UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE TULIO FELIPE VIEIRA DE MELO EFEITOS DA INGESTÃO CRÔNICA DO ETANOL SOBRE A MORFOLOGIA DOS NEURÔNIOS E DOS NÚCLEOS DORSAL E MEDIANO DA RAFE DE CAMUNDONGOS. NATAL 2015 1 TULIO FELIPE VIEIRA DE MELO EFEITOS DA INGESTÃO CRÔNICA DO ETANOL SOBRE A MORFOLOGIA DOS NEURÔNIOS E DOS NÚCLEOS DORSAL E MEDIANO DA RAFE DE CAMUNDONGOS. NATAL 2015 Dissertação apresentada ao Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como pré-requisito para obtenção do título de Mestre em Biologia Estrutural e Funcional. Orientador: Prof. Dr. Expedito Silva do Nascimento Júnior 2 3 TÍTULO: EFEITOS DA INGESTÃO CRÔNICA DO ETANOL SOBRE A MORFOLOGIA DOS NEURÔNIOS E DOS NÚCLEOS DORSAL E MEDIANO DA RAFE DE CAMUNDONGOS AUTOR: TULIO FELIPE VIEIRA DE MELO DATA DA DEFESA: 14/12/2015 BANCA EXAMINADORA: ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Francisco Gilberto Oliveira Universidade Regional do Cariri ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Ruthnaldo Rodrigues Melo de Lima Universidade Federal do Rio Grande do Norte ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Expedito Silva do Nascimento Júnior – Orientador Universidade Federal do Rio Grande do Norte 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por ter me iluminado e me abençoado por todo esse tempo de luta e persistência, me fortalecendo e me motivando nas situações mais angustiantes e sempre me mostrando o caminho certo a seguir. Aos meus pais, José Antônio de Melo Júnior e Marineide Vieira de Melo que sempre me deram apoio e me aconselharam nos momentos difíceis e de indecisões, sempre me amparando e me fortificando Ao meu irmão, Rafael que sempre me apoiou e incentivou. Agradeço a minha namorada, Héllyda que teve paciência e compreensão nos momentos de ausência, sendo um porto seguro em vários momentos. Ao professor/orientador e mentor Expedito, primeiro por ter me aceitado com orientando, e principalmente pelos ensinamentos, contribuições, orientações e paciência diante à ansiedade e inquietações. Aos professores Miriam, Judney e Ruthnaldo por sempre estarem disponíveis à ajudar. Ao professor Fernando pelos ensinamentos em morfologia quantitativa, fundamentais para o desfecho da pesquisa. E a Regina que sempre organizou o laboratório não deixando faltar nada. Aos amigos do Labneuro, Nelyane, Helder, Melquisedec, Nayra, Luísa, Lara, Wilqui, Nayana, Karen, Joacil e Paulo pelo grande apoio, amizade, companheirismo e por me ajudar nos experimentos. Agradeço aos membros da banca examinadora pelas sugestões pontais e pertinentes que serão acatadas. Agradeço ao Departamento de Morfologia/UFRN pela disponibilização da infraestrutura necessária, dando totais condições para a execução da pesquisa. Ao CEUA pela confiabilidade da execução do projeto e pela a autorização da realização do mesmo. Ao CNPq, FAPERN e a CAPES pelo apoio financeiro. 5 RESUMO O consumo alcoólico é considerado um sério problema de saúde pública no Brasil e no mundo. É estimado que cerca de 3,3 milhões de pessoas, em todo mundo, com idade entre 20 e 39 anos morram em decorrência do alcoolismo todos os anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o etilismo representa o terceiro principal fator de risco a saúde e o seu uso frequente pode desencadear um quadro sintomatológico caracterizado de Distúrbios Relacionados pelo Uso do álcool, do inglês Alcohol Use Disordes (AUD). Para que um indivíduo seja diagnosticado com AUD ele deverá atender critérios estabelecidos pelo Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtorno Mental (DSM), caso o indivíduo apresente pelo menos dois do sintomas estabelecidos pelo DSM em um período de 12 meses será diagnosticado com AUD. Beber em excesso pode levar a sérios riscos a saúde, podendo afetar o coração, pâncreas, fígado e encéfalo. O álcool também interage com vários sistemas de neurotransmissores como o glutamatérgico, GABAérgico e serotonérgico alterando respostas comportamentais. O sistema serotonérgico desempenha uma função chave para modular uma diversidade de funções, tais como o humor, comportamento alimentar, o sono, a atividade locomotora, dor, e a termorregulação. Os neurônios serotonérgicos estão localizados no tronco encefálico e suas projeções estão por todo o encéfalo. O presente estudo teve como objetivo analisar as alterações morfológicas dos núcleos dorsal e mediano da rafe através de métodos imunoistoquímicos, morfométricos e estereológicos. Observou-se diminuição da área, diâmetro, perímetro dos neurônios e o volume (p<0,001) do núcleo dorsal da rafe, mas não no núcleo mediano da rafe em camundongos submetidos ao consumo de etanol, comparados com o grupo controle. Já a média do peso corporal não foi diferente entre os grupos em ambos os períodos inicial e final do tratamento. Nossos achados estão de acordo com a literatura atual, no qual apontam uma íntima relação entre o sistema 5-HT e o alcoolismo, onde o álcool pode interferir diretamente no metabolismo dos neurônios 5-HT. Palavras chaves: Etanol. Comportamento. Núcleos da rafe. Serotonina. 6 ABSTRACT Alcohol consumption is considered a serious public health problem in Brazil and worldwide. It is estimated that about 3.3 million people, worldwide, aged between 20 and 39 die from alcohol abuse every year. According to the World Health Organization (WHO), alcohol consumption is the third leading risk factor to health and their frequent use can trigger a featured symptomatology of disorders related to alcohol use, the English Alcohol Use Disordes (AUD). For an individual to be diagnosed with AUD it must meet criteria established by the Manual of Diagnostic and Statistical of Mental Disorder (DSM) if the individual has at least two of the symptoms established by DSM in a period of 12 months will be diagnosed with AUD. Drink too much can lead a serious risk on your health, can affect the heart, pancreas, liver and brain. Additionally, alcohol affects a broad neuronal cluster in the brain, such as glutamatergic, gabaergic, and serotonergic systems, changing behavior dramatically by mollecular and morphology of the neuronal systems. The serotonergic system is considered a key neural apparatus to modulate a diversity of functions such as mood, feed behavior, sleep, locomtor activity, pain, and thermoregulation. The serotonergic neurons are located throughout the brainstain, and its projections have been reported throughout the brain. The present study aim describes the morphological changes, by using the immunohistochemistry, morphometric, and stereological tools, in the dorsal raphe nucleus (DRN) and median raphe nucleus (MRN) after alcohol treatment. The results have shown a significantly decrease in the DRN area, diameter, perimeter of neurons and, volume (p<0,001) after alcohol exposition. On the other hand, there was not found differences in the MRN morphological features after treatment. Overall, the present results are in accordance with current knowledge in the field, supposing a strong interaction between alcohol and serotonin in the brain by altering the neural arrangement in the raphe nuclei. Key words: Ethanol. Behavior. Raphe Nuclei. Serotonin. 7 LISTA DE FIGURAS E TABELAS Figura 1. Grupamentos serotonérgicos B1 a B9, segundo Dahlstrom e Fuxe (1964). Figura 2. Núcleos da rafe, Paxinos e Watson (2007). Figura 3. Fotomicrografia em campo claro de secções coronais no sentido rostrocaudal do DR e MnR coradas pelo método de Nissl de animais controle (A, C e E) e alcoólico (B, D e F). Barra= 500μm. DR= Dorsal da Rafe, MnR= Mediano da Rafe, Aq= Aqueduto Cerebral. Figura 4. Fotomicrografia em campo claro de secções coronais no sentido rostrocaudal do núcleo DR coradas pelo método de imunoistoquímica para 5-HT de animais controle (A, C e E) e alcoólico (B, D e F). Barra= 100μm. Figura 5. Fotomicrografia em campo claro de secções coronais no sentido rostrocaudal do núcleo MnR coradas pelo método de imunoistoquímica para 5-HT de animais controle (A, C e E) e alcoólico (B, D e F). Barra= 100μm. Figura 6. Gráficos representativos dos parâmetros morfométricos e estereológicos dos núcleos DR e MnR. Em A, C, E e G compara a média da área, diâmetro, perímetro e volume, respectivamente, para o DR entre os grupos (p<0,001). Em B, D, F e H compara a média da área, diâmetro, perímetro e volume, respectivamente, para o MnR entre os grupos (p>0,05). Figura 7. Média do peso dos animais no início (coluna branca) e no final do tratamento (coluna preta). P=0,27. Tabela 1: Especificações do anticorpo primário, anticorpo secundário e soro normal utilizados no procedimento imunoistoquímico com as suas referidas diluições e fabricantes. Tabela 2. Parâmetros morfométricos dos neurônios serotonérgicos nos núcleos dorsal e mediano da rafe em camundongos adultos jovens submetidos a ingestão crônica de etanol à 20% comparados ao grupo controle. Os dados estão apresentados em média e erro padrão. Tabela 3. Análise estereológica dos núcleos dorsal e mediano da rafe em camundongos adultos jovens submetidos a ingestão crônica de etanol à 20%. Os dados estão apresentados em média. 8 ABREVIATURAS 5-HIAA - Ácido 5-hiroxiindolacético 5-HT – 5-hidroxitriptamina 5-HTP – 5-hidroxitriptofano 5-HTT – Transportador de 5-HT ABC – Complexo Avidina-Biotina Peroxidadse APA – American Psychiatric Association AUD - Alcohol use Disordes CAPS – Centro de Assistência Psicossocial CDC – Centers For Disease Control and Prevention CEUA - Comissão de Ética no Uso de Animais CID – Código Internacional de Doenças CLi – Núcleo Linear Caudal da Rafe DR – Núcleo Dorsal da Rafe DSM - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ETOH – Etanol EUA – Estados Unidos da América FIG - Folheto Intergeniculado GABA – Ácido Gamaminobutírico INCA – Instituto Nacional do Câncer ISRS – Inibidor Seletivo da Recaptação de Serotonina LABNEURO - Laboratório de Neuroanatomia MAO A - Monoaminooxidase A MnR – Núcleo Mediano da Rafe NaCl – Cloreto de Sódio NIAAA - National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism 9 NMDA - N-metil-D-aspartato NSQ - Núcleo Supraquiasmático OMS – Organização Mundial da Saúde PAG – Periaquedutal Gray PENSE - Pesquisa Nacional de Saúde no Escolar PMnR – Núcleo Para-Mediano da Rafe PnR – Núcleo Pontino da Rafe RIP – Núcleo Interpósito da Rafe RLi – Núcleo Linear Rostral da Rafe RMg – Núcleo Magno da Rafe ROb – Núcleo Obscuro da Rafe RPa – Núcleo Pálido da Rafe SAF = Síndrome Alcoólica Fetal SAMHSA - Substance Abuse and Mental Health Services Administration SBNeC - Sociedade de Neurociências e Comportamento TF – Tampão Fosfato TPH – Triptofano Hidroxilase TRH – Hormônio Liberador de Tireotropina UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte VIGITEL – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico WHO – World Health Organization 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 10 1.1 1.2 Álcool e alcoolismo................................................................................................. Efeitos do álcool sobre o Sistema Nervoso............................................................. 10 13 1.3 Sistema serotonérgico.............................................................................................. 16 1.4 Núcleos serotonérgicos da rafe................................................................................ 20 1.5 Receptores serotonérgicos....................................................................................... 23 2 JUSTIFICATIVA.................................................................................................. 25 3 OBJETIVOS........................................................................................................... 26 3.1 Objetivo geral.......................................................................................................... 26 3.2 Objetivos específicos............................................................................................... 26 4 METODOLOGIA................................................................................................. 27 4.1 Sujeitos.................................................................................................................... 27 4.2 Tratamento.............................................................................................................. 27 4.3 Anestesia................................................................................................................. 28 4.4 Perfusão.................................................................................................................. 28 4.5 Remoção dos encéfalos........................................................................................... 28 4.6 Microtomia.............................................................................................................. 28 4.7 Imunoistoquímica.................................................................................................... 29 4.8 Montagem das lâminas e intensificação com Tetróxido de Ósmio......................... 29 4.9 Obtenção das imagens............................................................................................. 30 4.10 Morfometria............................................................................................................. 30 4.11 Estereologia.............................................................................................................. 30 4.12 Análise estatística..................................................................................................... 31 5. RESULTADOS...................................................................................................... 33 6. DISCUSSÃO........................................................................................................... 39 7. CONCLUSÃO........................................................................................................ 43 8. REFERÊNCIAS..................................................................................................... 44 9. ANEXO................................................................................................................... 58 11 1 INTRODUÇÃO 1.1 Álcool e alcoolismo O álcool etílico ou etanol (ETOH) é uma substância orgânica produzida primariamente a partir da fermentação de açúcares e amidos pelas leveduras, hidratação do etileno ou redução do acetaldeído, encontrado em bebidas as quais, dependendo do consumo, pode apresentar efeitos tóxicos para a saúde. Desde o início da história é utilizado pela sociedade humana, sendo consumido por várias regiões do mundo antes mesmo do período da expansão colonial europeia. O ETOH ocupava posições culturais altas, estando sempre a mesa nos momentos de celebrações e festividades. No início, sua produção se dava de maneira artesanal herdada de sociedades tribais em todo o mundo, sendo gradativamente alterada durante os anos para uma produção de escala industrial economicamente viável com início na Europa, durante a industrialização moderna. Com isso houve também mudanças no modo de consumo do ETOH. (GILBERT, 2011; ROOM; BABOR; REHM, 2005). O consumo do álcool vem de muito tempo, desde dez mil anos atrás o ETOH já era utilizado para a produção de bebida alcoólica através da produção de cervejas a partir de cereais. Em dois mil anos antes de cristo, o líder da Babilônia estabeleceu regras para o consumo e comercialização do vinho. Para ter mais noção da antiguidade do consumo e do conhecimento desse fármaco, vários textos da bíblia comentam sobre o uso dessa substância. Levítico 10:9 proíbe o seu uso por um sacerdote no ministério; Números 6:2,3 proíbe os nazaritas de beberem; em Juízes 13:3,4, um anjo avisa a futura mãe de Sansão para não beber durante a gravidez; em Deuteronômio 29:5,6 Deus diz aos israelitas que não lhes fornecerá esta bebida para as suas viagens pelo deserto (GILBERT, 2011). Nos dias atuais, as bebidas alcoólicas são consideradas drogas lícitas, sendo de fácil acesso, desde que se tenha a idade mínima para ser consumida, a qual corresponde a maioridade dependendo de cada país. A liberação do consumo de bebidas alcoólicas em concomitância com o fomento de sua comercialização corroboram um aumento da prevalência (quanto o aumento?) da ingestão cada vez mais precoce, resultando também no aumento da dependência e das doenças relacionadas com o uso abusivo do álcool (SPANAGEL et al., 2005). Segundo a OMS, em 2004 320 mil jovens com idades entre 15 e 19 anos morreram por doenças relacionadas ao alcoolismo em todo mundo. Neste mesmo ano o uso crônico de bebidas alcoólicas também foi responsável por 3,8% das mortes no mundo e por 4,5% das doenças (WHO, 2010). Todos os anos 3,3 milhões de pessoas morrem pelo uso nocivo do 12 ETOH, representando cerca de 5,9% de todas as mortes no mundo. A ingestão abusiva de bebidas alcoólicas corresponde ao terceiro principal fator de risco para mortes prematuras e incapacidades no mundo, atingindo principalmente adultos jovens (WHO, 2014). Nos Estados Unidos da América (EUA), em 2013, 86,8% das pessoas com idade acima de 18 anos relataram já ter experimentado uma dose de álcool em algum momento da vida, 70,7% relataram ter bebido no ano anterior e 56,4% no mês anterior. Em relação ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, 24,6% dos norte americanos relataram ter participado de uma bebedeira no mês anterior e que 6,8% relataram ter consumido de forma compulsiva no mês anterior (SAMHSA, 2013). No Brasil os dados sobre prevalência e consumo do ETOH são escassos, mas alguns estudos apontam dados semelhantes ao resto do mundo. O Instituto Nacional do Câncer (INCA), através de uma pesquisa realizada pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), observou um aumento na prevalência do consumo abusivo do álcool de 16,2%, em 2006, para 18% em 2010. Já em uma outra pesquisa realizada em 2009 nas 26 capitais e no Distrito Federal pela Pesquisa Nacional de Saúde no Escolar (PENSE), constatou que 71% dos alunos do 9º ano, com idades entre 13 e 15 anos já experimentaram bebidas alcoólicas pelo menos uma vez na vida, sendo que 25% destes já vivenciaram momentos de embriaguez (INCA, 2014). Dados da OMS apontam que em 2010 a bebida mais consumida entre os brasileiros com 15 anos ou mais é a cerveja, representando 60% do consumo per capita/ano, seguida das bebidas destiladas com 36% e o vinho com 4%. Em relação ao consumo per capita/ano em litros de álcool puro, nos indivíduos acima de 15 anos, observa-se um aumento total da ingestão ao longo dos anos somando todas as bebidas. Entre os anos de 2003 e 2005 a média do consumo em litros puro de álcool era de 6,8 litros. Já entre os anos de 2008 e 2010 o consumo foi de 7,2 litros per capita/ano. (WHO, 2011; WHO, 2014). Nos dias atuais os indivíduos ingerem bebidas alcoólicas, principalmente, para se socializarem, em comemorações, celebrações e para o relaxamento. Mas os efeitos da ingestão do álcool variam de indivíduo para indivíduo, o que depende de fatores como a quantidade consumida, idade, situação de saúde, história familiar e situação social. E é nesse sentido, de acordo com essas variáveis, que o consumo do ETOH pode tornar-se compulsivo, passando de uma conduta esporádica, social, para a dependência. Segundo alguns autores, para um indivíduo atingir o estágio da dependência, antes ele deve passar por algumas etapas tais como o início do consumo do álcool etílico, mudança do consumo experimental para o 13 consumo propriamente dito e, finalmente, a evolução para o distúrbio (BIERUT, 2011; NIAAA, 2012). O uso recorrente do ETOH desencadeia uma sintomatologia chamada genericamente de AUD. Este estado é diagnosticado quando o consumo de bebida alcoólica está causando prejuízo à saúde ou sofrimento clinicamente significativo para o indivíduo. Para o diagnóstico também é necessário que o indivíduo apresente pelo menos dois sintomas específicos, estabelecidos pelo DSM-5, em um período de 12 meses. Tais sintomas são 1. consumo de quantidades cada vez maiores; 2. ingestão por um tempo mais prolongado a fim de alcançar o efeito esperado; 3. desejo de reduzir a ingestão de álcool sem sucesso; 4. maior tempo gasto a procura e aquisição da bebida; 5. forte desejo em consumir; 6. não cumprimento dos afazeres ocupacionais e/ou domésticos; 7. uso recorrente mesmo com os problemas causados pelo vício; 8. abandono das atividades ocupacionais e/ou recreativas; 9. uso contínuo mesmo com problemas físicas e psicológicos causados pelo álcool; 10. síndrome de abstinência e o uso de álcool ou de medicamentos a fim de reduzir os sintomas da dependência (DSM-5, 2013) O AUD é subdividido em três categoria utilizando o Código Internacional de Doenças (CID - 10) e os critérios estabelecidos pelo DSM-5. Ambos os critérios tratam de transtornos mentais e comportamentais devido ao uso do álcool. Nos casos leves CID-F10.10, uso nocivo para a saúde, indivíduo apresenta de 2 a 3 sintomas, nos casos moderados CID-F10.20, quando a síndrome de dependência começa se instalar o indivíduo apresenta de 4 a 5 sintomas e nos casos graves CID-F10.20, onde a síndrome de dependência já está de fato instalada o indivíduo apresenta de 6 ou mais sintomas (DSM-5, 2013; ICD-10, 2015). Alguns indivíduos com dependência alcoólica não apresentam fisicamente a doença, mas suas atitudes demonstram a dificuldade do convívio social. As pessoas que sofrem com a AUD apresentam problemas no cumprimento de responsabilidades profissionais, domiciliares e escolares, déficit no convívio social e se colocam em situações perigosas como dirigir embriagado (HASIN et al., 2007; NIAAA, 2012). Nos EUA, em 2013, cerca 16,6 milhões de pessoas com idade acima de 18 anos foram diagnosticadas com AUD, sendo 10,8 milhões de homens e 5,8 milhões de mulheres. Destes, apenas 1,3 milhões receberam o tratamento específico para AUD, sendo 904 mil homens e 444 mil mulheres. Em indivíduos com idade entre 12 e 17 anos, estima-se que 697 mil adolescentes foram diagnosticado com AUD, sendo 385 mil mulheres e 311 mil homens, e que apenas 73 mil receberam tratamento adequado (SAMHSA, 2013). O consumo crônico de ETOH eleva a morbimortalidade do indivíduo uma vez que afeta todos os órgãos do corpo. Inicialmente é absorvido pelo estômago e intestino delgado, sendo 14 metabolizado por enzimas. A quantidade circulante no sangue atinge o sistema nervoso deprimindo suas funções. Além disso, o álcool é considerado fator de risco para neoplasias de boca, laringe, faringe, esôfago e estômago, está relacionado com transtorno no humor, disfunção sexual e Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) (CDC, 2014; INCA, 2014). A National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA) e a Substance Abuse and Mental Health Services Administration (SAMHSA) padronizam a ingestão moderada de bebida alcoólica em um dose diária para as mulheres e duas doses para os homens. Já o consumo excessivo é definido com a ingestão de 5 unidades ou mais em uma mesma ocasião nos últimos 30 dias. O beber pesado por sua vez caracteriza-se pela ingestão de mais de 5 unidades alcoólicas em uma mesma ocasião em 5 ou mais dias nos último 30 dias. Uma unidade alcoólica ou dose padrão contém 14 gramas de álcool puro, essa quantidade pode ser encontrada em 355 ml de cerveja normal, 150 ml de vinho e 45 ml de bebida destilada (NIAAA, 2012; SAMHSA, 2013). Uma gama de distúrbios está relacionada tanto com o consumo moderado quanto com o consumo pesado do álcool, tais como doenças cardiovasculares, muscular esquelética, alterações no controle da temperatura corporal, doenças e neoplasias gastrintestinais, disfunção comportamental e mental, distúrbios do sono, doenças psiquiátricas, depressão, ansiedade e alterações no sistema nervoso (JANVALE; KENDRE; MEHROTA, 2014; REHM, 2011; TESTINO; BORRO, 2010). 1.2 Efeitos do álcool sobre o Sistema Nervoso Há muito tempo já se conhece muitos efeitos em decorrência do uso abusivo de bebidas alcoólicas sobre a morfofisiologia do sistema nervoso. Este fármaco interage com alguns sistemas de neurotransmissores alterando suas respostas. Os dois principais sistemas influenciados pelo álcool são o glutamatérgico e o GABAérgico. Na alcoolização crônica o álcool interage exacerbando a ação dos receptores do ácido gamaminobutírico (GABA), principal neurotransmissor inibitório, e age de forma antagônica com o receptor N-metil-D- aspartato (NMDA) de Glutamato que é um dos principais neurotransmissores excitatórios, resultando em um efeito altamente inibitório, sedativo e ansiolítico (JANAK; LONG, 2014; SILVERI, 2014; WEI et al., 2015). Os efeitos do álcool etílico também causam hiperexcitação, isso decorre quando os indivíduos apresentam a Síndrome da Abstinência Alcoólica. Esta síndrome é proveniente de quando se ultrapassam as doses diárias e semanais máximas do consumo do ETOH. A excitação ocorre por um processo de compensação do próprio organismo, em resposta a 15 alcoolização aguda, aumentando os receptores de Glutamato e diminuindo os receptores GABA. Essa alteração no número dos receptores associada à redução da concentração de álcool no organismo desencadeia a resposta excitatória (COSTIN; MILES, 2014; DAS et al., 2015; SZUMLINSKI; WOODWARD, 2014). O sistema nervoso é geralmente descrito pela maioria dos autores como vítima do alcoolismo, mas também é sabido que alterações psíquicas e de personalidade bem como eventos negativos da vida implicam num maior consumo do ETOH, segundo a American Psychiatric Association (APA). Um estudo realizado por Kolb em 1962 mostrou que a utilização excessiva do álcool pode ser um sintoma de outra doença psíquica, ou seja, sugere- se que o alcoolismo possa ser um resultado de doenças cerebrais (KOLB, 1962). O consumo crônico do álcool pode provocar alteração no sistema nervoso em qualquer parte do ciclo da vida, mas no período fetal é onde pode provocar lesões mais bruscas e irreversíveis. O consumo de álcool na gestação é prejudicial para o feto uma vez que o ETOH atravessa a barreira placentária podendo produzir lesão no sistema nervoso, modificando a embriogênese neural. A consequência mais severa, na ingestão do ETOH na gravidez é a SAF, descrita pela primeira vez na França por Lemoine et al. (1968). A característica da SAF compreende o retardo do crescimento, déficit cognitivo com prejuízos na memória e aprendizagem, além de alteração em outros sistemas corporais (GOODLETT et al., 2005; POPOVIC et al., 2006). Entre os anos de 2011 e 2013 nos EUA uma em dez mulheres grávidas relataram o uso de bebidas alcoólicas na gestação, a maioria com idade entre 35-44 anos e divorciadas. A taxa de incidência da SAF varia entre 0,2 a 2,0 por 1000 nascidos vivos na maioria dos países, no Brasil cerca de 1.500 a 3.000 novos casos podem surgir todos os anos (CDC, 2015). As alterações nervosas na dependência do álcool podem afetar todo o neuroeixo, onde as alterações estruturais e funcionais podem ser facilmente percebidas em todo o encéfalo. Estudos apontam uma grande redução no volume encefálico e neurodegeneração, acometendo igualmente a substância branca e a cinzenta. Ocorre uma vasta perda neuronal no lobo frontal, sendo esta uma das regiões mais afetadas. Há também redução neuronal no córtex entorrinal, giro denteado e bulbo olfatório. O sistema límbico também é facilmente atingido pelos efeitos do ETOH, principalmente o hipocampo, hipotálamo e tálamo, o que explica mudanças comportamentais (COLLINS et al., 1998; CREWS; NIXON, 2009; HARPER; BLUMBERGS, 1982). No cerebelo ocorre progressiva perda principalmente das células de Purkinje, no neocórtex cerebelar e em seguida as células granulares (ANDERSEN, 2012; APFEL et al., 2002). 16 Estudos também descrevem alterações ao longo de todo o tronco encefálico relacionado ao consumo crônico do ETOH. Essa região do encéfalo apresenta, como na maioria das estruturas encefálicas, redução neuronal nos núcleos da rafe, principalmente nos neurônios sintetizadores e secretores de 5–hidroxitriptamina ou serotonina (5-HT) presentes no Núcleo Dorsal da Rafe (DR) e no Núcleo Mediano da Rafe (MnR), exibindo alterações morfológicas e citoarquitetônicas. A ingestão crônica do ETOH também está associada a deficiência da produção e secreção da 5-HT, geralmente associada a inativação ou ação deficiente da enzima triptofano hidroxilase (TPH) (BURNETT et al., 2012; HALLIDAY et al., 1993). Vários estudos sugerem que o alto consumo de ETOH provoca a redução da 5-HT e do seu metabólito, o ácido 5-hiroxiindolacético (5-HIAA) tanto em roedores quanto em primatas. Mas, alterações na concentração da 5-HT também influenciam no comportamento para a ingestão do ETOH, sendo descrito que com a elevação dos níveis de 5-HT, os indivíduos tendem a ingerir menos ETOH e com a diminuição do neurotransmissor a tendência ao alcoolismo aumenta. Não só o neurotransmissor 5-HT, mas também os receptores de 5-HT estão intimamente ligados ao consumo do ETOH, sendo os receptores 5-HT1B, 5-HT2A e 5- HT3 relacionados ao alcoolismo (CRABBE et al., 1996; ENGEL et al., 1998; FEINN et al., 2005; HIGLEY et al., 1996; NAKAMURA et al., 1999). Estudos realizados utilizando camundongos transgênicos que expressam uma deficiência congênita da função enzimática da TPH, observaram que a deficiência cerebral de 5-HT aumenta o consumo de ETOH. Ou seja, quando ocorre perda neuronal e neurodegeração nos núcleos serotonérgicos, resultando em níveis menores de 5-HT, o indivíduo afetado pode apresentar predisposição para o alcoolismo. Essa tendência ao alcoolismo pode estar relacionada com as várias funções comportamentais exercidas pela 5-HT, que estando deficiente pode desencadear condutas alteradas (SACHS; SALAHI; CARON, 2014). Estudos morfométricos no DR relataram um aumento na imunorreatividade da fibras para a TPH, bem como um aumento da densidade dos processo neuronais devido a exposição prolongada ao ETOH apresentando uma relação positiva com o tempo de exposição ao álcool. Isto pode estar relacionado com os mecanismos de compensação, ou seja, com um aumento da atividade enzimática, mas com funções reduzidas (UNDERWOOD; MANN; ARANGO, 2007). Contudo, a ingestão crônica do ETOH reduz globalmente o número de neurônios serotonérgicos e com isso ocorre também a redução na concentração de 5-HT. Os efeitos comportamentais relacionados a esse distúrbio são muito variáveis, uma vez que a 5-HT participa da modulação de muitos comportamentos como controle da ingestão alimentar, sono 17 e vigília, estresse e ansiedade, termorregulação, controle do humor, dentre outros (DERIÓ et al., 2008; FEIJÓ et al., 2011). Estudos também apontam que a redução da expressão da 5-HT está intimamente relacionada com a depressão e o suicídio (BACH-MIZRACHI et al., 2008), diminuição da saciedade e tendência em comer mais doces (FEIJÓ et al., 2011), distúrbios do sono e diminuição da sincronização do ciclo claro/escuro (BLOCK; ZUCKER, 1976; JOUVET, 1969; KAM; MOBERG, 1977). 1.3 Sistema Serotonérgico A 5-HT é um neurotransmissor que está inserido no grupo das aminas biogênicas, grupo de transmissores neurais como a dopamina e noradrenalina, importantes na regulação de várias vias metabólicas. A 5-HT é uma indolamina produzida a partir da descarboxilação e hidroxilação de um aminoácido essencial, o triptofano adquirido na dieta. Este sofre ação de duas enzimas, a aminoácido descarboxilase e da TPH. Este aminoácido apresenta uma função de grande relevância, sendo o seu teor no sangue responsável pela quantidade de 5-HT que será sintetizada. A 5-HT exibe algumas funções importantes como as influências no comportamento animal, atividade psíquica, ingestão de alimentos, controle do ciclo do sono e vigília e até os sonhos (FEIJÓ et al., 2011; ROSSI; TIRAPEGUI, 2004;). A 5-HT foi descrita pela primeira vez em 1948 como uma substância vasoconstritora, isolada a partir de uma amostra de soro sanguíneo, sendo encontrada contida nas plaquetas. O nome serotonina está associado a sua ação vasotônica, inicialmente descoberta, sendo Serum (soro) e tonic (tônus) (RAPPORT et al., 1948a-c). Só alguns anos mais tarde, em 1957, em um estudo realizado por Brodie e Shore a 5-HT foi qualificada com funções neurotransmissoras. Corroborando essa hipótese, neste mesmo estudo foram encontrados receptores 5-HT em regiões especificas no cérebro (BRODIE; SHORE, 1957). Esse importante neurotransmissor é sintetizado, principalmente, pelos neurônios nos núcleos do complexo da rafe localizados na linha mediana do tronco encefálico desde a decussação das pirâmides até o núcleo interpeduncular do mesencéfalo. Os núcleos desse complexo podem ser divididos em dois grandes grupos. Um grupo caudal ou posterior onde estão o Núcleo Pontino da rafe (PnR), o Núcleo Magno da rafe (RMg), o Núcleo Obscuro da rafe (ROb) e o Núcleo Pálido da rafe (RPa), e um outro grupo rostral ou anterior, onde estão o Núcleo Linear Caudal (CLi), o DR e o MnR. (JACOBS; AZMITIA, 1992; TORK, 1985). A maior síntese da 5-HT ocorre em dois grandes núcleos do complexo da rafe, o MnR e o DR. Este último localiza-se na substância cinzenta da ponte ao mesencéfalo e apresenta a maior quantidade de fibras serotonérgicas (UNDERWOOD; MANN; ARANGO, 2007). 18 Por derivar do aminoácido essencial triptofano, a síntese de 5-HT depende da ingestão de alimentos ricos desse substrato e da sua passagem através da barreira hematoencefálica tornando-se disponível no tecido nervoso. Os alimentos que são ricos em triptofano são a carne bovina, carne de frango e queijo provolone. Contudo, além da ingestão de alimentos ricos com esse aminoácido, faz-se necessário um consumo concomitante de carboidratos. Esse nutriente em concentrações ideais no sangue eleva os níveis de insulina na circulação sanguínea. Este hormônio, atua diminuindo a concentração de outros aminoácidos que iriam concorrer com o triptofano pela passagem através da barreira hematoencefálica (MEYERS, 2000). Com o triptofano disponível no sistema nervoso a 5-HT pode então ser sintetizada nos neurônios que compõem os núcleos do complexo da rafe. Esse processo se faz primeiro na presença da enzima TPH, essa enzima atua inserindo no triptofano um grupo hidroxila, produzindo assim a 5-hidroxitriptofano (5-HTP). Segundo, com a ação da enzima aminoácido descarboxilase é retirado da 5-HTP um grupo carboxila obtendo como produto final dessa reação a 5-HT (BALLONE, 2007; RIBEIRO et al., 2009; ROSSI; TIRAPEGUI, 2004). São necessários alguns nutrientes importantes para que essa reação transcorra de forma apropriada. Na presença do magnésio, ácido fólico e vitamina B12 a atividade enzimática da triptofano hidroxilase é exacerbada, sendo fundamental para a síntese da 5-HT (NAVES; PASCHOAL, 2007). Depois de sintetizada, a 5-HT é retida em vesículas sinápticas nos terminais pré- sinápticos aguardando o momento de serem lançadas para a fenda sináptica. Esse mecanismo ocorre quando o terminal axonal do neurônio é excitado, neste momento o cálcio penetra no terminal atraindo as vesículas a irem de encontro com a membrana do axônio, fundindo-se, liberando a 5-HT por exocitose para a fenda sináptica (GUYTON; HALL, 2006; HALBACH; DERMIETZEL, 2006a). Os efeitos pós-sinápticos da 5-HT são controlados e finalizados através da recaptação do neurotransmissor na fenda sináptica de volta para os terminais nervosos por meio de um transportador de serotonina específico, o transportador de 5-HT (5-HTT). A maioria dos fármacos antidepressivos e sacietógenos são Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS), por exemplo, a Fluoxetina e a Sibutramina respectivamente. Seus efeitos são inibir a recaptação da serotonina do meio extracelular, deixando o neurotransmissor operando por mais tempo, agindo no tratamento dos sintomas da depressão e no maior controle da fome. Acredita-se que a via principal para a inativação da 5-HT aconteça pelo catabolismo da enzima monoaminooxidase A (MAO A), convertendo a 5-HT no ácido 5-hidroxi-indolacético 19 (5-HIAA). Por fim, o 5-AHIA sofre ação enzimática do triptofano aldeído-desidrogenase produzindo o ácido 5-hidroxi-indólico (5-AHIA), produto final do catabolismo da 5-HT (GARFIELD; HEISLER, 2009; PETRISIC; AUGOOD; BICKNELL, 1997; PURVES et al., 2004). As funções exercidas pela 5-HT são múltiplas, desde o controle da saciedade, da temperatura corporal, estresse, regulação do sono, controle de secreção hormonal, atividade física, atividade psíquica e sensibilidade à dor. Há evidências experimentais que apontam também a serotonina com capacidade de influenciar a embriogênese agindo como um fator neurotrófico (DERIÓ et al., 2008; FEIJÓ et al., 2011). Entretanto, por desempenhar uma importante função no sistema nervoso central e periférico e exercer vários papéis no organismo, a 5-HT é alvo de várias pesquisas que dizem respeito a alterações no comportamento animal humano e não humano tais como mudanças na ingestão alimentar, depressão, estresse, insônia, fadiga dentre outras. (ROSSI; TIRAPEGUI, 2004). No que diz respeito ao consumo alimentar, a 5-HT atua no organismo fazendo com que o animal atinja mais rapidamente a sensação de saciedade, diminuindo também a ingestão de açúcares. Nos seres humanos a 5-HT é, atualmente, utilizada em terapias contra a obesidade. O principal fármaco é a Sibutramina que impede a recaptação do neurotransmissor. Corroborando essa afirmativa, quando a 5-HT encontra-se em baixos níveis no sangue o indivíduo demonstra uma diminuição da sensação de saciedade associada ao aumento do consumo alimentar de carboidratos e doces. Esses mesmos sintomas são observados em indivíduos que abandonam o tratamento com medicamentos sacietógenos. (FEIJÓ et al., 2011; LAM et al., 2008; NAVES; PASCHOAL, 2007). Alterações na síntese, recaptação e na distribuição dos receptores de serotonina estão também relacionadas com desordens psíquicas como a depressão. Desde a sua descoberta, a depressão ganhou notoriedade acadêmica e liderou pesquisas a procura de suas origens e tratamento. Inicialmente acreditava-se que a causa seria apenas na deficiência da concentração de indolaminas como a 5-HT. Com esses achados foi possível a fabricação e inserção no mercado farmacêutico de alguns agentes, classificados de ISRS, que aumentavam a concentração desse neurotransmissor, como a Fluoxetina, diminuindo a recaptação de 5-HT ao inibir o 5-HTT (BALLONE, 2007). Com a inserção desses fármacos que inibem a recaptação da 5-HT foi possível aumentar a concentração desse neurotransmissor disponível na fenda sináptica e acentuar a estimulação pós-sináptica da serotonina. No entanto, estudos mais recentes apontam como outro fator na patogenia da depressão a influência dos receptores serotonérgicos, uma vez que a melhora 20 com o tratamento com os ISRS levam cerca de uma a duas semanas, tempo suficiente levando em consideração que os níveis dos neurotransmissores começam a aumentar de três a quatro horas após a ingestão dos fármacos (BALLONE, 2007). Outras doenças psíquicas estão relacionadas com disfunções do sistema serotonérgico. Uma delas é o estresse, resposta inespecífica para determinado evento, também chamado de Reação de Alarme. Dependendo do tipo do estressor, os resultados comportamentais podem ser variados, como a fuga, ataque e o colapso. As ações contra o agente serão mediadas por experiências anteriores adaptadas a atual situação. O estresse pode ser provocado por episódios que ameacem a integridade do animal gerando sensações como o medo e a ansiedade que irão desencadear eventos neurais e comportamentais para a reação adaptativa. Apoiados em experimentos com ratos Graeff (1997) mostrou a Substância Cinzenta Periaquedutal do inglês Periaqueductal Gray (PAG) no mesencéfalo como a principal área responsável pela organização do reflexo de fuga e de ataque contra o agressor (GRAEFF, 1997; MARGIS et al., 2003). Na resposta ao estresse, a serotonina atua como inibidor do estado comportamental do indivíduo, agindo principalmente inibindo a PAG. Esse efeito inibitório sobre a PAG resulta no impedimento da fuga permitindo o indivíduo a adotar resoluções mais adequadas ao estressor. Estudos apontam que no estresse a redução da atividade serotonérgica está associada com a diminuição dos hormônios tireoidianos na patologia do Hipotireoidismo. O tratamento se dá através da reposição hormonal, observando melhora da ação serotonérgica (BALLONE, 2008; MARGIS et al., 2003;). Em alguns casos específicos, como no exercício físico intenso, a 5-HT tem seus níveis plasmáticos elevados associado à síndrome da fadiga central. Os sintomas apresentados nessa síndrome são similares aos apresentados quando a concentração sanguínea da 5-HT está elevada. Por ser derivada do triptofano, a concentração da 5-HT é diretamente proporcional a disponibilidade desse aminoácido no tecido nervoso associado também a disponibilidade de carboidratos, que serve como um auxiliador para a passagem do triptofano na barreira hematoencefálica. Na atividade física intensa os níveis de carboidratos circulantes aumentam proporcionando uma elevação na concentração do triptofano, por diminuírem a concentração de outros aminoácidos que concorreriam pela barreira hematoencefálica (HUFFMAN et al., 2004; MEYERS, 2000; ROHLFS et al., 2005). Outra função exercida pela serotonina é o controle da ritmicidade circadiana. Os núcleos da rafe, principalmente o DR e o MnR, emitem projeções diretas para o Núcleo Supraquiasmático (NSQ) e Folheto Intergeniculado (FIG). Com essas eferências a 5-HT 21 modula a atividade nessas áreas de controle do ritmo circadiano. O controle do ciclo circadiano ocorre, sobretudo através de estímulos fóticos captados por células especializadas na retina que projetam para o NSQ. Mas estímulos não fóticos também podem modular essa função, caso especialmente do sistema serotonérgico através de uma vasta inervação para o NSQ e FIG (WESTRICH; SPROUSE; SÁNCHEZ, 2013). 1.4 Núcleos Serotonérgicos da rafe O complexo da rafe é composto por núcleos contendo neurônios que secretam a 5-HT. Esses núcleos estão localizados no encéfalo, mais precisamente na linha mediana ao longo de todo o tronco encefálico. Contudo, nem todos os neurônios da rafe secretam serotonina podendo-se encontrar também a noradrenalina, a substância P, o GABA e o hormônio liberador de tireotropina (TRH). Entretanto, também existem neurônios serotonérgicos em outras regiões do encéfalo, por exemplo, na formação reticular e próximo ao lemnisco medial. (CHARARA; PARENT, 1998; JACOBS; AZMITIA, 1992). Uma das primeiras descrições dos núcleos da rafe foi feita em 1960 por Taber, Brodal e Walberg em um estudo realizados em gatos. Nesse estudo foram descritos oito grupos localizados na linha mediana do tronco encefálico e classificados no sentido rostrocaudal, sendo eles o núcleo linear rostral da rafe (RLi), CLi, DR, MnR, PnR, RPa e ROb. Quatro anos mais tarde, em 1964, Dahlstrom e Fuxe descreveram os núcleos serotonérgicos em ratos utilizando uma técnica de fluorescência induzida por formaldeído. Por ter uma íntima relação com a rafe, inicialmente o sistema serotonérgico foi distribuído alfanumericamente como B1 a B9 no tronco encefálico em um sentido caudo-rostral em ratos, estando sobrepostos aos núcleos da rafe (figura 1). (DAHLSTROM; FUXE, 1964; FALCK et al., 1962; TABER; BRODAL; WALBERG, 1960;). 22 Figura 1. Grupamentos serotonérgicos B1 a B9, segundo Dahlstrom e Fuxe (1964). Vários pesquisadores revisaram a anatomia desses grupos em muitas espécies diferentes, tais como o rato (PARENT; DESCARRIES; BEAUDET, 1981; TAKEUCHI; KIMURA; SANO, 1982; TORK, 1985; PAXINOS; WATSON, 2007), coelho (BJARKAM; SORENSEN; GENESER, 1997), gato (TABER; BRODAL; WALBERG, 1960; TAKEUCHI; KIMURA; SANO, 1982; JACOBS; GANNON; AZMITIA, 1984), humanos (TORK, 1990), macacos (FELTEN; LATIES; CARPENTE, 1974; AZMITIA; GANNON, 1983; FELTEN; SLADEK, 1983; HORNUNG; FRITSCHY, 1988) e mocós (SOARES et al., 2012). Atualmente a classificação dos núcleos da rafe, segue a sistematização de Paxinos e Watson (2007), onde são descritos 10 núcleos no sentido rostrocadal no tronco encefálico de ratos que se estende desde o mesencéfalo ao bulbo (figura 2). No mesencéfalo foram encontrados cinco núcleos sendo eles o RLi e CLi, DR, MnR e núcleo para-mediano da rafe (PMnR). Na ponte são descritos mais dois núcleos, os quais são o PnR e o núcleo interpósito da rafe (RIP). Por fim, no bulbo são observados mais três núcleos, o RMg, o RPa e o ROb. 23 Figura 2. Núcleos da rafe, Paxinos e Watson (2007). Os núcleos da rafe emitem e recebem projeções de várias áreas de praticamente todas as regiões da parte central do sistema nervoso, variando a intensidade em determinadas áreas. As aferências que chegam a rafe provem do córtex pré-frontal, sistema límbico, hipotálamo, tálamo, subtálamo e retina penetrando nos núcleos mais rostrais (TORK, 1985; PEYRON et al., 1998; FITE et al., 1999; FRAZÃO et al., 2008). Já os núcleos mais caudais recebem projeções principalmente da formação reticular e PAG, mas também recebem do núcleo DR e MnR e de áreas hipotalâmicas anteriores (JACOBS; AZMITIA, 1992; NOGUEIRA et al., 1999; TORK, 1985;). As conexões eferentes da rafe são subdivididas em projeções ascendentes, projeções para o tronco encefálico e cerebelo e projeções descendentes. As projeções ascendentes são provenientes principalmente dos núcleos mais rostrais como o DR e MnR. As projeções para o tronco encefálico e cerebelo provem dos núcleos PnR e RMg da rafe. Por fim a projeções descendentes provem dos núcleos RMg, RPa e ROb. As fibras serotonérgicas apresentam características peculiares. E em ratos elas exibem fino calibre, escassa mielinização e a tendência à colateralização. Quando se observa essas fibras em animais evolutivamente superior, como os primatas, percebe-se uma maior mielinização e lateralização dessas fibras (AZMITIA; SEGAL, 1978; BAKER; HALLIDAY, 1995; CAVALCANTE et al., 2002; IMAI et al., 1986; JACOBS; AZMITIA, 1992; KENT; SLADEK, 1978; MOORE et al., 1978; 24 PINATO et al., 2007; STEINBUSCH, 1981; TORK, 1985; VERTES, 1991; VERTES; KOCSIS, 1994; VERTES et al., 1999). 1.5 Receptores Serotonérgicos A 5-HT apresenta diversas funções no organismo, desempenhando ações no controle do comportamento animal. Mas, para exercer seus efeitos pós-sinápticos, a 5-HT deve atingir um alvo, o seu receptor, que pode apresentar-se com características distintas. As primeiras descrições dos receptores de 5-HT datam da década de 1950 por Gaddum e Picarelli, mas só em meados dos anos 2000 com as técnicas de autorradiografia e imunoistoquímica foi possível identificar e localizar esses receptores em todo o encéfalo, bem como conhecer os genes que os codificam. Com o avanço tecnológico pode-se também conhecer a estrutura desses receptores que são compostos por três constituintes: um transportador, um canal iônico e a proteína G acoplada ao canal iônico. Sendo este o grupo mais abundante de receptores serotonérgicos. Já foram descritos sete tipos de receptores e quatorze subtipos, sendo os mais frequentemente relatados o 5-HT1A, 5-HT1B, 5-HT1C, 5-HT1D, 5-HT1E, 5-HT1F, 5-HT2A, 5- HT3, 5-HT4, 5-HT5, 5-HT6 e 5-HT7 (GADDUM; PICARELLI, 1957; HALBACH; DERMIETZEL, 2006b; VERGÉ; CALAS, 2000). A grande variedade de receptores serotonérgicos desempenham as mais diversas funções no organismo. São descritas três tipos de famílias para os receptores de 5-HT sendo elas: os receptores acoplados a proteínas G, os quais fazem parte os receptores 5-HT1 e 5-HT2 e seus respectivos subtipos; outros receptores os quais estão os receptores 5-HT4, 5-HT5, 5-HT6 e 5- HT7; e os canais iônicos, nos quais encontramos o receptor 5-HT3. Os receptores da família 5- HT1 foram unidos por apresentarem uma homologia em suas sequências de aminoácidos e estarem acoplados a proteína G. O receptor 5-HT1A inibe a enzima adenilciclase podendo estar relacionado com funções ansiolíticas e antidepressivas. Já os receptores 5-HT1B e 5- HT1D são autorreceptores e inibem a secreção da 5-HT. A primeira descrição dos receptores da família 5-HT1 foi feita por Peroutka e Snyder em 1979. Estudos mais recentes removeram o receptor 5-HT1C desta família para a família 5-HT2. (HOYER et al., 1994; HUMPHREY et al., 1993; VERGÉ; CALAS, 2000). A distribuição dos receptores 5-HT1 é bastante ampla. Com técnicas de autorradiografia mostraram os receptores 5-HT1A no hipocampo, área septal, córtices entorrinal e cingulado, núcleo DR e MnR. Com essa mesma técnica é possível detectar receptores 5-HT1B na substância negra e globo pálido. Já os receptores 5-HT1D são encontrados no globo pálido, substância negra, putamen, hipocampo, córtex, PAG e medula espinal. O receptor 5-HT1E é descrito baseado nos resultados negativos para 5-HT1A-1B-1D-2C por não ter o radioligante 25 específico para ele. Por fim o receptor 5-HT1F pode ser encontrado, através de hibridização in situ, no hipocampo, giro cingulado, córtex entorrinal e núcleo dorsal da rafe (ADHAM et al., 1993; BARONE et al., 1993; BRUINVELS et al., 1993; BURNET et al., 1995; CASTRO et al., 1997; MILLER; TEITLER., 1992; PAZOS et al., 1985; VERGÉ et al., 1986;). A família de receptores 5-HT2 apresenta como característica estrutural sete domínios transmembrana e a capacidade de ativar a fosfolipase C. Os subtipos dessa família se assemelham em estrutura molecular, transmissão de sinal e farmacologia. Fazem parte dessa família os receptores 5-HT2A, 5-HT2B e 5-HT2C que foi inserido vindo da família 5-HT1. A ação principal desses receptores é a ativação da fosfolipase C o qual estimula o mecanismo de segundos mensageiros IP3 e Diacilglicerol. A distribuição do receptor 5-HT2A é mostrada através de autorradiografia no neocotex, córtex entorrinal e piriforme, núcleo caudado e accumbens, hipocampo e tubérculo olfatório. O receptor 5-HT2B apresenta uma distribuição muito restrita, podendo ser observado através de análises imunoistoquímica no cerebelo, hipotálamo dorsal, área septal lateral e amígdala. Análise autorradiográfica mostra a distribuição do receptor 5-HT2C no hipocampo, amígdala e substância negra. (BAXTER et al., 1995; DUXON et al., 1997; HALBACH; DERMIETZEL, 2006b; HUMPHREY et al., 1993; PAZOS et al., 1984; PAZOS et al., 1985; VERGÉ; CALAS, 2000). O receptor ionotrópico 5-HT3 apresenta um tempo de ação mais rápido do que os outros tipos de receptores serotonérgicos. Os receptores ionotrópicos apresentam uma distribuição no núcleo do trato solitário, núcleo dorsal do vago, hipocampo, área postrema, amígdala e córtex cerebelar. Os receptores 5-HT4 estão distribuídos predominantemente nos sistemas nigro- estriatal e mesolímbico. Quando ativados, ativam a adeniclase na célula pós-sináptica. Já os receptores 5-HT5, 5-HT6 e 5-HT7 estão distribuídos em áreas extensas como cerebelo, hipocampo, amídala, hipotálamo, ponte, medula. (ERLANDER et al., 1993; GÉRALD et al., 1997; MENGOD et al., 1996; STOWE; BARNES, 1998; TECOTT et al., 1993; VERGÉ; CALAS, 2000). 26 2 JUSTIFICATIVA O consumo crônico do ETOH é considerado um sério problema de saúde pública no Brasil e no mundo apresentando um aumento frequente no seu consumo. Este fármaco está relacionado com altas taxas de morbidade e mortalidade em jovens e adultos. O alcoolismo pode causar lesões em vários sistemas do corpo como o cardiovascular, endócrino, gastrintestinal e o sistema nervoso. No encéfalo a neurodegeneração e a perda neuronal são relatadas em vários estudos que apontam tanto a dependência quanto a abstinência alcoólica como fatores essenciais para as lesões. A literatura descreve também uma íntima relação entre o alcoolismo e o sistema serotonérgico, sugerindo que tanto o álcool interfere no metabolismo da 5-HT quanto a 5-HT modula o alcoolismo. Na maioria dos estudos são encontradas alterações morfológicas e funcionais nos núcleos da rafe secretores de 5-HT. Este sistema de neurotransmissor por sua vez apresenta uma grande distribuição das projeções, bem como dos receptores serotonérgicos para, praticamente, todas as áreas do sistema nervoso central, percebe-se então a importância da 5-HT no controle e modulação no comportamento animal, o qual pode ser alterado com o uso crônico do ETOH. Entretanto, mesmo com vários estudos relacionando o ETOH com o sistema serotonérgico muitas lacunas ainda precisam ser preenchidas com estudos morfológicos, mostrando-se claramente necessários estudos específicos nos neurônios e nos núcleos da rafe. Sendo assim, o estudo mostra-se relevante uma vez que irá caracterizar e identificar o impacto da administração crônica de ETOH nas características morfológicas, com base em análises morfométricas e estereológicas no complexo da rafe. 27 3 OBJETIVOS 3.1 Geral Investigar os efeitos da exposição crônica do ETOH na morfologia e dos neurônios dos núcleos Dorsal da Rafe e Mediano da Rafe em camundongos adultos jovens. 3.2 Específicos  Investigar, através de métodos imunoistoquímicos, os efeitos do ETOH sobre a morfologia geral das células 5HT+ dos núcleos da rafe em camundongos adultos jovens;  Verificar, através de métodos morfométricos e estereológico, os efeitos da exposição crônica do ETOH sobre os parâmetros de área, diâmetro e perímetro, bem como volume dos núcleos mediano e dorsal da rafe em camundongos adultos jovens. 28 4 METODOLOGIA 4.1 Sujeitos Foram utilizados 14 exemplares de camundongos Mus musculus adultos jovens. Foram acomodados em gaiolas medindo 41 x 34 x 16 cm, com tampa aramada para apoiar o bebedouro e a ração. A sala onde ficaram alocadas as gaiolas pertence a um anexo dos laboratórios de Anatomia Animal, a qual passou por reformas específicas para este fim. Os animais ficaram em boas condições de saúde, expostos a luminosidade, temperatura e umidade controladas, permanecendo neste espaço durante todo o experimento. A comida e a água eram fornecidas ad libitum. Todos os cuidados foram tomados no sentido de evitar dor e sofrimento aos animais durante os procedimentos experimentais, seguindo estritamente as normas e princípios estabelecidos pela Lei Arouca (11.794/08), para o uso científico de animais (Brasil, 2008) e pela National Research Council of the National Academy publicadas no livro “Guidelines for the Care and Use of Mammals in Neuroscience and Bahavioral Research”. Esta última possui uma versão em formato pdf, disponível gratuitamente no site da Sociedade de Neurociências e Comportamento (SBNeC) – http://www.sbnec.gov.br/links. Todos os procedimentos foram realizados no Laboratório de Neuroanatomia (LABNEURO), Departamento de Morfologia, UFRN, após a aprovação pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da UFRN sob o protocolo de número 066/2013. Anexo I. 4.2 Tratamento Os animais foram divididos em dois grupos:  Controle (CG) (n=6): recebeu água e ração ad libitum;  Tratado com ETOH (EtG) (n=8): recebeu ração ad libitum e solução etílica a 20% (v/v); O EtG recebeu 1 mL de uma solução de ETOH (VETEC® Álcool absoluto) diluído em água na concentração de 20% (286µL de EtOH + 732 µL de água) por 60 dias como única fonte de líquido. Sete dias antes do início do tratamento com ETOH, os camundongos foram submetidos a um período de adaptação, onde receberam uma solução de ETOH a 10% (v/v) por dois dias e de 15% por cinco dias, chegando ao final desse período (8° dia), a uma concentração de 20%. O peso corporal de cada animal foi medido semanalmente. Todos os animais (CG, EtG) após o período de experimentação com água e/ou ETOH foram eutanasiados. 29 4.3 Anestesia Os animais foram anestesiados com uma injeção intramuscular de cloridrato de quetamina a 10% (0,1 ml/100g) e cloridrato de xilazina a 2% (0,05 ml/100g), até o animal atingir o plano anestésico. A quetamina é um anestésico dissociativo, que induz a um estado de sedação, imobilidade e analgesia. Já a xilazina é um relaxante muscular, que potencializa a ação anestésica. 4.4 Perfusão Após atingir o plano anestésico, cada animal foi perfundido transcardiacamente, em capela de exaustão, no qual foram (1) posicionados, em decúbito dorsal, sobre tela de arame sob ponto de água; (2) submetidos à toracotomia, com incisão de pele, músculos e arco costal, sendo estes removidos em bloco, para exposição do coração, seguido de (3) cardiopunção no ventrículo esquerdo, utilizando agulha de 16G (1,6 x 17 mm), a qual é direcionada para a aorta ascendente, com posterior incisão no átrio direito. A agulha foi conectada a uma bomba peristáltica (Cole-Parmer), passando-se 50 ml de solução salina a 0,9% em tampão fostato 0,1M, pH 7,4 (TF), acrescida com heparina (Parinex, Hipolabor, 2ml/1000 ml de solução salina), a uma velocidade de 2 ml/minuto. Logo em seguida, foi adicionado 250ml de solução fixadora de Zamboni, em TF, passando-se a desta solução, a um fluxo de 5 ml/minuto. A utilização da solução heparinizada teve como objetivo lavar o sistema circulatório do animal, prevenindo a formação de coágulos e possibilitando a melhor penetração de fixador nos tecidos 4.5 Remoção dos encéfalos A craniotomia foi realizada após perfusão, os encéfalos foram retirados do crânio, e em seguida, foram submetidos à fixação aldeídica (a mesma utilizada na perfusão), acrescida de sacarose a 30% por 4 horas e, posteriormente, alocados em outra solução de sacarose a 30% em TF até serem submetidos à microtomia. 4.6 Microtomia Os encéfalos foram congelados em gelo seco e seccionados em um micrótomo de deslizamento, obtendo-se cortes coronais de 20 µm, os quais foram distribuídas sequencialmente em 4 compartimentos, em um meio líquido contendo TF. Cada um desses compartimentos continha 1 de 4 secções, de maneira que a distância entre uma secção e a seguinte foi de aproximadamente 80 µm. As secções foram armazenadas em TF e 30 conservadas a 4ºC até a realização das reações imunoistoquímicas ou até a coloração pelo método de Nissl com corante tionina. 4.7 Imunoistoquímica Dos 4 compartimentos, 1 foi submetido à coloração citoarquitetônica pelo método de Nissl utilizando o corante tionina. Através dessa técnica todas as células foram marcadas, sendo possível identificação de seus tamanhos, formas, localizações e delimitação dos núcleos. Esse procedimento foi feito com cada um dos animais utilizados, uma vez que podem ocorrer diferenças individuais nas estruturas encefálicas. As demais séries foram submetidas à análise imunoistoquímica com anticorpo anti-5-HT, empregando o protocolo ABC (avidina-biotina-complexo peroxidadse). Todos os procedimentos imunoistoquímicos seguiram o mesmo protocolo para ambos os grupos. As secções de cada compartimento foram lavadas (três lavagens de 10 minutos) em TF em agitador orbital e posteriormente foram submetidas ao pré-tratamento para abolição de artefatos e recuperação de antigenicidade, com boridreto de sódio e peróxido de hidrogênio (H2O2) a 0,3% em TF por 20 minutos. Logo em seguida, os cortes foram colocados em contato com o anticorpo primário específico (Tabela 1) diluído em TF contendo Triton X-100 a 0,4% com soro normal a 2% do animal em que foi obtido o anticorpo secundário durante um período de overnight (25°C) sob agitação automática. Ao fim deste período, os cortes foram colocados em contato com o anticorpo secundário biotinilado com Triton X-100 a 0,4% por 90 minutos à temperatura ambiente, sob agitação lenta, em agitador. Em seguida os cortes foram colocados na solução do complexo avidina-biotina-HRP (Protocolo ABC, Kit elite da Vector) em Triton X-100 a 0,4%, contendo NaCl (Cloreto de Sódio). Para visualizar a reação, as secções foram postas em meio contendo H2O2 (Peróxido de Hidrogênio), como substrato, e DAB (3,3’,4,4’tetrahidrocloreto-diaminobenzidina) a 2,5% diluída em TF, como cromógeno. Esta reação durou aproximadamente 15 minutos. Entre cada uma das etapas, as secções foram lavadas por cinco vezes em TF no agitador orbital. 4.8 Montagem de lâminas e intensificação com Tetróxido de Ósmio Após a reação imunoistoquímica, os cortes foram montados sequencialmente em lâminas gelatinizadas com gelatina-alúmen-cromo (VETEC®), que após secas a temperatura ambiente, foram imersas em solução de tetróxido de ósmio a 0,05% por 30 segundos, com o intuito de intensificar a reação. Após as etapas de desidratação, em baterias de álcool de graduação crescente até o álcool absoluto, e diafanização em xilol, foram montadas as lamínulas. 31 Tabela 1: Especificações do anticorpo primário, anticorpo secundário e soro normal utilizados no procedimento imunoistoquímico com as suas referidas diluições e fabricantes. ANTÍGENO ANTICORPO PRIMÁRIO ANTICORPO SECUNDÁRIO SORO NORMAL 5-HT Coelho [1:5000] Sigma Anti – 5-HT Cabra [1:1000] Jackson Anti - coelho Cabra [1:50] Sigma 4.9 Obtenção das imagens As imagens foram obtidas em campo claro utilizando um microscópio ótico, (Nikon ECLIPSE Ni) acoplado a uma videocâmera digital (Nikon DS-Ri) conectada a um computador instalado com o software NIS. As imagens foram feitas das secções, coronais dos encéfalos, coradas pelo método de imunoistoquímica anti-5HT e Nissl, para análise morfométrica e estereológica do DR e MnR. 4.10 Morfometria Para avaliar os parâmetros morfométricos (área, diâmetro máximo, diâmetro mínimo, diâmetro médio e perímetro) dos pericários foram selecionados, de maneira uniformemente aleatória, 6 a 7 cortes representativos e com espessura de 20μm, de cada animal em ambos os grupos contendo os núcleos DR e MnR no sentido rostrocaudal. Foi utilizado o atlas de Paxinos para mouse para localizar as áreas com exatidão. Através do software NIS, utilizando-se um aumento de 100X, selecionou-se os corpos neuronais imunomarcados contra 5-HT. A seleção dos neurônios foi realizada de forma aleatória sendo considerados apenas os corpos com boa marcação e com núcleo bem aparente. 4.11 Estereologia Para estimar o volume do DR e MnR em ambos os grupos, foram selecionados entre 6 a 7 imagens, na coloração de Nissl contendo os núcleos, de cortes equidistantes e em um aumento de 40x. Essas imagens foram analisadas com o auxílio do programa Adobe Photoshop CS6, utilizando sempre o mesmo computador e o mesmo zoom afim de evitar equívocos na análise. A partir da imagem, posicionou-se um grid de contagem, respeitando os limites da figura a ser analisada, contendo pontos equidistantes e com área conhecida. Em cada imagem, os pontos que tocavam toda a dimensão do DR e o MnR era contados Figura 3. O método para calcular o volume foi o de Cavalieri com o seguinte cálculo: V= Σp * a/p * t * F-1, onde Σp é a soma dos pontos que tocam o núcleo, a/p é a área dos pontos, t é a espessura do corte e F-1 é a fração entre a espessura e a distância entre os cortes (HOWARD, REED, 2010). Para testar a 32 confiabilidade dos dados, foi realizado o teste de coeficiente erro, onde se observou um valor menor do que 5% (GUNDERSEN et al., 1999). 4.12Análise estatística Os dados obtidos foram analisados no programa Bioestat 5.0. Foi utilizado o Test-t de Student para amostras independentes, após ter sido realizado o teste de normalidade. Um valor de p<0,05 foi considerado como estatisticamente significativo. Os dados estão expressos em média e erro padrão. 33 Figura 3. Fotomicrografia em campo claro de secções coronais no sentido rostrocaudal do DR e MnR coradas pelo método de Nissl de animais controle (A, C e E) e alcoólico (B, D e F). Barra= 500μm. DR= Dorsal da Rafe, MnR= Mediano da Rafe, Aq= Aqueduto cerebral. 34 5. RESULTADOS No presente estudo, foi possível observar claras diferenças na reação de imunoistoquímica anti-5-HT entre os grupos controle e experimental no DR, sobretudo entre os níveis médio e dorsal, onde os neurônios no DR dos animais controle estão em maior número e com maior intensidade na reação imunoistoquímica quando comparado ao grupo alcoólico (Figura 4). Entretanto, tais diferenças na intensidade da marcação imunorreativa dos corpos neuronais não foi tão claramente evidenciada na análise visual do MnR entre os grupos (Figura 5). Adicionalmente, observou-se diferenças estatisticamente significativas das médias da área (115,7 ± 1,81μm2 para o controle e 92,7 ± 0,9μm2 para o grupo alcoólico; p<0,0002), do diâmetro médio (12 ± 0,6μm para o grupo controle e 10,7 ± 0,05μm para o grupo alcoólico; p<0,0001) e do perímetro (43,4 ± 0,5μm para o grupo controle e 37,6 ± 0,2μm para o grupo alcoólico; p<0,0001) dos neurônios do DR quando comparado o grupo controle com os animais tratados com ETOH 20%. Por outro lado, nenhuma diferença estatisticamente significativa foi observada entre os grupos em relação ao tamanho médio dos neurônios do MnR (P>0,07) (Tabela 2). 35 Figura 4. Fotomicrografia em campo claro de secções coronais no sentido rostrocaudal do DR coradas pelo método de imunoistoquímica para 5-HT de animais controle (A, C e E) e alcoólico (B, D e F). Barra= 100μm. 36 Figura 4. Fotomicrografia em campo claro de secções coronais no sentido rostrocaudal do MnR coradas pelo método de imunoistoquímica para 5-HT de animais controle (A, C e E) e alcoólico (B, D e F). Barra= 100μm. 37 Tabela 2. Parâmetros morfométricos dos neurônios serotonérgicos no DR e MnR em camundongos adultos jovens submetidos a ingestão crônica de etanol à 20% comparados ao grupo controle. Os dados estão apresentados em média e erro padrão. Parâmetros Grupo Controle Grupo Experimental Água (n=6) Etanol 20% (n=8) DRN MnR DRN MnR Área (μm2) 115,7 ± 1,81a 83,4 ± 1,82 92,7 ± 0,9 80 ± 0,9 Diâmetro Max (μm) 13,5 ± 3 11,5 ± 0,4 11,4 ± 0,1 10,6 ± 0,01 Diâmetro Med (μm) 12 ± 0,6a 10 ± 0,1 10,7 ± 0,05 10 ± 0,06 Diâmetro Min (μm) 11,1 ± 0,1 7,6 ± 0,1 10 ± 0,07 9,3 ± 0,1 Perímetro (μm) 43,4 ± 0,5a 36,2 ± 0,6 37,6 ± 0,2 35 ± 1,6 a p<0,001 vs DRN grupo alcoólico, pelo test t. Na análise estereológica, estimou-se o volume do núcleo DR e MnR. Em nossos achados notou-se uma diminuição estatisticamente significativa do volume médio estimado do DR no grupo alcoólico (0,0174 mm3 para o controle e 0,0138 mm3 para o grupo alcoólico; p<0,001), mas nenhuma diferença significativa foi observada para o MnR (0,0077 mm3 para o controle e 0,0068 mm3 para o grupo alcoólico; p<0,07) (Tabela 3). Tabela 3. Análise estereológica dos núcleos DR e MnR em camundongos adultos jovens submetidos a ingestão crônica de etanol à 20%. Os dados estão apresentados em média. Grupo Volume DRN (mm3) Volume MnR (mm3) Controle 1 0,0171 0,0079 2 0,0167 0,0078 3 0,0172 0,0083 4 0,0187 0,0077 5 0,0162 0,0084 6 0,0185 0,006 Média 0,0174a 0,0077 ETOH 1 0,0141 0.0073 2 0,0138 0,007 3 0,0147 0,007 4 0,013 0,0066 5 0,0132 0,0067 6 0,0135 0,007 7 0,0148 0,0068 8 0,0133 0,0063 Média 0,0138 0,0068 a p<0,001 vs DRN grupo alcoólico, pelo test t. 38 Nos animais que receberam o tratamento com ETOH à 20% por um período de 60 dias, notou-se uma redução significativa da área, diâmetro e perímetro dos neurônios no DR e do volume médio estimado deste núcleo em comparação ao grupo controle, no entanto, essa diferença não foi observada nos neurônios do MnR (Figura 6). 115,7 92,7 0 20 40 60 80 100 120 140 1 2 Área (μm2 ) dos Neurônios do DRNA Controle ETOH 83,4 80 0 20 40 60 80 100 120 140 1 2 Área (μm2 ) dos Neurônios do MnRB Controle ETOH 12 10,7 0 2 4 6 8 10 12 14 1 2 Diâmetro (μm) dos neurônios do DRN C Controle ETOH 10 10 0 2 4 6 8 10 12 14 1 2 Diâmetro (μm) dos neurônios do MnR D ETOHControle 43,4 37,6 0 10 20 30 40 50 1 2 Perímetro (μm) dos neurônios do DRN E Controle ETOH 36,2 35 0 10 20 30 40 50 1 2 Perímetro (μm) dos neurônios do MnR F ETOHControle 39 Figura 6. Gráficos representativos dos parâmetros morfométricos e estereológicos dos núcleos DR e MnR. Em A, C, E e G compara a média da área, diâmetro, perímetro e volume, respectivamente, para o DR entre os grupos (p<0,001). Em B, D, F e H compara a média da área, diâmetro, perímetro e volume, respectivamente, para o MnR entre os grupos (p>0,05). Quanto ao peso corporal dos animais nenhuma diferença estatisticamente significativa foi vista entre os grupos nos períodos inicial e final do tratamento alcoólico. No início do experimento os camundongos estavam com idades entre 45-50 dias (final da adolescência) onde pesaram 27,6 ± 5,4g (grupo controle) e 28,9 ± 4,7g (grupo tratado). Já no final do experimento os animais do grupo controle e tratados estavam com idades entre 112-117 dias (idade adulta) e pesaram 35 ± 5,8g e 34,7 ± 5,1g respectivamente (p<0,27) (Figura 6). Figura 7. Média do peso dos animais no início (coluna branca) e no final do tratamento (coluna preta). P=0,27. 0,0174 0,0138 0 0,005 0,01 0,015 0,02 1 2 Volume (mm3) do DRNG Controle ETOH 0,0077 0,0069 0 0,005 0,01 0,015 0,02 1 2 Volume (mm3) do MnRH ETOHControle 27,79 28,94 35,29 34,86 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 1 2Controle ETOH 40 6. DISCUSSÃO O alcoolismo é um sério problema de saúde pública mundial envolvendo todas as classes sociais e com início cada vez mais precoce. Cerca de 75% dos adolescentes já tomaram ao menos uma dose de álcool até o final da adolescência e 20-40% já tomaram 5 ou mais doses, o que significa um consumo alcoólico pesado (MARSHALL, 2014). O uso de bebidas alcoólicas em períodos críticos de maturação e remodelamento cerebral pode implicar em consequências negativas na idade adulta. Ratos em estágios iniciais da adolescência submetidos a ingestão crônica de ETOH mostraram alterações na expressão gênica para 5-HT, receptores GABA-A e em canais iônicos no DR (MCCLINTICK et al., 2015). Possíveis alterações no sistema serotonérgico estão sempre ligados a transtornos comportamentais como ansiedade, depressão e estresse, acredita-se que isso aconteça devido a grande quantidade de eferências para centros de recompensa no cérebro (HALE et al., 2012; WASELUS et al., 2011). Atualmente percebe-se uma alta prevalência e incidência de casos de transtornos mentais, muitos desses casos, se não a maioria deles relacionam-se com alterações em alguns sistemas de neurotransmissores. A saúde mental brasileira passou por uma regulamentação importante, a chamada “reforma psiquiátrica” a partir da Lei no 10.216, de 6 de abril de 2001. Esta lei confere o direito de proteção aos indivíduos portadores de transtornos mentais e reformula o modelo de assistência no Brasil. Hoje o tratamento para os portadores da doença se dá objetivando a ressocialização com os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e não mais com os métodos de internação/aprisionamento (ALVES, 2015). No presente estudo, testou-se a hipótese da influência da ingestão alcoólica em uma concentração de 20% e por um período de 60 dias, pudesse causar alterações sobre a morfologia geral de dois núcleos serotonérgicos localizados no tronco encefálico, o DR e MnR, em camundongos machos no final da adolescência a fase adulta. Para examinar possíveis efeitos do alcoolismo sobre esses núcleos utilizamos métodos de imunoistoquímica e Nissl, além da quantificação morfométrica e estereológica nos animais em ambos os grupos controle e experimental. Há muito se suspeita do papel do sistema serotonérgico na regulação da ingestão alcoólica, assim como em distúrbios neuropsiquiátricos como a esquizofrenia, transtorno bipolar, depressão, ansiedade e até o suicídio. Camundongos submetidos ao alcoolismo, apresentaram um aumento significativo da expressão do mRNA para os receptores 5-HT2C e 5-HT7 no núcleos accumbens e no DR o que mostra uma função importante desses receptores 41 na modulação de preferência do álcool (YOSHIMOTO et al., 2012). Ver na literatura em relação aos receptores. O sistema serotonérgico desempenha um importante papel na manutenção da cronicidade do alcoolismo. Primatas não humanos, como o Macaco Rhesus, submetido a autoadministração de ETOH tiveram um aumento generalizado de ligações ao receptor 5- HT1A no giro cingular, hipocampo, amigdala, córtex pré-frontal dorsolateral, córtex parietal, córtex occipital e córtex temporal lateral (HILLMER et al., 2014). O DR é a região serotonérgica central no encéfalo e a principal origem deste sistema, estudos anteriores mostraram que alterações estruturais e/ou neuroquímicas podem provocar disfunção na síntese, liberação ou recaptação da 5-HT, desencadeando distúrbios no comportamento, principalmente o alcoolismo (CLONINGER, 1987; MANTERE et al., 2002). Um estudo realizado recentemente utilizando camundongos transgênicos, com deficiência ou hipofunção da enzima TPH, observou que estes animais apresentavam uma maior preferência à ingestão alcoólica em comparação com o grupo controle (selvagem), além de provocar comportamentos depressivos e agressivos, demonstrando que a diminuição da síntese de 5-HT pode favorecer a procura e a uma maior ingestão do ETOH alterando com isso o comportamento desses animais (SACHS; SALAHI; CARON, 2014). Nossos achados apontam uma diminuição na intensidade da reação de imunoistoquímica anti-5-HT nos neurônios do DR, principalmente nas porções médio e caudal do núcleo, mas o mesmo não foi observado no MnR. Um estudo utilizando a técnica de imunoistoquímica, em ratos submetidos ao alcoolismo por 42 dias, mostrou que a ingestão alcoólica por esse tempo provocou uma diminuição na imunorreatividade dos neurônios do DR mas não do MnR (EVRARD et al., 2006). Acredita-se que essa alteração aconteça devido a grande quantidade de neurônios serotonérgicos no DR, deixando o núcleo mais susceptível à alterações em sua estrutura (JACOBS; AZMITIA, 1992). No presente estudo, notou-se uma significativa diminuição da área, diâmetro e perímetro dos neurônios do DR nos animais tratados com ETOH à 20%. Corroborando esses achados, um estudo utilizando a Fluoxetina, um ISRS, em camundongos recém-nascidos, entre o primeiro e o vigésimo primeiro dia pós-natal, notou-se uma diminuição significativa de todos os parâmetros morfométricos inclusive na quantidade de neurônios do DR e no MnR. Este dado indica que uso dos ISRS em períodos críticos do desenvolvimento pode diminuir o metabolismo das células serotonérgicas na rafe, reduzindo a síntese de 5-HT o que pode levar a redução do ganho do peso corporal e retardo do crescimento (SILVA et al., 2010). 42 Tanto a Fluoxetina quanto o Citalopram, ambos ISRS, são utilizados em indivíduos com sintomas depressivos e com transtorno de personalidade. Mas recentemente em um estudo utilizando encéfalos de humanos, onde mediou-se a quantidade de ligações do Citalopram ao 5-HTT, foi observado uma grande diminuição dessa ligação em áreas como ínsula posterior, giro cingulado posterior e giro parahipocampal nos indivíduos alcoólicos quando comparados ao não alcoólicos. Portanto, sugere-se que em indivíduos alcoólicos não se ligue de forma efetiva ao 5-HTT, resultando em uma quantidade reduzida da 5-HT na fenda sináptica, diminuindo a cognição social e aumentando reação álcool dependente (KÄRKKÄINEN et al., 2015). Além de alterações metabólicas, cardiovasculares, disfunção e neoplasias do trato gastrintestinal, a cronicidade alcoólica pode provocar perda neuronal em algumas áreas no encéfalo como alterações das camadas, redução do volume e da quantidade de neurônios no hipocampo, redução da população microglial e de astrócitos, além de aumentar a sensibilidade de certos tipos de neurônios a algumas substâncias tóxicas (MASTERS, 2006; OLIVEIRA, 2013; POMP; ROSENDAAL; DOGGEN, 2008; TESTINO, 2010). Experimentos utilizando ratos, os qual foram submetidos a ingestão alcoólica crônica com prévia infusão via intra-cerebro-ventricular (i.c.v) de uma neurotoxina específica para neurônios serotonérgicos, a 5,7 dihidroxitriptamina, mostraram uma significativa redução dos neurônios imunomarcados quando comparado ao grupo não alcoólico, ou seja, o consumo do excessivo do ETOH aumentou a destruição dos neurônios serotonérgicos do DR (VASUDEVA; HOBBY; KIRBY, 2015). Alterações na estrutura neural e química no encéfalo, associada à modificações em alguns sistemas de neurotransmissores, como o serotonérgico, envolvendo alterações genéticas ou diminuição da síntese, podem desencadear transtornos severos como esquizofrenia, mudança de personalidade, depressão maior e suicídio (TEMMINGH; STEIN, 2015). Nesse contexto, corroborando com nossos achados morfométricos, um estudo utilizando tecido de humanos com histórico de depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia e suicídio, percebeu-se que a área do DR desses indivíduos estava diminuída em comparação ao grupo controle, propondo que alterações morfológicas nesse núcleo serotonérgico pode provocar alterações psiquiátricas e comportamentais severas (MATTHEWS; HARRISON, 2012). No entanto, o alcoolismo crônico pode degenerar os neurônios serotonérgicos, provocando uma importante e expressiva redução neuronal e tal perda poderá repercutir em implicações clínicas significativas para o indivíduo (HALLIDAY et al., 1993). 43 Nossos também encontramos uma diminuição significativa do volume total estimado do DR no grupo alcoólico, mas não do MnR. Contundo, dados estereológicos do DR são muito escassos na literatura atual, mas um estudo utilizando cortes encefálicos de humanos com histórico de alcoolismo estimou e comparou o volume desse núcleo e viu que não havia diminuição significativa entre os indivíduos alcoólicos e os não alcoólicos. Entretanto, este estudo apresenta algumas limitações, tais como o número de indivíduos muito pequeno e o método da escolha da amostra, o qual foi utilizado a autópsia documental e verbal para selecionar os sujeitos alcoólicos. Neste método se faz uma entrevista com familiares e se investiga os registros médicos, podendo não ser eficaz (UNDERWOOD; MANN; ARANGO, 2007). É sabido que o sistema serotonérgico desempenha um importante papel na modulação do comportamento alimentar, tal importância é observada devido a utilização de drogas sacietógenas, onde o mecanismo de ação se dá bloqueando a ação do 5-HTT, resultando em uma maior concentração da 5-HT na fenda sináptica ou de uma alimentação rica em triptofano, precursor da 5-HT (BANO et al., 2015). Em nossa pesquisa o peso dos animais não foi diferente significativamente em ambos os períodos pré e pós-tratamento. A manutenção do ganho do peso corporal pode ser explicada devido ao período inicial do tratamento (adolescência), portanto os animais tendem a aumentar o peso com a maturação da idade. Estudos alcoólicos utilizando ratos adolescentes também não encontraram nenhuma diferença do peso entre os grupos (EVRARD et al., 2006). Contudo, tratamento pós-natal imediato com ISRS provocam perda dos neurônios serotonérgicos implicando na diminuição do ganho do peso corporal nos animais tratados (SILVA et al., 2010). 44 6. CONCLUSÃO Nós mostramos que a ingestão crônica do ETOH à uma concentração de 20% em camundongos no final da adolescência ao início da fase adulta, provoca alterações morfológicas nos neurônios e no núcleo DR, importante região de síntese de 5-HT no encéfalo. Nessa perspectiva, foi possível observar claramente uma redução na reação imunoistoquímica nos neurônios serotonérgicos, principalmente nas porções médio e caudal do DR, e uma diminuição estatisticamente significativa da área, diâmetro e perímetro desses neurônios, bem como redução do volume médio estimado do DR nos camundongos tratados. No entanto, não foi visto nenhuma alteração desses parâmetros nos neurônios e no núcleo MnR, como também nenhuma diferença na média do peso entre os grupos nos períodos pré e pós tratamento. 45 REFERÊNCIAS ADHAM, N. et al. Cloning of another human serotonin receptor (5-HT1F): a 5-HT1 receptor subtype coupled to the inhibition of adenylate cyclase. 5. ed. Proc Natl Acad Sci USA, v. 90, p. 408-412, 1993. ALVES, D. S. N. Memória da Loucura: reforma psiquiátrica. Disponível em: . Acesso em: 29/11/2015. AMINOFF, M. J. Neurology and General Medicine. 4th. Ed.: Churchill Livingstone, 2007. ANDERSEN, B. B. Reduction of Purkinje cell volume in cerebellum of alcoholics. Brain Research, v. 1007, p. 10-18, 2012. APFEL, M. I. R. et al. Estudo estereológico das células de purkinje cerebelares submetidas à intoxicação alcoólica em ratos wistar. Arquivos de Neuropsiquiatria, v. 60, n. 2-A, p. 258- 263, 2002. ARACKAL, B. S. BENEGAL, V. Prevalence of sexual dysfunction in male subjects with alcohol dependence. Indian Journal Psychaitry. v. 49, p. 109-112, 2007. AZMITIA, E. C; GANNON, P.J. The ultrastructural localization of serotonin immunorreactivity in myelinated and unmyelinated axons within the medial forebrain bundle of rat and monkey. Journal of Neuroscience. v. 3, p. 2083-2090, 1983. AZMITIA, E. C; SEGAL, M. An autoradiographic analysis of the differential ascending projections of the dorsal and median raphe nuclei in the rat. J. Comp. Neurol. v. 179, p. 641- 666, 1978. BACH-MIZRACHI, H. et al. Elevated expression of tryptophan hydroxylase-2 mRNA at the neuronal level in the dorsal and median raphe nuclei of depressed suicides. Molecular Psychiatry, v. 13, p. 507-513, 2008. BANO, F. AHMED, A. AHMED, M. PARVEEN, T. Anethum graveolens seeds aqueous extract stimulates whole brain 5-hydroxytryptamine metabolism and reduces feeding behavior and body weight in obese rats. Pak J Pharm, v. 28, p. 221-225, 2015. 46 BAKER, K. G; HALLIDAY, G. M. Ascending noradrenergic and serotonergic system in the human brainstem. Neurotransmitters in the human brain. Plenum Press, New York. p. 155- 171, 1995. BALIUNAS, D.O. et al. Alcohol as a risk factor for type 2 diabetes:a systematic review and meta-analysis. Diabetes Care. v. 32, p. 2123-2132, 2009. BALLONE, G. J. Fisiopatologia da Depressão, in. PsiqWeb, Internet, disponível em: http://www.psiqweb.med.br/, atualizado em 2007. Acesso em: abr. 2014. BALLONE, G. J; MOURA, E.C. Alterações Hormonais no Estresse - in. PsiqWeb, Internet, disponível em: http://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2008. Acesso em: abr. 2014. BARONE, P. et al. Quantitative autoradiograpy of 5-HT1E binding sites in rodents brains: effect of lesion of serotonergic neurons. Eur J Pharmacol, v. 249, p. 221-230, 1993. BAXTER, G. et al. 5-HT2 receptor subtypes: a family re-united? Trends Pharmacol Sci, v. 16, p. 105-110. 1995. BIERUT, L. J .Genetic vulnerability and susceptibility to substance dependence. Neuron, v. 69, n. 4, p. 618–627. 2011. BJARKAM, C.S; SORENSEN, J.C; GENESER, F.A. Distribution and morphology of serotonin-immunorreactive neurons in the brainstem of the New Zealand white rabbit. J. Comp. Neurol. v. 380, p. 507-519, 1997. BLOCK, M; ZUCKER, I. Circadian rhythms of rat locomotor activity after lesions of the midbrain raphe nuclei. Journal of Comparative Physiology, v. 109, p. 235-247, 1976. BRODIE, B; SHORE, P. A concept for a role of serotonin and norepinephrine as chemical mediators in the brain. Annals of the New York Academy of Sciences, v. 66, p. 631-642, 1957. BRUINVELS, A. T. et al. Autoradiographic characterization and localization of 5-HT1D compared to 5-HT1B binding sites in rat brain. Naunyn-Schmiedeberg´s Arch Pharmacol, v. 347, p. 569-582, 1993. BURNET, P. W. J. et al. The distribution of 5-HT 1A and 5-HT2A receptors mRNA in human brain. Brain Res, v. 676, p. 157-168, 1995 47 BURNETT, E. J. et al. The effects of chronic ethanol selfadministration on hippocampal serotonin transporter density in monkeys. Frontiers in Psychiatry, v. 3, n. 38, 2012. CASTRO, E. et al. Differential distribution of [3H] sumatriptan binding sites (5-HT1B, 5- HT1D and 5-HT1F) in human brain: focus on brain stem and spinal cord. Neuropharmacology, v. 36, p. 535-542, 1997. CAVALCANTE, J. S. et al. Differential distribution of afferents containing serotonin and neuropeptide Y within marmoset suprachiasmatic nucleus. Brains Res. v. 927, p. 200-203, 2002. CDC. Centers for Disease Control and Prevetion. Alchol and Public Health. 2014. Disponível em: http://www.cdc.gov/alcohol/about.htm. Acesso em: abr. 2014. CHARARA, A; PARENT, A. Chemoarchitecture of the primate dorsal raphe nucleus. J. Chem. Neuroanat. v. 72, p. 111-127, 1998. CLONINGER C. R. Neurogenetic adaptative mechanisms in alcoholism. Science, v. 236, p. 410-416, 1987. COLLINS, M. A. et al. Brain damage due to episodic alcohol exposure in vivo and in vitro: furosemide neuroprotection implicates edema-based mechanism. Faseb Jounal, v. 12, p. 221- 30, 1998. COSTIN, B. N. MILES, M. F. Molecular and neurologic responses to chronic alcohol use. Handbook of Clinical Neurology, cap. 10, v. 125, p.157-171, 2014. CRABBE, J. C. et al. Elevated alcohol consumption in null mutant mice lacking 5-HT1B serotonin receptors. Nature Genetics, v. 14, p. 98-101, 1996. CREWS, F. T; NIXON, K. Mechanisms of neurodegeneration and regeneration in alcoholism. Alcohol and Alcoholosm, v. 44, p. 115-127, 2009. DAHLSTROM, A; FUXE, K. Evidence of the existence of monoamine-containing neurons in the central nervous system. I. Demonstration of monoamines in the cell bodies of brain stem neurons. Acta Physiol Scand. v. 62, n. 232, p. 1-55, 1964. DAS, S. et al. Ceftriaxone attenuates ethanol drinking and restores extracellular glutamate 48 concentration through normalization of GLT-1 in nucleus accumbens of male alcohol- preferring rats. Neuropharmacology, v. 97, p. 67-74, 2015. DAVIS, M. The role of GABAA receptors in mediating the effects of alcohol in the central nervous system. J Psychiatry Neurosci. v. 28, n. 4, p. 263-274, 2003. DERIÓ, T. C. J. et al. Neonatal exposure to citalopram, a serotonin selective reuptake inhibitor, programs a delay in the reflex ontogeny in rats. Arquivos de Neuropsiquiatria, v. 66, n. 3-b, p. 736-740, 2008. DSM-5. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. New School Library, 5. ed. Washington, 2013. DUXON, M. S. et al. Evidence for the expression of the 5-hydroxytriptamine2B receptor protein in the rat central nervous system. Neuroscience, v. 76, p. 323-329, 1997. ENGEL, S. R. et al. 5-HT3 receptor over-expression decreases ethanol self administration in transgenic mice. Psychopharmacology, v. 140, p. 243-248, 1998. ERLANDER, M. G. et al. Two members of a distinct subfamily of 5-hydrxytriptamine receptors differentially expressed in rat brain. Proc Natl Acad Sci, v. 90, p. 3452-3456, 1993. EVRARD, S. G. et al. A low chronic ethanol exposure induces morphological changes in the adolescent rat brain that are not fully recovered even after a long abstinence: An immunohistochemical study. Experimental Neurology, v. 200, p. 438-459. FALCK, B. et al. Fluorescence of catecholamines and related compounds condensed with formaldehyde. Journal Histochemical Cytochem,. v. 10, p. 348-354, 1962. FEIJÓ, F. M. et al. Serotonina e controle hipotalâmico da fome: uma revisão. Revista da Associação Médica Brasileira, Porto Alegre, v. 57, n. 1, p. 74-77, nov. 2011. FEINN, R. et al. Meta-analysis of the association of a functional serotonin transporter promoter polymorphism with alcohol dependence. American Journal of Medical Genetics Part B: Neuropsychiatric Genetics, v. 133B, p. 79-84, 2005. FELTEN, D.L. LATIES, A.M. CARPENTE, M.B. Monoamine-containing cel bodies in the squirrel monkey brain. Am. J. Anat. v. 139, p. 153-166, 1974. 49 FELTEN, D.L; SLADEK, J.R. Monoamine distribution in primate brain. V. Monoamine distribution in primate brain. V. Monoaminergic nuclei: anatomy, pathways and local organization. Brain Res. Bull. v. 10, p. 171-284, 1983. FITE, K.V. et al. Retinal afferents to the dorsal raphe nucleus in rats and mongolian gerbils. J. Comp. Neurol. v. 414, p. 469-484, 1999. FRAZÃO, R. et al. Evidence of reciprocal connections between the dorsal nuclus ad retina in the monkey Cebus paella. Neroscience Letters. v. 430, p. 119-123, 2008. GADDUM, J. H; PICARELLI, Z. P. Two kinds of tryptamine receptor. Br J Pharmacol. v. 12, p. 323-328, 1957. GARFIELD, A. S; HEISLER, L.K. Pharmacological targeting of the serotonergic system for the treatment of obesity. Journal of the Physiology, v. 587, n. 1, p. 49-60, 2009. GÉRALD, C. et al. Immuno-localization of serotonin 5-HT6 receptor-like material in the rat central nervous system. Brain Res, v. 746, p. 207-219, 1997. GILBERT, S. G. A small dose of alcohol. 2011. Disponível em: http://toxipedia.org/display/dose/Alcohol. Acesso em: maio de 2014. GOODLETT, C. R. et al. Alcohol Teratogenesis: Mechanisms of Damage and Strategies for Intervention. Experimental Biology and Medicine, v. 230, p. 394-406, 2005. GRAEFF, F. G. Ansiedade. In: GRAEFF, F. G; BRANDÃO M. L. editores. Neurobiologia das Doenças Mentais. 4. ed. São Paulo: Lemos. p. 109-144. 1997 GUNDERSEN, H. J. G. et al. The efficiency of systematic sampling in stereology – reconsidered. J Microsc . v. 193, p. 199–211. 1999. GUYTON, A. C; HALL, J. E. : Tradução de Barbara de Alencar Martins et al. Tratado de Fisiologia Médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. 4ª tiragem. HALBACH, O. V. B. U; DERMIETZEL, R. Neurotransmitters. In:________. Neurotransmitters and Neuromodulators. Weinheim: Wiley-VHC, cap. 3, p. 132-143a. 2006a. 50 HALBACH, O. V. B. U; DERMIETZEL, R. Serotonin (5-hydroxytriptamine). In: Neurotransmitters and neuromodulators: handbook of receptors and biological effects. Weinheim: Wiley-VCH. p. 132-142, 2006b. HALE, M. W. SHEKHAR, A. LOWRY, C. A. Stress-related serotonergic systems: implications for symptomatology of anxiety and affective disorders. Cell Mol Neurobiol, v. 32, p. 695–708. 2012 HALLIDAY, G. et al. Brainstem serotonergic neurons in chronic alcoholics with and without the memory impairment of Korsakoff’s psychosis. Journal of Neuropathology and Experimental Neurology, v. 52, p. 567-579, 1993. HARPER, C. G; BLUMBERGS, P. C. Brain weights in alcoholics. Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, v. 45, n. 9, p. 838-840, 1982. HASIN, D. et al. Prevalence, correlates and disability associated with DSM-IV alcohol abuse and dependence. Archives of General Psychiatry, v. 64, n. 7, p. 83-842, 2007. HIGLEY, J. D. et al. A nonhuman primate model of type II excessive alcohol consumption? Part 1. Low cerebrospinal fluid 5- hydroxyindoleacetic acid concentrations and diminished social competence correlate with excessive alcohol consumption. Alcoholism: Clinical and Experimental Research, v. 20, p. 629-642, 1996. HILLMER, A. T. et al. The effects of chronic alcohol self-administration on serotonin- 1Areceptor binding in nonhuman primates. Drug and Alcohol Dependence, v. 144, p. 119- 126, 2014. HORNUNG, J. P; FRITSCHY, J.M. Serotonergic system in the brainstem of the marmoset: a combined immunocytochemical and three-dimensional reconstruction study. J. Comp. Neurol. v. 270, p. 471-487, 1988. HOWARD, C.V. REED, M.G. Unbiased Stereology. Three-Dimensional Measurement in Microscopy. Liverpool, QTP Publications, p. 39–56. 2010. HOYER, D. et al. International union of pharmacological classification of receptor for 5- hydroxytriptamine (serotonin). Pharmacol Rev. v. 46, p. 157-193, 1994. 51 HUFFMAN, D. M. et al. Effect of n-3 fatty acids on free tryptophan and exercise fatigue. European Journal of the Appl Physiology, v. 92, p. 584-591, 2004. HUMPHREY, P. P. A. et al. A proposed new nomenclature for 5-HT receptors. Trends Pharmacol Sci. v. 14, p. 233-236, 1993. IMAI, H. et al. The organization of divergent axonal projetions for the midbrain raphe nuclei in the rat. J. Comp. Neurol. v. 243, p. 363-380, 1986. INCA. Instituto Nacional do Câncer. Consumo de bebidas alcoólicas cresce no país, preocupa autoridades e alvo de políticas de prevenção e de controle. 2014. Disponível em:. Acesso em: maio de 2014. ICD. International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems. 10. ed. 2015/2016 ICD-10-CM Diagnosis Codes. Disponível em: http://www.icd10data.com. Acessado em: Julho de 2015. JACOBS, B. L; AZMITIA, E. C. Structure and function of the brain serotonin system. Physiological Reviews, v. 72, p. 165-229, 1992. JACOBS, B.L; GANNON, P.J; AZMITIA, E.C. Atlas serotonergic cell bodies in the cat brainstem: an immunocytochemical analysis. Brain Res. Bull. v. 13, p. 1-31, 1984. JANAK, P. H. LONG, V. Extrasynaptic GABAA Receptors and Alcohol. Neurobiology of Alcohol Dependence, p. 251-265, 2014. JANVALE, G. KENDRE, S. MEHROTA, S. Mental and behavioural disorders related to alcohol and their effects on EEG signals – An overview. Procedia - Social and Behavioral Sciences, v. 133, p. 116-121, 2014. JOUVET, M. Biogenic amines and the states of sleep. Science, v. 163, p. 32-41, 1969. KAM, L. M; MOBERG, G.P. Effect of raphe lesions on the circadian pattern of wheel running in the rat. Physiology and Behavior, v. 18, p. 213-217, 1977. KÄRKKÄINEN, O. et al. Lower [3H]Citalopram Binding in Brain Areas Related to Social Cognition in Alcoholics. Alcohol and Alcoholism, v. 50, p. 46-50, 2015. 52 KENT, O. L; SALDEK, J. R. Histochemical, pharmacological and microspectrofluorometric analysis of new sites of serotonin localization in the rat hypothalamus. Journal of Comparative Neurology, v. 180, p. 221-236, 1978. KOLB, L. Drug addiction: a medical problem, Springfield, Ill: Thomas; 1962. LAM, D. D. et al. Serotonin 5-HT2C Receptor Agonist Promotes Hypophagia via Downstream Activation of Melanocortin 4 Receptors. Endocrinology, v. 149, n. 3, p. 1323- 1328, Mar. 2008. LEMOINE, P. et al. Les enfants de parents alcooliques: Anomalies observées, a propos de 127 cas. Ouest-Medical, v. 21, p. 476-482, 1968. MARGIS, R. et al. Relação entre estressores, estresse e ansiedade. Revista de Psiquiatria, Rio Grande do Sul, v. 25, n. 1, p. 65-74, abril, 2003. MANTERE, T. et al. Serotonin transporter distribution and density in the cerebral córtex of alcoholic and nonalcoholic comparison subjects: a whole-hemisphere autoradiography study. Am J Psychiatry, v. 159, p. 599-606, 2002. MARSHALL, E. J. Adolescent alcohol use: risks and consequences. Alcohol Alcohol, v. 49, p.160-164, 2014. MASTERS, S. B. Os alcoóis. In.: KATZUNG, Bertram G. Farmacologia: básica & clínica. 9. ed. Rio de Janeiro; Guanabara-Koogan, p. 309-318, 2006. MATTHEWS, P.R. HARRISON, P.J. A morphometric, immunohistochemical, and in situ hybridization study of the dorsal raphe nucleus in major depression, bipolar disorder, schizophrenia, and suicide. Journal of Affective Disorders. v. 137, p. 125-134, 2012. MCCLINTIC, J. N. et al. Gene expression changes in serotonin, GABA-A receptors, neuropeptides and ion channels in the dorsal raphe nucleus of adolescente alcohol-preferring (P) rats following binge-like alcohol drinking. Pharmacology, Biochemistry and Behavior, v. 129, p. 87-96, 2015. MENGOD, G. et al. 5-HT receptors in mammalian brain: receptor autoradiography and in situ hybridization studies of new ligands and newly identified receptors. Histochem J, v. 28, p. 747-758, 1996. 53 MEYERS, S. Use of Neurotransmitter Precursors for Treatment of Depression. Revista Alternative Medicine, v. 5, p. 64-71, 2000. MILLER, K. J. TEITLER, M. Quantitative autoradiograpy OF 5-CT sensitive (5-HT1D) and 5-CT insensitive (5-HT1E) serotonin receptors in human brain. Neurosci Lett, v. 136, p. 223- 226, 1992. MOORE, R. Y. et al. Serotonin neurons of the midbrain raphe: ascending projections. J. Comp. Neurol. v. 180, p.417-438, 1978. NAKAMURA, T. et al. Association of a polymorphism of the 5HT2A receptor gene promoter region with alcohol dependence. Molecular Psychiatry, v. 4, n. 1, p. 85-88, 1999. NAVES, A; PASCHOAL, V.C.P. Regulação funcional da obesidade. Conscientiae Saúde, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 189-199, 2007. NIAAA. National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism. Alcohol Facts and statistics. 2012. Disponível em: http://www.niaaa.nih.gov/alcohol-health/overview-alcohol- consumption/alcohol-facts-and-statistics. Acesso em: maio de 2014. NOGUEIRA, M. I. et al. Afferent connections of the caudal raphe pallidus nucleus inrats: a study using the fluorescent retrograde tracers fluorogold and true-blue. Ann. Ant. v. 181, p. 35-45, 1999. OLIVEIRA, A. C. A. Redução do volume hipocampal, perda neuronal e Alterações gliais em ratos expostos cronicamente ao etanol da adolescência à fase adulta. 2013. 65f. Dissertação (Mestrado em Neurociências e Biologia Celular) – Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará, Belém, 2013. PARENT, A; DESCARRIES, L; BEAUDET, A. Organization of ascending serotonin systems in the adult rat brain. A radioautographic study after intraventricular administration of [3H]5- HT. Neuroscience. v. 6, p.15-138, 1981. PAXINOS, G; WATSON, C. 2007. The rat brain in stereotaxic coordinates. 2ª Ed. Academic Press. San Diego. PAZOS, A. et al. The binding of serotonergic ligands to the porcine choroid plexus: characterization of seorotonin recognition site. Eur J Pharmacol, v. 106, p. 539-546, 1984. 54 PAZOS, A. et al. Quantitative autoradiographic mapping of serotonin receptors in the rat brain. II. Serotonin-2 receptors. Brain Res, v. 346, p. 231-249, 1985. PEROUTKA, S. J.; SNYDER, S. H. Multiple serotonin receptors: differential binding of [3H] 5-hidroxytryptamine, [3H] lysergic acid diethylamide and [3H] spiroperidol. Mol Pharmacol. v. 16, p. 687-699, 1979. PETRAKIS I. L et al. Comorbidity of alcoholism and psychiatric disorders. Alcohol Res Health. v. 26, p. 81-89. 2002. PETRISIC, M. S; AUGOOD, S. J; BICKNELL, R. J. Monoamine Transporter Gene Expression in the Central Nervous System in Diabetes Mellitus. Journal of Neurochemistry, Philadalphia, v. 68, n. 6, p. 2435-2441, 1997. PEYRON, C. et al. Forebrain afferents to the rat dorsal raphe nucleus demonstrated by retrograde tracing methodos. Neuroscince. v. 82, p. 443-468, 1998. PINATO, L. et al. A comparative study of cytoarchitecture and serotonergic afferents in the suprachiasmatic nucleus of primates (Cebus apella and Callithrix jaccus) and rats (Wistar and long Evans strains). Brains Res. v. 1149, p. 101-110, 2007. POMP, E. R.; ROSENDAAL, F. R. e DOGGEN, C. J. Alcohol consumption is associated with a decreased risk of venous thrombosis. Thromb Haemost, v. 99, n.1, p. 59-63, 2008. POPOVIC, M. et al. Adult rat’s offspring of alcoholic mothers are impaired on spatial learning and object recognition in the Can test. Behavioural Brain Research, v. 174, p. 101- 111, 2006. PURVES, D. et al. Neurotransmitters and Their Receptors. In: Neuroscience. 3. ed. Sunderland: Sinauer. cap. 6, p. 129-163, 2004 QUELLO, S.B. et al. Mood disorders and substance use disorder: a complex comorbidity. Sci Pract Perspect. v. 3, p. 13-21, 2005. RAPPORT, M. et al. Crystalline Serotonin. Science, v. 108, p. 329-330, 1948a. RAPPORT, M. et al. Partial purification of the vasoconstrictor in beef serum. J Biol Chem, v. 174, p. 735-741, 1948b. 55 RAPPORT, M. et al. Serum vasoconstrictor IV. Isolation and characterization. J Biol Chem, v. 176, p. 1244-1251. 1948c. REHM, J. The risks associated with alcohol use and alcoholism. Alcohol Research & Health. v. 34, p. 135-143, 2011. RIBEIRO, E. B. Studying the central control of food intake and obesity in rats. Revista de Nutrição, Campinas, v. 22, n. 1, p. 163-171, jan/fev. 2009. ROHLFS, I. C. P. M. et al. Relação da síndrome do excesso de treinamento com estresse, fadiga e serotonina. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 11, n. 6, p. 367-372, Nov/Dez 2005. ROOM, R.; BABOR, T.; REHM, J. Alcohol and public health. Lancet. v. 365, p. 519–30, 2005. ROSSI, L.; TIRAPEGUI, J. Implicações do Sistema Serotoninérgico no Exercício Físico. Arquivos Brasileiro de Endocrinologia & Metabologia, São Paulo, v. 48, n. 2, p. 227-233, abr. 2004. SACHS, B. D.; SALAHI, A. A.; CARON, M. G. Congenital brain serotonin deficiency leads to reduced ethanol sensitivity and increased ethanol consumption in mice. Neuropharmacology. v. 77, p. 177-184, 2014. SILVA, C.M. et al. Postnatal fluoxetine treatment affects the development of serotonergic neurons in rats. Neuroscience Letters. v. 483, p. 179-183, 2010. SILVERI, M.M. GABAergic contributions to alcohol responsivity during adolescence: Insights from preclinical and clinical studies. Pharmacology & Therapeutics, v. 143, p. 197- 216, 2014. SOARES, J. G. et al. Nuclear organization of the serotonergic system in the brain of the rock cavy (Kerodon rupestris). J Chem Neuroanat. v. 43, p. 112-119, 2012. SPANAGEL, R. et al. The clock gene Per2 influences the glutamatergic system and modulates alcohol consumption. Nature Medicine. v. 11, p. 35-42, 2005. 56 STEINBUSCH, H. W. M. Distribution of serotonin-immunorreactivity in the central nervous system of the rat cell bodies and terminals. Neurosscience. v. 3, p. 557-618, 1981. STOWE, R. L; BARNES, N. M. Cellular distribution of 5-HT7 receptor mRNA in rat brain. Br J Pharmacol, v. 123, p.229, 1998. SAMHSA. Substance Abuse and Mental Health Services Administration. National Survey on Drug Use and Health (NSDUH). Alcohol Use in Lifetime, Past Year, and Past Month among Persons Aged 18 or Older, by Demographic Characteristics: Percentages, 2012 and 2013. SZUMLINSKI, K. WOODWARD, J. J. Glutamate Signaling in Alcohol Abuse and Dependence. Neurobiology of Alcohol Dependence, p. 173-206, 2014. TABER, E; BRODAL, A; WALBERG, F. The raphe nuclei f the brain inthe cat. I. Normal topography and cytoarchitecture and general discussion. J. Comp. Neurol. v. 114, p. 161- 167, 1960. TAKEUCHI, Y; KIMURA, H; SANO, Y. Immunohistochemical demonstration of the distribution of serotonin neurons in the brainstem of the rat and the cat. Cell Tissue Res. v. 224, p. 247-267, 1982. TECOTT, L. H. et al. Nervous system distribution of the serotonin 5-HT3 receptor messenger RNA. Proc Natl Acad Sci, v. 90, p. 1430-1434. 1993. TEMMINGH, H. STEIN, D. J. Anxiety in Patients with Schizophrenia: Epidemiology and Management. CNS Drugs, v. 19, p. 819-832, 2015. TESTINO, G; BORRO, P. Alcohol and gastrointestinal oncology. World Journal of Gastrointestinal Oncology, v. 2, p. 322-332, 2010. TORK, I. Raphe nuclei serotonin containing systems. In: PAXINOS, G. (Eds.). The rat nervous systems. Sydney: Academic press. p. 43-78, 1985. TORK, L. Anatomy of the serotonergic system. Ann. N. Y. Acad. Sci. v. 600, p. 9-35, 1990. TORK, I. Raphe nuclei serotonin containing systems. In: PAXINOS, G. (Eds.). The rat nervous systems. Sydney: Academic press, 1985. p. 43-78. 57 UNDERWOOD, M. D; MANN, J.J; ARANGO, V.. Morphometry of Dorsal Raphe Nucleus Serotonergic Neurons in Alcoholism. Alchol Clin Exp Res, v. 31, n. 5, p. 837-845, 2007. VASUDEVA, R. K.; HOBBY, A. R.; KIRBY, L. G. Ethanol consumption in the Sprague– Dawley rat increases sensitivityof the dorsal raphe nucleus to 5,7-dihydroxytryptamine. Behavioural Brain Research, 2015. VERGÉ, D. et al. Quantitative autoradiograpy of multiple 5-HT1 subtypes in brains of control or 5,7-hidroxytriptamine-treated rats. Journal of the Neuroscience. v. 6, p. 3473-3482, 1986. VERGÉ, D; CALAS, A. Serotoninergic neurons and serotonin receptor: gains from the cytochemical approaches. J. Chem Neuroanat. v. 18, p. 41-58, 2000. VERTES, R.P.; A PHA-L anaysis of ascending projections of the dorsal raphe nucleus in the rat. J. Comp. Neurol. v. 313, p. 643-668, 1991. VERTES, R.P; KOCSIS, B. Projections of the dorsal raphe nuclei to the brainstem: PHAL analysis in the rat. J. Comp. Neurol. v. 340, p. 11-26, 1994. VERTES, R.P. et al. Projections of the median raphe nucleus in the rat. J. Comp. Neurol. v. 407, p. 11-26, 1999. WASELUS, M.; VALENTINO, R. J.; VAN BOCKSTAELE, E. J. Collateralized dorsal raphe nucleus projections: a mechanism for the integration of diverse functions during stress. J Chem Neuroanat, v. 41, p. 266–80. 2011. WEI, J. et al. Alteration of glutamate/GABA balance during acute alcohol intoxication in rats: Effect of Xingnaojing injection. Journal of Ethnopharmacology, v. 166, p. 333-339, 2015. WESTRICH, L; SPROUSE, J; SÁNCHEZ, C. The effects of combining serotonin reuptake inhibition and 5-HT7 receptor blockade on circadian rhythm regulation in rodents. Physiology & Behavior., v. 110, n. 111, p. 42-50, 2013. WHO. World Health Organization. Global strategy to reduce the harmful use of alcohol. 2010. Disponível em: http://www.who.int/substance_abuse/activities/gsrhua/en/. Acesso em: maio de 2014. 58 WHO. World Health Organization. Coutry Profiles: alcohol consumption. 2011. Disponível em: http://www.who.int/gho/alcohol/consumption_levels/en/. Acesso em: maio de 2014. WHO. World Health Organization. Global status report on alcohol and health 2014. Disponível em: http://www.who.int/substance_abuse/publications/global_alcohol_report/en/. Acesso em: maio de 2014. YOSHIMOTO, K. et al. Serotonin2C receptors in the nucleus accumbens are involved in enhanced alcohol-drinking behavior. European Journal of Neuroscience, v. 35, p. 1368– 1380, 2012. 59 ANEXO 1. Protocolo de aprovação da Comissão de Ética no Uso de Animais - CEUA