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Título: O Grotesco em Famintos: a experiência estética no ensino de literatura
Autor(es): Ferreira Júnior, José Marcelino
Orientador: Gonçalves, Marta Aparecida Garcia
Palavras-chave: Luis Romano;Famintos;Grotesco;Ensino de Literatura;Estética da recepção
Data do documento: 19-Jun-2017
Referência: FERREIRA JÚNIOR, José Marcelino. O Grotesco em Famintos: a experiência estética no ensino de literatura. 2017. 171f. Dissertação (Mestrado em Estudos da Linguagem) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017.
Resumo: Os princípios da estética clássica condicionam a obra de arte aos preceitos de harmonia e beleza. Com o intuito de agradar ao seu público, torna-se, portanto, indispensável ao artista o respeito às regras de composição, à verossimilhança, aos fins morais e à imitação da Natureza como fatores determinantes para a representação do Bem, do Belo e do Verdadeiro. No entanto, inúmeros artistas e escritores das mais diversas épocas empregaram em suas criações procedimentos bastantes diferentes, para não dizer opostos, aos moldes clássicos. Em razão disso, adotou-se para o presente estudo as análises desenvolvidas por Victor Hugo (2002) e Wolfgang Kayser (1986) sobre uma categoria estética a que se veio nomear de Grotesco e em especial a noção de realismo grotesco formulada por Mikhail Bakhtin (1993). De acordo com esses autores, o exagero e a deformação do corpo característicos do grotesco induzem o leitor a perceber uma realidade por vezes oculta. Identificado como um constituinte predominante no romance Famintos (1962), do escritor caboverdiano Luis Romano, o grotesco assume, dessa forma, uma função dupla: apresentar o tema da fome não apenas em seus significados sociais, mas também em seus efeitos sobre o corpo. Nesse sentido, esta pesquisa, que tem como foco principal discutir o ensino de literatura, centra-se em dois eixos, tomando como ponto de partida a análise desse romance, baseada na ideia de realismo grotesco, e a inclusão de um relato de experiência de leitura em sala de aula em consonância às considerações de Jauss (1994), sobre o horizonte de expectativa do leitor na recepção de uma obra, e em Jouve (2013), a respeito da leitura subjetiva. Por isso, considera-se para a proposta de leitura de Famintos (1962) a centralidade do leitor como produtor de um segundo texto, construído no primeiro ato da leitura, que é, nessa instância inicial, resultado único de sua capacidade interpretativa subjetiva. Pensando nisso, este trabalho, amparado em uma pesquisa de caráter bibliográfico e empírico, busca refletir sobre a prática de leitura do texto literário em sala de aula e analisar os textos de estudantes de licenciatura a partir da leitura do romance em foco. Essa atividade foi determinante para avaliar a percepção dos leitores sobre os aspectos estéticos de uma obra e, ao explorar a leitura como um ato de experiência estética, inferir que é possível renunciar a algumas práticas inadequadas que ainda persistem no ensino de literatura, como a instrumentalização do texto literário para o ensino da gramática, o ensino de literatura de viés historicista e mesmo as interpretações pré-elaboradas dos manuais de literatura.
Abstract: One of the principles of the classic art confines it to the ideal of harmony and beauty. Wishing to please his public, the artist became attached to these ideals, respecting the rules of composition, likelihood, moral effects and miming them as determinant elements to represent Good, Beauty and Truth. Uncountable artists and writers, however, living at different times and places, differed a lot from these ideals, using opposite elements on their creation. Considering these differences, this study presents the analysis from Victor Hugo (2002) and Wolfgang Kayser (1986) about the esthetic category named grotesque and, specially, about the meaning of grotesque realism formulated by Mikhail Bakhtin (1993). According to these authors, exaggeration and deformation of the corps are part of the grotesque and lead the reader to achieve a reality that is sometimes hidden. Identified as a constitutive element on the novel Famintos (1962), by the Cape Verdean writer Luis Romano, the grotesque has a double function on this novel: to present hunger as the central theme not only on its social aspects, but also on its effects on the bodies. Parting from these ideas, this research focus on the teaching of literature based on two axes: the analysis of a novel based on the grotesque and the results of its application on a classroom of graduates. This experience took as reference the considerations of Jauss (1994) about the horizon of expectation of a work of art, and Jouve (2013) when he talks about subjective reading. For this reason, this work considers, on reading Famintos (1962), the reader as producer of a second text, built on the first act of reading, which is, in this initial moment, the only result of the reader interpretative and subjective capacity. Concerning these ideas, this essay develops a theoretical empirical research that aims to discuss about the practice of literature in the classroom and analyzes the texts produced by students after reading the novel. This activity was determinant to understand and evaluate the perception of the readers about the aesthetic aspects of literature, and to explore reading as an aesthetic experience, concluding that is possible to abandon some old practices that still resist in teaching literature, as the use of literature to teach grammar or teaching literature based on its historic facts, and also to let down the pre-elaborated interpretation of the manuals.
URI: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/23994
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