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Título: Os significados do trabalho nas trajetórias de pessoas transgêneras
Autor(es): Alves, Joatã Soares Coelho
Orientador: Bendassolli, Pedro Fernando
Palavras-chave: Trabalho;Significados do trabalho;Pessoas transgêneras
Data do documento: 30-Ago-2021
Editor: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Referência: ALVES, Joatã Soares Coelho. Os significados do trabalho nas trajetórias de pessoas transgêneras. 2021. 328f. Tese (Doutorado em Psicologia) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2021.
Resumo: As pessoas transgêneras (também chamadas pessoas trans), aquelas que não se identificam com o gênero a elas socialmente atribuído em seu nascimento em razão de seu sexo biológico, são o grupo mais marginalizado, violentado e excluído em dentre a população LGBTIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Intersexuais, Assexuais e outras designações). No mundo do trabalho, esse grupo enfrenta a negação do acesso ao mercado formal e a inserção compulsória na prostituição e em subempregos. Mesmo diante da exclusão enfrentada no mundo do trabalho, há indicativos na literatura de que o trabalho pode ser percebido como fonte de autonomia, inclusão social, direitos sociais e de reafirmação identitária. Diante dessa diversidade de percepções e representações, o objetivo desta pesquisa foi o de investigar o processo de significação do trabalho nas vivências de pessoas trans. Do ponto de vista teórico-metodológico, investigamos os significados do trabalho a partir da perspectiva histórico-cultural de base semiótica, empregando entrevistas em profundidade com foco nas histórias de vida e de trabalho das/os 5 (cinco) protagonistas entrevistada/os como parte do estudo, sendo 2 (duas) mulheres trans, 2 (dois) homens trans e 1 (uma) pessoa não-binária. Primeiro, foi realizado um mapeamento semiótico do processo de significação do trabalho nas trajetórias das/os protagonistas. Os resultados dessa primeira etapa de análise apontaram que, numa perspectiva cultural, o trabalho foi significado simultaneamente como fonte de exclusão e interdições (notadamente na informalidade), e, diante da expectativa de inserção na formalidade, como via de inclusão e garantia de direitos. Do ponto de vista pessoal, as principais significações foram, primeiro, a do trabalho como uma via de proteção contra as violações e interdições enfrentadas pelas pessoas transgêneras em nossa sociedade. Em segundo lugar, vieram significados pessoais que compreendem o trabalho como fonte de reconhecimento, distinção identitária e validação social. A seguir, foi realizada uma caracterização semiótica de significação do trabalho nas vivências das pessoas trans, a partir das convergências e tendências identificadas entre as trajetórias investigadas. Nessa caracterização, destacaram-se: a) o impacto da vivência de situações de transfobia em contextos familiares, sociais e laborais como determinantes para a inserção precoce das pessoas trans no mundo do trabalho; b) as experiências concretas, as expectativas e anseios das pessoas trans quanto à inserção em diferentes arranjos de trabalho como elementos mediadores para a construção de significados, e c) diferentes funções semióticas desempenhadas pelos significados do trabalho nas vidas das pessoas trans, principalmente as de promover adaptação diante das dificuldades enfrentadas e amenizar os seus os impactos subjetivos nas trajetórias. Por fim, foram identificados núcleos temáticos de significação que compareceram de maneira transversal nas trajetórias analisadas. Esses núcleos foram então discutidos a partir da literatura sobre o trabalho da população trans, e de determinantes sociais, econômicos e culturais, especialmente à luz das reflexões propostas pela Psicologia do Trabalho, pela Psicologia Histórico-Cultural de base semiótica e pelo Transfeminismo brasileiro. Buscou-se, com o aprofundamento da compreensão dos significados produzidos pelas pessoas trans sobre o trabalho, oferecer contribuições acadêmicas sobre a temática e subsídios que possam contribuir com políticas e ações afirmativas voltadas a esse grupo, especialmente no tocante à inclusão social pelo trabalho.
Abstract: Transgender people (also called trans people), those who do not identify with the gender assigned to them at birth due to their biological sex, are the most marginalized, violated and excluded group within the LGBTIA+ population (Lesbians, Gays, Bisexuals, Transgenders, Intersex, Asexuals and other designations). In the world of work, this group faces denial of access to the formal market and compulsory insertion into prostitution and underemployment. Even in the face of the exclusion faced in the world of work, there are indications in the literature that work can be perceived as a source of autonomy, social inclusion, social rights, and identity reaffirmation. In view of this diversity of perceptions and representations, the goal of this research was to investigate the process of meaning of work in the experiences of trans people. From a theoretical and methodological point of view, we investigated the meanings of work from a semiotic-based cultural-historical perspective, using in-depth interviews focused on the life and work stories of the five protagonists interviewed as part of the study, two (2) trans women, two (2) trans men, and one (1) non-binary person. First, a semiotic mapping of the process of meaning of work in the trajectories of the protagonists was carried out. The results of this first stage of analysis pointed out that, from a cultural perspective, work was meant simultaneously as a source of exclusion and interdictions (especially in informality), and, in the face of the expectation of insertion in formality, as a way of inclusion and guarantee of rights. From the personal point of view, the main meanings were, first, that of work as an avenue of protection against the violations and interdictions faced by transgender people in our society. Second, came personal meanings that understand work as a source of recognition, identity distinction, and social validation. Next, a semiotic characterization of the meaning of work in the experiences of transgender people was carried out, based on the convergences and trends identified among the investigated trajectories. In this characterization, we highlighted: a) the impact of the experience of transphobia situations in family, social, and work contexts as determinants for the early insertion of trans people in the world of work; b) the concrete experiences, expectations, and desires of trans people regarding the insertion in different work arrangements as mediating elements for the construction of meanings, and c) different semiotic functions played by the meanings of work in the lives of trans people, especially those of promoting adaptation to the difficulties faced and mitigate their subjective impacts on the trajectories. Finally, we identified thematic nuclei of meaning that appeared transversally in the analyzed trajectories. These cores were then discussed based on the literature about the work of the trans population, and social, economic, and cultural determinants, especially in the light of the reflections proposed by Work Psychology, by Cultural-Historical Psychology with a semiotic basis, and by Brazilian Transfeminism. By deepening the understanding of the meanings produced by trans people about work, we sought to offer academic contributions on the subject and subsidies that can contribute to policies and affirmative actions aimed at this group, especially with regard to social inclusion through work.
URI: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/44886
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