CCHLA - TCC - Letras - Língua Portuguesa e Literaturas
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Navegando CCHLA - TCC - Letras - Língua Portuguesa e Literaturas por Autor "0009-0005-6330-6511"
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TCC Do silenciamento à subjetividade: a perspectiva do narrador na construção da voz de Dido em Eneida e nas Heroides(Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2025-01-15) Mendes, Nathalia Soares; Barbosa, Marcos César Tindo; http://lattes.cnpq.br/4843144913908055; 0009-0005-6330-6511; http://lattes.cnpq.br/4361224434818468; Gonçalves, Marta Aparecida Garcia; http://lattes.cnpq.br/1240776467735498; Machuca, Jaqueline Castilho; http://lattes.cnpq.br/2607443259820653O trabalho analisa comparativamente a representação da personagem Dido na Eneida de Virgílio e nas Heroides de Ovídio, investigando como o narrador de cada obra constrói a personagem e o impacto dessa construção na percepção da protagonista feminina. O objetivo principal é compreender como as estratégias narrativas empregadas por Virgílio e Ovídio refletem e reconfiguram as convenções literárias e culturais de sua época. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa, comparatista, fundamentada em métodos da crítica literária feminista, como Butler (2003), com sua teoria da performatividade de gênero, que oferece ferramentas para compreender a representação de gênero e poder; Lerner (2019), para discutir a construção histórica do patriarcado e Pomeroy (1995), para fundamentação histórica da mulher na Antiguidade. Com ênfase na análise do foco narrativo, o estudo inclui as perspectivas de Genette (1972), especialmente no que se refere à focalização narrativa. Para entender a Antiguidade e evitar anacronismos, a pesquisa baseou-se em autores como Aristóteles (2017), Grimal (1992) e Eliade (1972). Os resultados indicam diferenças significativas entre as representações de Dido nas duas obras. Na Eneida, o narrador virgiliano utiliza uma focalização zero que reforça o distanciamento emocional e enquadra Dido dentro da narrativa épica, subordinando-a ao plano heroico de Eneias e às convenções do ideal romano. Essa construção limita sua autonomia e a apresenta como uma personagem essencialmente marcada por sua paixão incontrolável e consequente destruição. Por outro lado, nas Heroides, Ovídio dá à personagem uma voz própria, permitindo que Dido narre sua experiência em primeira pessoa, o que confere maior subjetividade à protagonista. Nesse contexto, Dido não apenas expressa sua dor e sofrimento pelo abandono amoroso, mas também denuncia a traição de Eneias, transformando-se em uma figura mais ativa. Considera-se, por fim, que a contraposição entre as duas obras revela não apenas perspectivas literárias distintas, mas também uma complexa negociação cultural acerca do lugar da mulher na literatura e na sociedade.