PPGPSI - Mestrado em Psicologia
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Dissertação Ser-pessoa-idosa institucionalizada: a experiência de residentes em ILPIs filantrópicas de Natal(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2025-03-28) Belmiro, Thainá Souza Cruz; Azevedo, Ana Karina Silva; http://lattes.cnpq.br/4953170483515023; http://lattes.cnpq.br/8510508173150068; Leão, Denise Maria Maciel; Maux, Ana Andrea BarbosaA discussão sobre o envelhecimento populacional e suas implicações sociais é um tema de crescente relevância na contemporaneidade. Com a ampliação da expectativa de vida e o expressivo aumento no número de pessoas idosas nas últimas décadas, nos percebemos convocadas a pensar acerca do fenômeno do envelhecer neste tempo histórico e suas peculiaridades - como o crescimento da demanda pela institucionalização de pessoas idosas em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), sendo esta a modalidade mais comum de cuidado à pessoa idosa fora da família. Este estudo pretendeu compreender a experiência de ser-pessoa-idosa em ILPIs filantrópicas de Natal, Rio Grande do Norte. A partir da abordagem de pesquisa fenomenológica-hermenêutica, inspirada pelo pensamento do filósofo Martin Heidegger, nos aproximamos dos sentidos e significados atribuídos à institucionalização pelas próprias pessoas idosas, com base em suas vivências. Realizaram-se entrevistas narrativas individuais com três participantes, que viviam em ILPIs diferentes, o que desvelou perspectivas diversas acerca daquela experiência, diante das distintas histórias de vida e contextos existenciais. No encontro com eles, apareceram temas como a ruptura e reconstrução de laços familiares, desafios na autonomia e liberdade dentro da instituição, e as possibilidades de construir (ou não) morada em uma ILPI. Os achados evidenciam a complexidade e singularidade da experiência de ser-pessoa-idosa institucionalizada, além da necessidade de políticas e práticas de cuidado que reconheçam as particularidades de cada pessoa idosa, valorizando a potencialidade de suas existências.Dissertação O acesso às políticas públicas e a participação política na condição de refúgio indígena Warao em Natal/RN(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2025-03-21) Jácome, Samara Gomes da Costa; Diniz, Raquel Farias; http://lattes.cnpq.br/1787447588845163; http://lattes.cnpq.br/2743735861875185; Rosa, Isabela Oliveira; Silva, Itaynara Rodrigues; Carvalho, Laís Pinto deEssa pesquisa surgiu do acompanhamento das famílias indígenas Warao em Natal/RN, tendo como objetivo a investigação do acesso às políticas públicas e à participação indígenas dos refugiados. Especificamente, foram pesquisados o acesso à moradia, saúde e geração de renda, além da participação dos indígenas na Conferência Estadual de Migração, Refúgio e Apatridia. No que diz respeito ao percurso metodológico, foi utilizada uma abordagem de inspiração etnográfica com a utilização de diários de campo e entrevistas informais. Ao investigar o acesso dos indígenas às políticas públicas, pudemos compreender as condições de moradia, saúde e geração de renda não contemplam as necessidades e especificidades dos refugiados indígenas Warao, uma vez que se baseiam em perspectivas etnocêntricas que são forjadas a partir de uma letalidade branca. Ao refletir sobre esses acessos a partir da Psicologia Ambiental, Psicologia Social e Psicologia Política, mencionamos a condição de migração indígena através dos conceitos de identidade de lugar, apropriação e território. No que diz respeito à participação dos indígenas Warao na COMIGRAR, discutimos sobre a construção das lideranças indígenas e os processos que atravessam essa construção, como a própria saúde mental dos jovens líderes.Dissertação De LGBT a queer: cultura ballroom, dissidências de gênero e sexualidade e afirmação de vida(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2025-03-20) Bezerra, Isabela Pinto Lucena; Amorim, Ana Karenina de Melo Arraes; https://orcid.org/0000-0002-1343-9341; http://lattes.cnpq.br/9847082748841264; http://lattes.cnpq.br/0905798284930644; Dantas, Cândida Maria Bezerra; Calou, Antônio Leonardo FigueiredoA cultura e comunidade ballroom compõem um movimento de resistência e celebração de corpos LGBTIAP+, dissidentes de gênero e sexualidade, que surgiu nos Estados Unidos na década de 1970 e chegou no Brasil por volta de 2014. Conhecida também como cultura de baile no cenário brasileiro, destaca-se pelas suas práticas performáticas, as balls, com categorias e temáticas exuberantes, pela inventividade estética e por sua articulação política. Esse trabalho narra uma história sobre a comunidade ballroom do estado do Rio Grande do Norte, que chegou na capital Natal em 2023, nos seus movimentos de fortalecimento, consolidação e resistência. Entendendo a importância da implicação do corpo da pesquisadora com o campo, o trabalho se deu por meio de uma etnocartografia, que possibilitou acompanhar os processos da comunidade ballroom RN por meio de uma composição com as demais pessoas que compõem a cena. Para auxiliar nas análises do que se mostrava no campo, e do que foi registrado no diário de campo, a escrita foi amparada por elaborações pós-estruturalistas sobre gênero e sexualidade, especialmente das teorias queer e da esquizoanálise. Os frutos colhidos por essa pesquisa relatam a potência da comunidade ballroom RN enquanto prática afirmativa de vida. Propõe um espaço seguro e de cuidado, por meio de vínculos de afeto e de amizade, a vivências dissidentes vulnerabilizadas pela cisheteronormatividade, vítimas de diversas violências nos demais espaços em que estão inseridos. A ballroom também representa uma maneira de queerizar as vivências LGBTIAP+, a partir da subversão das prerrogativas de gênero e sexualidade da hegemonia cisnormativa, redesenhando vivências e propiciando novas possibilidades de se existir no mundo. Constata-se que a ballroom RN se articula com temáticas sobre cultura, cidadania, sociabilidade, classe, raça, gênero, sexualidade, entre tantos outros. Ademais, os esforços da comunidade trazem possibilidades de transformação social para os seus e para o cenário cultural da cidade.Dissertação Mulheres, militância política e ditadura civil-militar (1964 1985): como se conta a história de Iara Iavelberg?(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2025-03-28) Bandeira, Heloise Calado; Dantas, Cândida Maria Bezerra; http://lattes.cnpq.br/8181024208435709; https://orcid.org/0000-0002-2160-3375; http://lattes.cnpq.br/3005938435199173; Leite, Jader Ferreira; Rosa, Susel Oliveira daA pesquisa visa resgatar memórias de um período histórico brasileiro através das vivências das mulheres, e analisou, sob uma perspectiva feminista interseccional, os sentidos sobre a militância da guerrilheira Iara Iavelberg; as diferenças dos discursos produzidos sobre Iara por distintos autores e momentos históricos; e o processo de constituição de uma identidade militante a partir da trajetória de vida de Iara. A pesquisa é qualitativa, bibliográfica e documental, adotando a articulação de uma perspectiva pós-estruturalista e construcionista social. Foi utilizado o conceito de práticas discursivas para analisar documentos públicos de 1964 a 2024. As fontes incluem a Biblioteca Nacional Digital, o Sistema de Informações do Arquivo Nacional, Brasil: Nunca Mais, e a Comissão Estadual da Verdade de São Paulo. Nas análises dos documentos foi possível discutir as disputas discursivas entre depoimentos e produções de familiares e companheiros sobre e para Iara, permeados por afetos e admiração política, em contraste com o discurso conservador e hegemônico do Estado ditatorial. A disputa institucional pela construção da memória de Iara como alguém que promove a emancipação social só se torna possível após a redemocratização e ganha força com a Comissão Nacional da Verdade. Além do discurso de ódio por transgredir ao período ditatorial e à performance de gênero esperado pelo patriarcado, nas análises da construção de uma identidade militante em Iara foram discutidos os enfrentamentos dentro dos próprios movimentos de esquerda que atravessaram suas práticas políticas e a imagem reforçada em alguns documentos como uma “musa da esquerda”. O apagamento de ações e resistências políticas das mulheres não pode nos parar de produzir poder também nas resistências, articulando relações que promovam vida e emancipação social. A produção de discursos com a preservação e celebração da memória de Iara é uma forma de manter vivo o poder de resistência que ela inspirou.Dissertação A potência dos restos nas narrativas de sujeitos dissidentes de gênero e sexualidade(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2025-02-24) Rêgo, Larissa Alves do; Simoni, Ana Carolina Rios; https://orcid.org/0000-0001-9805-6966; http://lattes.cnpq.br/7427786733929741; http://lattes.cnpq.br/6022998109646707; Kierniew, Janniny Gautério; Dantas, Cândida Maria Bezerra; Ricardo, Sofia FaveroA partir de uma memória inscrita no corpo, este trabalho emerge na direção ético-política de se opor ao discurso mortífero que acossa os corpos dissidentes de gênero e sexualidade. Se o encontro com a cisheteronormatividade produz sujeitos, nesta operação também se produzem restos que se registram como indizíveis e que portam uma potência de vida. A partir do diálogo e tensionamento entre a psicanálise e os estudos queer, propõe-se que os corpos dissidentes carregam as histórias das marcas do encontro com a normatividade, que podem ser visibilizadas e reconstruídas enquanto trabalho de memória. Assim, o objetivo deste trabalho foi co-construir narrativas singulares com sujeitos dissidentes de gênero e sexualidade de Natal/RN e seus acervos fotográficos pessoais. Apostou-se na fotografia como convite a uma reaproximação com os restos invisibilizados na história de um corpo dissidente. Neste sentido, foram co-construídas três narrativas, processo que visibilizou e permitiu nomear particularidades da escuta e da presença que se produziram nas experiências de co-construção. Com isso, propomos nomear as condições pelas quais uma escuta e uma presença parecem possibilitar ou inviabilizar o trabalho de reescrita dos restos no corpo. Uma presença alinhada aos ideais cisheteronormativos termina por reinserir o sujeito no circuito mortífero da normatividade, ao passo que uma presença vitalizante se produz no reconhecimento de que no resto há algo a ser reacendido, por um fio de narrativa que permite reconstruir a história e o corpo. Sugerimos que a pressa cisgênera insiste em tamponar as possibilidades de nomeação da vida na dissidência para defender-se das desestabilizações que um corpo dissidente provoca nos ideais normativos. Por fim, chegamos ao testemunho como trabalho ético-político da memória para disputar modos de subjetivação e atualizar as discursividades de gênero e sexualidade.Dissertação Experiências estéticas na cidade colonial: poesia slam e a formação de sujeitos políticos em Natal/RN(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2025-02-17) Oliveira, Olga Maria Hawes Fernandes de; Maheirie, Kátia; https://orcid.org/0000-0001-5226-0734; http://lattes.cnpq.br/7689469021584393; http://lattes.cnpq.br/2793832932341961; Prado, Marco Aurélio; Pereira, Maria Teresa Lisboa Nobre; Minchoni, TatianaDesde os anos 1990, eclode no Brasil o movimento da literatura periférica, caracterizado pelo protagonismo de artistas vindos das periferias urbanas como uma resposta às segregações nas cidades modernas. Dentre estes, a poesia de resistência, ou slam poetry, conquista cada vez mais adeptos. As batalhas de poesia avaliam poemas por seu caráter político, identitário, lírico e performático, e têm se espalhado pelo mundo inteiro, transformando o cenário cultural, anteriormente encerrado às elites, com a inserção de perfis sociais distintos na literatura. Na cidade de Natal/RN, os slams vêm ganhando visibilidade desde 2019, e inserindo jovens artistas no cenário político-cultural marcado pelas heranças do colonialismo e coronelismo instaurado desde o período de capitania hereditária no Rio Grande do Norte. É nesse contexto que este trabalho surge, com o objetivo de investigar as experiências estéticas de poetas periféricos em sua relação com o político em Natal. O Slam Rima Central, um dos pioneiros da cultura de slam na cidade, foi escolhido como foco deste estudo. A pesquisa foi orientada pelas noções de experiência/vivência estética em Vigotski e suas incorporações na noção de política de Jacques Rancière, em diálogo ainda com os feminismos pós-coloniais de Judith Butler e Patricia Hill Collins. A aproximação ao campo/tema aconteceu por meio de revisão bibliográfica e imersão nos eventos de slam através da observação participante, bem como dos registros em diário de campo. Também foram realizadas duas entrevistas com os organizadores do slam, os slammasters. Os resultados foram organizados em três capítulos que visam construir cenas de dissenso, inspirados no método da cena de Rancière. O primeiro versa sobre a relação da poesia slam com a política, problematizando a produção de regimes sensíveis no meio literário. No segundo, introduzimos uma noite de slam, e os desarranjos espaço-temporais mobilizados no cenário urbano, investigando as práticas po(éticas) instituídas pelo movimento. No último capítulo, analisamos o manifesto poético-musical de um dos entrevistados, considerando o litígio em torno do processo de revisão do documento que determinou o Plano Diretor de Natal. Concluiu-se que os slams são espaços de experimentação po(ética) que mobilizam a subversão das identidades e podem fomentar o surgimento de sujeitos políticos. O coletivo Rima Central favorece um espaço-tempo de potencialização da vida, uma comunidade estética responsável por produzir o comum dissensual em espaços policialescos, além de fomentar a auto valorização cultural e identitária, constituindo redes de aliança e acolhimento importantes para a emancipação política e celebração da expressão estética periférica e potiguar.Dissertação A sexualidade no envelhecimento feminino: uma compreensão fenomenológica(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2025-03-20) França, Amanda Karênina Galvão de; Azevedo, Ana Karina Silva; http://lattes.cnpq.br/5425634130635834; Barreto, Carmem Lúcia Brito Tavares; Rebouças, Melina Sefora SouzaA sexualidade no envelhecimento feminino é pouco abordada no imaginário social, em que idosas são representadas como cuidadoras da família, e também no âmbito acadêmico, no qual há maioria de pesquisas acerca de aspectos biológicos do envelhecimento, retratando-o como sinônimo de declínio. Na contramão dessas compreensões, entendemos a sexualidade como constituinte do envelhecimento feminino e este, como fenômeno integrante do existir. O objetivo deste estudo é compreender como as mulheres idosas experienciam a sexualidade. Esta é uma pesquisa fenomenológico-hermenêutica heideggeriana. O instrumento da pesquisa foi a entrevista narrativa, realizada com três mulheres idosas, registradas em um diário de afetações e interpretadas hermeneuticamente a partir do círculo compreensivo. Esta pesquisa permitiu compreender a sexualidade como um existencial e, admitindo o envelhecimento feminino em sua dimensão existencial além de biológica, possibilitou ampliar as compreensões sobre essa fase da vida, fortalecendo a assistência em saúde a essas mulheresDissertação Análise de inteligência, leitura, escrita, funções executivas e condições socioeconômicas em alunos de escolas públicas em investigação de transtorno de desenvolvimento intelectual leve(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2025-01-13) Silva, Larissa Roque e; Azoni, Cintia Alves Salgado; Gomes, Ediana Rosselly de Oliveira; http://lattes.cnpq.br/3846459015672255; https://orcid.org/0000-0003-2175-9676; http://lattes.cnpq.br/4935645902363577; http://lattes.cnpq.br/7430640427483480; Garcia, Danielle Ferreira; Aragão, Laura Carolina Lemos; Felinto, Priscila Magalhães BarrosEsse estudo mapeou aspectos socioeconômicos e das habilidades de leitura, escrita e funções executivas em estudantes com deficiência intelectual leve matriculados no Ensino Fundamental I e II de escolas públicas de um município de Curimataú Paraibano. A amostra consistiu em 14 crianças e adolescentes. Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva e exploratória de caráter quali-quanti, com abordagem transversal, não paramétrica. Foram analisados os resultados obtidos do Questionário Socioeconômico e Cultural, da Entrevista Semiestruturada com os responsáveis e da avaliação cognitiva com os participantes, visando comparar os resultados das investigações realizadas. Os dados coletados foram analisados por meio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 30.0.0.0 (172).Os resultados revelaram variações de desempenho conforme dados pré-natais, condição socioeconômica, suporte domiciliar, ambiente escolar, processos cognitivos (inteligência, linguagem e funções executivas), idade e ano escolar. Observou-se que nenhum dos participantes havia recebido diagnóstico clínico, sugerindo uma invisibilidade nos casos de Transtorno de Desenvolvimento Intelectual (TDI) leve; há uma perceptível fragilidade econômica e vulnerabilidade social, com renda per capita R$ 350,00 mensais; no total, 64,3% dos estudantes investigados ainda não estavam alfabetizados; entre os índices dos WISC-IV a maior fragilidade cognitiva é no IMO; para as crianças com TDI leve, a realização da escrita sem erros ortográficos acaba se tornando um desafio maior, se comparado a leitura de palavras. Constatou-se que as crianças com TDI leve são capazes de aprender e se desenvolver, no entanto, isto vai depender do suporte e apoio apropriado recebido, tais resultados reforçam a importância de intervenções educacionais adaptadas e contextualizadas para esse público, com possibilidade de inserção de programas de estimulação da leitura, escrita e funções executivas que possam considerar as particularidades socioeconômicas e cognitivas de estudantes oriundos de origem carente.Dissertação Ideal de trabalho bem feito, demandas e impedimentos na concepção de atividade de trabalho de professores da rede municipal de ensino em Natal/RN(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2021-02-19) Lambert, Larissa Ferreira de Menezes; Falcão, Jorge Tarcísio da Rocha; https://orcid.org/0000-0002-2798-3727; http://lattes.cnpq.br/9066230660650393; http://lattes.cnpq.br/3881771189301377; Lima, Fellipe Coelho; https://orcid.org/0000-0001-7763-4050; http://lattes.cnpq.br/5116689205242979; Lima, Ana Karina MoutinhoO presente projeto de pesquisa tem como domínio de interesse os desafios da prática docente como fonte de sofrimento e adoecimento, tendo em vista a responsabilidade envolvida na capacidade socialmente transformadora desse ofício. A atividade laboral do professor, como qualquer outra atividade laboral, contribui para a ruptura, construção, desconstrução e emancipação do sujeito. É uma atividade que tem significação psicossocial essencial, e deve ser considerada dentro do contexto social em que está sendo desenvolvida. Estabelece-se para a rede pública de ensino básico o desafio de assegurar a formação comum necessária para o exercício da cidadania, apoiando-se na democratização da educação. Caracterizada por atravessamentos da situação de precarização do trabalho docente, esta atividade compartilha o legado histórico de desvalorização da profissão, distância entre as prescrições contidas nos marcos de regulação da educação nacional e o trabalho que pode ser realizado diante das ferramentas disponíveis, o contexto de violência em que as escolas de periferias estão inseridas e o envolvimento com problemas sociais que caracterizam e contribuem para o agravamento da precarização da educação pública. Nesse contexto, o presente projeto de dissertação de mestrado elege como foco de interesse a atividade profissional do docente que atua no ensino fundamental da rede pública municipal de Natal/RN. A abordagem da atividade de trabalho em questão terá como quadro teórico de referência a perspectiva da Clínica da Atividade, que propõe a noção histórico cultural do sujeito compreendida por Vygotsky, destacando-se a importância do gênero profissional, uma vez que a atividade conjunta dos sujeitos com os outros pode ser considerada como a mola propulsora de uma história comum, e das trajetórias biográficas de cada indivíduo-trabalhador. Assume-se o desafio de se estabelecerem relações entre as instâncias de trabalho prescrito, real e bem feito, enfatizando a capacidade do indivíduo de agir coletivamente, frente a situações diversas em seu trabalho. O objetivo geral é analisar a atividade docente, investigando as prescrições existentes para este trabalho, o nível de atingimento dessas prescrições em contextos concretos de trabalho e o ideal de trabalho bem feito dos professores municipal de Natal/RN. A partir desse propósito, busca-se igualmente observar em que medida a distância apresentada entre trabalho prescrito e trabalho real impacta na concepção de trabalho bem feito considerando o contexto profissional aqui proposto para análise. O grupo de participantes a ser pesquisado será aquele que abarca o professor polivalente dos anos iniciais (1º ao 5º) do ensino fundamental, na zona urbana de Natal-RN, por ser uma etapa longa e crucial da educação básica, em que crianças passam por significativas mudanças nos aspectos físicos, cognitivos, afetivos e sociais, além da carga de relevância social da atividade desse profissional, comprometido com o processo de alfabetização e educação matemática e científica básicas como plataforma significativa da aprendizagem na trajetória escolar. A investigação proposta terá natureza descritiva e clínico-qualitativa a partir de três ferramentas propostas para a pesquisa: a) análise documental descritiva, b) aplicação da técnica da instrução ao sósia e c) aplicação de questionário sobre trabalho bem feito. Este trabalho buscará contribuir para o desencadeamento de um repensar crítico, com o potencial de transformação do sujeito-trabalhador em termos de avaliação e eventual ampliação de seu poder de agir, e concretização do ideal de trabalho bem feito da categoria profissional em análise.Dissertação A vivência das diaristas no trabalho doméstico em uso de plataformas digitais(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-12-11) Gomes, Heloisa Rafaela da Rocha; Lima, Fellipe Coelho; https://orcid.org/0000-0001-7763-4050; http://lattes.cnpq.br/5116689205242979; http://lattes.cnpq.br/5065515544317894; Ferraz, Janaynna de Moura; Santos, Livia Gomes dosEsta pesquisa investigou a vivência das trabalhadoras domésticas diaristas em uso de aplicativos de faxina. Orientado pelo referencial teórico da Psicologia histórico-cultural e do feminismo marxista da Teoria da Reprodução Social, este trabalho se desdobrou em dois estudos. O primeiro, de caráter complementar, corresponde à caracterização de quatro empresas-plataformas com atuação na região da Grande Natal/RN. Os dados foram coletados a partir de informações disponíveis em seus sites, aplicativos e redes sociais. A análise pretendeu explicitar as especificidades das empresas-plataformas de faxina e como elas operam. No que se refere ao segundo estudo, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com quatro diaristas com experiência em trabalho em uso de aplicativos de faxina. Para tanto, foi eleita como metodologia a aplicação de entrevistas semiestruturadas e, para a análise dos dados, foram realizadas duas análises, intra e intercasos, resultando na formação dos eixos e anunciadores. A análise integrada dos dois estudos, ou seja, dos relatos de vivência das diaristas e da caracterização das plataformas de faxina, possibilitou identificar como os modelos de gestão das empresas-plataformas e como as relações estabelecidas na esfera domiciliar do usuário-contratante afetam a vivência das diaristas nesse contexto, resultando em uma dupla-subordinação, empresa-plataforma > diaristas < usuários-contratantes. Este resultado sugere a identificação de uma condição de subordinação qualitativamente diferente, vivenciada pelas trabalhadoras domésticas diaristas, não sendo também observada em outras categorias uberizadas.Dissertação Processos de significação nas trajetórias laborais de jovens diplomados no ensino superior atuando fora da área de formação(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2025-01-21) Silva, Wesley Jordan Pereira da; Bendassolli, Pedro Fernando; https://orcid.org/0000-0001-9170-5820; http://lattes.cnpq.br/6216731228198316; Lima, Fellipe Coelho; https://orcid.org/0000-0001-7763-4050; http://lattes.cnpq.br/5116689205242979; Torres, Tatiana de LucenaA expansão do ensino superior e as mudanças no mundo do trabalho criaram um cenário em que o diploma não garante empregabilidade. Esta dissertação explorou as implicações subjetivas dessa realidade na maneira como os jovens diplomados percebem e vivenciam o trabalho. O objetivo foi investigar os processos de significação em trajetórias laborais de jovens diplomados no ensino superior atuando fora de suas áreas de formação ou desempregados, utilizando o Modelo de Equifinalidade de Trajetórias. Os sentidos e significados dos jovens, investigados com a utilização dessa ferramenta, foram articulados com base em memórias, afetos/desafetos e dilemas/tensões relacionados ao não trabalho na área. Foi realizado um estudo em duas etapas. Na primeira, quantitativa e complementar, um questionário foi aplicado para descrever as situações de trabalho de egressos de uma universidade pública. A segunda, qualitativa, consistiu em dez entrevistas em profundidade. Realizaram-se análises intra e intercasos com o material produzido. Responderam ao questionário 590 egressos, permitindo identificar que quase metade (48%) trabalha fora de sua área e/ou em funções que não exigem nível superior. Os principais achados da segunda etapa indicaram que os jovens usaram os significados de emprego, carreira e vocação para delinear suas experiências subjetivas com o trabalho, que foi visto como carreira ou vocação quando relacionado às respectivas áreas: se o jovem estava dentro de sua área, o trabalho era associado à realização pessoal e profissional, realização de sonhos e oportunidade de ajudar ao próximo. Fora da área, o trabalho era secundarizado e relacionado apenas à subsistência. O “ganho” da área pela via do diploma transformou a relação que os jovens participantes estabeleceram com o trabalho, o que esperavam dele e o que almejavam alcançar através dele. Além disso, os significados “herdados” da cultura mostraram-se insuficientes para estruturar os processos de significação, levando os jovens a recorrer a hibridismos ou “estilizações”.Dissertação Luta pela terra: sentidos e ideologias do trabalho no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2025-01-20) Batista, Mariana Souza; Lima, Fellipe Coelho; https://orcid.org/0000-0001-7763-4050; http://lattes.cnpq.br/5116689205242979; http://lattes.cnpq.br/2568517077933344; Gurgel, Fernanda Fernandes; https://orcid.org/0000-0001-7739-3058; http://lattes.cnpq.br/7937881668378816; Lacerda Júnior, FernandoEsta pesquisa objetivou analisar as características das ideologias do trabalho presentes no cotidiano dos trabalhadores Sem Terra das Comunas Fidel Castro e Sabaia, localizadas em Ceará-Mirim/RN. Guiado pelo materialismo histórico e dialético e pela psicologia históricocultural, o estudo em questão buscou ir além de uma descrição do trabalho no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ao identificar os discursos que orientam as práticas dos participantes, inseridos em uma sociedade permeada por conflitos e contradições em torno do trabalho. No atual cenário brasileiro, o MST se torna o principal opositor do agronegócio em razão de mobilizar a luta de classes, disputando a produção alimentar e as relações de trabalho, através da agroecologia e cooperação. Nesse contexto, através da observação participante e entrevistas semiestruturadas, dialogamos com 10 trabalhadores Sem Terra. Com os sentidos expressos nesses momentos, apreendemos as ideologias responsáveis por direcionar a consciência e ação dos participantes em relação ao conflito capital-trabalho no cenário da luta pela terra. Foram três as ideologias identificadas: a) ideologia do assalariamento; b) ideologia do trabalho por conta própria e c) ideologia do trabalho no MST. Embora as duas primeiras ideologias se manifestem no cotidiano dos participantes para conservar o caráter abstrato do trabalho, observamos também um constante movimento de crítica a elas, sustentado na comparação com o trabalho desenvolvido no MST. A ênfase nos afetos que permeiam a relação com a terra, aliada à valorização da possibilidade de produzir e acessar alimentos saudáveis como fruto do próprio trabalho, contrapõe-se diretamente à concepção do trabalho como um simples meio de obtenção de renda. Dessa forma, consideramos que a ideologia do trabalho no MST promove novas significações tanto para o trabalho quanto para a vida, apontando caminhos para a construção de uma alternativa que desafia as imposições do capital.Dissertação Resistir na intersecção dos sistemas de opressão: interseccionalidade e a produção de saúde mental das mulheres quilombolas do Grilo/PB(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-12-16) Queiroz, Giovanni Sampaio; Leite, Jáder Ferreira; Nascimento, Maria Valquíria Nogueira do; https://orcid.org/0000-0002-6045-531X; http://lattes.cnpq.br/0115447283248209; http://lattes.cnpq.br/4382757205872084; Galindo, Dolores Cristina Gomes; Gomes, Maria Aparecida de França; Silva, Martha Emanuela Soares daEste estudo analisou as condições de produção de saúde mental das mulheres quilombolas rurais na comunidade do Grilo, no estado da Paraíba - onde a regularização das terras ainda encontra-se em andamento -, sob a perspectiva da interseccionalidade e da determinação social da saúde mental. A relação entre saúde mental e sociedade é abordada neste estudo, enfatizando a importância de uma abordagem coletiva e contextualizada. A pesquisa, de natureza qualitativa, seguiu os princípios da Educação Popular, da problematização como forma de desenvolver uma consciência crítica da realidade em análise, e utilizou a interseccionalidade de maneira transversal. A pesquisa participante foi adotada como abordagem metodológica e buscou uma compreensão aprofundada das vivências das mulheres quilombolas, incluindo a participação observante, a mediação de atividades grupais e entrevistas individuais. As percepções do pesquisador foram registradas em diários de campo, visto que sua interação com o grupo foi fundamental para a produção das informações ao longo do processo de participação-observante. A aposta na dialogicidade sugeriu que mudanças de pensamento podem ser acompanhadas de ações transformadoras e que a vivência de novas experiências possibilitam uma mudança de consciência via processo de ação-reflexão-ação. Consideramos que o Círculo de Cultura representou uma potente ferramenta de pesquisa e cuidado, pois, a partir das problematizações, tornou possível articular as dimensões singulares de como as intersecções dos sistemas de opressão presentificam-se em seus corpos-territórios e como são reconhecidas numa reflexão coletivizada, além de possibilitar a construção e o fortalecimento de práticas coletivas de cuidado e resistência aos problemas vivenciados no cotidiano, aprofundando-se nos aspectos que conformam suas relações com os saberes locais, o território e as redes solidárias de apoio social e cuidado entre as mulheres.Dissertação Produção capitalista e reprodução social: a questão de gênero a partir das vivências de mulheres de uma mesma família(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-11-22) Lima, Ana Beatriz Medeiros; Lima, Fellipe Coelho; https://orcid.org/0000-0001-7763-4050; http://lattes.cnpq.br/5116689205242979; http://lattes.cnpq.br/5211301501944961; Paiva, Ilana Lemos de; https://orcid.org/0000-0002-3331-2890; http://lattes.cnpq.br/1588515627010993; Maheirie, KatiaA proposta deste estudo surge do encontro entre a pesquisadora e a história de vida de uma mulher negra, mãe e trabalhadora informal. Na observação de similaridades entre a sua narrativa biográfica e as menções às trajetórias da sua mãe e da sua filha, numa pesquisa anteriormente realizada, esta investigação se conforma a partir de uma inquietação sobre a situação de centralidade do trabalho realizado na esfera da reprodução social em paralelo à restrição de oportunidades no âmbito dos setores produtivos. Assim, o objetivo principal desta pesquisa é analisar como a relação entre exploração e opressão permanece, se atualiza e sofre resistências no cotidiano de mulheres de uma mesma família. O diálogo entre os aportes analíticos da Psicologia Histórico-Cultural e da Teoria da Reprodução Social embasa a reflexão sobre como estruturas sociais se organizam no cotidiano das relações sociais, a partir de condições específicas e diferenciadas em função da relação entre a exploração da classe trabalhadora e as opressões de gênero e de raça. Orienta, portanto, a apreensão das mediações subjacentes às relações constitutivas das experiências dos sujeitos enquanto seres históricos. Delineada enquanto pesquisa qualitativa orientada pelo materialismo histórico-dialético, o processo de mediação entre a singularidade e a universalidade é desvelado nas particularidades referentes à vivência dessas mulheres. Considerando o movimento complexo e contraditório de constituição das vivências, o sujeito não é visto enquanto simples reator à lógica da materialidade que articula exploração e opressão; os processos que indicam mudança no direcionamento de percepções e projeções enquanto sujeitos no mundo são, portanto, analisados com igual atenção aos de reprodução das relações estruturais, a partir do desvelamento das singularidades simbólicas, cognitivas e afetivas das participantes. Na aproximação do campo, em que foram realizadas entrevistas em profundidade orientadas pela história de vida, tais singularidades indicaram uma especificidade do campo e, assim, sugestionamos uma mudança no método elegido para análise dos dados. Assim, o material analisado se organiza em três núcleos de tensionamento: (1) vivências do cuidado x situações de vulnerabilidade; (2) sentidos de si x vivências das relações sociais; e (3) condições do concreto x abstrações sobre o futuro. A análise sobre a atualização da relação entre exploração e opressão, a partir da unidade produção-reprodução, indicou que, mais do que papéis sociais conflitantes e resoluções subsequentes, o que organiza a vivência são contradições situadas em diferentes campos de tensionamento, aqui representadas nos três núcleos analíticos. Argumentamos, a título de conclusão, que a análise específica dessas contradições aparece como importante caminho na construção de uma práxis da ciência psicológica situadas, primeiramente, na crítica à lógica excludente pela qual opera a totalidade capitalista conformando diferentes vivências entre os diversos sujeitos e grupos sociais, e, essencialmente, na direção da emancipação, considerando o caráter criador e criativo da condição humana.Dissertação A violência letal juvenil na perspectiva de mães(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-08-29) Pereira, Veridiana Lopes; Paiva, Ilana Lemos de; Cavalcante, Carmem Plácida Sousa; https://orcid.org/0000-0002-3331-2890; http://lattes.cnpq.br/1588515627010993; http://lattes.cnpq.br/7454035924468656; Silva, Jenair Alves da; Leal, Maria Lúcia PintoA violência letal e policial no Brasil, especialmente contra jovens negros e periféricos, é um fenômeno preocupante, refletindo a criminalização desses grupos. Estatísticas indicam que jovens negros têm três vezes mais chances de serem vítimas da violência de Estado em comparação com jovens brancos. Em reação a essa realidade, surgiram movimentos de mães que lutam contra o terrorismo de Estado, buscando justiça e memória para seus filhos, muitos dos quais foram assassinados por agentes do Estado ou por facções criminosas. Este estudo foca no juvenicídio da juventude negra e periférica da Vila de Ponta Negra, em Natal-RN, sob a perspectiva das mães que perderam seus filhos. Foram entrevistadas duas famílias, uma cujo filho foi vítima da violência policial e outra afetada pela atuação de facções na zona sul de Natal. O objetivo é analisar as experiências das mães após o assassinato de seus filhos, compreendendo os processos vivenciados, o impacto na saúde mental e as redes de apoio acessadas. O método adotado é a perspectiva materialista histórica e dialética para compreensão da realidade. A análise das entrevistas das mães foi categorizada utilizando a análise temática, resultando em três temas principais: Saúde mental e violência: o pior dia da minha vida; enquanto eu viver, vou lutar por justiça; e o paradoxo entre o movimento contra a violência policial e o silenciamento como resposta. Diante do contexto de criminalização e judicialização da pobreza, este estudo busca desvendar histórias de vida com diferentes interpretações de duas realidades distintas, destacando a urgência de enfrentar esses desafios.Dissertação Pé-de-manga mulher: narrativas dos encontros com as mulheres do Quilombo de Caluete (PE) e suas organizações políticas(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-06-18) Souza, Amanda Gabriela de Sá Ferraz; Dantas, Cândida Maria Bezerra; Costa, Maria da Graça Silveira Gomes da; http://lattes.cnpq.br/8181024208435709; http://lattes.cnpq.br/8344569558208865; Oliveira, Luiza Rodrigues de; Silva, Givania Maria daAs organizações políticas das mulheres quilombolas no Brasil, desde o período colonial até a contemporaneidade, foram basilares na luta do povo negro escravizado, e permanecem como fundamentais na manutenção de vida e memória das comunidades quilombolas. Esta pesquisa foi realizada no município de Garanhuns, localizado no agreste pernambucano, que tem em sua história a marca da trajetória de luta do povo negro, que foi escravizado, mas que também resistiu e resiste em seus diversos modos de organização política. Esta cidade se localiza em uma região onde há seis quilombos, e em todos estes existem suas associações quilombolas, espaços necessários na viabilização de seus direitos. A comunidade quilombola de Caluete é popularmente conhecida como a única em que sua liderança é uma mulher. É ela quem preside sua associação, e também são outras mulheres que ocupam a maioria dos cargos de sua diretoria. Entretanto, neste contexto há fortes expressões da colonialidade do poder e de gênero, que se desdobram em invisibilidade e dificuldades na organização e mobilização dessas mulheres em seus trabalhos. É a partir desta problemática que se deu esta pesquisa, na tentativa de compreender como se constitui a organização política das mulheres quilombolas da comunidade de Caluete, no contexto de sua associação, através de articulações com epistemologias feministas e decoloniais. O objetivo principal da pesquisa é compreender como se constitui a participação política das mulheres quilombolas no contexto da Associação Quilombola de Caluete. Como objetivos específicos propomos: a) compreender as práticas de resistência no processo da participação política das mulheres no contexto da associação através de suas narrativas; e, b) analisar como suas participações políticas atravessam e mobilizam os espaços familiares, comunitários e institucionais. Participaram mulheres quilombolas, que fazem parte da Associação de Quilombola de Caluete, como associadas ou com cargos de diretoria e presidência. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, numa perspectiva de pesquisa narrativa, que a partir da sugestão das participantes utilizou a contação de histórias como ferramenta participativa para a construção de compreensões sobre suas lutas enquanto mulheres quilombolas em suas organizações políticas, tradicional e associativista. Nos inspiramos na proposta metodológica Fogueiras da memória, construída pela pesquisadora quilombola Ana Mumbuca Silva junto a sua comunidade. Construímos narrativas entre pesquisadora e participantes, afirmando a história da população negra no território apontado, e como esta história é constantemente negada e silenciada através da colonialidade. Junto às mulheres do Quilombo de Caluete foi possível compreender em suas experiências singulares, coletivas e territorializadas, que são estas as protagonistas da sustentação da vida em sua comunidade, através de suas organizações políticas e modos de vida. No encontro com suas narrativas sobre manutenção das memórias coletivas, seus modos tradicionais de cuidado, e celebrações com seu povo, tecemos compreensões que apontam perspectivas contracoloniais de aquilombamento e territorialização, que devem inspirar a luta das mulheres, a psicologia, o fazer ciência, e a vida.Dissertação Psicologia ambiental no Brasil: uma análise da produção do Grupo de Trabalhos da ANPEPP (2000-2020)(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2023-12-05) Moisés, Juliana Bezerra; Diniz, Raquel Farias; Pinheiro, José de Queiroz; https://orcid.org/0000-0003-2675-3521; http://lattes.cnpq.br/5503576309484010; http://lattes.cnpq.br/1787447588845163; http://lattes.cnpq.br/7065070522679462; Elali, Gleice Virginia Medeiros de Azambuja; Albuquerque, Dayse da SilvaA presente dissertação buscou compreender a Psicologia Ambiental no Brasil com base nas discussões e elaborações do Grupo de Trabalho de Psicologia Ambiental (GT-PA) da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP). Para atingir esse objetivo, analisamos os registros dos anais referentes aos encontros do grupo compreendidos entre 2000 e 2020, totalizando 11 documentos, de modo a evidenciar indicadores de seu desenvolvimento no país. No contexto brasileiro, a Psicologia Ambiental ganhou destaque com a criação do Grupo de Trabalho na ANPEPP, que tem funcionado como Colégio Invisível, e promoveu a consolidação de redes de pesquisa, contribuindo para a disseminação de conhecimento e formação de novos pesquisadores na área. Como resultados, elencamos as principais características da área ao longo dos últimos vinte anos a partir das informações registradas nos anais, identificamos as principais carências detectadas pelos pesquisadores em diferentes momentos, e quais as soluções apontadas por eles, e, ainda, apontamos os indicadores de crescimento da área no país, propondo a sistematização de uma possível quarta e quinta fases da PA no Brasil.Dissertação A atuação clínica de psicólogas negras do município de Natal: notas sobre aquilombamento e cuidado(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-07-17) Costa, Marcela Andressa; http://lattes.cnpq.br/8181024208435709; https://orcid.org/0000-0002-7132-1499; http://lattes.cnpq.br/9622779379923065; Costa, Maria da Graça Silveira Gomes da; Cunha, Rocelly Dayane Teotonio daNesta pesquisa, parto da minha experiência enquanto mulher negra e psicóloga clínica e das inquietações que surgiram a partir deste lugar. Neste estudo, proponho investigar os desafios presentes na construção das práticas clínicas por psicólogas negras no município de Natal/RN e os caminhos possíveis para uma psicologia descolonizada e antirracista. Levo em consideração que o processo histórico da sociedade brasileira é determinado pela colonização e pelos efeitos da colonialidade que estruturam a ordem estabelecida na classificação e hierarquização social. Sendo assim, o racismo é um fenômeno dessa colonização, tornando-se estruturante dos modos de subjetivação, permeando e atravessando as relações concretas nos âmbitos da economia, direito, política e, de forma ideológica, construindo o imaginário social racista, opressor e excludente (Silvio Almeida, 2019). A produção de conhecimento também é atravessada pelos efeitos da colonialidade com a finalidade de construir um pensamento “universal”, porém pautado por uma razão eurocêntrica. A psicologia, como conhecimento científico, também é constituída nas bases do eurocentrismo, racismo e sexismo epistêmico. Esta pesquisa tem como objetivo compreender as repercussões do racismo no processo de formação e na atuação profissional de psicólogas negras no campo da clínica. Analiso as trajetórias de vida e os processos formativos das profissionais e seus efeitos na prática clínica para conhecer os desafios em nossas experiências em uma clínica historicamente colonizada e a construção de resistências coletivas no enfrentamento ao racismo. Para tanto, esta pesquisa qualitativa realizou entrevistas para apreender as narrativas de psicólogas negras que atuam na clínica. Foram entrevistadas 5 profissionais atuantes no município de Natal. Enquanto resultados, a pesquisa propõe o exercício de novas práticas clínicas no entendimento do impacto do racismo na saúde mental da população negra. Por fim, discuto como a psicologia clínica pode ser construída em uma perspectiva de aquilombamento e cuidado e a importância disso para um projeto ético-político descolonizador e antirracista.Dissertação Vivência, subjetivação e autogerenciamento subordinado: um estudo com os entregadores por aplicativo(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-02-28) Silva, José Ítalo Francolino da; Lima, Fellipe Coelho; https://orcid.org/0000-0001-7763-4050; http://lattes.cnpq.br/5116689205242979; https://orcid.org/0000-0002-7884-1796; http://lattes.cnpq.br/2671970688745820; Castro, Matheus Fernandes; Maheirie, KatiaO mundo do trabalho é marcado por constantes transformações que tensionam o envolvimento do ser humano ao estar em atividade modificando sua realidade material e subjetiva. A uberização do trabalho demarca um importante momento de transição onde a vida no trabalho passa a estar mais intimamente ligada aos meios de tecnologia de informação e comunicação (TICs), enquanto assimila características dos marcos transformadores anteriores. Concebida como um novo modelo de gestão, produção, organização e controle do trabalho que – atualmente – é mediada por plataformas digitais, a uberização implica em trabalhadores sob demanda que atuam como autogerentes de si mesmos em sua laboração. Contudo, este trabalhador está subordinado às plataformas digitais que, verdadeiramente, estão gerenciando a atividade. Desse modo, o objetivo desta dissertação é analisar as vivências de trabalhadores que melhor experienciam este modelo, os entregadores motoboys uberizados. A pesquisa é ancorada teoricamente pela Psicologia Histórico-Cultural de Vygotsky, e conta com a participação de 15 entregadores de aplicativo que atuam na cidade de Natal/RN. A metodologia adotada foi a de entrevistas semiestruturadas realizadas presencialmente nos pontos de concentração dos motoboys pela cidade. Os dados coletados foram transcritos e categorizados com a ajuda da plataforma QDA miner e Excel, e posteriormente analisados através da Análise do Discurso Dialógica Bakhtiniana. Onde se evidenciou a busca por maior autonomia na vida fortemente ligada à oportunidade de ganhar mais dinheiro ao trabalhar com a imprevisibilidade. O trabalhador acredita firmemente que tem mais liberdade, dando-lhe a capacidade não apenas de controlar seu presente no trabalho, mas também de influenciar ativamente seu futuro e qualidade de vida. Além de se configurar como um obelisco contra as opressões e estratificações existentes na precarização do emprego assalariado. Sendo também um ato de resistência ao modelo de trabalho atual no mundo capitalista periférico latino-americano-brasileiro.Dissertação Psicanalistas e a escuta do racismo à brasileira: escrevivências, po-éticas e política(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2024-02-20) Alves, Brígida Cavalcanti; Amorim, Ana Karenina de Melo Arraes; Amorim, Ana Karenina de Melo Arraes; https://orcid.org/0000-0002-1343-9341; http://lattes.cnpq.br/9847082748841264; http://lattes.cnpq.br/8819806607276109; David, Emiliano de Camargo; Bispo, Fábio Santos; Silva, Flavia Fernando LimaA presente dissertação é fruto das minhas inquietações enquanto mulher, negra, psicanalista, especialmente, ao escutar as denúncias proferidas por pacientes autodeclaradas/os negras e negros as posições de colonialidade presentes na atuação das/dos psicanalistas brasileiras/os. É sabido que no século XIX discursos racistas e cientificistas engendraram políticas de branqueamento e miscigenação ao nosso povo, o que produziu e produz desdobramentos nos modos de subjetivação presentes nesse território. Portanto, uma escuta ética e acolhedora às questões raciais não está dada ou garantida, sendo necessário que outros analisadores compareçam para pensarmos a formação e a atuação da psicanálise e psicanalistas no Brasil. Assim, diante deste cenário, uma primeira indagação emergiu: Qual o lugar da/do psicanalista na escuta do racismo ao negro no Brasil? Para isso buscamos as orientações teóricas dadas por Sigmund Freud e Jacques Lacan sobre a formação das/dos psicanalistas e a escuta do inconsciente, contudo devido os processos de colonização e neurose cultural e racial brasileira outras posturas precisaram ser adotadas. As teorias decoloniais e negras aqui compareceram como novaslentes a fim de investigarsobre as políticasraciais, racistas, o pacto narcísico branco que sustenta esta lógica de violência e segregação direcionada a população negra e fomentar sobre os saberes e as tecnologias ancestrais de resistências negras para tais enfrentamentos. A partir da tessitura de escrevivências, com experiências que perpassam meu corpo e formação profissional, e das entrevistas com psicanalistas praticantes no Rio Grande do Norte, esta pesquisa pode prover elaborações sobre o lugar da escuta psicanalítica na articulação e desarticulação do racismo, às negações e práticas de colonialidade no setting analítico e as invenções possíveis deste dispositivo clínico quando em composição com a política.