ARQUÉTIPOS; PEREIRA MITO. CULTURA POPULAR; DIVERSÕES EUGÊNIO PEREIRA POPULARES; SOARES. TAUROPHTONGO: DA SOCIOLOGIA DA MESTRADO MARIA DA NATUREZA E DA CULTURA 2002 CULTURA; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE SOCIAIS ALMEIDA HOMEM; ANIMAL; VAQUEJADA. 199 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE ELANE ANDRADE CORREIA LIMA. A NOVA CONDIÇÃO MULHERES DO MESTRADO MARIA DA FEMININA: AS MULHERES 2001 SERINGAL. EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE DO SERINGAL SOCIAIS ALMEIDA ARTE; LUIZ ÂNGELO DE CULTURA; LACERDA LEITE. A PRODUÇÃO ARTÍSTICA: MESTRADO MARIA DA A DUPLA CONSCIÊNCIA 2001 SOCIEDADE; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE PRODUÇÃO SOCIAIS ALMEIDA ARTÍSTICA; ARTISTA PLÁSTICO. CARMELITA LOPES MARTINS. UMA COMPREENSÃO ENVELHECIMENTO; MULTIDIMENSIONAL MESTRADO MARIA DA DA VELHICE: CIÊNCIA E 2001 CIÊNCIA; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE CINEMA CINEMA. SOCIAIS ALMEIDA ALMIRA NAVARRO DA COSTA FARIAS. CONHECIMENTO E AÇÃO: CONHECIMENTO; MESTRADO ANA LÚCIA MODOS DE PENSAR EM 2000 AÇÃO; EM ASSUNÇÃO DIÁLOGOS EDUCAÇÃO. EDUCAÇÃO ARAGÃO JOSÉ CORREIA VIOLÊNCIA E SOBRINHO. IMAGENS DA VIOLÊNCIA: IDENTIDADE; MOSAICOS DO MESTRADO MARIA DA COTIDIANO DE UMA 2000 FELIPE CAMARÃO; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE JUVENTUDE IMAGENS DA SOCIAIS ALMEIDA VIOLÊNCIA. LITERATURA DE MARIZA DA SILVA CORDEL; ARAÚJO. O ENCONTRO COM A MULHER DE MIL FACES: MULHER; MESTRADO MARIA DA IMAGENS DA MULHER NA 2000 IMAGINAÇÃO; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE LITERATURA DE CORDEL SOCIAIS ALMEIDA XILOGRAVURAS; CULTURA. MARIA DE FÁTIMA EDUCAÇÃO; TAVARES. VÔOS DE BEIJA-FLOR: MESTRADO ANA LÚCIA ROTAS DE UMA 2000 CULTURA DA PAZ; EM ASSUNÇÃO EDUCAÇÃO PARA A PAZ INTEIREZA EDUCAÇÃO ARAGÃO HUMANA. INTELECTUAL; MARGARIDA ALÉM DO FINITO E CULTURA; MARIA KNOBBE. DO DEFINIDO – OS MESTRADO MARIA DA INTELECTUAIS SOB OS 1999 COMUICAÇÃO; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE ECOS DA FÁBULA A TRABALHO SOCIAIS ALMEIDA CIGARRA E A FORMIGA INTELECTUAL; VIDA INTELECTUAL. 200 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE DENISE CABALLERO DA NUTRIÇÃO; SILVA. A ALIMENTAÇÃO COMO SIMBOLOGIA; MESTRADO LINGUAGEM SOCIAL: O 1999 EM CIÊNCIAS MARIA DA SIMBOLISMO DOS TABUS TABU; SOCIAIS CONCEIÇÃO DE CIÊNCIAS SOCIAIS. ALMEIDA VERA LÚCIA XAVIER PINTO. A ÚLTIMA CEIA: POR UMA ALIMENTAÇÃO; MESTRADO MARIA DA DIET(ÉTICA) POLÍFÔNICA 1999 CULTURA E HÁBITO; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE LINGUAGEM. SOCIAIS ALMEIDA ÁLVARO LÍVIO DA METADE DE MIM É AMOR CIÊNCIAS SOCIAIS; SÁ KONESKI. E A OUTRA METADE COMPLEXIDADE; MESTRADO MARIA DA TAMBÉ.M: REFLEXÕES A 1999 EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE RESPEITO DA PAIXÃO E DA RAZÃO; SOCIAIS ALMEIDA RAZÃO PAIXÃO. JOHN ALEX XAVIER DE SOUZA PÉROLAS (IR)REGULARES: ARQUITETURA MARIA DA ARTE E CULTURA NOS BARROCA; MESTRADO CONCEIÇÃO DE TEMPLOS BARROCOS NO 1999 IGREJA CATÓLICA; EM CIÊNCIAS ALMEIDA NORDESTE DO BRASIL SOCIAISARTE. COMUNICAÇÃO DE JOSIMEY COSTA DA MASSA; SILVA. A PALAVRA MARIA DA SOBREPOSTA: IMAGENS HISTÓRIA; MESTRADO CONCEIÇÃO DE CONTEMPORÂNEAS DA 1998 SEGUNDA GUERRA EM CIÊNCIAS ALMEIDA SEGUNDA GUERRA EM MUNDIAL; SOCIAISNATAL IMAGENS; IDENTIDADE. ÂNGELA MARIA DE FRUTOS DO AMOR ALMEIDA. AMADURECEM AO SOL: ESTÉTICA MESTRADO MARIA DA NEWTON NAVARRO, UMA 1998 NEWTON NAVARRO EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE LEITURA ESTÉTICA DA SOCIAIS ALMEIDA CIDADE DE NATAL AILTON SIQUEIRA S NOMADISMO; DA FONSECA. LABIRINTOS, ERRÂNCIAS, IMAGINÁRIO; VIDAS: UM ESTUDO SOBRE MESTRADO MARIA DA OS NÔMADES URBANOS 1998 COTIDIANO; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE EM MOSSORÓ-RN REALIDADE; SOCIAIS ALMEIDA CIDADE. MST; ALEXSANDRO GALENO ARAÚJO IMAGINÁRIO; DANTAS IMAGENS DA TERRA: POR IMAGENS; MESTRADO UMA POÉTICA DA LUTA 1997 EM CIÊNCIAS MARIA DA POLÍTICA TERRA; SOCIAIS CONCEIÇÃO DE CULTURA; ALMEIDA POÉTICA. 201 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE MÁRIO LOURENÇO DE MEDEIROS. RAZÃO E DISCURSO: DISCURSO; OS CATÓLICOS E MESTRADO MARIA DA O CONTROLE DA 1997 RAZÃO; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE NATALIDADE RACIONALIDADE. SOCIAIS ALMEIDA JOSÉ ALBÉRIO DE CÂMARA CASCUDO: NOS ALMEIDA. ANTROPOLOGIA;LIMITES DA ETNOLOGIA MARIA DA E DA LINGUAGEM, “A LUÍS DA CÂMARA MESTRADO CONCEIÇÃO DE ODISSEIA DO ALFAIATE DE 1996 CASCUDO; EM CIÊNCIAS ALMEIDA PALMARES DA ACRÓPOLE CIÊNCIA DA SOCIAIS À NAU CATARINETA” LINGUAGEM. MARCELO COMPLEXIDADE; BOLSHAW GOMES. O HERMENEUTA: UMA CIBERNÉTICA; MESTRADO MARIA DA INTRODUÇÃO AO ESTUDO 1996 CIBERCULTURA; DE SI COMUNICAÇÃO; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE MIDIOLOGIA; SOCIAIS ALMEIDA SEMIÓTICA. ANTROPOLOGIA EUGÊNIA MARIA SOCIAL; DANTAS. SOCIOLOGIA RETALHOS DA CIDADE: MESTRADO MARIA DA REVISITANDO CAICÓ 1996 URBANA; EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE CAICÓ (RN); SOCIAIS ALMEIDA ANTROPOLOGIA; SOCIOLOGIA. MARIA DA FRAGMENTAÇÃO DO CONCEIÇÃO LIMA CONHECIMENTO; DE ANDRADE. PRODUÇÃO MESTRADO NO CAMARIM DA CIÊNCIA 1994 COLETIVA DO EM MARIA DA CONHECIMENTO; EDUCAÇÃO CONCEIÇÃO DE PESQUISAS ALMEIDA INTEGRADAS. WANI FERNANDES MULHERES NO PEREIRA. UTILIZAÇÃO DA FORÇA TRABALHO; DE TRABALHO FEMININA MESTRADO MARIA DA NA INDÚSTRIA TÊXTIL DO 1987 RIO GRANDE DO EM CIÊNCIAS CONCEIÇÃO DE RN: UM ESTUDO DE CASO NORTE; SOCIAIS ALMEIDA INDÚSTRIA TÊXTI.L 202 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Quadro 3 – listagem das monografias de graduação e especialização ANO GRADUAÇÃO/ORIENTANDO/ORIENTADOR TÍTULO DEFESA PALAVRAS-CHAVE ESPECIALIZAÇÃO DO CORPO ESTRA- NHO AO ‘TODES’: DIVERSIDADE; GRADUAÇÃO EM ERICK RUAN SANTANA DIVERSIDADE GÊNERO; PUBLICIDADE E DA SILVA. DE GÊNERO NA 2016 SOCIEDADE DO PROPAGANDA MARGARIDA MARIA KNOBBE PUBLICIDADE DA ESPETÁCULO; (FACULDADE SOCIEDADE DO ESTÁCIO DE NATAL) ESPETÁCULO PUBLICIDADE. DIREITOS; DIREITOS E QUA- REGINA MARIA DA SILVA. QUALIDADE DE GRADUÇÃO EM LIDADE DE VIDA 2016 VIDA; SERVIÇO SOCIAL MARGARIDA MARIA KNOBBE PARA A TERCEIRA (FACULDADE IDADE SERVIÇO SOCIAL; ESTÁCIO DE NATAL) IDOSOS. TATIANA LAPITZ MACHADO DOS SANTOS. HISTÓRIA DE VIDA METAMORFOSES; THIAGO EMANUEL DE A. DE UMA ORQUÍ- HISTÓRIA DE VIDA; SEVERO; DEA: METAMOR- 2014 GRADUAÇÃO EM FOSES CULTIVADAS EXPERIÊNCIA; PEDAGOGIA MARIA DA CONCEIÇÃO DE PELA EXPERIÊNCIA COMPLEXIDADE. ALMEIDA SOCIOLOGIA NO SOCIOLOGIA;CRISTIANA NASCIMENTO DA CRUZ. ENSINO MÉDIO: ENSINO; RELATOS DE 2013 GRADUAÇÃO EM MARIA DA CONCEIÇÃO DE EXPERIÊNCIA;EXPERIÊNCIAS DE CIÊNCIAS SOCIAIS ALMEIDA FORMAÇÃO PENSAMENTO COMPLEXO. O CONVÍVIO SOCIAL NA ENVELHECIMENTO; JANE MEDEIROS DA CUNHA; MELHORIA DA GRADUÇÃO EM TIUKI SILVA SHIMOSAKI. QUALIDADE DE 2013 QUALIDADE DE SERVIÇO SOCIAL VIDA DO IDOSO: VIDA; (FACULDADE MARGARIDA MARIA KNOBBE UM OLHAR SERVIÇO SOCIAL. ESTÁCIO DE NATAL) SOBRE O FAZER PROFISSIONAL TEORIA FEMINISTA DO DIREITO E LEI DIREITO; GUACIRENE COUTINHO MARIA DA PENHA: TEORIA FEMINISTA; GRADUAÇÃO MUNIZ. HISTÓRIAS DE 2013 EM DIREITO HISTÓRIAS DE VIDA; MULHERES QUE (FACULDADE MARGARIDA MARIA KNOBBE PODEM RENASCER LEI MARIA DA ESTÁCIO DE NATAL) DAS CINZAS PENHA. CONSTITUCIONA- LIDADE SIMBÓLICA: A DISCREPÂNCIA LEIS SIMBÓLICAS; GRADUAÇÃO KAIO CÉSAR DA SILVA MOTA. ENTRE O SIMBO- CONSTITUIÇÃO; LISMO CONSTITU- 2012 EM DIREITO MARGARIDA MARIA KNOBBE EFICÁCIA. (FACULDADE CIONAL E A SUA ESTÁCIO DE NATAL) INEFICÁCIA NOR- MATIVO-JURÍDICA 203 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE A RESSOCIALIZA- EDUCAÇÃO; ANDRÉA CARLA ALVES DE ÇÃO DO DETENTO TRABALHO; GRADUAÇÃO OLIVEIRA. POR MEIO DA 2012 EM DIREITO SISTEMA PRISIONAL; EDUCAÇÃO E DO (FACULDADE MARGARIDA MARIA KNOBBE TRABALHO REINSERÇÃO ESTÁCIO DE NATAL)SOCIAL. ENCONTRO COM A LITERATURA E HISTÓRIAS DE VIDA; ELANE KARINE MEDEIROS DA EXPERIÊNCIA DE SILVA. VIDA DOS ALUNOS 2012 LITERATURA; GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA WANI FERNANDES PEREIRA DA EDUCAÇÃO DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS JOVENS E ADULTOS. – EJA/SESC FILHO DE ZÉLIA NOGUEIRA; DALIANA GONÇALVES PEDAGOGO, AUTOFORMAÇÃO; ONOFRE DA SILVA. PEDAGOGO É? 2012 LAGOA DO PIATÓ; GRADUAÇÃO EM ZÉLIA NOGUEIRA PEDAGOGIA WANI FERNANDES PEREIRA E SUA HISTÓRIA DE HISTÓRIAS FORMAÇÃO EDUCATIVAS NO BANGUÊ. PARA ALÉM DOS BIRÔS E DOS PAPÉIS: UNIDADES CARLOS VINICIUS DE O TRABALHO DE TERAPIA ESPECIALIZAÇÃO EM OLIVEIRA GOMES. GERENCIAL DO/A INTENSIVA; TERAPIA INTENSIVA ENFERMEIRO/A 2012 (UNIVERSIDADE JOÃO BOSCO FILHO EM UNIDADES FORMAÇÃO EM POTIGUAR) DE TERAPIA ENFERMAGEM. INTENSIVA DENNIS STEFANINI GALVÃO TORTURA: TORTURA; GRADUAÇÃO AGUIAR. UMA PRÁTICA DESUMANA EM 2012 DITADURA MILITAR; EM DIREITO (FACULDADE MARIA MARGARIDA KNOBBE NOSSA SOCIEDADE SISTEMA PRISIONAL. ESTÁCIO DE NATAL) CONTRIBUIÇÃO DA FLAUZILENE CADÓ DE OBRA O PEQUENO ENSINO RELIGIOSO; SANTANA IVO. PRÍNCIPE PARA O ENSINO ESPECIALIZAÇÃO ENSINO RELIGIOSO 2011 FUNDAMENTAL; EM CIÊNCIAS DA JOSINEIDE SILVEIRA DE RELIGIÃO OLIVEIRA NO ENSINO LITERATURA. FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO MARNISIA AVELINO DOS E CAPOEIRA: UMA SANTOS OLIVEIRA. ALTERNATIVA ENSINO RELIGIOSO; PARA DINAMIZAR CAPOEIRA; ESPECIALIZAÇÃO O MECANISMO 2011 EM CIÊNCIAS DA JOSINEIDE SILVEIRA DE INCLUSÃO DE INCLUSÃO RELIGIÃO OLIVEIRA ESCOLAR.NA ESCOLA E NA SOCIEDADE FLÁVIO LEITE DANTAS DE FÉ CEGA, FACA REZENDE. AMOLADA: A RELIGIÃO; ESPECIALIZAÇÃO RELIGIOSIDADE NO 2011 FÉ; EM CIÊNCIAS DA JOSINEIDE SILVEIRA DE SISTEMA PRISIONAL RELIGIÃO OLIVEIRA SISTEMA PRISIONAL.DA GRANDE NATAL 204 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE METODOLOGIAS METODOLOGIAS; MAÍSA SUARES TEIXEIRA ATIVAS COMO ESPECIALIZAÇÃO MORAES; CAMILA BARBOSA ESTRATÉGIA ESTRATÉGIAS DE EM DOCÊNCIA DO MONTENEGRO. DE ENSINO- 2011 ENSINO; ENSINO SUPERIOR APRENDIZADO NA (UNIVERSIDADE JOÃO BOSCO FILHO ENSINO-GRADUAÇÃO DE APRENDIZAGEM. POTIGUAR) ENFERMAGEM PADRE NIVALDO HISTÓRIA DE VIDA;MARIA DO SOCORRO DE OLIVEIRA. MONTE: O MINISTÉRIO DE ESPECIALIZAÇÃO HUMANISMO 2011 AÇÃO; EM CIÊNCIAS DA JOSINEIDE SILVEIRA DE COMO OPÇÃO DE OLIVEIRA VOCAÇÃO; RELIGIÃO DESTINO HUMANISMO. RAYANE KARINE ARAÚJO DOS TRANSPLANTE BIOÉTICA; SANTOS. DE ÓRGÃOS E TECIDOS: 2011 BIODIREITO; GRADUAÇÃO EM DIREITO(FACULDADE ASPECTOS ÉTICOS E TRANSPLANTES DE ESTÁCIO DE NATAL) MARGARIDA MARIA KNOBBE JURÍDICOS ÓRGÃOS. TRATAMENTOS ALTERNATIVOS BIOÉTICA; ERICK MARCELINO DA SILVA À TRANSFUSÃO DE SANGUE E O IMPLICACÕES GRADUAÇÃO ROCHA. PRINCÍPIO DA 2011 JURÍDICAS; EM DIREITO AUTONOMIA (FACULDADE MARGARIDA MARIA KNOBBE AUTONOMIA;DA VONTADE ESTÁCIO DE NATAL) – O DIREITO À RELIGIÃO. INFORMAÇÃO VALOR DA VIDA HEMILY SAMILA DA SILVA HUMANA E LIBERDADE DE RELIGIÃO; GRADUAÇÃO SARAIVA. RELIGIÃO: O CASO 2011 BIOÉTICA; EM DIREITO DA RECUSA À (FACULDADE MARGARIDA MARIA KNOBBE BIODIREITO.TRANSFUSÃO DE ESTÁCIO DE NATAL) SANGUE JOEILSON JADSON DE FARIAS; SABERES DA RAPHAEL RANIERE DE AUTONOMIA DOS TRADIÇÃO; GRADUAÇÃO EM OLIVEIRA COSTA. SUJEITOS: UMA ABORDAGEM EM 2010 NATUREZA; ENFERMAGEM (UNIVERSIDADE SAÚDE MENTAL CIÊNCIAS DA POTIGUAR) JOÃO BOSCO FILHO SAÚDE. ENSAIO DE UM ROBERTA DE MORAIS LIMA. JARDINEIRO FIEL. BULLYNG; PARA REMOVER GRADUAÇÃO EM O BULLYNG, ESSA 2010 TRANSTORNOS DE PEDAGOGIA WANI FERNANDES PEREIRA ERVA DANINHA APRENDIZAGEM. NAS ESCOLAS KEILA CRISTIANE CELESTINO APRENDIZAGEM; DANTAS. ENSAIO PARA UMA CORPOREIDADE; PEDAGOGIA DO 2010 GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA MARIA DA CONCEIÇÃO DE CORPO NA ESCOLA LITERATURA; ALMEIDA EDUCAÇÃO. 205 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE WALMIR DE MOURA PAES. EDUCAÇÃO; MEMÓRIAS DE UMA FORMAÇÃO 2010 SABERES DA GRADUAÇÃO EM MARIA DA CONCEIÇÃO DE COMPARTILHADA TRADIÇÃO; PEDAGOGIA ALMEIDA COMPARTILHAR. LOUIZE GABRIELA SILVA DE SABERES DA SOUZA. NARRATIVAS DE TRADIÇÃO; AUTOFORMAÇÃO PRÓXIMAS À 2010 FORMAÇÃO GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA MARIA DA CONCEIÇÃO DE NATUREZA COMPLEXA; ALMEIDA HISTÓRIAS DE VIDA. JULIANA CATARINA DA MOTTA. POR UMA SUBJETIVIDADE; PEDAGOGIA 2010 CULTURA; GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA MARIA DA CONCEIÇÃO DE OUTSIDER CONHECIMENTO. ALMEIDA FORMAÇÃO KÉLIA SIMONE DE SOUZA RELATOS DE UNIVERSITÁRIA; RAMOS. FORMAÇÃO: RELATOS DE GRADUAÇÃO EM UNIVERSIDADE E 2010 FORMAÇAO; PEDAGOGIA WANI FERNANDES PEREIRA COTIDIANO EDUCAÇÃO E PRÁTICA ESCOLAR. PROCESSO EMERSON RICARDO ALVES A IMPORTÂNCIA PEDAGÓGICO; DA SILVA. DA FAMÍLIA 2009 FAMÍLIA; GRADUAÇÃO EM MARIA DA CONCEIÇÃO DE NO PROCESSO PEDAGOGIA ALMEIDA PEDAGÓGICO VIDA ESCOLAR; EDUCADOR. ALFABETIZAÇÃO; ALFABETIZAÇÃO EDUCAÇÃO WILLIANE DE SENA BARBOSA. ECOLÓGICA: ECOLÓGICA; DESAFIOS PARA 2009 GRADUAÇÃO EM SABERES UMA EDUCAÇÃO PEDAGOGIAWANI FERNANDES PEREIRA CIENTÍFICOS. PLANETÁRIA SABERES DA TRADIÇÃO A SOMBRA SOB AS CHAMAS: A ANA PAULA SILVA SOUZA. EMERGÊNCIA DO IGREJA CATÓLICA; SUJEITO PELA INQUISIÇÃO ESPECIALIZAÇÃO JOSINEIDE SILVEIRA DE EXPERIÊNCIA DOS 2009 MEDIEVAL; EM CIÊNCIAS DA OLIVEIRA “NÃO-LUGARES” RELIGIÃO INDIVIDUALIDADE. NA INQUISIÇÃO MEDIEVAL EDUCAÇÃO PARA O EMMILI BORGES CABRAL. EDUCAR PARA O TRÂNSITO: TRÂNSITO;2009 GRADUAÇÃO EM “PENSAR GLOBAL E DETRAN; PEDAGOGIA WANI FERNANDES PEREIRA AGIR LOCAL” STTU. 206 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE E SE UMA LENDA SABERES DA JULIANA VENCESLAU DE FOSSE À ESCOLA: UM LUGAR TRADIÇÃO;OLIVEIRA. DOS SABERES 2009 ENSINO DE GRADUAÇÃO EM DA TRADIÇÃO HISTÓRIA; PEDAGOGIA WANI FERNANDES PEREIRA NO ENSINO DA LENDAS. HISTÓRIA O DIÁLOGO DAS CECÍLIA BATISTA PALHANO HIEROFANIAS HIEROFANIAS; GALVÃO. NO ESPAÇO: O SAGRADO; ESPECIALIZAÇÃO ENCONTRO ENTRE 2009 EM CIÊNCIAS DA JOSINEIDE SILVEIRA DE SAGRADO E PROFANO; RELIGIÃO OLIVEIRA PROFANO ATRAVÉS ARQUITETURA. DA ARQUITETURA ETNOMATEMÁTICA; SILVANIA GOMES DE SENA. O ENSINO ETNOMATEMÁTICO EDUCAÇÃO E AS BRINCADEIRAS 2009 MATEMÁTICA; GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA IRAN ABREU MENDES INFANTIS DISCIPLINA MULTICULTURAL; ORDEM E ZULEIDE VITAL LOPES. DESORDEM INDISCIPLINA; NA ESCOLA: REFLEXÕES SOBRE 2009 AGRESSÕES FÍSICAS; GRADUAÇÃO EM MARIA DA CONCEIÇÃO DE INDISCIPLINA E AGRESSÕES PEDAGOGIA ALMEIDA FORMAÇÃO DO VERBAIS. EDUCADOR A ÍNGUA QUE SE NASSARY LEE DE OLIVEIRA ESCONDE POR SUJEITO; SILVA. BAIXO DA LÍNGUA: OBJETIVIDADE; GRADUAÇÃO EM CONTRA O MITO 2008 COMUNICAÇÃO JORNALISMO JOSIMEY COSTA DA SILVA DA OBJETIVIDADE LITERÁRIA. JORNALÍSTICA APRENDENDO COM A VIDA: A RAYKLICY ELANNE MORAIS. EXPERIÊNCIA AUTOBIOGRAFIA; DE FORMAÇÃO 2008 EDUCAÇÃO; GRADUAÇÃO EM MARIA DA CONCEIÇÃO DE A PARTIR DO PEDAGOGIA ALMEIDA PROGRAMA NARRATIVAS DE SI. TRIBUTO À CRIANÇA ISABELLE JUDITH RAMOS DE EDUCAÇÃO NARRATIVA MENDONÇA. PARA A VIDA: AS AUTOBIOGRÁFICA; NARRATIVAS COMO POSSIBILIDADE DE 2008 PRÁTICAS GRADUAÇÃO EM MARIA DA CONCEIÇÃO DE RECRIAÇÃO DO SER PEDAGÓGICAS; PEDAGOGIA ALMEIDA EDUCADOR AFETIVIDADE. NARRATIVA MICHELLA BERTÚCIA ALVES AUTOBIOGRÁFICA; SILVESTRE. HERDEIRA DE UMA PEDAGOGIA 2008 PROFESSOR GRADUAÇÃO EM REFLEXIVO; PEDAGOGIA MARIA DA CONCEIÇÃO DE DIALÓGICA ALMEIDA PRÁTICA PEDAGÓGICA. 207 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE COMPLEXIDADE; CONCEIÇÃO APARECIDA PEDAGOGIA DO ENSINO- TAVARES DA COSTA. COTIDIANO: O APRENDIZAGEM; PROFESSOR QUE 2008 GRADUAÇÃO EM EXISTE EM CADA MÉTODO; PEDAGOGIA WANI FERNANDES PEREIRA UM DE NÓS PENSAMENTO COMPLEXO. POR DENTRO DANIEL DE OLIVEIRA DO MUNDO DOS HISTÓRIA EM RIBEIRO. QUADRINHOS: QUADRINHOS; DEMOLIDOR E A 2008 GRADUAÇÃO EM AUTOSSUPERAÇÃO, HERÓI DEMOLIDOR. PEDAGOGIAMARIA DA CONCEIÇÃO DE ALMEIDA UM CAMINHO A AUTOSSUPERAÇÃO TRILHAR! BRUNO CESAR FERREIRA DE BARROS CORREIA. RELIGIÃO E RELIGIÃO; VIOLÊNCIA EM 2008 VIOLÊNCIA; GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS ORIVALDO PIMENTEL LOPES FELIPE CAMARÃO FELIPE CAMARÃO. JÚNIOR IVONE PRISCILLA DE CASTRO SURF: METÁFORA MÉTAFORA;RAMALHO. DE UMA 2008 NARATIVA GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PARA AUTOBIOGRÁFICA; PEDAGOGIA MARIA DA CONCEIÇÃO DE A VIDA ALMEIDA EDUCAÇÃO. LENILDA RIBEIRO DA SILVA NARRATIVAS FERNANDES. A LENDA DO BOTO: MÍTICAS; ESPECIALIZAÇÃO O SUSSURAR DE 2007 LENDAS; EM CIÊNCIAS DA JOSINEIDE SILVEIRA DE UMA CULTURA RELIGIÃO OLIVEIRA CULTURA. MARIA DE FÁTIMA ARAÚJO. A HIEROFANIA HIEROFANIA; MANIFESTA NO ESPECIALIZAÇÃO ENCANTO DA 2007 NARRATIVA LITERÁRIA; EM CIÊNCIAS DA JOSINEIDE SILVEIRA DE OLIVEIRA JUREMA RELIGIÃO IRACEMA. EDNALDA SOARES. AREIA BRANCA LIVRO; PIATÓ: IMAGENS NA REPORTAGEM;2007 GRADUAÇÃO EM MARIA DA CONCEIÇÃO DE CABEÇA, RETRATOS FOTOGRAFIA; JORNALISMO ALMEIDA NO PAPEL LAGOA DO PIATÓ. MARIA ELIZABETH ARAÚJO DA SILVA. RELIGIOSIDADE; A SACRALIDADE ESPECIALIZAÇÃO DO POVO CIGANO 2007 SAGRADO; EM CIÊNCIAS DA JOSINEIDE SILVEIRA DE TRADIÇÃO CIGANA. RELIGIÃO OLIVEIRA ANA MARIA DE MEDEIROS FESTA DE TRADIÇÃO LUCAS. SANT’ANA: RELIGIOSA; DEVOÇÃO E ESPECIALIZAÇÃO TRADIÇÃO DE 2007 FESTIVIDADES EM CIÊNCIAS DA JOSINEIDE SILVEIRA DE MÃOS DADAS EM SAGRADAS; RELIGIÃO OLIVEIRA CAICÓ DEVOÇÃO. 208 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE EDWIN DOS SANTOS A EVOLUÇÃO DITADURA MILITAR; CARVALHO. DO NOTICIÁRIO ESPECIALIZAÇÃO ECONÔMICO DO 2006 JORNAL IMPRESSO; EM JORNALISMO JOSIMEY COSTA DA SILVA DIÁRIO DE NATAL ECONOMIA. ECONÔMICO ANÁLISE DAS NOTÍCIAS ECONÔMICAS GEORGIA LUANA DOS SANTOS VEICULADAS NA JORNALISMO NERY. TV ASSEMBLEIA ECONÔMICO; ESPECIALIZAÇÃO DO RIO GRANDE 2006 NOTICIÁRIO; EM JORNALISMO ECONÔMICO JOSIMEY COSTA DA SILVA DO NORTE: UM MÍDIA TELEVISIVA. ESTUDO DE CASO DO JORNAL ASSEMBLEIA ANÁLISE DAS FONTES PUBLICADAS ZHAMARA METTUZA SILVA NAS EDITORIAS JORNALISMO; DAMASCENDO. DE ECONOMIA ESPECIALIZAÇÃO DE JORNAIS 2006 JORNAL IMPRESSO; EM JORNALISMO NATALENSES: ECONÔMICO JOSIMEY COSTA DA SILVA INFORMAÇÃO.DIÁRIO DE NATAL, TRIBUNA DO NORTE E O JORNAL DE HOJE DOCUMENTÁRIO; ELISA PAIVA DE ALMEIDA. ARTES; MEMÓRIAS DE GRADUAÇÃO EM MARIA DA CONCEIÇÃO DE ANTES DA NOITE 2006 TEATRO; COMUNICAÇÃO ALMEIDA LUÍS DA CÂMARA SOCIAL CASCUDO. EVANILDO COSTA SANTOS. MÚSICA; MARIA DA CONCEIÇÃO DE MÚSICA: POR UMA ESCOLA; ALMEIDA; PEDAGOGIA DA 2006 GRADUAÇÃO EM ALEGRIA DIVERSIDADE; PEDAGOGIA EMOÇÃO. SILMARA MARTON EDUCAÇÃO LEIDE DAYANA PEREIRA DE O NAVEGAR DA FREITAS. BORBOLETA: (RE) INFANTIL; ENCONTROS E PRÁTICA GRADUAÇÃO EM NOVOS RUMOS 2006 PEDAGÓGICA; PEDAGOGIA MARIA DA CONCEIÇÃO DE DE UMA AÇÃO ALMEIDA FORMAÇÃO DOCENTE DOCENTE. JORNALISMO; LOUSANNE BARBOSA PAIVA. O OFICIALISMO ESPECIALIZAÇÃO NO JORNALISMO 2006 JORNAL IMPRESSO; EM JORNALISMO JOSIMEY COSTA DA SILVA ECONÔMICO FONTES DE ECONÔMICO INFORMAÇÃO. 209 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE ANDREIA KARLA DE LIMA CERVEJA ARAÚJO. ANTARCTICA, A PUBLICIDADE; SEDUÇÃO DAS SUBJETIVIDADE; GRADUAÇÃO EM LOIRAS GELADAS: 2005 MÍDIAS; CIÊNCIAS SOCIAISALEXSANDRO GALENO OS COMERCIAIS DE ARAÚJO DANTAS CERVEJA CORPO. RITA LIDUÍNA SILVA DO NASCIMENTO. LEILA DINIZ: METAMORFOSE; UM PONTO NO UNIVERSO EM 2005 POLITIZAÇÃO; GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS MARIA DA CONCEIÇÃO DE METAMORFOSE CONTRACULTURA. ALMEIDA BRUNA DANIELA HETZEL DE LENTES SOBRE O REGISTRO CINEMA- MACEDO. SERTÃO: MORTE E TÓGRAFICO; VIDA E CENTRAL 2005 GRADUAÇÃO EM MARIA DA CONCEIÇÃO DE DO BRASIL E ABRIL SERTÃO; CIÊNCIAS SOCIAIS ALMEIDA DESPEDAÇADO ARTE. PRISCILA VIEIRA FERREIRA. SAGRADO; MÚSICA GOSPEL E A BANALIZAÇÃO 2005 PLURALISMO GRADUAÇÃO EM ORIVALDO PIMENTEL L. DO SAGRADO RELIGIOSO; CIÊNCIAS SOCIAIS JÚNIOR PROTESTANTISMO. SOCIOLOGIA DA ANAXSUELL FERNANDO DA O FALAR DE DEUS: RELIGIÃO; SILVA. INTRODUÇÃO AO CRISTIANISMO; ESTUDO SÓCIO- 2005 GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS ORIVALDO PIMENTEL L. CIENTÍFICO DO ESTUDOS JÚNIOR PÚLPITO CRISTÃO RELIGIONISTAS; ANÁLISE RETÓRICA. ANA CECÍLIA DE ARAGÃO PRODUÇÃO GOMES. DIALOG - CIENTÍFICA; REVISTA SOBRE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA, ARTE E 2005 LITERATURA; COMUNICAÇÃO MARIA DA CONCEIÇÃO DE LITERATURA DIVULGAÇÃO SOCIAL ALMEIDA CIENTÍFICA. DINAMENE REGO DA SILVA. TRABALHO INFÂNCIA: INFANTIL; TRABALHO COMO 2004 GRADUAÇÃO EM MARIA DA CONCEIÇÃO DE LAZER INFÂNCIA; CIÊNCIAS SOCIAIS ALMEIDA SOCIALIZAÇÃO. MARIANA DE CARVALHO MÚSICA SIM: MÚSICA; HUNKA. A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NO 2003 COMPORTAMENTO GRADUAÇÃO EM COMPORTAMENTO HUMANO; CIÊNCIAS SOCIAISMARIA DA CONCEIÇÃO DE ALMEIDA DO INDIVÍDUO SUBJETIVIDADE. CAMPANHAS RENATO BRENO MAURÍCIO PUBLICITÁRIAS; DE MACEDO. ALÉM DOS SOCIEDADE DO GRADUAÇÃO EM OUTDOORS... 2002 CONSUMO; CIÊNCIAS SOCIAIS MARIA DA CONCEIÇÃO DE ALMEIDA ANTROPOLOGIA URBANA. 210 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE GILBERTO PAIVA DE SUICÍDIO DE ASSUNÇÃO. O PONTO FINAL: ADOLESCENTES; REFLEXÕES SOBRE 2001 GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS MARIA DA CONCEIÇÃO DE O SUICÍDIO FILOSOFIA; ALMEIDA PSICANÁLISE. GEORGE LINDBERGH O INFINITAMENTE RELAÇÕES SOCIAIS; NOGUEIRA. COMPLEXO: UMA NARRATIVA VISUAL CATADORES DE 2001 LIXO; GRADUAÇÃO EM DO FORNO DO CIÊNCIAS SOCIAIS MARIA DA CONCEIÇÃO DE LIXO NA CIDADE ESTUDO ALMEIDA DO NATAL FOTOGRÁFICO. SÃO TOMÉ (RN); CRIZÓSTIMO FÉLIX DE LIMA. SÃO TOMÉ: UMA COMUNIDADE; TORRE E TRÊS 2001 CULTURA; GRADUAÇÃO EM MARIA DA CONCEIÇÃO DE SINOS CIÊNCIAS SOCIAIS COSTUMES; ALMEIDA RELAÇÕES SOCIAIS. CARLOS ALBERTO A PRODUÇÃO DO GONÇALVES BRANDÃO. LIXO: ASPECTOS MEIO AMBIENTE; ECONÔMICOS, 1999 PRESERVAÇÃO; GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS MARIA DA CONCEIÇÃO DE AMBIENTAIS E RECICLAGEM. ALMEIDA SOCIAIS JAIME SANTOS SOBRINHO. CATANDO LIXO URBANO; INFORMAÇÕES: 1999 RESÍDUOS; GRADUAÇÃO EM MARIA DA CONCEIÇÃO DE SOBREVOANDO O CIÊNCIAS SOCIAIS ALMEIDA FORNO DO LIXO ATERRO SANITÁRIO. MAURÍCIO DE CAMARGO NAVEGANTE TEIXEIRA PANELLA. DEMENS: NA MITO; ESTAÇÃO ONDE 1999 NATUREZA; GRADUAÇÃO EM AS PARALELAS SE CIÊNCIAS SOCIAIS MARIA DA CONCEIÇÃO DE ENCONTRAM NO CULTURA. ALMEIDA INFINITO IMAGENS; JÚLIO CÉSAR GURGEL. FÁBULAS; OS JARDINS GRADUAÇÃO EM SECRETOS 1999 SABERES DA COMUNICAÇÃO MARIA DA CONCEIÇÃO DE TRADIÇÃO; SOCIALALMEIDA NARRATIVAS. VALORES LUCIANO MAGNUS DE ARAÚJO. OUVIR, ESCREVER, CULTURAIS; DISPERSAR: FORMAÇAO DE GRADUAÇÃO EM SOBREVOANDO 1999 IDENTIDADE; CIÊNCIAS SOCIAIS MARIA DA CONCEIÇÃO DE MÃE LUÍZA ALMEIDA MEMÓRIAS E REMINISCÊNCIAS. GEÍSA PEREIRA ALVES. HISTÓRIAS DA SABERES DA TRADIÇÃO: O TRADIÇÃO; ARTESANATO DO 1998 GRADUAÇÃO EM MARIA DA CONCEIÇÃO DE PENSAMENTO ARTESANATO; CIÊNCIAS SOCIAIS ALMEIDA COMPLEXO TRADIÇÃO ORAL. 211 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE RENILDE DE LIMA QUEIROZ. GROSSOS: MEMÓRIAS; MONOGRAFIA DE MEMÓRIAS 1995 GROSSOS/RN; ESPECIALIZAÇÃO EM MARIA DA CONCEIÇÃO DE ANTROPOLÓGICAS ALMEIDA ANTROPOLOGIA. ANTROPOLOGIA IVONE DE SANTANA. SEXUALIDADE E EROTISMO: MÉTAFORAS; METÁFORAS DO 1995 SEXUALIDADE; GRADUAÇÃO EM MARIA DA CONCEIÇÃO DE SIMBOLISMO CIÊNCIAS SOCIAIS ALMEIDA EROTISMO.AMOROSO MARIA DA CONCEIÇÃO AIDS; JERÔNIMO DE MELO. A VIVÊNCIA DE MORTE; MONOGRAFIA DE UMA MORTE ESPECIALIZAÇÃO ANUNCIADA: O 1994 ESTIGMA; EM ANTROPOLOGIA MARIA DA CONCEIÇÃO DE PORTADOR DE AIDS FRAGMENTOS DE (UFRN) ALMEIDA DOR. Coleções Coordenadas pelo GRECOM A coordenação de coleções e publicações de livros faz parte da história do GRECOM. Desde 2005, de fato, o investimento em manter periodicamente suas coleções demonstram a ousadia de um grupo que extrapola os limites da publicação apenas possível nos moldes das editoras, mesmo que parte das edições seja assumida por editoras de renome nacional, como é o caso da EDUFRN. Coleção Metamorfose Afinado com uma indicação já levada a cabo por algumas editoras francesas, o GRECOM está atento à necessidade de fazer circular mais democraticamente, de forma independente, a preço mais acessível e com uma agilidade maior, temas, assuntos e ideias, frutos da produção do conhecimento ligada aos Saberes da Tradição. A Coleção Metamorfose foi uma iniciativa de Iran Mendes, Carlos Aldemir Farias e Conceição Almeida por meio do Selo Editorial Flecha do Tempo. Os volumes abordam as temáticas da literatura, ecologia, educação, saberes da tradição e narrativas de memórias biográficas. 212 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Nessa coleção foram publicados os seguintes títulos: Vol. 1 – Memórias, imagens, histórias..., de Wani Fernandes Pereira (2005); Vol. 2 – Histórias de ontem para amanhã, de Luís Justo Filho, (Org. Carlos Aldemir Farias e Maria da Conceição de Almeida; 2006); Vol. 3 – Flor de mucambo, de Maria Iêda da Silva Medeiros, (Org. Wani Fernandes Pereira; 2006); Vol. 4 – A natureza me disse, de Francisco Lucas da Silva, (Org. Maria da Conceição de Almeida e Paula Vanina Cencig; 2007); Vol. 5 – Um amor (sertão) que já nasce estrangulado de saudade, de Ângela Almeida (2007); Vol. 6 – Narrativas de um tempo, escrituras da alma, de Maria de Lourdes Xavier, (Org. Maria da Conceição de Almeida e Carlos Aldemir Farias; 2008); Vol. 7 – Viajante das águas, imaginário amazônico, de Raimundo Rabelo Mendes, (Org. Carlos Aldemir Farias; 2009); Vol. 8 – Canto pelo terceiro mundo, de Leopoldo Nelson (2010); Vol. 9 – Grande árvore, muitas histórias, de Maurício Camargo Panella (2010); Vol. 10 – Pelos caminhos do Potengi, 2. Edição, de Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros, (Org. Josineide Silveira de Oliveira, Maria da Conceição de Almeida, Carlos Aldemir Farias; 2013); Vol. 11 – Da transcendência a imanência: o ensino religioso no Rio Grande do Norte, de Josineide Silveira de Oliveira (2013); Vol. 12 – Paisagens de um educador, de Aroldo Eliseu de Paiva, (Org. de Silmara Lídia Marton; 2013) Número Especial – Educação etnomatemática: o que é?, de Teresa Vergani (2007). 213 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 16 - Banner de divulgação da Coleção Metamorfose (GRECOM) Fonte: Acervo do GRECOM 214 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Coleção Baobá Tendo à frente Conceição Almeida e Josineide Silveira, coor- denadora e vice-coordenadora do GRECOM, respectivamente, e em parceria com o Programa de Pós-graduação em Ciências So- ciais, a SEDIS e por acolhimento da Editora da UFRN na gestão da profa. Dra. Maria Margarida Dias, a coleção inclui títulos atinentes aos domínios das ciências humanas, filosofia, epistemologia e humanidades em geral. A exemplo da política de parte das editoras brasileiras, a coleção tem a parceria financeira dos autores. Essa parceria diz respeito ao pagamento da impressão gráfica. A editoração, arte, formatação e preparo do livro é de responsabilidade da equipe técnica da EDUFRN. Parte dos exemplares fica no acervo da reserva técnica da Editora da UFRN. Até o início de 2018, a coleção conta com três volumes publicados: Figura 17 - Livros da Coleção Baobá (GRECOM) Fonte: Autoria própria. 215 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Vol. 1 – Palavras Úmidas: homenagens, prefácios e outros escritos, Maria da Conceição Xavier de Almeida (Org. Josineide Silveira de Oliveira e Louize Gabriela Silva de Souza; 2014); Vol. 2 – Dom Eugênio Sales em Natal: fé e política (Org. Safira Bezerra Ammann, Marcos José de Castro Guerra e Otto Euphrásio de Santana; 2015); Vol. 3 – Mestre e discípulo: tonalidades de um tempo, Wascyli Simões dos Anjos e Ronaldo Ferreira de Lima (Org. Zilmar Rodrigues; 2015). Coleção Saberes da Tradição A expressão ‘saberes da tradição’ não denota conhecimentos dos saberes do passado, nem é sinônimo de senso comum. Reco- nhecer e dar visibilidade a saberes e itinerários antiparadigmáti- cos do pensamento ocidental são os propósitos desta coleção. Em acordo com as proposições de Edgar Morin, atinentes a um Pensamento do Sul, e afirmando os saberes da tradição como reservas antropológicas de conhecimentos plurais, como sugere Conceição Almeida, a coleção veicula temas, reflexões e ensaios que procuram religar cultura científica e cultura humanista; ciência, arte e imaginação. Com o selo editorial da EDUFRN, a coleção é uma iniciativa do GRECOM em parceria com o Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais e a Escola de Música da UFRN. Tem a coordenação de Maria da Conceição de Almeida e Josineide Silveira de Oliveira. Quatro volumes inauguram a coleção: Volume 1- Ilhas de Resistência: conversas entre Mestres e Aprendiz (autor: Juliano César Petrovich Bezerra; 2015); 216 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Volume 2 - Mia Couto: para uma pedagogia da doce ira (autora: Louize Gabriela Silva de Souza; 2015); Volume 3 - Ousadia Individual, Apostas Coletivas (autora: Ana Karinne de Moura Saraiva; 2014); Volume 4 - Bandas de Música, Escolas de Vida (autor: Ronaldo Ferreira de Lima; 2015); Figura 18 - Livros da Coleção Saberes da Tradição (GRECOM) Fonte: Autoria própria. 217 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Páginas Abertas (Editorial Semqualis) A coleção Páginas Abertas, publicada pelo Editorial SemQualis, é a expressão de uma atitude política e de resistência à tecnoburocracia do pensamento que prima em controlar, quantificar e extratificar a produção do conhecimento científico e acadêmico. Com o intuito de promover a democracia do conhecimento, essa coleção pretende se constituir como uma via alternativa de publicação que não se deixa prender pelas amarras do mercado editorial e que incita a criatividade e a liberdade de expressão. O volume 1 foi organizado por Adeilton Dias, Gledson Moura, Louize Gabriela de Souza, Luan Santos e Mônica Reis, orientandos de Conceição Almeida dos Programas de Pós- Graduação de Educação e Ciências Sociais da UFRN e contempla dois artigos em homenagem a Edgar Morin, assinados por Maria da Conceição de Almeida e Edgard de Assis Carvalho. O volume foi lançado por ocasião do Congresso Saberes Necessários a uma Cidadania Planetária, ocorrido em maio de 2016, em Fortaleza. O volume 2, organizado por Conceição Almeida e Edgard de Assis Carvalho, lançado na PUC/São Paulo, em 2017, apresenta três reflexões ensaísticas, assinadas por Alexsandro Galeno, Edgard Carvalho e Edmilson Felipe. O horizonte comum que alicerça os três textos é a estratégia de recorrer à arte cinematográfica para pensar a condição humana. 218 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 19 - Capas dos folhetos 1 e 2 da Coleção Páginas Abertas, respectivamente Fonte: Acervo do GRECOM 219 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Fonte: Acervo do GRECOM Em suas investidas editoriais, o GRECOM tem contado com o reconhecimento de pessoas importantes no cenário editorial do Rio Grande do Norte e de outros estados do Brasil. Quatro desses deuses Hermes merecem destaque, por serem mensageiros de boas novas e parceiros importantes que dividem com o grupo o desafio, a responsabilidade e o êxito de empreender coleções 220 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE de reconhecimento nacional e internacional, que rapidamente se esgotam no mercado de livros. Durante o processo de publicação do livro Edgar Morin: conferências de Natal/RN, de Edgar Morin (2010), foi Norval Baitello Júnior (coordenador do Centro Interdisciplinar de Semiótica da Cultura da Mídia - CISC/PUC São Paulo), grande parceiro intelectual, quem se incumbiu de apresentar a proposta do livro ao editor da BLEUCOM. A proposta foi imediatamente aceita e o livro esgotou-se rapidamente. Atualmente, encontra-se em fase de produção a segunda edição revisada e ampliada dessa obra. A parceria de Carlos Aldemir e Iran Abreu Mendes tem, ao longo desses 25 anos, alimentado e consolidado sonhos e projetos em comum, nutrindo um sentimento de pertencimento e respeito intelectual mútuo. Outro parceiro importante que está sempre presente, tanto na realização dos sonhos editoriais greconianos, quanto na editoração e publicação dos livros de Edgard Carvalho, é o cúmplice, amigo e editor da EDUFRN, Helton Rubiano. Ao final de tudo, e no que diz respeito à publicação de ousadias cognitivas, impertinências intelectuais, matrizes epistemológicas que ultrapassam e revigoram a ideia de complexidade, muitos sonhos ainda estão por fazer acontecer. Um deles já está encaminhado. Trata-se da tradução do livro de autoria compartilhada entre Emilio Roger Ciurana e Cecilia Regalado Lobo, intitulado Pensamento Complexo: para uma epistemologia das ciências sociais e da educação, já traduzido e atualmente em fase de revisão para submeter a publicação como quarto volume da Coleção Baobá. 221 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Um sonho mais alargado e múltiplo pode ser visualizado nas páginas finais do documento intitulado 20 anos do GRECOM (2012). Nessas três páginas estão arroladas 26 proposições de títulos a serem publicados nos anos seguintes e dão conta do desejo que poderá se tornar em ato de publicações sobre temas distintos. Doze desses títulos já foram concretizados e os volumes disponibilizados. Os outros 14 aguardam em encubação o tempo de nascerem. Ou não. Dentre esses títulos em germinação, podemos citar: Da prosa à poesia; Prólogo dos livros imaginários; A difícil arte de ser discípulo; Complexidade e Ciências da vida; Vidas que educam; Curralinho e Banguê: fragmentos de histórias; Pedagogias da Vida; Da Natureza e da Cultura; Histórias da Tradição; Mata, sertão, litoral: educação e meio ambiente, e Sobre Ciência e Afetos: entrevistas com Ubiratam D’Ambrósio, Teresa Vergani, Maria da Conceição de Almeida, Lia Dinsk, Paulus Gerdes. Os sonhos não param por aí. A listagem certamente está guardada nos porões do coração dos participantes do GRECOM, tanto quanto dos novos parceiros e participante que certamente, com singularidade, deverão promover a permanente metamorfose desse grupo que tem por horizonte uma ética de fazer a ciência de mãos dadas com o mundo. Compartilhando Saberes O GRECOM tem, em sua trajetória, a realização de acontecimentos inesquecíveis, que marcaram a história do grupo e a vida de muitos dos pesquisadores, alunos e professores que passaram um tempo de suas vidas construindo conhecimento 222 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE de forma coletiva e transdisciplinar nesse espaço de religação de saberes. Narrar a realização desses sucessivos momentos é contar de forma unilateral um pouco dessa história que é tão polimorfa, transecular e multirreferencial. Figura 20 – Banner Grandes Momentos do GRECOM Fonte: acerco do GRECOM 223 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Descrever as temáticas elencadas para cada evento é revisitar as referências que norteiam o pensamento e as ideias do GRECOM. Relembrar os interlocutores, os pensadores homenageados, os conferencistas parceiros nas ideias e na vida é uma forma de dizer obrigado a cada um deles. Pensar nas equipes organizadoras de cada evento, dos alunos de graduação e pós-graduação, pesquisadores e professores envolvidos é demonstrar como a amizade é algo permanente na história do grupo. Parte desses momentos inesquecíveis pode ser reconstruída a partir da narrativa das sucessivas vezes que o nosso patrono maior Edgar Morin esteve em Natal, em visita à UFRN, e pode conviver um pouco mais de perto com os pesquisadores, orientandos e bolsistas do GRECOM. 224 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 21 – Banner Edgar Morin em Natal Fonte: Acervo do GRECOM Ao todo, foram cinco o número de vezes que Edgar Morin pode testemunhar o que o GRECOM ou a “capital da complexidade no Brasil”, como ele afirma em vários de seus discursos, tem contribuído para as discussões acerca das ciências da complexidade. A primeira dessas vezes ocorreu no ano de 1998, quando Morin proferiu a palestra Amor, poesia e sabedoria, no auditório da Escola de Música da UFRN. Durante sua fala, ele destaca a poesia 225 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE como uma qualidade da vida e que o amor e a sabedoria residem, ambos, na compreensão de si e do outro. Finalizando essa magnífica conferência, Morin nos faz lembrar que o “amor, poesia e sabedoria devem viver em conjunto” (MORIN, 2012, p. 21). Na segunda visita ao nosso estado, a cidade do sol estava completando 400 anos de fundação. Naquela ocasião, o pensador planetário proferiu a palestra A cidade e o século XXI, na reitoria da UFRN. Durante essa mesma visita, a nossa querida universidade concede a Edgar Morin o título de Doutor Honoris Causa e, na cerimônia oficial, o filósofo francês profere a conferência A reforma do conhecimento. Na ocasião, foi lançado o livro de sua autoria Complexidade e Transdisciplinaridade: a reforma da universidade e do ensino fundamental, publicado pela EDUFRN (1999). A terceira vez de Morin no GRECOM foi por ocasião da comemoração da primeira década de existência do grupo. Nessa visita, Edgar tem uma agenda extensa que consiste em: ministrar a Conferência Magna no Fórum para o Estudo do Homem e da Vida; participar do lançamento do livro Ciclos e Metamorfoses uma experiência de reforma universitária, publicado pela Editora Sulina (2003), e, por fim, participar da inauguração da escultura Casa Mãe-Terra no Parque das Dunas (Natal). Na quarta vez, sete anos depois, ficou consagrada na história do GRECOM como a primeira vez que um grupo de pesquisa conseguiu reunir mais de oito mil pessoas na Praça Cívica da UFRN para participar de uma atividade acadêmica. Por ocasião dessa visita, Edgar Morin proferiu a conferência O Destino da humanidade; concedeu entrevistas; participou do programa Xeque Mate da TV Universitária, e presidiu a Segunda Reunião da Cátedra 226 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Itinerante UNESCO para o Pensamento Complexo – CIUEM, que tem no GRECOM/UFRN o primeiro ponto brasileiro. A última vez em que Morin esteve em Natal foi no ano de 2012, por ocasião do vigésimo aniversário do GRECOM. Durante o Colóquio Internacional Tributo a um Pensamento do Sul, ele proferiu a conferência de abertura do evento, intitulada O Pensamento do Sul e a consciência mundial. Em sua fala, Edgar ressalta o pioneirismo das ações desenvolvidas pelo grupo e reafirma que a capital da complexidade no Brasil é o GRECOM! A outra parte pode ser contada a partir de cada banner, folder, cartaz de divulgação confeccionados pelos pesquisadores, pós-graduandos e bolsistas do grupo para divulgar as ações por eles empreendidas. Entretanto, para expor detalhadamente cada evento organizado, a concepção, equipe, convidados e participantes precisaria de um espaço que este texto de natureza acadêmica não comporta. Desse modo, elenco, sinteticamente, um recorte dos principais eventos produzidos pelo GRECOM: Eventos CELEBRAÇÃO DOS 20 ANOS DO GRECOM Para manter a característica de um grupo de pesquisa que se afina com as ciências da complexidade, a celebração dos 20 anos do GRECOM incluiu, no cardápio, eventos e lançamentos de algumas publicações. Os eventos contaram com o apoio da Cátedra Itinerante UNESCO Edgar Morin para o Pensamento Complexo – CIUEM, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a parceria de outras instituições acadêmicas e não acadêmicas do Brasil. 227 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Uma síntese dos propósitos e princípios norteadores dos três eventos, bem como o formato e a dinâmica de cada um deles são descritos a seguir: COLÓQUIO BRASILEIRO 100 ANOS DE ALAN TURING Período: 21 e 22 de junho de 2012 Local: Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Campus Universitário de Lagoa Nova – Natal. Auditório do Centro de Educação. Público-alvo: pesquisadores, professores e estudantes de graduação e pós-graduação em Matemática, Física, Ciências da computação, Engenharia da computação, Filosofia, História das Ciências, História da Matemática, Educação Matemática, Design, Ciências Sociais, Pedagogia, Educação; professores da Educação Básica e do Ensino Médio da rede pública e privada de ensino e interessados em geral. O colóquio foi realizado no Centro de Educação da UFRN e no Núcleo de Pesquisa do Centro de Ciências Sociais Aplicadas I (NEPSA I/UFRN). Na mesa de abertura estavam presentes Ângela Maria Paiva Cruz (reitora da UFRN), Márcia Maria Gurgel Ribeiro (diretora do Centro de Educação), o professor Herculano Ricardo Campos (diretor do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes), o professor Iran Abreu Mendes (coordenador do colóquio) e Conceição Almeida (coordenadora do GRECOM). 228 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 22 – Cartaz do Colóquio Brasileiro Alan Turing – 100 anos Fonte: Acervo do GRECOM 229 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 23 – Mesa de abertura do Colóquio Brasileiro Alan Turing – 100 anos Fonte: Acervo do GRECOM A programação contemplou conferências, mesa redonda, apresentação teatral e exposição fílmica. A primeira conferência, Alan Turing: Rigor e Rebeldia, foi proferida por Ubiratan D’Ambrósio (UNIBAN/SP). A segunda, Alan Turing: sexo e repressão na sociedade domesticada, foi proferida por Edgard de Assis Carvalho (PUC/São Paulo). A mesa redonda intitulada Desdobramentos e Horizontes pós Alan Turing, contou com a participação da profª. dra. Maria da Conceição Xavier de Almeida (coordenadora) - GRECOM/UFRN; profª. dra. Izabel Cristina Petraglia – UNINOVE/SP; e da profª. dra. Ângela Maria Paiva Cruz – UFRN (reitora da UFRN). 230 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 24 – Conferência de Edgard Carvalho realizada no Colóquio Brasileiro Alan Turing – 100 anos Por fim, ocorreu a exibição do filme e a apresentação do espetáculo Quebrando códigos, estreado pelo ator Carlos Palma. O roteiro apresentado pelo ator contemplou um recorte do espetáculo que centrou-se nos dilemas enfrentados por Turing em virtude de sua sexualidade e nos momentos finais de vida. Figura 25 – Espetáculo Quebrando Códigos encenado no Colóquio Brasileiro Alan Turing – 100 anos 231 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE TRIBUTO A UM PENSAMENTO DO SUL – 20 ANOS DO GRECOM Período: 31 de outubro a 01 de novembro de 2012 Local: Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN; Campus Universitário de Lagoa Nova – Natal; Auditório da Escola de Música Público-alvo: pesquisadores, professores e estudantes de graduação e pós-graduação em Geografia, Ciências Sociais e Educação; professores da Educação Básica e do Ensino Médio da rede pública e privada de ensino e interessados em geral. Propósitos: • Promover o desdobramento, em âmbito acadêmico, e no espaço da UFRN, do Encontro Internacional Para um Pensamento do Sul, concebido por Edgar Morin em parceria com o SESC – Rio de Janeiro, em março de 2011. • Celebrar os 20 anos do Grupo de Estudos da Complexidade – GRECOM/ UFRN como um espaço acadêmico e extra-acadêmico que exemplifica uma emergência de um Pensamento do Sul. • Dar visibilidade e discutir o documento “Convocação para um pensamento do Sul”, de Edgar Morin. Figura 26 – Mesa de abertura do Colóquio Internacional Tributo a um Pensamento do Sul – 20 anos do GRECOM : 232 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 27 – Banner de divulgação Colóquio Internacional Tributo a um Pensamento do Sul – 20 anos do GRECOM Fonte: Acervo do GRECOM Figura 28 – Capa do folheto comemorativo publicado em alusão aos 20 anos do GRECOM 233 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Durante o tributo, foi lançado um folheto em comemoração aos 20 anos de trajetória do GRECOM. Essa publicação teve como propósito compartilhar fragmentos da experiência do grupo, com a idealização de nutrir outros espaços no Brasil e no mundo, para que possam insuflar a instituição universitária em sua missão maior de repensar a educação pela ótica da religação de saberes e facilitar uma política de civilização e de humanidade, como sugere Edgar Morin. Essa publicação é composta por três partes, intituladas Fragmentos de uma história, Programação dos 20 anos e Projeção de futuro. No documento, além de narrar a história do grupo, estão dispostas a programação do evento e elencados os projetos previstos para o futuro. Dentre esses projetos, encontram-se previstas 26 novas publicações, dentre as quais 14 já se concretizaram. 234 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 29 – Cartaz de divulgação da Conferência A comunicação é mais em baixo Fonte: Acervo do GRECOM 235 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE CONFERÊNCIA: A COMUNICAÇÃO É MAIS EMBAIXO! SOBRE ABISMOS E IMAGENS ABISSAIS, proferida por Norval Baitello Júnior. Data: 13 de março de 2012 Local: Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Auditório C, Centro de Ciências Humanas Letras e Artes (CCHLA). Público-alvo: Pesquisadores do Grecom e pós-graduandos dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Sociais e em Estudos da Mídia e comunidade acadêmica em geral. CONFERÊNCIA O DESTINO DA HUMANIDADE Data: 17 de setembro de 2010 Local: Praça Cívica do Campus da UFRN Público-alvo: Docentes, discentes e servidores da UFRN e de outras universidades da cidade de Natal, professores da rede pública municipal e estadual de ensino do estado do Rio Grande do Norte, artistas, poetas, jornalistas da mídia impressa e televisiva e público em geral. A conferência O destino da humanidade, proferida por Edgar Morin na praça cívica da UFRN, contou com a presença de oito mil pessoas, segundo a notícia da CNN via internet. 236 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 30 – Outdoor de divulgação da Conferência O destino da humanidade Fonte: Acervo do GRECOM A parceria com a Secretaria Estadual de Educação, na gestão do Dr. Otávio Tavares, é certamente responsável pela participação dos professores da rede pública de ensino de todo o estado do Rio Grande do Norte. Além desse público, a presença importante de alunos e professores de diversas universidades de Natal e de outros estados da região Nordeste. Editado pela TV Universitária, o DVD da conferência tem sido veiculado com ampla audiência. Figura 31 – Sabah Abouessalam (a esquerda), Edgar Morin (no centro) e Conceição Almeida (a direita) na Conferência O destino da humanidade Fonte: Acervo do GRECOM 237 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Certamente, esse megaevento figura, e figurará na história do GRECOM, como aquele mais significativo por demonstrar de forma pública e explícita a contribuição do grupo e das ciências complexidade para repensar a educação. Figura 32 – Autoridades presentes à Conferência O destino da humanidade Fonte: Acervo do GRECOM O evento ganhou proporções que surpreenderam até os organizadores. Reunir em um único evento, de cunho científico e educacional, em um local aberto, de forma pública e gratuita, reitores, vice-reitores, chefes de centros e departamentos, imprensa, docentes, discentes, professores da rede pública de ensino, alunos de diversos níveis educacionais, se constitui num acontecimento digno de ser lembrado. 238 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 33 – Público presente à conferência O destino da humanidadede Fonte: Acervo do GRECOM Figura 34 – Edgar Morin durante a conferência O destino da humanidade Fonte: Acervo do GRECOM 239 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 35 – Cerimônia de abertura da Reunião da Cátedra Itinerante Unesco Edgar Morin (CIEUM) Fonte: Acervo do GRECOM ENCONTRO A PROPÓSITO DO DÉCIMO ANIVERSÁRIO DE CRIAÇÃO DA CÁTEDRA ITINERANTE UNESCO EDGAR MORIN (CIUEM). Data: 18 de setembro de 2010. Local: Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA/UFRN) Público-alvo: pesquisadores do GRECOM, docentes e discentes dos Programas de Pós-graduação em Educação e em Ciências Sociais e membros de grupos que mantém parceria com o GRECOM. Dessa vez, a reunião teve como metas a renovação e a recriação dos objetivos da Cátedra. Com a presença de Edgar Morin e de representantes de grupos de pesquisa congêneres, estiveram presentes à reunião diretores de Centros Acadêmicos, 240 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE chefes de Departamento, representantes de grupos de pesquisa da UFRN; pesquisadores e estudantes de pós-graduação ligados ao GRECOM, além de representantes de grupos com os quais o GRECOM mantém contato estreito e permanente. Figura 36 – Mesa de abertura da Reunião da Cátedra Itinerante Unesco Edgar Morin (CIEUM) Fonte: Acervo do GRECOM II CICLO INTERNACIONAL RESILIÊNCIA E CULTURA Período: 28 e 29 de agosto 2009 Local: Auditório do NEPSA Público-alvo: Pesquisadores do GRECOM, alunos da Pós-graduação em Ciências Sociais e Educação da UFRN e comunidade acadêmica em geral. 241 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 37 – Cartaz de divulgação do II Ciclo Internacional Resiliência e Cultura Fonte: Acervo do GRECOM 242 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE “Nossa história não é nosso destino”. Com essa frase, Boris Cyrulnik, neuropsiquiatra e etólogo francês, abre um campo de debates sobre o processo de resiliência, que se refere às estratégias das quais se pode lançar mão para que as marcas de experiências adversas na vida de pessoas ou grupos não sentenciem um futuro irremediavelmente traumatizado e infeliz. Figura 38 – Boris Cyrulnik durante o II Ciclo Internacional Resiliência e Cultura Fonte: Acervo do GRECOM A organização contou com a parceria do Núcleo Psicanalítico de Natal e foi uma extensão do evento sob o mesmo nome, coordenado pela psicanalista Sandra Baroni, no Rio de Janeiro. Durante dois dias, foram promovidas duas atividades: uma acadêmica, na UFRN, e outra no Parque das Dunas, com a participação de grupos da sociedade civil que atuam nas interfaces que se referem à juventude em situação de risco e à saúde. 243 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE EVOLUCIONISMO E POLÍTICA DE CIVILIZAÇÃO Data: 24 de novembro de 2009 Local: Auditório do NEPSA I (CCSA/UFRN) Público-alvo: Pesquisadores do GRECOM, alunos da Pós-graduação em Ciências Sociais e Educação da UFRN e alunos do IFRN. Figura 39 – Cartaz de divulgação do evento Evolucionismo e Política de Civilização Fonte: Acervo do GRECOM Em comemoração aos 200 anos de nascimento de Charles Darwin, com Edgard de Assis Carvalho, em 24 de novembro 2009. Parceria com os Programas de Pós-Graduação em Ciências Sociais e em Educação da UFRN e o Grupo de Estudos da Transdisciplinaridade e da Complexidade do IFRN – GETC. 244 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE CICLO DE CONFERÊNCIAS: DESAFIOS DO CONHECIMENTO, ENIGMAS DO SUJEITO Este ciclo desenvolveu-se em dois períodos e localizações diferentes, com a participação do médico e biólogo Henri Atlan. Período: 21 e 22 de dezembro de 2009 Local: Auditório da Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM), UFRN. Público-alvo: Pesquisadores do GRECOM, alunos da Pós-graduação em Ciências Sociais e Educação da UFRN e comunidade acadêmica em geral. Período: 29 e 30 de dezembro de 2009 Local: Universidade Federal do Pará (UFPA) Público-alvo: alunos do Programa de Pós-Graduação em Ciências e Matemáticas e Núcleo de Meio Ambiente – NUMA e comunidade acadêmica. Parceiros: Núcleo Psicanalítico de Natal, Projeto Diálogos Criativos, Departamento de Saúde Coletiva (UFRN), Pró-Reitoria de Extensão (UFRN), Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRN), Programa de Pós-graduação em Educação e Grupo de Transdisciplinaridade e Complexidade (GETEC/IFRN) 245 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 40 – Cartaz de divulgação do Ciclo de conferências: Desafios do conhecimento, enigmas do sujeito Fonte: Acervo do GRECOM Henri Atlan é médico, biólogo e professor emérito da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, em Paris, e da Universidade de Hadassah em Jerusalém. Foi membro do Comitê Consultivo Nacional de Ética das Ciências da Vida e da Saúde da França de 1983 a 2000. É um dos teóricos pioneiros das teorias da complexidade e da auto-organização do ser vivo. É reconhecido mundialmente pela teoria da auto-organização e do princípio do acaso organizador, também conhecido pelo nome de “ordem pelo ruído”. 246 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 41 – Henri Atlan proferindo a palestraMito e Ciência Fonte: Acervo do GRECOM Na edição realizada na UFRN, o evento promoveu três palestras com temas distintos, uma delas constituiu-se como abertura à comemoração dos 30 anos da Pós-Graduação em Ciências Sociais. A duas primeiras foram realizadas no auditório da BCZM, no dia 21 de dezembro, e tinham com títulos Mito e Ciência e A Sobre-determinação dos modelospelo observador: uma propriedade dos sistemas complexos. A última palestra foi realizada no dia 22 de dezembro, no auditório da Livraria Siciliano, sob o título de O útero artificial. 247 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE NARRADORES DO SENSÍVEL – MERLEAU PONTY & LÉVI- STRAUSS – 100 ANOS Período: 13 e 14 de março de 2008. Local: Auditório da BCZM (UFRN) Público alvo: Pesquisadores do GRECOM e alunos dos Programas de Pós-Graduação em Educação e Ciências Sociais da UFRN. Figura 42 – Folder do evento Narradores do Sensível MerleauPonty e Claude Lévi-Strauss Fonte: Acervo do GRECOM 248 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 43 – Programação do evento Narradores do Sensível MerleauPonty e Claude Lévi-Strauss Fonte: Acervo do GRECOM Evento em homenagem ao centenário de nascimento de Maurice Merleau Ponty (1908-1961) e Claude Lévi-Strauss (1908). Apresentou na programação conferências e mesas redondas com o propósito de refletir sobre a contribuição desses dois pensadores para o que se convencionou chamar de um conhecimento do sensível, que transita na interface com a filosofia, as ciências, a cultura, a educação, a arte e a antropologia. COMPLEXIDADE E REFORMA DA UNIVERSIDADE – 10 ANOS DO GRECOM Período: 7 e 8 de outubro de 2003. Local: Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA/UFRN) e Parque das Dunas (Natal/RN) Público-alvo: Pesquisadores do GRECOM. 249 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Com a presença de Edgar Morin, esse evento se compôs de diversas atividades: o Simposyum “Experiência de Grupos de Complexidade no Brasil”, com a participação de 20 grupos de pesquisa de oito estados brasileiros; o “Fórum para o Estudo do Homem e da Vida”, conferência de Edgar Morin; “Uma Ecologia dos Saberes” durante a inauguração da Casa Mãe-Terra no Parque das Dunas, em Natal, reserva urbana da Mata Atlântica. Figura 44 – Cartaz de divulgação do evento Complexidade e Reforma da Universidade – 10 anos do GRECOM Fonte: Acervo do GRECOM 250 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE O acontecimento foi idealizado com o propósito de comemorar os dez anos de uma experiência acadêmica mais aberta e pautada pelos horizontes da transdisciplinaridade, da reforma do pensamento e da religação entre cultura científica, cultura humanística e os saberes da tradição. Certamente, vivenciar e compartilhar experiências dessa natureza contribuem na consolidação do diálogo nas fronteiras da ciência, dos quais poderão emergir formas mais ampliadas de uma ecologia das ideias, uma atitude intelectual mais ética/estética e um diálogo mais respeitoso entre a ciência e outras configurações de saberes sobre o homem e a sociedade. SYMPOSIUM PÃO E CIRCO A ideia da realização do Symposium foi concebida por Vera Lúcia Xavier, e coordenado em parceria com Eugênio Soares e pelos pesquisadores do GRECOM. A elaboração do evento era árdua, pois requeria dos organizadores dias de dedicação à pesquisa, reuniões para planejamento e elaboração de um roteiro que apresentasse na programação um cardápio que nutrisse corpo e mente. Tratava-se de um Encontro GastroEtílicoLiteroMusical que acontecia no Restaurante Livre Arbítrio e tinha por objetivo discutir e experimentar a condição humana por meio das ideias de Platão, AntoninArtaud, Frida Kahlo, Fernando Pessoa, Octavio Paz, entre outros. (ALMEIDA; KNOBBE, 2003, p. 58) 251 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Da literatura, eram escolhidos trechos da obra do autor escolhido para serem lidos ou expostos. As obras expostas corroboravam os argumentos defendidos e também eram contempladas dentro da contextualização do tema, não apenas como objetos figurativos. A culinária acompanhava a arte e a literatura, sendo oferecidos alimentos que condiziam com a proposta do tema e evento. Figura 45 – Cartaz de divulgação do Symposium O Banquete de Platão Fonte: Acervo do GRECOM 252 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE O primeiro encontro realizado intitulava-se O Banquete de Platão, aconteceu no dia 26 de maio de 2000 e tinha como tema O amor. O cardápio sugeria vinhos e os deliciosos pães naturais, para alimentar os corpos. O sustento da alma era regado à música, filosofia, poesia, performances e amizade. A programação contou com atividades diversificadas, como a encenação do mito de Pandora; a exposição de personagens evocados por Platão, e a exposição da arte viva e em movimento de um homem nu, inteiramente pintado de branco, que brincava suavemente com um longo fio de lã vermelha. No dia seguinte ao evento, nos corredores da universidade, poucos lembravam- se de Platão, mas todos queriam saber quem era o homem nu que circulava entre os convidados do banquete (ALMEIDA; KNOBBE, 2003). O segundo Simposyum Pão e Circo, Sob olhar de Frida Kahlo, “superou o primeiro, pelo menos em exuberância, glamour e dramaticidade. Cores fortes do México, comidas mexicanas, muita tequila” (ALMEIDA; KNOBBE, 2003, p. 60). O destaque da noite ficou por conta do artista Pedro Pereira. No centro do restaurante estava disposta uma foto do rosto de Frida Khalo. Em certo momento, e sob a luz de holofotes, o artista concebe uma pintura igualmente à original em beleza e exuberância. 253 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 46 – Cartaz de divulgação do Symposium Sob o olhar de Frida Kahlo Fonte: Acervo do GRECOM 254 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Mal dava para enxergar que ele havia, em grafite, desenhado toda a tela antes. Com traços fortes e mãos firmes, o artista de Natal incorporava a amante de Trotski, a mulher de Diego Rivera, a militante mais sedutora do Partido Comunista mexicano. (ALMEIDA; KNOBBE, 2003, p. 60) A programação contou ainda com: exposição da cronologia da vida de Frida; um discurso proferido pelo poeta e artista Jota Medeiros em saudação a Diego Rivera, o surrealismo e a arte engajada; leitura de trechos do diário, cartas, e fragmentos da obra de Frida Kahlo, e a disposição de um diário completamente em branco a ser escrito pelos convidados do banquete, em textos ou figuras desenhadas com lápis colorido. Ações de Extensão As atividades, projetos e eventos, características da ação extensionista universitária são uma constante na história do GRECOM desde o seu surgimento. Recorrendo aos documentos do acervo do grupo, encontramos registros das diversas atividades de extensão desenvolvidas em parceria com as Pró-Reitorias de Extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (Campus Ipanguaçu). Para além das instâncias acadêmicas, o grupo também estabeleceu laços de parcerias extensionistas com prefeituras municipais e secretarias municipais de educação dos municípios de Assu/RN e Ipanguaçu/RN; mídia impressa local, como o Jornal Tribuna do Norte, Blog TV do Bem (Ipanguaçu); com o 255 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE líder comunitário e pescador Francisco Lucas da Silva (Lagoa do Piató), e órgãos governamentais, como o IDEMA/RN. O alcance extensionista e a ampliação dos espaços de veiculação do pensamento complexo podem bem caracterizar a permanente metamorfose do GRECOM que, consta no estatuto formal e acadêmico, é apenas uma base de pesquisa universitária. As atividades de extensão já consolidadas celebram e concretizam os elos entre a sociedade maior. As principais atividades de extensão desenvolvidas são: Polifônicas Ideias O Projeto de extensão Polifônicas Ideias surgiu de uma experiência acadêmica de mesmo nome, empreendida por Edgard de Assis Carvalho, realizada na PUC-São Paulo e na UFRN-Natal no ano de 1996. Idealizado e coordenado pelos membros do GRECOM, vinculado à Pró-Reitoria de Extensão da UFRN, durante a gestão do professor doutor José Willington Germano, e veiculado pelo Jornal Tribuna do Norte, essa ação fazia parte das atividades da Cátedra Itinerante Edgar Morin para o Pensamento Complexo da UNESCO e almejava ser “lugar de respiração do conhecimento científico, uma extensão de emergências cognitivas, poéticas e estéticas” (ALMEIDA; KNOBBE; ALMEIDA, 2003, p. 26). A ação de extensão foi realizada no período de junho de 2000 a junho de 2003, por meio da publicação semanal de artigos na Coluna Viver, do jornal Tribuna do Norte, e contava com a participação, a convite, de autores de várias nacionalidades, de diversos lugares do Brasil e de pesquisadores do GRECOM. Os autores tinham total liberdade para decidir sobre as temáticas, as 256 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE abordagens e o estilo textual de escrita, sendo resguardado apenas o número de caracteres para a publicação no periódico local. Os artigos, em diapasões diferentes, problematizam a ética da vida e do conhecimento. O resultado dessa abertura e autonomia intelectual é um acervo total de 142 artigos escritos sob o signo do diálogo entre ciência, arte e literatura. A representatividade autoral exotérica permitiu amplitude local e global, nos territórios físicos e noológicos, e “provocaram na cidade de Natal, em alguns estados brasileiros e em vários países, um efeito multiplicador de uma ciência nova” (ALMEIDA; KNOBBE; ALMEIDA, 2003, p. 27). A diversidade e multiplicidade dos autores e temas davam àquela coluna jornalística um caráter de criatividade e ineditismo. De forma ampla, e a partir da leitura dos títulos dos artigos, pode- se encontrar textos que abordam os seguintes temas: Ciência, Semiótica, Literatura, Corpo, Educação, Escolas, Ensino Médio, Metáforas, Geografia, Cidades, Cultura, Reutilização do Lixo, Bioética, Comunicação, Multimídia, Relação entre Natureza e Cultura, Filosofia, Modernidade, Psicanálise, Matemática, Ressonância Mórfica, Física, Arquitetura e Urbanismo, Ontologia, Antropologia, Informação, Conhecimento, Escrita, Competências, Gestão, Teoria do Caos, Mito, Devoção, Poesia, Ética, Vida, Devaneios, Perdão, Medo, Saberes da Tradição, Complexidade, Metamorfose e Espiritualidade. O conteúdo dos textos publicados não apresentava destinatário a priori. Talvez o desejo de quem escreveu os artigos, e certamente da equipe coordenadora do projeto, era que fossem lidos tanto pelos leitores assíduos da mídia jornalística impressa 257 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE quanto pelos leitores desavisados que esporadicamente se dedicavam a folhear as edições especiais de final de semana da mídia impressa local. A coluna almejava ultrapassar as edificações físicas e sólidas da estrutura acadêmica, tanto quanto romper com os muros dos castelos da certeza, da impessoalidade e da racionalização excessiva dos acadêmicos. De perspectiva oposta e complementar, o desejo dos coordenadores era que esses textos criassem asas cognitivas e fossem ao encontro dos indivíduos dispostos a abraçar os ideários de uma reforma da educação e da universidade. Fora de qualquer controle, avaliação ou acompanhamento, uma rede de leitores com identidades diversas se apropriara dos artigos para usos diversos. Os artigos chegavam às salas de aula do ensino médio em Natal pelas mãos de professores da rede pública. A mesma coisa aconteceu em algumas universidades e também fora do Brasil – visto que os artigos eram veiculados também pela internet a partir do segundo ano. (ALMEIDA; KNOBBE; ALMEIDA, 2003, p. 27) Sempre com o horizonte de ultrapassar os muros da academia, os artigos publicados apresentavam uma escrita que se despia da rigidez constituinte da linguagem cifrada da ciência, mas mantinha a preocupação em manter o rigor e a leveza que devem ser nutridos ao se conceber enunciações que tratam dos fenômenos da vida e do mundo. Os textos apresentavam uma estrutura de escrita capaz de, sem generalizações ou simplificações, operar com a clareza do dizer e alcançar a condição essencial para a ciência que é a de se 258 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE fazer entender e democratizar o fluxo das novas compreensões do mundo pelo conhecimento científico. Ao abandonar os formatos de publicação tradicionais, como livros ou artigos de periódicos científicos, e abraçar uma mídia que é anterior às tecnologias em rede, mais democrática e acessível, o projeto contribuiu para promover, socializar e tornar coletivo um conhecimento que, por natureza, só é facultado aos membros da comunidade científica. O elenco de cientistas, professores universitários, filósofos, artistas, todos autores com direito ao mesmo espaço e liberdade de expressão, sinaliza uma iniciativa que busca reduzir a eficácia simbólica do reinado do discurso de autoridade, tão característico da ciência moderna, essa ferramenta perversa que faz com que os doutores e experts falem e todos os outros escutem admirados. O projeto também contribuiu para nos fazer reconhecer que habitamos um tempo em que a ciência e a universidade não são mais os oráculos do saber, não são as únicas instituições reconhecidas de realização de pesquisas e produção de conhecimento. Ao demonstrar, por meio dos artigos publicados, que, além da ciência, outros discursos falam sobre os problemas fundamentais da condição humana, as ideias polifônicas nos convidam a reatar laços cognitivos com a Filosofia, com a Arte e com a Espiritualidade. 259 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 47 – Conceição Almeida no estande da CIENTEC (2002) Fonte: Acervo do GRECOM A atitude de buscar injetar mais poesia, mais estética e mais imagens no mundo das palavras, na escrita demasiadamente prosaica da ciência, sempre foi uma característica dos projetos e da produção acadêmica e científica do GRECOM. Com esse projeto não foi diferente, e é justamente essa face mais implicada que possibilitou uma adesão mais lata, fazendo com que os textos polifônicos fossem reconhecidos de forma positiva e chegassem às salas de aulas das escolas da cidade de Natal. 260 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 48 – Hemeroteca do Projeto Polifônicas Ideias Fonte: Acervo do GRECOM Ao longo dos três anos em que o GRECOM foi responsável pela manutenção e publicação da coluna, os participantes do grupo criaram um acervo físico com os exemplares dos artigos publicados. A Hemeroteca Polifônicas Ideias: por uma ciência aberta pode se configurar como uma rica fonte de informação e pesquisa e pode ser acessada de forma física por qualquer pesquisador que se interesse em saber mais sobre essa experiência exitosa de abertura e politização do pensamento, da ciência e da universidade. O projeto era levado à frente por duas estratégias distintas e complementares. Além dos textos veiculados pelo jornal, eram realizadas grandes conferências com convidados de expressão nacional e internacional para expor temas relevantes para os domínios da ciência, arte, literatura e comunicação. 261 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE O quadro abaixo lista as 18 conferências realizadas. Quadro 4 – Conferências realizadas durante a execução do Projeto Polifônicas Ideias (1997- 2004) GRANDES CONFERÊNCIAS DO PROJETO POLIFÔNICAS IDEIAS A humanidade no planeta globalizado (1997) Edgard Assis de Carvalho (PUC-SP) Cotidiano Brasileiro (1997) José Simão (Folha de São Paulo – SP) Humano, pouco humano (1997) Norval Baitello Júnior (PUC-SP) -Semiosfera: o crescimento de signos e das mídias (1998) Lúcia Santaella (PUC-SP) Amor, poesia e sabedoria (1998) Edgar Morin (APC Paris) Século XXI – a Era da Delicadeza (1999) Alcione Araújo (TV Globo/RJ) A modernidade Através de James Joyce (1999) Munira Mutran (USP) Arte contemporânea e Centros Marcos Lontra (Museu de Arte Moderna Históricos (2000) de Recife – PE) Mirian Chnaiderman (PUC-SP) O erotismo no cinema, na literatura e na mídia (2000) Francisco Ivan (UFRN) Vicente Cerejo (UFRN) Globalização e humanismo (2000) Emir Sader (USP – SP) Infernos da diferença (2000) Edgard Assis de Carvalho (PUC-SP) Estratégias de visibilidade: desnudar ou resistir (2000) Salma Tannus Muchail (PUC-SP) Educação e projeção de futuros (2001) Teresa Vergani (Universidade Aberta de Lisboa) Viver e conhecer (2001) Henri Atlan A poesia como encantaria da João de Jesus Paes Loureiro (Instituto de linguagem (2002) Artes do Pará) Tecnologias do imaginário (2002) Juremir Machado (PUC-RS) Valores desagregadores da cultura (2002) Lia Diskin (Associação Palas Athena, SP) Emoção e Conhecimento (2004) Teresa Vergani (Universidade Aberta de Lisboa) Daniel Munduruku (Instituto Indígena Saber Indígena (2004) Brasileiro da propriedade Intelectual – IBRAPI) Fonte: Folders e cartazes do GRECOM 262 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE A seguir, listo todos os títulos, autores e datas de publicação dos exemplares que compõem o acervo da hemeroteca disponível no GRECOM. Quadro 5 – Listagem dos artigos de jornal publicados na Coluna Viver (Tribuna do Norte) durante a execução do projeto Polifônicas Ideias (2000-2003) Nº AUTOR TÍTULO FECHA DE LA PUBLICACIÓN 01 MARIA DA CONCEIÇÃO DE AS ARTES DE UMA NOVA ALMEIDA CIÊNCIA 17 JUN 2000 02 NORVAL BAITELLO JÚNIOR AS IMAGENS QUE NOS DEVORAM 24 JUN 2000 03 DIETMAR KAMPER O CORPO VIVO, O CORPO MORTO 08 JUL 2000 04 MARGARIDA MARIA O ANTROPÓLOGO, O KNOBBE POETA E O PINTOR 10 JUL 2000 05 JOSIMEY COSTA HÁ MUITAS CIDADES DENTRO DE NATAL 15 JUL 2000 06 RUBEN BAUER GESTÃO PELA TEORIA DO CAOS? 22 JUL 2000 07 VERA LÚCIA XAVIER PINTO HOMENS DE QUÊ? 29 JUL 2000 COMPETÊCIAS E 08 LUIS CARLOS DE MENEZES CONHECIMENTO NO 05 AGO 2000 ENSINO MÉDIO 09 EDGARD DE ASSIS EDUCAÇÃO PARA O CARVALHO SÉCULO XXI 12 AGO 2000 10 MALENA SEGURA O HOMEM, ESSE CONTRERA NECESSITADO 20 AGO 2000 11 GUSTAVO DE CASTRO E SÁBATO: O ANVERSO E O SILVA REVERSO 02 SET 2000 12 MARIA MARTA G. HUSSEINI É POSSÍVEL UMA BIOÉTICA HUMANISTA? 09 SET 2000 FALHAS NO 13 CÍCERO GALLI COIMBRA DIAGNÓSTICO DA 16 SET 2000 MORTE ENCEFÁLICA 263 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE 14 ALEXSANDRO GALENO A É PRECISO IMAGINAR DANTAS SÍSIFO FELIZ 23 SET 2000 15 RAÚL DOMINGO MOTTA ENTRE A METÁFORA E O SILÊNCIO 14 OUT 2000 COMUNICAÇÃO 16 LOIS MARTIN GARDA ANALÓGICA, MULTIMÍDIA E 21 OUT 2000 EDUCAÇÃO 17 BASARAB NICOLESCU MORTE E RESSUREIÇÃO DA NATUREZA 28 OUT 2000 18 MARCELO BOLSHAW HIPERTEXTO: O SISTEMA GOMES COMPLEXO COMO 04 NOV 2000TEXTO A SILENCIOSA 19 JEOVÁ SANTANA REVOLUÇÃO DA 11 NOV 2000 LEITURA AS COMÉDIAS DE 20 CINARA NAHRA SHAKESPEARE E A 18 NOV 2000 FILOSOFIA 21 MARIA MARGARIDA C. LIMENA A CONDIÇÃO URBANA 25 NOV 2000 22 TÂNIA ELIAS MAGNO DA A MODERNIDADE DO SILVA LIXO 09 DEZ 2000 23 PATRICIA SOUTO MAYOR SOMMER O MAIS NÃO “APOLO”... 16 DEZ 2000 24 LÚCIA HELENA RANGEL EM COROA VERMELHA, O UNO E O MÚLTIPLO 23 DEZ 2000 25 FRANCISCO IVAN UM DISCURSO BARROCO 30 DEZ 2000 PERDOAR É RESISTIR 26 EDGAR MORIN À CRUELDADE DO 06 JAN 2001 MUNDO 27 JOSÉ WILLINGTON O MERCADO COMO GERMANO MODELO PARA A 13 JAN 2001EDUCAÇÃO 28 PAULA DE VASCONCELOS UMA PARABÓLICA NA LIRA LAMA 20 JAN 2001 A ARTE, PRINCÍPIO 29 DALCY DA SILVA CRUZ ORGANIZADOR DO 27 JAN 2001 MUNDO 264 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE ANA LAUDELINA FERREIRA DO PERFUME DE JASMIM 30 GOMES AO JARDIM. AUTA DE 10 FEV 2001SOUZA VIVE 31 CARLOS FREIRE EM TUDO E EM TODO LUGAR 17 FEV 2001 ADRIENE RODRIGUES; GILBERTO ASSUNÇÃO; JEAN 32 B. OLIVEIRA; JÚLIO CESAR FRAGMENTOS SOBRE A R. DE SOUZA; ZORAIDE S. IMAGINAÇÃO POÉTICA 03 MAR 2001 PESSOA E ANDERSON DE SOUZA CAMPOS 33 IVES BONNEFOY POESIA TAMBÉM SE ENSINA NA ESCOLA 10 MAR 2001 NARCISISMO DE 34 TEREZINHA MENDONÇA VIDA OU DE MORTE: AMOR PRÓPRIO OU 24 MAR 2001 IMPRÓPRIO? SONIA MEIRE SNATOS O SENTIMENTO DE 35 AZEVEDO DE JESUS PERTENÇA NA NOVA 07 ABR 2001ORDEM SOCIAL 36 MÁRIO DANTAS NOVOS DESAFIOS AMBIENTAIS 21 ABR 2001 ERA UMA VEZ... 37 CARLOS ALDEMIR DA SILVA MITOS E HISTÓRIAS DA TRADIÇÃO NA 28 ABR 2001 EDUCAÇÃO 38 SALMA TANNUS MUCHAIL HÁ VERDADE(S)? 05 MAIO 2001 39 IRAN ABREU MENDES MATEMÁTICA: CIÊNCIA, ARTE E JOGO 12 MAIO 2001 40 TERESA VERGANI E SE UM COMETA FOSSE À ESCOLA? 19 MAIO 2001 41 TEREZINHA PETRUCIA DA CORPO, ESTÉTICA E NÓBREGA CONHECIMENTO 26 MAIO 2001 42 HERBANS LAL ARORA O LENTO É BELO 02 JUN 2001 43 MARDONE CAVALCANTE DEMOCRACIA DA FRANÇA DESIGUALDADE 09 JUN 2001 44 MARIA LÚCIA RODRIGUES OS BONS MEDOS 16 JUN 2001 45 MARTA GENÚ SOARES SENTIDOS DA TRANS-ARAGÃO CENDÊNCIA 23 JUN 2001 46 MARIA APARECIDA LOPES NOGUEIRA NASCEDOURO 30 JUN 2001 265 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE 47 FERNANDO ANTONIO COLARES PALÁCIOS SEMEADOR DE LIVROS 14 JUL 2001 48 NIVALDETE FERREIRA OS ARES DA ARTE NA CASA DA CIÊNCIA 21 JUL 2001 49 ANTÔNIO PEDRO TOTA E E TINHORÃO TINHA GILBERTO VASCONCELOS RAZÃO 28 JUL 2001 RITMOS BIOLÓGICOS: 50 JOHN FONTENELE ARAÚJO A COMPLEXIDADE DO 04 AGO 2001 CICLO SONO E VIGÍLIA A MEMÓRIA HUMANA 51 CARMELIA LOPES MARTNS E A IDEIA DOS CAMPOS 11 AGO 2001 MÓRFICOS 52 ANGELA MARIA DE A CULTURA TECIDA ALMEIDA PELA ARTE CONTEMPO- 19 AGO 2001RÂNEA OSCAR FREDERICO UNAMUNO E O 53 BAUCHWITZ SENTIMENTO TRÁGICO 08 SET 2001DA VIDA 54 EUGÊNIA MARIA DANTAS JOSÉ EZELINO E A ESCRITA DA LUZ 22 SET 2001 O LADO SENSÍVEL DA 55 AILTON SIQUEIRA CONCRETUDE DO 29 SET 2001 MUNDO 56 THOMAS A. BAUER DESAFIOS DA INFORMAÇÃO 06 OUT 2001 57 ELZA DUTRA UM OUTRO OLHAR SOBRE A ADOLESCÊNCIA 13 OUT 2001 O MUNDO É NÃO 58 CÉSAR GONZÁLEZ OCHOA LINEAR, INCERTO E 20 OUT 2001 IRREGULAR 59 SILVIA REGINA A ARTE DA GENÔMICA BATISTUZZO DE MEDEIROS NO RIO GRANDE DO 27 OUT 2001NORTE 60 ISABEL CRISTINA R. DE O BARCO NA VIDA DO LUCENA HOMEM, O HOMEM NA 17 NOV 2001VIDA DO BARCO 61 WANI FERNANDES PEREIRA OBJETOS DE DEVOÇAO, OBJETOS DE CULTURA 24 NOV 2001 MATEMÁTICA NO 62 NILSON JOSÉ MACHADO TERCEIRO MILÊNIO: 01 DEZ 2001 REDES E MAPAS 266 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE O MITO DA 63 MAURÍCIO MACEDO IMORTALIDADE: DILEMAS DA RAZÃO 08 DEZ 2001 CIENTÍFICA MODERNA 64 SÉRGIO CARDOSO DE MORAES DE RIOS E HOMENS 15 DEZ 2001 65 MARIA LUÍZA LAVIGNE LAÇOS DE PAIXAO E LAÇOS DE AMOR 19 DEZ 2001 66 JOHN A. FOSSA A CLASSIFICAÇÃO DE SONHOS MACROBIUS 22 DEZ 2001 67 ALDO ALOÍSIO DANTAS DA GEOGRAFIA E SILVA LITERATURA: UM 26 JAN 2002ENTREVISTA 68 MARIA ISABEL DE CASTRO MONTEIRO MARNOTO OS DESORDEIROS 02 FEV 2002 69 MARIA APARECIDA DIAS OUVIDO NA ESCOLA? 09 FEV 2002 70 LISABETE CORADINI MÉMORIAS DO FUTURO 16 FEV 2002 71 VERA ROCHA ARTE, CONHECIMENTO, ENSINO 25 FEV 2002 AINDA PODEMOS 72 JOSÉ FERNÁNDEZ TEJADA FALAR E RECORRER À 01 MAR 2002 METAFÍSICA? 73 ROSALIRA OLIVEIRA O RETORNO DA DEUSA 09 MAR 2002 74 KARENINE DE OLIVEIRA NOS PASSOS DE PORPINO ISADORA DUNCAN 16 MAR 2002 75 HENRI ATLAN VIDA, CONHECIMENTO E ÉTICA 23 MAR 2002 76 MARIA DA CONCEIÇAO CONHECIMENTO XAVIER DE ALMEIDA CIENTÍFICO, DERIVAS E 06 ABR 2002METAMORFOSE 77 JUREMIR MACHADO DA PARA ALÉM DA PUREZA SILVA DO MÉTODO 13 ABR 2002 78 JOSINEIDE SILVEIRA DE OLIVEIRA FILOSOFAR AMANDO 20 ABR 2002 79 MAURÍCIO DE CAMARGO MARROCOS E JENIPABU: TEIXEIRA PANELLA HISTÓRIAS E IDEIAS 27 ABR 2002NÔMADES 80 MÁRCIO PIZARRO NORONHA DESCREVER AINDA? 04 MAIO 2002 267 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE 81 PEDRO FRANCO DE SÁ A BELEZA E O NÚMERO DE OURO 11 MAIO 2002 82 TERESA VERGANI NUNCA O AMOR ME FOI REDONDO 18 MAIO 2002 83 JOÃO DE JESUS PAES LOUREIRO OLHAR ONTOLÓGICO 25 MAIO 2002 84 JOÃO FELIPE DA TRINDADE DE QUE ESCOLA ESTAMOS FALANDO? 01 JUN 2002 85 MIRIAM SUZETE DE DA UTILIDADE DO OLIVEIRA ROSA CLONE 08 JUN 2002 86 ADAILSON TAVARES DE MACEDO ABC DOS SERTÕES 15 JUN 2002 87 RAIMUNDO NONATO ASSUNÇÃO VIEIRA CORPOS BRINCANTES 22 JUN 2002 88 MARIA LUÍZA LAVIGNE CAMINHANDO PELA ESCURIDÃO 06 JUL 2002 89 JORGE ROBERTO C. PASSOS ATOS E DESATINOS DO ESTUDO 13 JUL 2002 90 JOSÉ PEREIRA DE MELO SACRIFÍCIOS DO CORPO 20 JUL 2002 91 JUREMIR MACHADO DA TECNOLOGIA DO SILVA IMAGINÁRIO 03 AGO 2002 92 MARIA MARGARIDA CIDADES CONTEMPO- CAVALCANTI LIMENA RÂNEAS: ÉTICA, ESTÉTI- 10 AGO 2002CA E PLANEJAMENTO 93 RONALDO NUNES HÁ CIGARRAS LINHARES ENQUANTO FORMIGAS? 17 AGO 2002 94 FLORENCE DRAVET VOZES DO SABOR 24 AGO 2002 95 EDGARD DE ASSIS DEVANEIOS DE UM CARVALHO CAMINHANTE 28 AGO 2002 96 EDGAR MORIN A SUPORTÁVEL REALIDADE 07 SET 2002 97 LUIZ GONZAGA MEDEIROS FILOSOFIA, PSICANÁLISE BEZERRA E CONHECIMENTO 14 SET 2002 98 JOSÉ CORREIA SOBRINHO VIOLÊNCIA EM QUESTÃO 21 SET 2002 99 EDUARDO DUARTE HOMOTECNOS 30 SET 2002 100 JOSÉ WILLINGTON COMPLEXIDADE NO GERMANO DISCURSO DAS CIÊNCIAS 05 OUT 2002 268 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE MARTA MARIA C. A. CONTEMPORANEIDADE, 101 PERNAMBUCO E IRENE DIÁLOGO E ALVES PAIVA CONSCIÊNCIA EM 12 OUT 2002 PAULO FREIRE 102 EUGÊNIA CORREIA DEPOIS DE VER “CIDADE KRUTZEN DE DEUS” 12 OUT 2002 103 DALCY DA SILVA CRUZ O HOMEM LEITOR DO MUNDO 09 NOV 2002 REVISITANDO A 104 NARA MARIA DANTAS PSICANÁLISE: A FILOSOFIA MORA AO 23 NOV 2002 LADO 105 ORIVALDO PIMENTEL CIÊNCIA E LOPES JÚNIOR ESPIRITUALIDADE 30 NOV 2002 EDUCAÇÃO 106 ALESSANDRO AUGUSTO DE PROMETEICA E A AZEVEDO FORMAÇAO DE 07 DEZ 2002 EDUCADORES 107 GUSTAVO DE CASTRO E A SUBSTÂNCIA DO SILVA AMOR 14 DEZ 2002 108 WAGNER DO NASCIMENTO RODRIGUES CORPO SEM CABEÇA 21 DEZ 2002 109 TEREZA VERGANI APRENDER COM A ETNIA CIGANA 28 DEZ 2002 110 ADAILSON TAVARES DE MACEDO A CASA DA INFÂNCIA 04 JAN 2003 ALFABETIZAÇÃO DAS 111 ROBERTO SIDNEI MACEDO CRIANÇAS: APOSTA 11 JAN 2003 COMPLEXA E SOLIDÁRIA 112 SANZIA PINHEIRO ARTE, METÁFORA DA BARBOSA CIÊNCIA DO SÉCULO XXI 18 JAN 2003 113 ANA LAUDELINA FERREIRA SAGA DE ALEGORIAS GOMES HISTÓRICAS 25 JAN 2003 114 BERNADETE CORDEIRO DE ASPECTOS EVOLUTIVOS SOUSA DA SEXUALIDADE 08 FEV 2003 115 GUSTAVO HENRIQUE DE O NOSSO FUTURO LUCENA HUMANO 10 FEV 2003 116 EUGENIA CORREIA COREOGRAFIAS NA KRUTZEN ARENA EM “FALE COM 15 FEV 2003ELA” DE ALMODÓVAR 117 NORMA TELLES AS BELAS E AS FERAS 22 FEV 2003 269 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE 118 MARIA DE FÁTIMA TAVARES GOTAS DE PAZ NO CANTO DO BEIJA-FLOR 10 MAR 2003 119 AUGUSTO BOAL A CULPA É DO PITÁGORAS 15 MAR 2003 120 HIRAMISIS PAIVA DE PAULA FERNANDO PESSOA 22 MAR 2003 121 WASHINGTON QUEIROZ É ESTA A PENA A SER PAGA 29 MAR 2003 ALESSANDRO AUGUSTO DE CONHECIMENTO E 122 AZEVÊDO PRAZER: SENTIDOS DA 05 ABR 2003EDUCAÇÃO 123 MARIA APARECIDA LOPES NOGUEIRA O SUJEITO VIVO 12 ABR 2003 124 NELSON FIEDLER-FERRARA TEMPO-ESPAÇO, ARTE E COMPLEXIDADE 03 MAIO 2003 125 IRAILDES CALDAS TORRES RECRIANDO SONHOS E UTOPIAS 17 MAIO 2003 A COMPLEXA RELAÇÃO 126 ÂNGELA ALMEIDA DAS IMAGENS – 19 MAIO 2003 PINTURA E FOTOGRAFIA 127 MARGARIDA MARIA O CONHECIMENTO DO KNOBBE ELIXIR DA VIDA 24 MAIO 2003 128 MARIA DA CONCEIÇÃO DE BEM-VINDA A ALMEIDA INVENÇÃO DO TEMPO 31MAIO 2003 O projeto estava próximo do encerramento, e acreditava-se ter cumprido com êxito e muita satisfação a jornada desafiadora e instigante que foi sustentar a frenética periodicidade de uma coluna semanal. Mas, como grande parte dos projetos e sonhos realizados pelo GRECOM, a morte nunca significa um fim em si mesma e, sim, recomeço, reestruturação, metamorfose. Durante a estadia em Natal para participar de um evento da área da Matemática, Ubiratan D’Ambrósio, em visita à sala do grupo, conhece o projeto, folheia o acervo dos artigos, se impressiona com a amplitude e potência dessa iniciativa e sugere que esses textos precisam ser publicados em formato de livro. 270 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Dá-se início, então, a uma nova jornada. Como era inviável, física e financeiramente, a publicação de todos os 123 artigos em um único título, procede-se à seleção 68 (sessenta e oito) textos para o livro intitulado Polifônicas Ideias: por uma ciência aberta, organizado por Maria da Conceição de Almeida, Margarida Maria Knobbe e Angela Maria de Almeida (as três responsáveis pela publicação semanal dos artigos no jornal), publicado pela Editora Sulina – RS, em março de 2003. Figura 49 – Capa do livro Polifônicas Ideias: por uma ciência aberta Fonte: Acervo do GRECOM 271 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE A diversidade temática e textual representa a marca da exogamia intelectual, sem se descuidar do tom de uma ciência capaz de operar a complexidade do pensamento. Publicado com uma tiragem de exemplares rapidamente absorvida pelo comércio local, nacional e internacional, atualmente o livro encontra-se esgotado. A riqueza dessa obra começa pelo ineditismo de um prefácio composto por um coro de vozes, com representatividade na ciência, na literatura, nas artes e na produção de conhecimento nacional e internacional. Nesse prefácio intitulado Coro de Vozes, assinado por 14 mãos, celebra-se a abertura da ciência clássica aos sinais e sintomas do surgimento de uma ciência nova. Casa Mãe-Terra A escultura da Casa Mãe-Terra foi construída com a parceria do Instituto de Desenvolvimento do Meio Ambiente, IDEMA, e está situada numa reserva florestal urbana, originalmente conhecida como Bosque dos Namorados. Concebida, arquitetada e edificada por Maurício de Camargo Teixeira Panella, José Carlos da Silva (Duda) e o engenheiro civil Marcelo Tinoco, essa edificação tem a forma de uma mulher a parir de cócoras. Construída pela técnica secular da taipa (entrelaçamento de madeira e cipó preenchido com barro), é uma metáfora da complexidade - tecer junto, religar. Exemplifica o bem-sucedido elo e a complementaridade entre saberes e técnicas da arquitetura científica, saberes artísticos e saberes e técnicas dos conhecimentos tradicionais não acadêmicos. Como obra de arte, a Casa Mãe-Terra representa, com a forma esférica, circular e acolhedora, a conjunção e o abraço. Essas duas 272 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE noções estão fortemente presentes nos princípios do pensamento complexo e são consideradas palavras guias que direcionam as ações greconianas. É também um apelo ético à preservação e cuidado com o planeta Terra e com a diversidade da vida. Figura 50 – Casa Mãe Terra (Parque das Dunas – Natal/RN) Fonte: Acervo do GRECOM Na solenidade de inauguração, contou com a presença de Edgar Morin (Paris), Socorro Borba (diretora do Parque das Dunas), Fábio Góis (IDEMA) e Maurício Panella (GRECOM). Na ocasião, apresentou-se o Quarteto MPB Jazz da Escola de Música da UFRN. 273 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 51 – Visita de Edgar Morin a Casa Mãe Terra (Parque das Dunas – Natal/RN) Fonte: Acervo do GRECOM A escultura recebe frequentemente a visita de alunos de escolas de vários bairros de Natal e cidades do interior do estado do Rio Grande do Norte. Nesse espaço têm sido promovidas atividades para ciências e escolas: oficinas de fotografia; rodas de histórias tradicionais; oficinas de sensibilização para o cuidado com o meio ambiente e seminários acadêmicos oferecidos por pesquisadores do GRECOM. 274 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 52 – Banner de visitação Casa Mãe Terra (Parque das Dunas – Natal/RN) Fonte: Acervo do GRECOM Como exemplo das atividades ocorridas na Casa, podemos destacar o evento Ciência e Tradição, organizado pelo GRECOM e pelo grupo PAIDEA – Núcleo de Formação Continuada para Professores de Artes e Educação Indígena – ocorrido no período de 10 a 11 de novembro de 2005, com a participação do educador indígena Daniel Munduruku. O evento, com duração de dois dias, integrava a programação oferecida pelo ateliê de pesquisa sobre Conhecimento Científico e Saberes da Tradição, ministrado pela professora Conceição de Almeida e oferecido pelo programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 275 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE No primeiro dia, a oficina tinha como tema Educar é fazer sonhar, e no segundo dia, A natureza é a nossa irmã. Juntos na organização estavam a profª Maria da Conceição de Almeida, Silmara Lídia Marton, Paula Vanina Cencig, Juliana Rocha de Azevedo, Wyllys Abel Farkatt Tabosa, Elisa Paiva de Almeida, João Carlos Neves de S. N. Dias, todos do GRECOM. E do grupo PAIDEA estavam a profª Vera Lourdes Pestana da Rocha, o prof. José Pereira de Melo e Allyson Carvalho de Araújo. O objetivo dessa atividade foi o de facilitar uma reflexão sobre a dinâmica e as estratégias dos saberes da tradição nas sociedades contemporâneas, reforçando a importância do diálogo entre ciência e tradição no âmbito da educação. Os dois encontros com Daniel tiveram por inspiração os saberes indígenas da cultura Munduruku e procuraram despertar a lógica do sensível (Claude Lévi-Strauss) na compreensão dos fenômenos do mundo. No ano de 2013, completaram-se dez anos de edificação da Casa Mãe Terra e, para comemorar essa data especial, foi elaborada uma programação com exposição fotográfica, intitulada Natureza vestida; show do grupo musical Joanitas; exposição das louceiras de Sobrado e apresentação de dança de coco de roda com Mestre Severino. Casa da Memória do Piató Chico Lucas A história da idealização, concepção e construção da Casa da Memória Piató Chico Lucas é uma narrativa carregada de ele- mentos simbólicos, oníricos, mitológicos, afetuais, reais e con- cretos, todos imaginados, executados e alimentados individual e 276 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE coletivamente. Fruto de um desejo de permanência impermanen- te, essa morada foi construída para satisfazer ao desejo de Maria da Conceição de Almeida de permanecer junto às comunidades do entorno da Lagoa Piató, que a acolheram desde o ano de 1986, quando conheceu Francisco Lucas da Silva e deu-se início à pes- quisa com os pescadores da Lagoa Piató. O dia exato e o desenrolar desse encontro é narrado repetidas vezes, com riqueza de detalhes por Chico Lucas, ou simplesmente Chico, como carinhosamente os mais próximos o chamam. Nas conversas de alpendre, em nossas idas a Areia Branca, ele lembra quando a viu pela primeira vez, levando-a em seu barco, e das conversas que os dois tiveram ao longo desses 32 anos de convivência. A edificação desse lugar, real e imaginário, é para Ceiça Almeida “uma declaração de respeito e amizade ao Piató, aos moradores de Areia Branca Piató” (ALMEIDA, 2010, p. 5). Foi no dia 18 de janeiro de 2007 que decidiu-se começar a construção da casa. Tendo como testemunhas Wyllys Farkat e Wani Pereira, Ceiça comunica a Chico Lucas: “está na hora. Vamos começar a casa?” (ALMEIDA, 2010, p. 5). Desse dia em diante, outros pesquisadores do GRECOM abraçaram esse sonho tornando-o coletivo e compartilhado. No dia 6 fevereiro de 2007, Chico Lucas anuncia o assentamento do primeiro tijolo, e daí não parou mais. Vinte e seis dias depois ocorre a primeira inauguração, com tijolos à mostra, sem reboco ou pintura, mas transbordando de cumplicidade, carinho, gratidão. Um teto para abrigar afeto, amizade e 277 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE conhecimento, alicerçado sob a maestria de três gerações, como bem lembra o neto mais velho de Chico ao receber Conceição Almeida para a primeira inauguração. Diz Arthur: “a casa está tão linda, Ceiça! Foi vovô e papai que construíram. E eu também: eu preparava a massa” (ALMEIDA, 2010, p. 5). Até então, todos se referiam à construção como “a casa”, mas para Conceição Almeida ela já estava nomeada há muito tempo. Ao preparar o discurso a ser lido por ocasião da primeira inau- guração, Ceiça a batiza, em reconhecimento e gratidão ao melhor lugar do mundo, como ela mesma afirma repetidas vezes, com o nome daquele que é timoneiro de suas reorganizações cognitivas. Figura 53 – Capa do livro de Malas e Cuias (2010) Fonte: Acervo do GRECOM 278 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE No dia da primeira inauguração estavam presentes, além da família de Chico Lucas, os amigos Vavá e Régia, da fazenda Curralinho, e alguns pesquisadores do GRECOM – Wani, Renato, Juliana, Paula, Wyllys, Edi, Samir. Eram ao todo 18 pessoas. Naquele momento, anunciei o nome de batismo do lugar: Casa da Memória do Piató Chico Lucas. (ALMEIDA, 2010, p. 8). O discurso de inauguração foi sendo escrito ao mesmo tempo em que a casa era construída. Depois de finalizado, foi publicado em julho de 2010 no folheto intitulado de Malas e Cuias: discurso de inauguração da Casa da Memória Piató Chico Lucas. Nele, Conceição Almeida narra toda a história da casa, desde a idealização até a concretização, a fixação da placa, a bênção recebida com a chegada da Santa da capela, elencando os nomes dos pesquisadores do GRECOM que estavam junto a ela naquela época, e descreve todos os documentos que compõem o acervo da casa. Figura 54 - Mala pintada por Irão Abreu Mendes e cuia (feita com meia concha de cuité) oriunda de Belém Fonte: Acervo do GRECOM 279 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE O título do pequeno livrinho foi escolhido em deferência a dois, dentre os vários, presentes que foi doado por pesquisadores amigos do GRECOM. Uma cuia trabalhada, vinda de Belém do Pará, e uma mala pintada por Iran Abreu Mendes. Esses dois últimos objetos serviram de metáfora para que Conceição Almeida confessasse: vim para cá de malas e cuias! (ALMEIDA, 2010). Figura 55 – Descerramento da placa da Casa da Memória Piató Chico Lucas Fonte: Acervo do GRECOM A casa agora estava pronta para receber de presente uma placa com uma pintura no azulejo feita pela artista plástica Lídia Quaresma e doada por Angela Almeida. Muitos foram os objetos aos poucos sendo doados para compor a organização da edificação. Todos carregados de marcas afetivas e simbolizando o desejo dos amigos de pertencerem, de fazerem 280 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE parte, de ajudarem a constituir aquele lugar. Dentre eles, podemos citar: uma mesa doada por Nara Xavier e Maria de Fátima Xavier (Fatoca); uma imagem de barro de Nossa Senhora da Conceição, esculpida por uma artesã de Pernambuco; uma pintura de Erasmo Andrade; uma pintura de Daniel Quadrinhos, com base em uma fotografia retirada por Paula Vanina Cencig; um quadro de Ângela Almeida com foto de Chico Lucas; um quadro de madeira com a figura de uma paisagem feita por Ana Catarina Moura quando criança; um jarro doado por Tereza Vergani, vindo direto de Portugal; uma imagem luminosa de Santo Expedito doado por Josineide Silveira e um barco de Miriti, presente de Sérgio Moraes. Muitos desses objetos lá permanecem até hoje (ALMEIDA, 2010). No final do folheto podemos ler o relato de um desafio, na modalidade de mote, realizado entre ela e Chico. Nessa conversa, referindo-se a todo sentimento de pertencimento e realização com a finalização da obra da casa, diz Chico a Ceiça: “A culpa não foi minha, mas o culpado fui eu”. Ao que ela, mesmo reconhecendo não possuir a competência e criatividade do improviso, responde e finaliza a declaração de amor e respeito pela Lagoa, dizendo o seguinte: A casa da Memória aí está Sei bem o trabalho que deu Pedra, cimento e tijolo E um sonho que de teimoso cresceu Sei que a culpa não foi minha, mas a culpada fui eu! Areia Branca Piató-Assu/RN Em 18 de julho de 2010. (ALMEIDA, 2010, p. 17) 281 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE La casa de la Memoria allí está Sé bien el trabajo que dio Piedra, cemento y ladrillo Y un sueño que de terco creció Sé que la culpa no fue mía, pero la culpada fui yo! Areia Branca Piató-Assu/RN 18 de julio de 2010. (ALMEIDA, 2010, p. 17) Figura 56 - Casa da Memória do Piató Chico Lucas feita em 2017 Fonte: Acervo do GRECOM O sonho da casa agora era realidade. Aos poucos, os acabamentos foram sendo feitos e ela foi ficando mais colorida, ganhou portas, janela, piso. Chico e sua filha Mara pintaram-na de branco e os pesquisadores do grupo dividiram-se nas pinturas de portas e janelas. A última etapa consistiu na organização dos documentos que iriam compor o acervo dessa Casa da Memória. 282 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Como todo centro de documentação, a casa abriga um acervo diverso, resultado das pesquisas realizadas cuja temática principal é o diálogo e a relação de complementaridade entre os saberes científicos e os saberes da tradição. Figura 57 – Capa do livro Um Sábio na Natureza (2016) Fonte: Acervo do GRECOM Parte do acervo é composto pelas produções acadêmicas, como monografias, dissertações, teses escritas pelos orientandos que realizaram a formação universitária no grupo, muitos delas orientadas por Conceição Almeida em parceria com Chico Lucas, assim como livros publicados como produtos das pesquisas coordenadas por Conceição Almeida em parceria com outros pesquisadores do grupo. 283 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 58 – Acervo arqueológico da Casa da Memória Fonte: Acervo do GRECOM O acervo complementa-se com os achados arqueológicos das pesquisas realizadas por Chico Lucas em suas caminhadas pela aba da serra de Areia Branca/Piató, tais como rochas, fósseis e fragmentos de ferramentas antigas (em na maioria machados de origem indígena, que foram os primeiros moradores do local). Juntos, esses objetos consolidam uma ecologia do conhecimento (ALMEIDA, 2010). O banner abaixo mostra um fragmento dos resultados da pesquisa na Lagoa do Piató iniciada no ano de 1986. O elo que perpassa todas essas publicações é o investimento intelectual, a determinação e a ética cultivados por Conceição Almeida desde os primeiros contatos com as comunidades do entorno da Lagoa. 284 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Trata-se de um investimento intelectual sustentado, até 2018, com uma pesquisa que já conta com 32 anos de desenvolvimento. A determinação para vencer desafios, como a ausência de financiamentos institucionais, funda-se no exercício de uma ética complexa que, revestida pela honestidade intelectual, comunica e faz retornar para as comunidades os resultados das pesquisas construídas sob o signo da complementaridade entre os saberes científicos e os saberes da tradição. Figura 59 – Banner A Pesquisa na Lagoa do Piató – Assú - RN Fonte: Acervo do GRECOM 285 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE A escolhida para ser a curadora desse rico acervo foi a historiadora Wani Fernandes Pereira. A experiência adquirida à época em que atuou na vice-direção do Museu Câmara Cascudo, seu pertencimento e adesão a essa pesquisa, desde as primeiras visitas ao município de Assu para realizar a investigação sobre a seca, e a dedicação a todos os projetos realizados pelo GRECOM, fazem dela a escolha ideal para ocupar esse lugar. Mara, filha de Chico Lucas, é aclamada por todos como a guardiã da Casa da Memória. O zelo e dedicação obstinada para manter a casa sempre limpa, organizada e pronta para nos receber é admirável. Quando a vejo com aqueles cabelos vermelhos ao vento, em cima da sua moto possante, voando pelas ruas da comunidade de Areia Branca, fico imaginando a personagem da Disney que tem por nome Valente. Trata-se de uma princesa, que rejeita o destino reservado para ela pela vida e luta diariamente para construir o próprio destino. É assim que vejo Mara. Rejeitando o destino cruel da seca e construindo, a seu modo, o próprio destino. Chico Lucas, o patrono, sem ter culpa nenhuma, mas sendo o culpado de tudo, foi ao longo do tempo construindo ao lado de Conceição Almeida uma ciência primeira e complexa. Primeira, por nutrir-se de uma lógica do sensível (Claude Lévi-Strauss), e complexa, por ter-se hibridado com a presença dos ideários do pensamento complexo. A pesquisa que tem por propósito maior religar os saberes científicos e os saberes da tradição é fruto do investimento intelectual de toda uma vida. Suas sementes podem ser vistas, desde a dissertação e tese escritas por essa antropóloga de 286 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE formação e intelectual por natureza, Ceiça Almeida. Com o início da pesquisa desenvolvida por meio do Núcleo Temático da Seca, ela materializa-se, ganha amplitude e é alimentada até os dias atuais pelos projetos desenvolvidos pelos orientandos que realizam suas formações no grupo e que fazem da comunidade de Areia Branca Piató a capital do GRECOM. O museu/casa é visitado sistematicamente por alunos do ensino fundamental e médio das escolas da rede municipal e estadual do próprio município, e dos municípios vizinhos que formam o conhecido Vale do Açu. Recebe com frequência visita de docentes e discentes da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), dos cursos de licenciatura existentes no polo dos municípios de Assu e Mossoró, bem como de outras universidades do Nordeste, como foi o caso da visita de um professor da Universidade Federal do Ceará. Estaleiro de Saberes O Projeto de extensão Estaleiros de Saberes destina-se à formação de professores da rede pública, realizado a partir de 2008 no município de Assu/RN. Desde a primeira edição, o projeto está vinculado à Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e à Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), recebendo o apoio da Secretaria Municipal de Educação do município de Assu/RN. Na última edição, ocorrida no ano de 2017, o projeto ampliou a parceria, vinculando-se ao Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN/Campus Ipanguaçu) e passou a contar com o apoio da Secretaria Municipal de Ipanguaçu/RN. A mais recente edição aconteceu em maio de 287 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE 2018. Nessa ocasião foi ministrada pelo profesor Fredy Enrique González a oficina intitulada Matemática e natureza: para um ensino vivo de Matemática Essa ação extensionista se propõe a facilitar a autoformação e atualização de professores do ensino fundamental; permitir a partilha de experiências pedagógicas com materiais e conteúdos que facilitem a prática de ensino; disseminar informações e conhecimentos novos, frutos das pesquisas desenvolvidas pelos pesquisadores do GRECOM na região da Lagoa do Piató (Assu). No âmbito formativo e educacional, as atividades de capacitação docente promovidas pelos órgãos governamentais denominam-se de oficinas pedagógicas. No caso desse projeto, o batismo com o nome de estaleiro se refere ao local onde se constroem os barcos. Como a principal atividade de subsistência das comunidades situadas no entorno da lagoa é a pesca, esse seria o título mais representativo do propósito maior desse projeto que é unir comunidade e universidade, ensino superior e ensino básico e fundamental, saberes científicos e saberes da tradição. Do mesmo modo, adaptou-se a nomenclatura de professor, aquele que coordena e administra as atividades realizadas em sala de aula. Aqui, os pesquisadores que ministram as oficinas são chamados de mestres, em referência ao responsável pela organização e produção realizadas nos estaleiros, ou seja, aquele que fabrica os barcos. As edições não foram contínuas. A cada término de projeto, a equipe coordenadora se reunia para avaliar os esforços empreendidos, os objetivos alcançados e dar início ao 288 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE planejamento e reformulação de uma nova edição. A cada nova configuração, o projeto assumia um novo desafio. Na última edição, realizada em 2017, a formação foi ampliada para professores de toda região do Vale do Açu e licenciandos da UERN. As oficinas utilizam como metodologia a associação entre a aula expositiva sobre as temáticas e um segundo momento dinâmico com atividades práticas, vivências e atividades realizadas ao ar livre. Os participantes têm acesso ao referencial teórico utilizado por meio dos materiais disponibilizados pelos professores ministrantes. Parte desse material será apresentado a seguir, vinculado a cada estaleiro realizado e de acordo com a temática à qual pertence. Participei desse projeto pela primeira vez no ano de 2014, durante a quinta edição dos estaleiros. Especificamente nesse ano, o projeto ensaiou uma nova perspectiva e, além dos professores, incluiu também os alunos das escolas das comunidades do entorno da Lagoa do Piató. Enquanto os mestres ministravam as oficinas para os professores, na casa da Memória Piató Chico Lucas, os demais pesquisadores do GRECOM dirigiam-se para as escolas, para trabalhar com os alunos as mesmas temáticas e estratégias passadas para seus professores. Éramos chamados tutores de afeto. Nossa missão era substituir o professor na sala de aula durante aquele dia de atividades, mas, acima de tudo, implementar estratégias para possibilitar uma assimilação mais profícua quando aquele professor voltasse para a sala de aula e propagasse os conhecimentos adquiridos nos encontros proporcionados pelo projeto. 289 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE A contribuição deixada pelos tutores de afeto incidiu na possibilidade de continuação do diálogo entre professores e alunos acerca das temáticas trabalhadas, uma vez que professores e alunos tiveram acesso aos mesmos conteúdos, simultaneamente. Nesse método, mestres e professores, alunos e tutores partilham das mesmas experiências de aprendizagens, contribuindo para a construção do ensino educativo proposto por Edgar Morin. Figura 60 – Banner do Projeto de Estensão Estaleiro de Saberes Fonte: Acervo do GRECOM 290 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Temáticas Trabalhadas nos Estaleiros de Saberes Saberes Da Tradição, Matemática e Cosmologia A partir de compreensões do cotidiano e dos saberes acu- mulados pela cultura local, uma oficina centrou-se no ensino da matemática e apresentou a etnomatemática como forma viva de trabalhar as noções clássicas da ciência da matemática. Esse Esta- leiro de Saberes visava ampliar os conhecimentos dos professores acerca das diversas possibilidades do ensino da matemática. A oficina que tinha a Cosmologia com tema consistiu na apresentação e discussão das contribuições do conhecimento não científico nas previsões de estiagem, regime das águas, plantio, pesca, dentre outras, que respondiam às necessidades básicas das populações da Lagoa. Possibilitou um diálogo dos saberes científicos com os da tradição, como forma de dispor de uma diversidade mais complexa de compreensão do mundo. Saberes da Tradição, Ecologia e Ciências Da Saúde Essa oficina tinha o propósito de ampliar o conceito de saúde e ressaltar a importância do diálogo respeitoso entre os saberes oriundos da medicina científica e os da medicina da tradição na saúde. O contexto de discussão permitiu refletir sobre o laboratório da natureza e os processos de saúde e doença da vida cotidiana. Com esse conteúdo, problematizou-se a importância de in- corporar a ideia de ecologia das ações humanas como um valor fundamental para a preservação da vida. Discutiu-se também os problemas ecológicos como uma responsabilidade, não só dos 291 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Estados e Organizações não Governamentais, mas, sobretudo, como uma ação individual de cada cidadão no próprio espaço de existência. Saberes da Tradição. Paisagens Sonoras e Cultura da Criança (Brinquedos e Brincadeiras) Na primeira oficina intitulada Paisagens Sonoras, discutiu-se a necessidade de se pensar a formação pautada na lógica do sensível (Lévi-Strauss) como uma forma de pensar e construir narrativas sobre o mundo. Os professores experimentaram escutar os sons do entorno e do seu lugar, fazendo uso mais amplo das faculdades sensíveis, como olhar, ouvir, tocar, cheirar, degustar, observar. Na segunda oficina, que apresentava a temática da cultura da criança, buscou-se ressaltar a importância do brincar na construção do conhecimento. Durante a oficina, os professores tiveram a oportunidade de construir brinquedos, jogos, artefatos em geral, com os materiais encontrados na própria natureza, enfatizando a ludicidade, a criatividade inventiva e a imaginação. Saberes da Tradição, Música e Cosmologia Esse estaleiro foi composto por duas oficinas. Na primeira, buscou-se problematizar a importância de articular arte e ciência, música e vida. No primeiro momento, os professores conheceram um pouco sobre a história da música e, em seguida, experimentaram tocar flauta, demonstrando que é possível qualquer um executar uma partitura musical. 292 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE A segunda oficina teve como propósito ressaltar as contribuições oriundas dos saberes tradicionais na leitura da natureza e no reconhecimento da pertinência das relações cosmológicas ligadas à agricultura tradicional. Saberes da Tradição, Patrimônio, História Oral e Literatura Nesses estaleiros discutiu-se a necessidade da inserção da literatura na formação do sujeito, alertando para a presença no ambiente educativo, além de ressaltar a importância da oralidade tão presente nas histórias tradicionais, para alimentar o imaginário criativo e cultivar a sensibilidade. A primeira oficina centrou-se na temática do patrimônio e da história oral. Durante esse encontro o mestre oficineiro Car- los Aldemir Farias propôs, dentre outras estratégias, a elaboraçao de roteiros historicos, lúdicos, culturais e patrimoniais tendo por referênia o vídeo documentário Memórias de um pequeno parente do mar. A segunda oficina, ministrada pela historiadora Wani Fernandes Pereira, utilizou como operador o filme Narradores de Javé para mostrar, aos professores que participavam daquele momento, a importância da história oral e das histórias tradicionais para aguçar a criatividade e o imaginário dos alunos. 293 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 61 – Material disponibilizado na oficina Patrimonio, Historia Oral e Literatura 294 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Fonte: Acervo do GRECOM 295 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Leitura do Ambiente e Ensino de Ciências na Escola Essa oficina busca instigar o pensamento crítico-reflexivo sobre os fenômenos naturais, não apenas a partir de um arcabouço teórico, mas, também, por meio de implicações políticas e sociais. Por meio de uma caça aos tesouros naturais, os detetives sentientes da natureza (alunos) são instigados a formular, de maneira autônoma, novas perguntas e interpretações sobre uma ou várias temáticas, através de uma orientação guiada dentro de um espaço da escola. Ensino de Filosofia para Crianças O estaleiro abordou a Filosofia como uma área de saber, mas, principalmente, como um modo particular de olhar a realidade que pode ser praticada por qualquer pessoa que se interesse em romper com a interpretação hegemônica do mundo, da vida, dos seres humanos e não-humanos. Quando trabalhada com crianças, a Filosofia contribui para o desenvolvimento das habilidades cognitivas, o aprimoramento do pensamento crítico e a expansão da criatividade dos estudantes. A Filosofia ajuda-nos a pensar mais e melhor e isso importa para a educação como um todo e não apenas para uma disciplina. Educação Física: Competição ou Cooperação? Essa oficina, a partir do termo cooperação, evocou uma forma de comportamento humano carregado de conotações éticas, coletivas e altruístas. Se opõe à palavra competição que, particularmente no contexto da educação física, assume um 296 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE caráter de treinamento ou adestramento do movimento corporal, individual e egoísta. Figura 62 – Alunos da Escola Municipal Senador Georgino Avelino na comunidade de Bela Vista/Piató Fonte: Acervo do GRECOM Aproximar os vínculos entre essas duas configurações, aco- plando o egoísta e o altruísta, pode ajudar a recompor fragmentos da dimensão do humano cindidos pela ciência e a politizar o ato de ensinar. 297 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 63 - Fotografia dos tutores de afeto do Projeto Estaleiros de Sabres na comunidade de Bela Vista/Piató Fonte: Acervo do GRECOM A Literatura e o Uso da Biblioteca Esse estaleiro teve como objetivo exercitar a compreensão da literatura como uma narrativa da condição humana e incentivar o uso da biblioteca como um espaço prazeroso de construção do conhecimento. Terra O propósito desse estaleiro foi promover uma compreensão complexa da natureza, construída a partir do diálogo entre os saberes científicos e os saberes da tradição. A oficina foi ministrada por Francisco Lucas da Silva, intelectual da tradição, e o então reitor do IFRN, Wyllys Abel Farkat Tabosa. 298 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 64 – Fotografia dos professores e alunos participantes dos estaleiros com os mestres Chico Lucas e Wyllys Tabosa em aula de campo na Comunidade Areia Branca/Piató/Assu/RN. 2017. Fonte: Acervo do GRECOM Os professores, secretários de educação dos municípios do Vale do Açu e licenciandos da UERN e IFRN participaram de um primeiro encontro na sala de aula da Escola Sete de Setembro (Areia Branca/Piató) e, depois, tiveram a oportunidade de caminhar pelo campo com Chico Lucas e conhecer a aba da serra. 299 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 65 – Chico Lucas ministrando aula de campo na Comunidade Areia Branca/Piató/Assu/RN. 2017. Fonte: Acervo do GRECOM Durante a aula de campo, Chico Lucas explica para professores e alunos os desdobramentos decorrentes do longo período de estiagem e da ausência total de água na Lagoa do Piató. Figura 66 - Visita dos participantes da oficina à Casa da Memória Piató Chico Lucas/Assu/RN. 2017. Fonte: Acervo do GRECOM 300 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Durante a realização dessa oficina os participantes tiveram a oportunidade de conhecer fragmentos da história da Casa da Memória Piató Chico Lucas, informar-se das pesquisas realizadas em parceria entre os membros das comunidades do entorno da Lagoa do Piató e os pesquisadores do GRECOM, bem como folhear os produtos dessas pesquisas como monografias, dissertações, teses e livros. O material utilizado na oficina foi composto por um texto intitulado Por uma escuta sensível na ciência e um vídeo com duração de 4 minutos elaborado por Wyllys Farkat durante a realização do doutorado, cursado no Programa de Pós-Graduação da UFRN, sob a orientação de Conceição Almeida em parceria e coorientação de Chico Lucas. Vida Alicerçado na complementaridade entre os saberes científicos e os saberes da tradição, esse estaleiro buscou, a partir do diálogo estabelecido entre o biólogo Thiago Emmanuel de Araújo Severo e o escritor e educador indígena Daniel Munduruku, junto com professores e alunos, compreender a vida como um desdobramento da história da matéria e como um domínio que é marcado pela incerteza, inacabamento e permanente metamorfose. 301 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 67 – Participantes da mesa de abertura da 2ª oficina dos Estaleiros de Saberes de 2017 Fonte: Acervo do GRECOM A mesa de abertura dessa oficina contou com a presença de pesquisadores do GRECOM e do diretor do IFRN Campus Ipanguaçu, professor Francisco de Assis Aderaldo Barbosa. Ciência e Valores Essa oficina realizou-se com o intuito de problematizar a dialogia entre a prática da ciência científica e a implicação dos valores morais e éticos cultivados pelos indivíduos, de modo a defender uma formação alimentada por uma ética de humanização do mundo. Os professores ministrantes foram: Jaime Biella (Departamento de Filosofia/UFRN) e Maria da Conceição de Almeida (GRECOM/UFRN). 302 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 68 – Aula ministrada por Jaime Biella (DEPTO. FILOSOFIA UFRN) na 3ª oficina dos Estaleiros de Saberes de 2017 Fonte: Acervo do GRECOM Partindo de preceitos da filosofia e da ética da complexidade advogada por Edgar Morin, os temas abordados nesse estaleiro buscam conscientizar professores e licenciandos que escola é uma instituição política, e que, portanto, deve orientar seus alunos para uma formação ética que venham a torná-los cidadãos do mundo. Religação de Saberes Esse estaleiro encerrou a sexta edição do projeto, realizado no ano de 2017, e teve como objetivo explicitar e refletir sobre a dimensão complexa da interdisciplinaridade, de modo a incitar a religação dos saberes por meio de uma atitude transdisciplinar. Na abertura, contou com a apresentação cultural dos alunos do Programa “Novo Mais Educação” do centro escolar Vilma Lemos 303 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE da comunidade de Linda Flor. Estiveram presentes representantes das universidades parceiras, UFRN, UERN/Assu e IFRN/ Ipanguaçu, além de membros das secretarias de educação dos municípios de Assu, Ipanguaçu, Alto do Rodrigues e Pendências. Figura 69 – 4ª oficina dos Estaleiros de Saberes de 2017 Fonte: Acervo do GRECOM Durante essa oficina, Conceição Almeida proferiu uma palestra sobre a tríade ensino, pesquisa e extensão, ressaltando a necessidade de indissociação entre esses três elementos que se constituem os pilares do fazer acadêmico, ressaltando a importância da extensão universitária como instância mais próxima da sociedade. Esclareceu que, no GRECOM, a extensão é vista como uma via de mão dupla que possibilita que os saberes científicos cheguem até a sociedade, e, do mesmo modo, que os saberes das comunidades tradicionais cheguem até a 304 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE universidade. Nessa oficina recebemos a visita de uma equipe de servidores da Pró-Reitora de Extensão, com a finalidade de registrar a culminância do projeto, de modo a ser incluído num documentário comemorativo em alusão aos 60 anos da UFRN. No segundo momento da oficina, as professoras Josineide Silveira e Louize Gabriela de Souza apresentaram para os participantes a origem, concepção e os propósitos que direcionam o planejamento de cada edição desses estaleiros. Os desafios enfrentados a cada nova edição, as parcerias realizadas, as mudanças de estratégia e os êxitos alcançados. O material entregue aos participantes constitui-se de uma apostila contendo dois artigos. O primeiro, intitulado Ensino, Pesquisa e Extensão: afectos da educação básica de Josineide Silveira de Oliveira, no qual é contemplada uma concepção epistemológica da articulação entre ensino, pesquisa e extensão. O segundo, Experiência pedagógica para a construção de um ensino educativo, de Mônica Karina Santos Reis; Louize Gabriela Silva de Souza; Maria da Conceição Xavier de Almeida e Josineide Silveira de Oliveira, historia as cinco edições anteriores do projeto, no período de 2008 a 2014. A intenção, ao historiar todas as edições do projeto não foi meramente ilustrativa. O propósito maior era demonstrar para os professores como o exercício de religação pode ser realizado na prática. Também para buscar alertá-los para a indissolubilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão que devem ser experimentados em todos os níveis de ensino, inclusive e principalmente, na escola básica. 305 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE No Quadro 6, encontra-se a síntese de todas as edições do Estaleiro de Saberes até 2018. Quadro 6 – Relação das edições e temas do Projeto Estaleiro de Saberes Edición/año Temas 1º e 2º Estaleiro de Saberes - Saberes da Tradição, Ecologia e Ciências da Saúde 1ª Edição 3º e 4º Estaleiro de Saberes - Saberes da Tradição, Música (2008) e Cosmologia 5º e 6º Estaleiro de Saberes - Paisagens Sonoras; Cultura da Criança (Brinquedos e brincadeiras) 1º - Estaleiro de Saberes - Matemática e Cosmologia 2ª Edição 2º - Estaleiro de Saberes - Ecologia e Saúde (2010) 3º - Estaleiro de Saberes - Artes e Música 4º- Estaleiro de Saberes - Patrimônio, História Oral, Literatura 1º - Estaleiro de Saberes – Método de Conhecimento e 3ª Edição Complexidade do Sagrado (2011) 2º Estaleiro de Saberes – Educação Física: competição ou cooperação? 1º - Estaleiro de saberes – Método de Conhecimento, Ecologia de Saberes e Complexidade do Sagrado. 4ª Edição 2º - Estaleiro de Saberes - Educação Física: competição (2012) ou cooperação? 3º Estaleiro de Saberes – Matemática e Meio Ambiente. 306 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE 5ª Edição 1º Estaleiro de Saberes – Ensino de Ciências (2014) 2º Estaleiro de Saberes – Filosofia para crianças Participação especial dos 3º Estaleiro de Saberes – Educação Física tutores de 4º Estaleiro de Saberes – A literatura e o uso da biblioteca afeto 1º Estaleiro de Saberes – Terra 6ª Edição 2º Estaleiro de Saberes – Vida (2017) 3º Estaleiro de Saberes – Valores 4º Estaleiro de Saberes– Religação de Saberes 7ª Edição 1º Estaleiro de Saberes – Matemática e Natureza (2018) 2º Estaleiro de Saberes – Ecología das Práticas Pedagógicas Fonte: Folheto Estaleiro dos Saberes Durante as edições do projeto foi sendo elaborado um material para divulgação que narra a história, concepção, e elenca as temáticas abordadas nas oficinas pedagógicas. Esse material foi sendo ampliado ao longo das edições e até hoje serve de matriz importante para demonstrar o espírito extensionista alimentado pelo grupo. Esse folheto encontra-se no prelo e disponível para consulta no acervo do GRECOM. Intercâmbio de ideias Como afirma Conceição Almeida em Ciclos e Metamorfoses (2003, p. 66), é “em meio ao calor das ideias (Morin) e das fagulhas de um conhecimento espermático (Atlan)” que o GRECOM se propõe a atuar. Para isso, lança mão de algumas estratégias, 307 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE como os dias de estudo, as orientações individuais e coletivas, os seminários temáticos e as oficinas do pensamento. Dias de Estudo A atividade dos dias de estudo é a mais antiga realizada pelo GRECOM. Trata-se uma ágora importante, onde os pesquisadores, pós-graduandos, graduandos e visitantes discutem autores e obras com o propósito de servir como meta-argumentos, metapontos de vista e grandes matrizes teóricas para as pesquisas de todos, permitindo a construção de um argumento de base comum. É planejada de acordo com os temas de pesquisas que estão sendo desenvolvidos pelo grupo e prevê a leitura e discussão de obras sobre temas diversos e as ciências da complexidade. Os primeiros encontros foram realizados ainda no Grupo Morin, ano de 1992. Os propósitos do Grupo de Estudos bem como sua dinâmica e metaforfose foram explicitados na Parte I deste livro. Desde o ano de 1994, quando o grupo foi oficializado institucionalmente como base de pesquisa, o dia de estudo se constituiu como uma atividade constante e regular. Inicialmente, essa atividade era sempre coordenada por Ceiça Almeida. Com o passar dos anos, a coordenação foi sendo alternada entre professores e pesquisadores. Como está registrado no livro Ciclos e Metamorfoses, até hoje as sessões de estudo ocorrem quinzenalmente, quase todas as sextas-feiras. O calendário é estabelecido pelo coordenador de cada ano, de modo que atenda aos interesses flutuantes do grupo. 308 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Os temas escolhidos variam ao longo dos anos em função de sugestões de alguns pesquisadores que, por vezes, acham importante se deterem sobre obras e autores mais técnicos e conceituais, a partir da avaliação de fragilidades dos trabalhos escritos ou dos argumentos explicitados em discussões coletivas. Por outras vezes, em função dos temas que estão sendo pesquisados e que já foram analisados de forma mais ampliada e não puramente técnicas pelos autores. Nos Dias de Estudo são discutidos temas, conceitos e concepções centrais para o pensamento complexo e as pesquisas desenvolvidas no GRECOM. Entre os autores, identificamos, Henri Atlan, Edgar Morin, Werner Heisenberg, Conceição Almeida, Boris Cyrulnik, Gaston Bachelard, Ilya Prigogine, Isabelle Stengers. Os dias de estudo são exercícios de democracia cognitiva que visam socializar o conhecimento e torná-lo acessível a todos os pesquisadores. Partindo da premissa de que o conhecimento existe para ser compartilhado, tenta-se reduzir o sentimento individualista da pesquisa e da apropriação dos “objetos” estudados, dos argumentos construídos e do conhecimento produzido. Na busca de uma construção coletiva de conhecimento, garante que todos tenham nas mãos as mesmas ferramentas e cada um as adeque em função da curiosidade, da originalidade e do tema particular de pesquisa. As mudanças e variações ocorridas na programação dos dias de estudo podem ser verificadas nos folders elaborados para divulgação dessa atividade do GRECOM. A modificação das tonalidades expressivas fica por conta da dedicação de cada 309 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE participante com o passar dos semestres. Por vezes, é preciso fazer a autocrítica e reconhecer que nem sempre os pesquisadores e convidados que comparecem às sessões fazem uma leitura atenta e cuidadosa, necessária para alimentar as discussões e o debate. Outras vezes, as discussões são tão ricas que valem mais do que grandes palestras ou a leitura da obra isoladamente. Quadro 7 – Programação e coordenação dos Dias de Estudo Ano Coordenação e Programação dos Dias de Estudo Coordenação: Anne Garda e Ceiça Almeida 2000 O Método I e O Método II (Edgar Morin) Coordenação: Sônia Meire e Ceiça Almeida A imaginação criadora e a imagem literária (Gaston Bachelard) O Método 4 (Edgar Morin) 2001 A universalidade e a Reforma do Pensamento (Ceiça Almeida e Margarida Knobbe – Ciclos e metamorfoses) Os sete saberes necessários à educação do futuro (Edgar Morin) Literatura e complexidade (Ítalo Calvino) Coordenação: Ceiça Almeida 2002 A nova aliança: a metamorfose da ciência (Ilya Prigogine e Isabelle Stengers) 310 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Coordenação: José Correia Complexidade: caminhos – Dossiê Revista Cronos Uma ecologia humanista (Mauro Cerutti) O livro do conhecimento (Henri Atlan) Complexidade: movimentos – Dossiê Revista Cronos 2003 O Método 5 (Edgar Morin) Edgar Morin/TrinXuanThuan (Entrevista Nomes de Deuses) Paul Ricoeur/André Comte-Sponville (Entrevista Nomes de Deuses) Filme: Existenz Ilya Prigogine/ Hubert Reevers (Entrevista Nomes de Deuses) Vivência (Maria Fernanda Cardoso e Maurício Panela) Coordenação: Josineide Silveira e Sérgio Moraes Educar na era planetária (Edgar Morin) Cibernética e sociedade (Norbert Wiener) O nascimento do tempo (Ilya Prigogine) 2004 O que é vida? (Erwin Schrödinger) Cartas a Spinoza (Nise da Silveira) Apresentação cênica do livro “A roda da ciência” (Paul Caro) A inteligência da Complexidade (Edgar Morin) Filmes: Sansara, Dolls e Narradores de Javé 311 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Coordenação: Ceiça Almeida e Alex Galeno Terra-Pátria (Edgar Morin) O homem e a morte. (Edgar Morin) Cinema ou o Homem imaginário. (Edgar Morin) 2005 Método 1 (Edgar Morin) Método 6 (Edgar Morin) Política do Homem. (Edgar Morin) Política da Civilização. (Edgar Morin) Os Sonhadores, filme de Bernardo Bertolucci. Coordenação: Wani Fernandes e Alex Galeno E por falar em complexidade... O Método 4 (Edgar Morin) Os patinhos feios (Boris Cyrulnik) Filme: Hablaconella Diálogo sobre a condição humana (Edgar Morin e Boris Cyrulnik) Filme: A pessoa nasce para o que é 2006 O murmúrio dos fantasmas (Boris Cyrulnik) Memórias de minhas putas tristes (Gabriel García Márquez) Jogos da Natureza (Mário Novello) Os sonhos de Einstein (Alan Lightman) O pai Goriot (Balzac) Monoculturas da Mente (Vandana Shiva) A ciência é inumana? (Henri Atlan) 312 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Coordenação: Wani Pereira e Samir Cristino Filme: Narradores de Javé A ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora (Bruno Latour) Para sair do século XX (Edgar Morin) Filme: Babel 2007 Clarice Lispector Spinoza Blaise Pascal Ítalo Calvino Pai Goriot (Balzac) Hanna Arendt Coordenação: Wani Pereira Tristes Trópicos (Lévi-Strauss) O Método 5 (Edgar Morin) A questão da técnica (Martin Heidegger) O caçador de pipas (KhaledHosseini) 2008 Filme: Uma mente luminosa (Edgar Morin) O Método 2 (Edgar Morin) Filme: Do mundo nada se leva (Frank Capra) Emílio (Rousseau) Ciência, arte e literatura (Mesa redonda) 313 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Coordenação: Dalci Cruz Nostalgia do absoluto (George Steiner) Emílio (Jean J. Rousseau) Meus Demônios (Edgar Morin) Filhos do Céu (Edgar Morin e Michel Cassé) O Método 4 (Edgar Morin) 2009 Lições de mestres (George Steiner) Estructura simbólica del poder sociales (Harry Pross) Políticas da natureza (Bruno Latour) Educação perto da Natureza (CelestinFreinet) O suplício de Papai Noel (Claude Lévi-Strauss) A expressão das emoções no homem e nos animais (Charles Darwin) Filme: Quem quer ser um milionário? Coordenação: Margarida Knobbe e Josineide Silveira Documentário: Caminos a resolver (Arko México) Viagem a Liliput (H. G. Gadamer) Veredas (Memorial de Ceiça Almeida) A Epistemologia (Gaston Bachelard) 2010 Neurociências e transdisciplinaridade ou Frida Kahlo Matemática e arte em direções angulares O mundo codificado (VilémFlusser) Por que Marx? Manuscrito (Karl Marx) A arte da palavra em Mia Couto 314 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Coordenação: Josineide Silveira, Alexander de Freitas e Karyne Coutinho Exibição do Documentário Devorando Fausto – TVU/UFRN Baseado na obra Fausto, de Goethe O homem e a morte (Edgar Morin) 60 anos depois... 2011 Cinema e Pensamento René Descartes e as Ciências Modernas. Meditações ou As paixões da alma, de René Descartes Método e estratégias metodológicas Método complexo e os desafios da pesquisa, de Ceiça Almeida Coordenação: Josineide Silveira e Wani Pereira A religação dos saberes: o desafio do século XXI – as jornadas temáticas O Mundo A Terra A vida 2012 A humanidade Por dentro da máquina de Turing Línguas, civilizações, literatura, artes, cinema História Culturas Adolescentes Religação 315 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Coordenação: Josineide Silveira, Louize Gabriela, Mônica Reis e João Bosco Filho Um alpendre lilás para a educação e outros Prefácios Para pensar bem e outras Apresentações Ecce Homo - Homenagens a Edgar Morin Noite de primavera na UFRN: Saudação a Bibi Ferreira e outras Homenagens 2013 Metáforas como operadores cognitivos Lagoa do Piató como ecologia das ideias /Estaleiro de Saberes Complexidade e Cosmologias da Tradição Complexidade, Saberes Científicos, Saberes da Tradição Cultura e Pensamento Complexo Ciências da complexidade e educação – razão apaixonada e politização do pensamento O Pensamento do Sul como reserva antropológica Coordenação: Ceiça Almeida A ordenação da realidade (Werner Heisenberg) 2014 Ciência como nomadismo (Ceiça Almeida) Da amizade Da insubordinação Coordenação: Wani Pereira, Adeilton Dias e Mônica Reis Meus Demônios (Edgar Morin) 2015 Meus Filósofos (Edgar Morin) Meu Caminho (Edgar Morin) 316 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Coordenação: Wani Pereira, Fagner França, Thiago Lucena A Religação de saberes. O Desafio do século XXI, Edgar Morin (Apresentação do livro e introdução da 5ª Jornada) Ciência e literatura: ligações tempestuosas (Simone Vierne) Filme: Lisbela e o prisioneiro. Mikhail Bakhtin, Literatura em perspectiva dialógica Cinema, contemporaneidade, conhecimento A cegueira da visão: reflexões sobre contemporaneidade e conhecimento a partir do filme Ensaio sobre a cegueira. In: O mundo visto entre brumas: a contemporaneidade a partir do filme Ensaio Sobre A Cegueira Visita à exposição Cores de Ébano Música, Fotografia: emoção, ficção, imaginação Bandas de Música, escola de vida, de Ronaldo F. Lima Notas do Subsolo (Fiodor Dostoiévski) 2016 Cinema, imaginário, imaginação. A realidade semi-imaginária do homem (Edgar Morin) Cinema (Gilles Deleuze) Poesia e literatura em Octávio Paz O que é o contemporâneo (Giorgio Agamben) Os Filhos do Barro (Octávio Paz) História das Terras e Lugares Lendários Definição do fantástico (Tzvetan Todorov) Os lugares de romance e sua verdade (Umberto Eco) Fedora (Ítalo Calvino) Contracultura, Surrealismo, Dadaísmo Com as palavras se podem multiplicar os silêncios (Manoel de Barros) Symposium Caminhos de Sísifo e Dionísio Colecionismo e memória na obra de Jac Leirner e Rosangela Rennó. Fonte: Folders do GRECOM 317 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Desde o ano de 2002 os pesquisadores do GRECOM elaboraram cuidadosamente folders programáticos, nos quais eram elencadas todas as atividades desenvolvidas pelo grupo em cada ano. Esses folhetos incluem lançamentos de livros; seminários temáticos; cursos a serem ministrados; bancas de defesa de trabalhos acadêmicos; eventos e a programação das reuniões de estudo. Esse material é um recorte representativo da dinamicidade característica dessa base de pesquisa e pode também servir de fonte de informação, na qual são explicitadas as matrizes epistemológicas às quais o grupo se dedica a compreender, ao longo de seus 25 anos de existência. A seguir, listo os folders, do período de 2002 a 2016, que compõem parte do acervo do GRECOM. 318 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 70 – Folder atividades programáticas do GRECOM (2002) Fonte: Acervo do GRECOM 319 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 71 – Folder atividades programáticas do GRECOM (2003) Fonte: Acervo do GRECOM 320 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 72 – Folder atividades programáticas do GRECOM (2004) Fonte: Acervo do GRECOM 321 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 73 – Folder atividades programáticas do GRECOM (2005) Fonte: Folders do GRECOM 322 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura74 – Folder atividades programáticas do GRECOM (2006) Fonte: Folders do GRECOM 323 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 75 – Folder atividades programáticas do GRECOM (2007) Fonte: Folders do GRECOM 324 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 76 – Folder atividades programáticas do GRECOM (2008) Fonte: Folders do GRECOM 325 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 77 – Folder atividades programáticas do GRECOM (2009) Fonte: Folders do GRECOM 326 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 78 – Folder atividades programáticas do GRECOM (2010) Fonte: Folders do GRECOM 327 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 79 – Folder atividades programáticas do GRECOM (2011) Fonte: Folders do GRECOM 328 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 80 – Folder atividades programáticas do GRECOM (2012) Fonte: Folders do GRECOM 329 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 81 – Folder atividades programáticas do GRECOM (2013) Fonte: Folders do GRECOM 330 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 82 – Folder atividades programáticas do GRECOM (2014) Fonte: Folders do GRECOM 331 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 83 – Folder atividades programáticas do GRECOM (2015) Fonte: Folders do GRECOM 332 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Figura 84 – Folder atividades programáticas do GRECOM (2016) Fonte: Folders do GRECOM 333 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Orientação Individual e Coletiva A orientação constitui-se de um exercício intelectual que tem como propósito a construção de uma matriz teórica, epistemológica e temática que se desdobrará por um longo tempo, em formato de indagação científica, e que será posteriormente consolidada em formato de pesquisa. Orientar e ser orientado supõe disciplina intelectual; densidade de leitura; apreensão de uma matriz epistemológica comum; profundidade e leveza; dificuldades; prevalência da pesquisa; abertura e compartilhamento; rigor; criatividade; responsabilidade e ética de ambas as partes. São duas as modalidades de orientação: individual e coletiva. A primeira, como o próprio nome já diz, é realizada entre a orientadora e cada orientando, individualmente, para discutir questões pontuais e singulares de cada tema; sugerir direcionamentos com relação ao andamento da pesquisa; dar retorno ao discente sobre os textos em construção. A orientação coletiva, por sua vez, serve para discutir questões teóricas e epistemológicas mais gerais que são comuns a todas as pesquisas. Acontece com todos os pesquisadores e orientador em um único momento e serve como um termômetro cognitivo, que permite perceber o desenvolvimento das pesquisas individualmente em relação às pesquisas dos colegas. De modo que, nas orientações coletivas, são elucidadas questões acerca do método e das estratégias cognitivas. Uma das curiosidades das orientações coletivas é que todos os demais pesquisadores do grupo podem participar na condição 334 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE de espectadores, calados, sem a possibilidade de fazer qualquer intervenção, seja durante a explanação do orientando ou na arguição do orientador. Apenas ao final de cada sessão é dada a oportunidade aos pesquisadores ouvintes da plateia tecerem algum comentário ou sugestão em relação à pesquisa do colega. Essa modalidade de orientação permite aos diversos orientandos tomar para si sugestões, direcionamentos e orientações quanto ao zelo na redação textual, quanto à precisão na construção dos argumentos, o cuidado para fugir da superficialidade, evitar as generalizações, não sacralizar, nem muito menos diabolizar o tema ou os autores. Seminários Temáticos Os seminários temáticos realizados pelo GRECOM foram por muito tempo a bússola que direcionou o grupo para a adesão a uma perspectiva de pesquisa transdisciplinar. Narrar o acontecimento desses seminários é outra forma de demonstrar como opera um grupo que adere às ciências e não à ciência instituída; que atua na diversidade, aglutinando pensadores de distintos pertencimentos teóricos, e que está aberto à discussão sobre ideias de lógicos, filósofos, matemáticos, biólogos, físicos, historiadores, pedagogos, artistas plásticos, etc. Os propósitos desses seminários buscam suprir a carência intelectual acerca de conceitos mais técnicos, tornando-os mais compreensíveis; contribuir com a construção de uma base epistemológica comum que dê suporte às pesquisas realizadas pelos orientandos e pesquisadores e, com isso, potencializar as discussões realizadas nas dissertações e teses produzidas nesses momentos. 335 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Quadro 8 – Seminários Temáticos TÍTULO MINISTRANTE/ DATA REALIZAÇÃO PROFESSOR Edgar Morin: complexidade Maria da Conceição de 01 JUN 1995 e a questão do método Almeida Wittgenstein Jaime Biella 08 JUN 1995 Bachelard Marta Maria Castanho 15 JUN 1995 Pernambuco Ciências da Cognição Maria Cristina Dal Pian 22 JUN 1995 Design e conceito Ana Lúcia Aragão e Auta 06 JUN 1997 Estela Germano As paixões no drama de Zeferino Rocha 24 NOV 1997 Abelardo e Heloísa Complexidade e análise Nelson Fiedler-Ferrara 24 MAR 2000 literária Fractais: uma geometria Romildo Nogueira 30 JUN 2000 para os sistemas complexos Bioética: humanismo para o Marta Guerra Hussein 30 JUL 2000 século XXI Criticalidadeauto- Liacir dos Santos Lucena 29 SET 2000 organizada Projeto Genoma Iran Abreu Mendes 1 DEZ 2000 Ritmos biológicos: o ciclo John Fontenele 27 ABR 2001 sono - vigília Em busca dos pilares da José Renan de Medeiros 22 MAR 2002 criação, da origem e do tempo História ecológica: da Aristotelino Ferreira 19 ABR 2002 competição à cooperação História ecológica: da Aristotelino Ferreira 19 ABR 2002 competição à cooperação Cosmologias claricianas: Ailton Siqueira 24 MAIO 2002 uma estrela chamada Lispector 336 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Da cultura animal à Edgard de Assis Carvalho 29 MAIO 2002 natureza humana Holograma José Ferreira Neto 14 AGO 2002 Diálogos em Bakhtin Bernadete Fernandes de 01/11/2002 Oliveira Gestão Participativa Hildemar Peixoto 27 JUN 2003 Narrativas de doença e Elizabete Souza 25 JUL 2003 clínica Narrativas da doença e Elizabete Cristina 25 JUL 2003 clínica Fagundes Souza Alquimia Luís Seixas das Neves 26 AGO 2003 Conversando com a filosofia Maria Fernanda Cardoso 24 NOV 2003 latino-americana: as ideias de Raul Fornet-Bertencourt Utopias Eli Celso A. D. da Silveira 15 JUN 2004 Mapas cognitivos José Queiroz Pinheiro 13 AGO 2004 Mitos Lunares Luiz Carlos Jafelice 18 NOV 2004 A geografia como ecologia Aldo Aloísio Dantas da 16 SET 2009 humana Silva Sexualidade entre os Bernadete Cordeiro 12 DEZ 2012 primatas Seminário de Verão Edgard de Assis Carvalho 12 a 14 DEZ 2016 Complexidade e Psicanálise e Edmilson Lopes Fonte: Acervo do GRECOM Oficinas do Pensamento As oficinas do pensamento configuram-se como atividade regular do GRECOM que têm como objetivo deter-se sobre um tema de leitura, uma obra específica ou uma questão de pesquisa que trazem dificuldade de compreensão. A finalidade é a de contribuir, coletivamente, para os projetos pontuais de investigação dos pesquisadores do grupo. 337 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Como toda oficina de trabalho tem materiais, instrumentos e ferramentas de trabalho, na oficina do pensamento não é diferente. O que muda é a natureza desses instrumentos. Os convidados, verdadeiros engenheiros mecânicos do pensamento, recorrem a materiais imagéticos, sonoros, físicos, metafísicos, artísticos e sensoriais. Tudo para possibilitar a compreensão das noções, argumentos e conceitos por eles apresentados. Essas atividades não são desenvolvidas de forma pragmática. Uma dessas oficinas do pensamento, por exemplo, teve como tema central a amizade. Nesse encontro, o grupo contou com um de seus parceiros e assessor permanente Edgard de Assis Carvalho, que falou sobre o tema Da amizade na ciência. Esse encontro foi regado com muita erudição, sensibilidade e emoção. Para narrar e descrever o laço de amizade afetiva e intelectual vivido por ele e Conceição Almeida, durante a oficina, Edgard Carvalho lançou mão de três instrumentos portadores de dimensões inteligíveis e facilitadores da compreensão. São eles: o texto ensaístico O amigo, do filósofo Giorgio Agamben; o quadro do pintor italiano barroco Giovanni Serodine, chamado O encontro dos apóstolos Pedro e Paulo no caminho para o martírio, que está no museu de arte contemporânea de Roma, e um acervo pessoal composto por uma longa correspondência em cartas manuscritas, trocadas por ele e Ceiça Almeida, ao longo dessas quase três décadas de cumplicidade. Nas palavras proferidas por Edgard Carvalho, na ocasião da oficina: 338 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Não se pode viver sem amigos, mas é necessário distinguir a amizade. Ela não pode ser fundada em interesses e utilidade. A verdadeira amizade é a amizade virtuosa, na qual amamos o amigo como ele realmente é, e por aquilo que ele é, não é possível, portanto ter muitos amigos. O amigo é o outro de si mesmo, e, portanto, é o heteros autos. O amigo sente com, partilha com, dissemina com, sente com, com vive. A amizade é na verdade uma partilha existencial. O amigo é o outro eu. A amizade é a partilha soberana da existência (Aristóteles) que precede todas as outras partilhas, econômica, social, cultural, etc. A realização dessa atividade do grupo me ensinou uma grande lição: Devemos aderir a um jeito de fazer ciência que tenha na amizade um nutriente importante. Em que a troca de correspondências entre dois pensadores e amigos possa servir de material para reflexão e possa ser listada no rol das referências bibliográficas, figurando como uma fonte fidedigna, pertinente e necessária para a construção do conhecimento científico. A seguir, de forma complementar e para se constituir de fonte de pesquisa, elenco as oficinas do pensamento ocorridas no GRECOM, no período de 1997 a 2017. 339 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Quadro 9– Programação e coordenação das Oficinas do Pensamento Datas Oficina do pensamento Sessões alternadas com textos e exibição de filmes Física/ Complexidade/Educação Filme: Edgar Morin Hipertextualidade Filme: Da fragmentação à globalidade Cultura e universalidade 1997 Filme: O universo caótico Biologia e Educação Filme: A crise de percepção Pensamento Complexo Metáfora da Complexidade Filme: O mundo em transformação Oralidade e tradição Coordenação: Dr. Emílio Roger Ciurana e Ceiça Almeida 2003 Transdisciplinaridade e questões do Método Complexo Coordenação: Ceiça Almeida e apresentação dos temas de pesquisa dos orientandos do grupo Oficina do Pensamento 1 – Rita de Cássia Ribeiro e João Carlos Neves de Souza Nunes Dias Oficina do Pensamento 2 – Wyllys Abel Farkatt Tabosa e Silmara Lídia Marton Oficina do Pensamento 3 – Jorge Luiz Freire de Aquino e Ronaldo Ferreira de Lima 2005 Oficina do Pensamento 4 – Francisco Flávio dos Anjos e Veldecí dos Santos Oficina do Pensamento 5 – Carlos Henrique Lisboa Fontes e Maria de Fátima Araújo Oficina do Pensamento 6 – Lenice Silveira Moreira Raymundo Silva e Paulo Henrique Façanha Miranda Oficina do Pensamento 7 – Elane Andrade Correa e Margarida Maria Knobbe 340 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Coordenação: Ceiça Almeida e Juliana Rocha Seminário Introdutório às Oficinas sobre os temas Método Complexo, Transdisciplinaridade e Ecologia das Ideias (o seminário foi composto por três mesas redondas nos dias 19, 20 e 21 de junho das 1700 às 21:00h) PROGRAMAÇÃO Dia 19/06 - Mesa redonda com participação de Ronaldo Lima, Rita de Cássia Ribeiro, Hostina Nascimento, Renato Figueiredo e Walmir Paes Dia 20/06 - Mesa redonda com participação de Carlos Alberto Pereira, Rodrigo Bezerra, Marjorie Medeiros, Carley Rodrigues, Paula Vanina, AnalwikTatielle Dia 21/06 – Mesa redonda com participação de Samir Cristino, WyllysFarkat, Silmara Marton, Lenice Moura, João Carlos, Flávio dos Anjos e Paulo Henrique 2006 Textos apresentados: • Félix Guattari, Eduardo Portela e René Passet (livro sobre interdisciplinaridade) • Edgar Morin (O método in vivo, e Os mandamentos da complexidade, nos livros Sociologia e Ciência com Consciência) • Edgar Morin/Emílio Roger Ciurana/Raúl Motta (livro Educar na era Planetária) • Bassarab Nicolescu (livro Manifesto da Transdisciplinaridade) • Vandana Shiva (livro Monoculturas da Mente); • Mauro Ceruti (Uma Ecologia Humanista); • Ilya Prigogine (Carta às Futuras Gerações, Ciência Razão e Paixão no livro Ciência Razão e Paixão e entrevistas concedidas a Guita Pessis Pasternak e Renée Weber) 341 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE 2014 Coordenação: Ceiça Almeida e Thiago Emmanuel Araújo Severo Ciências da Complexidade e Biologia Apresentação e discussão de dissertações de mestrado de orientandos do Mestrado em Ensino de Ciências e Educação e Educação Matemática (UEPB) Mayara Larrys Gomes de Assis Nogueira Tafarel Fernandes Tavares de Melo Coordenação: Ceiça Almeida e Edgard Assis de Carvalho Seminário Avançado de Pesquisa com Edgard de Assis Carvalho (PUC-SP) 2015 Coordenação: Ceiça Almeida Sobre a concepção de Números Complexos Palestrante: Iran Abreu Mendes Coordenação: Ceiça Almeida Fronteiras borradas: Geografia, Biologia, Sociologia Apresentação e discussão dos projetos de licença capacitação, pós-doutorado e bolsa recém-doutor vinculados aos Programas de Pós-Graduação em Educação e Ciências Sociais e orientados por Maria da Conceição Xavier de Almeida. 2017 Pós-doutores: Eugênia Maria Dantas – UFRN (Licença capacitação) Fagner França – UFRN (Bolsa recém-doutor) Patrícia Limaverde - UECE (Pós-doutorado) Fonte Arquivos do GRECOM 342 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Para uma universidade complexa A reforma e reestruturação da universidade, realizada por Wilhelm von Humboldt no século XIX, libertou as instituições do controle da igreja e do Estado; fortaleceu as ciências disciplinares e consolidou o núcleo de problematização e questionamentos necessários ao espírito científico. Desde então, acreditava-se que o propósito da formação universitária deveria ser o de não só formar os estudantes para o exercício profissional e para a investigação, mas também para a vida. A criação dos centros e departamentos universitários contribuiu para o avanço da ciência e propiciou uma gestão acadêmica mais eficiente. Entretanto, ao longo dos anos, a disciplinaridade deu lugar à especialização e, mais recentemente, à superespecialização não comunicante. Nesse cenário extremamente qualificado, cultiva-se uma concepção de formação fragmentada, reducionista, individualista e, portanto, anticomplexa. Nos últimos sessenta anos, a inter-relação da ciência com a tecnologia, e os vínculos que se estabeleceram com a sociedade mediante a revolução científica e tecnológica, multiplicaram – ao mesmo tempo que enclausuraram – a universidade. (MORIN; DÍAZ, 2016, p. 83) Os pressupostos acadêmicos norteadores dessa formação especialista, competentes em áreas, temas e problemas cada vez mais específicos, não fornecem respostas aos problemas postos à humanidade na atualidade. Esse cerceamento da universidade culminou por dificultar o cumprimento da missão a ela reservada, como principal responsável por resguardar o conhecimento 343 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE produzido, e, a partir dele, possibilitar novas descobertas necessárias à manutenção da vida; das espécies, incluindo a humana, e do planeta. Os desdobramentos da revolução tecnológica alteraram significativamente as relações entre universidade e sociedade. Essa mudança fez com que a instituição universitária deixasse de ser vista como local onde se busca o conhecimento, e passasse a figurar como uma escola de caráter profissionalizante, com vistas à possível ascensão social e econômica. Desse modo, o perfil de indivíduos que buscam ingressar nas universidades também mudou. As aspirações desses sujeitos centram-se na aquisição de um diploma para inserir-se no mercado de trabalho, ao invés da necessidade do conhecer. Dentre as necroses mais visíveis que acometem a universidade na atualidade, está o caráter utilitário que o conhecimento e o saber adquiriram na sociedade capitalista atual; a mensuração do conhecimento produzido; a inquisição imposta pelos clérigos da eficiência e da eficácia, em busca de indicadores de produção científica para alimentar seus relatórios; a proliferação de pesquisas superficiais e repetitivas, e a separação das culturas científica e humanística, que consequentemente priorizam a formação técnica e profissional em detrimento daquelas de cunho mais filosófico, epistêmico ou artístico. Esse cenário de pragmatismo excessivo aproxima a instituição universitária das empresas e as afasta da sociedade, fazendo com que esqueçamos que o conhecimento não é compatível com a linha de produção, e que, portanto, não pode proporcionar uma produção em massa e em curtos espaços de 344 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE tempo. O utilitarismo leva-nos à construção de uma indústria universitária e nos afasta das ágoras do bom pensamento, como alerta Ordine: No universo do utilitarismo, um martelo vale mais que uma sinfonia, uma faca mais que um poema, uma chave de fenda mais que um quadro: porque é fácil compreender a eficácia de um utensílio, enquanto é sempre mais difícil compreender para que podem servir a música, a literatura, ou a arte. (ORDINE, 2016, p. 12) Na nossa realidade atual, lamentavelmente, nas universidades valem mais uma dúzia de artigos repetitivos publicados em periódicos científicos internacionais, avaliado pelos pares como Qualis A, do que uma obra que traga contribuições significativas, não imediatistas e que realmente acrescente algo de relevante à produção de conhecimento já existente. É claro que não se trata de fazer generalizações ou diabolizar as avaliações realizadas pelas agências de fomento à pesquisa. Antes, reconheço a necessidade de se acompanhar a gestão acadêmica e científica, e percebo como positivo o envolvimento dos docentes universitários na gestão acadêmica. A crítica aqui realizada centra-se no excesso de mensuração dado aos índices produtivos e às decisões tomadas a partir deles. É inegável que, diante de uma sociedade onde impera a desigualdade, com escassas oportunidades de trabalho e vida digna, na qual o acesso à universidade pode se configurar como único passaporte para melhora das condições de vida, a necessidade de sobrevivência seja sobreposta à necessidade do conhecer. De todo modo “será preciso lutar muito nos próximos 345 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE anos para salvar dessa deriva utilitarista não somente a ciência, a escola e a universidade, mas também tudo o que chamamos “cultura” (ORDINE, 2016, p. 147). A universidade não pode se assemelhar a uma fábrica de trabalhadores úteis para o mercado. Em oposição ao utilitarismo e ao produtivismo, deveria se constituir num casulo de sonhos e experiências capazes de desenhar novos horizontes sociais. Mais do que a formação técnica, poderia se empenhar em transformar as mentes dos jovens estudantes para asumir os desafíos postos pela sociedade, em todos os niveis. Dessa perspectiva, ela precisa ser reinventada. Dentro da institucionalidade educativa, a universidade é um dispositivo fundamental que necessita ser reinventado, ou seja, pensado e feito em correspondência com a natureza dos problemas cruciais que enfrentamos como comunidade e como humanidade. (MORIN; DÍAZ, 2016, p. 67) Foi nesse cenário de crise dos valores éticos e humanitários da universidade que iniciei a formação doutoral em 2015. Aos poucos percebi que esse local privilegiado de construção de saberes encontrava-se ameaçado pelo poderoso vírus tecnoburocrático do pragmatismo utilitário. Essa consciência emergiu no interior de uma base de pesquisa universitária que, ao longo de 25 anos, configura-se como um espaço de exercício do bom pensamento e que assume a tarefa de compartilhar sua história e produção acadêmica com o maior número possível de pessoas, de modo a fazer germinar espaços de cultivo da sabedoria. 346 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Ao longo desses três anos, procedi à construção de uma cartografia do GRECOM. Nesta, registrei projetos e ações promovidas em nível local, nacional e internacional; eventos e produção das sementes necessárias à regeneração da instituição universitária; a parte que contém o núcleo principal responsável pela manutenção e reinvenção do todo. A primeira constatação que me foi dada a construir diz respeito à composição diversa do grupo, o elenco de parceiros, amigos, pesquisadores e orientandos que fizeram ou ainda fazem parte da história do GRECOM. São eles: antropólogos, cientistas sociais, pedagogos, enfermeiros, biólogos, assistentes sociais, matemáticos, nutricionistas, advogados, historiadores, filósofos, jornalistas, bibliotecários, engenheiros, geógrafos, ambientalistas, arquitetos, músicos, artistas plásticos, escritores, poetas, lógicos, sociólogos, designers, geólogos, administradores, educadores indígenas, pescadores, líderes comunitários, repentistas e artistas de diversas áreas. Esses são exemplos dos pertencimentos que por lá fizeram morada. A segunda constatação foi perceber como nesse quarto de sé- culo o grupo teceu os fios de uma reforma do pensamento, no inte- rior da comunidade acadêmica, atuando na tríade ensino, pesquisa e extensão, e para além dela, contribuindo com a manutenção de dois programas de pós-graduação, servindo de incubadora para novos grupos de pesquisa e, de forma paradigmática, contribuindo com a história e a memória da UFRN. Acredito que são esses os caminhos para a reinvenção da universidade sugeridos por Morin e Díaz (2016). Para os autores, a reinvenção da universidade depende da reforma profunda 347 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE do ensino e do pensamento; da religação entre ciência, ética e política; da reconceitualização da democracia; e da preservação de um Pensamento do Sul. Essas vias para regenerar a instituição universitária podem ser identificadas nas ações desenvolvidas pelos pesquisadores do GRECOM. A reforma da instituição universitária é uma questão atual e urgente. Como afirma Edgar Morin (2011), ela só será gestada por iniciativas marginais e periféricas, espaços de resistência a pressões institucionais, sociais, econômicas e políticas. Nichos de exercício de uma nova reorganização da cultura científica em patamares complexos e da metamorfose e politização do pensamento. “Para transcender e reencontrar a si mesma neste novo milênio, a universidade deve tomar consciência das barreiras institucionais e das aberturas epistemológica, cultural e política necessárias à sua reinvenção” (MORIN; DÍAZ, 2016, p. 100). Por fim, elenco alguns argumentos que sugerem ser o GRECOM um oxigênio capaz de facilitar a reinvenção da instituição universitária: 1. O grupo advoga por uma ciência consciente de seus limi- tes, que comporta a incerteza, o inacabamento e concebe o erro como elemento necessário à aprendizagem; 2. Reelabora uma concepção de pesquisa que é nutrida, alimentada e ressignificada permanentemente; 3. Tem por horizonte a realização de pesquisas por intermédio da religação de saberes e da reforma do pensamento; 4. Opera a transdisciplinaridade como uma atitude que potencializa a ação e o deslocamento de limites; 348 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE 5. Busca sempre promover o diálogo entre a cultura das humanidades, a cultura científica e os saberes tradicionais; 6. Desenvolve ações de extensão que constroem um canal de comunicação entre a universidade e a sociedade. 7. Realimenta a rede de seus interlocutores em níveis local, nacional e internacional; 8. Promove eventos e ações em parcerias com instituições acadêmicas, sociais, políticas e religiosas; 9. Tem como responsabilidade ética a formação de indivíduos comprometidos com o destino planetário. Podem as universidades ainda reencontrar os seus ideais de uma formação mais integral dos cidadãos? Sim! Mas isso só acontecerá se elas não se imobilizarem em estruturas hierárquicas rígidas e se buscarem constantemente, pela regeneração, as vias da auto-superação e da metamorfose. 349 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE P 350 POSFÁCIO EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE UM PIQUENIQUE À BEIRA DO ABISMO MARGARIDA MARIA KNOBBE6 6 Dados da autora: Jornalista e Assistente Social. Mestre e Doutora em Ciên- cias Sociais, pesquisadora do GRECOM/UFRN, professora da Faculdade Estácio, em Natal/Rio Grande do Norte. Principais publicações: Ciclos e Metamorfoses: uma ex- periência de reforma universitária. Porto Alegre: Sulina, 2003, coautoria com Maria da Conceição Almeida; Polifônicas Ideias – por uma ciência aberta. Porto Alegre: Sulina, 2003, co-organizadora com Maria da Conceição Almeida e Ângela Almeida; O que é compreender? Viajando com Gulliver por velhos e novos mundos, em com- panhia de Edgar Morin, Hans-Georg Gadamer, Maria da Conceição de Almeida e outros pensadores de diversas áreas do conhecimento. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2014; O intelectual e a cultura: múltiplas ressonâncias. Natal: EDUFRN, 2016, coautoria com Maria da Conceição de Almeida. 352 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Agradeço a honra de assinar o Posfácio deste livro que consta de duas partes que dialogam entre si. A Parte I, de Ceiça Almeida, que atualiza as memórias do GRECOM em seus 25 anos de existência, e a Parte II, com o texto que foi originariamente a tese de doutorado de Mônica Karina Santos Reis, que também trata da história do GRECOM, com o título Reinventar a Universidade: um ensaio sobre o Grupo de Estudos da Complexidade - GRECOM/UFRN. Exponho aqui algumas ideias expressas em minha arguição, durante a referida banca de defesa de Mônica. Na ocasião, senti- me literalmente em um piquenique à beira do abismo, expressão criada por Alex Galeno, tantas vezes repetida pelos pesquisadores do GRECOM e citada na tese. Manterei minhas palavras no tempo verbal em que elas foram anunciadas no dia 15 de fevereiro de 2018. Referindo-me à imagem do piquenique à beira do abismo, enunciei: Desta vez, o piquenique é alimentado pelo clima de alegria por compartilhar deste momento para conversar sobre uma pesquisa que trata de um tema tão caro para mim e para todos nós: o GRECOM e a universidade. Sentir-me à beira do abismo 353 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE vem por força da grande responsabilidade que é estar ao lado de intelectuais queridos e de tanta competência (a orientadora Maria da Conceição de Almeida e os professores arguidores Edgard de Assis Carvalho, Walter Pinheiro Barbosa Júnior e Margarida Maria Dias de Oliveira). Li o texto de Mônica me implicando nele. Não poderia ser diferente. Tanto pelo tema em si, quanto pelo grupo de pesquisa e de amigos que me acolheram há cerca de 20 anos. Mas, também, e sobretudo, por testemunhar os ecos e desdobramentos de uma história narrada por mim e Ceiça Almeida por ocasião dos dez primeiros anos do GRECOM, no livro Ciclos e Metamorfoses: uma experiência de reforma universitária (2003). À época, era meu propósito também fazer deste tema a minha pesquisa do doutorado. Porém, após ‘mergulhar’ em outras brechas sugeridas pelo pensamento complexo e pelos instigantes desafios epistemológicos colocados por Hans-Georg Gadamer, mudei de rumo. Uma nova obsessão cognitiva me arrebatou, talvez mesmo por força de minha experiência com os meios de comunicação de massa, com o jornalismo científico e com a produção e edição de livros didáticos. A afirmação de Morin de que a comunicação não garante a compreensão tornou-se, pois, uma obsessão cognitiva para mim. Fui, então, no doutorado, navegar com Gulliver e, na companhia de Edgar Morin e Gadamer, me desloquei por territórios diversos para tentar compreender a compreensão (KNOBBE, 2014). Voltando à tese de Mônica, fiz alguns apontamentos para dialogarmos, como se algumas das suas reflexões fossem também minhas. 354 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Fiquei surpresa e feliz porque a pesquisadora conseguiu, apenas em sete meses após a qualificação, estruturar as ideias, a escrita e consolidar a tese, observando muitas das sugestões e inspirações do professor Alex Galeno e minhas, mas no seu próprio estilo e suas próprias bifurcações de caminhos. Como diria João Guimarães Rosa, foi “assim um crescer e desconter-se, certo como o ato de respirar”, o de fugir do espaço em branco (ROSA, 1988). Esta é a primeira sensação que tenho frente à tese: ela retrata um ‘crescer e desconter-se’. Realizei duas leituras deste trabalho, sobre as quais passo a falar, tentando entrelaçar os tempos: passado e presente, conforme sugestão de Italo Calvino no livro O castelo de destinos cruzados (1991), pois o GRECOM é o castelo onde nossos destinos se cruzam. Não falo do futuro porque sei que “os nossos futuros estão indefinidos, suspensos numa viagem que não terminou nem está para terminar” (CALVINO, 1991, p. 13-14). 1ª. LEITURA – Em relação ao passado: me inspira o verbo comparar Primeiro, gostaria de lembrar da formação de bibliotecária da autora, que, aliás, está contextualizada muito bem na tese, sem enclausurar a sua subjetividade. A ancoragem do seu lugar na ciência: a biblioteca, a ciência da informação. Embora esse não seja o ponto de partida da minha própria formação, sei que uma das primeiras habilidades que se espera de um bibliotecário é vigiar. 355 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Ou seja, ser guardião ou conservador das informações. Em segundo lugar, espera-se que esse profissional tenha habilidades de tratar as informações para facilitar o seu uso, muitas vezes até sendo colaborador e coautor de pesquisadores. Creio que, neste trabalho, Mônica demonstrou essas duas habilidades. E foi muito além. Percebi que ela vigiou, observou com zelo as sugestões e insights da banca de qualificação. Entre outras coisas, contextualizou e esclareceu melhor algumas noções, como é o caso do nomadismo, da estratégia no método complexo, da expressão ‘bem-vindo ao inferno’, etc.; levou em conta esse caráter unitas multiplex do GRECOM; aprofundou alguns aspectos da dinâmica original do grupo (como é o caso das orientações individuais e coletivas, entre outras). Também tratou as informações disponíveis e problematizou os dados documentais. A tese complementa com competência, cronológica e epistemologicamente, os outros escritos sobre a história do GRECOM, como o livro Ciclos e Metamorfoses (2003), que usa como referência sem se prender desnecessariamente a ele. Consegue captar novos aportes para contar a história do GRECOM. Pois, “tudo começa em muitos lugares e em muitos momentos; algumas coisas até mesmo antes do próprio nascimento de alguém, em países estrangeiros, e na mente de outras pessoas” (BARNES, 2017, p. 17). Penso também que a história do GRECOM não é nada linear, como aparentemente um texto com datas e fatos sugere. É uma história jazzística, de natureza nervosa, convulsiva e espasmódica, na qual os fatos podem estar sujeitos a variadas interpretações. Como diz Morin, “as marcas do passado por vezes nos esclarecem, 356 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE às vezes, ao contrário, nos desviam”. (2012, p. 351). O que importa não são os fatos em si (embora eles também importem, e muito), mas os significados que carregam. Acontece que o tempo fabrica ruídos e temos a tendência de nos apegar ao que está na superfície: os ‘dados objetivos’. O que pode ser usado contra esse ruído do tempo? Considero, como o escritor Julian Barnes, que “só a música que está dentro de nós – a música do nosso ser – é que é transformada por alguns em música de verdade. Que (...) se for forte e verdadeira e pura o suficiente para abafar o ruído do tempo, é transformada no sussurro da história” (2017, p. 17). A partir da ‘música’ que já estava dentro da pesquisadora, a tese consegue superar algumas contingências. Entre elas, ‘o ruído do tempo’, sem se apegar ao que está na superfície: os ‘dados objetivos’, fatos, datas, relações de nomes, etc., embora os inclua. A tese é um ‘organismo em crescimento’, expressão que empresto do indiano Ranganathan ao referir-se à biblioteca. A partir dela, é possível se fazer várias leituras da história do GRECOM: a epistemológica, a histórica, a informacional, a cronológica. Tudo se passa como se seguisse alguns dos princípios estabelecidos em 1928 para a biblioteconomia, pelo próprio Ranganathan (2009), especialmente o segundo princípio que diz: “a cada leitor seu livro”. Nesse sentido, eu diria que há aqui uma tese para vários tipos de leitores. Como diz Bruno Latour, em Cogitamus, este trabalho aprendeu “a transformar o que habitualmente serve de explicação naquilo que, ao contrário, deve ser explicado” (2016, p. 17-18). Nesse sentido, a história do GRECOM contada na tese tem como 357 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE base uma epistemologia política, dramatizando adequadamente os argumentos e transportando as informações existentes, transformando as sinuosidades da ação coletiva que, por desvios e composições, vão embaralhar elementos de origens muito diferentes. Faço questão de ressaltar as habilidades e aprendizagens adquiridas na formação da autora porque, ao transpor nossos limites rumo à complexidade e à transdisciplinaridade, é importante visualizar de onde partimos. Nesta ciência mestiça há o desafio de supor, expressar e ultrapassar obstáculos disciplinares e pontuais, apoiando-se no magma de conhecimentos anteriores, articulando novas referências e fazendo surgir novas emergências narrativas. Assim como o GRECOM é um dos caminhos possíveis de reinventar a universidade, a tese de Mônica Reis e este livro reinventam a história do GRECOM, que é a mesma de outras narrativas, mas é também outra, porque reconstrói sentidos, cenários e produz novos conhecimentos. Temos aqui uma fotografia do GRECOM que se pode abraçar, como sempre foi o meu desejo manifesto. Esse abraço se expressa por meio de uma multiplicidade potencial do narrável, a partir do jogo combinatório dos significados e das existências das pessoas que passam pelo grupo ou são tocadas por ele. A Parte II deste livro é como se fosse o fragmento do poema “Brincar de cacto”, de Cassiano Ricardo, que usei em Ciclos e Metamorfoses (2003, p. 129) como epígrafe para falar dos princípios do conhecimento pertinente: 358 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE (...) Uns nos ombros dos outros, Um braço a nascer de outro braço, Uma folha sobre outra, Formaremos um grande cacto. De cada braço, já no espaço, Nascerá mais um braço, e deste Outros braços, qual ramalhete De flores para um só abraço. (...) 2ª. LEITURA – Em relação ao presente: me inspira a imagem de uma montanha-russa Sem se utilizar excessivamente dos artifícios da metáfora e das composições em verso que, para muitos, erroneamente, é única maneira de se identificar um poema, a autora da Parte II consegue, pela clareza e pelo rigor da linguagem, produzir uma sinestesia (cruzamento de sensações; associação de palavras ou expressões em que ocorre combinação de emoções diferentes numa só impressão). Estamos diante de um pensamento vivo, enérgico, vibrante com palavras próprias, sem adornos estéticos, valorizando a linguagem que quer ser compreendida mais nua, como se uma palavra estendesse a sua mão-significado para outra. Quem me conhece sabe que eu tenho outro estilo, mais metafórico e até ‘rimado’, poderia dizer assim, mas reconheço e admiro a escrita de Mônica, porque ela alcança um entendimento sem esforço e sem se utilizar desses artifícios. Tira proveito ético e estético dessa singularidade. O texto é metapoético, cria uma linguagem em estado natural inclusive a partir de fontes poéticas. 359 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Lembro aqui de um livro do escritor português Valter Hugo Mãe, intitulado Homens imprudentemente poéticos (2016), em que os personagens não são poetas, mas um artesão, um oleiro e uma menina cega, que vivem numa aldeia japonesa pobre à beira de uma floresta e de uma montanha, onde as pessoas vão para suicidar-se. Suas vidas são permeadas de sombras, medo e mistério, mas esses personagens são sensíveis e delicados, com corações generosos. O texto desta tese, para mim, é como esses personagens, no sentido de que consegue ser imprudentemente compreensível com a pureza de uma linguagem concreta e sinestésica, ao mesmo tempo, sem render-se aos vícios dos jargões da ciência impostada e estéril. Digo tudo isso para reafirmar a importância das multiplici- dades e das singularidades na história do GRECOM. Ninguém chega ao grupo de forma avulsa e sem passado. É claro que se pressupõe transformação. Porém, estilo é. Ponto. Assim como ca- ráter também é. Ponto. Em caso de desordem, às vezes é mais fácil buscar muletas, o que Mônica não faz. Se o termo autor vem do latim augere, ou seja, alguém que aumenta, que faz crescer, enriquecendo a matéria sobre a qual trabalha, conforme Michel Serres (2007), esta tese fez crescer qualitativamente a imagem do GRECOM quando a autora afirma, entre tantos outros argumentos, que ele é a sua “universidade viva”. E o faz crescer quantitativamente com a atualização das informações das atividades realizadas pelo grupo, e o abundante conteúdo documental que reúne. 360 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Ao mesmo tempo, o texto e seus argumentos “recusam toda autoridade [palavra que tem a mesma origem de autor] que não faz crescer nada nem ninguém” (SERRES, 2007, p. 73). Daí a segunda sensação que tenho diante deste trabalho: na sua escrita e no seu processo científico, emergem a honestidade intelectual de que “o abstrato depende do concreto” (SERRES, 2007, p. 100). Não há imposturas nem muletas. Creio ser bem pertinente o termo ‘ensaio’ no título original da tese (Reinventar a Universidade: um ensaio sobre o Grupo de Estudos da Complexidade -GRECOM/UFRN). O texto experimenta, tem a pretensão de, não só contar uma história, mas também nos “fazer pensar, sentir, imaginar, agir” neste nosso tempo de tantas catástrofes, conforme proposição de Isabelle Stengers (2015), inclusive para o pensamento livre e a universidade, e que “a mudança é hoje uma obrigação ardente”. Acredito igualmente que foi muito feliz ao usar a ideia de ‘modelo reduzido’ de Lévi-Strauss para comprovar que o GRECOM reinventa aspectos do ensino superior no interior de uma instituição universitária maior, que é a Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, a partir de ideias e princípios que vão de Humboldt a Morin. Sobre essa ideia, julgo importante um esclarecimento, mesmo correndo o risco de cometer inconsistências diante do prof. Edgard Carvalho e da profa. Ceiça Almeida, dois estudiosos de Lévi-Strauss e com muita autoridade sobre o assunto. Pelo que entendo, Lévi-Strauss cria essa ideia do ‘modelo reduzido’ para transpor as características sensíveis da arte para a ciência. Em O 361 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE pensamento selvagem (2008), por exemplo, diz ele que a arte é um “modelo reduzido” da natureza, a reprodução de um objeto em dimensões simplificadas de acordo com os limites impostos pela técnica, suporte e materiais adotados. A redução não corresponde apenas a uma questão de tamanho. Nas próprias palavras do autor: “mesmo o tamanho natural supõe o modelo reduzido, pois que a transposição gráfica ou plástica implica sempre uma renúncia a certas dimensões do objeto: em pintura, os volumes, as cores, os cheiros, as impressões táteis, até na escultura; e nos dois casos, a dimensão temporal, pois a totalidade da obra figurada é apreendida num instante” (LÉVI- STRAUSS, 2008, p. 39). O modelo reduzido instaura uma inversão do processo de conhecimento, pois permite justamente perceber o todo antes das partes. Ou mesmo, mais propriamente, concebe a parte como contendo o todo. Nisso percebo que as reflexões de Edgar Morin, a respeito da relação parte-todo, amplificam e oferecem textura epistemológica à concepção levistraussiana de modelo reduzido. A autora percebeu isso, o que é importante. Portanto, a ideia de ‘modelo reduzido’ utilizada na tese (literalmente) para contar a história do GRECOM não é uma metáfora, como alguns desavisados poderiam supor. Metáfora é transposição, transporte de um lugar para outro, contrabando de sentidos, ou um elemento de novidade que surge das relações potencialmente dissonantes. Dessa forma, entendo essa estratégia de método como um operador cognitivo. Um facilitador que “compensa a renúncia às dimensões sensíveis pela aquisição de dimensões inteligíveis”, conforme está posto na própria tese. 362 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE É bastante ousado de parte da pesquisadora, embora isso esteja implícito e não explicitamente no texto, utilizar essa ideia levistraussiana ao expressar que o GRECOM tem a mesma posição privilegiada da arte, como modelo reduzido de universidade, que ressignifica a própria universidade dentro da qual se criou e desenvolveu, apesar de... Ou que o GRECOM é o que toda universidade deveria ser. Enfim, gostaria apenas de fazer uma provocação. Embora Mônica assuma que sua pesquisa seja incompleta e lacunar, como qualquer pesquisa, não vejo nela qualquer alusão a acontecimentos que não caibam no Curriculum Lattes, o documento padrão acadêmico, e linear (no sentido de que apenas inclui os sucessos), para registro da produção intelectual dos estudantes e pesquisadores brasileiros. Longe disso, o GRECOM, assim como a vida, pode, para mim, ser comparado a uma montanha-russa, ideia que empresto do poeta chileno recém-falecido Nicanor Parra, próxima da expressão “bem-vindo ao inferno”. Durante muito tempo, a universidade, mesmo com sua relevância, princípios e riqueza de criação e conhecimento, foi apenas em parte um paraíso solene. Assim, poderíamos dizer como Parra (2011): Até que vim eu [GRECOM] E me instalei com a minha montanha-russa. Subam, se vos apetecer. Claro que eu não me responsabilizo se saírem A deitar sangue da boca e do nariz. 363 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Faço essa referência porque lembro de algumas vezes em que, metafórica e literalmente, especialmente Ceiça Almeida deitou sangue, suor e lágrimas. Porém, penso que os propósitos desta tese foram de outra natureza, na medida em que pretendeu, talvez, dar visibilidade aos frutos positivos das metamorfoses operadas pela regeneração do sangue, suor e lágrimas que muitas vezes nos acometem na academia. De todo modo, tenho uma provocação a esse respeito e a deixarei para o final. Portanto, a história do GRECOM não é um passeio de acumulação de sucessos, apenas. Estar à margem da estrutura acadêmica e ao mesmo tempo ser absorvido por ela, como diz Ceiça Almeida na Parte I deste livro, não é fácil. Alguns saltos para o desconhecido machucaram. É sempre um jogo de perdas e ganhos, de encantos e desencantos. Em O método 6 – Ética, lemos que “a ética complexa reconhece a complexidade do bem e a complexidade do mal”. Também que “a ética complexa é frágil”. Ao propugnar por uma ética da resistência, Morin considera que “a ética resiste à morte incorporando a morte; resiste à crueldade assumindo uma parte dela (...) A ética não tem as mãos sujas, mas não tem tampouco as mãos puras”. Se devemos regenerar os erros, como afirma ainda Morin, precisamos reconhecer nossos erros ou os acertos que deram errado (MORIN, 2007, p. 185, 196, 201). Voltando à metáfora da montanha-russa no poema de Nicanor Parra, aí está a minha provocação: por que não há nenhuma gota desse sangue e dessas lágrimas na tese? 364 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE REFERÊNCIAS 365 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE ALLÈGRE, Claude. Deus face a ciência. Trad. Luís Serrano. Lisboa: Gradiva, 1998. ALIGHIERI, Dante. A divina comédia. Tradução de Ítalo Eugenio Mauro. 3. ed. São Paulo: Editora 34, 2016. ALMEIDA, Maria da Conceição de. Da ciência como território à ciência como nomadismo. Revista Esferas, ano 4, n. 6, 2015, p. 89-98. ALMEIDA, Maria da Conceição de. Complexidade, saberes científicos, saberes da tradição. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2010. ALMEIDA, Maria da Conceição de; KNOBBE, Margarida Maria. Ciclos e metamorfoses: uma experiência de reforma universitária. Porto Alegre: Editora Sulina, 2003. ALMEIDA, Maria da Conceição de; KNOBBE, Margarida; ALMEIDA, Angela Maria de (Org.). Polifônicas ideias: por uma ciência aberta. Porto Alegre: Editora Sulina, 2003. ALMEIDA, Maria da Conceição de. Ciências da complexidade e educação: razão apaixonada e politização do pensamento. Natal: EDUFRN, 2012. ALMEIDA, Maria da Conceição de. De malas e cuias: discurso de inauguração da Casa da Memória Piató Chico Lucas, julho de 2010. Natal: Editorial Flecha do Tempo, 2010. ALMEIDA, Maria da Conceição de. Reforma do pensamento e extensão universitária. In: ALMEIDA, Maria da Conceição 366 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE de; GALENO, Alex (Org.) Ensaios de complexidade 3. Natal: EDUFRN, 2013. p.13-36. ALMEIDA, Maria da Conceição de; PEREIRA, Wani Fernandes. Lagoa do Piató: fragmentos de uma história. 2. ed. rev. e ampl. Natal: EDUFRN, 2006. ATLAN, Henri. Entre o cristal e a fumaça: ensaio sobre organização do ser vivo. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1992. BARNES, Julian. O ruído do tempo. Rio de Janeiro: Rocco, 2017. BORGES, Jorge Luis. A biblioteca de Babel. In: ______. Ficções. Tradução de Carlos Nejar. 3. ed. São Paulo: Globo, 1998. CASPER, Gerhard; Von HUMBOLDT, Wilhelm. Um mundo sem universidades. Organização e tradução de Johannes Kretschmer e João Cezar de Castro Rocha. Rio de Janeiro: UERJ, 1997. (Coleção Universidade) EINSTEIN, Albert. Como vejo o mundo. Tradução H. P. de Andrade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. EINSTEIN, Albert. Escritos de maturidade. Tradução Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994. GERMANO, José Willington. Complexidade no discurso da ciência. In: ALMEIDA, Maria da Conceição de; KNOBBE, Margarida Maria; ALMEIDA, Ângela Maria (Org.). Polifônicas ideias: por uma ciência aberta. Rio Grande do Sul: Editora Sulina, 2003. p. 301-308. 367 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE KAMPER, Dietmar. Mudança de horizonte: o sol novo a cada dia. Tradução Danielle Neves de Oliveira. São Paulo: Paulus, 2016. KNOBBE, Margarida Maria. O que é compreender? São Paulo: Editora Livraria da Física, 2014. LATOUR, Bruno. Cogitamus: seis cartas sobre as humanidades científicas. São Paulo: 34, 2016. LÉVI-STRAUSS, Claude. Licões de escrita. In: ______. Tristes trópicos. Tradução de Rosa Freire D’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 313-324. LÉVI-STRAUSS, Claude. O pensamento selvagem. Tradução de Tânia Pellegrini. Campinas: Papirus, 1989. MÃE, Valter Hugo. Homens imprudentemente poéticos. São Paulo: Biblioteca Azul, 2016. MARTINEZ, Ana Cecília Espinosa. Por uma autoecorreorganização da universidade: experiências transdisciplinares na CEUArkos. In: ALMEIDA, Maria da Conceição de; GALENO, Alex (Org.) Ensaios de complexidade 3. Natal: EDUFRN, 2013. p. 283-312. MORIN, Edgar. O método 6 – ética. Porto Alegre: Sulina, 2007. MORIN, Edgar. Chorar, amar, rir, compreender. São Paulo: Edi- ções SESC, 2012. MORIN, Edgar. Ensinar a viver: manifesto para mudar a educação. Tradução de Edgard de Assis Carvalho e Mariza Perassi Bosco. Porto Alegre: Sulina, 2015. 368 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Tradução de Eloá Jacobina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. MORIN, Edgar. O destino da humanidade: conferências de Natal/RN. São José do Rio Preto, SP: Bluecom Editora, 2012. MORIN, Edgar. O Método 3: o conhecimento do conhecimento. Tradução de Juremir Machado da Silva. 4. ed. Porto Alegre: Sulina, 2008. MORIN, Edgar. Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios. Tradução de Edgard de Assis Carvalho. São Paulo: Cortez Editora, 2002. MORIN, Edgar. Abertura ao livro Ensaios de Complexidade. In: CASTRO, Gustavo de; CARVALHO, Edgard de Assis; ALMEIDA, Maria da Conceição de (Org.). Ensaios de complexidade. Porto Alegre: Editora Sulina, 1997. p. 11-12. MORIN, Edgar; DÍAZ, Carlos Jesús Delgado. Reinventar a educação: abrir caminhos para a metamorfose da humanidade. Tradução de Irene Reis dos Santos. São Paulo: Palas Athena, 2016. MORIN, Edgar. CIURANA, Emílio Roger; MOTTA, Raúl Domingo. Educar na era planetária: o pensamento complexo como método de aprendizagem pelo erro e incerteza. São Paulo: Editora Cortez, 2003. ORDINE, Nuccio. A utilidade do inútil: um manifesto. Tradução de Luiz Carlos Bombassaro. Rio de Janeiro: Zahar, 2016. 369 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE PARRA, Nicanor. Obras Completas & algo +. Barcelona: Galaxia Gutenberg, 2011. PRIGOGINE, Ilya. Ciência, razão e paixão. Tradução de Edgard de Assis Carvalho, Isa Hetzel, Lois Martin Garda e Maurício Macedo. 2. ed. rev. ampl. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2009. SERRES, Michel. Júlio Verne: a ciência e o homem contempo- râneo – diálogos com Jean-Paul Dekiss. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. SILVA, Francisco Lucas da. Um sábio na natureza. Organização Maria da Conceição Almeida e Thiago Emmanuel Araújo Severo. Natal: IFRN, 2016 STENGERS, Isabelle. No tempo das catástrofes: resistir à barbárie que se aproxima. Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. São Paulo: Cosac Naif, 2015. (Coleção Exit) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Bases de pesquisas aprovadas do Centro de Ciências Sociais Aplicadas de 1992 a 2002. (No prelo) VERGANI, Teresa. Excrementos do sol: a propósito de diversidades culturais. Lisboa: Editora Pandora, 1995. 370 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE DADOS DAS AUTORAS 371 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE MARIA DA CONCEIÇÃO DE ALMEIDA É graduada em Sociologia e Política pela Fundação José Augusto (1972), mestre e doutora em Ciências Sociais (Antropologia) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1979 e 1992). É professora Titular do Departamento de Fundamentos e Políticas da Educação do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN/BRASIL). Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação e do Programa em Pós-Graduação em Ciências Sociais, ambos da UFRN. Fundadora e coordenadora do Grupo de Estudos da Complexidade (GRECOM/UFRN), primeiro ponto brasileiro da Cátedra Itinerante UNESCO Edgar Morin para o Pensamento Complexo. Membro da Association Pour La Pensée Comple- xe – Paris, França. Principais publicações: Complexidade, Sabe- res Científicos, Saberes da Tradição (Editora Livraria da Física, 2. ed., revisada e ampliada, 2017); Complexidade e Educação: Razão Apaixonada e Politização do Pensamento (2. ed. revisada e amplia- da, Editora APPRIS, 2017); Palavras Úmidas: homenagens, prefá- cios e outros escritos (Org. Josineide Silveira de Oliveira e Loui- ze Gabriela S. de Souza, EDUFRN, 2014); Cultura e Pensamento Complexo (coautoria com Edgard de Assis Carvalho, EDUFRN, 2009); Para Comprender La Complejidad (Editora da Multiversi- dad Mundo Real Edgar Morin, 2008); Lagoa do Piató: fragmentos de uma história (2. ed. em coautoria com Wani Fernandes Perei- ra, EDUFRN, 2006); Ciclos e Metamorfoses: uma experiência de reforma universitária (coautoria com Margarida Maria Knobbe, EDUFRN, 2003). 372 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE MÔNICA KARINA SANTOS REIS É graduada em Biblioteconomia (2006), Especialista em Gestão Estratégica em Sistemas de Informação (2010), mestre e doutora em Educação, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2014, 2018) (UFRN/BRASIL). É Bibliotecária do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN/BRASIL). É Pesquisadora Permanente do Grupo de Estudos da Complexidade (GRECOM/UFRN/BRASIL). Principais publicações e produções: Reinventar a Universidade: um ensaio sobre o Grupo de Estudos da Complexidade (GRECOM/ UFRN) (Tese de Doutorado, PPGED/UFRN, 2018); Cartas para Zila Mamede (EDUFRN, 2016); O livro impresso: memória da humanidade tatuada em papel (artigo publicado no jornal A Ordem, 2016); El libro como una exprésion de lo complejo (artigo publicado na Revista Paradigma, Maracay/Venezuela, 2016); Livros como escola de vida (artigo publicado na Revista Binacional Brasil Argentina: Diálogo entre às Ciências, 2015); Uma ode ao livro: a educação, o bibliotecário, uma formação para a vida (Dissertação de Mestrado, PPGED/UFRN, 2014); Conferências na Cidade do Sol: /Natal/Brasil (1989-2012) (coautoria com Maria da Conceição de Almeida, e Fagner França (EDUFRN, 2018). Protagonismo feminino na Biblioteconomia e Ciência da Informação no Rio Grande do Norte: uma história tecida pela prosa e poesia (Capítulo ao livro O protagonismo da mulher na Biblioteconomia e Ciência da Informação, em coautoria com Jacqueline de Araújo Cunha, ABECIN/2018) 373 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE 374 AGRADECIMENTOS EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE 376 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Este livro foi uma das 60 obras selecionadas para publicação, no ano da Celebração dos 60 Anos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Expressamos a ALEGRIA pelo reconhecimento de que aqui está um fragmento importante da história da Instituição. Nossa GRATIDÃO, nossos DÉBITOS e AFETOS se estendem de forma rizomática: Aos interlocutores de outros países que nos animam na caminhada em direção a uma ciência aberta, transdisciplinar e capaz de politizar o pensamento. À Universidade Federal do Rio Grande do Norte de forma ampliada e intensa. É nesse espaço que o GRECOM tem sido reconhecido, acolhido, arguido e, por vezes, contestado. Sem o diálogo que supõe sempre uma tensão essencial, qualquer ciência se tornaria dogma; Ao Centro de Educação, na pessoa de sua Diretora Márcia Gurgel, e ao Programa de Pós-graduação em Educação, na pessoa da Coordenadora Rita Magalhães, por tornarem possível esta publicação; 377 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Ao Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais, ao Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) e à Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN) pelo apoio e parceria ao longo de muitos anos; À Cátedra Itinerante UNESCO Edgar Morin (CIUEM), na pessoa de seu Diretor Raul Domingo Motta; A Edgard de Assis Carvalho, pela reserva cognitiva e afetual desde o inicio do GRECOM; A Marta Maria Pernambuco e José Willington Germano pelos sonhos e desafios compartilhados; Aos Grupos de Complexidade espalhados pelo Brasil, especial- mente àqueles com os quais mantemos intercâmbio sistemático: na PUC de São Paulo - COMPLEXUS, CISC e GPeAHFC; na UESB-Bahia, Campus de Vitoria da Conquista - LABETECE e GEPECC; em de Ceará Mirim, no RN, o GRUPECOM; em Cam- pina Grande-Paraíba o GRECOMVIDA, sediado na UEPB; na UFRN, ao MARGINÁLIA e MITHO-LOGOS. Além desses gru- pos expressamos nosso afeto e reconhecimento ao IEC, do Rio de Janeiro; aos Grupos de Complexidade de Mossoró, no RN, e da UNIVOVE, em SP; ao NEMES, da PUC-SP; a CEUARKOS, em Puerto Vallarta-México. Juntos, mas cada um a sua maneira, te- mos respondido aos apelos do pensamento complexo para resistir à monocultura da mente; Aos parceiros que, de perto e de longe, por seus livros ou por suas estadias entre nós, nutriram a seiva viva do GRECOM: Edgar Morin, Emilio Roger-Ciurana, Raul Domingo 378 EMERGÊNCIAS DE COMPLEXIDADE, REINVENÇ ÃO DA UNIVERSIDADE Motta, Henri Atlan, Dietmar Kamper, Ilya Prigogine, Isabelle Stengers, Boris Cyrulnik, Mia Couto, Daniel Munduruku, Teresa Vergani, Ubiratan D’Ambrosio, Carlos Aldemir Farias e Iran Mendes; Ao Mestre Francisco Lucas da Silva, intelectual da tradição que, ampliando nossas lentes da cultura científica para dialogar com a complexidade ao vivo, no seio da natureza, tem permitido aos pesquisadores regenerar conceitos, interrogar verdades científicas preliminares, incompletas, incertas e parciais; ALEGRIA, GRATIDÃO, DÉBITOS, AFETOS, e CUMPLICIDADES INDIZÍVEIS aos pedagogos, sociólogos, físicos, antropólogos, geógrafos, biólogos, filósofos, historiadores, bibliotecários, enfermeiros e nutricionistas que viveram ou ainda vivem no interior de um casulo de complexidade chamado GRECOM, nascido há 25 anos. Esse livro fala da história e das apostas coletivas e individuais de todos vocês; A Eugênia Dantas,Fredy Enrique González e Fagner França pela dedicação na reformatação do livro, tradução para o espanhol e correção do vernáculo, respectivamente; A Rafael Campos, construtor de livros tecidos com ousadia gráfica, técnica e afeto. À SEDIS e a EDUFRN que acolheram o projeto dessa publicação. 379 Este livro foi produzido pela equipe da EDUFRN em outubro de 2019.