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Título: As Olimpíadas entre mito e realidade: um estudo etnográfico do imaginário da população do Rio de Janeiro sobre o uso do território no âmbito dos jogos olímpicos de 2016
Autor(es): Vico, Roberto Paolo
Orientador: Azevedo, Francisco Fransualdo de
Palavras-chave: Megaeventos esportivos;Uso corporativo do território;Transformações socioespaciais;Imaginário;Mito;“Mitodologia”;Jogos Olímpicos de Rio de Janeiro 2016
Data do documento: 18-Dez-2020
Editor: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Referência: VICO, Roberto Paolo. As Olimpíadas entre mito e realidade: um estudo etnográfico do imaginário da população do Rio de Janeiro sobre o uso do território no âmbito dos jogos olímpicos de 2016. 2020. 477f. Tese (Doutorado em Geografia) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2020.
Resumo: Os megaeventos esportivos, como os Jogos Olímpicos, podem gerar inúmeros problemas quando são organizados por países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento como o Brasil, porque esses países se caracterizam por um sistema sociopolítico instável e com uma oferta de serviços que ainda não é suficientemente desenvolvida portanto, apenas uma pequena faixa da população local se beneficia dos investimentos. Constatamos que os grupos mais vulneráveis sofrem os efeitos negativos de tais eventos, como as remoções e despejos da população residente nas áreas de interesse do evento, assim como aconteceu com as comunidades das áreas geográficas de estudo do Rio de Janeiro em análise: Aldeia Maracanã, Vila Autódromo, Morro da Providência e Favela do Metrô-Mangueira. Essa dinâmica seletiva acentua claramente as desigualdades entre a população de um determinado território e o restante dos habitantes, aumentando de fato as fragmentações territoriais e os desequilíbrios sociais. O objetivo geral da tese é entender o imaginário de uma parte da população local do Rio de Janeiro diante do uso corporativo do território no âmbito da realização dos Jogos Olímpicos de 2016. Para isso, identificamos os principais elementos e atores envolvidos no cenário espacial do megaevento. Além disso, avaliamos os impactos e legados sobretudo em nível socio-territorial de natureza material e imaterial. Também identificamos as mudanças que ocorreram no cotidiano dos cidadãos após a realização dos Jogos Olímpicos de 2016 com base na percepção e no imaginário dos habitantes do Rio de Janeiro no contexto do megaevento. O conceito geográfico chave abordado nesta pesquisa é o conceito de território. Pretendemos entender o território com base na teoria geral do espaço geográfico de Milton Santos. O conceito principal de território é sustentado pelo conceito de "território usado" ou "uso corporativo do território" sugerido por Santos e Silveira. O “território usado” é constituído por uma série de objetos e ações que atuam sobre ele principalmente por agentes hegemônicos como o estado e a prefeitura do Rio de Janeiro, as grandes empresas nacionais e multinacionais e as organizações esportivas. Além disso, consideramos a configuração territorial à qual tudo o que é fixo e concreto pertence, como as infraestruturas e objetos que compõem o espaço geográfico e que determinam as ações no território. Em relação à compreensão do imaginário da população local de determinadas áreas da cidade carioca, contamos principalmente com as teorias e categorias de análise de Gilbert Durand, como, em particular, a “metodologia” que por sua vez, se compõe da “mitocrítica” e da “mitanálise”. Do ponto de vista empírico e dos procedimentos de pesquisa, durante os diversos trabalhos de campo nas áreas geográficas de estudo do Rio de Janeiro, optamos principalmente por técnicas etnográficas como: observação direta e participante, entrevistas estruturadas com os principais líderes e grupos comunitários e, sobretudo, a análise dos discursos e conteúdos resultantes de seus depoimentos. Como resultado dessa pesquisa qualitativa, fica claro que os cariocas sentem que os megaeventos não foram organizados para promover a justiça socioespacial em sua cidade. Acontece que os megaeventos no Rio de Janeiro constituíram na verdade meganegócios, envolvendo grandes somas de dinheiro. De fato, assistimos à subordinação de investimentos a grandes interesses ligados aos megaeventos. Os megaeventos não representaram os promotores das mudanças no Rio de Janeiro, mas foram catalisadores e aceleradores dessas transformações, um mero pretexto. Quanto ao imaginário da população local, percebemos em nossa pesquisa que boa parte dos habitantes do Rio de Janeiro se sente frustrada. Havia a esperança de que um megaevento como a Olimpíada pudesse dar impulso para resolver alguns problemas sociais. A maioria dos entrevistados acredita que o interesse nos Jogos Olímpicos durou apenas o tempo que o megaevento aconteceu, ou seja, três semanas, sem deixar um legado positivo e duradouro para a população. Pelo contrário, além de deixar dívidas, gerou muita corrupção e desvio de dinheiro devido aos grandes investimentos, sem mencionar os graves problemas associados às expulsões e ao abandono de certas infraestruturas urbanas e instalações esportivas. Além disso, a grande maioria dos moradores das áreas de estudo pesquisadas considera que os investimentos necessários para sediar os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro utilizaram recursos financeiros públicos que poderiam ter sido investidos em outros setores importantes, como saúde, segurança, educação, moradia ou saneamento básico. Mas, infelizmente, tudo isso não aconteceu.
URI: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/31526
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