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Título: “Ou eu luto, ou eu morro": ativismo em HIV/aids e processos de subjetivação na experiência da Coletiva Loka de Efavirenz
Autor(es): Cortez, Lumena Cristina de Assunção
Orientador: Melo, Lucas Pereira de
Palavras-chave: Saúde coletiva;Ativismo social;HIV;Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
Data do documento: 26-Abr-2019
Referência: CORTEZ, Lumena Cristina de Assunção. “Ou eu luto, ou eu morro": ativismo em HIV/aids e processos de subjetivação na experiência da Coletiva Loka de Efavirenz. 2019. 121f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva - FACISA) - Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019.
Resumo: Introdução: A pandemia da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids), advinda da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) rompeu barreiras geográficas no mundo de modo avassalador e levantou discussões sobre identidades e práticas sexuais tidas moralmente como promíscuas e divergentes. Essa condição atravessada por marcadores sociais da diferença repercute na experiência de vida daqueles que vivem ou convivem com o HIV/aids, e nas pautas de suas reivindicações, engajamento pessoal e mobilizações coletivas. No cenário atual, as demandas políticas e institucionais recentes têm se baseado no otimismo de considerar os avanços nas terapias antirretrovirais como única medida de tratamento e como resposta definitiva no campo da prevenção, deixando de lado questões como direitos humanos, desigualdades sociais, entre outros. Objetivos: Compreender a relação entre o ativismo em HIV/aids em redes e mídias sociais e a produção da “pessoa vivendo com HIV/aids” (processos de subjetivação) a partir da Coletiva Loka de Efavirenz. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa social em saúde ancorado no referencial teórico-metodológico da Etnografia. Os dados foram coletados através de entrevistas individuais, questionário socioeconômico, observação participante insider na rede social Facebook. O trabalho de campo aconteceu no período de março de 2017 a julho de 2018. Os interlocutores foram seis ativistas, na maioria, negros e pardos, oriundos da periferia e/ou de cidades interioranas, com orientações sexuais e identidades de gênero dissidentes, e que estavam inseridos na universidade. A análise se deu através de Categorização Temática. Resultados: A atuação da Coletiva é descentralizada e horizontalizada. Os objetivos dos interlocutores na rede social incluíram relatar experiências de vida com o adoecimento, tornando-as públicas e disponíveis, divulgar o material que produziam e possibilitar uma discussão interseccional da epidemia, levantando pautas de reivindicações com demandas locais e globais, como manejo terapêutico, adesão e racismo institucional. As principais estratégias de mobilização foram: elaboração de conteúdo virtual, produção e apresentação de performances artísticas, ações com cartazes em universidades, participação em eventos nacionais e internacionais, seminários, debates, atos e manifestações públicas. Através da mediação entre diferentes mundos e realidades, os ativistas veem a existência de duas “aids”: a AIDS relacionada aos aspectos biomédicos e epidemiológicos, e a AiD$ resultado de opressões históricas, subordinações e interesses econômicos que perpetuam desigualdades sociais, inserida sob os novos efeitos da biopolítica ou de uma necropolítica. Além disso, os interlocutores reuniram informações centrais no ativismo em HIV/aids, como conquistas sociais no âmbito da saúde e da política, atreladas aos impactos sociais, biológicos e políticos da epidemia nos anos de 1980 e 1990. Considerações finais: O cenário atual se apresenta como um desafio político e social para o enfrentamento da epidemia de HIV/aids e para o fortalecimento do ativismo em questão. Assim, os resultados desta pesquisa podem subsidiar práticas profissionais intersetoriais pautadas nos direitos humanos e necessidades de saúde de ativistas e pessoas vivendo com o HIV/aids, além de possibilitar o aumento da visibilidade política do tema e dos envolvidos, reforçando o papel estratégico e de mediação entre a sociedade civil e o Estado na reivindicação e manutenção de direitos sociais.
Abstract: Introduction: The Acquired Immunodeficiency Syndrome (aids) pandemic caused by human immunodeficiency virus (HIV) has overwhelmingly broken geographic barriers in the world and has raised discussions about sexual identities and practices that were considered as morally promiscuous and divergent. This condition, which is permeated by social markers of difference, has repercussions on the life experience of those living or dealing with HIV/aids, and on the agenda of their demands, personal engagement and collective mobilizations. In the current scenario, recent political and institutional demands have been based on the optimism of considering the advances in antiretroviral therapies as the only measure of treatment and as a definitive answer in the field of prevention, leaving aside issues such as human rights, social inequalities, among others. Objectives: To understand the relationship between HIV/aids activism in networks and social media and the production of the "person living with HIV/aids" (processes of subjectivation) from the Coletiva Loka of Efavirenz. Methodology: This is a research anchored in the theoretical-methodological framework of Ethnography. Data were collected through individual interviews, socioeconomic questionnaire, insider participant observation on the social network Facebook. Fieldwork took place from March 2017 to July 2018. The interlocutors were six activists, mostly blacks and browns, from the outskirts and/or countryside, with dissident sexual orientations and gender identities, and that were university students. The analysis took place through thematic categorization. Results: The performance of the Loka de Efavirenz is decentralized and horizontal. The objectives of the interlocutors in the social network included reporting life experiences with illness, making it public and available, disseminating the material they produced, and enabling an intersectional discussion of the epidemic through claims that included local and global demands such as therapeutic management, adherence to treatment and institutional racism. The main mobilization strategies were: elaboration of virtual content, production and presentation of artistic performances, actions with posters in universities, participation in national and international events, seminars, debates, acts and public demonstrations. Through mediation between different worlds and realities, activists see the existence of two "aids": AIDS related to biomedical and epidemiological aspects, and Aid$ resulting from historical oppressions, subordination and economic interests that perpetuate social inequalities, inserted under the new effects of biopolitics or of a necropolitics. In addition, participants gathered key information on HIV/aids activism, such as social achievements in health and politics, coupled with the social, biological, and political impacts of the epidemic in the 1980s and 1990s. Conclusion: The current scenario presents itself as a political and social challenge to confront the HIV/aids epidemic and to strengthen activism. Thus, the results of this research can support intersectoral professional practices based on human rights and health needs of activists and people living with HIV/aids, in addition to increasing the political visibility of the topic and those involved, reinforcing the strategic and mediation between civil society and the state in the claim and maintenance of social rights.
URI: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/27523
Aparece nas coleções:PPGSCOL/FACISA - Mestrado em Saúde Coletiva

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