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Título: Os youtubers e a representação do certo, errado, adequado e inadequado no trabalho com a variação linguística em sala de aula
Autor(es): Pereira, Marlyton da Silva
Orientador: Lima, Maria Hozanete Alves de
Palavras-chave: Ensino de Língua Portuguesa;Variação linguística;Livro didático
Data do documento: 2-Dez-2013
Editor: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Referência: PEREIRA, Marlyton da Silva. Os youtubers e a representação do certo, errado, adequado e inadequado no trabalho com a variação linguística em sala de aula. 2013. 150f. Dissertação (Mestrado em Estudos da Linguagem) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2013.
Resumo: Algumas das atuais discussões no ensino de Língua Portuguesa (LP) dizem respeito a como se deve lidar na escola com o fenômeno da variação linguística em sala de aula. No ano de 2010, por exemplo, houve uma explosão de falares fora dos círculos acadêmicos que envolveu a população no que respeita à viabilidade e as consequências no trato com a variação linguística no espaço escolar. O estopim dessa explosão foi o fato de que se considerava que o MEC (Ministério da Educação e Cultura) adotara um livro didático destinado à EJA (Educação de Jovens e Adultos) que parecia - aos olhos de muitos, acadêmicos e leigos - anunciar ser “certo” ensinar “errado”, bastando o “erro” ser recorrente e estar sedimento em alguma comunidade linguística. O livro, titulado “Por uma vida melhor”, 2º volume da coleção “Viver, Aprender”, dos autores Heloísa Ramos et. al., reservou um capítulo específico para problematizar a questão da variação linguística e das relações entre a oralidade e escrita. Para tanto, concentrou as discussões em torno das noções de variedade culta, padrão e popular mensurando-as à possibilidades de adequabilidade linguística. Neste sentido, um falante da língua, de acordo com o LD, poderia fazer certas “escolhas linguísticas” para fazer uso delas em contextos interacionais diferentes: assim, eleger entre “os menino bonito” ou “os meninos bonitos” dependeria da necessidade contextual em que o sujeito estaria inserido. A comunidade surpreendeu-se com a defesa do “poder” usar, uma vez que seria a escola o espaço de ensinar uma norma “padrão”, e não legitimar a possibilidade de uso de padrões gramaticais que destoavam daquelas preconizados nas gramáticas tradicionais. A imprensa televisiva foi uma das grandes responsáveis em alardear que o MEC havia endossado a utilização, nas escolas, de um livro que legitimava tais padrões linguísticos - mesmo que fosse recorrente na “boca” do povo. A querela foi lançada no Youtube e, nesse espaço, internautas manifestavam-se a favor ou contra a proposta do LD, muitas vezes direcionando as discussões para questões de ordem exclusivamente políticas. Observamos que, de um lado, erguiam-se argumentos relacionados à Sociolinguística (BAGNO, 2003, 2005, 2007; BAGNO, M.; STUBBS, M.; GAGNÉ, G., 2006; BORTONI-RICARDO, S. M., 2008; TARALLO, F., 1982; WEINREICH U., MARVIN I. HERZOG, LABOV, W., 1968; LABOV, 1972; etc); de outro, argumentos concentravam-se em defender que a escola é o espaço de ensino de língua padrão e não caberia trazer determinadas discussões no interior de um LD. Foi, a partir dessas falas, que nasceu esta pesquisa. Interessou-nos o modo particular como a comunidade midiática, que parecia não ter formação em Linguística, entendia as noções de certo, erradas, adequadas e inadequadas, tão íntimas nos círculos acadêmicos. Nossas reflexões tomam como referência teórica os estudos sociolinguísticos sobre a questão da variação e ensino, documentos oficiais que orientam o “trabalho” com a língua portuguesa em sala de aula, a exemplo dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) e da Proposta Curricular para a Educação de Jovens e Adultos (PCEJA). Em nossa análise, observamos que o LD “Por uma vida melhor” não faz apologia ao ensino do “erro”, mas levanta discussões sobre a possibilidade da “variação”, ligada a fatores e ordem diversa. Anda assim, não pudemos deixar de lado um fato significativo: o LD “cria” dados de “fala”, quando seria mais interessante fazer uso de dados “reais” - no Brasil, é possível encontrar projetos que têm como objetivo a coleta de dados de fala, a exemplo do Projeto NURC (Projeto de Estudo da Norma Linguística Urbana Culta no Brasil) e do Projeto “A língua falada e escrita na cidade do Natal”, corpus organizado pelo Grupo de Pesquisa “Discurso & Gramática” (UFRN). Percebemos o quão significativo é observar como falantes de uma língua se posicionam em relação ao ensino da língua da qual são eles falantes e não estudiosos. Nosso estudo mostrou, ainda, que certas questões no tocante ao ensino da língua portuguesa, como é o caso da variação linguística, estão longe de ser pontos resolvidos, seja para linguistas, seja para falantes da língua.
Abstract: Some of the current discussions in the teaching of Portuguese Language (LP) pertain to how the school should deal with the phenomenon of language variation in the classroom. In 2010, for example, an explosion of talk took over the academic corridors: a book, entitled "Por uma vida melhor", the collection "Viver, Aprender", published by the MEC (Ministry of Education and Culture) to students EJA (Youth and Adults) brought notions regarding linguistic variation, even in their first chapter. In it is clear the notion that it is possible to make use of structures as "pretty boy", instead of "pretty boys", depending on the context in which such use is insert. Therefore, the discussions focused around the notions of variety cultivated, standard and popular measuring them to the possibilities of linguistic appropriateness. The community was surprised by the defense of the "power" to use, since it would be the school space to teach a standard "default", and not the possibility of legitimate use of grammatical patterns that clashed with those recommended in traditional grammars. The television media has been responsible for a major blaze that MEC had endorsed the use in schools of a book that legitimized such linguistic patterns. The quarrel was released on Youtube and in that space, netizens expressed themselves for or against the proposal of LD often directing the discussion to questions of a purely political. We observed that, on one side, loomed arguments related to Sociolinguistics (BAGNO , 2002, 2003, 2007, 2009; BAGNO, M.; STUBBS, M., Gagne, G., 2006; Bortoni - RICARDO, S.M., 2008; Tarallo, F., 1982; U. Weinreich, MARVIN I. HERZOG, Labov, W., 1968, Labov 1972, etc.); another, arguments concentrated on defending the school is the area of language teaching standard, and not fit to bring certain discussions within an LD. It was from these words, that this research was born. Interested in the particular way that the community media, which seemed to have no training in linguistics, understand the concepts of right, wrong, appropriate and inappropriate, so intimate in academic circles. Our thoughts take as reference the theoretical studies on the question of sociolinguistic variation and education, official documents that guide the "work" with the Portuguese language in the classroom, like the NCP (National Curriculum) and Curriculum Proposal for Education Youth and Adult (PCEJA). In our analysis, we found that LD" For a better life "makes no apology for teaching the "error", but it raises discussions about the possibility of "change", linked to factors and different order. We realize how significant it is to observe how speakers of a language are positioned in relation to language teaching which they are not speakers and scholars. Our study showed that certain issues regarding the teaching of the Portuguese language, as is the case of linguistic variation, points are far from being resolved, either for linguists and/or grammarians, whether for language speakers.
URI: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/21163
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