1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃOEM ARQUITETURA E URBANISMO MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO AMBIENTE Escola BIOclimática Adriana Sbroggio de Sousa ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA PARA INSTITUIÇÃO DE ENSINO FUNDAMENTAL EM SÃO GONÇALO DO AMARANTE/RN Orientadora: Prof. Drª. Solange Virgínia Galarca Goulart Co-orientadora: Prof. Drª. Virgínia Maria Dantas de Araújo Volume I 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIOGRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃOEMARQUITETURA E URBANISMO MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO AMBIENTE ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA PARA INSTITUIÇÃO DE ENSINO FUNDAMENTAL EM SÃO GONÇALO DO AMARANTE/RN ADRIANA SBROGGIO DE SOUSA NATAL 2014 3 ADRIANA SBROGGIO DE SOUSA ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA PARA INSTITUIÇÃO DE ENSINO FUNDAMENTAL EM SÃO GONÇALO DO AMARANTE/RN CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DA VEGETAÇÃO PRA UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, Mestrado Profissional em Arquitetura, Projeto e Meio Ambiente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre. Orientadora: Prof. Drª. Solange Virgínia Galarca Goulart Co-orientadora: Prof. Drª. Virgínia Maria Dantas de Araújo Natal 2014 4 SOUSA, Adriana Sbroggio. ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA PARA INSTITUIÇÃO DE ENSINO FUNDAMENTAL, EM SÃO GONÇALO DO AMARANTE/RN - CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DA VEGETAÇÃO PRA UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO. Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Curso de Mestrado Profissional em Arquitetura, Projeto e Meio Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Arquitetura, Projeto e Meio Ambiente. Área de concentração: Projeto, Morfologia e Conforto no Ambiente construído. Orientadora: Prof. (a) Drª. Solange Virgínia Galarca Goulart; Co-orientadora: Prof. (a) Drª. Virgínia Maria Dantas de Araújo Aprovada em (ata depositada na secretaria do curso): _____/______/_____ Banca Examinadora Prof.(a) Dr.(a) IES Prof.(a) Dr.(a) IES Prof.(a) Dr.(a) IES 5 DEDICATÓRIA Ao meu amado esposo Cezar, a minha adorada filha Gabriela e a lembrança dos meus queridos pais. 6 AGRADECIMENTOS As professoras Drª. Solange e Drª. Virgínia pela dedicação, paciência, amizade e orientação no desenvolvimento dos estudos que culminaram nesta dissertação. À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, especialmente ao Programa de Pós- Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela oportunidade. A todos os professores do curso de Mestrado Profissional em Arquitetura e aos professores de diversos setores que contribuíram para o meu aprendizado e crescimento profissional. Em especial à Prof. Drª. Edna, o Prof. Dr. Aldomar, Prof. Paulo Nobre e o Prof. José Neres pelas aulas extras e dicas. Ao meu marido pela compreensão, apoio e revisão final do texto. A minha pequena Gabriela, as minhas desculpas por estar tão ausente neste período. Aos colegas de classe que conheci, convivi e tive oportunidade de trocar experiências. Principalmente as sinceras amizades dos amigos Marize, Marcolina, Ana e Daniel. Um muito obrigado por toda a ajuda que vocês me deram ao longo do curso. Enfim, a todos que contribuíram, direta ou indiretamente, no desenvolvimento deste trabalho. 7 RESUMO No processo do projeto de uma edificação devem-se considerar as variações climáticas da região, os condicionantes externos e a utilização dos recursos disponíveis na natureza, como o sol, a vegetação, a chuva e o vento, para prover um ambiente construído com conforto ambiental e com um gasto energético reduzido. A crescente urbanização, muitas vezes com uma ocupação de solo desordenada, vem desconsiderando esses conhecimentos, desrespeitando as características locais e reduzindo drasticamente as áreas verdes. Esta ocupação desordenada, associada à redução de espaços verdes, vem modificando os aspectos do clima e consequentementeprejudicando o conforto térmico dos usuários. Perante esse panorama nasceu o questionamento: Quais estratégias projetuais podem trazer melhores condições térmicas a uma edificação educacional situada em região de clima quente e úmido? A pesquisa justifica-se diante de dois importantes assuntos, a educação e o conforto ambiental, pelo fato de existir uma grande demanda nacional por ampliações e reformas nas redes públicas do país, mas que na maioria, não oferece aos alunos espaços com qualidade para o bom desenvolvimento da aprendizagem. O presente trabalho tem como objetivo a elaboração de um projeto para instituição de ensino fundamental, com a aplicação dos princípios da bioclimatologia, destacando o uso da vegetação como elemento atenuador dos rigores do clima local. Inicialmente realizou-se uma pesquisa bibliográfica, analisaram-se soluções arquitetônicas e definiu- se o local de intervenção. Na fase seguinte, denominada de compreensão, foram levantadas as leis, normas e os condicionantes ambientais. Posteriormente, foi definido o programa de necessidades de uma instituição de ensino e o desenvolvimento do projeto arquitetônico. A conclusão desse trabalho apresenta a definição de critérios e soluções construtivas para o emprego da vegetação em projetos desenvolvidos em regiões de climas quente e úmido. E ainda contribui com um catálogo de espécies vegetais para as escolas da região metropolitana do Natal, RN. Palavras-chave: Projeto Arquitetônico. Edifícios Educacionais. Arquitetura Bioclimática. Vegetação. 8 ABSTRACT In the design of a building process must consider climatic variations in the region, the external conditions and the use of available resources in nature, like the sun, vegetation, rain and winds, to provide a built environment with comfort and environment reduced energy expenditure. However, increasing urbanization, often with an occupancy of disordered ground comes disregarding this knowledge and disregarding local characteristics, drastically reducing the green areas. This disordered occupation associated with the reduction of green spaces, is modifying aspects of climate and thus, damaging the thermal comfort of users. Given this situation was born the question: What projetuais strategies can bring better thermal conditions to an educational building located in a region of hot and humid weather? Thus, faced with two important issues , education and environmental comfort , the research is justified by the fact that there is a large national demand for expansions and renovations in its public schools , but not in most areas provides students with quality for good learning development. This paper aims to draw up a project for establishment of Primary Education with the application of the concepts of bioclimatic, highlighting the use of vegetation as a regulatory element of the climate. Initially we carried out a literature search; we analyzed architectural solutions and set up the site. The next phases, called understanding, were raised with the laws, rules and environmental restrictions. Subsequently, the program needs and the development of architectural design was defined. The conclusion of this paper presents the definition of criteria and solutions for the use of vegetation to design of bioclimatic architecture in hot and humid climates and contributes a catalog of plant species for schools in the metropolitan region of Natal, RN. Keywords: Architectural Design. Educational Buildings. Bioclimatic Architecture. Vegetation. 9 LISTA DE FIGURAS 01 Diagrama da Arquitetura Sustentável: elementos que a compõem. 22 02 Exemplo de residência vernacular no clima quente-úmido. 25 03 Exemplo de residência vernacular no clima quente-seco. 25 04 Campos de inter-relação do equilíbrio climático. 26 05 Diagrama Bioclimático esquemático. 27 06 Método para montagem do diagrama bioclimático de Givoni. 28 07 Zoneamento Bioclimático Brasileiro. 30 08 Carta Bioclimática adaptada para o Brasil e legenda. 31 09 Imagem da Escola Modelo Luz, 1893. 33 10 Planta baixa e organização funcional do nível térreo da Escola Modelo da Luz. 1. Sala de Aula; 2. Circulação; 3. Entrada Principal. 33 11 Projeto-tipo com plantas em formato U e H. 1.Sala de Aula; 2. Administração. 34 12 Planta baixa do nível térreo e Grupo Escolar Visconde Congonhas do Campo. 1. Sala de Aula; 2. Circulação; 3. Administração. 4. Sanitários. 35 13 Perspectiva do Grupo Escolar Visconde Congonhas do Campo. 36 14 Escola-parque ou Centro Educacional Carneiro Ribeiro (em duas etapas: 1947 e 1956), em Salvador, de Diógenes Rebouça. 37 15 Vilanova Artigas, Escola em Guarulhos, planta e corte transversal, São Paulo, 1960. 1.Sala de Aula. 2.Auditório. 3.Biblioteca. 4.Pátio Central. 5.Administração. 6.Jardim. 7.Espelho d’água. 8.Vestiários. 9.Cantina. 38 16 Croquis de Oscar Niemeyer para o CIEP, RJ. 39 17 Foto do CEU Vila Curuçá, São Paulo. 41 18 Foto do CEU São Rafael, São Paulo. 41 19 Vista aérea do Colégio Estadual Erich Walter, RJ. 42 20 Arranjos diversos para a sala de aula. 47 21 Mobiliário escolar em três dimensões. 47 22 Sala de aula padrão com 7,20m x 7,20m com o total de 51,84 m2, desenvolvida pela FDE. 48 23 Aplicação das cores na forma correta e não correta sugerida pela FNDE. 50 24 Sinalizações de emergência. 52 25 O corpo humano e os processos de troca térmica. 53 26 Corte representativo da ação do vento e suas pressões. 54 27 Propagação dos raios sonoros em uma sala de aula. 58 28 Efeito regulador da vegetação sobre a radiação solar. 62 29 Corte esquemático de uma rua e jardim com suas temperaturas superficiais. 62 30 Consequência dos fluxos do ar decorrente das configurações das espécies vegetais. 64 31 Modificações do fluxo dos ventos devido ao uso de arbustos próximo à edificação. 64 32 Diagrama das etapas desenvolvidas no trabalho. 68 33 Implantação do SESC Sorocaba, SP. 71 34 Foto da implantação do SESC Sorocaba, SP. 72 35 Foto do 1° pavimento e subsolo. SESC Sorocaba, SP. 73 36 Foto mostrando a iluminação zenital. SESC Sorocaba, SP. 73 37 Foto da torre de ventilação. SESC Sorocaba, SP. 73 38 Foto da torre de ventilação, detalhe: espelho d’água. SESC Sorocaba, SP. 73 39 Foto da passarela estaiada e áreas de piscina e solário. SESC Sorocaba, SP. 74 40 Foto das arquibancadas móveis. SESC Sorocaba, SP. 74 41 Foto dos bancos flexíveis. SESC Sorocaba, SP. 74 42 Foto do banheiro adaptado. SESC Sorocaba, SP. 75 43 Foto do bebedouro. SESC Sorocaba, SP. 75 10 44 Foto do corrimão. SESC Sorocaba, SP. 75 45 Foto do muro de arrimo com jardim vertical. SESC Sorocaba, SP. 76 46 Foto da horta de temperos. SESC Sorocaba, SP. 76 47 Foto da Área infantil. SESC Sorocaba, SP. 76 48 Foto dos tanques com vegetação para filtragem da água da chuva. SESC Sorocaba, SP. 76 49 Site do SESC Sorocaba, SP. 77 50 Maquete eletrônica da implantação da Escola Estadual Erich Walter Heiner, RJ. 79 51 Foto do pátio interno com a claraboia. Escola Estadual Erich Walter Heiner, RJ. 79 52 Foto do brise vegetal. Escola Estadual Erich Walter Heiner, RJ. 80 53 Foto dos alunos no manejo do teto-verde. Escola Estadual Erich Walter Heiner, RJ. 80 54 Implantação Escola Secundária. Gando, África. 82 55 Imagem da irrigação pelos alunos nas arvores recém-plantadas. Escola Secundária, Gando, África. 82 56 Corte esquemático do sistema de ventilação passiva. Escola Secundária, Gando, África. 83 57 Foto da construção da Escola Secundária. Gando, África. 83 58 Foto da construção da Escola Primária. Gando, África. 83 59 Mapa do macrozoneamento de São Gonçalo do Amarante, RN. 85 60 Mapa das Áreas definidas pelas curvas Isofônicas pelo Estudo de Impacto Ambiental do ASGA. 87 61 Rosas dos Ventos de São Gonçalo do Amarante, RN. 89 62 Estudo de insolação do terreno no software SOL-AR 6.2. 90 63 Sequência de fotos da maquete no heliodon, projeção do Solstício de Inverno. 91 64 Ficha Bioclimática do espaço urbano, Loteamento Cidade das Flores II, SGA, RN. 92 65 Localização das fotos tiradas da área objeto de intervenção. 94 66 Topografia do projeto urbano do Loteamento Cidade das Flores II, SGA, RN. 95 67 Regiões pertencentes a Z8. 96 68 Estratégias adotadas para o projeto. 98 69 Mapa do Rio Grande do Norte em destaque a Região Metropolitana de Natal e seus municípios. 99 70 Mapa do Município de São Gonçalo do Amarante, em destaque a área de localização do Bairro Guajiru e as características do entorno. 100 71 Localização da área da intervenção e o Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante, RN. 101 72 Localização terreno no Bairro Guajiru, SGA, RN. 102 73 Fotos das Escolas Municipais do bairro Guajiru, São Gonçalo do Amarante, RN. 103 74 Comparativo dos dados obtidos pelas entrevistas e pelo senso escolar. 104 75 Setorização e fluxos: Ambientes da Escola de Ensino Fundamental. 108 76 Matriz de Relação, os ambientes e suas relações. 110 77 Critérios para a escolha das espécies vegetais. 113 78 Diagrama dos princípios. 115 79 Estudos das volumetrias e implantação final, em destaque. 116 80 Implantação do primeiro estudo, zoneamento dos setores. 117 81 Indicação dos materiais selecionados para o edifício. 118 82 Croquis do processo de evolução das soluções para as coberturas. 120 83 Implantações do edifício em relação ao terreno. 121 84 Imagens dos estudos de ventilação. Programa Vazari Beta 3.0, Autodesk®, 2013. 122 85 Implantação Escola BIOclimática, praça e quadra poliesportiva. 123 86 Imagem da entrada principal da Escola BIOclimática. 124 87 Imagem das entradas da escola: entrada principal; entrada para carga e descarga e acesso para a quadra da praça. 125 88 Imagem do estacionamento e bicicletário localizados na frente da escola. 126 89 Planta baixa e zoneamento dos ambientes. 127 11 90 Imagem da rampa que divide o pátio em dois ambientes e dá acesso ao segundo pavimento. 128 91 Vista das salas de aulas com painéis ilustrativos das espécies vegetais plantadas na escola. 129 92 Perspectiva da estrutura do telhado da Escola BIOclimática. 130 93 Imagens do pilar de madeira que sustenta o telhado central. 131 94 Imagem da estrutura do telhado. 132 95 Amostra das madeiras utilizadas na proposta. 133 96 Estratégias projetuais bioclimáticas propostas. 135 97 Estudos de insolação da fachada oeste – brise vegetal e beiral. 137 98 Estudos de insolação da fachada oeste – abertura zenital. 138 99 Estudos de insolação da fachada leste – brise vertical móvel e beiral. 140 100 Estudos em planta baixa da posição dos brises móveis. 142 101 Estudos de insolação da fachada sul– vão do pátio coberto. 143 102 Estudos de insolação da fachada sul– brise vegetal na sala de informática. 145 103 Estudos de insolação da fachada norte – brise vegetal e beiral nas salas dos professores e diretoria. 146 104 Imagem do corte e detalhe do peitoril ventilado e ventilação cruzada 148 105 Estudos das pressões dos ventos com e sem a massa vegetal. 149 106 Imagem esquemática da captação da água da chuva e o armazenamento em cisternas subterrâneas. 151 107 Simulação de aproveitamento de água da chuva na Escola BIOclimática. 153 108 Planta baixa com a localização das funções das espécies vegetais. 158 109 Imagem da frente da escola, destaque para as árvores no estacionamento. 159 110 Imagem dos fundos da escola, destaque para as árvores frutíferas. 159 111 Imagem do jardim de entrada da escola. 160 112 Imagem do jardim frontal e destaque para o brise vegetal que protege as faces sul e oeste da sala de informática. 161 113 Imagem do brise vegetal localizado na área da horta. 162 114 Corte do muro com vegetação. 163 115 Imagem da área da horta com destaque para o muro com o jardim vertical. 163 116 Imagens das espécies vegetais fixadas na parede do vão entre os blocos. 164 117 Imagem do pergolado com viveiro e árvores para atividades práticas. 165 118 Fotos do viveiro com mudas de plantas nativas do Parque Estadual Dunas do Natal, RN. 166 119 Imagem do parque infantil com equipamentos para estimulação da coordenação motora 167 120 Implantação da praça. 167 121 Imagem da praça e seus equipamentos 168 122 Imagem dos volumes com a terra retirada da escavação da quadra. 169 12 LISTA DE QUADROS 01 Classificação, identificação e utilização das cores na edificação. 49 02 Cores padronizadas pelas ABNT para sinalização. 51 03 Materiais adequados para o isolamento acústico. 55 04 Estudos de Insolação do terreno. 90 05 Características das áreas do entorno, base e fronteira. 95 06 Diretrizes construtivas para a Zona Bioclimática 8. 96 07 Estratégias de condicionamento térmico passivo para a Zona Bioclimática 8. 97 08 Dados utilizados para simulação de aproveitamento de água da chuva no Software Netuno. 152 09 Definição das espécies vegetais de acordo com a função determinada. 155 13 LISTA DAS TABELAS 01 Nível sonoro para ambientes escolares. 56 02 Iluminâncias por classe de tarefas visuais. 59 03 Dados Climáticos de São Gonçalo do Amarante, RN. 88 04 Dados da situação atual dos usuários das escolas entrevistadas e pré- dimensionamento das vagas. 105 05 Programa de Necessidades - ambientes, quantitativos e áreas. 106 06 Tabela geral da atenuação da radiação solar incidente para todas as árvores analisadas. 112 14 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ASGA Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante BBC Building Bioclimatic Chart BREEAM e ECOHOMES Environmental Assessment Method CASBEE Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency °C Grau célsius CE Código de Educação do Estado de São Paulo CEU Centros Educacionais Unificados CIEPˈS Centros Integrados de Educação Pública CONESP Companhia de Construções de São Paulo EJA Educação de Jovens e Adultos E-SE Leste-Sudeste FDE Fundação para o Desenvolvimento da Educação FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FUNDEB Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica FUNDESCOLA Fundo de Fortalecimento da Escola HQE Haute Qualité Environnementale des Bátiments INFRAERO Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia LED Light Emitting Diode LEED Leadership in Energy and Environmental Design MEC Ministério da Educação NBR Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas PROCEL Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações RMN Região Metropolitana de Natal RN Rio Grande do Norte RTQ-C Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos. RTQ-R Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética em edificações Residenciais SESC Serviço Social do Comércio SGA São Gonçalo do Amarante UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte UNFCC Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas VOCs Orgânicos Voláteis World GBC World Green Building Counci Z8 Zona Bioclimática 8 15 SUMÁRIO VOLUME I INTRODUÇÃO 17 1. REFERENCIAL TEÓRICO-EMPÍRICO 20 1.1. ARQUITETURA SUSTENTÁVEL 20 1.2. ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA 24 1.3. ZONEAMENTO BIOCLIMÁTICO BRASILEIRO 29 1.4. ARQUITETURA ESCOLAR 32 1.4.1. Linha Histórica da Arquitetura Escolar Brasileira 32 1.4.2. Exigências para o projeto de uma Instituição de Ensino 43 1.4.2.1. Exigências Pedagógicas 43 1.4.2.2. Exigências Funcionais 45 1.4.3 Ambiente de Ensino 48 1.4.4. Conforto Ambiental 52 1.4.4.1. Conforto Térmico 53 1.4.4.2. Ventilação 54 1.4.4.3. Conforto Acústico 55 1.4.4.4. Conforto visual 58 1.5. VEGETAÇÃO COMO ELEMENTO MODIFICADOR DO CLIMA 61 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 67 3. BASE PARA DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA 70 3.1. ESTUDOS DE REFERÊNCIAS 70 3.1.1. Estudo Direto 70 3.1.2. Estudo Indireto 78 3.2. CONDICIONANTES LEGAIS E NORMATIVOS 85 3.3. CONDICIONANTES AMBIENTAIS E ESTRATÉGIAS PARA A Z8 88 3.4. LOCALIZAÇÃO DO TERRENO 95 3.5. PROGRAMA DE NECESSIDADES 103 3.5.1. Ambiente Escolar 103 3.5.2. Programa e Dimensionamento dos Ambientes 105 3.6. CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DA VEGETAÇÃO PARA UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO 111 3.7. OS PRINCÍPIOS 115 4. CONCEPÇÃO DA PROPOSTA 116 4.1. EVOLUÇÃO DA PROPOSTA 116 4.2. MEMORIAL DESCRITIVO 123 4.2.1. Aspectos Técnicos da Proposta 129 4.2.2. Estratégias Bioclimáticas 135 4.2.2.1. Sol 136 4.2.2.2. Vento 147 4.2.2.3. Chuva 150 4.2.2.4. Vegetação 154 CONSIDERAÇÕES FINAIS 169 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 171 APÊNDICES 177 VOLUMETRIAS PRANCHAS DE REPRESENTAÇÃO GRÀFICA DA PROPOSTA ARQUITETÔNICA CATÁLOGO DE ESPÉCIES VEGETAIS - Especificações para edificações escolares na região metropolitana de Natal, RN. 16 ANEXOSI 183 Tabelas com o Programa de Necessidades e área dos ambientes fornecidas pela Secretaria da Educação e Cultura do RN – Setor Arquitetura. VOLUME II PRANCHAS DE REPRESENTAÇÃO GRÀFICA DA PROPOSTA ARQUITETÔNICA Prancha 01 – Situação, Implantação geral e Paisagismo. Prancha 02 – Plantas Baixas – Pavimento Térreo e Superior, Vista e Detalhe. Prancha 03 – Plantas Baixas – Madeiramento do Telhado e Cobertura e Corte AA. Prancha 04 – Fachadas, Vista e Corte BB. Prancha 05 – Cortes CC, DD, EE, FF e Detalhe. CATÁLOGO DE ESPÉCIES VEGETAIS – Especificações para Edificações Escolares na Região Metropolitana de Natal, RN. 17 INTRODUÇÃO “O processo lógico seria trabalhar com as forças da natureza e não contra elas, aproveitando seu potencial para criar uma condição de vida adequada.” VICTOR OLGYAY(1998) Nesta frase é expresso o conceito base da arquitetura bioclimática, onde se procura proporcionar uma relação entre meio ambiente e edificação. A qualidade de vida sempre teve ligação direta com a extração dos recursos naturais, sendo um problema as consequências do seu consumo exagerado. A crescente urbanização dos nossos centros, muitas vezes com uma ocupação de solo desordenada, vemdesrespeitando as características locais e reduzindo drasticamente as áreas verdes. Esta ocupação desordenada, associada à redução de espaços verdes, vem modificando os aspectos do clima e consequentemente prejudicando o conforto térmico dos usuários. Atualmente, ações e atitudes para um desenvolvimento mais sustentável permeiam os setores da construção civil, surgindo junto com o processo de projeto, considerações comas variações climáticas da região. A utilizaçãodos recursos disponíveis na natureza, os condicionantes externos, como o sol, a vegetação, a chuva e o vento, para prover um ambiente construído com melhores condições de conforto ambiental e com gasto energético e consumo de água reduzidos. Um exemplo a ser adotado são os das construções vernaculares, queem diversos povoados com clima quente e úmido demonstram, na sua forma de construir, o conhecimento e respeito pelas características locais e climáticas. Utilizam-se materiais da região e composições construtivas que proporcionam um melhor conforto térmico. As características principais e semelhantes destas construções são normalmente constituídas por grandes aberturas que facilitam a ventilação, por coberturas mais inclinadas para facilitar o escoamento das águas da chuva e com beirais maiores para oferecer sombreamento, este também proporcionado pela vegetação plantada em volta (MASCARÓ, 1983). As estratégias utilizadas nestas habitações têm sido consideradas, ao lado de outras medidas, como alternativas para a racionalização tanto de energia como de água em projetos sustentáveis. Diversos departamentos do setor público quanto o privado, responsáveis pela área da construção civil, estão procurando legalizar e incentivar obras novas e reformas para obter uma edificação mais sustentável. Entretanto, uma destas estratégias, o emprego da vegetação no desenvolvimento do projeto arquitetônico, normalmente não é um elemento integrante no processo desde 18 a sua concepção. O projeto de paisagismo apenas é visto como um complemento para ornamentação, pensado e instalado somente na fase final da construção. Porém, o emprego da vegetação na edificação se conjetura em vários benefícios como mostra Bittencourt e Cândido (2008), que afirmam queo uso adequado da vegetação pode contribuir significamente para a redução nos ganhos externos de calor. O baixo custo das plantas e o fácil cultivo da vegetação em regiões quente e úmido fazem de sua aplicação uma solução de sombreamento conveniente. A presente dissertação procura tratar de critérios para a escolha das espécies vegetais e apresentar soluções construtivas para um projeto de uma instituição de ensino fundamental, baseado nos princípios da arquitetura sustentável e bioclimática. A área para a implantação do projeto localiza-se no município de São Gonçalo do Amarante, Rio Grande do Norte (RN), inserido na Região Metropolitana de Natal (RMN). A região possui características de clima quente e úmido com pequenas variações diárias e sazonais da temperatura e com ventos constantes. O município está em grande expansão urbana, impulsionada pela instalação do novo Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante e por recentes incentivos financeiros na construção civil. Nesta realidade foi desenvolvido o projeto da Escola BIOclimática, que procura atender uma carência nacional, dentre muitas, a do direito à educação em um ambiente saudável. A pesquisa justifica-se diante de dois importantes assuntos, a educação e o conforto ambiental, pelo fato de existir uma grande demanda nacional por ampliações e reformas nas redes públicas do país, mas que na maioria, não oferece aos alunos espaços com qualidade para o bom desenvolvimento da aprendizagem. Portanto, o objetivo deste trabalho, é de apresentar como resultado um projeto para uma instituição de ensino fundamental, mostrando a importância do uso da vegetação em soluções construtivas ainda na concepção do projeto e salientando a valor da parceria vegetação versus edifício. O trabalho tem como premissa fornecer uma base de informações e diretrizes essenciais para próximos projetos e reformas de escolas, despertando a importância e a compreensão das variáveis ambientais de uma região com o clima quente e úmido e da influência da vegetação neste contexto. E contribui, ainda com o Catálogo de Espécies Vegetais para Instituições de Ensino da Região Metropolitana de Natal, RN, construído com as informações das pesquisas das espécies vegetais realizadas “in loco” no Parque Estadual Dunas do Natal (RN), em publicações específicas sobre plantas e com consultas com especialistas nas áreas de botânica e paisagismo. A pesquisa é composta pelo Volume I, com a dissertação e as volumetrias da edificação e o Volume II, com as pranchas da proposta arquitetônica e a produção do catálogo. 19 O Volume I foi desenvolvido em quatro capítulos. O Capítulo 1 apresenta o referencial teórico empírico, onde as pesquisas bibliográficas foram realizas no âmbito da arquitetura sustentável; da bioclimatologia; do zoneamento bioclimático brasileiro; da arquitetura escolar e da vegetação como elemento atenuador do clima. No Capítulo 2 se apresentam os procedimentos metodológicos delineados no trabalho. O Capítulo 3 constitui-se das bases para o desenvolvimento da proposta, com os estudos de referência projetual; os condicionantes legais e normativos do município; a compreensão dos condicionantes ambientais; a localização e as características da área de intervenção; do programa de necessidades e dimensionamento dos ambientes de uma instituição de ensino; dos critérios para a escolha da vegetação e do conceito. O Capítulo 4 é o fechamento dos assuntos abordados, com a apresentação do projeto. Inicialmente é apresentada a evolução da proposta, em seguida a descrição do projeto com seus aspectos técnicos e os estudos realizados para as estratégias bioclimáticas. Por fim, as considerações finais, onde constam as discussões e contribuições no trabalho. 20 1. REFERENCIAL TEÓRICO-EMPÍRICO 1.1. ARQUITETURA SUSTENTÁVEL O termo sustentabilidade passou a ser utilizado após o Relatório de Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1987. No documento está definido que ouso sustentável dos recursos naturais deve “suprir as necessidades da geração presente sem afetar a possibilidade das gerações futuras de suprir as suas” 1. O conceito de desenvolvimento sustentável abrange várias áreas, envolvendo o crescimento econômico, a igualdade social e a proteção ao meio ambiente. No ano de 1992, aconteceu a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e Desenvolvimento, realizado na cidade do Rio de Janeiro e mais conhecido como Rio 92. Nasce deste encontro a Agenda 21, que propõe promover a nível municipal diversas ações, nas quais se destacam o acesso à educação para toda a população, a sustentabilidade urbana e a preservação dos recursos naturais. Após 20 anos, depois da realização do Rio 92, outra conferência é novamente sediada na cidade do Rio de Janeiro, voltando à discussão as questões ambientais. O encontro, intitulado Rio + 20, foi duramente criticado por ambientalistas e por formadores de opinião ligados às causas ambientais, que esperavam, desde a conferência de 92, medidas de ordem prática para garantir o desenvolvimento sustentável. No desenrolar desta história fértil sobre meio ambiente e sustentabilidade, a construção civil começa a rever e repensar a forma de se construir. O Protocolo de Quioto2, um tratado que foi aprovado pela Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas (UNFCC) e que sobrevém de um dos itens de ação estabelecidos na conferência de 92. Torna-se destaque na construção civil pela grande relevância de seus estudos sobre edificações sustentáveis. No inicio, a construção sustentável era somente vista ou apresentada como um “estilo de vida alternativo”. Com o passar do tempo, a sustentabilidade deixou de representar um movimento sociopolítico contra cultural para se tornar um item presente e definidor nas decisões projetuais (KEELER; BURKE, 2010, pg.5). Hoje, o termo “arquitetura sustentável” ou “edificação sustentável” possui diversas definições. Apesar da diversidade conceitual, é plenamente aceita a ideia de que para a edificação ser sustentável ela deva solucionar mais que um problema ambiental. E 1 COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. NOSSO FUTURO COMUM. Rio de Janeiro, 1992. 2 Informação obtida: http://www.mma.gov.br/clima/protocolo-de-quioto 21 segundo Keller e Buke (2010, pg. 49), a edificação sustentável apesar de não solucionar todos os problemas, deve conter uma ou mais destas seguintes ações: a) Tratar das questões de demolição no terreno e de resíduos da construção, bem como dos resíduos gerados pelos seus usuários; b) Buscar a eficiência na utilização dos recursos; c) Minimizar o impacto da mineração e do extrativismo na produção de materiais e contribuir para a recuperação dos recursos naturais; d) Reduzir o consumo de solo, água e energia durante a manufatura dos materiais, a construção da edificação e a utilização por seus usuários; e) Planejar uma baixa energia incorporada durante o transporte dos materiais ao terreno; f) Trabalhar de modo lógico à medida que a cadeia de produção de materiais é traçada; g) Buscar a conservação de energia e projetar visando ao consumo eficiente de energia na alimentação dos sistemas de calefação, refrigeração, iluminação e força; h) Oferecer um ambiente interno “saudável”; i) Evitar o uso de materiais de construção e limpeza que emitam compostos orgânicos voláteis (VOCs) e suas interações sinergéticas; j) Evitar o uso de equipamentos que não controlem ou não filtrem de maneira adequada a entrada ou a produção de particulados; k) Controlar a entrada de poluentes externos por meio de filtragem do ar, ventilação e capachos adequados e l) Projetar uma conexão com o exterior que forneça ventilação e iluminação natural. Para visualizar melhor estas ações, foi desenvolvido um diagrama onde são representadas resumidamente (Fig. 01). 22 Figura 01_ Diagrama da Arquitetura Sustentável: elementos que a compõem. Fonte: Autoria própria. Conclui-se através do diagrama apresentado na figura 01 que o conceito de desenvolvimento sustentável está em todos os níveis da construção e em todos os processos que influenciam diretamente no consumo de recursos naturais. Com esta visão e entendimento, a construção civil pode exercer um importante papel na preservação do meio ambiente. Nas suas diversas escalas de produção, os recursos naturais ainda são utilizados em abundância e seu produto final, a edificação, também continua a ter um alto impacto no consumo de energia e água, afirmativa constatada por Lamberts, Dutra e Pereira (1997, pg. 20). Em diversos países, como também no Brasil3, os departamentos responsáveis pela área da construção civil estão, através de suas políticas públicas, leis e códigos de edificação, procurando legalizar e incentivar obras novas e reformas mais sustentáveis. Construções estas que antes eram somente de iniciativas particulares. Atualmente, entidades públicas e privadas estão premiando e certificando projetos que, desde a sua concepção, passando por todas as etapas de construção e até mesmo depois da edificação finalizada, estejam utilizando os critérios para uma arquitetura mais sustentável. Certificados reconhecidos e valorizados no mercado da construção civil, sendo estes, um incentivo aos construtores para minimizarem os danos causados ao meio ambiente, além de melhorar o desempenho das edificações. Das principais certificações mundiais para as edificações, se destacam o Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), adotado pelos Estados Unidosda América, o Environmental Assessment Method (BREEAM e ECOHOMES) aplicado no Reino Unido, o Comprehensive Assessment System for Building 3 Mais informações: http://www.mma.gov.br/legislacao/cidades-sustentaveis 23 Environmental Efficiency (CASBEE), do Japão, o Haute Qualité Environmentale dês Batiments (HQE) na França e o GREEN STAR, da Austrália. Estas certificações fazem parte do World Green Building Council4 (WGBC) - Conselho de Edificações Verde Mundial. Dentre os concursos, o Holcim Award se destaca com premiações para projetos sustentáveis inovadores no mundo todo, promovido pela Holcim Foundation for Sustainable Construction5. No Brasil, os sistemas de certificações mais utilizados são o LEED e o Processo AQUA. O LEED, apesar de ser pouco adaptado a nossa realidade, é o preferido pelas multinacionais. Contudo, segundo informações contidas no próprio site6, a certificação já está sendo reformulada por um comitê para adaptação do sistema de avaliação para as construções brasileiras. Já a certificação do Processo AQUA, da Fundação Vanzolini7, apesar de relativamente nova no mercado é ajustada para as condições do nosso país e é baseada no HQE. Em 2003, foi instituído no país, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL), que promove o uso racional da energia elétrica em edificações. Eficiência Energética, segundo Lamberts, Dutra e Pereira (1997, p.14), pode ser entendida como a obtenção de um serviço com baixo dispêndio de energia. Portanto, um edifício é mais eficiente energeticamente que outro quando proporciona as mesmas condições ambientais com menor consumo de energia. Este programa nacional, o PROCEL, é promovido pela Eletrobrás, que atua de forma conjunta com os Ministérios de Minas e Energia e o das Cidades, com as universidades, os centros de pesquisas e entidades das áreas governamental, tecnológica, econômica e de desenvolvimento, além do setor da construção civil8. A partir deste programa, criou-se um selo, o PROCEL EDIFICA, que tem como objetivo incentivar a conservação e o uso eficiente dos recursos naturais (água, luz, ventilação etc.) nas edificações, reduzindo os desperdícios e os impactos sobre o meio ambiente. O selo é concedido às edificações após sofrerem o processo de etiquetagem através dos Requisitos Técnicos da Qualidade (RTQ). O RTQ existe tanto para comércio (RTQ-C) quanto para residência (RTQ-R) e ambos têm o objetivo de informar o nível de eficiência energética que a construção possui. Apesar do requisito técnico de avaliação ser somente sobre o aspecto da eficiência energética, o sistema tem a vantagem de carregar a experiência da Eletrobrás 4 Site Oficial_http://www.worldgbc.org 5 Site oficial_ http://www.holcimfoundation.org 6 Informação obtida: www.gbcbrasil.org.br 7 Site oficial_http://www.vanzolini.org.br/ 8 Informação obtida: www.procelinfo.com.br. 24 em selos usados para eletrodomésticos e de avaliar as soluções de projeto de acordo com a região bioclimática local, e ainda conta com a credibilidade do INMETRO9. A Caixa Econômica Federal (CAIXA), banco público orientado para o desenvolvimento econômico e social do país, elaborou, em conjunto com universidades e centros de pesquisas, um manual para a certificação nomeada SELO CASA AZUL da CAIXA (2010). Os objetivos do selo são de reconhecer e incentivar projetos que contribuem para a redução de impactos ambientais. Apesar de ser restrito somente a empreendimentos residenciais, é o primeiro sistema de classificação da sustentabilidade em projetos desenvolvidos para a realidade da construção brasileira. Os certificados, concursos, manuais e requisitos citados são ferramentas úteis para avaliação do desempenho da edificação e podem ser de grande auxílio a projetistas e construtores, uma vez que se tornam um guia de orientação na escolha de alternativas construtivas e tecnológicas de menor impacto ao meio-ambiente (LAMBERTS et al, 2008). 1.2. ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA A bioclimatologia estuda os efeitos do ambiente físico sobre os organismos vivos. Na esfera da arquitetura, a bioclimatologia fornece dados do ambiente físico para projetar edificações, possibilitando uma arquitetura mais sustentável e eficiente em termos de conforto humano. O estudo do ambiente físico reúne diversos fatores climáticos, como exemplo o sol, a latitude, a altitude, os ventos, as massas de terra e água, a topografia, a vegetação, o solo entre outros e as características dos seus elementos como a temperatura, umidade e movimentos das massas de ar e as precipitações. Tornam-se, deste modo, dados importantes para o desenvolvimento do projeto e da compreensão dos fatores e elementos para o que deve ser controlado no ambiente, a fim de se obter os resultados esperados para o projeto (ROMERO, 1988, pg. 01). Os fatores e elementos climáticos agem em conjunto, formando as características de um clima local. Existem vários tipos de clima que se diferenciam de acordo com a localização geográfica e são determinados principalmente pela inclinação solar, como exemplo os climas: Equatorial; Tropical; Desértico; Polar; entre vários. Segundo a classificação realizada por Ferreira(1965) apud Romero (1988, pg.21)“(...) três tipos principais de climas, em função da construção, são encontrados na região tropical: o clima quente-seco, o clima quente-úmido e o clima mais ameno dos planaltos”. 9 Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, onde a missão é prover confiança à sociedade brasileira nas medições e nos produtos, através da metrologia e da avaliação da conformidade, promovendo a harmonização das relações de consumo, a inovação e a competitividade do País. 25 O homem, como também os outros seres vivos da natureza, aparentemente é capaz de viver em qualquer condição climática se puderem obter alimentos. Porém o homem só pode alcançar um melhor desenvolvimento físico e mental em condições ambientais mais adequadas. A moradia é um abrigo, um refúgio que resguarda e beneficia frente ao clima. No mundo, nos diversos climas existentes, a habitação do homem sempre procura oferecer proteção e conforto. Os níveis de conforto ambiental são baseados nas sensações humanas confrontadas com os elementos climáticos, em especial a temperatura, a radiação, a umidade e o movimento do ar, que atuam sobre a percepção térmica do homem (ROMERO, 1988, pg. 23). Através de exemplos, nota-se que o homem, frente às diversas situações climáticas existentes no mundo, foi capaz de desenvolver diferentes formas de construção e tipologias, variando de uma região para outra, dependendo da cultura e de materiais locais (OLGYAY, 1998, pg. 4). Um dos exemplares são os abrigos das regiões de clima quente-úmido, neste ambiente a temperatura varia pouco, a radiação solar é intensa e a taxa de umidade do ar é alta (Fig. 02). Investigando os diversos lugares com estas características climáticas encontramos várias propriedades arquitetônicas que se assemelham. Dentre as características em comum, a cobertura é o principal elemento, protegendo do sol e das chuvas intensas. Já as paredes perdem seu papel de vedação e são substituídas por grandes aberturas que, deixam os bens vindos ventos fluir (OLGYAY, 1998, pg. 5); (ROMERO, 1988, pg. 39); (RIVERO, 1986, pg. 150); (BITTENCOURT; CÂNDIDO, 2008, pg. 7). Figura 02_Exemplo de residência vernacular no clima quente-úmido. Figura 03_Exemplo de residência vernacular no clima quente-seco. Fonte: ROMERO, 1988, pg.39. Fonte: ROMERO, 1988, pg. 30. 26 Outro exemplo são as construções no clima quente-seco, onde a temperatura varia muito entre o dia e a noite, a radiação direta também é intensa, porém a umidade do ar é baixa (Fig.03). Nesta situação as paredes são mais grossas e tornam-se um elemento fundamental para proteção do calor intenso. As aberturas são pequenas, apenas para iluminação, pois os ventos quentes e carregados de pó devem ser evitados (OLGYAY, 1998, pg. 7); (ROMERO, 1988, pg. 28). Estes são exemplos de uma arquitetura vernacular, que demostra o respeito e o conhecimento pelas características locais, que muitas vezes foram adquiridos através de experiências e passado por gerações. Apresentam,através da forma e com materiais e técnicas da região,soluções para obter um melhor conforto ambiental. Esta preocupação com a relação homem versus clima, versus arquitetura apareceu na literatura a partir do pensamento vitruviano, onde um espaço habitável seria aquele que apresentasse um equilíbrio entre os três componentes da Tríade Vitruviana: Firmitas (solidez), Utilitas (conhecimento) e Venustas (beleza)10. Com base nessa relação é que se definiu um equilíbrio para o modelo ambiental tripartite: arquitetura – clima – conforto (FRANDOLOSO, 2001, pg. 64). O arquiteto Victor Olgyay (1998), apoiado neste modelo tripartite, propôs um quarto elemento para o processo construtivo de uma habitação climática equilibrada: a tecnologia. Segundo o autor, os quatro elementos devem possuir uma inter-relação evidenciada pelo diagrama exposto na Figura 04 e seguindo uma sequência analítica: Clima → Biologia → Tecnologia → Arquitetura Hoje, estes princípios formam a base para o desenvolvimento de uma arquitetura bioclimática. Figura 04_Campos de inter-relação do equilíbrio climático Fonte: OLGYAY, 1998, pg.12. 10 Estes são os três princípios enunciados por Vitrúvio como base para o primeiro tratado de arquitetura, os “Decem Libri”. 27 Olgyay é referência quando o assunto é arquitetura bioclimática. Através do lançamento do livro “Design with climate: bioclimatic approach to architectura regionalism” (1963), ele introduziu a expressão “projeto bioclimático” para a arquitetura. Com o livro “Arquitectura y Clima: Manual de Diseño Bioclimático para Arquitectos y Urbanista” (1998) propõe, como o próprio título diz ser, um manual para os arquitetos que pretendem explorar a relação entre o edifício e o meio que o cerca. Neste último livro ele reapresenta a Carta Bioclimática11 (Bioclimatic Chart) (Figura 05), um diagrama desenvolvido com base nas informações fisiológicas, determinando uma zona de conforto em termos da temperatura de bulbo seco e umidade relativa. O gráfico ainda situa os problemas e indica as medidas corretivas para resolver e atingir o conforto humano adequado nas diferentes condições climáticas (ARAÚJO, 1996, pg. 101). Figura 05_Diagrama Bioclimático esquemático. Fonte: OLGYAY, 1998, pg.23 O próprio autor defende o seu gráfico: A avaliação bioclimática é o ponto de partida para qualquer projeto arquitetônico que aspire proporcionar um entorno climático equilibrado. As condições climáticas (dados) predominantes de um lugar podem ser facilmente inseridas na tabela e esta mostrará quais são as disposições corretivas necessárias para alcançar o estado de conforto(OLGYAY, 1998, p.23, tradução do autor). 11 A Carta Bioclimática foi desenvolvida pelos irmãos Victor e Aladar Olgyay na década de 60 e apresentada no seminário Housingand Building in Hot-Humidand Hot-DryClimate (BRAB conferencereport n°5). 28 Apesar do método de Olgyay apresentar algumas limitações, a sua importância se deve por ser o pioneiro nos estudos da bioclimatologia. Para corrigir as limitações do diagrama bioclimático desenvolvido por Olgyay, (Givoni (1992) também desenvolve uma Carta Bioclimática para o edifício “Builging Biolcimatic Chart” (BBC). As diferenças entre os dois é que no sistema de Olgyay (1963) o desenho forma dois eixos, vertical para as temperaturas e horizontal para a umidade relativa, enquanto que no sistema de Givoni (BBC) é traçado sobre uma carta psicrométrica convencional, que define as zonas de conforto (Figura 06). Outra diferença nos sistemas é que Givoni faz os cálculos se baseando nas temperaturas internas do edifício enquanto Olgyay calcula com dados das condições externas (Bogo et al, 1994, pg. 39). Figura 06_Método para montagem do diagrama bioclimático de Givoni. Fonte: BOGO et al, 1994, pg. 40. Dentre os estudos de conforto térmico desenvolvidos, o de Fanger leva em consideração as respostas de indivíduos dinamarqueses e na sua própria experiência com relação à variação do meio. Porém, este método é muito questionado, pois o grau de desconforto varia de pessoa para pessoa. Além disso, Fanger, no seu estudo, deu mais consideração à porcentagem dos classificados “insatisfeitos” (ARAÚJO, 1996, pg.104). De acordo com a tese de Araújo (1996, pg. 119), a aplicação destes modelos para regiões ou situações que não aquelas para que foram construídas não parece ser um procedimento dos mais adequados ou convincentes. Contudo, este modelo desenvolvido, mesmo sendo para outra realidade, é o que tem sido utilizado como base para avaliações de conforto, principalmente em nosso país. Vemos, de tal modo, que se faz necessário o desenvolvimento de um modelo mais 29 adequado a nossa realidade climática, levando em consideração a adaptação do individuo com a sua região e seus costumes (ROMERO, 1988, pg.26). Na literatura já podemos contar com diversas publicações direcionadas ao nosso clima. Dentre vários autores destaca-se Romero (2000; 2001), autora de diversos livros e referência no Brasil quando o assunto é bioclimatologia. Romero defende que todo o repertório do meio ambiente urbano: os edifícios, a vegetação, as praças e mobiliário urbano devem ser desenhados em acordo com o objetivo de satisfazer as exigências de conforto do homem e da interação social. Em resumo, a concepção arquitetônica deve servir de mediadora entre o homem e o meio onde a obra é construída. Existem ainda outros bons exemplos, como o livro “Em busca de uma Arquitetura Sustentável para os Trópicos – Conforto Ambiental” (CORBELLA; YANNAS, 2003) e a “Introdução à Ventilação Natura l” (BITTENCOURT; CÂNDIDO, 2008), que apontam estratégias bioclimáticas mais eficientes para a obtenção de conforto térmico nos espaços urbanos e arquitetônicos nas cidades brasileiras. Apesar de já termos boas referências, ainda devemos continuar investigando e estudando melhores técnicas de controle das temperaturas no ambiente em conjunto com os recursos naturais locais. Com isso, procurando atingir, cada vez mais, as condições de conforto desejadas com o mínimo de consumo energético, através de soluções projetuais e equipamentos. 1.3. ZONEAMENTO BIOCLIMÁTICO BRASILEIRO A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)12 elaborou recomendações para se obter um melhor desempenho térmico nas construções e desenvolveu o Zoneamento Bioclimático Brasileiro(NBR15220-3, 2005). Neste zoneamento foi proposta uma divisão do território brasileiro em oito zonas climáticas, conforme ilustração da figura 07. 12 ABNT-Associação Brasileira de Normas Técnicas - é o Fórum Nacional de Normalização. As Normas Brasileiras, cujo conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Brasileiros (ABNT /CB) e dos Organismos de Normalização Setorial (ABNT/ONS), são elaboradas por Comissões de Estudo (CE), formadas por representantes dos setores envolvidos, delas fazendo parte: produtores, consumidores e neutros (universidades, laboratórios e outros). 30 Figura 07_Zoneamento Bioclimático Brasileiro. Fonte: NB 15220-3, ABNT, 2005, pg. 3. A norma NBR 15220-3 (ABNT, 2005) de Desempenho Térmico de Edificações estabelece recomendações e diretrizes construtivas para adequação climática de habitações unifamiliares de interesse social, com até três pavimentos. A avaliação com relação ao desempenho térmico pode ser medida na fase de projeto ou depois da sua construção. Com o edifício construído, a avaliação pode ser feita in loco e no projeto, através de programa computacional ou analisando o cumprimento das diretrizes construtivas. Os parâmetros utilizados para a avaliação são diretrizes construtivas, a indicação das estratégias de condicionamento térmico passivo e as condições de contorno, como exemplo: o tamanho das aberturas para ventilação, a proteção das aberturas e as vedações externas, parede e cobertura (NBR 15220-3, ABNT, 2005, pg. 3). Decorrente da divisão das oito zonas bioclimáticas foi formulado um conjunto de recomendações técnico-construtivas que aperfeiçoam o desempenho térmico das edificações, através de sua melhor adequação climática. Com os dados específicos de cada região e com os valores de umidades relativas correspondentes às temperaturas médias destes locais, estas informações obtidas foram inseridas em uma Carta Bioclimática adaptada a partir da sugerida por (Givoni (“Comfort Climate Analysisand Building Design Guidelines”. Energy and Building, 1992). A Carta Bioclimática adaptada ao Brasil apresenta os índices de conforto térmico e as zonas que cada estratégia corresponde, descritas na legenda da Figura 08. 31 Figura 08_Carta Bioclimática adaptada para o Brasil e legenda. A – Zona de aquecimento artificial (calefação); B – Zona de aquecimento solar da edificação; C – Zona de massa térmica para aquecimento; D – Zona de Conforto Térmico (baixa umidade); E – Zona de Conforto Térmico; F – Zona de desumidificação (renovação do ar); G + H – Zona de resfriamento evaporativo; H + I – Zona de massa térmica de refrigeração; I + J – Zona de ventilação; K – Zona de refrigeração artificial; L – Zona de umidificação do ar. Fonte: NBR 15220-3, ABNT, 2005, pg. 14. 32 1.4. ARQUITETURA ESCOLAR "Comecemos pelas escolas, se alguma coisa deve ser feita para 'reformar' os homens, a primeira coisa é 'formá-los” (Lina Bo Bardi em Primeiro: escolas, Habitat, n° 4, 1951). A frase acima expressa à importância do tema educação, que excede sua função pedagógica e formadora de cidadãos, constituindo um vasto objeto de estudos. Base do conhecimento e aprendizagem, a escola é um assunto para aqueles, principalmente os arquitetos, que procuram materializar e aperfeiçoar os seus ambientes para uma sociedade mais igualitária. A seguir será descrita uma breve linha histórica da arquitetura escolar brasileira, as exigências para projeto de uma edificação escolar, bem como seu ambiente de ensino e condicionantes ambientais. 1.4.1. LINHA HISTÓRICA DA ARQUITETURA ESCOLAR BRASILEIRA A frase citada por Lina Bo Bardi arquiteta modernista, mostra a importância das escolas em nossas vidas. Considerada muitas vezes como um “segundo lar”, as escolas começam a fazer parte do nosso cotidiano desde cedo, na infância. Por exercer um papel importante no crescimento pessoal e, consequentemente, do país também, este capítulo tem a finalidade de trazer uma análise do desenvolvimento da organização do espaço escolar no Brasil, focando as transformações espaciais em função do período político e das mudanças e necessidades culturais. Assim, foram constatados que os períodos mais importantes para a compreensão da evolução construtiva da arquitetura escolar brasileira, segundo Elali(2002),estão divididos em seis etapas: primeiros anos da República; início do Modernismo; consolidação do Modernismo; inicio da racionalização construtiva; consolidação da racionalização e a fase atual. A concepção da arquitetura escolar brasileira começou a ser questionada logo após o Brasil tornar-se república, em 1889. A deficiência de edificações voltadas para o ensino e as duvidosas condições dos espaços utilizados para este fim foram os pretextos de críticas por higienistas da época. Junto a isso, sucedeu uma valorização da educação, passando a ser vista como um sinônimo de progresso. A frente destas discussões, o governo começou a construir novos espaços voltados especificamente para o caráter educativo. As primeiras construções que surgiram eram inspiradas em modelos europeus, assim como os projetos, os construtores e a mão de obra eram também de origem estrangeira (BUFFA; PINTO, 2002, pg. 48). 33 As primeiras construções adotavam um “projeto-padrão”, possuindo a mesma solução para a planta baixa e sendo somente alteradas as fachadas, para diferenciar uma edificação da outra. Uma destas primeiras construções foi a Escola Modelo Luz, na capital de São Paulo (Figura 09), projetada por Ramos de Azevedo. Figura 09_Imagem da Escola Modelo Luz, 1893. Figura 10_Planta baixa e organização funcional do nível térreo da Escola Modelo Luz. 1. Sala de Aula; 2. Circulação; 3. Entrada Principal. Fonte: CARVALHO, 2008, pg.43 Fonte: BUFFA; PINTO, 2002, pg.36. O projeto desta escola adotou o regimento de alas distintas e entradas independentes para meninos e meninas. Ficou sendo uma evidência para a época por apresentar características de organização funcional, com a distribuição das salas em corredores e na sua simetria, conforme ilustrado na Figura 10. Destaque, também, para a monumentalidade das fachadas (Figura 09), com as escadarias externas e a presença de porões para elevar o edifício, evitando a umidade e evidenciando ainda mais a edificação. Os ambientes internos destas construções possuíam normalmente um pé-direito mais alto, com no mínimo 4 metros de altura. Esta particularidade no projeto proporcionava um melhor conforto térmico, por deixar a massa de ar quente bem acima dos usuários das salas. Já as janelas existentes nesta edificação possuíam grandes dimensões sem nenhuma proteção externa, fornecendo calor e iluminação excessiva e muitas vezes causando ofuscamento nos alunos. Nesta mesma época ainda surgiram plantas no formato H e U, soluções estas adotadas para conjuntos escolares de somente um pavimento, reduzindo, assim, os altos custos de edifícios de mais pavimentos (Figura 11). 34 Figura 11_Projeto-tipo com plantas em formato U e H. 1.Sala de Aula; 2. Administração. Fonte: CARVALHO, 2008, pg.47 Nos anos 30, as revoluções ocorridas nos conceitos educacionais foram refletidas diretamente na arquitetura escolar. As ideias da Escola Nova, um movimento de renovação do ensino que iniciou na Europa, na América e no Brasil, defendia o direito de educação de forma gratuita a todos. No Brasil, em 1932, o resultado deste movimento foi o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, lançado através de um grupo de educadores que endereçou suas reivindicações ao povo e ao governo. Nesse documento eram retratadas muitas mazelas do nosso ensino, mas também foram expostos princípios e diretrizes que norteavam sua reformulação (BUFFA; PINTO, 2002, pg.66). Logo após este manifesto, no estado de São Paulo, em 1933, foi instituído o Código de Educação do Estado de São Paulo (CE) com o objetivo de unificar a legislação escolar. Neste código, se destacam capítulo onde se trata sobre a forma de projetar as edificações escolares, seus serviços e instalações. Segue um trecho afirmando estas intenções: Propagar a nova política das construções escolares, ampliando em todas as camadas sociais a consciência da necessidade de cada escola possuir instalações pedagógicas que façam dele centro de saúde e alegria, ambiente de educação estética e fator de nacionalização.( CE, ART 32, apud Buffa; Pinto, 2002, pg.67). O código ainda recomendou uma comissão permanente que teria a função de fiscalizar as condições higiênico-pedagógicas dos prédios já existentes e das obras novas. Essa comissão foi formada por diversos profissionais, como educadores, arquitetos, engenheiros, administradores, médicos e higienistas. O resultado dos estudos desta comissão gerou um livro intitulado: Novos Prédios para Grupo Escolar, publicado em 1936. A publicação fez diversas considerações pedagógico-administrativas, dentre elas, ênfase para as especificações com relação ao número de crianças por sala e o tamanho do grupo escolar. O livro expõe também sobre 35 a escolha do terreno e o programa arquitetônico do prédio, partindo do princípio que a escola exige ar puro abundante, luz solar e espaço13. As consequências desta publicação foram notadas na tipologia dos novos projetos escolares que começam a apresentar menos simetria, mais dinâmica, novos espaços e novas preocupações. Os ambientes e funções possuíam soluções mais simples, como a disposição das salas que se arranjavam somente em um dos lados, formando longos corredores. Este tipo de arranjo contemplava a ventilação cruzada que oferecia aos alunos um nível de conforto ambiental mais adequado, mesmo que a disposição implicasse um custo maior e a redução da quantidade de salas. As mudanças também ocorreram dentro da sala de aula, onde todo o mobiliário não era mais fixado ao chão, permitindo assim flexibilidade dos móveis para atividades diversas. A forma de se construir e os materiais utilizados, igualmente apresentavam novas características construtivas. O uso do concreto armado e a abolição dos ornamentos são os aspectos mais marcantes nestas edificações. Um destes exemplos de projeto é o Grupo Escolar Visconde Congonhas do Campo, em São Paulo, que apresenta na planta baixa longas circulações que contornam o prédio, produzindo uma configuração linear, com balanço assimétrico e de composição equilibrada (Figuras 12e 13). Figura 12_Planta baixa do nível térreo e Grupo Escolar Visconde Congonhas do Campo. 1. Sala de Aula; 2. Circulação; 3. Administração. 4. Sanitários. Fonte: BUFFA; PINTO, 2002, pg. 80. 13 Novos Prédios para Grupo Escolar, 1936. 36 Figura 13_Perspectiva do Grupo Escolar Visconde Congonhas do Campo. Fonte: BUFFA; PINTO, 2002, pg. 81. Na década de 50, já se consolidava a disseminação da arquitetura moderna nos novos edifícios escolares, Segawa (1986) apud Carvalho (2008) cita a morfologia que caracterizava os edifícios construídos durante esse período: Volume geométrico simples predominantes horizontais com coberturas inclinadas e/ou “asa de borboleta”, estruturas em arcos pilotis, quebra-sóis, rampas, fluidez de espaços e integração com a natureza (...)( SEGAWA, 1986, pg 65 apud CARVALHO, 2008, pg. 54). Características que sãovisualizadas no projeto da Escola-Parque Centro Educacional Carneiro Ribeiro(Figura 14)(primeira etapa 1947/segunda etapa 1956), em Salvador, pelo arquiteto Diógenes Rebouças.Criada por Anísio Teixeira (1900-1971), figura central na educação pública brasileira no século 20, a Escola-Parque tinha a proposta de ser um espaço completo de formação educacional extra-classe. Para explanar a concepção educacional e a organização espacial da Escola-Parque, nada melhor que a citação a seguir, do próprio Anísio: (...) cada manhã metade dos alunos estaria na escola-parque e a outra metade distribuída pelas quatro escolas-classe. Ao meio dia, os alunos da manhã das escolas-classe se dirigiam para a escola-parque, onde almoçariam, descansariam em atividades de recreio e, depois, se distribuíam, de acordo com o programa, pelas diferentes atividades da escola-parque.E os alunos que haviam passado a manhã na escola-parque iriam por sua vez, almoçar nas escolas-classe e se distribuiriam a seguir pelas suas atividades escolares.(...) Se a escola-classe mantinha, em essência, a antiga escola convencional, as condições de trabalho da escola-parque iriam facilitar sobremodo a aplicação dos melhores princípios da educação moderna. (TEIXEIRA, 1967 apud BUFFA; PINTO, 2002, pg. 107). Com um cunho social muito marcante, as instalações da escola-parque, principalmente a biblioteca, poderiam ser usadas à noite pela comunidade. A escola seria um centro de envolvimento com a comunidade, propondo cultura e educação a todos. A preocupação de Anísio Teixeira em relacionar o espaço arquitetônico com propostas educacionais, foi o ponto de partida para o traçado do projeto. Assim, as característica arquitetônicas que se sobressaem são: a iluminação zenital;a conexão entre os espaços;a visibilidade e a integração do edifício com a vegetação,soluções arquitetônicas que demonstram a preocupação com o bem estar de seus usuários. 37 Figura 14_Escola-parque ou Centro Educacional Carneiro Ribeiro (em duas etapas: 1947 e 1956), em Salvador, de Diógenes Rebouça. Fonte: REVISTA AU, 2009.14 Na continuidade na linha histórica, os anos 60 e 70, a consolidação do modernismo e a racionalização da construção tornaram-se presentes em diversas obras, principalmente nos projetos de Oscar Niemeyer, Afonso Eduardo Reidy e Villanova Artigas, arquitetos em ascensão da época. As construções escolares neste período apresentavam formas espaciais diferenciadas, muito imponentes e sem adornos. A diferenciação na implantação dos setores contemplava a fluidez e dava vez a espaços mais abertos, promovendo a visibilidade e a comunicação entre os ambientes (BUFFA; PINTO, 2002, pg.139). Segundo Bruand (1981, pg.12) estas aberturas nos edifícios para o exterior proporcionavam a entrada do ar, da luz e da natureza. Porém, a aplicação deste recurso em um clima quente exigiu adaptações, que foram solucionadas através do emprego de alguns dispositivos capazes de combater a insolação direta. Nasce o brise-soleil (protetores solares), elemento que se transforma em uma expressão plástica e marcada arquitetura brasileira contemporânea (BRUAND, 1981, pg. 12). Um exemplo expressivo deste período é a escola na cidade de Guarulhos, São Paulo (1960) do arquiteto Vilanova Artigas (Figura 15), que se destaca pelo grande plano protetor horizontal apoiado em um reduzido número de suportes verticais, possibilitando a liberdade na projeção dos espaços internos. 14 Imagem obtida: http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/178/a-escola-parque-ou-o-. aspx 38 Figura 15 – Vilanova Artigas, Escola em Guarulhos, planta e corte transversal, São Paulo, 1960. 1.Sala de Aula. 2.Auditório. 3.Biblioteca. 4.Pátio Central. 5.Administração. 6.Jardim. 7.Espelho d’água. 8.Vestiários. 9.Cantina. Fonte: ARQUITEXTOS, 079.01, ano 07, dez. 2006.15 Nos anos seguintes, no pós-modernismo, em função da demanda crescente foi adotada a padronização dos componentes, consolidando o princípio da racionalização. A padronização não ficou somente nos componentes, mas também na forma da edificação e dimensões dos ambientes. A prática da racionalização nos projetos foi adotada principalmente depois da criação da Companhia de Construções de São Paulo (Conesp), em 1976, que propunha sintetizar e enumerar as principais informações para a elaboração dos projetos. Os escritórios de arquitetura seguiam as normas dos catálogos elaborados pela Conesp, que via a racionalização como a única maneira de suprir a demanda (KOWALTOWSKI, 2011, pg.91). Marco desta época foram os Centros Integrados de Educação Pública (CIEP)(Figura 16),instalados no estado do Rio de Janeiro e projetados por Oscar Niemeyer. 15 Imagem obtida: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07. 079/284 39 Figura 16_Croquis de Oscar Niemeyer para o CIEP, RJ. . Fonte: http://www.pdt.org.br As principais propostas destes centros eram de oferecer uma educação integral com atividades esportivas e culturais aos alunos e manter suas portas abertas durante os fins de semana para receber a população. Darcy Ribeiro, idealizador desta proposta, era o Secretário da Educação no Rio de Janeiro da época e alguns estudiosos acreditam que os CIEPs foram inspirados no projeto Escola-Parque de Salvador, de Anísio Teixeira (1950). Com um projeto arquitetônico uniforme, as organizações espaciais dos CIEPs acontecem através de blocos que se articulam. O prédio principal conta com três pavimentos, onde o pavimento térreo abriga serviços diversos como: a cozinha e o refeitório, o segundo pavimento conta com a administração e salas de aula e o ultimo contém somente salas de aula. Todos os pavimentos são ligados por uma rampa central, não existindo escadas, propondo um partido linear à construção. Os CIEPs foram instalados principalmente nas periferias do estado do Rio de Janeiro e sua arquitetura destoava do entorno. Um ponto curioso e polemico deste projeto eram as paredes rebaixadas das salas de aula, que não subiam até o teto. A finalidade desta proposta era de facilitar a circulação dos ventos nas salas, porém as condições acústicas ficaram prejudicadas. 40 No final dos anos 80 foi criada a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE)16, que ficou responsável por viabilizar a execução das políticas educacionais definidas pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, implantando e dirigindo programas, projetos e ações designadas a garantir o bom funcionamento, o crescimento e o aprimoramento da rede pública estadual de ensino. Mesmo sendo desenvolvidas pela Secretaria do Estado de São Paulo as especificações contidas para a edificação de novas escolas são utilizadas como referência em outros estados. Vários itens são descritos para uma melhor avaliação do ambiente escolar, como: o conforto ambiental, a ação dos ventos e a insolação do local, a acessibilidade e os fluxos do entorno e no interior da escola. O Ministério da Educação (MEC),a nível nacional, através de pesquisas realizadas em conjunto ao Programa “Fundo de Fortalecimento da Escola” (Fundescola)desenvolveram e publicaram os Cadernos Técnicos: Subsídios para a Elaboração de Projetos e Adequação de Edificações Escolares, para espaços educativos do ensino fundamental (CORTEZ; SILVA, 2002). A publicação conta com diretrizes e recomendações técnicas para construções de escolas públicas que inicialmente foram desenvolvidas para as regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste do País e depois estendidas as demais regiões do Brasil. Os cadernos apresentam fichas técnicas que determinam um “padrão mínimo” a ser aplicado para a avaliação de escolas existentes, como também para adequações. Com a publicação destas diretrizes, conforme Kowaltowski (2011) nos últimos vinte anos (período de 1990 a 2010), as edificações escolares apresentaram uma arquitetura bastante padronizada. Como exemplo desta afirmação está à proposta dos Centros Educacionais Unificados, mais conhecidos como CEUs, implantados na cidade de São Paulo. Com os mesmos objetivos traçados por Anísio Teixeira com a escola- parque, estes centros tinham o intuito de fornecer atividades em período integral e agregar a comunidade local. Os projetos normalmente seguiam um padrão e nem sempre se ajustavam as situações locais, como os fatores climáticos. Aparentemente imposta pelos órgãos públicos, o partido arquitetônico procurava atender à funcionalidade, racionalidade construtiva e sobre tudo econômica. Outro motivo para a utilização da padronização nas edificações, principalmente pública, é a identificação de determinado período administrativo. Na implantação dos CEUs (Figura 17 e 18), dois cilindros altos são utilizados para as caixas de água. Os volumes são considerados importantes para a composição formal do complexo, porém indiferente para a construção de reservatórios mais econômicos ou em locais mais elevados. Era mais importante a “marca”, para a identificação das obras administrativas do que a lógica construtiva (KOWALTOWSKI, 2011, pg.105). Essa monotonia das repetições, como uma produção em série, além de inadequado à sociedade não reflete as preocupações com o seu entorno. 16 Site oficial da FDE_http://www.fde.sp.gov.br/ 41 Figura 17_Foto do CEU Vila Curuçá, São Paulo. Figura 18_Foto do CEU São Rafael, São Paulo. Fonte: Imagens internet. Fonte: Imagens internet. Atualmente a construção civil está passando por uma transformação, na busca de minimizar os impactos ambientais provocados pelas obras, surgindo o paradigma da Construção Sustentável. Os desafios para o setor da construção são diversos, porém, em síntese, consistem: na redução e otimização do consumo de materiais e energia, na redução dos resíduos gerados, na preservação do ambiente natural e na melhoria da qualidade do ambiente construído. Esse conjunto de ações promove assim o surgimento de selos e certificados para edificações que comprovem estas medidas e procedimentos. Com a intenção de ser modelo para os próximos projetos de escolas sustentáveis, foi inaugurado, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, o Colégio Estadual Erich Walter (Figura 19). Projeto piloto da primeira escola padrão verde da América Latina e a primeira escola brasileira construída dentro dos padrões da certificação LEED da entidade internacional Green Building Council. 42 Figura 19_Vista aérea do Colégio Estadual Erich Walter, RJ. Fonte: Revista Finestra (mai-jun) 2013. A escola foi construída por uma instituição particular em parceria com o Estado e o Município do Rio de Janeiro. A peculiaridade deste projeto está na escolha do terreno que antes abrigava uma praça arborizada, com quadras e equipamentos de lazer de um conjunto habitacional. A praça e seus elementos foram mantidos e recuperados, ocorrendo um maior diálogo entre a escola e a comunidade local. O projeto ainda traz várias soluções para minimizar os custos com o consumo de energia, dentre elas a ventilação cruzada e o teto-verde. O projeto ainda contempla a acessibilidade a todos, não possuindo degraus nas suas circulações e alguns espaços são abertos â comunidade. Nesta breve análise da linha histórica da arquitetura escolar brasileira é demonstrado que os prédios escolares sofreram diversas influências nas características arquitetônicas. Os projetos destas edificações retratam, principalmente, as preocupações dos órgãos públicos, responsáveis pela execução e pelo planejamento da educação do país, adotando programas e diretrizes que procuram garantir um ambiente escolar com maior qualidade, assunto este, que será abordado a seguir. 43 1.4.2. EXIGÊNCIAS PARA O PROJETODE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO As exigências para uma instituição de ensino não se limitam só aos condicionantes arquitetônicos e seus programas, é também a soma dos anseios de administradores, professores, alunos e da comunidade envolvida. Cabe ao arquiteto transportá-las para o projeto em harmonia com os condicionantes ambientais locais e legislação existente no município e no País, procurando assim fornecer um ambiente escolar saudável. Neste conceito, segue: É atribuição de quem projeta o prédio escolarcriar um espaço técnico, funcional e comprometidocom a eficácia pedagógica, buscandoajustar o edifício escolar às necessidadeseducativas de uma dada região e ao espaço noqual se insere (CORTEZ; SILVA, 2002, pg.10). Para o planejamento do edifício escolar faz-se necessária sua adequação às diversas exigências. Segue então uma classificação, na qual esta dissertação considera mais importante para o desenvolvimento do projeto arquitetônico. • Exigências de Projeto, onde entram as exigências pedagógicas e funcionais; • Ambiente de Ensino; e • Conforto Ambiental. 1.4.2.1_Exigências Pedagógicas O ambiente físico escolar é um importante elemento no desenvolvimento da criança, segundo Kowaltowski (2011, pg. 111). Apesar de existir várias linhas pedagógicas, todos concordam que o ambiente desempenha um papel importante na construção do conhecimento e no processo de desenvolvimento. As ideias pedagógicas e sua assimilação na prática escolar têm um dinamismo próprio, tanto quanto têm sua própria evolução as concepções arquitetônicas e sua influência no projeto e construção de edifícios escolares. (...) Às vezes, educadores e arquitetos estão próximos, há uma clara concepção pedagógica a influenciar o conceito arquitetônico (BUFFA; PINTO, 2002, pg. 154). Assim, o arquiteto precisa ter o conhecimento dos aspectos pedagógicos para traçar os espaços e usos da instituição escolar, sendo um elemento essencial â definição do programa de necessidade. No Brasil, a educação básica é garantida para todos através da Constituição Federal, exposto no Art 205, Seção da Educação, que diz: (...) a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART 205, 1988). 44 Desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996)é colocado que toda escola precisa ter um projeto pedagógico. Esse documento deve explicitar as características que gestores, professores funcionários, pais e alunos pretendem construir na unidade e qual formação querem para quem ali estuda. Nesta mesma lei são regulamentados os níveis de modalidade de educação e ensino. Assim, a educação básica compõe-se de: a) Educação Infantil: é a primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até cinco anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (Art. 29, BRASIL, 1996). b) Ensino Fundamental: é obrigatório e gratuito na escola pública, com duração de nove anos, iniciando-se aos seis anos de idade e tem por objetivo a formação básica do cidadão mediante ao desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita, do cálculo e habilidades como a compreensão do ambiente e a formação de atitudes e valores (Art 32, BRASIL,1996). c) Ensino Médio: é a etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos e tem por finalidade a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental e possibilitando o prosseguimento de estudos (Art. 35, BRASIL,1996). O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB) promove o financiamento da educação básica pública e a distribuição dos recursos e é feita de acordo com o número de alunos através dos dados do Censo Escolar. Já o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), uma autarquia vinculada ao Ministério da Educação, também tem como objetivo o investimento e assistência financeira, porém em programas e projetos ligados ao ensino fundamental melhorias na educação. O Ministério da Educação (MEC) 17 é um órgão do Governo Federal fundado pelo decreto n.º 19.402, em 14 de novembro de 1930, que gerencia todos os assuntos relativos ao ensino público no país. O programa FUNDESCOLA do MEC elaborado em parceria com as secretarias estaduais e municipais de educação publicou em 2002 os Cadernos Técnicos: Subsídios para a Elaboração de Projetos e Adequação de Edificações Escolares. A pretensão deste documento é de oferecer subsídios técnicos às equipes de profissionais dos órgãos estaduais e municipais envolvidas na elaboração, no acompanhamento de projetos arquitetônicos e na construção de escolas de Ensino Fundamental. A Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, também desenvolveu diversos cadernos que 17 Site oficial do MEC_http://www.mec.gov.br/ 45 norteiam o arquiteto com informações sobre normas do projeto e programas. Informações muito úteis para elaboração de uma edificação escolar. 1.4.2.2_Exigências Funcionais • Implantação A implantação de uma edificação escolar, principalmente pública, está ligada a três fatores: o programa arquitetônico, a viabilidade financeira e as condições físicas do local (CORTEZ; SILVA, 2002, pg.31). A localização destes terrenos deve ser escolhida de forma a propiciar acesso fácil, através de vias pavimentadas e com disponibilidades de transporte coletivo. Também se deve priorizar na escolha, se possível, um bairro que já disponha de abastecimento de água, rede de esgoto, energia e os serviços de coleta de lixo, limpeza urbana, telefonia e iluminação pública. Por conseguinte, na medida do possível o terreno deverá atender as seguintes características: possuir uma topografia regular, com boa drenagem superficial, salubridade, insolação e ausência de agentes poluidores como ruídos, fumaças, poeiras, etc. Também é necessário observar as seguintes condições: evitar terrenos situados sobre redes de transmissão de energia elétrica, sobre adutoras, oleodutos e gasodutos e situados próximos de encostas ou barrancos perigosos. Respeitar e manter as características típicas de clima e paisagem, por meio da conservação da natureza do solo, da forma do relevo e da manutenção e replantio da vegetação nativa. Além destes fatores, a escola tem que estar próxima à densidade demográfica e perfil da população que necessita ou vai necessitar atendimento, pois “A escola é um dos equipamentos públicos mais abertos e interativos com o cotidiano da cidade, onde o espaço físico é parte integrante do processo pedagógico”. (CORTEZ; SILVA, 2002, pg.9). Esse conjunto de aspectos que identificam o lugar e a comunidade são itens que influenciarão na forma e concepção do prédio escolar. Uma edificação que deverá atender às características climáticas da região e os anseios de seus futuros usuários, integrando o ambiente escolar com a paisagem local e a comunidade. 46 • Programa arquitetônico O programa arquitetônico deve atender as necessidades do local a ser implantada a edificação escolar. Através de pesquisas in loco e com os dados fornecidos por órgão públicos, como as Secretarias de Educação do Município de São Gonçalo do Amarante e a do Estado do RN, como também com os dados do Censo Escolar, pode-se chegar a um consenso sobre a demanda e suas particularidades. No Anexo I, estão expostos as tabelas do programa de necessidades e as área dos ambientes, fornecidos pela Secretaria da Educação e Cultura do RN, do setor de arquitetura. Como já descrito anteriormente, a educação básica no Brasil se divide em três fases: a educação infantil, que inclui as creches e atende as crianças até cinco anos; o ensino fundamental, que é obrigatório recebendo, a faixa etária dos seis aos quatorze anos e o ensino médio para adolescentes até dezoito anos. Cada qual com suas peculiaridades, porém a organização dos ambientes para a construção de um programa arquitetônico se constituída mesma forma, divididos em quatro setores:  Direção/Administração – controla, planeja e coordena todas as atividades da escola, da pedagógica à relação com a comunidade e com os órgãos públicos e administrativos externos;  Pedagógico – consiste nas atividades de ensino, tanto nos espaço da sala de aula como na sala de leitura e informática;  Vivência – atividades recreativas, extracurriculares e de alimentação;  Serviços – serviços gerais de limpeza, manutenção e de cozinha. A partir da definição destes setores pode-se configurar o organograma e o fluxograma, ferramentas que ajudam na montagem e compreensão do funcionamento, hierarquia e fluxos de comunicação e relação entre os ambientes e departamentos. Nas edificações escolares, a sua construção deve ser realizada utilizando-se a escala do aluno, principalmente no ambiente da sala de aula, visto que se constitui em um elemento fundamental para o desenvolvimento e o aprendizado. Segundo Kowaltowski (2011, pg. 159), nos últimos cinquenta anos, experimentaram-se novos layouts para projetos de escolas, mas a sala ideal ainda é pesquisada e discutida. Contudo, a maioria das metodologias de ensino demonstra que o ambiente da sala de aula deve proporcionar um arranjo flexível e diferenciado conforme a atividade exercida (Figura 20). 47 Figura 20_ Arranjos diversos para a sala de aula. a) Sala de aula com arranjo tradicional: carteiras em fila. b) Arranjo que segue os critérios didáticos atuais. c) Disposição para aula vídeo. Fonte: MEC; FUNDESCOLA, 1999, pg. 8. As condições dimensionais mínimas recomendadas por aluno (1,50m²) costumam ser respeitadas, mas é somente calculada para a área da sala e seu mobiliário. A norma ABNT NBR 14006 (2008) e a Portaria do Inmetro n°105estipulam o mobiliário escolar de acordo com a altura da criança (1,19m á 1,88m) (Figura 21). E para o bom andamento das atividades pedagógicas, o MEC estipulou que 30 alunos/sala é a média ideal para o ensino fundamental. Figura 21_Mobiliário escolar em três dimensões. Fonte: MEC; FUNDESCOLA, 1999, pg. 12. O FDE reuniu estes dados, com as informações e seu conhecimento acumulado sobre a produção de edifícios escolares, e os transformou em catálogos técnicos de ambientes e mobiliários para instituições de ensino. As pesquisas continuam e estes dados estão sempre em constantes atualizações e são divulgados através do site oficial18 do FDE. O resultado de um destes estudos foi uma medida padrão para a sala de aula, configurando-se em um ambiente com o espaço mínimo de 7,20m x 7,20m (51,84 m²) utilizando uma modulação de 0,90cm com as cotas de eixo á eixo (Figura 22). 18 Site oficial da FDE_ http://www.fde.sp.gov.br 48 Figura 22_ Sala de aula padrão com 7,20m x 7,20m com o total de 51,84 m2, desenvolvida pela FDE. Fonte: http://www.fde.sp.gov.br A configuração da medida da sala ilustrada na figura 22 antecipa uma modulação, que racionalizando a construção do edifício, possibilita economias. Atendendo a 30 alunos (quantidade idealizada pelo MEC), a dimensão da sala ainda possibilita uma flexibilidade na configuração do mobiliário de acordo com a atividade proposta e prevê o acesso e local para o portador de deficiência motora. A acessibilidade também está relacionada à programação arquitetônica e tem um papel importante na definição dos ambientes e seu mobiliário, um direito de todos garantido por lei na NBR 9050, que diz: Esta Norma estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade (ABNT, NBR 9050, 2004). O fácil acesso nas dependências da escola, além de ser um direito, é também uma questão de inserção social, pois atende um requisito fundamental para a vivência de um indivíduo em um ambiente de uso coletivo. A acessibilidade é parte integrante da concepção do projeto de edificações e não uma mera adaptação, para assim não gerar a segregação (KOWALTOWSKI, 2011, pg.125). . 1.4.3. AMBIENTE DE ENSINO O ambiente escolar, especificamente a sala de aula, agrega características físicas, arquitetônicas, organizacionais e aspectos particulares tanto dos professores quanto dos alunos, que influenciam no clima social do ambiente (MOOS, 1979 apud KOWALTOWSKI, 2011, pg. 160). 49 Procurando melhorar as inter-relações entre os usuários e o ambiente, as cores, as texturas, as composições geométricas, os símbolos e as sinalizações ajudam a promover a sensibilidade, a criatividade dos usuários e uma identidade espacial. Diversos estudos apontam as sensações e estímulos que as cores podem proporcionar ao ser humano. Na ambientação de interiores diversos fatores são levados em consideração para a escolha das cores, que vão desde as proporções do ambiente, a sua finalidade, orientação, forma e até o orçamento disponível. Segundo um dos cadernos técnicos da FUNDESCOLA (CORTEZ; SILVA, 2002), as cores têm a capacidade de mudar os ambientes, sendo importante a análise de suas qualidades antes de especificá-las. Esta análise identifica as “cores quentes” e as “cores frias”. A seguir, no quadro 01 é apontada a definição para estas classificações. Quadro 01_Classificação, identificação e utilização das cores na edificação. Classificação Identificação e utilização Cores frias o verde, o azul e o violeta – são repousantes e devem ser usadas em ambientes bem iluminados, com muitas janelas ou luminosidade. São perfeitas para dar a sensação de frescor e amplitude. Transformam pequenos ambientes em ambientes espaçosos. Porém, um ambiente com pouca luz natural trará sensação de solidão e frio. Cores quentes o amarelo, o vermelho, o roxo e o laranja – são excitantes, vivas e fortes. Por este motivo, usá-las em ambientes que não recebam muita luz natural, pois iluminam e aquecem o ambiente. Onde há muita luz natural, as cores quentes diminuem o ambiente e transmitem sensação de abafamento, tornando-se pesadas e cansativas. Cores neutras o cinza, o marrom e o bege - são tonalidades pertencentes as cores neutras, que combinam com todas as outras, dosando as sensações ambientais, sendo ideais para renovar ou modificar ambientes onde já tenha sido utilizada uma cor quente. São cores que se encaixam bem em qualquer projeto de interiores. Fonte: CORTEZ; SILVA, 2002, pg.115 e FNDE et al, 2000. Na cartilha do FNDE, “Recomendações para uso de cores no ambiente escolar”, também é exposto os efeitos das cores: Sobre uma sensibilidade grosseira, a cor tem apenas efeitos superficiais que, desaparecida a excitação, logo deixam de existir. Por mais elementares que sejam esses efeitos são variados. As cores claras atraem mais o olho e o retêm. As cores claras e quentes retêm-no ainda mais: assim como a chama atrai irresistivelmente o homem, também o vermelho atrai e irrita o olhar. O amarelo- limão vivo fere os olhos. A vista não consegue suportá-lo (...) Os olhos piscam e vão mergulhar nas profundezas calmas do azul e do verde (FNDE et al, 2000). 50 Os objetivos destas cartilhas não são de definir padrões, mas de discutir a adequação de certas combinações ou tonalidades, de tal modo sugerindo cores e composições para os ambientes de uma instituição de ensino. Segundo uma destas cartilhas é recomendada para as paredes das salas de estudos o uso de cores claras, em tom pastel, nas nuances das cores do amarelo, verde, azul, bege e cinza pérola. Para grandes superfícies, como as paredes, principalmente as internas das salas de aulas, devem ser evitadas cores vibrantes como vermelho, o rosa, o alaranjado e o violeta por serem excitantes. A cor branca neve, também precisa ser evitada, pois pode produzir o efeito de ofuscamento, assim como o preto que deprime e o marrom que provoca sonolência. Nos pisos de pátios, acessos e corredores o uso da cor branca também não é indicado, pois seu alto nível de reflexão acaba direcionando a radiação solar para as paredes e acarretando um aumento da temperatura interna. Neste caso, o ideal é a utilização de tons de bege ou argila, cores mais neutras. Ao contrário dos pisos, o teto deve receber a cor branca, por seu alto grau de reflexão da luz, é recomendada, ajudando na luminosidade das áreas de trabalho (mesas e carteiras). As esquadrias e portas podem receber tonalidades mais fortes, as classificadas cores quentes, tanto pela sua pequena superfície como para utilização de elemento de identificação e comunicação. Figura 23_ Aplicação das cores na forma correta e não correta sugerida pela FNDE. 1°) Aplicação correta das cores sugeridas 2°) Aplicação não correta das cores. Fonte: FNDE et al, 2000. No exemplo exposto na cartilha da FNDE, a figura 23 apresenta duas formas de se utilizar as cores sugeridas: na 1° figura, a utilização correta, cor clara na parede e cores mais escuras na porta e esquadria. Já na 2° opção, a aplicação de cores vibrantes na parede não seria a melhor escolha. A cor é um instrumento eficaz de comunicação visual e tem a função de informar, sinalizar e orientar os fluxos de circulação. As soluções mais usuais segundo Cortez e Silva (2002, pg. 113) em escolas são: 51 • O uso de cores distintas para paredes, tetos e pisos em cada setor; • A utilização das portas como suportes de comunicação, com cores diferenciadas, placas e elementos gráficos de identificação; • Sinalização adequada e tratamento do piso para identificar e orientar fluxos; • Uso de placas informativas, murais e quadros de avisos. A NBR 9050 (2004), sobre “Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos”, dentro do seu contexto, aborda as formas de comunicação e sinalização, sendo classificada em visual (através de textos ou figuras), a tátil (em braile ou figuras em relevo) e sonora. Para os tipos classificados dentro da forma visual estão as permanentes, as direcionais, as de emergência e as temporárias. Dentro destes tipos, as cores tem a importante finalidade de identificar uma determinada função, conforme se verifica no quadro 02. Quadro 02_Cores padronizadas pelas ABNT para sinalização. Cor Finalidade Vermelho Equipamentos de proteção e combate á incêndios. Laranja Partes móveis e perigosas de máquinas e equipamentos. Amarelo Indica cuidado em escadas, bordas perigosas, elementos finos, salientes, etc. Verde Indica segurança; é utilizado também em quadros de avisos. Azul Pontos ou chaves de comando de fontes de energia. Branco Demarcação de áreas de corredores, armazenagem e localizações de equipamentos de socorro, coletores de resíduos e bebedouros. Preto Identificação de coletores de resíduos. Fonte: CORTEZ; SILVA, 2002, pg. 115. Na figura 24, alguns exemplos da aplicação destas cores em sinalizações, de acordo com a sua finalidade especificada no quadro acima: o vermelho para equipamentos de combate a incêndio e o verde avisando a saída de emergência. 52 Figura 24_Sinalizações de emergência. Fonte: FDE, 2013. A norma ainda expõe as representações gráficas dos símbolos (reconhecidos internacionalmente), a sua aplicação e a sua legibilidade para as informações visuais que são muito importantes para a rápida identificação da localização dos setores, as indicações de emergência, saída e outros. As cores, formas e símbolos também podem expressar a pedagogia e os valores da escola. Juntos, a escolha correta das cores e a qualidade formal da arquitetura podem criar uma identificação, tornando-se uma unidade visual e podendo até ser uma referência na comunidade. 1.4.4. CONFORTO AMBIENTAL Conforto ambiental, segundo Corbella e Yannas (2003, pg. 32) ocorre quando, “(...) uma pessoa está confortável com relação a um acontecimento ou fenômeno quando pode observá-lo ou senti-lo sem preocupação ou incômodo. Então, diz- se que uma pessoa está em um ambiente físico confortável quando se sente em neutralidade com relação a ele.” A importância da qualidade do conforto ambiental, de acordo com alguns estudos, mostra que é refletido diretamente na produtividade e na aprendizagem do aluno. Ambientes mau iluminados ou com pouca ventilação refletem diretamente no bem estar de seus ocupantes, gerando, muitas vezes sensações de sonolência e cansaço. Por isso que o projeto de uma edificação escolar depende de estudos e da compreensão das diversas questões que envolvem o conforto ambiental em relação ao ambiente físico. E para o bom aprendizado dos alunos em sala de aula é necessário pesquisar fatores como: a temperatura, a umidade a qualidade do ar, as condições de ventilação, a acústica e os níveis de iluminação (KOWALTOWSKI, 2011, pg. 141). 53 1.4.4.1_Conforto Térmico O próprio homem é capaz de responder a situações de desconforto através de processos metabólicos (suor, variações do fluxo sanguíneo, batidas cardíacas, dilatação dos vasos, contração dos músculos, entre outros) que promovem trocas térmicas, visando o adequado equilíbrio com o meio. Os diversos estudos existentes divergem sobre os índices ou zonas de conforto térmico ideal, pois as sensações de conforto podem variar de pessoa para pessoa. E esse equilíbrio ainda depende das vestimentas do individuo, da atividade exercida (de descanso, leve ou pesada) e dos acontecimentos do entorno. Os parâmetros ambientais que interferem no equilíbrio do conforto térmico são a temperatura e umidade do ar, a radiação e os ventos. Todos esses elementos interferem na troca térmica do indivíduo com o meio. O corpo humano consegue estabelecer um equilíbrio térmico com este meio através de diversos processos de trocas térmicas, como a troca por radiação, por condução, por convecção e por evaporação, a fim de manter a temperatura interna do corpo, que gira em torno de 37°C (Figura 25) (ROMERO,1988, pg. 23). Figura 25_O corpo humano e os processos de troca térmica. Fonte: ROMERO, 1988, pg. 23. Compreendendo que a edificação escolar deve proporcionar um ambiente agradável, é responsabilidade do arquiteto criar um entorno que não produza tensões negativas sobre o mecanismo de compensação de calor do corpo(OLGYAY,1998, p.17, tradução do autor), sendo de grande importância o levantamento das variáveis ambientais, citadas anteriormente, que envolvem a localização do edifício. Podemos dizer, então, que toda a envoltória colabora para um melhor desempenho do ambiente interno. O conhecimento do clima, aliado ao dos mecanismos de trocas de calor e do comportamento térmico dos materiais de construção e seus dimensionamentos, permite uma consciente intervenção na arquitetura, incorporando os dados relativos do meio-ambiente externo de modo a aproveitar o que o clima apresenta de agradável e amenizar os aspectos negativos. 54 1.4.4.2_Ventilação . A troca de ar proporcionada pela ventilação natural tem a finalidade de criar um ambiente mais saudável. A ventilação natural promove a renovação do ar, previne a formação de fungos e mofos e também diminui o excesso de umidade no ar através da constante circulação do ar pelos ambientes internos da edificação (KOWALTOWSKI, 2011, pg. 188). Além disso, segundo Olgyay (1998, pg. 25) (tradução do autor): “O movimento do ar afeta o nosso corpo. Não diminui a temperatura, mas provoca uma sensação de frescor devido a perda de calor por convecção e o aumento da evaporação do corpo.” Nas cidades brasileiras o clima predominante é o quente-úmido e a ventilação natural nestas regiões tem uma importante função no nosso controle térmico passivo. Entende-se por controle térmico passivo a obtenção do conforto térmico sem o uso de energia, dos aparelhos de ar condicionado ou ventiladores, é onde a ventilação natural se sobressai (BITTENCOURT; CÂNDIDO, 2008, pg. 25). A ventilação natural pode ser alcançada com a permeabilidade do edifício ao vento, através do correto posicionamento da edificação em relação aos ventos predominantes da região e de aberturas adequadas. A ação dos ventos atua sobre a edificação, gerando zonas de pressão e subpressão. É com a diferença das pressões e a existência de aberturas, principalmente a ventilação cruzada (aberturas em paredes opostas) que é possível haver uma eficiente ventilação natural dentro da edificação, conforme demonstra o corte na figura 26. Figura 26_Corte representativo da ação do vento e suas pressões. Fonte: FROTA et al, 2001, pg. 128. Um dos principais benefícios da ventilação natural é a redução do consumo de energia, minimizando diretamente o uso de sistemas de ventilação mecânica e ar condicionado (JONES, 2001 apud ANDREASI; VERSAGI, 2003). Segundo a NBR 15220 (ABNT, 2003) as recomendações e diretrizes construtivas para o condicionamento térmico passivo levam em consideração as seguintes condições de contorno da edificação:  O tamanho das aberturas para ventilação; 55  A proteção solar nas aberturas descobertas;  As vedações externas (tipo de parede externa e tipo de cobertura); e  As estratégias de condicionamento térmico passivo. Para cada zona climática brasileira (oito zonas climáticas no total) é traçado um conjunto de estratégias, o tipo adequado de cobertura, as suas aberturas e seu sombreamento. No entanto, o arquiteto tem que tomar o devido cuidado com determinadas estratégias, para que estas não impliquem ou interfiram na entrada dos ventos (KOWALTOWSKI, 2011, pg. 189). 1.4.4.3_ Conforto Acústico A escola é uma instituição que tem como objetivo o ensino, este transmitido principalmente pela comunicação oral, ressaltando assim a importância da acústica. O projeto acústico é um dos projetos complementares imprescindíveis na fase inicial do projeto arquitetônico. Concebido em conjunto, ele vai influenciar tanto na disposição como nas formas da edificação. Quando isso não ocorre, posteriores ações corretivas serão necessárias, implicando custos mais elevados e soluções mais complexas. Sobre acústica arquitetônica, podemos compreender que é a parte física da construção que trata do projeto e da constituição de recintos com certas características, de modo a permitir a audição distinta dos sons produzidos ou propagados e assegurar o isolamento dos mesmos em relação aos ruídos externos. No sentido de amenizar a ação de ruído, os pontos básicos são: controle da fonte, controle da trajetória ou controle do receptor (CORTEZ; SILVA, 2002 pg. 107). Para tal é importante o tratamento do isolamento acústico e do condicionamento. No isolamento acústico são utilizados materiais e detalhes construtivos apropriados para promover a situação adequada frente aos ruídos externos à sala de aula, bem como toda edificação. Já o condicionamento consiste no tratamento das superfícies (parede, teto e piso)da sala de aula para obter uma boa condição de audibilidade e está relacionado com a adequação do tempo de reverberação. É possível combinar diversos e diferentes recursos, dependendo das necessidades de isolamento acústico, no quadro 03 seguem alguns exemplos desses recursos. Quadro 03_Materiais adequados para o tratamento acústico. Tipo Ação Exemplo Isolantes Impedem a passagem do som de um ambiente para outro. Tijolo maciço, pedra lisa, madeira e vidro com espessura mínima de 6mm.Um colchão de ar é uma solução isolante, com paredes duplas e um 56 espaço vazio entre elas (quanto mais espaço, mais capacidade isolante). Muito refletores Aumentam a reverberação interna do som. Pintura brilhante, Mármore, películas finas. Refletores Podem ser isolantes e aumentam a reverberação interna do som. Azulejos, cerâmicas, massa corrida, madeira, Papel de parede (em geral, materiais lisos). Ligeiramente absorventes Não deixam o som passar de um ambiente para o outro, evitando eco. Pintura fosca, tapeçaria, lambris de madeira. Absorventes Não deixam o som passar de um ambiente para o outro, evitando eco. Materiais porosos como a lã de rocha ou de vidro, a fibra de vidro revestida, manta de poliuretano (dispensa revestimentos), forrações com cortiça, carpetes grossos e cortinas pesadas. Difusores Refletem o som de forma difusa, sem ressonâncias. Em geral, são materiais refletores sobre superfícies irregulares (pedras ou lambris de madeira). Fonte: CORTES; SILVA, 2002, pg. 107. Nas salas contíguas, por exemplo, com distintas fontes de ruído, é possível revestir a face interna da parede com material absorvente e a parede externa com material isolante. Na NBR 10.152 (ABNT, 1987) são citados os níveis de ruído compatíveis para um conforto acústico em ambientes diversos. Na tabela 01 são apresentados esses valores para o caso específico de escolas. Tabela 01_Nível sonoro para ambientes escolares. Locais Nível sonoro (dB) para conforto aceitável Bibliotecas, salas de música, salas de desenho Salas de aula, laboratórios Circulação 35-45 40-50 45-55 Fonte: ABNT, NBR 10152, 1987, pg. 2. Considerando estas informações, um bom projeto acústico em escolas, pode ser ordenado pelas seguintes considerações de acordo com Knudsen e Harris (1953), apud Frandoloso (2001, pg. 53):  escolha do local; 57  disposição das salas de aula;  os elementos para o isolamento e condicionamento acústico do edifício, salas de aula e demais setores onde seja necessário a proteção contra ruído. Portanto, é indicada para instituições de ensino, a localização longe de vias de trânsito intenso, ferrovias e ou na rota de aviões. Mas para essas condições também existem soluções variadas que, isoladas ou adotadas em conjunto, podem amenizar o alto índice de ruído externo. Estas soluções funcionam como barreiras sonoras que podem ser compostas por taludes artificiais, muros ou cercas de vegetação como sebes ou árvores de folhagem densa. Elementos esses que agem na absorção e reflexão das ondas, reduzindo o ruído ou simplesmente pela obstrução e não visualização da fonte sonora que pode influenciar na percepção do ruído. As principais fontes de propagação deste ruído externo são as janelas. Portanto, elas devem ter sua capacidade de isolamento sonoro condizente com a carga de ruídos que irão receber. Quando possível, as janelas para as vias públicas devem ser evitadas, item muitas vezes em confronto com a implantação sobre as exigências de iluminação e ventilação. Para a disposição entre salas ou dispostas frente a frente, as aberturas, como as portas, devem se desencontrar ou estarem de lado oposto, evitando assim a propagação do som de uma sala para outra. Pátios internos e corredores também se tornam elementos de fácil transmissão das ondas sonoras, exigindo o emprego de estratégias de isolamento acústico através de materiais absorventes ou de barreiras físicas (SERRA, 1999, pg.57 apud FRANDOLOSO, 2001, pg. 52). A densidade de alunos em sala é outro fator que afeta diretamente as condições de comunicação verbal (KOWALTOWSKI, 2011, pg.135), pois uma aula com número elevado de alunos é normalmente difícil o controle sonoro. Em sala de aula, podemos distinguir dois tipos de som: o originário da voz do professor (sinal) e do som do ambiente em volta existente (ruído), que são os provenientes de barulhos internos (aparelhos e alunos) e externos (tráfego e pátios internos da edificação). A relação Sinal/Ruído, em sala de aula, está relacionada à capacidade do timbre e da potência da voz do professor, que capaz ou não de ultrapassar o ruído existente interno e externo. Para uma adequada inteligibilidade deve-se, então, manter uma ótima relação Sinal/Ruído (professor/aluno), onde a diferença mínima entre eles fique acima de 10 dB, caso contrário o professor terá que acentuar o seu tom de voz (timbre e potência), tendo muitas vezes problemas vocais para ser entendido por seus alunos. Este som, oriundo do professor (sinal) é transformado em uma onda sonora, que como um raio parte da fonte e se propaga em diversas direções, exemplo melhor visualizado na ilustração da figura 27. 58 Figura 27_Propagação dos raios sonoros em uma sala de aula. Fonte: http://www.ufrrj.br Outro problema relacionado ao bom entendimento dentro da sala de aula diz respeito aos detalhes acústicos. O tempo de reverberação é influenciado pela dimensão da sala e pela capacidade dos materiais, que absorvem ou não a energia sonora, exemplificados no quadro 03, pag. 54. Para a geometria do ambiente, vários estudos mostram as dimensões: 5,00 x 3,00 x 2,80 respectivamente, comprimento, largura e altura, como dimensões ideais a fim de evitar o excesso de reflexão e minimizar o tempo de reverberação (ARIZMENDI, 1980, pg.86 apud FRANDOLOSO, 2001, pg. 55). Os forros inclinados no sentido longitudinal ao recinto e superfícies não paralelas contribuem também para melhores condições acústicas (ROTH,1957, pg. 66 apud FRANDOLOSO, 2001, pg. 54).Mais um cuidado, além da escolha dos materiais e recursos, é o cuidado com a manutenção deportas, fechaduras e janelas, para que estas não se tornem mais uma fonte de ruído e sim, que possam contribuir para um melhor isolamento acústico. Conclui-se, então, que as análises pré-construtivas em edificações escolares, com relação à qualidade acústica nas salas de aula, tem que ser uma das diversas preocupações dos projetistas. O projeto deve considerar o ruído proveniente do entorno, que influencia na inteligibilidade em salas de aula e na escolha correta e adequada dos materiais utilizados internamente, bem como as dimensões e formas das salas de aula, na busca de uma qualidade acústica satisfatória para um bom aprendizado. 1.4.4.4_ Conforto Visual O conforto visual tem relação direta com o nosso bem-estar, com nossa saúde e com a capacidade de aprendizagem, dados comprovados através de estudos científicos com métodos bem rigorosos (DUDEK, 2007 apud KOWALTOWSKI, 2011, pg. 146). Principalmente em edifícios educativos, o conforto visual é muito importante para a produtividade, pelas suas atividades e tipo de função realizada. A cartilha do FNDE (2000) ressalta a importância do conforto visual: 59 Um dos fatores mais importantes em se tratando de ambiente escolar é a questão da iluminação e distribuição da luz nos ambientes de permanência dos estudantes. No plano racional deve se ter como primeiro objetivo evitar a fadiga visual. Então temos que projetar ambientes claros que reflitam bem a luz e criar um meio que ajude a manter desperto e facilitar o estudo. A iluminação natural, desde que obtida e projetada adequadamente, sem ofuscamentos ou grandes contrastes e com a orientação correta das aberturas no ambiente, tem uma função fundamental no aprendizado dos alunos (KOWALTOWSKI, 2011, pg. 150). Para um projeto que vise à utilização da iluminação natural, é importante ter dados sobre as características locais. Kowaltowski (2011, pg. 189) destaca que em climas quentes, são necessários cuidados especiais com a entrada de luz em ambientes de ensino devido ao ganho de calor, sendo imprescindíveis dispositivos de sombreamento para cada situação climática. De acordo com Corbella e Yannas (2003, pg.50), para o projeto de iluminação natural são necessários alguns dados para a realização de cálculos específicos. Dados estes como os de tipo de céu, ou de oitavos de céu coberto, ou informações mensais de transparência do céu e/ou os períodos de céu com muita ou pouca luminância. Deve-se ainda considerar que o projeto de iluminação natural deva-se integrar ao de iluminação artificial, para que não haja desperdícios de energia elétrica. Dentro dos conceitos da luz, o fluxo luminoso é a quantidade de luz irradiada para todas as direções por uma fonte luminosa expressa em lúmem (lm). Já a luminância é a quantidade deste fluxo luminoso, refletida (refletância) ou transmitida (transmitância) por uma superfície numa determinada direção. A iluminância (lux) é a intensidade da luz sobre uma superfície. Sobre a iluminância de interiores, a NBR 5413 (ABNT, 1992) foi substituída pela ISO NBR 8995-1, 2002, que apresenta uma tabela para o planejamento dos ambientes, tarefas e atividades com relação à especificação da iluminância, limitação de ofuscamento e qualidade da cor, conforme a tabela 02 a seguir. Tabela 02_Iluminâncias por classe de tarefas visuais. Tipo de ambiente, atividade ou tarefa lux UGRL Ra Salas de aula, aulas particulares 300 19 80 Salas de aula noturno, aulas pra adultos 500 19 80 Sala de leitura 500 19 80 Quadro negro 500 19 80 Salas de ensino de computador 500 19 80 Salas comuns de estudantes e salas de reunião 200 19 80 Salas de professores 300 22 80 Salas de esportes, ginástica e piscina 300 22 80 Salas de Leitura 500 19 80 Áreas para circulação e corredores 100 28 40 Refeitórios / Cantinas 200 22 80 Vestiários, banheiros, toaletes 200 25 80 Depósitos, estoque 100 25 60 60 Fonte: ABNT, ISO NBR 8995-1, 2002 pg.20. A quantidade de lux estabelece a iluminância mantida no plano de referência para um ambiente, tarefa ou atividade, tendo como exemplos os contidos na primeira coluna da tabela 02. Já o UGRL informa os valores limite de ofuscamento unificado aplicável a um ambiente definido. Ra é o índice de reprodução de cor mínimo que é estabelecido para cada atividade exercida (ABNT, ISO NBR 8995-1, 2002 pg.19). Para se obter uma eficiência luminosa, a fonte de luz, que é o quociente entre o fluxo luminoso emitido em lumens pela potência consumida em Watts, tem que estar de acordo com a quantidade calculada e estipulada para o ambiente. Além das exigências de iluminação variar de acordo com a atividade exercida, outro fator que é levado em conta é a idade do observador. Para as atividades em sala de aula são necessários níveis de luz mais altos. A refletância de fundo indicada para esta tarefa deve ser acima de 70%, considerando a faixa etária entre 06 e 15 anos. O correto dimensionamento dos valores das superfícies iluminantes para o aproveitamento da luz natural e as informações sobre seus ocupantes são dados importantes para a execução do projeto de iluminação artificial. Um elaborado projeto de iluminação artificial levará a escolha correta do tipo de lâmpada e luminária, permitindo racionalizar o consumo de energia e evitar os desperdícios. O emprego de lâmpadas eficientes, luminárias de alto rendimento e sensores de presença acarreta um menor consumo de energia em relação ao consumo de energia do sistema convencional (MEC e FUNDESCOLA, 1999, pg.108). Para a escolha da iluminação eficiente nos ambientes escolares, o projetista deve evitar o ofuscamento e obter uma exata reprodução de cores e objetos. Neste procedimento, o cálculo da iluminação desenvolve-se, essencialmente em duas fases: 1°) A predeterminação do iluminamento para um ambiente e ou seus planos de trabalho e do fluxo luminoso total necessário; 2°) A escolha da luminária adequada, onde atualmente, o mercado oferece várias opções de luminárias e lâmpadas. Em geral as lâmpadas se dividem em dois grandes grupos: _Incandescentes: os tipos comuns (standard) e halógenas (tipo palito); _Descarga: os tipos fluorescentes (normais e compactas) e vapor (sódio, mercúrio, tipo metálica e mista). Nas salas de aula, o arranjo das mesas, as vezes, é reorganizado de acordo com as atividades, dificultando a identificação das áreas exatas de trabalho. Por isso, normalmente em salas de aula comuns, toda a sala é considerada como uma área de trabalho. Conforme apresentado na tabela 02, a iluminância mantida deve ser de 300 lux para as escolas primárias e secundárias e de 500 lux para aulas noturnas e educação de adultos (ABNT, ISO NBR 8995-1, 2002 pg.36). 61 A iluminação é uma das necessidades básicas para o aprendizado, proporcionando clareza e conforto visual para as diversas atividades exercidas em uma instituição de ensino. Saber utilizá-la de forma consciente é fator preponderante e depende desde soeu planejamento no projeto até o seu manejo diário. Embora os itens de conforto ambiental, (térmico, ventilação, acústico e visual) tenham sido descritos de forma autônoma, estes devem ser tratados e resolvidos no projeto arquitetônico de forma integrada. 1.5. VEGETAÇÃO COMO ELEMENTO MODIFICADOR DO CLIMA Primeiramente, vegetação é um termo usado no texto para se referir as diversas espécies vegetais como as árvores, arbustos, palmeiras, trepadeiras, forrações e gramados. Na literatura podemos encontrar uma vasta abordagem sobre a influência da vegetação com relação ao conforto ambiental. As espécies vegetais são defendidas por diversos autores por contribuir de forma significativa para o estabelecimento dos microclimas (ROMERO, 1988); (BITTENCOURT; CÂNDIDO, 2008); (MASCARÓ, 1989); (OLGYAY, 1998); (RIVERO, 1986). Ressaltando então, determinados efeitos e características, podemos citar que a vegetação: a) Atua como um filtro das radiações solares diminuindo as temperaturas com o umedecimento do ar através da emissão de vapor d’água pelas folhas; b) Realiza o papel de depurador e fixador de contaminantes e poeiras através do processo de fotossíntese; c) Age na proteção contra ventos fortes e ou seu direcionamento; e d) Auxilia nos efeitos acústico visual sobre os ambientes. Para Rivero (1986) os vegetais, principalmente nos climas quentes, tem um comportamento excelente, que os tornam perfeitos condicionadores térmicos. Olgyay (1998) também reafirma que uns dos aspectos benéficos das árvores são os seus efeitos térmicos. Segundo Romero (1988), a vegetação tende a estabilizar os efeitos do clima sobre seus arredores imediatos, reduzindo os extremos ambientais. A vegetação atua diretamente no clima, auxiliando no controle da radiação solar, absorvendo o calor e evitando que a temperatura aumente. Para entender melhor esse procedimento, a figura 28, representa a absorção da radiação solar pelas folhas da árvore que refletem e transmitem uma porção bem menor deste calor para o ambiente. Da energia absorvida, uma parte considerável é transformada em energia química potencial por meio do processo de fotossíntese e outra, em calor latente, que ao evaporar-se auxilia nos níveis 62 de umidade do ar. Esse processo também favorece a renovação do ar com o ciclo do oxigênio – gás carbônico (RIVERO, 1986, pg. 157). Sintetizando a conclusão dos autores citados acima:  A temperatura superficial da folha normalmente não é elevada apesar da quantidade de energia absorvida, mantendo-se sempre abaixo da temperatura dos corpos inertes vizinhos;  A energia refletida é pequena, estando compreendida entre 15% e 30%  Através de alguns estudos sabe-se que a vegetação pode absorver aproximadamente 90% da radiação visível e 60% da infravermelha, o restante é transmitido entre as folhas ou refletido. Figura 28_ Efeito regulador da vegetação sobre a radiação solar. Fonte: ROMERO, 1988, pg.13. No corte esquemático (Fig. 29) podemos verificar as diversas temperaturas superficiais e conferir que os elementos vegetais influenciam na temperatura superficial. As áreas sombreadas ou com grama, mesmo ao sol, são as que possuem uma menor temperatura superficial. Figura 29_Corte esquemático de uma rua e jardim com suas temperaturas superficiais. Fonte: RIVERO, 1986, pg. 157. Estes valores, apresentados na figura 29, confirmam a importância e a conveniência da vegetação e da forração em torno da edificação, principalmente em 63 regiões de clima quente. Olgyay (1968) apud Romero (1988, pg. 56) ainda corrobora que as superfícies gramadas em dias ensolarados ficam com uma temperatura reduzida entre 5° a 7°C em relação a uma superfície pavimentada. E além das superfícies gramadas, o sombreamento das paredes, oferecido pela vegetação, fazem com que estes planos absorvam menos a energia radiante e por consequência transferindo menos calor para o interior da edificação. Reafirmando, Mascaró (1991) apud Leite (2003, pg. 71) ainda sugere que a vegetação pode ser utilizada como um elemento de sombra em qualquer tipologia de edificação. Pois além de servir como barreira do sol, evitando os ganhos de calor vindos da radiação solar, as plantas atenuam as condições ambientais. As diversas espécies vegetais se tornam uma solução de sombreamento conveniente pois são consideradas uma das proteções solares mais simples e baratas, pelo baixo custo e pela fácil manutenção (BITTENCOURT; CÂNDIDO, 2008, pg. 25). Podemos, assim, afirmar que a vegetação é um elemento natural que deve ser explorado para controlar os efeitos da radiação, sendo um recurso ainda pouco empregado e explorado pelos projetistas. As plantas, quando empregadas nas edificações ou áreas urbanas, são normalmente utilizadas para a função da estética, apenas para “embelezar” ou “emoldurar” a construção. O projeto de paisagismo, na maioria das vezes, não é desenvolvido em conjunto com o arquitetônico, sendo somente acrescido na fase final da obra. Para o bom desenvolvimento do projeto de paisagismo faz-se necessário alguns estudos para se chegar na melhor escolha das espécies vegetais e seu posicionamento. Através de estudos prévios com os diagramas solares, que identificam as diversas trajetórias do sol durante o ano, podem-se distinguir na edificação as faces que precisam de um maior sombreamento e empregar, assim, de forma mais correta e coerente, a disposição, localização e os tipos das espécies vegetais. Outro elemento essencial para o desenvolvimento do projeto paisagístico são as informações sobre os períodos e as direções dos ventos predominantes no terreno, dados importantes para serem analisados, pois também influenciam na escolha e localização adequada das plantas. Visto que, em regiões de clima quente-úmido a ventilação é um fator fundamental na determinação do conforto humano, que através da circulação permanente consegue amenizar o excesso de umidade do ar. Nestas circunstâncias apresentadas, a vegetação deve ser estudada sob o enfoque de seus efeitos na circulação dos ventos no interior dos edifícios. Vários autores tratam sobre a massa vegetal próxima a edificação e as consequências que ela pode provocar nas direções dos ventos, em função de sua forma e dimensão. E a eficácia do desempenho da vegetação, com relação ao direcionamento dos ventos depende diretamente das espécies escolhidas, conforme ilustrado na figura 30(RIVERO, 1986, pg. 117). 64 Figura 30_Consequência dos fluxos do ar decorrente das configurações das espécies vegetais. A) Efeito provocado por uma cerca vegetal alta. B) Efeito provocado por uma árvore. Fonte: RIVERO, 1986, pg. 118. Na imagem A da figura 30, a vegetação com este formato e dimensão torna-se uma barreira que direciona e muda a velocidade dos ventos, alterando às vezes o sentido da ventilação. Já na imagem B a presença da árvore junto à edificação faz aumentar a velocidade do fluxo, que afunilado por debaixo da copa entra pela abertura da edificação (RIVERO, 1986, pg. 118). Estudos também realizados por White (1957) apud Bittencourt e Cândido (2008, pg. 82) em túneis de vento sugerem diversas opções para aumentar o movimento dos ventos dentro da construção, através da distância e do porte da vegetação em relação à edificação (Fig. 31). Figura 31_Modificações do fluxo dos ventos devido ao uso de arbustos próximo à edificação. A) Vegetação junto ao edifício. 65 B) Vegetação à 3m do edifício. C) Vegetação à 6m do edifício. Fonte: OLGYAY, 1998 apud BITTENCOURT; CÂNDIDO, 2008, pg.82. Nas ilustrações podemos averiguar que as diferentes distâncias, apesar da mesma composição vegetal, influenciam de forma diferente na direção e pressão dos ventos com relação à edificação. Além do posicionamento a composição dos arbustos e árvores também interfere na direção dos ventos, se plantadas em conjunto, formando uma barreira, podem impulsionar os ventos para determinada direção. Assim o projetista deve ter um cuidado tanto com a escolha, com o posicionamento e com a composição das plantas, para que estas não prejudiquem ou auxiliem na circulação dos ventos dentro da edificação. Depois dessas análises e dados o projetista tem a seu dispor uma variedade imensa de espécies vegetais, de diversos portes, formas, cores, florações e frutos. As soluções de sombreamento também são diversas e podem vir através de árvores frondosas, de arvoretas, conjunto de arbustos, de pergolados ou caramanchões e de brises vegetais. Lembrando sempre de ter o cuidado de verificar se a espécie escolhida é adaptada ao clima local, as suas exigências ao tipo de solo e o seu porte final. A vegetação, além de proporcionar soluções com relação ao conforto térmico, pode também proporcionar uma qualidade visual e ambiental e amenizar a poluição sonora. O tratamento paisagístico das áreas externas e internas das edificações valoriza as características da vegetação em harmonia com a construção e propõe uma melhoria na qualidade visual e ambiental. A qualidade visual influencia diretamente no bem estar físico e mental do ser humano, no caso da vegetação, Stephen Kaplan e Ulrich (1993) apud Valesan (2009 pg. 25) expõe explicações sobre o porquê desta sensação. Kaplan trata sobre a fadiga mental e o potencial tranquilizador de ambientes com vegetação para o homem. Ulrich (1993) apud Valesan (2009 pg. 25)aborda os conceitos da biofilia 66 e biofobia. Entende-se por biofilia: o conjunto de sensações positivas que a vegetação e os elementos naturais despertam no ser humano e a biofobia seria o contrário, com o medo e aversão à natureza. Gifford (1997) apud Valesan (2009 pg. 25) ainda expõe que a natureza tem uma força imensa sobre nossos comportamentos, pensamentos e sentimentos. É uma fonte de energia e restauradora do estresse vivido no dia-a-dia. Defensor da teoria conhecida como “mental fatigue approach”, na tradução livre: abordagem da fadiga mental, que trata da natureza como um elemento tranquilizador pra as pessoas. Como exemplo destas “fontes de energia” estão os parques e jardins, públicos ou particulares, que são elementos naturais aplicados pelo homem junto a seus ambientes de trabalho e convívio. Os parques e massas verdes servem como um alívio do “estresse” diário e são usados para a recreação, descanso e prática de esportes (VALESAN, 2009, pg. 26). Percebe-se que, apesar de não ser um elemento físico como o vento ou radiação solar, a percepção visual também influencia no conforto e bem estar do ser humano, podendo ser considerado igualmente um modificador do clima. Outro ponto interessante é que a não visualização de uma fonte sonora, quando barrada por algum elemento, atenua a sua intensidade de forma psicológica, visto que alguns estudos demonstram que os ouvintes tendem a subestimar a audibilidade do ruído quando a visão da fonte sonora é bloqueada. Neste caso a vegetação pode ser uma solução para bloquear a fonte sonora e sendo um recurso visual mais agradável. A massa vegetal, com suas folhagens, pequenos ramos e arbustos têm a propriedade de absorver o som, mesmo que parcialmente. Os troncos, ramos grandes e folhagens densas espalham o som. Deste modo, a massa de vegetal funciona como uma barreira acústica vazada entre a fonte e o interceptor (BISTAFA, 2006, pg. 207). Na prática, a capacidade de atenuação sonora da massa vegetal depende muito mais da densidade, largura e altura da vegetação do que dimensões ou formas de folhas e troncos (BISTAFA, 2006, pg. 207). A vegetação funciona muito mais como um atenuador da fonte sonora do que de isolante acústico, pois para tal, esta teria que se compor em uma massa vegetal bem espessa. Podemos desse modo, perceber que a vegetação planejada em conjunto e harmonia com o projeto arquitetônico pode auxiliar num dos principais objetivos da construção, que é dar a máxima satisfação às exigências humanas. 67 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para o desenvolvimento do trabalho o procedimento metodológico foi fundamentado em pesquisas sobre soluções construtivas que tivessem na sua concepção o foco na sustentabilidade com o emprego da vegetação e também na identificação e na seleção de espécies vegetais para a atenuação do calor. O trabalho se caracteriza como um método comparativo, segundo a classificação proposta por Gil (1999, pg.34) sobre os meios técnicos de investigação, por analisar soluções arquitetônicas com base nas construções sustentáveis e bioclimáticas. O delineamento da pesquisa se desenvolveu principalmente através de pesquisas bibliográficas constituídas por livros, artigos e informações online. Em alguns momentos também foram realizados estudos de campo na região do local definido para a implantação do projeto, em instituições públicas e no Parque Estadual Dunas do Natal “Jornalista Luiz Maria Alves”19, uma Unidade de Conservação do Rio Grande do Norte. O projeto arquitetônico desenvolvido foi chamado de “Escola BIOclimática”, proposto para abrigar alunos do Ensino Fundamental20 no município de São Gonçalo do Amarante, RN. A proposta do estudo é identificar recursos para se obter melhores condições térmicas e eficiência energética na edificação através de soluções construtivas em parceria com a vegetação. Como resultado o trabalho apresenta soluções projetuais e as situações em que a vegetação auxiliará nas estratégias para se atingir um melhor conforto térmico, sonoro e visual na edificação propõe a resolver a necessidade da demanda escolar causada pelo rápido desenvolvimento da região, incentivada pelos financiamentos do governo para habitação. As etapas do trabalho foram divididas em cinco passos, ilustrados no diagrama da figura 32. 19 Site: http://www.parquedasdunas.rn.gov.br 20 Site: http://WWW.portal.mec.gov.br 68 Figura 32_ Diagrama das etapas desenvolvidas no trabalho. Fonte: Autoria própria. Com objetivo de compreender a afinidade entre arquitetura, vegetação e conforto ambiental, a primeira etapa, designada como “Estudos” teve como procedimento a análise de soluções projetuais e pesquisas bibliográficas. Nesta etapa também ocorreu definição do local de implantação do projeto. Dentre as soluções projetuais, três projetos foram destacados como referência e que serão melhor descritos nos estudos de referência no Capítulo 3. As pesquisas bibliográficas se realizaram em quatro áreas: a) Arquitetura sustentável; b) Conforto ambiental e a bioclimatologia apresentados por Rivero (1986), Olgyay (1998), Romero (1988), Corbella e Yannas (2003), Bittencourt e Cândido (2008) e pela dissertação de Frandoloso (2001); c) Edifícios para fins educacionais, com uma visão histórica da arquitetura escolar brasileira e suas exigências para o projeto; ESTUDOS • Analise de soluções de projetos • Pesquisa bibliográfica • Definição do local COMPREENSÃO • Leis e normas • Condicionante Ambientais • Identificação e seleção de espécies vegetais PROGRAMA • Programa de necessidades CONCEPÇÃO • Desenvolvimento do projeto arquitetônico CONTRIBUIÇÃO • Considerações Finais • Catálogo de espécies vegetais para edificações escolares na região metropolitana de Natal, RN. 69 d) O papel da vegetação como um dos elementos modificadores do clima, identificando espécies nativas e adaptadas ao clima local. A segunda etapa foi à busca pela “Compreensão” das leis e normas que uma instituição de ensino requer e seus condicionantes ambientais locais. A análise da insolação do terreno foi realizada através do software SOL-AR 6.2 (LAMBERTS et al, 2011). E a obtenção de dados do Bairro Guajiru, que integra o Conjunto Cidade das Flores, em São Gonçalo do Amarante, RN, que foram conseguidos junto à empresa MB Empreendimentos e Construções – Ltda, responsável pelo empreendimento. Antecedendo o projeto arquitetônico, na terceira etapa, intitulada “Programa”, buscou-se a definição dos espaços que compõem um ambiente escolar e assim traçar seu programa de necessidades. Nesta etapa, os dados obtidos sobre a demanda escolar foram fornecidos pelas secretarias Municipais de Educação de São Gonçalo do Amarante e da Educação e Cultura do RN, no Setor de Arquitetura. Diversos dados para esta etapa também foram retirados do site da FDE21.Para a definição das espécies vegetais foram feitos levantamentos das espécies nativas e adaptadas no entorno do terreno escolhido e no “Parque das Dunas”, em Natal e em publicações especificas sobre plantas. A “Concepção” compõe a quarta etapa, nela foi realizada o desenvolvimento do projeto arquitetônico em sincronia com a vegetação. E assim, unindo a segunda e terceira etapas, ou seja, a compreensão das leis, normas e condicionantes ambientais em conjunto e harmonia com o programa de necessidades definido. A evolução da edificação passou por diversas fases, como a redefinição de alguns ambientes, a posição do edifício com relação ao terreno e, principalmente, o arranjo da cobertura e composição da vegetação. O projeto arquitetônico é apresentado através do memorial descritivo, maquete eletrônica e anteprojeto22. A última etapa, “Contribuição”, pretende através das soluções e estratégias projetuais apresentadas em conjunto coma vegetação, auxiliar em futuros projetos que procuram atingir um melhor conforto ambiental na edificação. Projetos embasados em uma arquitetura bioclimática, que procuram ter a compreensão das variáveis ambientais de um clima quente-úmido e que tenham como propósito a utilização da vegetação em parceria com a construção. Além disso, o trabalho pretende contribuir com o “Catálogo de espécies vegetais para edificações escolares na região metropolitana de Natal, RN” como uma fonte de pesquisas para a escolha e melhor utilidade da vegetação em acordo com a edificação. 21 Site oficial: http://www.fde.sp.gov.br. 22 Anteprojeto, de acordo com a ABNT NBR 6492, 1994 é a representação gráfica suficiente para se compreender o partido arquitetônico e os elementos construtivos da proposta. 70 3. BASE PARA DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA Neste capítulo estão reunidos as referências e dados que abrangem a realidade da área de intervenção e que ajudaram no desenvolvimento do projeto arquitetônico. 3.1. ESTUDOS DE REFERÊNCIAS Para o desenvolvimento do projeto arquitetônico foram estudadas referências projetuais que tivessem na sua concepção o foco em sustentabilidade e o emprego da vegetação na edificação. Foram selecionados dois projetos de escola e um centro sociocultural e desportivo. Os estudos de referência são uma base muito importante para processo de criação do projeto arquitetônico, através de pesquisas e visitas à obras com soluções arquitetônicas implantadas e em funcionamento. Para este trabalho, os estudos de referência aconteceram de duas formas: direto e indireto. Entende-se por estudos de referência direto o processo de pesquisa com textos e imagens e, além disso, a realização da visita in loco, observando e absorvendo as soluções ali em funcionamento, neste caso, de uma edificação com os mesmos princípios e objetivos almejados. Já nos estudos de referência indiretos, as pesquisas analisam a edificação somente por imagens, fotos, desenhos técnicos, memoriais ou textos relativos à obra. 3.1.1. ESTUDO DIRETO  Unidade de Serviço Social do Comércio de Sorocaba, São Paulo. A unidade de Serviço Social do Comércio (SESC) de Sorocaba é um centro sociocultural e desportivo, que oferece seus serviços à comunidade sorocabana. A cidade de Sorocaba é um município do interior paulista que fica á 107 km da capital, São Paulo. O SESC é uma entidade privada mantida por empresários do comércio de bens e serviços, que tem como objetivos proporcionar o bem-estar e a qualidade de vida ao comerciário, sua família e a sociedade. O SESC promove ações e benefícios em diversas áreas, como a educação, a saúde, o lazer e a cultura, abrangendo todas as 71 faixas etárias. Atualmente o SESC está presente em todos os estados e em várias cidades do Brasil23. No município de Sorocaba o SESC se instalou a partir do ano de 1950. Procurando sempre melhorar seu atendimento, foi iniciada a construção de uma nova sede em conjunto com iniciativas do município. A cidade adquiriu novos contornos por meio de projetos urbanos, melhorando as vias públicas, com a criação de áreas de lazer, pistas de cooper e ciclovias para o estímulo à atividade física e ao transporte alternativo (Fig. 33). O projeto da nova sede foi assinado pelos arquitetos Sérgio Teperman e Ivone Hamada. A obra teve início em março de 2008 e foi inaugurada em setembro 2012, porém o arquiteto em entrevista ao Jornal Cruzeiro do Sul de Sorocaba, diz: "Comecei a fazer o projeto em 1993, quando o terreno foi doado pela Prefeitura; ver isso concluído é uma grande satisfação” 24. 23 Informações no site oficial: http://www.sesc.com.br/ 24 Informações no endereço eletrônico: http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia/417702/sesc-altera-a-rotina- cultural. 72 A obra de 30 mil m² foi erguida em um terreno de um pouco mais de 12 mil m², sendo sua construção planejada nos pressupostos da sustentabilidade para reduzir o impacto ecológico na área urbana, prevenindo a poluição do solo, do ar e da água, durante todas as fases da construção. Por estes motivos, a edificação está em processo de certificação como um “edifício verde”. OLEED é a certificação almejada, que está avaliando todo o ciclo construtivo desde a concepção do projeto à execução da obra da Unidade Sorocaba e que poderá obter o padrão “Prata”. Esse nível de certificação, se aprovado, atestará que a obra é mais sustentável 25. O projeto consta basicamente de dois edifícios independentes, separados pela área de piscinas, porém ligados por uma passarela estaiada, tornando-se esta uma referência visual muito forte no conjunto arquitetônico (Figuras 33, 34). É pela edificação de convivência, identificada nas figuras 33 e 34, que se encontra a entrada principal. Nesta edificação se concentram: a recepção, a administração e os atendimentos ao público, como os serviços médicos, cursos, espaços de lazer, de exposição e lanchonete. Nos ambientes fechados há um cuidado no acolhimento das pessoas e, para isso, as formas e soluções de iluminação e de ventilação naturais procuram assegurar o conforto térmico. 25 Informações no site oficial: http://www.sesc.com.br/ 73 Após a recepção se tem acesso aos espaços de exposição e as salas de atendimentos voltados á saúde que ocupam o 1° e 2° pavimentos. A iluminação natural, proporcionada pelos elementos zenitais, chega até o piso do subsolo passando pelos pavimentos que são vazados, visualizados nas figuras 35 e 36. No subsolo encontra-se a lanchonete, os espaços infantis e para apresentações. Figura 35_Foto do 1° pavimento e subsolo. SESC Sorocaba, SP. Figura 36_Foto mostrando a iluminação zenital. SESC Sorocaba, SP. Fonte: Autoria própria, 2013. Fonte: Autoria própria, 2013. Próximo ao átrio com iluminação zenital foi erguido uma torre de ventilação, cujas paredes receberam placas vegetais. Com clima quente e úmido no verão, os ventos sugados por esta torre são parcialmente purificados e lançados na área da lanchonete, refrescando o ambiente (Figuras 37 e 38). Figura 37_Foto da torre de ventilação. SESC Sorocaba, SP. Figura 38_Foto da torre de ventilação, detalhe: espelho d’água. SESC Sorocaba, SP. Fonte: Autoria própria, 2013. Fonte: Autoria própria, 2013. 74 Entre as edificações de convivência e do ginásio foi alojada a área de piscinas e solário. Instalados em um nível abaixo da rua, acabaram se tornando um “fosso”. A solução tomada para a conexão entre as duas edificações foi a instalação de uma passarela estaiada. Construída com um mastro central de concreto e dois pisos, um inferior e outro superior, suspensos por cabos metálicos, a estrutura apresentou significativos desafios técnicos nas fases de concepção e de execução e acabou se tornando um dos elementos de maior destaque da nova unidade (Fig. 39) Figura 39_Foto da passarela estaiada e áreas de piscina e solário. SESC Sorocaba, SP. Fonte: http://sustentabilidade.sescsp.org.br/sobre-o-sesc-sorocaba, 2013. No outro prédio, além do ginásio, encontram-se a academia, vestiários e no seu subsolo os estacionamentos. Um ponto interessante deste ginásio são as suas arquibancadas retráteis, que podem ser fechadas e guardadas quando ocorrem apresentações musicais e shows (Fig.40). A flexibilidade dos equipamentos também está presente no espaço para pequenas apresentações, próximo à lanchonete, na edificação de convivência, com bancos que podem ser empilhados, e se transformando- se em arquibancadas (Fig.41). Figura 40_Foto das arquibancadas móveis. SESC Sorocaba, SP. Figura 41_Foto dos bancos flexíveis. SESC Sorocaba, SP. Fonte: Autoria própria, 2013. Fonte: Autoria própria, 2013. A acessibilidade foi outro ponto muito bem aplicado através de rampas, elevadores e pela própria passarela estaiada, que dão liberdade aos portadores de 75 necessidades especiais e idosos para se movimentarem pelos edifícios. Os banheiros, bebedouros e corrimãos também atendem as normas de acessibilidade (Fig. 42, 43 e 44). Figura 42_Foto do banheiro adaptado. SESC Sorocaba, SP. Figura 43_Foto do bebedouro. SESC Sorocaba, SP. Figura 44_Foto do corrimão. SESC Sorocaba, SP. Fonte: Autoria própria, 2013. Fonte: Autoria própria, 2013. Fonte: Autoria própria, 2013. Esta unidade se sobressai, principalmente, pela utilização da vegetação em diversas situações projetuais. Como já citado, para obter o conforto térmico e uma melhor qualidade do ar, utilizou-se a vegetação na torre de ventilação para refrescar o ambiente. A declividade do terreno de implantação fez com que o complexo do SESC Sorocaba tivesse diferenças entre os níveis de cota das ruas em seu entorno, gerando, em determinados locais, extensos muros de arrimo. Como recurso para amenizar o impacto visual destes muros de arrimo, foram empregadas paredes vegetais, que são jardins verticais instalados em estruturas de suporte e umidificadores para a rega (Fig.45). Esta solução, além de proporcionar conforto visual, ainda funciona como uma barreira acústica, absorvendo o som. No item educativo e como fonte nutricional as espécies vegetais foram selecionadas para compor uma horta de temperos, criada para atender a lanchonete e para as aulas práticas (Fig. 46). 76 Figura 45_Foto do muro de arrimo com jardim vertical. SESC Sorocaba, SP. Figura 46_Foto da horta de temperos. SESC Sorocaba, SP. Fonte: Autoria própria, 2013. Fonte: Autoria própria, 2013. O tratamento paisagístico também demonstrou cuidado com as escolhas de espécies vegetais para a área infantil. A escolha se deu por plantas sem espinhos, sem nenhum elemento tóxico e/ou pouco “chamativo” para as crianças, ou seja, sem flores coloridas (Fig.47). Outra peculiaridade implantada no edifício é o tratamento da água da chuva para o seu reuso, através da filtragem, utilizando plantas e peixes em tanques26 (Fig.48).Esta água é reutilizada para a descarga de bacias sanitárias e no sistema de irrigação automática das plantas. Figura 47_Foto da Área infantil. SESC Sorocaba, SP. Figura 48_Foto dos tanques com vegetação para filtragem da água da chuva. SESC Sorocaba, SP. Fonte: Autoria própria, 2013. Fonte: Autoria própria, 2013. Ainda no quesito do uso da água, as edificações foram contempladas com torneiras e chuveiros de vazão controlada, dando assim mais eficiência ao seu uso. Os telhados dos edifico ainda receberam a instalação de painéis solares, que funcionam como fonte alternativa de energia e ajudam na redução do consumo de energia elétrica. 26 Informações no endereço eletrônico: http://sustentabilidade.sescsp.org.br/aplicativo/paisagismo 77 O SESC procura desenvolver e promover projetos socioambientais, através de atividades educativas, usando muitas vezes suas próprias unidades como elemento para práticas sustentáveis e um modelo a ser conhecido e seguido. A unidade do SESC em Sorocaba tem um site próprio, onde são esclarecidos temas como: planejamento sustentável, conforto ambiental e até mesmo como montar seu jardim, com uma linguagem simples e bem ilustrativa (Fig.49). Figura 49_Site do SESC Sorocaba, SP. Fonte: http://sustentabilidade.sescsp.org.br/, 2014. Para este trabalho, os principais motivos que levaram a escolha do SESC Sorocaba, SP, como objeto de estudo direto foram: a) Por ser de âmbito nacional e estar implantado em um local com clima quente e úmido (no período do verão), realidades estas compatíveis com o projeto proposto; b) Por adotar princípios e práticas sustentáveis, como:  Tratar os resíduos da construção e os gerados pelos seus usuários;  A conservação da energia e da água através de um consumo eficiente;  Oferecer um ambiente interno saudável;  Controlar a entrada de poluentes por meio de filtragem do ar; e  Manter uma conexão com o exterior, promovendo ventilação e iluminação naturais. 78 c) Por utilizar a vegetação para diversas funções, tais como: conforto térmico e visual, as atividades educativas (horta), o tratamento da água da chuva e purificação do ar. 3.1.2. ESTUDO INDIRETO  Escola Erich Walter Heine, Rio de Janeiro. A escola Erich Walter Heiner é o resultado de parcerias entre o poder público e o setor privado. A siderúrgica Thyssen Krupp CSA27 foi quem patrocinou a iniciativa e a construção desta escola pública voltada para Educação Profissional Técnica de Nível Médio28. A edificação fica localizada no bairro de Santa Cruz, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, cujo clima quente-úmido se assemelha ao clima do local escolhido para o desenvolvimento da proposta. A construção principal conta com salas de aulas, laboratórios de informática e ciências, salas de música e de artes, biblioteca, auditório e setor administrativo, que foram divididos em quatro módulos independentes. Posicionados no terreno, os edifícios compõe uma planta baixa com a forma de cata-vento, tendo ao centro um pátio interno. A proposta desta implantação foi de facilitar a circulação dos ventos entre as edificações, renovando o ar (Fig. 50). Neste pátio interno foi instalada uma claraboia, que o protege da chuva sem prejudicar a iluminação natural dos corredores próximos (Fig. 51). Aberturas nesta claraboia facilitam as saídas do ar quente pela exaustão mecânica, ilustradas na figura 50. O sistema de ventilação cruzada também contemplou salas de aulas e a área administrativa com janelas maxim-ar, instaladas em paredes de faces opostas, promovendo a circulação de ar. 27 A Thyssen Krupp CSA é um complexo siderúrgico integrado, produtor de placas de aço de alta qualidade, localizado no Distrito Industrial de Santa Cruz, Rio de Janeiro. Mais informações: http://www.thyssenkrupp-csa.com.br 28 Educação Profissional Técnica de Nível Médio, é uma proposta para melhoria da qualidade do ensino médio integrado através do Programa Brasil Profissionalizado, instituído pelo Decreto no. 6.302, de 12 de dezembro de 2007. Visando estimular o ensino médio integrado à educação profissional. 79 Figura 50_Maquete eletrônica da implantação da Escola Estadual Erich Walter Heiner, RJ. Figura 51_Foto do pátio interno com a claraboia. Escola Estadual Erich Walter Heiner, RJ. Fonte: http://www.cbca-acobrasil.org.br, 2013. Fonte: http://www.cbca-acobrasil.org.br, 2013. As salas da face norte receberam um tratamento diferenciado, com a proteção de brises verticais com vegetação, que sombreiam e protegem a fachada da irradiação solar (Fig. 52). Para a redução da absorção do calor, pisos e paredes receberam cores claras e as janelas ganharam vidros verdes com película interna reflexiva. O que chama a atenção são os tetos-verdes, instalados sobre as quatro edificações e que tem o seu acesso facilitado por rampas (Fig.53). A vegetação aí instalada tem a função de absorver o calor, de reter as águas pluviais e serve, também, como suporte para aulas práticas de manejo. Segundo relato e monitoramento da construtora, a temperatura interna do edifício, com este recurso do teto-verde, conseguiu diminuir até 6 °C29 durante o dia. As águas pluviais que são retidas neste eco pavimento são armazenadas e aproveitadas para a descarga de vasos sanitários, lavagem de pátios e irrigação dos jardins. Segundo dados da construtora, este recurso levou a economia de 40% no uso de água potável. 29 Informações obtidas no endereço eletrônico: Escola estadual Erich Walter Heine_ https://www.youtube.com/watch?v=4ElvxUOuuu4, 2013. 80 Figura 52_Foto do brise vegetal. Escola Estadual Erich Walter Heiner, RJ. Figura 53_ Foto dos alunos no manejo do teto-verde. Escola Estadual Erich Walter Heiner, RJ. Fonte: http://ecotelhado.blog.br, 2013. Fonte: http://ecotelhado.blog.br, 2013. O conceito da acessibilidade está também por toda a escola, o que facilita a rotina dos portadores de necessidades especiais, através de rampas, banheiros adaptados e salas em nível zero, que são identificadas com comunicação visual em braile. As práticas e ações sustentáveis se iniciaram desde a escolha do terreno para a implantação, que antes abrigava uma praça arborizada com quadras e equipamentos de lazer. A sugestão foi manter e recuperar estes equipamentos, reduzindo a geração de resíduos no inicio da obra e incentivando uma integração escola-comunidade. Por esta ação e outras mais, a escola Erich Walter Heineré a primeira escola sustentável do Brasil e da América Latina a receber o certificado LEED Schools, do Green Building Council (Conselho de Construções Verdes).Para atender as exigências da certificação LEED, foram ainda respeitados diversos passos na obra, tais como: elaboração de um plano de controle de sedimentação e erosão do solo; análise ambiental do mesmo, para ver se oferece riscos de contaminação aos alunos; a instalação de um local para separação permanente de resíduos da obra e o reaproveitamento da terra proveniente das escavações na própria construção. Deste modo, a escolha desta obra para os estudos de referência se deram, principalmente, por ser a primeira escola brasileira a receber uma certificação fundamentada nos conceitos da sustentabilidade, por utilizar a vegetação para obter conforto térmico e pela opção de instalar o prédio em uma praça existente, recuperando-a e ampliando a relação da escola com a comunidade local. 81  Projeto da Escola Secundária, Gando, Burkina Faso (África). A proposta para o projeto de uma escola em Gando, com soluções de ventilação passiva e que integra performances social e ambiental, foi vencedora do Prêmio Ouro do Global Holcim Awards, 201230. O arquiteto Diébédo Francis Kéré, natural da vila de Gando, foi quem desenvolveu o projeto em seu escritório de arquitetura Kéré Architecture, em Berlin, Alemanha. Kéré saiu de sua cidade natal para estudar arquitetura, uma situação muito particular por se tratar de um dos países mais pobres do mundo. Burkina Faso está situado no oeste do continente africano, o país possuiuma taxa de analfabetismo de mais de 90% entre as mulheres e 80% entre os homens. A maioria da população não tem outra alternativa senãotrabalhar na agricultura. Segundo a tradição africana, cada pessoa tem que cuidar dos outros membros de sua família e de sua comunidade. Com este pensamento, o arquiteto explica: "Qualquer pessoa na minha posição agiria da mesma forma. Eu queria ajudar a desenvolver a minha aldeia. Mas eu queria oferecer a comunidade mais do que apenas dinheiro. (....) fui para o desenvolvimento social e econômico.Isso é o que me motivou a criar uma boa escola na minha aldeia, com a presença de quantas crianças possível. Desenvolver projetos para ajudar o padrão de vida de várias maneiras.” 31 No passado, somente as escolas primárias eram apoiadas por instituições estrangeiras e pelo governo de Burkina Faso. Por isso aescolha de projetar uma escola secundária, uma instituição que atenderiaaos programas educacionais para adultos e que ofereçeria uma biblioteca pública à comunidade. Com o clima quente e seco, a implantação da escola foi resolvida com blocos isolados para facilitar a circulação do ar, configurando-se um círculo, contornado pela vegetação, criando assim, o conceito de um oásis (Fig. 54). A proposta de reflorestamento fazia parte do projeto desde a sua concepção, com o plantio de árvores e gramíneas, que também tem a função de fixar e filtrara poeira do ar. Para manter esta vegetação, a irrigação seria feitacom a água da chuva, coletada e armazenada em cisternas subterrâneas. 30 Site oficial_ http://www.holcimfoundation.org. 31 Sol, vento e água. KÉRÉ, Diébédo Francis, 2012 em http://www.kerearchitecture.com. 82 Figura 54_Implantação Escola Secundária. Gando, África. Fonte: http://concursosdeprojeto.org, 2012. Os próprios alunos seramos responsáveis pelo plantio, manutençãoe irrigação das árvores recém-plantadas. O sistema de irrigação foi especialmente concebido para levar a água diretamente para a raiz. Este sistema é utilizado até que as raízes atinjam uma profundidade suficiente para obter a água em solos mais profundos (Fig.55). Figura 55_Imagem da irrigação pelos alunos nas arvores recém-plantadas.Escola Secundária, Gando, África. Fonte: http://www.kerearchitecture.com, 2013 83 A proposta que se destaca para as edificações são os sistemas de ventilação passiva, que fornecem aos espaços internos ar mais fresco, purificado pela vegetação e que seguem através de tubos subterrâneos. A proposta da ventilação passiva desenvolvida foiilustrado pelo próprio arquiteto (fig. 56). Figura 56_Corte esquemático do sistema de ventilação passiva.Escola Secundária, Gando, África. Fonte:http://www.kerearchitecture.com/projects/secondary-school-gando, 2013. O efeito de arrefecimento natural é melhorado, também, através do uso de paredes mais grossas (fig. 57) nas faces que recebem maior insolação e ventos quentes e nas faces que recebem brisa fresca, a utilização de aberturas para facilitar a ventilação cruzada. Os telhados suspensos (fig. 58) e o plantio de vegetação no entorno da edificação ajudam a minimizar a absorção do calor. Com este conjunto de soluções consegue-se alcançar uma redução térmica de 5°C dentro das salas, em um localaondeas temperaturas do ar no verão chegam a alcançar 40 °C no ambiente externo (http://www.kerearchitecture.com, 2013). Figura 57_Foto da construção da Escola Secundária.Gando, África Figura 58_Foto da construção da Escola Primária.Gando, África. Fonte: http://www.kerearchitecture.com, 2013. Fonte:http://www.kerearchitecture. com, 2013. A maioria dos materiais selecionadospara construção foram selecionados no próprio local, tais como: pedras de granito, argila, ferro corrugado e metal. 84 O sistema construtivo consta de técnicas e materiais locais, um conceito desenvolvido especialmente para se ter um baixo custo, evitando uma manutenção intensiva, porém utilizando técnicas tão simples quanto possível e de forma eficiente. A construção da edificação tem como base o trabalho comunitário, uma forma de envolver todos no processo de desenvolvimento da aldeia. O objetivo é criar uma plataforma de encontro, aprendizagem e ensino. Assim, ao mesmo tempo em que os jovens trabalhadores estão contribuindo para sua comunidade, eles vão aprendendo técnicas construtivas e se formando em uma nova profissão. Francis Kéré atribui o trabalho na agricultura de suma importância para sua aldeia. Por isso a proposta também leva em conta um espaço para o cultivo de uma horta, que será uma fonte adicional de alimento para os alunos e um auxíliona formação acadêmica com atividades práticas. Esta é uma forma de evitar possíveis erros, como diz Kéré: "As crianças ainda poderão trabalhar como agricultores mais tarde. A escola não pode remover suas estruturas tradicionais, pelo contrário, eles devem aprendervárias competências. A escola abre novas oportunidades sem deixar as já existentes de fora”. 32 A escolha deste projeto, como estudo de referência, se deu pela sua proposta deuma construção orientada pelos princípios do desenvolvimento sustentável, por manter as tradições e utilizar materiais locais.Oprojeto procura colaborar com a melhoria das condições sociais, gerando empregos e treinamento, além de restaurar o meio ambiente através do reflorestamento. 32 Sol, vento e água. KÉRÉ, Diébédo Francis, 2012 em http://www.kerearchitecture.com. 85 3.2. CONDICIONANTES LEGAIS E NORMATIVOS O município de São Gonçalo do Amarante, cidade integrante do estado do Rio Grande do Norte, dispõe de Códigos de Obras e de Meio Ambiente próprios, onde informam e instruem sobre os procedimentos necessários para o licenciamento urbanístico e ambiental das construções civis. Estes códigos estão respaldados nas normas brasileiras da ABNT; nas normas expedidas pelos órgãos responsáveis pela segurança; pela prevenção e combate á incêndios nas construções; pelas condições sanitárias e nas normas relativas às condições ambientais.33Os projetos apresentados para o licenciamento ainda devem observar a Legislação Federal, Estadual e as demais legislações ambientais. O município ainda conta com um Plano Diretor com os zoneamentos do seu território já definidos (Fig. 59). Figura 59_Mapa do macrozoneamento de São Gonçalo do Amarante, RN. Zona de Expansão Urbana Zona Urbana Zona de Proteção Ambiental I Zona de Proteção Ambiental II Localização da área de intervenção Fonte: http://www.saogoncalo.rn.gov.br. 33 Código de Obras do Município de São Gonçalo do Amarante, RN. http://www.saogoncalo.rn.gov.br. 86 Conforme traçado no mapa do macrozoneamento do município, na figura 59, a área de intervenção se localiza em uma região denominada zona de expansão urbana, onde atualmente a construção civil se encontra em grande desenvolvimento, alavancada por incentivos financeiros e pela proximidade do recém-inaugurado Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante, RN (ASGA). Segundo dados da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), o local de intervenção, com proximidade de 6 km do ASGA, se encontra em uma Área de Influência Indireta 2. Na elaboração dos estudos ambientais são comumente identificadas as áreas de estudo, denominadas áreas de influência, as quais são utilizadas para definir a abrangência do diagnóstico ambiental. A definição de área de influência é: “uma área geográfica na qual são detectáveis os impactos de um projeto” (INFRAERO, 2010, pg.24). Conforme o relatório, para melhor esclarecimento, seguem as definições: Área de Influência Direta: Área compreendida pelo terreno de 15 km2, adquirido pela INFRAERO para a implantação do novo aeroporto. Área de Influência Indireta 1: Superfície horizontal compreendida em um raio de 1 km a partir dos limites da área de influência direta. Área de Influência Indireta 2:Região da Grande Natal, ou seja, uma área de 20Km a partir da delimitação do terreno da INFRAERO. Para o processo de licenciamento ambiental do ASGA, foram também apresentados os estudos referentes ao ruído na área sob a influência do empreendimento (Fig. 60). O estudo tem por objetivo disciplinar o uso do solo no entorno do aeroporto em função dos ruídos gerados, sendo delimitadas diferentes áreas de restrições, denominadas “Áreas I e II”. A definição das áreas se dá através de estudos baseados no Índice Ponderado de Ruído (IPR) criado para avaliar o incômodo gerado pelo ruído aeronáutico, a partir da geração de curvas isofônicas (INFRAERO, 2010, pg. 27). 87 Figura 60_ Mapa das Áreas definidas pelas curvas Isofônicas pelo Estudo de Impacto Ambiental do ASGA. Zona de Ruído Área I - corresponde a valores acima 75 dB Zona de Ruído Área II – corresponde a valores entre 75 dB e 65 dB Localização da área de intervenção Fonte: INFRAERO, 2010, pg.28. Na zona de ruído Área I são permitidos a implantação, o uso e o desenvolvimento das seguintes atividades: produção e extração de recursos naturais; serviços públicos ou de utilidade pública; comercial; recreação e lazer ao ar livre; transporte e industrial. E na Área II não são permitidos a implantação, o uso e o desenvolvimento das seguintes atividades: residencial; saúde; educacional; serviços públicos ou de utilização pública e cultural. Apesar dos estudos definirem as áreas de ruídos, no relatório da Infraero não é apresentado a influência que as regiões do entorno sofrerão com a intensidade sonora provenientes da decolagem e aterrissagem das aeronaves. 88 3.3. CONDICIONANTES AMBIENTAIS E ESTRATÉGIAS PARA A Z8 Segundo Romero (2001, pg.2),os condicionantes ambientais são fatores e elementos do clima que atuam em conjunto. Fazem parte deste conjunto os fatores climáticos globais, ou seja, aqueles que condicionam, determinam e dão origem ao clima, que são: a radiação solar; a latitude; a altitude; os ventos e as massas de água e terra. Além disso, temos os fatores climáticos locais, aqueles que condicionam e dão características ao local, tais como: a topografia; a vegetação e a superfície do solo que pode ser natural ou construída. Finalmente, os elementos climáticos, que representam os valores da temperatura e da umidade do ar, das chuvas e dos movimentos do ar para cada tipo de clima. A região metropolitana de Natal, onde o município de São Gonçalo do Amarante se integra, localiza-se na microrregião do litoral oriental e está completamente inserido entre os paralelos 5°25’S e 6°15’S e meridianos 35°05’ W e 35°35’ W. O clima local corresponde a definição de um clima tropical chuvoso, com mínimos de precipitação entre a primavera e o verão, conforme a Tabela 03, principalmente entre os meses de setembro a janeiro. A média anual da temperatura atmosférica gira em torno dos 28°C, com máximas de 31,9°C e mínimas de 20,2°C (INMET, 2006 e Somar Meteorologia) 34 (Tabela 03). Tabela 03_Dados Climáticos de São Gonçalo do Amarante, RN. Fonte: Somar Meteorologia (1961-1990). Página visitada em 05.2013. A umidade relativa do ar oscila principalmente no intervalo entre 70% á 90%. O regime de ventos e a umidade relativa do ar amenizam bastante os picos de temperaturas registrados no verão. Os ventos nesta região são praticamente constantes e nas diversas orientações, porém provenientes principalmente do quadrante Leste e Leste-Sudeste (E-SE) e os mais fortes sopram principalmente entre os meses de agosto e setembro35 (Fig. 61). 34 Mais informações no site: http://www.somarmeteorologia.com.br 35 Diagnóstico para o plano estratégico Natal, uma metrópole em formação. Volume 3 - Relatório Temático da Dimensão Físico-territorial. 89 Figura 61_ Rosas dos Ventos de São Gonçalo do Amarante, RN. Fonte: Programa Vazari Beta 3.0, Autodesk®, 201336. Em regiões de clima quente-úmido, a intensa radiação solar é um fator climático de grande impacto local. A par disso, foram realizados estudos da insolação no terreno utilizando-se o software SOL-AR 6.2 (LAMBERTS; MACIEL; ONO, 2011) (Fig. 62). 36 Vasari Beta 3.0, Autodesk ®, 2013 é uma ferramenta de design para a construção que realiza estudos de ventilação através da simulação do escoamento dos ventos, em software de dinâmica dos fluidos computadorizado. 90 Figura 62_Estudo de insolação do terreno no software SOL-AR 6.2. Fonte: Autoria própria, 2013. Os estudos da insolação são definidos pelos limites do terreno (Fig.62) e os resultados das análises de cada face do terreno estão descritos no Quadro 04. Os dados fornecem o horário de início ou fim da incidência solar, destacando os seguintes fenômenos do ano: o solstício de inverno, o solstício de verão e os equinócios. Quadro 04_Estudos de Insolação do terreno. FACES DO TERRENO INSOLAÇÃO 01 Durante todo o ano recebe incidência solar no período da tarde. No Solstício de Verão e no Equinócio o sol inicia em torno das 12:00hs .E no Solstício de Inverno o sol inicia às 13:00hs. 02 Há incidência solar principalmente no período da tarde, com alguns meses com sol pela manhã. No Solstício de Verão o sol inicia às 15:00hs. No Equinócio às 12:30hs.E no Solstício de Inverno o sol inicia desde às 8:00hs . 03 Esta face recebe o sol pela manhã durante ano todo. No Solstício de Verão o sol incide na face até às 11:00hs. Já no Equinócio o sol é até às 12:00hs. E no Solstício de Inverno o sol até às12:30hs. 04 Há incidência solar durante o ano todo, pelo período da tarde e alguns horários pela manhã. No Solstício de Verão o sol inicia às 6:00hs. No Equinócio o sol se dá a partir das 14:00hs. E no Solstício de Inverno não há incidência solar. N 91 Fonte: Autoria própria (2013). Foram também realizadas simulações no heliodon, um equipamento utilizado para simular o movimento do sol, com a maquete do primeiro estudo do projeto (Fig. 63). Figura 63_Sequência de fotos da maquete no heliodon, projeção do Solstício de Inverno. Foto 01_Maquete: Projeção Solstício de Inverno_6hs. Foto 02_Maquete:Projeção Solstício de Inverno_12hs. Foto 03_Maquete: Projeção Solstício de Inverno_18hs. Fonte: Autoria Própria, 2013. A maquete foi ajustada na orientação correspondente à situação real do terreno e sobre ela fez incidir uma fonte luminosa conforme os ângulos solares do Solstício de Verão, dos Equinócios e do Solstício de Inverno. Mesmo com alterações posteriores, com relação ao posicionamento do edifício no terreno, esta atividade possibilitou observar a relação edifício versus incidência solar nas várias datas e horas do dia. A simulação no heliodon se apresentou como uma ferramenta útil para a análise da insolação e, também, para avaliar o projeto quanto a seus volumes e em soluções mais específicas, como aberturas zenitais e protetores. Outras atividades propostas nas aulas da disciplina Conforto Ambiental no Projeto do programa de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo do Mestrado Profissional em Arquitetura, Projeto e Meio Ambiente da UFRN, também contribuíram para uma maior compreensão das características da área objeto de intervenção. Uma das atividades foi a análise realizada com os dados relativos às características do seu entorno, base e fronteira com apoio da Ficha Bioclimática proposta por Bustos Romero (2001). A seguir a Ficha Bioclimática do terreno proposto com os dados obtidos através da análise com fotos do local e as características de sua topografia (Fig. 64, 65 e 66). 92 Figura 64_Ficha Bioclimática do espaço urbano, Loteamento Cidade das Flores II, SGA, RN. FICHA BIOCLIMÁTICA DO ESPAÇO URBANO – Lot. Cidade das Flores II, SGA, RN ESPACIAIS AMBIENTAIS O E N T O R N O A C E S S O S SOL- Totalmente exposto ao sol, ausência de edificações ou vegetação que sombreiem. SENSAÇÃO DE COR- Predominam as cores da natureza (tons de verde e marrom). C O R VENTO- O entorno não apresenta barreiras a passagem dos ventos. RESSONÂNCIA DO RECINTO- Inexistente, por se tratar de um espaço aberto. SOMBRA ACÚSTICA- Inexistente. S O M SOM- Área totalmente residencial, apresentando somente um comércio de material para construção, não oferecendo influência sonora. DIRETA- Abundante. DIFUSA- Abundante devido à presença de nuvens (clima quente e úmido). REFLETIDA- Escassa. R A D IA Ç Ã O C L IM A CONTINUIDADE DA MASSA- Continua em duas faces e nas outras sem ocupação, somente vegetação rasteira. UMIDADE RELATIVA –ao longo do dia são dois comportamentos distintos na variação da temperatura do ar, sendo mais alta no entorno. TEMPERATURA DO AR- Ao longo do dia são dois comportamentos distintos na variação da temperatura do ar, sendo mais baixa no entorno. VELOCIDADE DO VENTO- Verificando as coordenadas do terreno, observa-se uma maior atuação na direção sudeste. CONDUÇÃO DOS VENTOS- Ventos predominantes do Sudeste. A B A S E ÁREA DA BASE- Terreno natural, com terra e vegetação rasteira. TEMPERATURAS SUPERFICIAIS- Elevadas na rua e amenas próximas as edificações. ALBEDO- Médio. C O M P O N E N T E S E P R O P R IE D A D E S F ÍS IC A S D O S M A T E R IA IS PAVIMENTOS- Pedra granilítica. VEGETAÇÃO- Escassa, somente vegetação rasteira. AMBIENTE SONORO- Tranquilo, bairro residencial em formação, pouca circulação de veículos. S O M ÁGUA- Inexistente. VARIAÇÃO SAZONAL- Inexistente. CONJUNTO DE CORES- Predominância da cor branca dos muros, porem as residências apresentam variedade de cores. TONALIDADE- cores claras. C O R 93 FICHA BIOCLIMÁTICA DO ESPAÇO URBANO – Lot. Cidade das Flores II, SGA, RN MOBILIÁRIO URBANO- Iluminação pública. MANCHAS DE LUZ- Inexistente, por se tratar de espaço aberto, contornado por superfícies de cor branca. ESTÉTICA DA LUZ- Não há uso intencional, nem da luz artificial ou natural. L U Z A F R O N T E IR A CONTINUIDADE DA SUPERFÍCIE- Ocorre uma continuidade, porém não de uma forma linear, pois em duas fronteiras não há existência de construções. LUMINÂNCIA- Baixa. TIPOLOGIA ARQUITETÔNICA- Uso intenso de materiais tradicionais, como tijolo e telha de barro. ABERTURAS- Praticamente inexistentes, pela presença contínua de muros. INCIDÊNCIA DA LUZ- Direta nos planos verticais. TENSÃO- Movimento gerado pelas águas dos telhados. DETALHES ARQUITETÔNICOS- Utilização de cores. ABSORÇÃO- Grande capacidade de absorção. REFLEXÃO- Baixa C L IM A NÚMERO DE LADOS- 04 lados MATIZES- No geral a cor branca dos muros das residências prevalece. CLARIDADE- Há uma variedade de claridade pelos cheios e vazios C O R ALTURA- 1 a 2 pavimentos. PERSONALIDADE ACÚSTICA- Muito tranquila, bairro residencial em formação, pouca circulação de veículos. S O M ÁREA TOTAL DA SUPERFÍCIE -6m QUALIDADE SUPERFICIAL DOS MATERIAIS- Possuidores de grande inércia térmica. Fonte: Fonte: Autoria própria (2013). 94 Figura 65_Localização das fotos tiradas da área objeto de intervenção. Foto 01 Foto 02 Foto 03 Foto 04 Foto 05 Foto 06 Fonte: Google Earth, 2013. Editado pelo autor. As características do terreno com relação à topografia é praticamente plana, tendo um leve aclive na direção sul. Os limites do lote se dão pelas vias públicas implantadas e a vegetação existente é rasteira e escassa (Fig. 66). 95 Figura 66 _Topografia do projeto urbano do Loteamento Cidade das Flores II, SGA, RN. Localização do terreno. Cota terreno. Fonte: MB Empreendimentos e Construções Ltda. Para evidenciar a análise da Ficha Bioclimática foi elaborado um quadro apresentando os aspectos espaciais e ambientais das características de cada área analisada (Quadro 05). Quadro 05_ Características das áreas do entorno, base e fronteira. CARACTERÍSTICAS DAS ÁREAS ASPECTOS ESPACIAIS ASPECTOS AMBIENTAIS Entorno Acessos ao sol, ao vento e ao som, continuidade da massa edificada e como ocorre a condução dos ventos predominantes Análise da cor predominante do entorno, a ressonância e sombra acústica do recinto, as radiações diretas, difusas e refletidas, a umidade relativa e temperatura do ar, e a velocidade do vento. Base Área da base, componentes e propriedades físicas dos materiais existentes – pavimentos, vegetação, água e mobiliário urbano. Temperaturas superficiais, albedo, ambiente sonoro, variação de cores sazonais, conjunto de cores e tonalidades, manchas e estética de luz. Fronteira Convexidade, continuidade da superfície, tipologia Luminância, incidência da luz e direção do fluxo, absorção e N 96 arquitetônica, aberturas, tensão, detalhe arquitetônicos, número de lados, altura e área da fronteira. reflexão, cores das fachadas - matizes e claridade, personalidade acústica e qualidade superficial dos componentes e materiais. Fonte: Autoria Própria, 2014. O município de São Gonçalo do Amarante, e boa parte do estado do RN, estão inseridos na Zona Bioclimática 8 (Z8), conforme a definição da NBR 1522-3 (ABNT, 2005), abrangendo o litoral e parte do interior nordestino e a região norte do país, ilustrado na figura 67. Figura 67_ Regiões pertencentes a Z8. Fonte: NBR 15220-3, ABNT, 2005, pg.8. Para a Z8 a norma estabelece recomendações para as diretrizes construtivas e estratégias de condicionamento térmico passivo. Nos quadros (06 e 07) a seguir estão descritos as diretrizes e estratégias a serem adotadas nas construções. Quadro 06_ Diretrizes construtivas para a Zona Bioclimática 8. PARAMETROS E CONDIÇÕES DE CONTORNO DIRETRIZES CONSTRUTIVAS_Z8 Tamanho das aberturas para ventilação Grande Proteção das aberturas Sombrear as aberturas Vedações externas (parede e cobertura) Parede – Leve e refletora Cobertura – Leve e refletora Fonte: NBR 15220-3, ABNT, 2005, pg.8 97 Com relação à cobertura, algumas notas devem ser observadas, tais como: as coberturas com telha de barro sem forro, embora não atendam aos critérios, poderão ser aceitas, desde que as telhas não sejam pintadas ou esmaltadas. Além disso, só serão aceitas coberturas com transmitâncias térmicas acima dos valores tabelados, desde que atendam às seguintes exigências: a) contenham aberturas para ventilação em, no mínimo, dois beirais opostos e b) as aberturas para ventilação ocupem toda a extensão das respectivas fachadas. Quadro 07_ Estratégias de condicionamento térmico passivo para a Zona Bioclimática 8. ESTRATÉGIAS DE CONDICIONAMENTO TÉRMICO DETALHAMENTO 1 Nas situações em que a umidade relativa do ar for muito baixa e a temperatura do ar estiver entre 21°C e 30°C, a sensação térmica pode ser amenizada através da evaporação da água. O resfriamento evaporativo pode ser obtido através do uso de vegetação, fontes de água ou outros recursos que permitam a evaporação da água diretamente no ambiente que se deseja resfriar. 2 A ventilação cruzada é obtida através da circulação de ar pelos ambientes da edificação. Assim, deve-se atentar para os ventos predominantes da região e para o entorno, pois o entorno pode alterar significativamente a direção dos ventos. Fonte: NBR 15220-3, ABNT, 2005, pg.9. A partir das análises dos condicionantes ambientais e das estratégias apresentadas para a Z8, foram definidas como estratégias bioclimáticas para elaboração do projeto: a ventilação passiva, a reflexão e absorção da radiação solar, o sombreamento e o uso da vegetação como termorregulador do ambiente. Além disso, outras estratégias foram traçadas, baseadas nos conceitos de sustentabilidade e nos estudos de referência, tais como: a iluminação natural, que através do seu aproveitamento se tem uma redução nos gastos da energia; a captação das águas pluviais para o seu reuso e a modulação, que proporciona racionalização e economia na construção. Para uma melhor visualização das estratégias que foram adotadas para o projeto, as imagens da figura 68 procura esclarecer. Todas estas estratégias serão detalhadas no Capítulo 4. 98 Figura 68_Estratégias adotadas para o projeto. Fonte: Autoria própria, 2013. 99 99 3.4. LOCALIZAÇÃO DO TERRENO O município de São Gonçalo do Amarante, RN, está inserido na chamada Grande Natal, um processo de conurbação atualmente em curso, que vem criando uma metrópole cujo centro está em Natal. A Região Metropolitana de Natal (RMN) foi criada pela Lei Complementar Estadual nº 152, de 16 de janeiro de 199737 e atualmente é constituída por dez municípios, dentre os quais encontra-se São Gonçalo do Amarante, município limítrofe a oeste da capital (Fig. 69). Figura 69_Mapa do Rio Grande do Norte em destaque a Região Metropolitana de Natal e seus municípios. Fonte: Google Imagens, 2013. 37 Secretaria do Estado do Planejamento e das Finanças (16 de janeiro de 1997). LEI COMPLEMENTAR Nº 152 DE 16 DE JANEIRO DE 1997. SEPLAN. 100 100 O terreno para intervenção escolhido localiza-se no Município de São Gonçalo do Amarante, no bairro Guajiru, loteamento Cidade das Flores II. Trata-se de uma área pública, com aproximadamente 6mil m2, encontrando-se em zona de expansão urbana, segundo a Lei Municipal nº. 1.147/2008/GPSGA, de 23 de abril de 2008, que institui o Plano Diretor Participativo do Município38 (Fig. 70). Figura 70_Mapa do Município de São Gonçalo do Amarante, com destaque para a área de localização do Bairro Guajiru e as características do entorno. Ponte de Igapó BR406 Loteamento Aeroporto Acesso a Zona norte e BR 406 Fonte: Google Earth e Google Imagens, 2013. Editado pelo autor O local do projeto está situado próximo a BR 406, que faz ligação com a capital, Natal, e o município de Ceará-mirim e está aproximadamente a 13 km do centro urbano e a 6 Km à nordeste da cabeceira da pista do novo Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante (Fig. 70). A região é predominantemente residencial e se encontra em grande expansão, tanto pelo incentivo dos financiamentos do governo pelo Programa Minha Casa Minha 38 Informações obtidas: http://www.saogoncalo.rn.gov.br. 101 101 Vida, da Caixa Econômica Federal39, como pela proximidade da construção do novo Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante (destaque em verde na Fig.71), sendo este um grande polo de atração para a região. Figura71_Localização da área da intervenção e o Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante, RN. Aeroporto BR 406 Área da intervenção Fonte: Google Earth, 2013. Editado pelo autor. O sistema viário atual do bairro se encontra praticamente todo asfaltado, a partir da BR 406 e vias públicas (em amarelo) facilitando o acesso a pé, por bicicleta, automóvel particular e pelas linhas de ônibus da rede municipal até o terreno de intervenção (em vermelho)(Fig. 71 e 72).No planejamento do loteamento urbano, a área definida já estava destinada para área verde (praça) e institucional, promovendo assim a sua escolha. 39 Mais informação: http://www.caixa.gov.br/habitacao/mcmv/ Ceará-mirim Guajiru Natal Guajir u São Gonçalo do Amarante g Guajiru 6 km Guajir u N 102 102 Figura 72_Localização terreno no Bairro Guajiru, SGA,RN. BR 406 e vias públicas Terreno de intervenção Fonte: Google Earth, 2013. Editado pelo autor. N N 103 103 3.5. PROGRAMA DE NECESSIDADES 3.5.1. AMBIENTE ESCOLAR O município de São Gonçalo do Amarante contava, em 2010, com uma população de 87.668 pessoas, sendo que 15.260 destas estavam na faixa etária entre 06 e 14 anos, dados estes fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)40, representando quase 18% da população do município. Atualmente, pelos dados do senso escolar de 2012 do município, a faixa etária dos 06 aos 14 anos ocupa 14.74341das vagas oferecidas pelo Ensino Fundamental I e II nas escolas municipais e privadas. O Ensino Fundamental I e II são etapas da educação básica no Brasil e a sua matrícula é obrigatória para todas as crianças com idade entre 06 aos 14 anos. Regulamentado por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de1996, o Ensino Fundamental remonta sua origem no Ensino de Primeiro Grau, que promoveu a fusão dos antigos Curso Primário (quatro a cinco anos de duração) e Curso Ginasial (quatro anos de duração), este último considerado até 1971, Ensino Secundário42. Logo após, através de estudos de campo no bairro do Guajiru e bairros adjacentes, foram identificadas somente duas escolas municipais que não atendem a demanda local. As entrevistas e análise do espaço físico aconteceram nas Escolas Municipais Djalma Marinho, Maria de Lurdes Lima e seu anexo (Fig. 73). Figura 73_Fotos das Escolas Municipais do bairro Guajiru, São Gonçalo do Amarante, RN. Foto 01_Fachada da E.M.D.Marinho. Foto 02_Entrada da E.M.M.L.Lima. Foto 03_Prédio do Anexo da E.M.M.L.Lima Fonte: Autoria Própria, 2013. 40 O IBGE se constitui no principal provedor de dados e informações do País, que atendem às necessidades dos mais diversos segmentos da sociedade civil, bem como dos órgãos das esferas governamentais federal, estadual e municipal. http://www.ibge.gov.br 41 Dados fornecidos pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado do RN. 42 http://www.portal.mec.gov.br 104 104 As escolas apresentavam salas com número de alunos além do limite máximo previsto pelo MEC, que é de 30 alunos por sala para o Ensino Fundamental, e carência em áreas adequadas para recreação e prática de esportes. No caso da Escola Maria Lurdes Lima, os alunos se deslocavam em torno de 500m, da escola para uma praça pública, para terem aulas de Educação Física. Com os dados obtidos das entrevistas realizadas nas escolas, no ano de 2013, com relação ao número total de alunos atendidos, foi feita uma comparação com os dados fornecidos pelo senso escolar 2012, conforme se verifica na figura 74. Figura 74_Comparativo dos dados obtidos pelas entrevistas e pelo senso escolar. Dados 2013: entrevista com os diretores das escolas mencionadas. Dados 2012: Secretaria de Educação e Cultura do Estado do RN (senso escolar). Fonte: Autoria Própria, 2013. A comparação mostra um grande crescimento da demanda escolar de um ano para outro. Na Escola Municipal Maria Lurdes Lima, a demanda foi de quase 500 alunos á mais inscritos no ano de 2013. Este fato ocorreu principalmente pela abertura de um “anexo” (Foto 03 da fig. 73), em um imóvel alugado, em uma edificação improvisada próxima, para atender a carência demandada pelo bairro. Ação esta, que nem sempre é a melhor solução, como noticia a reportagem em destaque no jornal Tribuna do Norte (RN), com o título “Escola adia início das aulas por pendências em contrato de aluguel”, que relata a situação vivenciada pelos alunos matriculados neste “anexo”. “Alunos da rede municipal de São Gonçalo do Amarante estão sem aulas na Escola Professora Maria de Lourdes de Lima, no conjunto Cidade das Flores, devido ao processo de criação de um anexo à escola, que não tem contrato de aluguel fechado com a Prefeitura. Após o terceiro adiamento para início das aulas, as classes permanecem fechadas nesta quarta-feira (20) e, segundo o secretário de Educação do município, Abel Soares Ferreira Neto, ainda não há previsão para o anexo começar a funcionar. De acordo com informações de funcionários da escola, o anexo dará aula para 500 crianças do 1º ao 5º ano do 105 105 ensino fundamental, sendo 250 pela manhã e 250 à tarde.” (Jornal Tribuna do Norte, 2013) 43 Diante dos fatos e pesquisas, justifica-se a proposta de uma edificação educacional pública para o ensino fundamental, suprindo assim, a carência do local. 3.5.2. PROGRAMA E DIMENSIONAMENTO DOS AMBIENTES O quantitativo de vagas da escola, objeto do projeto, foi definido através dos resultados das pesquisas realizadas, por meio de entrevistas com funcionários das escolas municipais e também na própria Secretaria Municipal de Educação de São Gonçalo do Amarante. Nas escolas pesquisadas foi verificada a situação real da capacidade das salas de aula e se comprovou que média ideal de 30 alunos, estipulada pelo MEC, na sua maioria não eram atendidas, normalmente tendo um excedente de alunos por sala. Nas duas escolas também foi verificada a intenção, porém sem previsão, da construção de novas salas, ampliando assim o número de vagas ofertadas. Este quantitativo de alunos excedentes das salas de aula foi contabilizado junto com as vagas que seriam oferecidas através das ampliações previstas. Por meio deste procedimento de soma se obteve um número total de vagas a ser oferecida a comunidade local (Tabela 04). Tabela 04_Dados da situação atual dos usuários das escolas entrevistadas e pré- dimensionamento das vagas. Fonte: Autoria Própria, 2013. 43 Nota retira da publicação datada 20 de março de 2013 no site oficial http://tribunadonorte.com.br. 106 106 Em conjunto, foram realizadas pesquisas nas Secretarias Municipal e Estadual de Educação e no site da FDE, com base na demanda e na realidade do bairro, quanto aos ambientes escolares do ensino fundamental (6 à 14 anos), número de salas de aula e número de alunos (Anexo I). Como resultado a demanda totalizou 600 vagas, as quais foram distribuídas em 20 turmas nos períodos matutino e vespertino. O projeto contará com 10 salas que atenderão 30 alunos/sala, a média ideal definida pelo MEC. Para uso futuro, há propostas de aulas noturnas, com turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) 44e atividades extras durante a semana e fim de semana para os alunos matriculados e a comunidade local. Definido a demanda de alunos a ser atendida e com base nas pesquisas, na sequência foi desenvolvido o programa de necessidade da escola, bem como todo o dimensionamento dos seus ambientes. Os ambientes do programa de necessidades foram distribuídos nos setores: administrativo, pedagógico, serviços e vivência, conforme apresentado na tabela 05. Tabela 05_Programa de Necessidades - ambientes, quantitativos e áreas. AMBIENTES QTD. ÁREA (M2) DIREÇÃO - ADMINISTRAÇÃO Estacionamento veículo 14 veículos 70,00 Bicicletário 24 bicicletas 16,15 Hall Entrada 01 ambiente 20,23 Hall Escada 01 ambiente 12,79 Recepção – Sala de Espera 01 ambiente 17,44 Conjunto Sanitários Público 02 ambientes 8,88 Secretaria 01 ambiente 24,32 Almoxarifado 01 ambiente 5,87 Depósito Material Pedagógico 01 ambiente 5,87 Sala Coord. Pedagógico e Multiuso 01 ambiente 10,35 Circulação 02 ambientes 22,02 Sala Professores 01 ambiente 20,08 Conjunto Sanitários Administração 02 ambiente 8,88 Sala do Diretor 01 ambiente 11,90 Sanitário Diretor 01 ambiente 3,62 44 O EJA é uma modalidade de educação básica destinada aos jovens e adultos que não tiveram acesso ou não concluíram os estudos no ensino fundamental e no ensino médio. http://portal.mec.gov.br. 107 107 PEDAGÓGICO Sala de Aula - Fundamental (30 alunos) 10 salas 497,03 Sala de Leitura e Multiuso 01 sala 75,08 Informática 01 sala 58,16 VIVÊNCIA Pátio Recreação 01 ambiente 380,65 Refeitório 01 ambiente 211,45 Conjunto Sanitários Alunos 08 ambientes 43,49 Circulação, Rampas e Escadas 03 ambientes 226,95 Jardins e áreas externas 06 ambientes 1.618,15 Horta 03 ambientes 98,54 Viveiro 01 ambiente 9,00 SERVIÇOS Cozinha 01 ambiente 27,20 Despensa da Cozinha 01 ambiente 10,32 Cantina 02 ambientes 15,53 Sala - Depósito Mat. Educação Física 01 ambiente 10,42 Deposito Jardim 01 ambiente 7,76 Área de Serviço e Dep. Material de Limpeza 01 ambiente 7,76 Depósito Geral 01 ambiente 58, 16 Depósito Material Administrativo 01 ambiente 49,52 Conjunto Sanitários Funcionários 02 ambientes 15,53 Circulação 02 ambientes 39,95 Varal – área externa 01 ambiente 34,68 Área de carga e descarga 01 ambiente 121,71 Depósito de Lixo 01 ambiente 5,64 ÁREA TOTAL CONSTRUÍDA 1.907,21 ÁREA VERDE e ÁREA EXTERNA 1.973,87 ÁREA TOTAL TERRENO 2.780,87 Fonte: Autoria própria (2013). Com base nesta definição dos ambientes a setorização apresenta como irá funcionar a hierarquia entre os ambientes e os fluxos e acessos ao público em geral, ilustrados na figura 75. 108 108 Figura 75_ Setorização e fluxos: Ambientes da Escola de Ensino Fundamental. Fonte: Autoria própria, 2013. Com a distribuição dos ambientes em quatro setores, segue a descrição de cada um: ADMINISTRAÇÃO É por onde se tem o acesso à escola. A escola oferece vagas para veículos e bicicletas. Na recepção é realizado o atendimento ao público pela Secretaria e pela Sala do Coordenador Pedagógico. Ainda, se encontram neste setor as salas dos professores e do diretor. PEDAGÓGICO Este setor se divide entre as salas de aula e as salas de informática, leitura e multiuso, que também poderão ser utilizadas pela comunidade local. SERVIÇOS Neste setor estão concentrados os serviços e atendimentos de cozinha, cantina e limpeza, assim como seus depósitos e despensa. O espaço ainda conta com banheiro para estes funcionários, depósitos para material de Educação Física, de jardinagem e geral, além do acesso de veículo para carga e descarga. 109 109 VIVÊNCIA O setor define as áreas comuns, como o pátio coberto, cantina, refeitório e sanitários dos alunos, estes também abertos à comunidade para atividades extracurriculares. Também faz parte deste setor as áreas externas com os jardins, viveiro e horta para aulas práticas. O projeto de uma escola exige cuidados, principalmente com os acessos à edificação, que precisa ter um controle de seus alunos e visitantes. Outro aspecto importante é a fácil visualização das salas de aulas e os ambientes ocupados por seus alunos, ao contrario dos setores de serviço, que devem ser mais isolados. Com estes e outros cuidados é que se deve montar e analisar as relações entre os setores e seus fluxos. Na elaboração de um fluxograma é possível verificar a relação ou não entre todos os ambientes definidos pelo programa de necessidades. Através da construção de uma matriz de relação pode-se observar a relação entre os ambientes. A figura 76 apresenta a matriz de relação que foi montada com os ambientes definidos para este programa. A identificação por cores segue o mesmo padrão apresentado no programa de necessidades e no de setorização e fluxos, facilitando a visualização e compreensão dos dados. 110 110 Figura 76_Matriz de Relação, os ambientes e suas relações. MATRIZ DE RELAÇÃO E s ta c . v e íc u lo B ic ic le tá ri o H a ll E n tr a d a H a ll E s c a d a R e c e p ç ã o C o n j. S a n t. P ú b . S e c re ta ri a A lm . D e p . S e c . S . C o o rd . P e d . S a la P ro f. C o n j. S a n t. A d m . S a la d o D ir e to r S a n t. D ir e to r S a la s A u la S a la L e it u ra In fo rm á ti c a P á ti o R e fe it ó ri o C j. S a n t. A lu n o s J a rd in s H o rt a V iv e ir o C o z in h a e D e p . C a n ti n a D e p .E d .F ís . D e p . J a rd im A .S D e p . L im p D e p . G e ra l D e p . M t. A d . C j. S a n t. F u n c . V a ra l C a rg a /D e s c . D e p . d e L ix o Estac. veículo Bicicletário Hall Entrada Hall Escada Recepção Cnj.Sant. Púb. Secretaria Alm. Dep. Sec. S. Coord. Ped. Sala Prof. Cj. Sant. Ad. Sala Diretor Sant. Diretor Salas Aula Sala Leitura Informática Pátio Refeitório Cj.Sant. Aluno Jardins Horta Viveiro Coz. e Des. Cantina Dep.Ed.Fís. Dep. Jardim A.S Dep. Limp. Dep. Geral Dep. Mt. Ad. Cj. Sant. Func. Varal Carga/Desc. Dep. de Lixo Fonte: Autoria própria, 2013. A definição de setores e fluxos bem como a construção da Matriz de Relação, apresentarem-se ferramentas de grande utilidade para a compreensão, desenvolvimento e concepção do projeto arquitetônico. Com o zoneamento dos setores pode-se chegar a uma primeira implantação, descrita mais adiante, na Evolução da Proposta (Capítulo 4). 111 111 3.6. CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DA VEGETAÇÃO PARA UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO A principal proposta deste trabalho é mostrar a utilização da vegetação em soluções construtivas ainda na concepção do projeto, apresentando a importância da parceria vegetação versus edificação. Busca-se com isto, um ambiente mais saudável, com a utilização de recursos naturais, amparados nos princípios da sustentabilidade e da bioclimatologia. Como o produto deste trabalho é um projeto de uma instituição de ensino, foram analisadas pesquisas realizadas no âmbito escolar, destacando a importância da vegetação nestas edificações. No Capítulo 1, no item Exigências para o projeto de uma instituição de ensino, foi visto que o ambiente físico escolar influencia diretamente no desenvolvimento da criança: “(...) atuando de modo não–verbal, (...) tem impacto direto e simbólico sobre seus ocupantes, facilitando e/ou inibindo comportamento.” (ELALI, 2003). Elali (2003), na sua pesquisa, discute o que o ambiente físico das escolas tem ensinado a seus alunos, principalmente com relação ao contato com a natureza. Ela defende a jardinagem como atividade a ser incentivada e praticada na escola, valorizando o espaço exterior como fonte de saúde e elemento gerador de curiosidades, conhecimento e aprendizado. Através destas constatações, Elali (2003) realizou vistorias em escolas no município do Natal, RN, verificando que os ambientes das escolas não têm sido adequadamente planejados de acordo com estes princípios. Na pesquisa desenvolvida por Fredrizzi, Tomasini e Cardoso (2009), realizada em escolas da rede municipal de ensino de Porto Alegre, RS, foi tratado sobre a presença e qualidade da vegetação existente em seus pátios, tendo em vista a importância da vegetação junto aos espaços externos das escolas. Conforme os próprios autores a descrevem: “A pesquisa procurou levar em conta os diversos tipos de vegetações possíveis de ser encontradas em um ambiente escolar, partindo do pressuposto de que a maior diversidade possibilita agregar um maior valor estético à paisagem vigente nos espaços externos, bem como permite uma maior interação destes espaços com seus usuários.”(FREDRIZZI, TOMASINI, & CARDOSO, 2009). Como resultado, das quinze escolas selecionadas e visitadas, só uma conseguiu atingir os critérios propostos pela dissertação, colocando-a como um “pátio com boa vegetação”. Nesta escola, todos os níveis de vegetação previstos pelos critérios da pesquisa foram encontrados. Observaram, ainda, que nesta escola as atividades pedagógicas estavam bastante vinculadas com as áreas verdes, principalmente as relacionadas à educação ambiental. Contudo, o trabalho constata, principalmente, a 112 112 real condição dos pátios escolares, que normalmente são áridos, com um “panorama predominantemente negativo quanto à presença e qualidade dos elementos vegetais”(FREDRIZZI, TOMASINI, & CARDOSO, 2009). Já nas pesquisas realizadas por Bionde, Leal e Schaffer (2008), são analisadas as plantas ornamentais quanto aos aspectos relativos ao dano contra a saúde, encontradas nos pátios das escolas da rede pública estadual da cidade de Curitiba, PR. O trabalho também verifica os benefícios da vegetação e defende o seu uso nas edificações escolares. Através do levantamento das espécies plantadas nas escolas, o trabalho identificou um percentual muito elevado de espécies não adequadas, por apresentarem espinhos, frutos ou princípios tóxicos e ou alérgicos. Com estas constatações, o trabalho ainda contribuiu com uma lista de espécies vegetais consideradas adequadas ou não adequadas, tornando-se uma fonte de pesquisa para futuros jardins. Bartholomei (2003) em seu trabalho classificou as árvores com relação ao seu comportamento frente a atenuação solar. Utilizou salas de aulas de uma escola localizada na cidade de Campinas, SP, para realizar as medições com proteção e sem proteção das árvores. Como resultado, o ambiente interno teve uma redução de 1,5°C com a colocação das espécies arbóreas, comparado com a situação sem as plantas. Todavia, Bartholomei (2003) relaciona esta baixa redução da temperatura, devido ao tamanho dos exemplares, que encontravam-se ainda jovens. Seu trabalho, porém, contribui com os resultados obtidos sobre a atenuação da radiação solar pelas espécies arbóreas estudadas e apresentadas na Tabela 06. Tabela 06_ Tabela geral da atenuação da radiação solar incidente para todas as árvores analisadas. Árvores Analisadas Atenuação da Radiação Solar(%) Erro Padrão da Média (α) Hymenaea courbaril (Jatobá) 87,2 ± 1,6 Cassia fistula (Chuva de ouro) 87,3 ± 0,7 Michelia champacca (Magnólia) 82,4 ± 3,4 Tabebuia impetiginosa (Ipê roxo) 75,6 ± 2,3 Caesalpinia peltophoroides (Sibipiruna) 88,5 ± 1,2 Senna spectabilis (Cassia) 88,6 ± 1,3 Schinus molle (Aroeira salsa) 73,6 ± 1,3 Bauhinia variegata (Pata de vaca) 81,7 ± 2,0 Cingingiu mjambolana 92,8 ± 0,4 Clitoria fairchildiana (Sombreiro) - sem folhas 70,2 ± 2,6 Clitoria fairchildiana (Sombreiro) - com folhas 78,6 ± 0,8 Fonte: BARTHOLOMEI, 2003, pg. 134. 113 113 Diante destas pesquisas, foram definidos critérios para escolha das espécies vegetais, nas soluções projetuais, que devem: proteger e sombrear sem prejudicar a ventilação natural; atenuar a propagação do ruído externo; controlar a radiação e reflexão solar; purificar e limpar o ar; direcionar os ventos; adaptadas ao ambiente interno; proteger da radiação solar no nascente e poente e que ajudem no processo educativo bem como nutricional e contemplativo (Fig.77). Figura 77_ Critérios para a escolha das espécies vegetais. Fonte: Autoria própria,2013. As imagens desenvolvidas na figura 77 são para uma melhor compreensão dos critérios escolhidos e demonstram as diversas situações em que a vegetação, em parceria com a edificação, auxiliará nas estratégias projetuais para atingir o conforto térmico, sonoro e visual. Porém, para cada estratégia proposta, segundo Olgyay (1998, pg. 74) (tradução do autor) existem determinadas espécies vegetais mais aptas para aquela função. “É muito importante decidir corretamente qual é o tipo de árvore a utilizar. Para isso temos que levar em conta duas coisas: a forma e as características das árvores, tanto no verão como no inverno e assim também seu papel de protetor natural”. A variedade que existe em nossa flora é muito grande. Por isso, a escolha das espécies a serem sugeridas para compor ambientes em uma instituição de ensino levaram diversos fatores em conta, tais como: 114 114 a) Espécies nativas, principalmente as com caráter simbólico; b) Espécies exóticas adaptadas ao clima local; c) Resistentes a períodos secos; d) Potencial ornamental associado à rusticidade e com baixa manutenção; e e) Fácil aquisição no mercado. Além disso, também se deve considerar o porte e as características das plantas como: a) Épocas de floração e frutificação; b) Conjunto e/ou formato das folhas e copas; c) Período de desenvolvimento das espécies. Deve-se evitar espécies que sejam agressivas ou nocivas, como: a) as com espinhos; b) as com princípios tóxicos ou alérgicos; c) as que produzem látex irritante; e d) as com raízes que prejudiquem tubulações enterradas ou calçadas. Ainda foram considerados os estudos de insolação e dos ventos para o melhor posicionamento da vegetação. 115 115 3.7. OS PRINCÍPIOS O planejamento de um projeto de arquitetura possui argumentos que lhe são próprios, um programa a ser atendido, um local para implantar a edificação e o seu método construtivo. Com esse conjunto de argumentos é realizado um desenho, que atua como mediador entre os princípios almejados e a realização concreta do projeto. O desenvolvimento e concepção do projeto deste trabalho tiveram como base os princípios: da sustentabilidade, do conforto ambiental e da arquitetura bioclimática, que consideram os condicionantes ambientais, como o sol, a chuva, o vento e a vegetação como elementos modificadores do microclima. Para uma melhor compreensão da relação entre esses princípios foi montado um diagrama (Fig. 78). Figura 78 _Diagrama dos princípios. Fonte: Autoria própria,2013. As bases dos princípios determinados já foram descritas no referencial teórico- empírico, porém vale ressaltar como foram desenvolvidas e tratadas no projeto. A sustentabilidade é o alicerce do projeto. A partir dela o trabalho foi direcionando o seu foco para o conforto ambiental, utilizando-se as estratégias da arquitetura bioclimática, que busca a qualidade ambiental, através de análises dos fatores e elementos climáticos locais. Elementos como o sol (sombreamento), vento VENTO CHUVA SOL VEGETAÇÃO SUSTENTABILIDADE CONFORTO AMBIENTAL ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA 116 116 (aberturas e direcionamento da ventilação), aproveitamento da água da chuva e vegetação foram explorados na solução do projeto. Busca-se assim apresentar uma proposta que forneça qualidade de vida, não só para os que utilizarão diretamente a escola, mas para toda a comunidade em torno. 4. CONCEPÇÃO DA PROPOSTA O desenvolvimento e a concepção da proposta para a Escola BIOclimática se constituiu através das pesquisas descritas no Capítulo 3, com os estudos de referência, a compreensão das características do clima local e do terreno, das necessidades do programa definido, dos critérios para a escolha da vegetação e dos princípios adotados. 4.1. EVOLUÇÃO DA PROPOSTA Com base no programa de necessidades e no zoneamento dos setores, iniciaram-se os primeiros estudos do projeto, estes por meio de volumetrias, levando em consideração também as características do terreno, a orientação solar e a direção dos ventos predominantes. A proposta de volumetria definida para o projeto se configurou a partir de um pátio central, por blocos independentes para facilitar a circulação dos ventos, em destaque na figura79. Figura 79_Estudos das volumetrias e implantação final, em destaque. Fonte: Autoria própria, 2013. 117 117 Inicialmente, a implantação da escola ficou sendo composta por três volumes. No primeiro volume se encontra o acesso a escola e está localizado o setor Administrativo, composto ainda pelas salas de informática e a biblioteca. A esquerda deste volume, um segundo bloco, denominado setor de Serviços, nele contém a cozinha, a cantina e os depósitos. No terceiro volume, o setor Pedagógico está localizado as salas de aulas e banheiros (Fig. 80). Figura 80_ Implantação do primeiro estudo, zoneamento dos setores. Fonte: Autoria própria, 2013. A próxima etapa foi o desenvolvimento da cobertura e a escolha dos materiais. A ideia inicial para a cobertura era trabalhar com o teto-jardim em conjunto com outra solução, porém a ideia foi abandonada no seu desenvolvimento, por não ser a mais adequada ao projeto. A principal proposta e objetivo para a cobertura era de que ela, através do seu grande plano e por calhas e coletores verticais, conduzisse as águas pluviais para cisternas subterrâneas, formando um sistema de aproveitamento da água da chuva para algum fim não potável, proporcionando, assim, economia desse recurso. Além disso, a cobertura foi toda elevada da laje, recurso este que facilita a troca do ar entre a laje e a cobertura e possibilita um atraso no fluxo de calor. Esta grande cobertura ainda foi dividida em três telhados, onde o telhado central foi suspenso em relação aos outros dois, criando nas laterais aberturas zenitais, que permitem a passagem dos ventos e a entrada da iluminação natural para o pátio central (Fig. 81). As soluções para a cobertura foram baseadas nas recomendações da Zona Climática 8 (NBR15220-3, 2005) e nos estudos de referência. SETOR ADMINISTRATIVO SETOR PEDAGÓGICO SETOR SERVIÇOS VIVÊNCIA Acesso a escola 118 118 Para compor a edificação, os materiais selecionados foram: a madeira, que compõe a estrutura dos telhados, as caixilharias, as portas, as janelas, os peitoris e os suportes para a vegetação, justificando esta escolha pela grande oferta do material próxima a área de intervenção; o concreto armado para os pilares e vigas pela sua alta resistência e durabilidade; o bloco de concreto vazado para as vedações por possuírem baixa transmitância; e a telha sanduiche de EPS para a cobertura por minimizar a emissão de calor e ter baixa transmitância térmica (Fig. 81). Figura 81_Indicação dos materiais selecionados para o edifício. Fonte: Autoria própria, 2013. A caixa de escada, na sua concepção inicial era fechada e funcionava como uma torre de captação de ventos. Mas com o desenvolvimento do projeto, ela ficou totalmente vazada, dividindo o setor pedagógico. Esta abertura entre os prédios possibilitou um escoamento maior dos ventos para o pátio central, que são filtrados parcialmente pelas vegetações fixadas nas paredes. Em conjunto também iniciaram as primeiras ideias e soluções para a implantação da vegetação, bem como o uso de protetores solares nas fachadas, como os brises verticais com vegetação e pergolados. Na sequência, o projeto evoluiu e se modificou perante os resultados de diversos estudos e análises, que se mostraram mais exequíveis, e que serão detalhados no memorial descritivo. 119 119 Inicialmente, a estrutura do telhado seria composta por vigas de madeira laminada colada, porém este sistema se apresentou inviável pelo seu dimensionamento, custo e transporte, já que as peças teriam que vir montadas da região sul do país, local onde existe a tecnologia de fabricação. Sendo assim, foi substituída por vigas treliçadas de madeira serrada composta, uma opção mais praticável pela oferta do material nas madeireiras próximas da área de intervenção. A localização das salas de informática e biblioteca também foi alterada. Inicialmente estas se localizavam no lado esquerdo, na primeira volumetria, onde se tem acesso à escola, próximas à área de serviços. Estes ambientes foram relocados para o lado direito, local mais afastado dos ruídos advindos do refeitório, trocando de posição com o setor administrativo. Novos ambientes também foram criados, como o depósito de jardinagem, o depósito de material da administração e o depósito geral, estes dois últimos localizados acima do setor de serviço. Este espaço foi aproveitado devido ao grande vão existente entre a laje e a cobertura, e que é acessado por uma escada helicoidal. As últimas alterações foram com relação a constituição das coberturas e com o posicionamento da edificação frente ao terreno. As mudanças na cobertura foram: 1) A retirada da água que protegia as salas de aula, que obstruíam a visão das salas do 2° pavimento para o exterior (fig. 82 – imagens 1 e 2). 2) Divisão da cobertura em duas águas, com o objetivo de diminuir a amplitude da cobertura do pátio, que antes era uma água apenas (fig. 82 – imagem 3). 120 120 Figura 82_Croquis do processo de evolução das soluções para as coberturas. 1) Primeira solução para as coberturas: grande plano com uma queda só e a água que protege as salas de aula. 2) Primeira mudança: retirada da água que protegia as salas de aula. 3) Segunda mudança: criação de nova cobertura acima das salas de aula, dividindo a cobertura em duas águas. Fonte: Autoria própria, 2013. A posição do edifício no terreno também foi alterada. A edificação foi rotacionada para o sul. Com esta nova posição as fachadas principais ficaram mais voltadas para o eixo Leste-Oeste. Para estas fachadas foram estudados e desenvolvidos protetores para controlar a radiação solar. A mudança no posicionamento da edificação ocorreu para se obter um melhor aproveitamento dos ventos dominantes do quadrante leste e leste-sudeste. Favorecendo assim, as propostas da ventilação cruzada para as salas 121 121 de aula, que funcionará através dos peitoris ventilados e para uma maior circulação de ar no pátio interno, que ocorrerá pela abertura existente entre os blocos das salas de aula (Fig. 83). Figura 83_Implantações do edifício em relação ao terreno. 1) Primeira implantação. 2) Modificação na implantação, rotacionamento para sul. Fonte: Autoria própria, 2013. A decisão da mudança no posicionamento do edifício também foi tomada a partir de estudos de ventilação natural, através da simulação do escoamento dos ventos em software de dinâmica dos fluídos (CFD: Computacional Flui Dynamics)45. As simulações ajudaram a comprovar e justificar a mudança do posicionamento da edificação. As imagens a seguir, da figura 84, apresentam a comparação dos estudos realizados sobre a ventilação natural na primeira proposta de implantação (fig. 84, imagem 1) e na implantação modificada (fig. 84, imagem 2). Nas simulações, dos ventos, pode-se observar onde ocorrem a pressão positiva (tom amarelado) e a pressão negativa (tom azulado). Na primeira implantação a circulação dos ventos é praticamente nula entre os blocos das salas de aula. Já na implantação modificada ocorre uma maior vazão dos ventos entre os blocos. 45 Programa Vazari Beta 3.0, Autodesk®, 2013. 122 122 Um ponto negativo ocorrido na nova implantação foi a ocorrência de pressão negativa dos ventos no pátio da escola (fig. 84, imagem 2). Fator que foi solucionado com outro estudo de ventilação, onde se teve como recurso de intervenção uma massa vegetal. Essa massa vegetal inserida na implantação modificou a direção dos ventos, levando-os para dentro do pátio. Estes estudos serão apresentados mais adiante, no item 4.2.2.2_Vento, dentro dos estudos para as estratégias bioclimáticas. Figura 84_ Imagens dos estudos das pressões dos ventos. Programa Vazari Beta 3.0, Autodesk® , 2013. 1) 1) Estudos de ventilação na primeira implantação com as indicação das pressões positivas e negativas do vento. 2) Estudos de ventilação na implantação modificada com as indicação das pressões positivas e negativas do vento. Fonte: Autoria própria , 2013. Para finalização da concepção da proposta, como se trata de uma área pública que também é destinada à área verde, além do projeto da escola, foram desenvolvidas propostas para a construção de uma praça e uma quadra poliesportiva no terreno. Pressão negativa Pressão negativa Pressão positiva Pressão positiva 123 123 4.2. MEMORIAL DESCRITIVO A área total do terreno escolhido é de 6.470,81m², uma área pública onde parte do terreno foi destinada para área verde e o restante para equipamento institucional. A área verde soma um total de 3.689,94 m² e a proposta para este espaço é a implantação de uma praça e uma quadra poliesportiva de uso partilhado com a escola e comunidade. Na área restante, de 2.780,87m², é o local onde foi desenvolvida a proposta do projeto da Escola Bioclimática. O lote é delimitado por duas vias locais, uma via coletora e uma estrutural com canteiro central. O lote possui dimensões irregulares, porém com uma topografia praticamente plana, tendo um leve aclive na direção sul, não sendo necessárias grandes movimentações de terra ou desníveis entre os ambientes do edifício. (Fig. 85) Figura 85_Implantação Escola BIOclimática, praça e quadra poliesportiva. Praça Quadra Poliesportiva Escola Bioclimática Fonte: Autoria própria, 2013. Desde os primeiros estudos, a implantação teve por base a circulação dos ventos e as orientações do sol (solstícios e equinócios), itens fundamentais para uma edificação localizada em um clima quente-úmido. Partindo deste aspecto e baseada nas estratégias bioclimáticas para elaboração do projeto, o prédio foi composto por blocos separados e com o telhado elevado da laje. Constitui-se basicamente por três blocos principais, que se configuram em planta no formato em “U”. Por se tratar de uma instituição de ensino, uma das preocupações foi com o controle das pessoas que adentram a edificação. Deste modo, optou-se por um acesso 124 124 principal, na face oeste, pela Rua das Petúnias, onde alunos, professores, funcionários e público em geral entram na escola (Fig.86). Figura 86_Imagem da entrada principal da Escola BIOclimática. Fonte: Autoria própria, 2014. Nesta mesma fachada existente também um portão que é destinado apenas para o acesso de veículos autorizados para a entrega de carga e a descarga de resíduos das áreas de serviços de cozinha, cantina, limpeza e manutenção. Ainda há outro portão que faz a ligação da escola com a praça ao lado. Localizado na fachada norte, este portão somente é aberto para a passagem dos alunos que irão fazer as atividades de educação física na quadra da praça (Fig. 87). 125 125 Figura 87_ Imagem das entradas da escola: principal; carga e descarga e para a quadra da praça. Entrada Quadra Entrada Carga e Descarga Entrada Principal Fonte: Autoria própria, 2014. Na frente da entrada principal da escola serão oferecidas vagas de estacionamento protegidas pelas sombras das árvores aos funcionários e visitantes. O acesso fácil pelas vias do bairro levou também à criação de um bicicletário, para incentivar o uso de bicicletas pelos alunos (Fig. 88). 126 126 Figura 88_Imagem do estacionamento e bicicletário localizados na frente da escola. Fonte: Autoria própria, 2014 Um ponto importante para o funcionamento de uma instituição de ensino é a sua setorização, assim o prédio foi divido em quatro setores: Administração (azul), Pedagógico (laranja), Serviços (roxo) e Vivência (verde) (Fig. 89). No primeiro bloco se localizam os setores da Administração e duas salas do Pedagógico. O hall de entrada ao mesmo tempo em que separa, dá acesso a estes dois setores. A secretaria e sala do coordenador pedagógico, por necessitarem de fácil acesso para os atendimentos, estão logo à frente da recepção. Pela secretaria são encaminhados os usuários para as salas de leitura e de informática, ambos os espaços abertos também para a comunidade. Aos usuários e visitantes são oferecidos banheiros comuns e adaptados para pessoas com locomoção reduzida. Na parte restrita do Setor Administrativo ainda se encontram os depósitos de almoxarifado e material pedagógico, as salas de professores, os banheiros para a administração e a sala do diretor. A partir desta ala restrita se tem acesso direto ao setor de serviços, facilitando as tarefas e contato entre os setores. 127 127 Figura89_Planta baixa e zoneamento dos ambientes. Fonte: Autoria Própria, 2013. Através do hall se tem acesso ao pátio e à rampa. O pátio foi divido por esta rampa que dá acesso ao segundo pavimento e onde se encontra o segundo conjunto de salas de aulas e banheiros. Esta divisão proporcionou também uma separação entre os espaços de refeição e recreação (Fig. 90). O pátio, na área de recreação, contará com bancos de madeira e móveis empilháveis, que poderão se transformar em arquibancadas em dias festivos ou em apresentações internas dos alunos. Já as refeições e lanches poderão ser consumidos na área do refeitório, próximo a cozinha e cantina, em mesas e bancos de madeira para este propósito. Estas áreas de recreação e refeitório, ambos no espaço aberto do pátio se beneficiaram da ventilação e iluminação naturais. ADMINISTRAÇÃ O SERVIÇOS PEDAGÓCICO VIVÊNCIA 128 128 Figura 90_ Imagem da rampa que divide o pátio em dois ambientes e dá acesso ao segundo pavimento. Pátio recreação Hall da secretaria Segundo Pavimento Fonte: Autoria própria, 2014. Localizado a esquerda da entrada principal, na face norte, o Setor de Serviços, em um bloco separado, oferece os serviços de cozinha, cantina e limpeza, cada qual possuindo seus espaços para despensa e depósito. O Setor de Serviços ainda se constitui de sala e depósito de material de educação física e depósito de jardinagem. O depósito geral e de material administrativo estão localizados no segundo pavimento do Setor de Serviço, sendo acessados por uma escada helicoidal. Este espaço foi aproveitado devido ao grande vão disponível entre a laje e a cobertura. Aos funcionários deste setor também são oferecidos sanitários e área de banho, adaptados para pessoas com locomoção reduzida. O fornecimento de suprimentos para cozinha e cantina, bem como os botijões de gás e os produtos de limpeza, serão entregues por uma entrada específica, acessadas por veículos para a entrega da carga e a descarga de materiais. A escola foi planejada para facilitar o acesso a todos, não somente aos alunos com necessidades de locomoção especial. As áreas de circulação e pátio não possuem desníveis e os acessos às salas de aulas do segundo pavimento ocorrem tanto por escadas como por rampas. As salas possuem identificação tátil, em Braille, e visual 129 129 através de painéis ilustrativos que remetem às espécies vegetais plantadas na escola (Fig. 91). Figura 91_ Vista das salas de aulas com painéis ilustrativos das espécies vegetais plantadas na escola. Painéis Ilustrativos Fonte: Autoria Própria, 2014. Formando o terceiro bloco, o Setor Pedagógico se compõe por um conjunto de dez salas, divididas em dois pavimentos, ambos com banheiros masculino, feminino e adaptado para pessoas com necessidades especiais. 4.2.1. ASPECTOS TÉCNICOS DA PROPOSTA A modulação dos espaços é um aspecto importante quando se trata de construções sustentáveis, pois para edifícios que requerem uma tecnologia construtiva rápida e racionalizada, a padronização se faz importante. Para o projeto da Escola BIOclimática todo o sistema construtivo foi racionalizado na modulação de 1,20 x 1,20m, tornando o projeto economicamente mais viável, tanto na sua execução como no consumo de materiais. As portas e janelas 130 130 também seguem este dimensionamento de 1,20m, dimensão que também facilita o acesso de cadeirantes. A estrutura da escola terá um misto de materiais. Para os pilares e vigas dos blocos, será utilizado o concreto armado aparente e lajes pré-fabricadas e para a estrutura do telhado a madeira. A cobertura se compõe de telhas sanduíche de EPS na cor branca, escolhida por minimizara emissão de calor, pela baixa transmitância térmica e também pela sua durabilidade e sobrecarga baixa. As telhas são fixadas por parafusos nas terças de madeira. Na cobertura principal, que cobre o vão do pátio e os setores administrativo e de serviços, o telhado e as terças são apoiados e fixados em vigas e contra vigas treliçadas de madeira composta, que juntos formam a estrutura do telhado. Toda a estrutura do telhado, em madeira, está apoiado em pilares de concreto. (Fig. 92). Fig. 92_Perspectiva da estrutura do telhado da Escola BIOclimática. Cobertura Principal Cobertura Elevada Cobertura Bloco Sala de Aula Fonte: Autoria Própria, 2013. Para a cobertura dos blocos das salas de aula foi utilizada uma estrutura mais simples, com vigas e treliças de madeira composta apoiadas nos pilares de concreto. Somente na estrutura do telhado central, que é recortado e elevado, os pilares de apoio são formados por madeira composta, uso justificado pela sua composição arquitetônica que a estrutura traz ao ambiente (Fig. 93). 131 131 Figura 93_Imagens do pilar de madeira que sustenta o telhado central. Fonte: Autoria Própria, 2013. A opção por utilizar o concreto armado nos pilares e vigas se dá pela sua alta resistência e durabilidade. Já a escolha da madeira, tanto para a estrutura do telhado, como caixilharia, portas, janelas e guarda-corpo, se justifica pela grande oferta do material e mão de obra próximos à área de intervenção, o que facilita o transporte e barateia custos, além de incentivar a economia local. No caso das vigas e contra vigas treliçadas para a cobertura e dos pilares do telhado suspenso, a madeira foi empregada em peças compostas, que são formadas pela união de peças de dimensões comerciais. Esta escolha evita perda e cortes 132 132 desnecessários, por utilizar as peças comerciais e, principalmente, em virtude da gradativa escassez de peças de grandes dimensões (Fig. 94). Figura 94_Imagens da estrutura do telhado. Contra viga treliçada composta Terças Viga treliçada composta Detalhe do encontro da viga com a contra viga. Fonte: Autoria Própria, 2013. As vigas compostas de madeira são obtidas pela união de peças de madeira serrada46e para a fixação das peças são empregadas as ligações de união mecânica (pregos, parafusos, cavilhas, anéis metálicos, etc.). As escolhas das espécies de madeira se deram com base nas propriedades intrínsecas da durabilidade natural, da tratabilidade de acordo com as suas qualidades 46 A madeira serrada é produzida em unidades industriais - serrarias - onde as toras são processadas mecanicamente, transformando a peça originalmente cilíndrica em peças quadrangulares ou retangulares, de menor dimensão. Fonte: Madeira uso sustentável na construção civil, Instituto de Pesquisas Tecnológica: SVMA, 2 ed., SP, 2009. 133 133 frentes aos propósitos e disponibilidade no mercado local. Deste modo, as espécies escolhidas foram o Angelim-pedra (Hymenolobium spp) e o Angelim-vermelho (Dinizia excelsa) (Fig.95). Ambas as espécies indicadas no manual: Madeira uso sustentável na construção civil, Instituto de Pesquisas Tecnológica: SVMA (2009), onde é indicado o uso destas espécies para peças serradas na construção de vigas, caibros e também para as peças beneficiadas como portas, venezianas e caixilhos. Figura 95_Amostra das madeiras utilizadas na proposta. Angelim-pedra. Angelim-vermelho. Fonte: Google Imagens, 2014. Para a vedação das paredes externas a opção foi por blocos de concreto vazado, por possuírem baixa transmitância, fato importante em função do clima local. Nas divisões internas, a escolha se deu por dry wall, composta por gesso acartonado com lã de vidro interno, indicada para o isolamento térmico e tratamento acústico. Cores claras foi a escolha para cobrir paredes e tetos, esta tonalidade ajuda no desempenho térmico da edificação, além de facilitar a distribuição da iluminação natural. Optou-se também por uma tinta solúvel em água, por ser um material de baixo impacto ambiental. Nas paredes das salas de aula foi indicado o acabamento com lambris de madeira na altura de 1,20m e para as paredes externas, voltadas para o pátio, na mesma altura, a aplicação de cerâmica. Ambos os casos visando uma maior durabilidade e manutenção das paredes. Os tetos dos Setores Administrativo e Pedagógico permanecem como acabamento no chapisco, devido a sua superfície porosa, que auxilia no tratamento acústico. Nos demais ambientes, reboco e pintura. Os pisos das salas pedagógicas e administrativas receberão cerâmicas de alto impacto. Nas áreas molhadas, como banheiros, cozinha, cantinas e depósitos serão também instaladas cerâmicas, porém com antiderrapante. Nos ambientes de área molhada, as paredes também ganham o revestimento com cerâmica, visando uma melhor manutenção, higienização e durabilidade. No pátio interno, é indicado piso de concreto polido e nas áreas externas, quando houver necessidade de piso, será colocado o bloco intertravado permeável(PAES, 2008). 134 134 A iluminação em uma instituição de ensino pública requer eficiência energética e luminotécnica, parâmetros fundamentais para a escolha adequada dos equipamentos. Deste modo, as opções para a o projeto desenvolvido foi a utilização da lâmpada fluorescente T5, além do uso da tecnologia LED. Da mesma forma, para a escolha dos equipamentos hidráulicos, também foi usado como parâmetro equipamentos que apresentam o uso racional da água. Neste intuito, a indicação de peças, como a válvula sanitária com duas vazões e as torneiras eficientes que são aeradas e com fechamento automático (DANTAS, 2012, pg. 92). 135 135 4.2.2. ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS A implantação de medidas e ações bioclimáticas requerem diversas análises e estudos que influenciam diretamente no projeto de arquitetura. Dentre as medidas projetuais básicas para um resfriamento evaporativo em um clima quente-úmido estão, as grandes aberturas, o sombreamento, a ventilação cruzada e o uso da vegetação. Técnicas e soluções construtivas que em conjunto melhoram o desempenho da construção e que estão ligadas às ações de racionalização do consumo de energia e de água (Fig. 96). A seguir encontram-se as análises realizadas e as medidas projetuais tomadas a partir dos resultados. Figura 96_Estratégias projetuais bioclimáticas propostas. Sombreamento. Grandes aberturas e ventilação passiva. Captação e armazenamento da água da chuva. Uso da vegetação. Fonte: Autoria Própria, 2013. As análises realizadas foram divididas em quatro temas SOL, VENTO, CHUVA e VEGETAÇÃO, correspondendo aos estudos de sombreamento, aberturas, captação da água da chuva e o uso da vegetação, respectivamente. 136 136 4.2.2.1_SOL Nas regiões de clima quente-úmido as variáveis climáticas que devem ser controladas são a intensa radiação solar e a temperatura elevada (ROMERO, 1988, pg. 39). O desconforto térmico causado dentro das edificações é gerado principalmente pelo ganho de calor produzido através da absorção da radiação solar que atinge as superfícies da construção (CORBELLA; YANNAS, 2003, pg.41). As estratégias, para combater o ganho de calor devido à radiação solar são: o correto posicionamento da edificação com relação a sua orientação e a proteção das fachadas. Após visto o melhor posicionamento da edificação, as soluções utilizadas para a proteção da radiação solar no projeto desenvolvido constituíram-se em grandes beirais, brises verticais móveis, paredes de cobogós, brises vegetais e a própria vegetação. Para análise e justificativa dos elementos nas fachadas foram realizados estudos da insolação, através dos softwares SOL–AR 6.2 (LAMBERTS; MACIEL; ONO, 2011) e The Solar Tool, da Sun Tool. Uma observação importante, para as simulações de sombreamento com a vegetação, foi considerada as dimensões das espécies no seu porte final. As fachadas principais, frente e fundos, da edificação ficaram praticamente na orientação Leste-Oeste, uma posição não muito indicada por receber maior insolação do que as voltadas para o sentido norte-sul (CORBELLA; YANNAS, 2003, pg.43). Porém, através de estudos já apresentados, neste mesmo capítulo, no item Evolução da Proposta, foi comprovado que neste posicionamento a edificação tem um ganho significativo com a circulação da ventilação. Na fachada principal, com orientação oeste, foram utilizados beirais e elementos protetores como os cobogós (paredes vazadas) e brises vegetais para a proteção das paredes e aberturas. Os estudos realizados nesta fachada simularam o sombreamento fornecido pelas espécies vegetais, fixadas em treliças verticais e o beiral. Nesta orientação, a fachada começa a receber irradiação solar somente a partir das 15hs. As simulações apresentadas na figura 97 mostram as paredes e aberturas protegidas pelo sombreamento fornecido pelos elementos. 137 137 Figura 97_Estudos de insolação da fachada oeste – brise vegetal e beiral. Implantação– Localização Vista do brise vegetal Carta solar da fachada oeste SOLSTÍCIO DE VERÃO – 22 DEZEMBRO 9hs 12hs 15hs 16hs N N N N 138 138 EQUINÓCIOS – 21 MARÇO 9hs 12hs 15hs 16hs Fonte: Autoria Própria, 2013. Nas simulações acima, apesar do beiral e do brise vegetal proporcionar um grande sombreamento na parede e abertura, percebe-se ainda uma pequena mancha de sol entrando na sala, problema que pode ser solucionado com a instalação de cortinas no ambiente. Nesta mesma orientação, foi também simulado a entrada da radiação solar por uma abertura superior, no topo da parede, existentes nas salas de aula do segundo pavimento. O estudo foi para verificar se por esta abertura os raios solares entrariam no ambiente provocando ofuscamento nos alunos (Fig. 98). Figura 98_Estudos de insolação da fachada oeste – abertura zenital. SOLSTÍCIO DE VERÃO – 22 DEZEMBRO 15hs 16hs N N N N N N 139 139 EQUINÓCIOS – 21 MARÇO 15hs 16hs SOLSTÍCIO DE INVERNO – 22 JUNHO 15hs 16hs Fonte: Autoria Própria, 2013. As simulações foram realizadas nos períodos do solstício de verão e inverno e equinócios nos horários de 15hs e 16hs, atestando a eficiência do beiral prolongado, que protege totalmente a abertura. Evitando os raios solares diretos que provocariam o ofuscamento dos alunos dentro da sala de aula. Para a fachada oposta, na orientação leste, como solução para barrar os raios solares sem prejudicar a ventilação, foi utilizado brises verticais móveis. Como a fachada recebe a insolação somente no período da manhã, foram realizadas as simulações nos horários de 7hs e 11hs, momento em que os alunos se encontram em aula nas salas (Fig. 99). N N N N 140 140 Figura 99_Estudos de insolação da fachada leste – brise vertical móvel e beiral. Implantação – Localização Vista Carta Solar da fachada leste SOLSTÍCIO DE VERÃO – 22 DEZEMBRO 7hs 11hs N N 141 141 EQUINÓCIOS – 21 MARÇO 7hs 11hs SOLSTÍCIO DE INVERNO – 22 JUNHO 7hs 11hs Fonte: Autoria Própria, 2013. A simulação demonstrou os efeitos do beiral e dos brises verticais móveis do segundo pavimento. Em todos os períodos (solstício de verão e inverno e equinócios) os brises se mostraram eficientes, pois puderam ser movimentados e posicionados da melhor forma para a proteção do sol (Fig. 100). Tanto no solstício de inverno quanto no equinócio, o beiral proporcionou sombra à fachada. N N N N 142 142 Figura 100_Estudos em planta baixa da posição dos brises móveis. SOLSTÍCIO DE VERÃO 22 DEZEMBRO – 7hs EQUINÓCIO 21 MARÇO – 7hs SOLSTÍCIO DE INVERNO 22 JUNHO – 7hs Fonte: Autoria Própria, 2013. Na face sul foi realizado a simulação somente no solstício de verão, pois este é o período em que a fachada recebe por mais tempo a incidência solar, pela manhã até à tarde. Nos equinócios, a fachada recebe sol somente pela manhã, até no máximo 9hs e no solstício de inverno não há incidência solar na fachada. Esta fachada é formada pelo grande vão do pátio coberto e as laterais das salas de aula e de informática. As análises realizadas decorreram sobre os efeitos do brise vegetal e do beiral e para o vão foi feita também a simulação com a massa vegetal proposta para canalizar os ventos para o pátio (Fig. 101). 143 143 Figura 101_Estudos de insolação da fachada sul – lateral da escola com a massa vegetal. Implantação - Localização Vista Carta solar da fachada sul SOLSTÍCIO DE VERÃO – 22 DEZEMBRO 6hs 7hs 8hs N N N 144 144 9hs 12hs 15hs Fonte: Autoria Própria, 2013. Através da sequência, na simulação da figura 101, pode-se acompanhar a trajetória solar no período do solstício de verão entre as 6hs e 15hs. Percebe-se que a massa vegetal, representada no estudo por um bloco, ajuda no sombreamento até por volta das 9hs, entre 9hs e 12hs os raios solares atingem o interior do pátio e a partir das 12hs o beiral começa a proteger a abertura. O brise vegetal proposto para proteger as aberturas da sala de informática, sombreia bem a fachada até por volta das 9hs e a partir das 12hs é o beiral que exerce melhor a função de sombreamento (Fig.102). N N N 145 145 Figura 102_Estudos de insolação da fachada sul – brise vegetal na sala de informática. Implantação - Localização Vista SOLSTÍCIO DE VERÃO – 22 DEZEMBRO 9hs 12hs 15hs Fonte: Autoria Própria, 2013. A fachada norte recebe uma maior incidência solar principalmente no período do solstício de inverno, no equinócio somente a partir das 15hs e no solstício de verão a incidência solar não chega nesta fachada. Os estudos simularam a proteção com o brise vegetal e o beiral para as salas dos professores e diretoria (Fig. 103). N N N 146 146 Fig. 103_Estudos de insolação da fachada norte – brise vegetal e beiral nas salas dos professores e diretoria. Implantação - Localização Vista Carta solar da fachada norte SOLSTÍCIO DE INVERNO – 22 JUNHO 7hs 9hs 15hs N N N 147 147 EQUINÓCIO – 21 MARÇO 7hs 9hs 15hs Fonte: Autoria Própria, 2013. Nas simulações da figura 103, observa-se que o beiral sombreia a fachada no período do solstício de inverno, a partir das 9hs e nos equinócios no período da tarde. Já o brise vegetal protege principalmente a incidência solar no horário da tarde, a partir das 15hs. 4.2.2.2_VENTO A ventilação natural nas regiões de clima quente e úmido tem como principal finalidade remover a umidade em excesso. O resfriamento é a principal meta de um projeto arquitetônico neste tipo de clima, onde o conforto térmico nas edificações depende principalmente da movimentação do ar (BITTENCOURT; CÂNDIDO, 2008, pg.7). Ainda, segundo Bittencourt e Cândido (2008), o resfriamento por ventilação natural em conjunto com protetores solares aparenta ser a melhor solução custo/benefício para construções no contexto de regiões quentes e úmidas. Em princípio, a ventilação natural pode ser obtida pelo efeito térmico ou dinâmico. O primeiro efeito se baseia na diferença entre as temperaturas do ar dos ambientes internos e externos do edifício, provocando um deslocamento das massas de ar de acordo com as suas pressões maiores ou menores. O efeito chaminé denomina esta ação, e é quando existem duas aberturas, em alturas distintas, estabelecendo uma circulação de ar entre as elas, e onde o ar quente é empurrado para fora. Já a ventilação natural dinâmica é causada pelo posicionamento de barreiras que geram pressões e direcionam os ventos (RIVERO, 1986, pg.113). Ambas as formas de ventilar foram utilizadas no projeto da Escola BIOclimática. O efeito térmico ou efeito chaminé foi empregado no pátio coberto, sendo obtido através do vão aberto entre as coberturas, e nas salas de aula, com os peitoris ventilados e aberturas próximas ao teto. O sistema de ventilação cruzada (aberturas N N N 148 148 em paredes opostas) também beneficia as salas com níveis maiores de ventilação, amenizando a temperatura do ar interno e reduzindo o consumo de energia (fig. 104) Figura 104_Imagem do corte e detalhe do peitoril ventilado e ventilação cruzada. CORTE AA Detalhe: Corte peitoril ventilado. Fonte: Autoria Própria, 2013. Já o efeito dinâmico empregado é obtido através da massa vegetal próximo ao edifício, uma barreira que direciona os ventos para o interior do pátio. Este efeito foi comprovado por meio da simulação do escoamento dos ventos em software CFD (Computacional Flui Dynamics) (Fig. 105). A mudança na implantação, já citada na Evolução da Proposta (Capítulo 4, item 4.1), foi realizada para que os ventos fluíssem melhor para dentro do pátio, através do vão aberto entre os blocos das salas de aula (cor amarela na primeira simulação, fig. 105). Porém, com esta alteração, a entrada dos ventos no pátio pelo seu lado direito ficou prejudicada. Este efeito pode ser comprovado nas pressões negativas presentes na cor azul, na primeira simulação da figura 105. 149 149 Fig.105_Estudos das pressões dos ventos com e sem a massa vegetal. Implantação – Localização Vista 1) Sem a massa vegetal. 2) Com a massa vegetal. Fonte: Autoria Própria, 2013. A massa vegetal composta por diversas espécies foi o recurso utilizado para se obter um obstáculo e promover novas pressões e mudanças na direção dos fluxos dos ventos. Conforme comprovado na imagem da segunda simulação, na figura 105. O emprego da massa vegetal foi uma solução que se mostrou benéfica para se obter uma maior circulação dos ventos no pátio e entre os blocos, renovando o ar e auxiliando no resfriamento do ambiente. 150 150 4.2.2.3_CHUVA A principal fonte de abastecimento de água da escola será a oferecida pela concessionária e armazenada em reservatórios. A água fornecida será utilizada para o preparo dos alimentos na cozinha e na cantina, na limpeza geral dos ambientes e no funcionamento dos equipamentos dos banheiros. Para o dimensionamento dos reservatórios foi realizado um cálculo, com os dados sobre o consumo de água diário previsto para a edificação. O valor do consumo diário da edificação pode ser obtido através de tabelas apropriadas, com os dados da taxa de ocupação, do uso do edifício e do seu consumo per capita (por pessoa) (CREDER, 1926, pg. 6). Sendo assim, para o cálculo temos que ter as seguintes informações: Cd = consumo diário (litros/dia); P = população que ocupará a edificação e q = consumo per capita (litros/dia). Dados que são inseridos na fórmula: Cd = P x q. A população estimada da Escola BIOclimática, contando os dois períodos, manhã e tarde, é de 640 pessoas, entre alunos e funcionários. De acordo com a tabela de consumo predial diário, para escolas no sistema externato, o consumo é de 50 litros/dia per capita (CREDER, 1926, pg.7). Deste modo, segundo a fórmula apresentada, o consumo diário da escola é de 32.000,00 l/d. Porém, como lembra Creder (1926, pg. 8), em quase todas as localidades brasileiras há deficiência no abastecimento público, e assim sendo, recomenda-se adotar para o cálculo, o consumo de no mínimo para dois dias. Para a Escola Bioclimática foi calculado o mínimo para três dias, deixando uma reserva para a rega das plantas, nos períodos de seca, e para o combate ao incêndio, totalizando um quantitativo de 96.000,00 litros para o consumo diário. O valor total de litros para o consumo diário foi distribuído em dois reservatórios, um inferior com a capacidade de 60.000,00 litros, em cisterna subterrânea e outro superior com a capacidade 40.000,00 litros, em caixa d’água. O reservatório superior, localizado acima da escada, será alimentado pelo reservatório inferior, através do sistema de recalque e um conjunto de motor e bomba. O reservatório superior ainda é dividido em dois compartimentos, interligados por meio de um barrilete, para operações de manutenção, sem que haja a interrupção na distribuição de água para a edificação. 151 151 A construção de ambos os reservatórios será in loco, sendo executados em alvenaria e concreto armado, conforme as normas da NBR 6118 – Projeto de Estruturas de Concreto e a NBR 9575, de impermeabilização. A racionalização do consumo da água se dará com a instalação de mecanismos economizadores, como torneiras com fechamento automático, bacias sanitárias com duplo fluxo de água e válvula economizadora para mictórios. As medidas de reaproveitamento e tratamento das águas servidas, neste caso não foram desenvolvidas, pelo alto custo do sistema, frente ao quantitativo de água consumida. Porém, o prédio possui seu próprio sistema de coleta, escoamento e tratamento, através do conjunto de fossa séptica e sumidouro. Os telhados, além de formarem um elemento de destaque no projeto, tem a função de captar a água da chuva para seu reaproveitamento. A água é transportada e conduzida por calhas e condutores verticais, até o seu armazenamento, em cisternas subterrâneas localizadas á frente e atrás da escola (fig.106). Figura 106_Imagem esquemática da captação da água da chuva e o armazenamento em cisternas subterrâneas. Fonte: Autoria Própria, 2014. A água da chuva não é potável, não sendo indicada para o consumo, mas podendo ser usada para outros fins. Neste caso, a água captada e armazenada, será destinada, principalmente, para a irrigação das plantas e limpeza do pátio interno. Para as calhas, foram feitos cálculos do seu dimensionamento, de acordo com o índice pluviométrico de Natal, que tem a intensidade de 120 mm/h, no período de cinco anos, para coberturas, segundo Carvalho Júnior (2012, pg. 173). Assim, de acordo com 152 152 a contribuição do telhado e a intensidade de chuva na região, os diâmetros das calhas variaram entre 125 mm á 200 mm. Para o dimensionamento das cisternas subterrâneas, que armazenaram as águas da chuva, foi inicialmente verificado a demanda do consumo diário das áreas verdes projetadas para a Escola BIOclimática. Conforme Creder (1926, pg. 7), o consumo diário para rega de jardim é 1,50 litro por m². A soma dos valores das áreas de jardins, horta e árvores, totalizam uma área de 535,84 m² plantada e conforme o cálculo, o valor do consumo diário das áreas verdes é de 802,26 litros. Com o valor total do consumo diário das áreas verdes, foi simulado o aproveitamento da água da chuva pelo software Netuno (GHISI, CORDOVA e ROCHA, 2011). O programa tem como objetivo, estimar o potencial de economia da água potável, por meio do aproveitamento da água pluvial para usos onde a água não precisa ser potável, tais como descarga de vasos sanitários, limpeza de pisos e irrigação de jardins47. Para a simulação no programa Netuno foram utilizados os valores de pluviometria diária entre os anos de 2012 a 2013, da cidade de São Gonçalo do Amarante, RN, dados estes, fornecidos pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN). No quadro 08, estão os dados que foram informados ao programa Netuno, para o dimensionamento das cisternas. Quadro 08 _Dados utilizados para simulação de aproveitamento de água da chuva no Software Netuno. Campo Dados utilizados Observação Pluviometria São Gonçalo do Amarante, 2012-2013 (EMPARN) Ao todo 731 dias. Área de captação 1.560 m² Calculada a partir do projeto. Demanda de água por dia 802,26 l Demanda diária calculada para o uso da água da chuva para rega de jardim. Período de repetição 5 dias – de segunda á sexta Considerou-se que a Escola não funciona aos sábados e domingos. E a irrigação continuará sendo realizada nos períodos de férias. Demanda fixa ou variável Variável Porcentagem da água potável a ser substituída pela água pluvial 100 % Considerou-se o aproveitamento de água de chuva para 100% da parcela 47 Informações obtidas pelo endereço eletrônico: http://www.labeee.ufsc.br/downloads/softwares/netuno 153 153 que está sendo simulada. Coeficiente de aproveitamento 0,90 Calculado a partir da média pluviométrica dos dias chuvosos acima de 2mm em relação à média com descarte de 2mm. Fonte: Dantas, 2012, pg.99. O programa Netuno foi simulado para obter resultados a partir do uso para o qual se utilizará a água da chuva (irrigação e limpeza),por isso foi considerado 100% do seu aproveitamento. A partir disso, o percentual de economia encontrado não se relaciona ao consumo total do edifício e sim ao volume que foi simulado, que corresponde apenas à demanda para a irrigação das áreas verdes da escola. A simulação considerou a irrigação de segunda a sexta, mesmo nos períodos de férias escolares e obteve como resultado um reservatório com a capacidade de 17.000 litros, onde se conseguiu suprir 90% de toda a demanda com água de chuva (Fig.107). Figura 107_Simulação de aproveitamento de água da chuva na Escola BIOclimática. Fonte: Autoria própria, 2014 154 154 O potencial de economia apresentado indica que a irrigação das plantas poderá ser quase toda suprida através da captação e armazenamento da água da chuva. Informação relevante para a manutenção de toda a área verde proposta para a Escola BIOclimática, expondo que é possível e viável o plantio sem gastos extras com a água potável. 4.2.2.4_VEGETAÇÃO Os elementos vegetais, como árvores, cercamentos e tapetes de grama contribuem para solucionar os problemas térmicos do edifício, evitando que altas temperaturas atinjam os materiais de construção e a radiação refletida pelo chão (RIVERO, 1986, pg. 140). Comprovado a importância da vegetação junto à edificação, a proposta deste trabalho visa em primeiro plano identificar as espécies vegetais a partir dos requisitos já pré-estabelecidos e apresentar soluções construtivas em conjunto com as espécies vegetais que desempenharão funções no projeto da Escola BIOclimática. Para cada função determinada, pode predominar uma ou mais espécie vegetal, conforme suas características. Assim, foi montado um quadro (Quadro 09), identificando as espécies vegetais utilizadas no projeto em decorrência da função exercida. As espécies foram divididas em: árvores, frutíferas, palmeiras, arbustivas, trepadeiras, pendentes, gramados e forrações. Dentro da divisão arbustiva ainda estão as herbáceas, os cactos e as suculentas, mais pela sua utilização na composição de maciços. Cada espécie vegetal é identificada em uma ficha técnica com os seguintes dados: nome científico; família; clima; solo; crescimento; floração; frutos (quando existentes); altura e diâmetro; e a sua aplicação e plantio. Estas fichas técnicas com as espécies escolhidas para compor o paisagismo da Escola BIOclimática, bem como outras opções dentro das características e funções encontram-se no “Catálogo de espécies vegetais para edificações escolares na região metropolitana de Natal, RN”, no Anexo A ( Volume II). O catálogo, além de fornecer dados sobre as espécies escolhidas, foi desenvolvido na intenção de ser um auxílio para futuros trabalhos. As informações do catálogo procura auxiliar em decisões mais acertadas em relação a escolhas de espécies vegetais para uma instituição de ensino ou em outra construção que tenha as mesmas características climáticas e que requer os mesmos cuidados. 155 155 Quadro 09_Definição das espécies vegetais de acordo com a função determinada. FUNÇÃO CLASSIFICAÇÃO ESPÉCIES VEGETAIS(nome popular) Espécies que protejam e sombreiem sem prejudicar a ventilação. A ÁRVORES Ipê Amarelo, Ipezinho Amarelo, Sibipiruna e Ubaia Doce. FRUTÍFERAS Acerola, Araçá, Carambola, Goiabeira e Pitanga. Espécies que controlem a radiação e reflexão. B FORRAÇÃO Cunhã, Oró e Vedélia. GRAMADOS Grama Esmeralda ARBUSTIVAS Alpínia, Boa-noite, Canarinho, Cróton, Cyca, Corção-magoado, Cróton, Lantana, Mussaenda e Strelíticia. Espécies que protejam as fachadas da radiação solar. C TREPADEIRAS Ipoméia e Maracujá. 156 156 Espécies que minimizem os ruídos externos. D ÁRVORES Acácia, Eritrínia, Chuva-de-ouro, Guabiraba-de-pau, Maçaranduba, Pau-ferro, Pau-mondé e Pau- mulato. TREPADEIRAS Cipó-de-São João e Primavera. ARBUSTIVAS Dama-da-noite, Russélia e Sansão- da-noite. Espécies ajudam a purificar o ar e direcionar os ventos. E PENDENTES Peperônia e Samambaia. ARBUSTIVAS Cataléia, Filodendro e antúrio. FUNÇÃO_Espécies que direcionem os ventos. ÁRVORES Acácia, Eritrínia, Chuva-de-ouro, Guabiraba-de-pau, Maçaranduba, Pau-ferro, Pau-mondé e Pau- mulato. 157 157 Espécies educativas, para a contemplação e nutricional (horta). F ÁRVORES Pau- Brasil, Sapucaia e Pororoca. FRUTÍFERAS Acerola, Araçá, Carambola, Goiabeira, Pitanga e Cana. PALMEIRAS Dendezeiro, Pupunha e Rhaphis. ARBUSTIVAS Alpínia, Boa-noite, Canarinho, Cróton, Cyca, Corção-magoado, Cróton, Lantana, Mussaenda e Strelíticia. TREPADEIRAS Maracujá e Primavera. Espécie adaptadas ao ambiente interno G PALMEIRAS Rhaphís. ARBUSTIVAS Antúrio, Cataléia, Espada de São Jorge, Espadinha e Filodendro. Fonte: Autoria própria, 2014. Através da planta baixa do projeto de paisagismo é possível identificar a localização das funções que as espécies vegetais exercem na escola de acordo com a classificação apresentada no quadro 09 (Fig. 108) 158 158 Figura 108_Planta baixa com a localização das funções das espécies vegetais. Fonte: Autoria própria, 2013. As espécies classificadas como A, fornecem amplo sombreamento através das copas das árvores. Na face oeste, nos estacionamentos, espécies como a Ubaia Doce (Eugênia speciosa Cambess) proveem sombra aos veículos estacionados e que ao final do dia, também proporcionará sombra à fachada da escola (Fig.109). A E B B B C C C C F D D E F F F D F G g g B 159 159 Figura 109_Imagem da frente da escola, destaque para as árvores no estacionamento. Fonte: Autoria própria, 2014. Na face oposta, a leste, as árvores frutíferas proporcionam sombreamento à fachada somente nos primeiros horários do dia, porém sem prejudicar a ventilação, devido ao seu maior espaçamento entre as espécies (Fig. 110). Figura 110_Imagem dos fundos da escola, destaque para as árvores frutíferas. Fonte: Autoria própria, 2014. 160 160 Por causa da extensa área da escola, somente alguns pontos próximos a edificação foram escolhidos para receber grama ou forração, devido á manutenção intensiva com podas e irrigação. A função destas espécies no projeto será de controlar a reflexão e absorver a radiação solar e estão classificadas como B. Por tanto, na sua maioria, o terreno se manterá com o seu solo de origem, facilitando assim também a permeabilidade das águas pluviais. Salvo os locais de passagem, que recebem piso com o bloco intertravado permeável. Por necessitar de maiores cuidados, com a manutenção, a grama foi somente indicada para o jardim da entrada principal, que receberá um vasto gramado da espécie Batatais (Paspalum notatum). Forrações, palmeiras e composições com arbustos ornamentais configuram este jardim (Fig.111). Já as forrações nativas como o Cunhã (Clitoria ternatea) se encontra próximo às salas de aula e a área de serviço. Figura 111_ Imagem do jardim de entrada da escola. Fonte: Autoria própria, 2014. Na classificação C, a função das espécies é de proteger as fachadas da radiação solar, como uma “segunda pele”, através de treliças estruturadas em madeiras, formando brises verticais com a vegetação. Para estes brises são indicados trepadeiras, como a Ipoméia (Ipomea purpúrea), que dão cor e proteção as fachadas (Fig. 112). 161 161 Figura 112_Imagem do jardim frontal e destaque para o brise vegetal que protege a face sul e oeste da sala de informática. Fonte: Autoria própria, 2014. As aberturas que receberam este tratamento foram as da sala de informática, que estão orientadas tanto para a face sul como a oeste e as salas de espera e do coordenador pedagógico. Na face norte as salas do diretor e professor, a lateral das salas de aula e o corredor também receberam o suporte do brise vegetal para sua proteção. Por este suporte estar localizado na frente da horta a espécie vegetal escolhida para ser plantada foi o maracujá (Passiflora edulis) (Fig. 113). 162 162 Figura 113_Imagem do brise vegetal localizado na área da horta. Fonte: Autoria própria, 2014. Como já visto as espécies vegetais, como árvores, arbustos e forrações, absorvem ou espalham, mesmo que parcialmente, o som. Para se conseguir uma redução nos níveis de decibéis, a massa vegetal teria que se compor em uma densa área com 30m de profundidade. Porém, de um modo geral, a composição de diversas espécies ajuda a atenuar as ondas sonoras e/ou a sua percepção por barrarem a visualização direta da fonte sonora(BISTAFA, 2006, pg. 207). Para minimizar os ruídos externos e bloquear a visão da fonte sonora os muros da escola foram trabalhados com formas e vegetações (SIMÕES, 2011, pg.62).Os muros que receberam este tratamento foram os da face sul e leste, ganhando ao longo de seu topo uma contínua floreira. O formato da floreira ajuda, tanto a rebater as ondas sonoras como acomoda a vegetação, que absorve e impede a visão, funções indicadas na classificação D. Espécies como a Russélia (Russelia equisetiformis), o Cipó-de-são- joão (Pyrostegia venusta) e a Dama-da-noite (Cestrum nocturnum) compõe este jardim suspenso (Fig.114). 163 163 Fig. 114_Corte do muro com vegetação. Fonte: Autoria própria,2013. No muro que divide a escola da praça foi instalada de forma intercalada, blocos com nichos para a vegetação. Como este muro está localizado na frente da área da horta, a proposta é trabalhar este jardim vertical com ervas, temperos e vegetais comestíveis, que serão produzidos e mantidos pelos alunos e depois utilizados na cozinha da escola (Fig. 115) Figura 115_Imagem da área da horta com destaque para o muro com o jardim vertical. Fonte: Autoria própria, 2014. FONTE SONORA 164 164 As espécies vegetais que estão classificadas como E possuem a função de limpar e purificar o ar, uma vez que “as superfícies viscosas das folhas das plantas capturam o pó e filtram o ar” (OLGYAY, 1998, pg.74) (tradução do autor). Deste modo as espécies vegetais que foram fixadas à parede, em vasos e suportes, localizados na abertura entre os blocos de sala de aula, tem a principal função de purificar e limpar parcialmente o ar lançado para dentro do pátio (Fig.116). Porém, não são só estas plantas que tem esta capacidade, mas todas as espécies que estão no entorno da edificação possuem esta função de reter os poluentes e filtrar o ar. Especialmente a massa vegetal, uma composição com diversas árvores (ao lado direito da escola), que tem também a função de direcionar e levar os ventos purificados para dentro do pátio da escola. Figura 116_Imagens das espécies vegetais fixadas na parede do vão entre os blocos. Imagem 01 – visão do lado externo da edificação. 165 165 Imagem 02 – visão do lado interno da edificação Fonte: Autoria própria, 2014. Para manter toda esta área verde da escola, além de contar com pessoas capacitadas para o manejo, a principal intenção é estimular o conhecimento, as práticas de plantio e o trato das espécies junto aos alunos. Pode-se estimular o conhecimento através de aulas práticas, como a produção de mudas para o viveiro e horta e contato com espécies locais, em extinção ou com relação histórica, como exemplo, a árvore Pau-Brasil (Caesalpinia echinata Lam) (Fig.117). Figura 117_Imagem do pergolado com viveiro e árvores para atividades práticas. Fonte: Autoria própria, 2014. Na classificação F, também foram selecionadas espécies para a contemplação e estética da composição paisagística. Como exemplo, as palmeiras dendezeiro (Elaeis 166 166 guineensis), perfiladas à frente da escola, que não impedem a visão e dá imponência a edificação. E os pergolados, com frondosas primaveras (Bouganinville aspectbilis), que dão cor e marcam os acessos á escola. As espécies da classificação G são plantas indicadas para ambientes internos, adaptadas a pouca iluminação e que proporcionam um microclima agradável. Espécies como a palmeira Rhaphis (Rhapis excelsa) e a herbácea Antúrio (Anthuriu andreanum) compõem esta lista do jardim interno da sala de leitura. Todas as espécies escolhidas levaram em conta, principalmente, a sua adaptação ao clima quente-úmido, sempre dando preferência às espécies nativas, devido a sua rusticidade e fácil manejo. Como o projeto da Escola BIOclimática foi desenvolvido no estado do Rio Grande do Norte, a proximidade com o Parque Estadual Dunas do Natal “Jornalista Luiz Maria Alves"48, uma unidade de conservação, proporcionou a oportunidade de especificar espécies locais. O parque oferece infraestrutura à pesquisas no seu setor público, mais conhecido como “Bosque dos Namorados”, com a Unidade de Mostra de Vegetação Nativa e o Centro de Pesquisa, com laboratórios de botânica e zoologia. Ainda conta com um viveiro, onde são cultivadas as mudas de espécies vegetais nativas do parque, utilizadas na recuperação e reflorestamento de áreas de Mata Atlântica e também para serem doadas a pessoas interessadas ou a instituições (Fig.118). Fig. 118_Fotos do viveiro com mudas de plantas nativas do Parque Estadual Dunas do Natal, RN. Fonte: Autoria própria, 2013. A implantação de uma praça, desde a sua concepção no loteamento pela construtora, já tinha como destino final ser uma área verde. A praça possui 2.780,87 m² e dentro das diretrizes projetuais irá receber um parque infantil com equipamentos para a estimulação da coordenação motora, tanque de areia, passeios e uma quadra poliesportiva de uso comum entre a comunidade e a escola (Fig. 119 e 120). 48 Mais informações: http://www.parquedasdunas.rn.gov.br. 167 167 Figura 119_ Imagem do parque infantil com equipamentos para estimulação da coordenação motora. Fonte: Autoria própria, 2014. Figura 120_Implantação da praça. Tangue de areia Parque infantil Quadra Poliesportiva Passeio Estacionamento Fonte: Autoria própria, 2014. Por se tratar de uma praça pública, a seleção das espécies vegetais para as áreas verdes tomou como base plantas rústicas, de pouco trato, manejo e de fácil aquisição no comércio local. As espécies e sua localização estão detalhadas na prancha 01 do Volume II. A paisagem da praça se configura principalmente por árvores de diversas características, como o perfumado Jasmim-manga (Plumeria rubra acutifólia), a nativa frutífera Araçá (Psidium cattleyanum) ou a frondosa Sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides), que oferecem sombreamento, contemplação e frutos aos 168 168 usuários. As árvores estão presentes no tangue de areia, no parque infantil, no passeio e estacionamento (Fig. 121) Figura 121_Imagem da praça e seus equipamentos. Fonte: Autoria própria, 2014. Para a circulação e passeio, pisos com blocos de cimento intertravado. E no restante a praça, o solo natural do terreno, permitindo uma maior permeabilidade, complementada, em alguns pontos, com forrações nativas como o Oró (Phaseolus). A quadra poliesportiva, com piso de concreto polido, com a cota á 1,00m abaixo do nível da praça, é circundada por arquibancadas-escadas e acessada por uma rampa. Telas vazadas protegem e definem o setor esportivo. Ao fundo da quadra, fazendo divisão com a escola, palmeiras Jerivá (Syagrus romanzoffian) alinham-se ao muro, que possui elementos e reentrâncias, funcionando como um bloqueador do som vindo das práticas esportivas. A terra retirada da escavação da quadra será reutilizada na própria praça, com a concepção de volumes e elementos no terreno, criando diferentes espaços e volumes (Fig.122). 169 169 Figura 122_Imagem dos volumes com a terra retirada da escavação da quadra. Fonte: Autoria própria, 2014. CONSIDERAÇÕES FINAIS As análises efetuadas neste trabalho, a partir da leitura dos textos de Olgyay (1998), Bittencourt e Cândido (2008), Corbella e Yannas (2003) e Rivero (1986), como também o trabalho de dissertação do mestrado de Frandoloso (2001),mostraram que os autores concluíram que a qualidade ambiental do projeto arquitetônico tem que ter uma relação direta com o seu entorno, com o seu clima local. O embasamento dos princípios, os estudos de referência e o programa de necessidades ajudaram na construção do formato e na definição da organização espacial. Com as análises dos condicionantes ambientais e do conhecimento das estratégias para a zona bioclimática 8 (Z8), a definição do desenho do projeto se tornou mais claro. Tornando-se mais evidentes critérios e soluções fundamentadas nos princípios e práticas da arquitetura bioclimática. Assim, as estratégias bioclimáticas delinearam a elaboração do projeto com os recursos para a ventilação passiva; os elementos e materiais para a reflexão e absorção da radiação solar; recursos para o sombreamento e o emprego da vegetação como termorregulador do ambiente. Além disso, outras estratégias foram esboçadas, baseadas nos princípios da sustentabilidade, como a iluminação natural, que através do seu aproveitamento se tem uma redução nos gastos da energia; a captação das águas pluviais para aproveitamento para irrigação e a modulação, que proporciona racionalização e economia á construção. 170 170 Na escolha por referências projetuais, tanto direta como indireta, um dos principais itens considerados foi o emprego da vegetação, em suas diversas soluções na edificação. Os estudos, com base nos projetos e fotos, bem como a visita in loco se apresentaram úteis para a formação de ideias e confirmação de soluções. Algumas sendo diretamente incorporadas ao projeto, como a parede com vegetação e o telhado suspenso. O uso da vegetação, implantado desde o início da concepção do projeto arquitetônico, ainda é um tema pouco explorado e praticado nos escritórios dos profissionais da área, principalmente na utilização da vegetação como um recurso ou elemento atenuador do clima local. Apesar das preocupações atuais com o meio ambiente fomentarem debates na sociedade sobre “construções verdes”, ainda se tem muito a discutir sobre a relação da vegetação com o edifício. Neste contexto, o projeto da Escola BIOclimática e as pesquisas deste trabalho, procuram contribuir com critérios e soluções para o emprego da vegetação como elemento moderador do clima em conjunto com o desenvolvimento do projeto da edificação. Propõem-se que, desde o começo do planejamento de um novo projeto, ou de reformas, a participação e o uso da vegetação se faça presente de forma consciente e não só meramente decorativa. O trabalho buscou apresentar as análises e resultados de forma mais clara e sucinta, dividindo-as em quatro temas, SOL, VENTO, CHUVA e VEGETAÇÃO para apresentar as necessidades de um projeto de arquitetura bioclimática em uma região de clima quente e úmido. Fruto também destas pesquisas, o “Catálogo de espécies vegetais para edificações escolares na região metropolitana de Natal, RN”, foi montado para também ser utilizado por outros pesquisadores e profissionais. As informações contidas no catálogo procuram de certa forma, auxiliar em decisões mais acertadas, em relação a escolhas de espécies vegetais para uma instituição de ensino ou para outra construção que tenha as mesmas características, de clima e cuidados. E espera-se, através destes resultados e do catálogo, demonstrar que há viabilidade técnica e econômica, para a construção de edifícios com eficiência energética e racionalização no consumo de água em conjunto com o incremento da vegetação. . 171 171 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT,2004. ____. NBR5413: Iluminância de Interiores. Rio de Janeiro: ABNT, 1992. ____. NBR 7190: Estruturas de madeira. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. ____. NBR ISSO 8995-1: Normas de iluminação em locais de trabalho. Rio de Janeiro: ABNT, 2002. ____.NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. _____.NBR 10151: Níveis de ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro: ABNT, 197. _____.NBR 14006:Móveis escolares - Cadeiras e mesas para conjunto aluno individual. 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A proposta procura valorizar as características da vegetação em harmonia com a construção, proporcionando locais que estimulem e favoreçam: a recreação, as atividades sócio educativas ao ar livre e a formação de jovens preocupados com a preservação e valorização do meio ambiente. Por isso, o Catálogo de Espécies Vegetais foi desenvolvido para relacionar e apresentar melhor as espécies vegetais que compõe o paisagismo do projeto da escola BIOclimática e seu entorno. Além destas, o catálogo ainda apresenta outras espécies em substituição ou como nova opção, servindo também como referência para futuros trabalhos e pesquisas. As espécies vegetais escolhidas para compor o tratamento paisagístico foram definidas através de vários critérios e etapas. A primeira etapa para a escolha da vegetação foi determinada através de critérios em conjunto com as soluções projetuais que devem realizar as determinadas funções:  proteger e sombrear sem prejudicar a ventilação natural;  minimizar a propagação do ruído externo;  controlar a radiação e reflexão;  purificar e limpar o ar e direcionar os ventos;  proteger a radiação solar no nascente e poente;  e que sirvam no processo educativo. Para cada função, a vegetação apresenta uma característica específica quanto à forma de crescimento, floração, porte, a melhor utilização no paisagismo e seu plantio. Dentro destas características e formas a variedade que existe em nossa flora é muito grande e o trabalho agrupou as espécies em Árvores, Frutíferas, Palmeiras, Arbustivas, Trepadeiras, Pendentes, Gramado e Forrações. Para a segunda etapa, a partir deste agrupamento, a definição das escolhas das espécies levou em conta fatores como: f) espécies nativas, principalmente as com caráter simbólico; g) espécies exóticas adaptadas ao clima local; 188 188 h) resistentes a períodos de seca; i) potencial ornamental associado à rusticidade e com baixa manutenção e j) fácil aquisição no mercado. Além disso, também foi considerado o porte e as características das plantas como: d) épocas de floração e frutificação; e) conjunto e/ou formato das folhas e copas; f) período de desenvolvimento das espécies. E ainda procurou-se evitar espécies que sejam agressivas ou nocivas, como:  as com espinhos;  as com princípios tóxicos ou alérgicos;  as que produzem látex irritante e  as com raízes que prejudiquem tubulações enterradas ou calçadas. Neste ultimo item, salvo algumas espécies de caráter pedagógico que devem ser plantadas afastadas de áreas de circulação. 189 189 FICHAS DAS ESPÉCIES Cada espécie possui uma ficha individual que está organizada de maneira a fornecer informações para a escolha mais adequada dentro da função que a planta deve exercer em conjunto com as soluções projetuais propostas na figura 01. Figura 01_ Critérios para a escolha das espécies vegetais. Fonte: Autoria própria ,2013. Além disso, procurou-se resumir a informação mínima necessária em relação aos seguintes aspectos das espécies vegetais: 1. Identificação: nome popular, nome cientifico, família; 2. Adaptação ao meio: clima, solo, crescimento; 3. Características ornamentais: tronco, folhas, flores e frutos; 4. Observações quanto ao paisagismo: avaliação das vantagens e restrições ao uso nas situações mais frequentes; 5. Espécie utilizada no projeto e seu código do projeto paisagístico. 190 190 INDICES DAS ESPÉCIES Classificação Pág. Nome Popular Classificação Pag. Nome Popular PALMEIRAS ÁRVORES PROJETO 7 Acácia OPÇÕES 43 Carnaúba 8 Chuva-de-ouro 44 Catolé 9 Eritrina ARBUSTIVAS 10 Guabiraba-de-pau 11 Ipê Amarelo PROJETO 45 Alpínia 12 Jasmim-manga 46 Antúrio 13 Maçaranduba 47 Boa-noite 14 Pau-brasil 48 Canarinho 15 Pau-ferro 49 Coração-magoado 16 Pau-mondé 50 Cróton 17 Pau-mulato 51 Cyca 18 Pororoca 52 Espada de São Jorge 19 Sapucaia 53 Espadinha 20 Sibipiruna 54 Filodendro 21 Ubaia-doce 55 Lantana OPÇÕES 22 Flamboyanzinho 56 Mussaenda 23 Ipê Roxo OPÇÕES 24 Manacá 57 Cheflera 25 Pau-branco 58 Hibisco 26 Pereiro 59 Ixora 27 Umbuzeiro 60 Pingo-de-ouro 28 Juazeiro TREPADEIRAS FRUTÍFERAS PROJETO 61 Cipó-de-São João 62 Ipoméia PROJETO 29 Acerola 63 Maracujá 30 Araçá 64 Primavera 31 Cana PENDENTES 32 Carambola 33 Goiabeira PROJETO 65 Catléia 34 Pitanga 66 Dama-da-Noite OPÇÕES 67 Peperônia 35 Coqueiro 68 Russélia 36 Graviola 69 Samambaia 37 Grumixana OPÇÕES 70 Cacto-Macarrão PALMEIRAS 71 Filodendro PROJETO 38 Areca-bambu 72 Flor-de-maio 39 Dendezeiro GRAMADO 40 Jerivá 41 Pupunha PORJETO 73 Grama Batatais 42 Rhaphis FORRAÇÃO PROJETO 74 Cunhã 75 Oró 76 Richardia 77 Vedélia 191 191 ÁRVORES FUNÇÃO Acácia- mimosa UTILIZADA NO PROJETO Sombreamento / Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Acacia podalyriifolia FAMÍLIA Leguminosas CLIMA Tropical / Subtropical SOLO Areno-argiloso CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Amarela Inverno ALTURA/DIAMETRO 3M /6M APLICAÇÃO/PLANTIO Devido ao seu porte pequeno, esta arvoreta pode ser usada nas escolas no adensamento e composição de bosques. Destaque para sua densa floração amarela. Pode se ser plantada isolada ou em alamedas. CÓDIGO ACA 192 192 ÁRVORES FUNÇÃO Chuva-de- ouro UTILIZADA NO PROJETO Sombreamento / Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Cassia fistula FAMÍLIA Leguminosa CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Seco CRESCIMENTO Lento FLORES FLORAÇÃO Amarela Primavera - Verão ALTURA/DIAMETRO 15M /6M APLICAÇÃO/PLANTIO Rústica e pioneira, sendo ideal para recuperação de áreas desmatadas através de um refloresta- mento heterogêneo. Nas escolas deve ser plantada em bosques e jardins de grandes extensões, preferencialmente afastada de construções e estacionamentos. Também é indicada para plantio em alamedas e entradas. CÓDIGO CHO 193 193 ÁRVORES FUNÇÃO Eritrina UTILIZADA NO PROJETO Sombreamento / Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Erythrina indica picta FAMÍLIA Leguminosas CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo areno-argiloso CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Brancas Outono - Inverno ALTURA/DIAMETRO 6M /4M APLICAÇÃO/PLANTIO Nas escolas pode ser utilizada em especial para compor sub-bosques a beira de lagos ou cursos d´água. Pelo seu porte, pode ser usada sob a fiação elétrica, porém, em calçadas largas, já que sua copa é baixa. Usada na recuperação de áreas degradadas. Possui folhagem atraente. CÓDIGO ERI 194 194 ÁRVORES FUNÇÃO Guabiraba- de-pau UTILIZADA NO PROJETO Sombreamento / Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Pedagógico. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Campomanésia dichotoma FAMÍLIA Myrtaceae CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Seco CRESCIMENTO Moderado TRONCO Entrelaçado ALTURA/DIAMETRO 10M /10M APLICAÇÃO/PLANTIO Nas escolas e arborização urbana, proporciona boa sombra e atrai a fauna, sendo assim bastante adequada para o plantio em praças de convivência, jardins, em calçadas desde que não esteja sob a rede elétrica. Cultivada para recompor áreas de APP. Prefere solos profundos, não devendo ser utilizadas em jardins sobre laje. Destaque para a formação do tronco. CÓDIGO GA 195 195 ÁRVORES FUNÇÃO Ipê Amarelo UTILIZADA NO PROJETO Sombreamento / Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Tabebuia chrysotricha FAMÍLIA Bignoniaceae CLIMA Subtropical SOLO Solo de rápida drenagem CRESCIMENTO Rápido FLORES FLORAÇÃO Amarela Agosto - Setembro ALTURA/DIAMETRO 6M /6M APLICAÇÃO/PLANTIO Sua copa projeta agradável sombreamento sobre as ruas, encaixando-se exatamente em vias es- treitas e não conflitando com redes elétricas por causa de seu pequeno porte. Seu florescimento é intenso e pode ser utilizado em áreas de estar nas escolas. CÓDIGO IAM 196 196 ÁRVORES FUNÇÃO Jasmim- manga UTILIZADA NO PROJETO Sombreamento / Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Plumeria rubra acutifolia FAMÍLIA Apocináceas CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Brancas e Vinho. Verão - Outono ALTURA/DIAMETRO 4M /6M APLICAÇÃO/PLANTIO Apresenta folhas largas e inflorescência muito atrativa para a fauna. Arvoreta ornamental, utilizada em grupos ou isolada, pode ser utilizada nas áreas de estar das escolas. CÓDIGO JAM 197 197 ÁRVORES FUNÇÃO Maçaranduba UTILIZADA NO PROJETO Sombreamento / Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Pedagógico. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Manilkara salzmannii FAMÍLIA Sapotaceae CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Seco CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO FRUTOS TRONCO Brancas Outono - Inverno Janeiro - Fevereiro Rugoso ALTURA/DIAMETRO 10M /10M APLICAÇÃO/PLANTIO Pode ser utilizada no paisagismo urbano e a sua aplicação em escolas pode ter caráter pedagógico. Possui tronco rugoso com copa arredondada. Sua madeira é muito utilizada na construção civil. A árvore também é recomendada para reflorestamentos ecológicos. CÓDIGO MAÇ 198 198 ÁRVORES FUNÇÃO Pau-Brasil UTILIZADA NO PROJETO ESPÉCIE EM EXTINÇÃO . Sombreamento / Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Pedagógico. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Caesalpinia echinata FAMÍLIA Fabaceae CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Seco CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO TONCO Amarela Set - Dez Escamas ALTURA/DIAMETRO 10M /10M APLICAÇÃO/PLANTIO Pode ser utilizada no paisagismo urbano e a sua aplicação em escolas pode ter caráter pedagógico. Possui tronco avermelhado com espinhos, folhagem verde escura e flores de amarelo intenso oferecendo boa sombra. Deve ser evitada em áreas de intensa circulação de crianças, como áreas de recreação devido aos espinhos. CÓDIGO PAB 199 199 ÁRVORES FUNÇÃO Pau-Ferro UTILIZADA NO PROJETO ESPÉCIE EM EXTINÇÃO Sombreamento, Direcionamento dos ventos, Purificação do ar, Dispersão do som e Pedagógica. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Chamaecrista ensiformis FAMÍLIA Caesalpinia CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Úmido CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO TRONCO Amarela Jan - Mar Escamas ALTURA/DIAMETRO 20M /10M APLICAÇÃO/PLANTIO Árvore utilizada para o sombreamento, porém não muito indicada para locais de grande passagem pela queda constante de seus galhos. Excelente para plantio nas áreas perimetrais das escolas e em plantios mistos para recuperação de áreas degradadas ou áreas de APP. Tem como uma de suas características mais marcantes o seu tronco com casas. CÓDIGO PAF 200 200 ÁRVORES FUNÇÃO Pau-Mondé UTILIZADA NO PROJETO Sombreamento / Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Pedagógica. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Maytenus impressa FAMÍLIA Celastraceae CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Úmido CRESCIMENTO Moderado TRONCO Entoicerado ALTURA/DIAMETRO 6M /3M APLICAÇÃO/PLANTIO Espécie encontrada no Parque das Dunas, Natal RN. Arvoreta com troncos múltiplos. A planta não necessita de muitos cuidados especiais. Ideal para compor sub-bosques. CÓDIGO PMO 201 201 ÁRVORES FUNÇÃO Pau-Mulato UTILIZADO NO PROJETO Sombreamento/ Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Pedagógica. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Myicia multflora FAMÍLIA Myrtaceae CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Úmido CRESCIMENTO Moderado TRONCO Descamante ALTURA/DIAMETRO 10M /6M APLICAÇÃO/PLANTIO Espécie encontrada no Parque das Dunas, Natal RN. Árvore utilizada para o sombreamento com tronco descamante. Excelente para plantio nas áreas perimetrais das escolas e em plantios mistos para recuperação de áreas degradadas ou áreas de APP. CÓDIGO PMU 202 202 ÁRVORES FUNÇÃO Pororoca UTILIZADA NO PROJETO Sombreamento/ Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Pedagógica / Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Clusiaceae lindley FAMÍLIA Guttiferae CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Seco CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Brancas ALTURA/DIAMETRO 6M /6M APLICAÇÃO/PLANTIO De grande interesse paisagístico, manejo ambiental e reflorestamento de áreas de restinga pelas suas raízes profundas. Folhas são largas e cartilaginosas e quando secas eram utilizadas pelos indígenas como colher. CÓDIGO POR 203 203 ÁRVORES FUNÇÃO Sapucaia UTILIZADA NO PROJETO Sombreamento/ Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Pedagógica / Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Lecythis pisonis FAMÍLIA Lecythidaceae CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Úmido CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO TRONCO Rosa e lilás Set - Out Rugoso ALTURA/DIAMETRO 20M /10M APLICAÇÃO/PLANTIO As castanhas (sementes) são comestíveis e muito saborosas, apreciadas pela fauna. As sementes são protegidas por um fruto lenhoso e grande por isso ideais serem plantadas em locais mais isolados. CÓDIGO SAP 204 204 ÁRVORES FUNÇÃO Sibipiruna UTILIZADA NO PROJETO ESPÉCIE EM EXTINÇÃO Sombreamento/ Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Pedagógica / Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Caesalpinia peltophoroides FAMÍLIA Leguminosae- Caesalpinoideae CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Indiferente as condições físicas CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Amarela Set - Nov ALTURA/DIAMETRO 12M /10M APLICAÇÃO/PLANTIO Pode ser utilizada na arborização urbana, inclusive em calçadas, desde que longe da rede elétrica. Ótima para arborização dos pátios de convivência e áreas de estar externas das escolas. Oferece uma grande área de sombra devido à sua copa generosa. Possui flores amarelas. CÓDIGO SIB 205 205 ÁRVORES FUNÇÃO Ubaia-Doce UTILIZADA NO PROJETO Sombreamento/ Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Pedagógica FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Eugênia speciosa FAMÍLIA Myrtaceae CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Moderado TRONCO Coloração diferenciada ALTURA/DIAMETRO 15M /8M APLICAÇÃO/PLANTIO Espécie encontrada no Parque das Dunas, Natal RN. Apresenta tronco com coloração diferenciada. Fazer podas dos ramos voltados para baixo ou para o interior da copa . A melhor época de podar é em agosto. CÓDIGO UBD 206 206 ÁRVORES FUNÇÃO Flamboyanzinho Sombreamento/ Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Ornamental FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Caesalpinia pulcherrima FAMÍLIA Fabaceae CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Rápido FLORES FLORAÇÃO Vermelhas, Amarelas e Alaranjadas Set - Abril ALTURA/DIAMETRO 3M-4M /6M APLICAÇÃO/PLANTIO É uma planta que não gosta de frio. Deve ser plantada à sol-pleno. O Flamboyanzinho é uma planta de belo efeito ornamental e perfeita para ser usada na arborização urbana, em jardins, isolados ou como cerca viva. 207 207 ÁRVORES FUNÇÃO Ipê-Roxo Sombreamento/ Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Ornamental FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Tabebuia impetiginosa FAMÍLIA Bignoniaceae CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Rosas Maio - Agosto ALTURA/DIAMETRO 12M /8M APLICAÇÃO/PLANTIO A árvore é extremamente ornamental quando em floração, sendo muito utilizada no paisagismo. É uma das espécies de ipê-roxo mais cultivada para a arborização urbana nas cidades. É ótima também para compor reflorestamentos com fins ecológicos. 208 208 ÁRVORES FUNÇÃO Manacá Sombreamento/ Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Tibouchina mutabilis FAMÍLIA Melastomaceae CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Rosas, brancas e Pink. Nov - Março ALTURA/DIAMETRO 12M /8M APLICAÇÃO/PLANTIO É ótima para o paisagismo em geral. Como planta pioneira e tolerante à luminosidade direta é útil nos reflorestamentos e áreas de preservação 209 209 ÁRVORES FUNÇÃO Pau Branco Sombreamento/ Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Auxemma oncocalyx FAMÍLIA Boraginaceae CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Brancas Janeiro - Março ALTURA/DIAMETRO 8M /6M APLICAÇÃO/PLANTIO Planta resistente aos períodos de seca, ocorre principalmente na caatinga dos estados do Ceará e Rio Grande do Norte. A árvore é extremamente ornamental, com rica floração. Pode ser usada com sucesso no paisagismo, particularmente para arborização de ruas. 210 210 ÁRVORES FUNÇÃO Pereiro Sombreamento/ Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Aspidosperma pyrifolium FAMÍLIA Apocynaceae CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO FRUTOS Brancas-amareladas Out - Nov Agos - Set ALTURA/DIAMETRO 7-8M /8M APLICAÇÃO/PLANTIO A árvore pelo pequeno porte e beleza de sua copa piramidal, pode ser empregada no paisagismo em geral, inclusive na arborização urbana. 211 211 ÁRVORES FUNÇÃO Umbuzeiro Sombreamento/ Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Pedagógico / Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Spondias tuberosa FAMÍLIA Anacardiaceae CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Seco CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO FRUTOS Branca Set - Dez Jan - Fev ALTURA/DIAMETRO 4M /6M APLICAÇÃO/PLANTIO Árvore muito cultivada nos estados nordestinos do país para a produção de frutos. É altamente resistente a prolongados períodos de estiagem graças ao armazenamento de água no seu sistema radicular que é adotado de órgãos de reserva de água.De copa baixa com profusa ramificação fornece bom sombreamento. 212 212 ÁRVORES FUNÇÃO Juazeiro Sombreamento/ Direcionamento dos ventos / Purificação do ar / Dispersão do som / Pedagógico / Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Ziziphus joazeiro FAMÍLIA Rhamnaceae CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Amarelas Nov - Dez ALTURA/DIAMETRO 10M /6M APLICAÇÃO/PLANTIO Planta resistente aos períodos de seca. Seu profundo sistema radicular permite retirar água do subsolo para manter- se durante o período de estiagem. A árvore proporciona ótima sombra, além de possuir qualidades ornamentais. Pode ser empregada na arborização de ruas e jardins. 213 213 FRUTÍFERAS FUNÇÃO Acerola UTILIZADA NO PROJETO Nutricional / Ornamental / Pedagógica. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Malpighia emarginata FAMÍLIA Malpighiaceae CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Seco CRESCIMENTO Rápido FLORES FLORAÇÃO FRUTOS Róseo-branca Set - Nov Dez - Fev ALTURA/DIAMETRO 3M /4M APLICAÇÃO/PLANTIO Espécie arbórea exótica incluída devido à sua adaptação e apreciação no Brasil. Nas escolas pode ser cultivada em pomares. Pode dar frutos mais de uma vez por ano se regada com frequência. CÓDIGO ACE 214 214 FRUTÍFERAS FUNÇÃO Araçá UTILIZADA NO PROJETO Nutricional / Ornamental / Pedagógica. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Psidium araçá Raddi FAMÍLIA Myrtaceae CLIMA Temperado SOLO Solo Úmido CRESCIMENTO Rápido FLORES FLORAÇÃO FRUTOS Amarela Jun - Dez Dez - Fev ALTURA/DIAMETRO 4M /4M APLICAÇÃO/PLANTIO Seu cultivo é notório em pomares devido ao fruto comestível. É também importante na recuperação de áreas degradadas por seu crescimento rápido e pela atração da avifauna. Pode ser plantada isolada ou em grupos. CÓDIGO ARA 215 215 FRUTÍVERAS FUNÇÃO Cana-de- açúcar UTILIZADA NO PROJETO Pedagógico / Nutricional. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Saccahrum officinarum FAMÍLIA Poaceae CLIMA Quente- úmido SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Rápido FLORES FLORAÇÃO Róseas Quase o ano inteiro. ALTURA/DIÂMETRO 6M/4M APLICAÇÃO/PLANTIO Planta perene, de talo lenhoso. Nas escolas o plantio deve ser em locais afastados, se possível na área destinada a horta e pomar. A sugestão para o plantio desta espécie é para o enriquecimento de aulas práticas. A cana-de-açúcar é outra espécie que ilustra a bandeira do estado do Rio Grande do Norte, junto com o algodão, o coqueiro e a carnaúba, conforme ilustração abaixo. CÓDIGO CAN 216 216 FRUTÍFERAS FUNÇÃO Carambola UTILIZADA NO PROJETO Nutricional / Ornamental / Pedagógica. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Averrhoa carambola FAMÍLIA Oxalidáceas CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Argiloso CRESCIMENTO Rápido FLORES FLORAÇÃO FRUTOS Branca Quase todo ano Quase todo ano ALTURA/DIAMETRO 10M /6M APLICAÇÃO/PLANTIO Frutífera muito plantada em pomares devido ao fruto comestível. É uma atração para os pássaros. Ideal ser plantada isolada. CÓDIGO ACE 217 217 FRUTÍFERAS FUNÇÃO Goiabeira UTILIZADA NO PROJETO Nutricional / Ornamental / Pedagógica. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Psidium guajava FAMÍLIA Mirtáceas CLIMA Tropical / Subtropical SOLO Solo Úmido CRESCIMENTO Rápido FLORES FLORAÇÃO FRUTOS Branca Set - Nov Dez - Mar ALTURA/DIAMETRO 4M /6M APLICAÇÃO/PLANTIO Deve ser plantada sob sol pleno, em solos férteis, drenantes, ricos em matéria orgânica e irrigados periodicamente. As podas da goiabeira são especiais e efetuadas para formação da copa e frutificação. Em escolas pode ser cultivada em pomares. CÓDIGO GO 218 218 FRUTÍFERAS FUNÇÃO Pitanga UTILIZADA NO PROJETO Nutricional / Ornamental / Pedagógica. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Eugenia uniflora FAMÍLIA Myrtaceae CLIMA Tropical / Subtropical SOLO Solo Úmido CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO FRUTOS Branca Ago - Nov Out - Jan ALTURA/DIAMETRO 6M /4M APLICAÇÃO/PLANTIO Deve ser evitada em locais de vias públicas e nos estacionamentos, pois seus frutos podem atingir os automóveis. Nas escolas, pode ser utilizada em pomares possibilitando o consumo dos seus frutos. Pode ser utilizado para aulas de educação ambiental. CÓDIGO PIT 219 219 FRUTÍFERAS FUNÇÃO Coqueiro Nutricional / Ornamental / Pedagógica. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Cocos nucifera FAMÍLIA Palmáceas CLIMA Tropical / Subtropical SOLO Solo Úmido CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO FRUTOS Amarelas Quase o ano inteiro. Primavera ALTURA/DIAMETRO 20M /3M APLICAÇÃO/PLANTIO Espécie muito cultivada na região nordeste. É um dos símbolos da bandeira do estado do Rio Grande do Norte, representado a flora. Por causa dos seus frutos o ideal é ser plantada em locais de pouca passagem. 220 220 FRUTÍFERAS FUNÇÃO Graviola Nutricional / Ornamental / Pedagógica. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Annona muricata FAMÍLIA Anonáceas CLIMA Tropical / Subtropical SOLO Solo Úmido CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO FRUTOS Branco-amareladas Quase o ano todo. Quase o ano todo. ALTURA/DIAMETRO 5M /5M APLICAÇÃO/PLANTIO Não é recomendado seu uso em vias e nos estacionamentos, pois produz muitos frutos que amadurecem e caem constantemente. Nas escolas pode ser utilizada em áreas de pomares, pois seus frutos são bastante saborosos. 221 221 FRUTÍFERAS FUNÇÃO Grumixama Nutricional / Ornamental / Pedagógica. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Eugenia brasiliensis FAMÍLIA Myrtaceae CLIMA Tropical / Subtropical SOLO Solo Seco CRESCIMENTO Lento FLORES FLORAÇÃO FRUTOS Branca Set - Nov Nov - Dez ALTURA/DIAMETRO 12M /8M APLICAÇÃO/PLANTIO Árvore de copa piramidal, recomendada para uso em vias públicas, pois se encaixa em calçadas estreitas e pomares. Tem como único incon- veniente a queda de seus frutos. Nas escolas pode ser utilizada nos pomares e áreas amplas. Tem grande sucesso na recuperação de áreas degradadas, já que seus frutos são muito procurados por pássaros. 222 222 PALMEIRAS FUNÇÃO Areca- bambu UTILIZADA NO PROJETO Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Dypsis lutescens FAMÍLIA Palmáceas CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Rápido FLORES FLORAÇÃO FRUTOS Creme – sem valor ornamental Primavera Verdes-arroxeados ALTURA/DIAMETRO 9M /3,5M APLICAÇÃO/PLANTIO Possui troncos múltiplos formando touceira, cresce rápido. É muito utilizada para decoração de jardins ou interiores diversos. Pode ser plantada isolada ou em alamedas. CÓDIGO AB 223 223 PALMEIRAS FUNÇÃO Dendezeiro UTILIZADA NO PROJETO Ornamental / Pedagógica / Nutricional. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Elaeis guineensis FAMÍLIA Palmáceas CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO FRUTOS Creme – sem valor ornamental Quase ano todo. Verão - Outono ALTURA/DIAMETRO 15M /3,5M APLICAÇÃO/PLANTIO Palmeira rústica e bem adaptada ao clima tropical. Plantada principalmente no nordeste, cultivadas em plantações extensivas voltadas para a obtenção de óleo da polpa, destinados à culinária e a indústria. Possui atributos ornamentais que a recomendam para a arborização de parques e jardins, tanto isoladamente, como em grupos ou fileiras. CÓDIGO DD 224 224 PALMEIRAS FUNÇÃO Jerivá UTILIZADA NO PROJETO Ornamental / Pedagógica / Nutricional. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Syagrus romanzoffiana FAMÍLIA Arecaceae CLIMA Subtropical SOLO Solo Úmido CRESCIMENTO Lento FLORES FLORAÇÃO FRUTOS Creme - sem valor ornamental Set - Mar Verão ALTURA/DIAMETRO 12M /5M APLICAÇÃO/PLANTIO Pode ser utilizada no plantio em áreas degradadas de preservação e nas áreas públicas, em grupos ou isolada. Ótima para os canteiros das áreas de convivência por ter uma boa copa de sombreamento em comparação com as outras palmeiras. Recomendada para marcar acessos e caminhos. CÓDIGO JE 225 225 PALMEIRAS FUNÇÃO Pupunha UTILIZADA NO PROJETO Ornamental / Pedagógica / Nutricional. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Bactris gasipaes FAMÍLIA Arecaceae CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO FRUTOS Creme - sem valor ornamental Ano todo Ano todo ALTURA/DIAMETRO 12M /3,5M APLICAÇÃO/PLANTIO Palmeira utilizada para recomposição de áreas de preservação permanente. É ótima para a com- posição de grupos nas áreas verdes das escolas. Recomendada em áreas de pouca circulação devido aos espinhos presentes no caule. CÓDIGO PU 226 226 PALMEIRAS FUNÇÃO Rhapis UTILIZADA NO PROJETO Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Rhapis excelsa FAMÍLIA Palmáceas CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Lento FLORES FLORAÇÃO FRUTOS Amareladas sem valor ornamental Verão Insignificantes ALTURA/DIAMETRO 2,5M /2M APLICAÇÃO/PLANTIO Palmeira entouceirada, muito utilizada no paisagismo de interiores. Sua utilização é bastante ampla, podendo ser plantada isolada ou em grupos, inclusive compondo cercas vivas. Deve ser cultivada sob sol pleno, meia-sombra, sombra ou luz difusa, em solo fértil e bem drenável, irrigado regularmente uma vez por semana. CÓDIGO RH 227 227 PALMEIRAS FUNÇÃO Carnaúba Ornamental / Pedagógica. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Copernicia prunifera FAMÍLIA Palmáceas CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Lento FLORES FLORAÇÃO FRUTOS Amareladas - sem valor ornamental Quase o ano todo. Verão ALTURA/DIAMETRO 15M /2,5M APLICAÇÃO/PLANTIO Palmeira de grande potencial para uso paisagístico. Seu habitat é no nordeste brasileiro, principalmente em várzeas, beiras de rios e lagos. Também está presente na bandeira do Rio Grande do Norte. Conhecida como "árvore da vida", pois oferece uma infinidade de usos através de suas raízes, frutos, tronco e palhas. 228 228 PALMEIRAS FUNÇÃO Catolé Ornamental / Pedagógica. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Syagrus cearensis FAMÍLIA Palmáceas CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Lento FLORES FLORAÇÃO FRUTOS Amareladas - sem valor ornamental Quase o ano todo. Primavera ALTURA/DIAMETRO 10M /1M APLICAÇÃO/PLANTIO A planta possui grande potencial para cultivo no paisagismo de regiões tropicais, principalmente no nordeste. Tem como característica formar touceiras e se dividir. 229 229 ARBUSTIVAS FUNÇÃO Alpínia UTILIZADA NO PROJETO Proteção da radiação solar no nascente e poente / Ornamental, Dispersores do som / Purificação do Ar. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Alpinia zerumbet FAMÍLIA Zingiberaceae CLIMA Ameno SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Róseo-branca Verão - Outono ALTURA/DIAMETRO 3M /2M APLICAÇÃO/PLANTIO As mudas entouceiradas podem ser usadas isoladamente ou em grupos. Possui inflorescências grandes com espigas muito ornamentais. Suas flores são branco-rosadas. Irrigar periodicamente em canteiros com matéria orgânica para seu pleno desenvolvimento. Seu uso é indicado para áreas de estar e convivência, como os pátios internos e externos iluminados. Suporta solo mais seco, podendo ser regada apenas uma vez na semana. CÓDIGO AL 230 230 ARBUSTIVAS FUNÇÃO Antúrio UTILIZADA NO PROJETO Ornamental / Purificação do Ar. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Anthurium andraeanum FAMÍLIA Aráceas CLIMA Quente- úmido SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Rápido FLORES FLORAÇÃO Brancas e vermelhas Primavera - Verão ALTURA 1M APLICAÇÃO/PLANTIO Planta semi-herbácea cultivada em vasos ou em conjuntos em canteiros sempre á meia sombra. Indicada para jardins internos. Não tolera temperaturas baixas. Sua propagação pode ser por divisão de touceiras e sementes. Não tolera solo encharcado, precisando ser regada somente duas vezes na semana. CÓDIGO AN 231 231 ARBUSTIVAS FUNÇÃO Boa-noite UTILIZADA NO PROJETO Ornamental / Purificação do Ar / Controlar a radiação e a reflexão. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Catharanthus roseus FAMÍLIA Apocináceas CLIMA Quente- úmido SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Rápido FLORES FLORAÇÃO Brancas, vermelhas, róseas e vinho. Quase o ano inteiro. ALTURA 50CM APLICAÇÃO/PLANTIO Arbusto semi- herbáceo cultivada em jardineiras ou maciços em canteiros, sempre a pleno sol. É uma planta perene, mas é tratada como bienal pelo seu mau aspecto com a idade. Multiplica-se por sementes e mudas, as quais se formam próximas da planta-mãe por germinação espontânea. Necessita de rega em dias alternados. CÓDIGO BN 232 232 ARBUSTIVAS FUNÇÃO Canarinho UTILIZADA NO PROJETO Proteção da radiação solar no nascente e poente / Ornamental / Dispersores do som / Purificação do Ar. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Galphimia brasiliensis FAMÍLIA Malpiguiáceas CLIMA Quente- úmido SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Rápido FLORES FLORAÇÃO Amarelas Quase o ano inteiro. ALTURA 2M APLICAÇÃO/PLANTIO Arbusto cultivado á pleno sol, como planta isolada ou em grupos. Ideal para formar “cerca-viva”, muito vistosa pela grande massa amarela de flores produzidas. É uma planta bastante rústica, portanto pouco exigente. Apropriada para cultivo em regiões de clima subtropical. Multiplica-se por sementes e necessita ser regada dias alternados. CÓDIGO CAR 233 233 ARBUSTIVAS FUNÇÃO Coração- magoado UTILIZADA NO PROJETO Ornamental / Purificação do Ar / Controlar a radiação e a reflexão. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Iresine herbstii FAMÍLIA Amarantáceas CLIMA Quente- úmido SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Rápido FLORES FLORAÇÃO Amarelas - sem valor ornamental Verão ALTURA 80CM APLICAÇÃO/PLANTIO Plantada em renques e maciços. Folhagem de cor vermelho- arroxeado que se destaca pelo contraste da cor. Pode ser usada com grande sucesso para cobrir grandes áreas abertas próxima à áreas de estar. Cultivada a pleno sol, necessita de podas periódicas e ser regado duas vezes na semana. CÓDIGO COM 234 234 ARBUSTIVAS FUNÇÃO Cróton UTILIZADA NO PROJETO Proteção da radiação solar no nascente e poente / Ornamental / Dispersores do som / Purificação do Ar. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Codiaeum variegatum FAMÍLIA Euforbiáceas CLIMA Quente- úmido SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Rápido FLORES FLORAÇÃO Amarelas - sem valor ornamental Verão ALTURA 2-3M APLICAÇÃO/PLANTIO Esta planta abrange um grande número de variedade com folhas pequenas, grandes, espessas, com recortes ou torcidas de infindáveis desenhos e cores.São plantas de clima tropical, não suportando climas frios. Excelentes para conjuntos ou enfileiradas formando uma “cerca- viva”. Não deve ser podada para não prejudicar a sua formação natural. Planta rústica, de poucos tratos e que deve ser regado uma vez na semana. CÓDIGO CRO 235 235 ARBUSTIVAS FUNÇÃO Cyca UTILIZADA NO PROJETO Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Cyca circinlis FAMÍLIA Cicadáceas CLIMA Ameno SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Lento FLORES FLORAÇÃO Marron - sem valor ornamental Outono - Inverno ALTURA 4M APLICAÇÃO/PLANTIO Planta de grande potencial paisagístico para parques e jardins. Cultivado isoladamente ou em grupos, a pleno sol ou a meia-sombra. As mudas jovens se adaptam nos vasos. Multiplica-se por brotações que surgem no tronco. CÓDIGO CYC 236 236 ARBUSTIVAS FUNÇÃO Espada-de- São-Jorge UTILIZADA NO PROJETO Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Sansevieria trifasciata FAMÍLIA Liliáceas CLIMA Quente- úmido SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Rápido FLORES FLORAÇÃO Brancas - sem valor ornamental Inverno ALTURA 1M APLICAÇÃO/PLANTIO Herbácea rizomatosa, perene que pode ser cultivada em vasos ou em grupos, formando bordaduras ou compondo maciço. Pode ser plantada em jardins internos ou a pleno sol, apresentando boa resistência ao calor tropical. CÓDIGO ESJ 237 237 ARBUSTIVAS FUNÇÃO Espadinha UTILIZADA NO PROJETO Ornamental / Controlar a radiação e a reflexão. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Sansevieria trifasciata “Hahnii” FAMÍLIA Liliáceas CLIMA Quente- úmido SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Rápido FLORES Insignificantes ALTURA 15-20CM APLICAÇÃO/PLANTIO Herbácea rizomatosa, acaule, resultante de mutação hortícola da espécie típica. Além de produzir da mesma variedade foi obtida também a forma variegada com folhas vistosas com faixas laterais de cor amarela a branca. São apropriadas para bordaduras, forrações ou conjuntos isolados, a meia- sombra ou pleno sol, de grande efeito decorativo. Não tolera frio e multiplica- se por brotações laterais da planta. Espécie rústica de pouco trato, precisando de rega duas vezes na semana. CÓDIGO ESP 238 238 ARBUSTIVAS FUNÇÃO Filodendro UTILIZADA NO PROJETO Ornamental / Controlar a radiação e a reflexão. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Philodendron lacerum FAMÍLIA Aráceas CLIMA Quente- úmido SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Rápido FLORES FLORAÇÃO Insignificantes ALTURA 4M APLICAÇÃO/PLANTIO Deve ser cultivado isoladamente, por cobrir grandes áreas, em jardins a meia- sombra ou a pleno sol, porém próximo de um suporte, muros ou gradil onde possa se fixar e crescer. Desenvolve-se ainda mais nas unidades escolares localizadas em cidades litorâneas. Forma grande emaranhado de ramos. CÓDIGO FIL 239 239 ARBUSTIVAS FUNÇÃO Lantana UTILIZADA NO PROJETO Ornamental / Controlar a radiação e a reflexão. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Lantana camara FAMÍLIA Verbenáceas CLIMA Quente- úmido SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Rápido FLORES FLORAÇÃO Brancas, amarelas, vermelhas e rosas. Quase o ano inteiro. ALTURA 50CM-2M APLICAÇÃO/PLANTIO Inflorescência densa, com flores pequenas de diversas cores, formadas no decorrer de quase todo o ano, muito visitadas por borboletas. Adequada para a formação de maciços, bordaduras ao longo de muretas, paredes, canteiros, a pleno sol. É muito resistente a podas e multiplica-se facilmente por sementes. CÓDIGO LAN 240 240 ARBUSTIVAS FUNÇÃO Mussaenda UTILIZADA NO PROJETO Proteção da radiação solar no nascente e poente / Ornamental / Dispersores do som / Purificação do Ar. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Mussaenda alicia FAMÍLIA Rubiáceas CLIMA Quente- úmido SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Rosadas Verão - Outono ALTURA 3M APLICAÇÃO/PLANTIO Suas inflorescências caracterizam-se por flores amarelas pequenas e sépalas grandes e rosadas que se mantêm durante toda a primavera e verão. Seu cultivo é variado, desde revestimento de pergolados e pérgulas, até grades, cercas e canteiros. Adequado para áreas de maior circulação da escola. CÓDIGO MSS 241 241 ARBUSTIVAS FUNÇÃO Cheflera Proteção da radiação solar no nascente e poente / Ornamental / Dispersores do som / Purificação do Ar. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Schefflera arboricola FAMÍLIA Araliáceas CLIMA Quente- úmido SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Amarelas - sem valor ornamental Primavera - Verão ALTURA 5M APLICAÇÃO/PLANTIO Desenvolve-se a meia- sombra ou pleno sol, em solos úmidos onde a irrigação é intercalada. A espécie variegada deve ser plantada a meia- sombra para não perder a coloração. Pode ser plantada isolada em vasos ou em conjuntos, valorizando canteiros internos e áreas de estar coberta da escola. 242 242 ARBUSTIVAS FUNÇÃO Hibisco Proteção da radiação solar no nascente e poente / Ornamental / Dispersores do som / Purificação do Ar. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Hibiscus rosa-sinensis híbrido FAMÍLIA Malváceas CLIMA Quente- úmido SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Brancas, Amarelas, Vermelhas, Rosa e Laranja. Quase o ano inteiro ALTURA 5M APLICAÇÃO/PLANTIO Cultivo recomendado ao longo de grades, cercas, muros e muretas, em maciços ou isoladamente. As flores possuem uma diversidade de cores e de formas simples ou dobrada. Podas leves são indicadas. Mais indicada para áreas de maior circulação da escola e áreas de acesso e estar. 243 243 ARBUSTIVAS FUNÇÃO Ixora Proteção da radiação solar no nascente e poente / Ornamental / Dispersores do som / Purificação do Ar. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Ixora coccinea FAMÍLIA Rubiáceas CLIMA Quente- úmido SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Amarelas, Alaranjado-claro e Rosadas. Verão - Outono ALTURA 1,5-2,5M APLICAÇÃO/PLANTIO Ótima espécie para plantio de canteiros, em grandes conjuntos ao longo de muros ou formando “cercas-vivas” sempre em solo rico em material orgânico. Floresce melhor quando é plantado de forma adensada, por este motivo é mais indicado para os canteiros da escola. Existe ainda a espécie “compacta” que chega a uma altura de 80cm, ideal para ser usada como bordadura. Ambas necessitam de podas constantes para manter o formato. 244 244 ARBUSTIVAS FUNÇÃO Pingo-de- ouro Ornamental / Dispersores do som / Purificação do Ar. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Duranta repens “Aurea” FAMÍLIA Verbenáceas CLIMA Quente- úmido SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Lilás Primavera- Verão ALTURA 1,5M APLICAÇÃO/PLANTIO Planta muito utilizada em bordaduras e renques, a pleno sol e mantido sempre podado, visando exaltar a coloração dourada da folhagem, que diminui quando desenvolve a meia- sombra. Ótima para trabalhos topiários e locais de muita circulação. Suporta solo mais seco, podendo ser regada uma vez por semana. 245 245 TREPADEIRA FUNÇÃO Cipó de São João UTILIZADA NO PROJETO Proteção da radiação solar com brises vegetais e pergolados / Purificação do ar / Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Pyrostegia venusta FAMÍLIA Bignoniaceae CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Laranja Maio - Setembro INSOLAÇÃO Pleno sol APLICAÇÃO/PLANTIO Trepadeira de floração intensa nos meses de inverno, com flores alaranjadas. Pode ser utilizada para revestir cercas, treliças, pérgulas, pergolados, grades e muros. Para proporcionar uma floração mais abundante deve ser cultivada em solo fértil e regada com freqüência. CÓDIGO CSJ 246 246 TREPADEIRA FUNÇÃO Ipoméia UTILIZADA NO PROJETO Proteção da radiação solar com brises vegetais e pergolados / Purificação do ar / Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Ipomoea cairica FAMÍLIA Convolvulaceae CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Indiferente às condições físicas. CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Rosa-arroxeada Ano todo INSOLAÇÃO Pleno sol APLICAÇÃO/PLANTIO Pelo seu crescimento vigoroso e flores que surgem durante quase o ano todo, é ótima para revestir muros, grades e treliças. Possui uma variedade flores branca, porém rara. CÓDIGO IPM 247 247 TREPADEIRA FUNÇÃO Maracujá UTILIZADA NO PROJETO Proteção da radiação solar com brises vegetais e pergolados / Purificação do ar / Ornamental / Pedagógica / Nutricional FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Passiflora edulis FAMÍLIA Passifloráceas CLIMA Quente-Úmido SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO FRUTOS Branco-arroxeadas Ano todo Ano todo INSOLAÇÃO Pleno sol APLICAÇÃO/PLANTIO É apropriada para revestir pergolados, caramanchões, muros e cercas. Muito cultivada em jardins para o aproveitamento dos frutos. Nas escolas pode auxiliar nas aulas práticas. CÓDIGO MAR 248 248 TREPADEIRA FUNÇÃO Primavera UTILIZADA NO PROJETO Proteção da radiação solar com brises vegetais e pergolados / Purificação do ar / Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Bougainvillea spectabilis FAMÍLIA Nictágináceas CLIMA Tropical /Subtropical SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Vinho, Laranja, Ferrugem, Branco e Rosa. Ano todo ALTURA 5M APLICAÇÃO/PLANTIO Trepadeira bastante resistente. Floração com diversas cores e formatos, simples ou dobradas. Ótima para revestir portais, pergolados, alambrados, grades e taludes nas escolas. CÓDIGO PRI 249 249 PENDENTES FUNÇÃO Catléia UTILIZADA NO PROJETO Purificação do ar / Ornamentais. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Cattleya mossiae FAMÍLIA Orquidáceas CLIMA Quente e úmido SOLO Xaxim CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Rosa primavera APLICAÇÃO/PLANTIO Espécie indicada para ambientes internos, de convivência com luz indireta. Planta com belas flores que possuem um perfume agradável e discreto. CÓDIGO CAT 250 250 PENDENTES FUNÇÃO Dama-da- noite UTILIZADA NO PROJETO Proteção da radiação solar em pergolados e floreiras / Purificação do ar / Ornamentais. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Cestrum nocturnum FAMÍLIA Solanáceas CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Brancas-amareladas Primavera - Verão ALTURA 2M APLICAÇÃO/PLANTIO Durante a primavera e verão seu florescimento é intenso. Pode ser plantada de forma isolada ou formando maciços densos e cercas vivas ao longo das divisas do terreno ou da quadra da escola. Durante a noite exala um agradável perfume CÓDIGO DN 251 251 PENDENTES FUNÇÃO Peperônia UTILIZADA NO PROJETO Purificação do ar / Ornamentais. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Peperomia scandens “variegata” FAMÍLIA Piperáceas CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Areno-argiloso CRESCIMENTO Moderado FLORAÇÃO Insignificantes ALTURA-PENDENTE 2,5M APLICAÇÃO/PLANTIO É adequada para cultivo em vasos ou jardineiras suspensas como planta pendente, em locais mais protegidos, à meia- sombra. Ideal para locais de convivência. Apresenta crescimento mais vigoroso em regiões litorâneas. CÓDIGO PEP 252 252 PENDENTES FUNÇÃO Russélia UTILIZADA NO PROJETO Purificação do ar e/Ornamentais. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Russelia equisetiformis FAMÍLIA Scrofulariáceas CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Areno-argiloso CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Vermelhas e Brancas Quase o ano todo ALTURA-PENDENTE 1M APLICAÇÃO/PLANTIO Possui ramagem pendente com florescimento intenso que são muito visitadas por beija-flores. Cultivadas a pleno sol.Recomendada para taludes, áreas de estar, jardineiras suspensas e junto a muros de fechamento mais baixos ou no nível do terreno. CÓDIGO RSS 253 253 PENDENTES FUNÇÃO Samambaia UTILIZADA NO PROJETO Purificação do ar e/ Ornamentais. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Nephrolepis exaltata “Bostoniensis” FAMÍLIA Davalliaceae CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Moderado ALTURA/DIAMETRO 1M /0,60CM APLICAÇÃO/PLANTIO De porte pequeno é ótima para ambientes internos ou à meia sombra. Planta rústica não requer muitos cuidados. Multiplica-se facilmente por divisão da planta, sendo indicado realizar o procedimento no final do inverno. CÓDIGO SAM 254 254 PENDENTES FUNÇÃO Cacto- Macarrão Purificação do ar / Ornamentais. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Rhipsalis baccifera FAMÍLIA Cactaceae CLIMA Quente e úmido SOLO Xaxim desfibrado ou em placa CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Branca-roseadas PRIMAVERA-VERÃO ALTURA-PENDENTE 10M APLICAÇÃO/PLANTIO Cultivada em vasos preenchidos com substrato ou em placas de xaxim, sempre a meia- sombra. Indicada para compor ambientes internos. Rega uma vez na semana. 255 255 PENDENTES FUNÇÃO Filodendro Purificação do ar / Ornamentais. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Philodendron scandens FAMÍLIA Aráceas CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Rápido FLORES Insignificante ALTURA-PENDENTE 4M APLICAÇÃO/PLANTIO Folhas escuras no formato de coração. É cultivada em vasos, jardineiras ou diretamente ao solo junto a árvores ou ainda como forração, sempre a meia- sombra, onde apresenta denso crescimento. Não tolera o frio, sendo, portanto indicadas para regiões mais quentes e úmidas. 256 256 PENDENTES FUNÇÃO Flor-de-Maio Purificação do ar / Ornamentais. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Schlumbergera truncata FAMÍLIA Cactaceae CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Amareladas, Róseas, Vermelhas e Brancas Outono - Inverno ALTURA-PENDENTE 60CM APLICAÇÃO/PLANTIO Cultivada em vasos mantidos sob proteção ou em locais de meia-sombra, com terra rica em matéria orgânica, permeável e irrigada em intervalos. As flores, existente em diversas cores, são visitadas por beija- flores. 257 257 GRAMADOS FUNÇÃO Grama Batatais UTILIZADA NO PROJETO Controlar a radiação e a reflexão / Ornamental. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Paspalum notatum FAMÍLIA Poaceae CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Moderado ALTURA 0,15CM APLICAÇÃO/PLANTIO Bastante cultivada para gramados por ser resistente ao pisoteio, à seca e solos pobres. Não tolera o som- breamento, desenvolvendo-se mais a sol pleno. Podas constante mais no período do verão. É uma espécie mais rústica não exigindo muitos cuidados. CÓDIGO GSC 258 258 FORRAÇÕES FUNÇÃO Cunhã UTILIZADA NO PROJETO Controlar a radiação e a reflexão / Ornamentais. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Clitoria ternatea FAMÍLIA Fabaceae CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Roxeadas Quase o ano todo ALTURA 0,15CM APLICAÇÃO/PLANTIO Planta ideal em solos arenosos; tolera salinidade. A floração é caracterizada por flores pequenas, isoladas, porém numerosas durante o ano todo. Nas escolas pode ser utilizada para forrações, protegendo o solo e aceitando muito bem o pisoteio. CÓDIGO CNH 259 259 FORRAÇÕES FUNÇÃO Oró UTILIZADA NO PROJETO Controlar a radiação e a reflexão FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Phascolus FAMÍLIA Fabaceae CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Moderado ALTURA 0,15CM APLICAÇÃO/PLANTIO A coloração de suas folhas, verde- azulado fosco absorve melhor a luz solar, possuindo um bom desempenho térmico. Com raízes profundas é um ótimo fixador de solo exigindo pouco trato e água. Muito resistente á pisoteio. CÓDIGO OR 260 260 FORRAÇÕES FUNÇÃO Richardia ou Ervanço UTILIZADA NO PROJETO Controlar a radiação e a reflexão / Ornamentais. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Richardia brasiliensis FAMÍLIA Rubiacae CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Arenoso CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Brancas Verão - Outono ALTURA 0,30CM APLICAÇÃO/PLANTIO Espécie ótima para fixar solo, aceitando o pisoteio. Após florada as flores secam, precisando ser feita uma limpeza para retira a palha. Planta muito rústica exigindo pouca água. CÓDIGO RIC 261 261 FORRAÇÕES FUNÇÃO Vedélia UTILIZADA NO PROJETO Controlar a radiação e a reflexão / Ornamentais. FICHA TÉCNICA NOME CIENTÍFICO Sphagneticola trilobata FAMÍLIA Asteraceae CLIMA Quente e úmido SOLO Solo Fértil CRESCIMENTO Moderado FLORES FLORAÇÃO Amarelas Quase o ano inteiro ALTURA 0,15-0,30CM APLICAÇÃO/PLANTIO Nativa do litoral brasileiro, vistosa e rústica. Utilizada como forração, para proteger taludes e barrancos. Mas também pode embelezar canteiros e bordaduras, assim como vasos e jardineiras. Devem ser cultivadas a pleno sol ou meia sombra, regada a intervalos regulares. CÓDIGO VED BIBLIOGRAFIA 262 262 BIONDI, Daniela; LEAL, Luciana; SCHAFFER, Margarete. Aspectos importantes das plantas ornamentais em escolas públicas estaduais da cidade de Curitiba, PR. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, vol. 3, núm. 3, julio-septiembre, 2008 BORBA, Adriana Carla de Azevedo. Botânica para desing e arquitetos. Termos técnicos para especificação de projetos de paisagismo. Natal, Endup, 2013. EDITORA EUROPA. – Enciclopédia 1001 Plantas & Flores. São Paulo: Edição Especial Natureza, 1998. FDE. Catálogo de espécies vegetais. Especificações da edificação escolar. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 2012. Disponível em: http://www.fde.sp.gov.br IBAMA. Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira ameaçados de extinção. Instituição Normativa MMA, n° 6, 2005. LORENZI, Harri. Árvores Brasileiras. Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 01.Nova Odessa: Plantarum, 2002. LORENZI, Harri. Árvores Brasileiras. Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 02.Nova Odessa: Plantarum, 2002. LORENZI, Harri.; SOUZA, Hermes Moreira; COSTA, Judas Tadeu de Medeiros; CERQUEIRA, Luiz Sérgio Coelho; FERREIRA, Evandro. Palmeiras Brasileiras e exóticas cultivadas. Nova Odessa: Plantarum, 2004. LORENZI, Harri; SOUSA, Hermes Moreira. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras. 3 .ed. Nova Odessa: Plantarum, 2001. Sites: www.abap.org.br – Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas www.ibrappaisagismo.com.br – Instituto Brasileiro de Paisagismo www.ibama.gov.br -Instituto Brasileiro do Meio Ambiente